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1 Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 Niterói Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3 “Del fascista al presidente rojo”: as mudanças da imagem de Lázaro Cárdenas na imprensa comunista mexicana Fábio da Silva Sousa * Introdução Em seu estudo clássico sobre o marxismo latino-americano, Michael Löwy sentenciou que o Partido Comunista Mexicano (PCM), enquadrou o início do regime presidencial do Gen. Lázaro Cárdenas, em 1934, como um governo “nacional-fascista”. 1 Contudo, essa leitura realizada pelo PCM não ficou estática no tempo e alterou-se na segunda metade da década de 1930. Lázaro Cárdenas del Río nasceu em Jiquilpan de Juárez, Michoacán, México, em 21 de maio de 1895. Participou do período armado da Revolução Mexicana (1910-1920), onde foi nomeado coronel em 1915. Governou Michoacán, entre os anos de 1928 a 1932, foi presidente do Partido Nacional Revolucionario (PNR) em 1930, um ano depois, tornou-se secretário de governo, e em 1933, secretário de Guerra e da Marinha. Foi eleito presidente mexicano em 1934 e exerceu o cargo até 1940. Com o estouro da Segunda Grande Guerra, foi nomeado comandante das forças militares mexicanas da costa do Pacifico e foi secretário de Defesa Nacional, entre os anos de 1942 a 1945. Em 1955, recebeu da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) o Prêmio Lenin da Paz. Faleceu na Cidade do México, em 19 de outubro de 1970, e no dia 20 de novembro do mesmo ano, no 60ª aniversário da Revolução Mexicana, seus restos mortais foram sepultados no Monumento à Revolução, localizado na Cidade do México. O sexênio presidencial de Cárdenas, indubitavelmente, foi um dos períodos mais significativos da história mexicana após o período revolucionário. Para diversos autores, os anos de 1934 até 1940 representaram a consolidação dos ideais da Revolução Mexicana. O conflito político com Plutarco Elias Calles, o processo de modernização, a nacionalização do

“Del fascista al presidente rojo”: as mudanças da …anphlac.fflch.usp.br/sites/anphlac.fflch.usp.br/files/Fábio da... · Mexicana (1910-1920), onde foi nomeado coronel em 1915

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Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro

ISNB 978-85-66056-01-3

“Del fascista al presidente rojo”: as mudanças da imagem de

Lázaro Cárdenas na imprensa comunista mexicana

Fábio da Silva Sousa*

Introdução

Em seu estudo clássico sobre o marxismo latino-americano, Michael

Löwy sentenciou que o Partido Comunista Mexicano (PCM), enquadrou o início

do regime presidencial do Gen. Lázaro Cárdenas, em 1934, como um governo

“nacional-fascista”.1 Contudo, essa leitura realizada pelo PCM não ficou

estática no tempo e alterou-se na segunda metade da década de 1930.

Lázaro Cárdenas del Río nasceu em Jiquilpan de Juárez, Michoacán,

México, em 21 de maio de 1895. Participou do período armado da Revolução

Mexicana (1910-1920), onde foi nomeado coronel em 1915. Governou

Michoacán, entre os anos de 1928 a 1932, foi presidente do Partido Nacional

Revolucionario (PNR) em 1930, um ano depois, tornou-se secretário de

governo, e em 1933, secretário de Guerra e da Marinha. Foi eleito presidente

mexicano em 1934 e exerceu o cargo até 1940. Com o estouro da Segunda

Grande Guerra, foi nomeado comandante das forças militares mexicanas da

costa do Pacifico e foi secretário de Defesa Nacional, entre os anos de 1942 a

1945. Em 1955, recebeu da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

(URSS) o Prêmio Lenin da Paz. Faleceu na Cidade do México, em 19 de

outubro de 1970, e no dia 20 de novembro do mesmo ano, no 60ª aniversário

da Revolução Mexicana, seus restos mortais foram sepultados no Monumento

à Revolução, localizado na Cidade do México.

O sexênio presidencial de Cárdenas, indubitavelmente, foi um dos

períodos mais significativos da história mexicana após o período revolucionário.

Para diversos autores, os anos de 1934 até 1940 representaram a

consolidação dos ideais da Revolução Mexicana. O conflito político com

Plutarco Elias Calles, o processo de modernização, a nacionalização do

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petróleo, a reforma agrária, o apoio aos republicanos na Guerra Civil

Espanhola, são alguns exemplos dos fatores positivos que serviram de base

para a interpretação, de que com Cárdenas, a Revolução Mexicana havia

cumprido o seu papel. Dentre esses autores, destacamos a análise de Hans

Werner Tobler, que sintetizou os argumentos dessa interpretação do período

cardenista. Segundo Enrique Semo:

Para Tobler, las reformas introducidas por el general

Cárdenas sintetizan todas las demandas populares de la

Revolución, pero su precio fue la subordinación de las

organizaciones sociales al Estado, que debía jugar el papel de

árbitro y tenía la última palabra en todos los conflictos.2

A vitória presidencial de Cárdenas, também trouxe mudanças para o

PCM. Fundado em 1919, o PC mexicano estabeleceu uma relação íntima com

o governo na década de 1920. Os comunistas apoiaram o mandato de Álvaro

Obregón, e estiveram ao seu lado na rebelião “delahuertista”.3 Após a morte de

Obregón em 1928, essa relação amistosa dos comunistas com o poder foi

abalada. Com a chegada de Plutarco Elías Calles a cadeira presidencial e o

início do Maximato, o PCM foi perseguido, o seu órgão central, o periódico El

Machete foi posto na ilegalidade, e foram promovidas detenções e mortes de

diversos comunistas mexicanos. Foi nesse período de instabilidade,

clandestinidade e repressão que o Gen. Lázaro Cárdenas lançou sua

candidatura à corrida presidencial.

“El fascista”

Apesar da repressão que se iniciou em 1929, o PCM manteve em

circulação a publicação do seu periódico, El Machete.4 No final de 1933, o PCM

articulou a candidatura à presidência do dirigente comunista Hernán Laborde,

pelo Bloque Obrero y Campesino (B.O. y C.). Cabe esclarecer, que o B.O. y C.

foi um importante “braço” político que os comunistas utilizaram para colocar-se

na arena eleitoral, uma vez, como outrora citado, o seu partido estava sendo

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perseguido. A primeira menção sobre a campanha de Cárdenas foi publicado

no primeiro n° de janeiro de 1934 do El Machete. Nesse pequeno texto, o

candidato foi apresentado de forma depreciativa e agressiva pela publicação

comunista, quando visitou sua terra natal, Michoacán. Abaixo, seguem alguns

trechos do artigo:

Cárdenas y su comitiva de <<oradores>>

propagandistas al recorrer varios pueblos de Michoacán han

vuelto a repetir, solo que en forma más empalagosa y

mentirosa, los discursos que pronunciaron en Querétaro,

Aguascalientes, Guanajuato y Jalisco.

[…]

El PNR, Cárdenas y sus propagandistas están haciendo

demagogia de grueso calibre, y es un deber nuestro

desenmascararlos con toda energía demostrando con hechos

concretos que Cárdenas es el candidato de la burguesía y de

los terratenientes, del Partido que mediantes el <<Plan

Sexenal>> trata de asegurar la más aguda explotación de las

masas, la fachistazión del Gobierno, la represión sangrienta

del movimiento revolucionario y la preparación del Gobierno

para la guerra imperialista del lado de los Estados Unidos.5

Ao apoiar a candidatura de Laborde, não espanta que o PCM, por meio

das páginas do El Machete, publicasse artigos contra Cárdenas e outros

candidatos a cadeira presidencial. Todavia, apesar dessa práxis da luta

político-eleitoral, devesse destacar o trecho, no qual, o autor anônimo do artigo

assegurou que Cárdenas é um candidato da burguesia, e que sua eventual

vitória, conduziria a uma exploração das massas (trabalhadores do campo e da

cidade) e uma “fachistazión” do Governo. Ao estabelecer um ponto de contato

de Cárdenas com o fascismo, os articulistas do El Machete o converteram não

apenas em um adversário político, como também, ideológico. Na afirmação de

uma aliança entre a burguesia com o fascismo – que na década de 1930,

estava em grande ascensão na Europa e estendia sua sombra para o restante

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do mundo – os comunistas mexicanos, sintonizaram sua leitura da política

mexicana com a interpretação clássica da Internacional Comunista Soviética

(IC). Segundo Edda Saccomani, responsável pelo verbete “Fascismo” no

Dicionário de Política organizado por Norberto Bobbio, há quatro abordagens

generalizantes para caracterizar o conceito fascista. Dessas, o que nos

interessa é a abordagem do “Fascismo como uma ditadura aberta da

burguesia”. Segundo Saccomani, nesse aferimento, o Fascismo associa-se à

crise histórica do Capitalismo, que estaria em seu estágio final, e também do

Imperialismo. Com o iminente colapso dos mesmos, a burguesia, para não

sentir-se desamparada, encontraria no Fascismo, a instrumentalização política

para manter o seu domínio “das classes subalternas e, em primeiro lugar, da

classe operária”.6 Reforça esse argumento, o final do artigo do El Machete, no

qual encontra-se a defesa de que se chegar ao poder, Cárdenas estará ao lado

do Imperialismo estadunidense na Guerra que já se vislumbrava no velho

mundo.

Além de rotulá-lo como um candidato da burguesia-latifundiária, as

propostas de Cárdenas também foram duramente criticadas em outros textos.

Como exemplo, em fevereiro de 1934, no n° 285, foi criticada a política agrária

do candidato do PNR, no mais do que sugestivo artigo “El Mentiroso Agrarismo

Cardenista”:

La Secretaría de <<Acción Agraria>> del PNR ha dado a

luz un aborto que se titula pomposamente <<Fraternidad

Amigos del Campesino>>, cuyos 14 puntos demagógicos son

otras tantas falsas promesas pre-electorales para sentar plaza

de <<defensores>> únicos del campesino. ¿Desde cuándo los

penerreanos tan corteses, (<<saludar, estrechándole la mano y

cariñosamente, a todo campesino, en cualquier parte que se le

encuentre>>) tan galantes, tan amoroso con los campesinos?

Tan expontánea y espléndida generosidad recuerda los

halagos de todo rufián para desollar a su presunta víctima.

¡Pero, es que tenemos elecciones para Diputados, Senadores

y Presidente de la República en puerta!...

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Obras son amores y no buenas razones, señores

penerreanos. ¿Qué hubo de las dotaciones provisionales que

se iban a transformar en definitivas por decreto, qué pasó con

lo de la tierra para los peones acasillados y los 20 millones de

pesos para refaccionar a los campesinos?7

Demagogia e falsidade foram alguns dos adjetivos que os comunistas

utilizaram para caracterizar as propostas agrárias de Cárdenas. Os articulistas

do PCM aproveitaram também para atacar a Liga Nacional Mexicana (LNM) e

seu líder, Úrsulo Galván, morto em julho de 1930, e que na década de 1920,

era aliado do PCM. A título de curiosidade, o sarcasmo também foi outra

característica desse texto. Os comunistas mexicanos ironizaram a sigla do

partido de Cárdenas, PNR, ao afirmar que a mesma significava Partido de los

Nuevos Ricos.

No que pese a campanha ferrenha do PCM por meio das páginas do El

Machete, nas eleições de julho de 1934, o Gen. Lázaro Cárdenas saiu vitorioso

da corrida presidencial. Todavia, mesmo com essa derrota, os comunistas

mexicanos continuaram com sua política editorial agressiva:

El resultado de las elecciones estaba previsto. El PNR

tiene en su poder el aparato gubernamental, las Cámaras

Federales y Locales, los fondos públicos, el ejército, la policía,

etc., y serán en fin de cuentas los diputados y senadores

penerreamos los que digan la última palabra al calificar la

elección.

[…]

Esa gente está encantada con el trabajo de su partido.

Cárdenas continuará la política de sus predecesores y <<dará

garantías al capital humano>>, como personalmente lo ha

ofrecido. Su discurso pronunciado en vísperas de las

elecciones es una recapitulación de las promesas demagógicas

que hizo durante la campaña, para asegurarse el apoyo de

masas trabajadores. Pero en ese mismo discurso renueva su

compromiso de dar garantías al capital y pronto lo veremos

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presentarse ante el Presidente Roosevelt, en Washington, para

ratificar ese compromiso.8

Esse foi o tom que o órgão central do PCM dedicou a Cárdenas ao longo

de 1934 e início do ano seguinte. Para finalizar esse tema, em novembro de

1934, foi publicada uma caricatura da presidência cardenista que representa,

visualmente, tudo o que foi exposto acima:

Figura 1 CARDENAS SUBE A LA PRESIDENCIA”. In: El Machete, n° 310, 30/11/1934, p.04. Fonte: Centro

de Estudios del Movimiento Obrero y Socialista, A.C (CEMOS).

Na caricatura assinada por LAB,9 Cárdenas aparece no centro da

imagem, sentado na cadeira presidencial mexicana. No topo há uma águia,

símbolo da bandeira do México, e, também temos visível, acima da cabeça do

novo presidente mexicano, a bandeira do seu país cruzada com a dos Estados

Unidos, abaixo da sigla do PNR, que podemos interpretar como uma alusão à

acusação formulada pelo PCM, de que Cárdenas atenderia os designíos

estadunidenses, ou seja, estaria sob a tutela do Imperialismo dos seus vizinhos

do norte. No lado esquerdo de Cárdenas encontra-se Plutarco Elias Calles, e a

direita, Pascual Ortiz Rubio – de bigode pequeno e camisa branca – e outras

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personagens da política mexicana que não identificamos até o momento. Com

o mentor do Maximato a sua esquerda, para os articulistas do El Machete,

Cárdenas seria apenas mais uma marionete nesse sistema político controlado

por Calles. Mais três referências merecem ser destacadas: 1°) a suástica

nazista entre o “Plan Sexenal”; 2°) a legenda abaixo da bancada,

“PRESIDENCIA DEL ESTADO BURGUES – ALIADO AL IMPERIALISMO.

TERRATENIENTE”; 3°) a imagem de trabalhadores esmagados, com

bandeiras de reivindicações sociais. Essas referências traduzem a crítica

realizada pelos comunistas mexicanos: o Gen. Lázaro Cárdenas seria o

representante do nazi/fascismo no México e nada mudaria em sua gestão

presidencial. O texto abaixo da ilustração manteve esse ataque e alimentou um

possível levante das massas populares contra o governo cardenista: “Mientras

el PNR desata gritería con motivo de la toma de posesión del Presidente

impuesto, los obreros, campesinos y antimperialistas deben responder con el

reforzamiento de sus luchas por su mejoramiento efectivo, agrupando las

fuerzas para las batallas encarnizadas de la próxima etapa”.10

A mudança de discurso da publicação comunista mexicana sobre

Cárdenas ocorreu em 1935. Gradativamente, o fascista foi saindo de cena para

a entrada do presidente rojo.

“El presidente rojo”

Carlos Alberto Sampaio Barbosa dividiu a fase cardenista em três fases,

a saber: 1°) 1934 a 1935; 2°) 1936 a 1938; 3°) 1938 a 1940.11 Em sua primeira

fase, Cárdenas libertou diversos presos políticos que estavam encarcerados

nas Islas Marias, a maioria de comunistas, legalizou o El Machete e, aos

poucos, o PCM voltou a ser ativo na sociedade mexicana. Contudo, apesar

dessas medidas, os membros do PCM ainda desconfiavam de Cárdenas, e o

primeiro sopro de mudança, ocorreu em julho de 1935, no VII Congresso da IC

de Moscou, onde foi adotada a estratégia das Frentes Populares, no qual, os

PC’s deveriam unir-se a governos democráticos que possuíssem em suas

plataformas políticas, propostas anti-imperialistas, sociais e radicais. Cabe

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ressaltar, que essa tática foi adotada como uma forma de resistência à

influência fascista que se fortalecia com enorme rapidez no final da década de

1930. Nesse Congresso, o PCM foi representado pelo seu Secretário-Geral

Hernán Laborde, e pelos dirigentes José Revueltas e M. A. Veslasco:

La delegación del PCM al VII Congreso de la Komintern

envía una carta al partido; “Venciendo la resistencia y las

vacilaciones que se advierten en la dirección, el partido debe

apoyar expresa y categóricamente las medidas del gobierno de

Cárdenas contra el imperialismo y la reacción en beneficio de

las masas populares. A la vez, el partido debe concentrar real y

concretamente el fuego contra el callismo… Debe exigir

también la ampliación de la reforma agraria hasta la liquidación

del latifundismo… el Partido Comunista debe tomar una

posición definida, rechazando los ataques de la Iglesia y

apoyando resueltamente la ‘educación socialista’, no por

socialista, que no lo es, sino como un programa de reformas

democráticas avanzadas en el ramo de la educación

pública…”12

Essa orientação da IC, o embate de Cárdenas contra Calles, e as

medidas anteriores e favoráveis aos comunistas, não podiam mais ser

ignoradas, e o presidente mexicano, de fascista, passou a ter uma

interpretação positiva nas páginas do El Machete.

O primeiro ponto de união dos comunistas com o presidente mexicano

foi o confronto com Calles. Para o PCM, era imprescindível que o mentor do

Maximato fosse escorraçado do México. Na segunda metade de 1935, o El

Machete publicou diversos editoriais de repúdio a Calles e de aprovação ao

governo cardenista. Como exemplo, temos o editorial “Frente Único Popular de

Apoyo a Cárdenas” publicado em dezembro de 1935. Por ser tratar de um

grande texto, destacamos abaixo, apenas o seu último parágrafo:

No hay tiempo que perder. Hay que empezar enseguida.

Tenemos que organizarnos, prepararnos y estar listos para

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responder en CUALQUIER MOMENTO Y EN CUALQUIER

FORMA, inclusive en las armas en la mano. Nuestro lema en

este momento debe ser: TODO EL PUEBLO CON

CARDENAS, TODO EL PUEBLO CONTRA CALLES.13

Por mais pragmática que tenha sido essa aliança, salta aos olhos, a

afirmação no editorial acima, de que o povo mexicano deveria unir-se a

Cárdenas. Indubitavelmente, foi uma giro de 180° da imagem do outrora

presidente fascista nas páginas da publicação comunista.

Calles foi derrotado e exilou-se nos EUA no começo de 1936. A queda

do inimigo em comum e o início da segunda fase do governo cardenista, os

comunistas mantiveram sua aliança. Coube a Hernán Laborde a tarefa de

caracterizar o governo cardenista e de explicar, aos leitores da publicação

comunista mexicana, o apoio do PCM ao seu outrora adversário político no

artigo “CLARIDAD Y FIRMEZA EN LA POLITICA Y LA TACTICA DEL

PROLETARIADO”.14 Primeiramente, Laborde apresentou o que seria uma

“confusão” sobre o significado desse governo. Segundo suas análises, o

comando de Cárdenas não era operário e nem camponês, e sim, “Nacional-

Reformista”. Sob essa definição, Cárdenas estaria governando mediante os

diversos interesses nacionais e suas mudanças estavam sendo executadas a

partir de reformas. Com base nesse argumento e também como uma forma de

defrontar os resquícios que poderiam ter sobrevivido do Maximato, Laborde

defendeu o apoio total de todos os setores populares ao presidente. O

Secretário-Geral do PCM concluiu sua análise com a afirmação que somente o

proletariado poderia guiar a classe camponesa em seu objetivo de extinguir o

latifúndio, e, consequentemente, conquistar suas terras reivindicadas. Também

argumentou que Cárdenas poderia conferir um caráter “Popular

Revolucionário” ao seu governo, o que o tornaria um continuador da Revolução

Mexicana de 1910. O apoio dos comunistas a Cárdenas foi incondicional. Os

adjetivos degradantes foram substituídos por elogios e o El Machete publicou

diversos artigos de aprovação ao presidente mexicano.

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Em 18 de março de 1938, Cárdenas assinou o decreto de expropriação

das empresas petrolíferas. O PCM ficou do lado do presidente mexicano e

lançaram, no dia 23 de março de 1938, um boletim especial do El Machete, no

qual, saudavam com entusiasmo esse medida. Para os articulistas comunistas

mexicanos, a expropriação petrolífera de Cárdenas representou um embate do

governo com a política Imperialista estadunidense. Inclusive, em vários artigos,

foi defendido que a expropriação seria um segundo grito de Independência do

México.

As mudanças não pararam por aí. Em fevereiro de 1936, o Comité

Nacional de la Defensa Proletaria, organizou um congresso nacional de união

entre operários e camponeses, e desse encontro foi fundada a Confederación

de Trabajadores de México (CTM). Essa organização teve como objetivo unir

todos os sindicatos mexicanos. O controle da CTM efetuado Vicente Lombardo

Toledano e Fidel Velázquez Sanchéz colocou o PCM num papel secundário na

organização do movimento operário urbano mexicano no período cardenista.

Outra medida de Cárdenas que recebeu o apoio do PCM foi à

transformação do PNR no Partido da Revolução Mexicana (PRM). A aprovação

dos comunistas evidenciou-se na fala de Hernán Laborde, realizada na

Convenção de fundação do PRM e publicada no El Machete. Abaixo, seguem

alguns trechos do seu discurso:

La transformación del Partido Nacional Revolucionario

señala el comienzo de un nuevo capítulo de la Revolución

Mexicana.

[…]

El Partido Comunista ha afirmado siempre que para

asegurar la victoria del pueblo sobre todos sus enemigos hace

falta solamente una cosa: la unión del pueblo mismo.

[…]

Por eso también, queremos exponer modestamente

nuestra opinión en el sentido de que el nuevo movimiento que

aquí va a estructurarse, debe dar cabida a todos los mexicanos

dignos de este nombre, sin distinción de ideologías o

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creencias, con la sola condición de que respalden la política

emancipadora del Presidente Cárdenas.

[…]

En esta coalición de fuerzas populares, en esta

concentración organizada del pueblo, nosotros los comunistas

pedimos solamente un puesto de lucha y de peligro.

Queremos cooperar, queremos servir, queremos ser

útiles a la Revolución y a su gobierno, al pueblo y a la patria.

Queremos que se nos permita arrimar el hombro y poner

el pecho en la obra y en la lucha común.

Que se nos señale el sitio y las condiciones en que,

dentro del gran Partido de la Revolución Mexicana, podemos

cumplir con nuestro deber.15

O tom de exaltação de Laborde revela um papel de coadjuvante que,

aos poucos, os comunistas começaram a exercer na sociedade mexicana

nesse período. Além de exaltar em demasia a criação do PRM, o dirigente

comunista, em diversas passagens do seu discurso, qualificou Cárdenas como

uma grande liderança e como um continuador das metas sociais da Revolução

Mexicana. O protagonismo do PCM foi eclipsado pela sombra de Cárdenas.

Em julho eclodiu a Guerra Civil Espanhola, que mobilizou um massivo

apoio da opinião pública mexicana aos combatentes republicanos, e no

começo de 1937, o Partido entrou em crise. Trotski chegou ao México e sua

presença tencionou as relações até então amistosas do PCM com Cárdenas.

Todavia, apesar da presença do nêmesis de Stálin em terras astecas, o

presidente foi isento da culpabilidade de ter aberto as portas da casa mexicana

ao “grande traidor da Revolução Russa”. Os articulistas do El Machete

concluíram que Cárdenas, no auge de sua bondade e “boa-fé”, foi ludibriado

por Diego Rivera e Frida Kahlo.

Na terceira fase do governo cardenista, iniciada em 1938, o presidente

mexicano defrontou-se com a rebelião de Saturnino Cedillo. Esse conflito durou

oito meses e o El Machete manteve sua linha editorial de apoio ao presidente

mexicano e de combate aos seus adversários.

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Para finalizar, em junho de 1938, o El Machete publicou um longo artigo

elogioso a Cárdenas, que sintetiza todo esse sentimento de apoio, e não seria

demasiado afirmar, também de devoção realizado pelos comunistas

mexicanos:

Decir que Lázaro Cárdenas es el gobernante más ilustre

de América es decir lo consabido. Ningún hombre de Estado

muestra hoy su singular relieve. Su personalidad ha sido

forjada en el más difícil y leal de los aprendizajes: en el servicio

del pueblo. Servidor de su pueblo, eso ha sido en todo tiempo

Lázaro Cárdenas, ese es su título más alto.

[…]

México está viviendo, a tono con la época, una bella

etapa de nacionalismo revolucionario. Para vivirla a plenitud,

eficazmente, precisan condiciones excepcionales de audacia y

de realismo. Los enemigos son fuertes, poderosos, con

nombres atemorizadores en el panorama mundial. El pueblo se

levanta contra ellos en la iracundia del hombre digno en trance

de esclavitud. Viene la acometida inevitable. Importa el

acomodamiento estricto entre el ímpetu y la obra, entre el

intento y la posibilidad. México, gallardía y pensamiento,

valentía y serenidad, pone a ritmo preciso su obra libertadora,

su ejemplo americano. Lázaro Cárdenas, mexicano, profundo, -

valor y serenidad, - llama a su pueblo a la rebeldía y la enseña,

(gran maestro rural, se ha dicho de él) a dar en el blanco sin

perder disparos. Humanidad rica y simple a un tiempo,

Cárdenas es la encarnación de un momento de su tierra.

Por eso será visto mañana como hermano de Hidalgo, de

Morelos, de Juárez y de Zapata.

Honrar a Cárdenas no es sólo rendir tributo al hombre

sino loar las más altas virtudes de un pueblo. En esta hora

atribulada da América, en que se decide la marcha final de

nuestro Continente la figura de Lázaro Cárdenas es, a un

tiempo, símbolo y ejemplo.16

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Não é preciso explanar novamente sobre os adjetivos elogiosos a

Cárdenas, contudo, cabe destacar o trecho em negrito acima, no qual, o

presidente mexicano foi comparado ao padre Miguel Hidalgo, o iniciador da

Independência Mexicana, ao presidente Benito Juárez, o indígena que

governou o México por diversos anos, e a Emiliano Zapata, o principal líder das

facções camponeses e populares do período armada da Revolução. Para o

PCM, Cárdenas colou o trem da Revolução Mexicana nos trilhos e era o

principal condutor em tornar reais as demandas sociais desse acontecimento.

E o seu exemplo não apenas para o país asteca, como também para toda a

América Latina. Da água para o vinho, o fascista deu lugar ao presidente

vermelho e socialista.

Considerações parciais

Esse tamanho apoio teve o seu preço. Em 1940, no final da era

cardenista, foi realizado no mês de março o I Congresso Extraordinário do

PCM. Além da discussão sobre a situação de Trotski no México, nesse

encontro, os comunistas discutiram a sua aliança com Cárdenas. Nos debates

que se seguiram, ficou evidente para os comunistas mexicanos, que eles

estavam atados no governo. Uma das causas detectadas dessa “domesticação

revolucionária” que consumou o PCM foi à política de “unidad a toda costa”,

defendida por Earl Browder, dirigente do Partido Comunista dos Estados

Unidos:

Si bien había sido una realidad la política izquierdista y

sectaria, que en los primeros tiempos del gobierno cardenista

estorbó el despliegue de una política justa, y por otro lado era

verdad que a raíz de la “unidad a toda costa” el partido marchó

en gran medida detrás de la burguesía nacional afectado

sensiblemente por la tendencia cardenista, sin exonerar de

responsabilidad a los dirigentes mexicanos, era indiscutible que

había influido fuertemente en el PCM el peso de la

organización comunista internacional.

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No obstante, la determinación de expulsar a quienes se

juzgó principales responsables fue irreductible. Los métodos

aplicados por la comisión depuradora estaban a tono con las

prácticas en boga en el movimiento comunista internacional y,

particularmente, en la URSS bajo la dirección de Stalin.17

Tanto Browder quanto a IC foram isentos desse “erro estratégico” e a

culpa decaiu sobre diversos dirigentes do PCM. O resultado final foi à expulsão

de diversas lideranças do Partido, o que criou uma divisão no seio do

movimento comunista mexicano, entre elas, estava o Secretário-Geral, Hernán

Laborde. Em maio, Trotski sofreu um atentado a balas em sua residência

localizada em Coyoacán, e, em agosto, foi morto por Jaime Ramón Mercader,

agente a serviço de Stalin. Miguel Ávila Camacho sucedeu Cárdenas na

presidência mexicana e distanciou-se do PCM, que se afogou em um mar de

problemas internos, com intensas crises ideológicas e organizacionais.

A transformação da imagem do Gen. Lázaro Cárdenas perante os

comunistas mexicanos foi intensa e complexa, e esteve associada a fatores

internos e externos, como a ameaça fascista e a influência que a IC procurou

exercer na América Latina. No presente texto, foi demonstrado um pouco

dessa relação contraditória. A imprensa comunista mexicana na década de

1930, representada pelo órgão central do PCM, o periódico El Machete,

apresentou inicialmente Cárdenas como um fascista, aliado ao Imperialismo

estadunidense. E posteriormente, o mesmo periódico, o qualificou como um

grande líder, um presidente socialista e um continuador da Revolução

Mexicana. A leitura que os comunistas realizaram de Cárdenas não ficou

estacionada. Ela movimentou-se e mostrou, que ao torná-lo um presidente rojo,

o discurso de que os anos de 1934 a 1940 representaram a consolidação da

Revolução Mexicana, não foi construído posteriormente pelos pesquisadores

desse período. Ele já foi forjado no calor do momento das reformas cardenista,

em uma época de intensa mudança na sociedade mexicana, tanto no campo

cultural, como no político e no social, e onde os comunistas, exerceram um

papel de figurantes.

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Notas e bibliografia

* Doutorando em História e Sociedade pela Faculdade de Ciências e Letras, UNESP – Univ. Estadual Paulista e bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo/FAPESP. 1 O conceito de “nacional-fascismo” foi originalmente elaborado pelo militante comunista

italiano Vittorio Codovilla, ao analisar os governos latino-americanos, depois da Conferência dos Partidos Comunistas da América Latina, realizada em 1929, na cidade de Buenos Aires, Argentina. In: LÖWY, Michael. Introdução. Pontos de referência para uma história do marxismo na América Latina. In: _____. (Org.). O marxismo na América Latina. Uma antologia de 1909 aos dias atuais. 2 ª ed. ampl. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2006, p.21. 2 SEMO, Enrique. TOBLER, HANS WERNER. In: TORRES PARÉS, Javier & VILLEGAS

MORENO, Gloria. Diccionario de la Revolución Mexicana. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 2010, p.601. 3 Em 1923, Adolfo de La Huerta contava com o apoio de Obregón para sua possível

candidatura à presidência, contudo foi preterido por Plutarco Elias Calles. Descontente com essa decisão, De la Huerta rebelou-se contra o governo federal, e iniciou uma rebelião que ficou conhecida como “delahuertista”. Esse levante se concentrou na região de Veracruz, e foi desmantelada, entre fevereiro e maio de 1924, com um saldo de sete mil pessoas mortas. O PCM, que nesse período mantinha uma relação de proximidade com o governo obregonista, tinha uma grande influência de vários setores camponeses, os armou, e, junto com as forças do exército federal, liquidaram o movimento rebelde. Entre as vítimas comunistas desse embate, pereceram alguns dirigentes, como José Cardel, José María Caracas, Guilhermo Lira, José Fernádez Oca y Antonio Ballesco. In: PELÁEZ, Gerardo. Partido Comunista Mexicano. 60 años de historia. I (Cronologia 1919-1968). México: Universidad Autonoma de Sinaloa, 1980, p.23. 4 Para realizar um estudo do PCM nesse período, o periódico El Machete é uma fonte valiosa

de informações. Todavia, não será apresentado nesse texto um resumo sobre a sua trajetória, que pode ser consultado em outros trabalhos. In: SOUSA, Fábio da Silva. Dos e Para os operários. Questões metodológicas de pesquisa em jornais comunistas (El Machete e A Classe Operária). In: Revista de História Comparada. PPGHC, Rio de Janeiro, Ano 6, v. 6, n. 2, p. 49-67, 2012. Disponível em:<http://www.revistas.ufrj.br/index.php/RevistaHistoriaComparada/article/view/323>. Acesso em: 23 jul. 2014. 5 El Machete, “La Gira de Cárdenas”, n° 281. 10/01/1934, p.01 e 04 – negrito nosso. O Partido

Nacional Revolucionário (PNR) foi criado em março de 1929 por Plutarco Elias Calles. Em 1938, o Gen. Lázaro Cárdenas, apoiado pela classe operária e camponesa mexicana, modificou o PNR e fundou o Partido da Revolução Mexicana (PRM), que recebeu apoio do PCM. Em 18 de janeiro de 1946, no final do mandato do presidente Manuel Ávila Camacho, que sucedeu Cárdenas, o PRM converteu-se no Partido Revolucionário Institucional (PRI), que desempenhou um papel de intenso controle na vida política mexicana até os dias atuais. O Plano Sexenal foi proposto por Calles no Segundo Congresso do PNR, que definiu as bases da sucessão presidencial de 1934 a 1940. As reformas defendidas nesse plano eram amplas, visando atingir os campos econômicos e sociais do México. Ao se lançar candidato, Cárdenas defendeu a execução das medidas do Plano Sexenal. 6 SACCOMANI, Edda. Fascismo. In: PISTONE, Sergio. Bonapartismo. In: BOBBIO, Norberto

(et al.). Dicionário de Política. 3a ed. Brasília: Editora de Brasília. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1991, Vol. 1 (A – K), p.470. 7 El Machete, “El Mentiroso Agrarismo Cardenista”, n° 285. 20/02/1934, p.02.

8 El Machete, “EL RESULTADO DE LAS ELECCIONES”, n° 296. 10/07/1934, p.02.

9 LAB são as iniciais de Luis Arenal Bastar. Ingressou ao PCM em 1932, foi um dos fundadores

da Liga de Escritores e Artista Revolucionários (LEAR) e de seu periódico oficial, o Frente a Frente. Em 1937 participou da fundação do Taller de la Gráfica Popular (TGP) participou do atentado contra Trotski em 1940, que foi organizado por Siqueiros. Ambos, Arenal Bastar e Siqueiros, obtiveram asilo no Chile em 1941. Arenal Bastar regressou ao México em 1943,

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onde viveu até maio de 1985. Pintor e gravurista, publicou diversas charges e caricaturas no El Machete e em diversas publicações mexicanas. In: PABLO HAMMEKEN, Óscar de. La Rojería (Parte I). Diccionario biográfico de la izquierda socialista mexicana. In: Memoria. México/DF: CEMOS, mayo 2010a, nº 242, p.38. 10

El Machete, “CARDENAS SUBE A LA PRESIDENCIA”, n° 310. 30/11/1934, p.04. 11

BARBOSA, Carlos Alberto Sampaio. A Revolução Mexicana. São Paulo: Editora UNESP, 2010, p.105. 12

PELÁEZ, Gerardo. Partido Comunista Mexicano. 60 años de historia. I (Cronologia 1919-1968). México: Universidad Autonoma de Sinaloa, 1980, p.52. 13

El Machete, “Frente Único Popular de Apoyo a Cárdenas”, n° 374. 18/12/1935, p.03. 14

El Machete, “CLARIDAD Y FIRMEZA EN LA POLITICA Y LA TACTICA DEL PROLETARIADO”, n° 391. 11/03/1936, p.01 e 04. 15

El Machete, “Discurso del Secretario General del Partido Comunista de México en la Convención Constituyente del P.R.M”, n° 519. 09/04/1936, p.01 e 10. 16

El Machete, “Cómo ve el Mundo a Lázaro Cárdenas”, n°554. 28/06/1938, p.04 – negrito nosso. 17

ENCARNACIÓN PÉREZ, J. En el sexênio de Cárdenas. In: MARTÍNEZ VERDUGO, Arnaldo (Org). Historia del comunismo en México. México: Ediciones Grijalbo, 1985, p.186.