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LER E ESCREVER NA ESCOLA:

O REAL, O POSSÍVEL E O NECESSÁRIO

PARTE 1 - LER E ESCREVER NA ESCOLA: O REAL, O POSSÍVEL E O NECESSÁRIO

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Ensinar a ler e a escrever é um desafio que transcende amplamente a alfabetização em sentido estrito. Participar na cultura escrita supõe apropriar- se de uma tradição de leitura e escrita e para concretizar o propósito de formar

alunos praticantes dessa cultura, é necessário reconceitualizar o objeto de ensino e construí-lo

tomando como referência as práticas sociais de língua escrita. O necessário é fazer da escola uma comunidade de leitores que recorram aos textos buscando respostas

para os problemas a resolver, encontrar informações, compreender melhor o mundo.... Fazer da escola um local onde os alunos possam produzir seus próprios

textos e mostrar suas idéias. Necessário é preservar o sentido do objeto de ensino para o sujeito da

aprendizagem, a fim de que sejam cidadãos da cultura escrita. O real é o que leva à prática e isso implica em

conhecer as dificuldades e analisá-las:

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a) Dificuldades envolvidas na escolarização das práticas: não é simples determinar com exatidão o que, como e quando os sujeitos aprendem a

língua escrita. Ex.: Em que momento as crianças se apropriam da “linguagem dos contos”? Como ter acesso às interferências ou

antecipações que as crianças fazem ao tentar ler um texto?b) Tensões entre os propósitos escolares e extra-escolares da leitura e da escrita: se a escola ensina a ler e escrever com o único propósito de que os alunos aprendam a fazê-lo, eles não aprenderão a ler e escrever para cumprir outras finalidades (da vida social); se a escola abandona os

propósitos didáticos estará abandonando sua função de ensinante.c) Relação saber/duração versus preservação do sentido: desde o século XVII a opção tradicional, no caso do ensino da língua escrita,

primeiro era preciso dominar o código (sílabas, formação de palavras) e depois iniciava-se a compreensão e produção de textos simples e

breves. Esta organização entra em contradição com as práticas de leitura e escrita porque estas são indissociáveis.

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d) Tensão entre duas necessidades institucionais: ensinar e controlar a aprendizagem: o possível é fazer o esforço para conciliar as

necessidades da instituição escolar com o propósito educativo de formar leitores e escritores, gerar condições didáticas que permitam colocar em cena a versão escolar da língua escrita mais próxima da

versão social (não-escolar) dessas práticas.

PARTE 2 - PARA TRANSFORMAR O ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA

O desafio é combater a discriminação que a escola opera não apenas criando o fracasso por não alfabetizar, como também impede aos outros

de chegarem a ser leitores e produtores de textos competentes e autônomos. Como possibilitar mudanças na prática dos professores

para que todos tenham acesso à língua escrita?

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Oficinas, análise de registros de classe, doplanejamento de atividades e da avaliação; durante o

processo de acompanhamento, condução de situações didáticas, são condições para que o professor aprenda “por participação na tarefa concreta”. Estas são situações que provocam

transformações na prática do professor.

Problemas curriculares: elaborar documentos curriculares significa tomar decisões que afetarão muitas escolas. Portanto, faz sentir, fortemente, a

necessidade da pesquisa didática.

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Infelizmente, são ausentes na sala de aula, práticas de leitura e escrita: razão que leva as pessoas a ler e escrever, as maneiras de ler, tudo o que fazem os leitores e escritores, as relações que leitores e escritores têm

com o texto.

Conteúdos envolvidos nas práticas:

1. os comportamentos do leitor e do escritor são conteúdos e não tarefas, porque são aspectos que se espera que os alunos aprendam;

2. o conceito de “comportamentos do leitor e do escrito” não coincide como de “conteúdos procedimentais”, porque em um mesmo

comportamento pode confluir o atitudinal, o comportamental e o conceitual. Ao atuar como leitores e escritores, os alunos têm

oportunidades de se apropriar de conteúdos lingüísticos que adquirem sentido nas práticas; é assim que as práticas se transformam em fonte

de reflexão metalinguística.

É a utilização do código para falar dele mesmo: uma pessoa falando do ato de falar, outra escrevendo sobre o ato de escrever, palavras que

explicam o significado de outra palavra.

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Preservar o sentido dos conteúdos: supõe propiciar que sejam adquiridos por participação nas práticas, que se ponham efetivamente em ação em vez de ser

substituídos por meras verbalizaçõesOs comportamentos do leitor na escola: tensões e paradoxos

Fora da escola, a leitura se mantém alheia ao obrigatório, dentro da escola não escapa da obrigatoriedade.

Normalmente, a escola apresenta para criançasapenas textos dirigidos às crianças. Mas está muito claro que não se aprende a

ler textos difíceis lendo textos fáceis. Pretende-se que os alunos construam comportamentos de ler textos literários é preciso incorporar esses textos em seu trabalho e preservar o sentido que a leitura e a escrita tem para os seres

humanos.PARTE 4 - É POSSÍVEL LER NA ESCOLA?

Esta pergunta pode parecer estranha à instituição cuja missão fundamental é Precisamente ensinar a ler e a escrever. No entanto muitas práticas

descaracterizam a leitura na escola, distantes dos propósitos que lhe dão sentido social. Isso ocorre por dois fatores:

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A teoria condutista da aprendizagem - que não se ocupa do sentido que a leitura possa ter para as crianças e concebe a aquisição do conhecimento como um processo acumulativo e graduado, um

parcelamento do conteúdo em elementos supostamente simples;

A escola como microssociedade de leitores e escritores (ou – sim é possível ler na escola)

Para que a leitura se transforme num objeto de aprendizagem é necessário que tenha sentido do ponto de vista do aluno, isto é, que os propósitos didáticos cumpram a função para a realização de

propósitos que o aluno conhece e valoriza.

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Exemplo: produção de uma fita de poemas com propósito comunicativo de compartilhar com pessoas textos comovedores e interessantes; tendo como destinatários grupos de alunos de educação infantil e

biblioteca falante para cegos. Sequência de atividades: proposta do projeto, seleção dos poemas, organização da tarefa, audição das fitas,

gravação (ensaio), audição, regravação, escuta da fita editada e redação de uma carta coletiva apresentando a fita e solicitando uma resposta

“crítica” construtiva.Parece necessário romper com a correspondência linear entre parcelas

do conhecimento e parcelas do tempo e para isso é preciso criar condições com diferentes modalidades organizativas:

1. projetos – permitem organização flexível do tempo de acordo com o objetivo que se queira alcançar; compartilhar o planejamento com os

alunos: discutir etapas, responsabilidades, trabalhar a leitura sobre vários pontos de vista;

2. atividades habituais – oferecem oportunidade de interagir intensamente com um gênero de cada vez. Ex. Hora dos contadores de

história. Seqüências de atividades

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Acerca do controle: avaliar a leitura e ensinar a lerAvaliação é uma necessidade legítima da instituição escolar, mas para evitar que a pressão da avaliação se torne obstáculo para a

formação de leitores, é preciso por em primeiro plano os propósitos referentes à aprendizagem, de tal modo que estes não se subordinem à necessidade de controle e, por outro lado, criar momentos em que o controle seja responsabilidade também do

aluno.O professor como ator no papel de leitor É de particular

importância, na primeira etapada escolaridade a leitura do professor. Depois o professor

continuará atuando como leitor – não com tanta freqüência como no começo – durante toda escolaridade, porque é lendo materiais

que ele considera interessantes, belos ou úteis que poderá comunicar às crianças o valor da leitura.

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O problema da leitura é de responsabilidade de toda instituição escolar. A escola deve se preocupar em

elaborar projetos direcionados em enfrentar a questão da leitura instalando o “clima leitor” na escola e não apenas

na sala de aula.E assim a autora responde a questão é possível ler na

escola.PARTE 5 - PAPEL DO CONHECIMENTO DIDÁTICO NA

FORMAÇÃO DO PROFESSORO conhecimento didático tem de ser o eixo do processo de capacitação do professor. Para os capacitadores dois

fatores foram essenciais para avançar na análise da situação e produzir progressos no trabalho de

capacitação de professores: a conceitualização da especificidade do conhecimento didático e a reflexão

sobre nossa própria prática como capacitadores.

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Após avaliar as situações, conservar as queconsideramos produtivas para a construção de conhecimento

didático por parte dos professores. Há um duplo objetivo: conseguir que os professores

construam conhecimentos sobre um objeto de ensino e, por outro lado, que elaborem conhecimentos referentes às

condições didáticas necessárias para que seus alunos possam apropriar-se desse objeto.

Neste sentido, duas condições são importantes: que o capacitador se esforce por entender os problemas que os

professores apresentam, por compreender por que pensam o que pensam, ou porque decidem adotar uma proposta e

rejeitar outra; por outro lado, que os professores se sintam autorizados a atuar de forma autônoma, que tenham razões

próprias para tomar e assumir suas decisões.