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MINISTÉRIO DA SAÚDE – SECRETARIA EXECUTIVA – SUBSECRETARIA DE ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS - SENHOR COORDENADOR-GERAL DE GESTÃO DE PESSOAS. JULIETA CABRAL CRISTALDO, Pensionista, matrícula SIAPE 02159180, pensão vitalícia, já devidamente qualificado, nos autos da NOTIFIFICAÇAO de nº. 03/2012, de 29 de outubro de 2012, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar DEFESA, pertinente ao Cumprimento do Acórdão 1.135/2011 – TCU-Plenário. O qual notifica-me sobre o cumprimento à recomendação contida no Ofício nº. 144/2012 – TCU/SEFIP, de 14/02/2012, que trata dos questionamentos acerca da não absorção dos valores das parcelas remuneratórios relativas aos Planos Econômicos, após a publicação da Medida Provisória 431/2008, convertida na Lei 11.784/2008, conforme acordão 1.135/2011 – TCU-Plenário. A referida notificação, ainda informa que, a Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas, proceder-se-á a partir da folha de pagamento de dezembro de 2012, a adequação e/ou exclusão dos valores referentes às rubricas de

Defesa Plano Economico Julieta

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MINISTÉRIO DA SAÚDE – SECRETARIA EXECUTIVA – SUBSECRETARIA DE ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS - SENHOR COORDENADOR-GERAL DE GESTÃO DE PESSOAS.

JULIETA CABRAL CRISTALDO, Pensionista, matrícula SIAPE 02159180, pensão vitalícia, já devidamente qualificado, nos autos da NOTIFIFICAÇAO de nº. 03/2012, de 29 de outubro de 2012, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar DEFESA, pertinente ao Cumprimento do Acórdão 1.135/2011 – TCU-Plenário. O qual notifica-me sobre o cumprimento à recomendação contida no Ofício nº. 144/2012 – TCU/SEFIP, de 14/02/2012, que trata dos questionamentos acerca da não absorção dos valores das parcelas remuneratórios relativas aos Planos Econômicos, após a publicação da Medida Provisória 431/2008, convertida na Lei 11.784/2008, conforme acordão 1.135/2011 – TCU-Plenário. A referida notificação, ainda informa que, a Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas, proceder-se-á a partir da folha de pagamento de dezembro de 2012, a adequação e/ou exclusão dos valores referentes às rubricas de decisões judiciais, Acórdão 2161/2005 TCU e Ofício Circular nº. 14/SRH/MP/2007. Consoantes razões de fato e de direito que passa a expor:

SINTESE DOS FATOS

De acordo com a síntese da exordial, passarei a discorrer os fatos como ocorreram:

Cumpre ressaltar que, o requerente acima qualificado, é, Pensionista de pensão vitalícia, encontra-se na situação ativo, e vem recebendo seus proventos integrais acrescidos de vantagens obtidas por

sentenças judiciais, já transitadas em julgado, desde o mês de julho do ano de 2001. Como se depreende dos autos, o desconto que a União pretende implementar nos proventos do requerente correspondentes aos valores por Ele recebidos, após a publicação da Medida Provisória 431/2008. Tal decisão não deve prosperar, haja vista, estar de acordo com a decisão nº 2161 do TCU, por força do Acórdão 2161/2005 TCU-Plenário, uma vez que as referidas sentenças Judiciais mantiveram-se congeladas. Nesse contexto, é configurada a boa-fé do requerente no recebimento dessas verbas, tanto quanto basta para que sua devolução à União seja descabida.

De fato, deve-se ter mente que tais valores foram pagos independentemente de qualquer requerimento, o que afasta eventual má-fé do requerente, sendo pacífica a jurisprudência de tribunais no sentido de acolher a pretensão do autor, mormente se considerado o caráter alimentar das verbas em tela.” em síntese, violações ao princípio da irredutibilidade de vencimentos e ao princípio da coisa julgada (arts. 37, XV; e 5º, XXXVI, da Constituição). Segundo o requerente, a ordem para devolver valores deferidos por decisões judiciais referentes aos planos econômicos, correspondentes aos percentuais de (26,05%, 26,06% e 84,32%), tem como fundamento o acórdão 2161/2005 do Tribunal de Contas da União (TCU), o qual determinou à Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas, a alteração do sistema de pagamentos para que rubricas referentes às sentenças judiciais observassem valores nominais, haja vista, que a partir da publicação da medida provisória 431/2008, convertida em Lei 11.784/2008, às referidas sentenças judiciais, sofreram congelamentos, até a presente data, conforme documentos probatórios juntado nos autos.

Demais disso, cujo texto destaca-se:

“Em cumprimento à determinação do acórdão nº 2.161/2005-TCU – Plenário, referente aos pagamentos de forma parametrizada e em percentual, relativos a planos econômicos, concedidos em decisões judiciais, informo que nos termos da Notificação 03/2012, de 29 de outubro de 2012, os valores pagos a título de planos econômicos, foram congelados, retirando as formas de pagamento parametrizadas em percentuais com incidência automática pelo SIAPE, cumprindo, assim, o item 9.2.1.1 do acórdão, in verbis:

(...)9.2.1.1. Alterar o sistema SIAPE a fim de que as rubricas referentes às sentenças judiciais sejam pagas em valores nominais, e não com base na aplicação continua e automática de percentuais parametrizados sobre todas as parcelas salariais do servidor, lembrando que aquelas rubricas não devem incidir, inclusive, sobre vantagens criadas por novos planos de carreira após o provimento jurisdicional;

Alega o postulante, nas razões de sua defesa, que o Acórdão nº 2.161/2005 do TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO se aplicado, como será aplicado pela UNIÃO, representa flagrante e inaceitável violação ao patrimônio do requerente, beneficiário de decisão judicial concessiva do índice de 26,05, (Plano Verão), 26,06% (Plano Bresser) e 84,32% (Plano Collor), isto porque, a sentença que lhes deu direito à incorporação é ato jurídico perfeito, já acobertado pelo manto da coisa julgada material, portanto, revestido do caráter da imutabilidade.

Com isso, há o entendimento pacífico no STJ no qual se define que, quando a Administração, por erro na interpretação ou por má aplicação da lei, continua a pagar valores indevidos, desde que esteja o servidor de boa-fé, não é devida a restituição desses valores.”.

Considerando, ainda, que no presente caso a decisão que determinou a implantação do percentual das sentenças judiciais, aos vencimentos do autor, transitou em julgado a mais de 11 anos, constata-se que a pretensão da UNIÃO, está fulminada pelo prazo decadencial insculpido no artigo 54, da Lei 9.784/99, que assim prescreve:

"Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1º. No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.

§ 2º. Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato."

Na esfera federal a questão encontra-se equacionada. Tendo o ato gerado efeitos favoráveis e estando o beneficiário de boa-fé, o prazo para anulação será de cinco anos, a contar da data em que o ato foi praticado.

Em coadunação com princípios básicos de direito, somente se aceitaria um caráter retroativo do prazo decadencial previsto no art. 54 se houvesse uma previsão expressa nesse sentido, o que não ocorre. Eis a posição já adotada em nossos tribunais:

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GRATIFICAÇÃO. DIREITO DE ANULAR ATO ADMINISTRATIVO. DECADÊNCIA. CINCO ANOS (ART. 54 DA LEI 9.784/99 ). DEVOLUÇÃO DE VALORES AO ERÁRIO. BOA-FÉ. 1 – O art. 54 da Lei nº 9784, de 29 de janeiro de 1999, que dispõe que “o direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”, tem vigência a partir da edição da lei, não podendo retroagir para alcançar atos praticados antes da entrada em vigor da citada lei. Entendimento contrário será atribuir, indevidamente, eficácia retroativa à lei, seria conferir-lhe legitimidade para regular situações constituídas e efeitos já consumados

anteriormente, fulminando, repentinamente, o direito de a Administração rever certos atos que, até então, podiam ser revistos em vinte anos. Ou se estabelece uma norma de transição, o que não foi o caso, ou se aplica referida disposição para o futuro, firmando-se o entendimento de que esta não pode abarcar situações que se consolidaram em momento anterior. Assim como o administrado não pode ser surpreendido com a edição de uma lei que venha a retirar direito consolidado anteriormente incidente sobre situações passadas, a Administração também não pode ser pega de surpresa. Nesse sentido dispõe o art. 6º da lei de Introdução ao Código Civil que a lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

Neste mesmo entendimento vem assentando a

jurisprudência do C. STJ, "litteris":

"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO - MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO - JUSTO RECEIO DA PRÁTICA DE ATO ABUSIVO E ILEGAL POR PARTE DE MINISTRO DE ESTADO - COMPETÊNCIA DO STJ RECONHECIDA - FUNCIONÁRIO PÚBLICO - ANISTIA - LEI Nº 8878/1994 - PARECER DE COMISSÃO INTERMINISTERIAL - DECRETO Nº 3363/2000 - APLICAÇÃO DA LEI Nº 9784/99, NA ESPÉCIE - PRESCRIÇÃO CONSUMADA. (...)Versando os

autos sobre anistia concedida por meio de ato cuja publicação se deu em 23 de dezembro de 1994 (Portaria nº 237 do Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária), não pode esta ser anulada, após dezembro de 1999, como se pretende, por incidir, na espécie, o manto da prescrição. (Lei nº 9784/99, art. 54). Segurança concedida preventivamente. (STJ - MS 7496 - DF - 1ª S. - Rel. Min. Paulo Medina - DJU 30.09.2002)"

"MANDADO DE SEGURANÇA - ATO DE REDUÇÃO DE PAGAMENTO DE APOSENTADORIA APÓS PASSADOS DEZ ANOS DE SUA CONCESSÃO – PRESCRIÇÃO. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO APELREEX 5253 – AL (V-3) - 1. É ilegal o ato administrativo que, ao corrigir erro, reduz o pagamento da aposentadoria cuja concessão ocorreu há mais de dez anos, porquanto atingido pelo instituto da prescrição. 2. Recurso provido. (STJ - ROMS 11147 - ES - 6ª T. - Rel. Min. Fernando Gonçalves - DJU 13.08.2001 - p. 00272)" EMENTA. APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO Nº 5253/AL (2008.80.00.004503-6)

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. ERRO DE PROCEDIMENTO. MUDANÇA DO PERCENTUAL DE 43,13% PARA VALORES NOMINAIS DEVOLUÇÃO AO ERÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. VALORES RECEBIDOS DE BOA-FÉ. DECADÊNCIA.

- É pacífico na jurisprudência o entendimento de que, constatada a boa-fé do servidor, não devem ser devolvidos os valores pagos a maior pela administração pública, ainda mais quando protegido pelo manto da coisa julgada e da segurança jurídica. - Na hipótese, o Ministério do Planejamento, seguindo a orientação do TCU, determinou ao CEFET, que procedesse ao ressarcimento ao erário, com a devida observância aos Princípios da Ampla Defesa e Contraditório. - Apesar de se considerar as orientações proferidas pelo Tribunal de Contas da União de caráter normativo, não apresentam natureza vinculante. Precedentes do col. TSE e STF. - Considerando, ainda, que a decisão que determinou a implantação do percentual de 49,13% aos vencimentos do autor, transitou em julgado a mais de 10 anos, constata-se que a pretensão do CEFET em descontar a vantagem recebida pelo autor está fulminada pelo prazo decadencial insculpido no artigo 54, da Lei 9.784/99, - Apelação e remessa improvidas.

Diante do acima exposto, é o requerente para pedir:

a) a suspensão de todo e qualquer desconto aos valores referente às sentenças judiciais que concedeu os índices de 26,05%, (Plano Verão), 26,06% (Plano Bresser) e 84,32% (Plano Collor), por ser medida de direito e de mais lídima Justiça.

b) Todavia, acaso superada as preliminares acima levantada, requer o servidor, ora postulante, que os descontos sejam feitos em conformidade com o que dispõe o art. 46, da Lei 8.112/90.

Nestes Termos Pede e Espera Deferimento.

Ji-Paraná, 20 de Novembro de 2012.

_________________________JULIETA CABRAL CRISTALDO

SIAPE 02159180