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3 DELICIOSO RASTRO CULTURAL escobertas valiosas temperam esta edição de nosso guia, que está recheado de histórias e de saborosas receitas vindas de mui- to longe. Numa das mais belas paisagens do estado, nas montanhas da Mantiqueira, entrecortadas por rios e dezenas de cachoeiras, estão as cida- des de Cruzília, Minduri, Carrancas, São Vicente de Minas e Andrelândia (foto). Além da generosa geografia, essas cidades têm em comum o fato de terem acolhido imigrantes vindos da Dinamarca, e que por lá deixaram um delicioso rastro cultural, enriquecendo nossas tradições gastronômicas há mais de um século. Como em todas as colônias de imigrantes, os hábitos e costumes, principalmente alimentares, tornam-se bem marcantes nos locais em que se estabelecem. No caso desses nórdicos, além de deliciosas recei- tas já bem adaptadas ao jeitinho mineiro de ser, eles nos deixaram um legado importantíssimo, não somente cultural, mas também de gran- de valor comercial. Hoje, graças a eles e seus descendentes, Minas Gerais é o primeiro e úni- co produtor de queijos finos do Brasil. Produtos como o primeiro gorgon- zola fabricado no país, o camembert, produzido pela primeira vez no He- misfério Sul, em Minduri, além do brie e do gruyère de primeiríssima qua- lidade, feitos em Cruzília e em São Vicente, são consumidos nos melhores restaurantes e nas principais rodas de gourmets do Brasil. Foram esses no- vos mineiros que também criaram o queijo-prato, que, segundo a lenda, surgiu a partir de algumas tentativas frustradas de se produzir outro quei- jo típico deles e se desmanchou num prato. Aproveite as deliciosas receitas dinamarquesas, mineiras e também ára- bes nesta maravilhosa viagem pelas montanhas do Sul de Minas Gerais. Bom Apetite! Eduardo Avelar Chefe de cozinha D D

DELICIOSO RASTRO CULTURAL

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Descobertas valiosas temperam esta edição de nosso guia, que está recheado de histórias e de saborosas receitas vindas de muito longe.

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DELICIOSO RASTRO CULTURAL

escobertas valiosas temperam esta edição de nosso guia, queestá recheado de histórias e de saborosas receitas vindas de mui-

to longe. Numa das mais belas paisagens do estado, nas montanhas daMantiqueira, entrecortadas por rios e dezenas de cachoeiras, estão as cida-des de Cruzília, Minduri, Carrancas, São Vicente de Minas e Andrelândia((ffoottoo)). Além da generosa geografia, essas cidades têm em comum o fato deterem acolhido imigrantes vindos da Dinamarca, e que por lá deixaram umdelicioso rastro cultural, enriquecendo nossas tradições gastronômicas hámais de um século.

Como em todas as colônias de imigrantes, os hábitos e costumes,principalmente alimentares, tornam-se bem marcantes nos locais emque se estabelecem. No caso desses nórdicos, além de deliciosas recei-tas já bem adaptadas ao jeitinho mineiro de ser, eles nos deixaram umlegado importantíssimo, não somente cultural, mas também de gran-de valor comercial.

Hoje, graças a eles e seus descendentes, Minas Gerais é o primeiro e úni-co produtor de queijos finos do Brasil. Produtos como o primeiro gorgon-zola fabricado no país, o camembert, produzido pela primeira vez no He-misfério Sul, em Minduri, além do brie e do gruyère de primeiríssima qua-lidade, feitos em Cruzília e em São Vicente, são consumidos nos melhoresrestaurantes e nas principais rodas de gourmets do Brasil. Foram esses no-vos mineiros que também criaram o queijo-prato, que, segundo a lenda,surgiu a partir de algumas tentativas frustradas de se produzir outro quei-jo típico deles e se desmanchou num prato.

Aproveite as deliciosas receitas dinamarquesas, mineiras e também ára-bes nesta maravilhosa viagem pelas montanhas do Sul de Minas Gerais.

Bom Apetite!

EEdduuaarrddoo AAvveellaarrChefe de cozinha

DD

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RICO LEGADO

aisagens de serras e cachoeiras, cidades aco-lhedoras, de rico legado cultural e gastronô-mico, que abrigam um povo de boa prosa eapaixonado pela terra. Esse é o cenário queo guia Sabores de Minas encontrou na re-

gião da Serra da Mantiqueira, no Sul do estado, e noCampo das Vertentes. A maratona começa no municí-pio de Minduri, a 286 quilômetros de Belo Horizonte. ORestaurante da Célia, logo na entrada da cidade, é para-da certa para quem não dispensa boa comida caseira,preparada no fogão a lenha. Comandada por Célia Ma-ria de Oliveira, a casa serve almoço e jantar bem ao esti-lo mineiro: saborosos e fartos. Entre as várias opções,couve, costelinha, angu, tutu, linguiça, torresmo, quiaboe um item que pode ser saboreado tanto na refeição co-mo no tira-gosto: o medalhão de banana. “Já servíamosa banana empanada e resolvi pôr o bacon. O pessoalgostou e agora fazemos sempre”, conta a proprietária.Além de trabalhar durante o dia no restaurante, Céliapassa as madrugadas preparando marmitas que forne-ce a uma empresa, faz salgados e ajuda o marido a pre-parar o café, que também é servido na casa. A rotina agi-tada, contudo, não desanima a mineira. “A gente tem defazer o que gosta”, ensina. A conversa segue animada,mas ainda há muito o que se ver. Outras delícias espe-ram os viajantes.

PPDisposição é artigo que não falta na cozinha de Célia

Vocação

Introduzidas nopaís pelosdinamarqueses,na década de1920, astécnicas defabricação dequeijos finosainda sãopraticadas naregião daSerra daMantiqueira.Confira:

SÃO VICENTEDE MINAS

São Vicente(35) 3325-1150

CRUZÍLIA

LaticíniosCruzília

(35) 3346-1385

ANDRELÂNDIA

Yema(35) 3325-1558

Rosena(35) 3325-2747

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Medalhão de banana

INGREDIENTES●● 6 bananas médias, não muito maduras (do tipo prata ou da terra)

●● 12 fatias de bacon defumado de 10 cm de comprimento poraproximadamente 5 cm de largura

●● 2 ovos batidos

●● 1 copo (americano) de leite

●● 4 colheres (sopa) de farinha de trigo

●● Farinha de pão

●● Óleo para fritar

COMO FAZERDescascar as bananas e cortar ao meio, no sentido do comprimento. Emcada metade, enrolar uma fatia de bacon, de modo que forme um meda-lhão, deixando as pontas das frutas expostas. Prender com um palito. Emuma vasilha, misturar e bater os ovos, o leite e a farinha de trigo. Passar asbananas nessa mistura, de modo que fiquem totalmente cobertas. Pas-sar na farinha de pão e fritar em óleo quente, o suficiente para cobri-las.

Receita fornecida por Célia Maria de Oliveira Pacheco, de Minduri: (35) 3326-1353

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CANTINHO DE DELÍCIAS

s manhãs de domingo em São Vicente de Mi-nas, a 263 quilômetros da capital, são típicasdas cidades do interior. Na praça principal,crianças brincam, pessoas proseiam nas es-quinas, o sino da igreja chama para a missa e,

no coreto, a movimentação é grande. É lá, naquele canti-nho, que um grupo de senhoras da cidade vende quitan-das tradicionais e outros produtos da roça, como mel efarinha. Quem passa é convidado a tomar um cafezinhoou uma xícara de chá, uma gentileza das quitandeiras.Uma delas é Maria Messias de Carvalho Araújo, a donaMessiota, que aprendeu, ainda criança, a preparar igua-rias como o biscoito doce e a pelota. A primeira era a pai-xão do marido, o que fazia com que a mineira tivesse deir para o fogão quase todos os dias. A segunda é uma ba-linha de doce de leite, que faz sucesso entre os netos. “To-do dia tem que ter. Fica em cima da mesa para quem qui-ser se servir”, conta. A rotina de dona Messiota é pesada.Às 5h30, ela começa a cuidar da roça e a preparar quitan-das. Ainda assim, não reclama e diz que só vai parar quan-do na aguentar mais. A simpatia de nossa anfitriã dá maissabor ao café da manhã e ainda mais ânimo para garim-par o ouro gastronômico desta terra.

AADona Messiota começa cedo a produção de delícias

Gorgonzola

De origemitaliana, ogorgonzola secaracteriza pelosaborlevementepicante e pelaconsistênciamacia. Demassa crua, oqueijo temfama pelo mofoPinicilliumroquefort,responsávelpelos veiosazulados.Acompanhabem vinhotinto seco.

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Biscoito doce

INGREDIENTES●● 1 kg de fubá fino

●● 1 kg de polvilho azedo

●● 500 g de gordura de porco

●● 500 g de açúcar cristal

●● 5 ovos

●● Meia colher (sopa) de sal

●● 1 colher (chá) de bicarbonato

●● Óleo ou manteiga para untar

COMO FAZERMisturar os ingredientes, ex-ceto o que será usado para un-tar. Sovar até que a massa fi-que homogênea e no ponto deenrolar. Caso fique dura, acres-centar mais um ovo. Fazer cor-dões finos com a massa e, comeles, argolas do tamanho dese-

INGREDIENTES

●● 2 litros de leite

●● Meia rapadura

●● 200 g de açúcar cristal

COMO FAZER

Misturar o leite com o açúcar elevar ao fogo alto. Mexer beme, quando engrossar, pôr a ra-

padura inteira ou em pedaços.Mexer por cerca de uma hora,até dar o ponto, que pode sermedido colocando uma peque-na porção de doce em água fria(quando o doce virar uma es-pécie de balinha na água é ho-ra de tirar do fogo). Mexer atéesfriar. Despejar colheradas emuma superfície lisa, untadacom manteiga ou óleo.

Receita fornecidas por Maria Messias de Carvalho Araújo,

de São Vicente de Minas: (35) 3323-1281

jado. Assar em tabuleiro unta-do, em fogo alto, por cerca de15 minutos.

Pelota

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LIÇÃO DE SUCESSO

história dos queijos finos no Brasil começana década de 1920, quando por estas terrasdesembarcou o dinamarquês ThovardNielsen, famoso queijeiro, que trouxe seuconhecimento para Minas. As condições

climáticas e a boa qualidade do leite da região entusias-maram o europeu, que convocou outros jovens queijei-ros da Dinamarca para construir vida nova nas Gerais. Oqueijo-de-minas e o chamado queijo-do-reino eram, atéentão, os únicos produzidos na região, mas, com a che-gada dos estrangeiros, surgiram especialidades comogouda, camembert, gruyère e, mais tarde, o gorgonzo-la, que causou espanto por causa do mofo azul. Pegan-do carona nessa história, chegamos a São Vicente de Mi-nas, onde essas variedades ainda são produzidas. Comduas dessas maravilhas, Yvonne Maria Duarte, a Tita,prepara iguarias de encher os olhos. De entrada, o toma-te recheado com gruyère processado, uma especialida-de da fábrica de laticínios São Vicente. Além do queijo,Tita usa tomates colhidos no município, importanteprodutor do estado. Outra iguaria abundante na regiãoe que Tita sabe aproveitar com maestria é a pimenta-ro-sa, que dá sabor especial ao crepe recheado com queijobrie. Depois de saborear os pratos, fica a certeza de quea lição dos dinamarqueses foi aprendida e empregadacom sucesso.

Tita mescla as boas coisas da terra ao sabor importado

AA

Gouda

Originado na

cidade de

mesmo nome,

na Holanda,

esse queijo é

encontrado

tradicionalmente

em formato

cilíndrico e

envolvido por

uma tintura

rosada.

Semicozido, tem

consistência

macia, massa

gordurosa e

sabor suave.

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Tomate recheado

INGREDIENTES●● 1 tomate grande, não muito

maduro (de qualquer tipo)

●● 1 xícara (chá) de peito defrango, cozido e desfiado

●● 1 colher (sopa) de queijoparmesão ralado

●● Orégano a gosto

●● 2 colheres e meia (sopa) dequeijo tipo gruyèreprocessado (pode ser feitotambém com requeijão)

COMO FAZERCom uma faca, fazer um pequenocorte na parte inferior do tomate,para que ele possa ficar apoiado.Retirar uma tampa na parte supe-rior do tomate e remover as se-mentes. Pôr meia colher de gruyè-re processado, o frango e, por ci-ma, o restante do gruyère, aper-tando com uma colher. Finalizarcom parmesão e orégano. Levarao forno microondas (no fornoconvencional, o resultado obtidonão é o mesmo) por 2,5 minutos.

Receitas fornecidas por Yvone Maria Duarte Teixeira, de São Vicente de Minas: (35) 8811-5846

INGREDIENTES

Para a massa●● 1 ovo

●● 1 copo (americano) de leite

●● 1 copo (americano) defarinha de trigo

●● 1 pitada de sal

●● Meia colher (sopa) demanteiga

●● 3 colheres (sopa) de queijoparmesão ralado

●● Óleo para fritar

Para o recheio e finalização●● 400 g de queijo brie

cortado em fatias

●● 5 colheres (sopa) de mel

●● Pimenta-rosa e queijoparmesão a gosto

COMO FAZERBater todos os ingredientes damassa no liquidificador. Aque-cer uma frigideira antiaderentee untá-la com óleo. Despejarporções da massa de forma a co-brir a superfície da panela e dei-xar fritar dos dois lados. Rechearos crepes com porções iguais dequeijo brie, enrolar e despejar,por cima de cada um, uma co-lher de mel, o parmesão e a pi-menta-rosa. Levar ao forno mi-croondas por 1,5 minuto ou aoconvencional por tempo sufi-ciente para derreter o recheio.Rende cinco crepes.

Crepe com queijo brie

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QUITANDAS DOS CÉUS

odem ser de nata, de canela, de fubá, de polvi-lho, doces ou salgados. Caem bem pela manhãou à tarde, de preferência acompanhados deum bom cafezinho. Os biscoitinhos caseirospreparados nos fornos de Minas estão entre as

melhores iguarias da nossa rica culinária e fazem bonitoaté fora do país. Prova disso são os biscoitos amanteiga-dos de laranja preparados por Tânia Maria Teixeira, deSão Vicente de Minas. As quitandas arrancaram elogiosde ninguém menos que o papa Bento XVI, quando este-ve no Brasil. Durante uma reunião de bispos em São Pau-lo, os biscoitinhos foram servidos entre outras iguariasselecionadas por um buffet de uma amiga de Tânia. “Elame contou que ele gostou muito dos meus biscoitos”,orgulha-se. A receita é uma das muitas resgatadas pelaquitandeira dos livros da mãe. E ela garante: “Não há bis-coito melhor do que o feito na roça”. Outra gostosuraque sai dos fornos de Tânia é a bolacha de nata cobertacom canela. De sabor e textura delicados, são uma tenta-ção e é quase impossível comer uma só. Ficou com águana boca? Basta dar um pulinho na lanchonete de Tânia,bem ao lado da fábrica. Lá, além de sentir o perfume quesai da cozinha, pode-se provar as quitandas fresquinhas.Convite irresistível.

PP

Brie

Um os queijos

mais antigos

da tradição

francesa, o brie

tem sabor

suave e massa

cremosa. É

coberto por

uma fina

camada do

mofo branco

Pinicilliumcandidum e

tem um leve

sabor de nozes

no final.Biscoitos de Tânia são iguaria para comer de joelhos

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Amanteigado de laranja

Biscoito de nata

Receitas fornecidas por Tânia Maria Teixeira, de São Vicente de Minas: (35) 8827-2140

INGREDIENTES●● 450 g de manteiga

●● 4 ovos

●● 500 g de açúcar refinado

●● 1,140 kg de farinha de trigo

●● 2 colheres (chá) defermento em pó

●● 2 laranjas (serão usados ocaldo e raspas da casca)

●● 1 pitada de sal

COMO FAZERMisturar os ovos, a manteiga, oaçúcar e o sal. Amassar bem, pôr

o caldo e as raspas de casca daslaranjas, o fermento em pó e afarinha. Amassar bem, fazer ar-golinhas com a massa e levarpara assar por 20 minutos emforno aquecido a 170 graus.

●● 800 g de nata

●● 500 g de açúcar refinado

●● 2 colheres (sopa) de manteiga

●● 1 colher (café) de sal amoníaco

●● 1 pitada de sal

●● 2 kg de farinha de trigo

●● 2 colheres (sobremesa) defermento

●● Canela e açúcar refinadopara finalizar

COMO FAZERMisturar os ingredientes – exce-to a canela e o açúcar que serãousados na finalização –, acres-centando por último a farinha.

Amassar bem, até que a massafique homogênea e no ponto deenrolar. Com pequenas porções,fazer argolinhas no tamanho de-sejado. Pôr em uma assadeira elevar ao forno aquecido a 170graus por 20 minutos. Passar osbiscoitos quentes na canela mis-turada ao açúcar.

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JOIA EUROPEIA NAS GERAIS

partir da chegada dos dinamarqueses a Min-duri, a rotina do então Povoado do Paiol so-freu grandes mudanças. Animados pelasboas condições encontradas no país para afabricação de queijos especiais, os estrangei-

ros construíram diversas fabriquetas na região que em-pregavam moradores das cidades vizinhas. Quem co-nhece muitas histórias daquela e desta época é a mindu-riense Corina Magalhães, que desde a infância acompa-nhou de perto a produção queijeira da cidade. O pai tra-balhou durante muito tempo com o dinamarquês HansNorremose, um dos pioneiros na atividade e que, inclu-sive, foi o responsável pela produção do primeiro quei-jo camembert no Hemisfério Sul. Logo que cresceu, Co-rina começou a trabalhar na fábrica comandada pelo es-trangeiro e lá ficou por 13 anos. “Era uma época muitoboa, a fábrica empregava muita gente. Ainda me lembrodo apito da caldeira, que tocava às 11h. A gente nem pre-cisava de relógio.” Corina se casou com um descenden-te de uma das famílias dinamarquesas que chegaram àregião, conheceu os prazeres da gastronomia daquelagente e se encantou à primeira vista. Tanto que hoje sa-be de cor as receitas mais tradicionais, como o patê de fí-gado de galinha, uma joia rara e de paladar suave, queacompanha bem, por que não, até mesmo um bom pãode queijo mineiro. Para comer sem culpa.

AACorina dá sotaque bem mineiro a receitas importadas

Camembert

De origem

francesa, com

uma fina

camada de

mofo branco

Pinicilliumcandidum, tem

textura macia e

cremosa. Pode

ser servido

como aperitivo

ou acompanhar

sobremesas.

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Cestinhas crocantes

Patê de fígado

INGREDIENTES●● 1 kg de batata

●● Óleo para fritar

Material●● 2 peneirinhas de alumínio

de aproximadamente 4 cmde diâmetro, com cabo

MODO DE FAZERDescascar as batatas e ralar no ra-lo grosso. Pôr uma pequena por-ção em uma das peneiras (cerca

de duas colheres de sopa). Encai-xar a outra peneira por cima, demodo que a batata fique aperta-da. Pôr óleo em uma panela, sufi-ciente para cobrir e, quando es-quentar, mergulhar as peneirascom a batata, segurando pelo ca-bo, com muito cuidado para evi-tar queimaduras. Retirar quandoa batata estiver dourada, reitrarda peneira e deixar escorrer. Re-petir o processo com o restanteda batata. Servir com o recheiodesejado.

Receitas fornecidas por Corina Magalhães, de Minduri: (35) 9836-1222

INGREDIENTES●● 500 g de fígado de galinha

●● 200 g de manteiga

●● Meia colher (chá) depimenta-do-reino branca

●● 1 colher (chá) de gengibreralado

●● 1 cebola ralada

●● 3 ovos inteiros

●● 200 ml de creme de leite

●● 1 colher (sopa) de féculade batata

●● 1 colher (sopa) de manteiga

●● Sal e noz-moscada a gosto

●● 250 g de bacon fatiado

MODO DE FAZERBater o fígado no liquidificador epassar em uma peneira. Reservar.

Dourar a cebola na manteiga, dei-xar esfriar e bater no liquidifica-dor com os outros ingredientes,inclusive o fígado. Forrar o fundoe as laterais de uma forma de bo-lo inglês (retangular) com as fa-tias de bacon. Pôr a massa na for-ma forrada e cobrir com o restan-te do bacon. Cozinhar em banho-maria, com a panela tampada,por cerca de duas horas ou atéque fique no ponto, que pode sermedido espetando um palito namassa. Caso ele saia limpo, estápronto. Depois de cozido, aindabem morno, virar numa travessa.Deixar esfriar e servir.

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PALADAR SEM FRONTEIRAS

uem tem dom para a cozinha e, principal-mente, aprecia essa arte, se sai bem no prepa-ro de qualquer prato. Ainda que precise ten-tar mais de uma vez, chega a hora em que amão do bom cozinheiro dá o toque certeiro

nas iguarias, sejam elas de sua terra ou de outra bemdistante. Assim foi com a mineira Maria Helena do Nas-cimento, de Minduri. Apaixonada pelas panelas e fo-gões, Lena, como é chamada, teve que aprender os tru-ques da cozinha dinamarquesa para agradar o queijeiroHans Norremose durante os oito anos em que traba-lhou na casa dele. Lá, ela aprendeu pratos de fazer qual-quer um se render aos prazeres da mesa, como o repo-lho recheado, um dos preferidos da família dinamar-quesa. No início, Lena estranhou alguns hábitos daque-la gastronomia, principalmente quando o assunto eratempero. “Eles gostam só de sal e pimenta-do-reino.Certa vez, temperei um frango com alho e tive lavá-loantes de cozinhar”, lembra. Outro costume que ela co-nheceu foi o molho escuro, ou molho ferrugem, umaespécie de engrossado de leite feito com a gordura dopreparo da carne. Hoje, toda essa sabedoria é emprega-da em um restaurante em que Lena trabalha. E ela atéensina alguns pratos mais simples, que mostram que obom paladar não conhece fronteiras geográficas.

QQCom talento, Lena aprendeu a agradar estrangeiros

Emmental

De origem

suíça, tem

massa cozida e

maturada em

câmaras

específicas. Tem

as chamadas

olhaduras

redondas. É

muito usado no

preparo de

fondue e

combina com

vinho tinto.

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Repolho recheado

Receita fornecida por Maria Helena do Nascimento, de Minduri: (35) 9911-8801

INGREDIENTES●● 1 repolho médio ( verde

ou roxo )

●● 500 g de carne bovina, moídaduas vezes

●● 1 cebola média, ralada

●● Meia colher (sopa) de sal

●● 1 copo (americano) de água

●● Pimenta-do-reino e cheiro-verde à vontade

COMO FAZERLavar o repolho e, com uma faca,fazer uma tampa do lado do talo.Retirar e reservar. Com uma co-lher, raspar o repolho por dentro,

até deixá-lo oco e com uma ca-mada de casca de aproximada-mente dois dedos. Em uma vasi-lha, misturar a carne moída crua,os temperos, a cebola e a água.Pôr essa mistura dentro do repo-lho e fechar com a tampa, usan-do palitos para prender. Com umpano de prato bem limpo, fazerum trouxa com o repolho eamarrar bem, com uma linhagrossa ou barbante. Pôr em umapanela grande, com água sufi-ciente para cobrir e sal a gosto.Deixar cozinhar por cerca deduas horas, virando de vez emquando. Depois de cozido, deixarescorrer, ainda com o pano. Reti-rar o pano e servir quente.

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MISTURA BEM MINEIRA

Gruyère

Também

conhecido no

Brasil como

queijo suíço, por

causa de seu país

de origem, é

chamado na

Suíça de rei dos

queijos. De

massa

consistente e

elástica, tem o

sabor adocicado,

quando ainda

novo, e

levemente

picante no auge

da maturação. É

o mais indicado

para o fondue.

primeiro queijo gorgonzola do Brasil foi pro-duzido em Minas Gerais pelo dinamarquêsLief Godtfredsen, que trouxe para o paísamostras do mofo Pinicillium roquefort, res-ponsável pela cor azulada do produto. No

princípio, a iguaria era vista com desconfiança e muitaslendas rondavam o tal queijo mofado, até mesmo umaque atribuía aquela cor a cinza de cigarro ou a verdurasacrescentadas à massa. Histórias à parte, a verdade é quefãs do gorgonzola não faltam na região. E se para muitosnão há acompanhamento melhor para esse queijo doque um bom vinho, em Minduri a iguaria já está tão in-tegrada ao cotidiano que é apreciada até mesmo comcafezinho. “O café com queijo mofado fica bom de-mais”, diz Ana Maria Silva, cozinheira de um restauran-te e apaixonada por queijos. Ela conta que durante mui-tos anos o marido trabalhou na fábrica de queijos da ci-dade e, na época, não faltava matéria-prima em casa pa-ra preparo de pão de queijo, bolos e outras iguarias. Issoporque as fábricas davam para os funcionários as cha-madas “fitas”, a parte que sobrava do queijo quando eleera colocado na fôrma. Apesar da paixão pelo produto ede a especialidade de Ana ser a comida mineira, elaaprendeu outros segredos que vieram da Dinamarca,como o preparo do tradicional bife de carne moída,iguaria que serve no restaurante. Comida boa para sersaboreada em qualquer parte do mundo.

OOAna Maria se confessa uma apaixonada por queijos

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Bife dinamarquês

Receita fornecida por Ana Maria Silva Garcia, de Minduri: (35) 9836-1222

INGREDIENTES

Para o bife●● 500 g de carne bovina

ou suína (o corte de suapreferência), moída duasvezes

●● 1 pacote de creme de cebola

●● 4 cebolas, sendo uma raladae três cortadas em rodelas

●● Pimenta-do-reino e cheiro-verde a gosto

●● 3 colheres (sopa) de manteiga para fritar

Para o molho●● 1 copo (americano) de leite

●● 1 copo (americano) de água

●● 1 tablete de caldo de carne

●● Meia lata de creme de leite

●● Farinha de trigopara engrossar

COMO FAZER

Para o bife, misturar a carne, ocreme de cebola, a cebola rala-da e os temperos. Amassarbem. Modelar os bifes comohambúrguer, não muito gros-sos, e fritá-los em uma frigidei-ra com duas colheres de man-teiga, virando-os com uma es-pátula. Reservar. Para o molho,retirar o excesso de manteigada frigideira em que os bifesforam preparados e pôr a água,o leite, o caldo de carne e en-grossar com farinha de trigo.Quando estiver homogêneo,acrescentar o creme de leite.Fritar as cebolas cortadas emrodelas com o restante damanteiga e deixar dourar. Pôros bifes em uma travessa, co-brir com o molho e enfeitarcom a cebola dourada.

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DUAS NACIONALIDADES À MESA

uando a jovem Nathália Oliveira Pacheco, de20 anos, mudou para Minduri já não haviamais fábrica de queijo. Nem tampouco tremde passageiro e a boa movimentação de gen-te por causa da produção. Daquela época, a

moça só conhece histórias contadas por amigos e pelopai que, durante certo tempo, trabalhou em duas fábri-cas da região. Sem muitas opções de emprego na cidade,Nathália divide seu tempo ajudando a mãe no seu res-taurante e estudando em uma faculdade de São Joãodel-Rei, onde cursa ciências contábeis. Questionada so-bre seus dotes culinários, a jovem admite que entendemesmo é de sobremesa, apesar de preparar salgadinhoscom a mãe. Principalmente para o almoço dos fins desemana, ela faz tortas, musses e pudins, todos muitoelogiados. Sempre à procura de novos itens para o car-dápio, a mineira ficou feliz da vida em aprender a fazero creme bicolor, uma receita trazida pelos queijeiros eu-ropeus. Ela conta que não conhece muito da cozinha da-quela terra, mas é fã de carteirinha dos queijos que osestrangeiros desenvolveram por aqui, principalmenteo gouda. Para acompanhar, garante que não tem bebidamelhor do que o café. Com a licença dos entendidos noassunto, garantimos que a combinação, realmente, émuito boa.

QQ

Útil

Os fogões a lenhaproduzidos porBraz de Almeida,o Brazinho, deSão Vicente deMinas, sãoperfeitos para serinstalados dentrode casa, por nãoemitirem fumaça.Fabricados há 50anos, são feitosum a um a partirde aço inox. Aspeças sãoproduzidas sobencomenda eentregues emtodo o país. Aschaponas, ouchaleirasredondas, queaquecem comrapidez, tambémsão destaque naprodução.Contato:(35) 3323-1247.

Toque delicado de Nathália deixa a vida mais doce

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Receita fornecida por Nathália Oliveira Pacheco, de Minduri: (35) 3326-1353

INGREDIENTES

Para o primeiro creme●● 2 gemas

●● 4 colheres (sopa) de açúcarrefinado

●● 5 colheres (sopa) de chocolate em pó

●● 1 litro de leite quente,fervido com a casca demeia laranja

●● 1 envelope de gelatinaem pó sem sabor

Para o segundo creme●● 1 lata de leite condensado

●● A mesma medida de leite

●● 4 gemas

●● 1 colher (chá) de essênciade baunilha

COMO FAZER

Para o primeiro creme, o escuro,bater as gemas com o açúcar,até que a mistura obtenha con-sistência cremosa. Pôr o choco-late e, aos poucos, o leite. À par-te, amolecer a gelatina confor-me as instruções da embalageme juntar à mistura do leite. Des-pejar em taças individuais, quedevem ser preenchidas até ametade, deixando espaço para ooutro creme. Levar à geladeirapor 40 minutos. Preparar o se-gundo creme, levando ao fogobaixo os ingredientes e mexeraté engrossar. Despejar nasmesmas taças e deixar gelar pormais 40 minutos. Pode serenfeitado com chantily e raspasde casca de laranja.

Creme bicolor

Page 20: DELICIOSO RASTRO CULTURAL

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AROMA QUE VEM NA BAGAGEM

Leonor demonstra talento raro para decifrar receitas

iajar é uma distração, mas também umaoportunidade de aprender muito. Que o digaLeonor Gomes Junqueira, de São Vicente deMinas, que já rodou mundo e trouxe, de ca-da canto, muita sabedoria, principalmente

quando o assunto é cozinha. Da Dinamarca, país deorigem dos primeiros queijeiros da região, ela trouxereceita de costela de porco ao molho agridoce e da sa-lada de batatas tradicional do país. Para aprender opreparo, Leo, como é carinhosamente chamada pelosamigos, garante que bastou experimentar os pratos.“Eu sou assim. Se me servir um prato, eu falo tudo oque vai na receita”, diz. É claro que, em sua cozinha, elafez adaptações nos temperos para ficar do jeito que opovo gosta. Sabor e aroma na medida, que fazem comque da porta de casa já seja possível sentir o perfumevindo do forno. “Quando faço esta costela, os vizinhosficam sabendo, por causa do cheiro”, diverte-se. Natu-ral do interior paulista, Leo conta que herdou da mãeos conhecimentos de forno e fogão e que se identifi-cou com preparo de carnes. Com a experiência dequem sabe o que diz, ensina que o porco caipira é omais indicado para a receita. Servido o jantar, compro-va-se que a teoria está certíssima.

VV

Caseiro

Os docesSabor de Minastêm famareconhecida naregião e podemser encontradosemsupermercados elojas de SãoVicente deMinas. Doces deleite em pasta eem barra,puros ouacompanhadosde frutas, sãoproduzidos há 15anos por JoséRenato Vilela, naFazenda NovoHorizonte.Contato: (35) 9927-7446.

Page 21: DELICIOSO RASTRO CULTURAL

23

Costela ao molho agridoce

Receita fornecida por Leonor Maria Gomes Junqueira Carvalho,

de São Vicente de Minas: (35) 3323-1256

INGREDIENTES

Para a costela●● 1 peça inteira

(aproximadamente 2,5 kg)de costela de porco, depreferência “caipira”

●● Suco de 1 limão

●● 1 copo (americano)de vinho tinto

●● Tempero caseiro, pimentae louro a gosto

●● 2 xícaras (chá) deaçúcar cristal

●● Meio copo (americano)de água, mais o suficientepara pingar na costela

●● 1 colher (chá) denoz-moscada

●● Suco de duas laranjas

Para a salada●● 1 kg de batata cozida

al dente e cortadaem cubos

●● 6 ovos cozidos

●● Sal e noz-moscada a gosto

●● 4 colheres (sopa) de mostarda

●● 2 xícaras (chá) de leite

●● 1 cebola ralada

●● 100 g de manteiga

●● Cebolinha a gosto

COMO FAZERPôr a costela em um tabuleiro,

temperar, cobrir com vinho e osuco de limão e deixar na gela-deira por dois dias. Levar o tabu-leiro ao forno em temperaturaalta (sem escorrer o caldo dotempero) e assar por uma horasem cobrir. Durante esse tempo,pingar água quente (cerca demeio copo americano por vez)sempre que o tabuleiro secar, pa-ra que não queime por baixo. Pa-ra o molho, levar o açúcar ao fo-go e, quando começar a escure-cer, pôr a água. Mexer até o açú-car desmanchar, retirar do fogo epôr o suco da laranja. Despejarmetade desse molho de um ladoda costela assada e levar ao fornopor 15 minutos. Repetir o pro-cesso com o outro lado. Para a sa-lada, separar as gemas dos ovoscozidos, amassar e misturar como leite, o sal, a noz-moscada e amostarda. Em uma panela, aque-cer a manteiga, dourar a cebola,acrescentar a mistura das gemas,a batata e, por último, as clarasdos ovos picadinhas e cebolinha.Servir morna, como acompa-nhamento da carne.

Page 22: DELICIOSO RASTRO CULTURAL

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PARA APRECIAR SEM PRESSA

e São Vicente de Minas, os viajantes conti-nuam na rota dos queijos e estacionam emAndrelândia, a 280 quilômetros de Belo Hori-zonte. A cidade, que começou a ser povoadano século 18, é uma das mais antigas deste cir-

cuito e abriga uma tranqüilidade que leva o ponteiro dorelógio a caminhar um pouco mais devagar. Lá, nos de-paramos novamente com a cultura árabe, o que provaque esses imigrantes deixaram seu legado cultural portodo o estado. Quem representa bem essa cultura é a mi-neira Maria Neuman Salomão, que aprendeu com a so-gra todos os truques da cozinha sírio-libanesa. Ela contaque a sogra aportou no Brasil fugindo da guerra. “Ela da-va muito valor à comida porque, durante a guerra, tinhaque enterrar os alimentos para que não fossem saquea-dos.” Até se casar com um descendente, Maria não conhe-cia nada daquela cultura e muitas vezes encarou com cer-to estranhamento as comidas preparadas pela sogra. Foio caso da labinia com chichibarak, uma espécie de sopade arroz com coalhada, cozida com quibe e pasteizinhosque lembram o capelete italiano. Apesar de ser um pou-co trabalhosa, a receita compensa o tempo gasto na cozi-nha. Afinal pressa para quê?

DDA mineira Maria aprendeu muitos segredos das arábias

Chocolate

Produzidas em

São Vicente de

Minas, as

trufas Cacau

Real fazem

sucesso em

toda a região

pela

qualidade.

Além dos

bombons,

vendidos em

14 sabores, há

os cones

trufados, uma

casquinha de

sorvete

recheada com

sete tipos de

trufas.

Contato:

(35) 8832-9297.

Page 23: DELICIOSO RASTRO CULTURAL

25

Labinia com chichibarak

Receita fornecida por Maria Neuman Salomão, de Andrelândia: (35) 3325-2956

INGREDIENTES

Para a labinia●● 1 litro e meio de coalhada

●● 400 g de arroz cozido semrefogar e sem temperos(apenas lavar o arroz ecozinhá-lo até que fiquemacio)

●● 1 ovo

●● 1 colher (sopa) de sal

●● 1 litro de água

●● 2 colheres (sopa) demanteiga

Para o chichibarak●● 500 g de massa de pastel

em rolo

●● 500 g de carne bovina(patinho) moída

●● 1 dente de alho picado

●● 1 cebola picada

●● 1 colheres (sopa) de óleo

●● Pimenta-do-reino ecebolinha a gosto

Para o quibe●● 800 g de trigo

●● 1 kg de carne bovina(patinho) moída

●● 1 cebola grande picada

●● Hortelã, pimenta-do-reinoe sal a gosto

COMO FAZERPara a labinia, bater o ovo com o

sal e misturar com a coalhada e aágua. Levar ao fogo alto, em umapanela grande, mexendo bem, atélevantar fervura. Pôr o arroz cozi-do e a manteiga. Deixar ferversem mexer. Caso engrosse muito,pôr mais água, de modo que o cal-do fique com consistência de so-pa. Para o chichibarak, refogar acarne moída no óleo com alho, ce-bola, cebolinha e pimenta. Abrir amassa de pastel e cortá-la em re-tângulos de aproximadamente 3 cm de largura por quatro decomprimento. Pôr um colher(chá) de carne no meio de cada re-tângulo e fechar unindo as duaspartes maiores. Juntar as duas ex-tremidades ao centro, como se es-tivesse dobrando o retângulo, pa-ra que fique parecido com um ca-pelete. Reservar. Para o quibe, la-var o trigo e deixá-lo em um reci-piente por três horas. Misturarcom a carne, a cebola e os tempe-ros e passar a mistura em ummoedor de carne. Enrolar os qui-bes em tamanho médio e, antesde fechar, fazer um furo no meio,para que fiquem oco e possam co-zinhar por dentro. Pôr o chichiba-rak e o quibe na panela com o ar-roz e cozinhar por 10 minutos.

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FORÇA QUE VEM DA CARNE

a Síria, voltamos a pôr os pés em solo minei-ro para saborear uma receita que é a mais pu-ra expressão de nossa cozinha. A suã com en-grossado de fubá de moinho d’água é heran-ça dos escravos e dá força e energia a quem a

experimenta. Em Andrelândia, quem prepara a iguariacom maestria é a banqueteira Dinorá Cristina Almeidaque, com a sócia Ivone Carvalho, prepara os banquetesdas principais festas da região. Ela conta que conhecedesde a infância a receita, incorporada como iguaria aobuffet por um improviso. “Fizemos uma festa e, já demadrugada, a carne acabou. Eu tinha uma suã na gela-deira e fiz para o pessoal. Todo mundo adorou e come-çou a pedir sempre. É comida da roça, simples, mas mui-to gostosa.” Dinorá já trabalhou com contabilidade, masgarante que não há lugar em que se sinta mais à vonta-de do que a cozinha. “Prefiro mil vezes ficar no fogão doque em um escritório”, confessa. Ao chegar à mesa, a suãcom engrossado de fubá parece um banquete, aindamais acompanhada de arroz branquinho e couve refo-gada na hora. Se o prato alimentava os escravos, hoje édigno de um verdadeiro rei.

DDDinorá comemora a troca do escritório pelos fogões

Cachaças

Como não

poderia faltar,

já que se trata

de Minas, as

cachaças

artesanais do

Sul e dos

Campos das

Vertentes

também

ganham

destaque.

Conheça boas

marcas da

branquinha:

SÃO VICENTE DE

MINAS

Covanca (foto)

(35) 8862-0367

Fazenda Nova

(35) 2323-2074

ANDRELÂNDIA

Serra Azul

(35) 3325-1511

Page 25: DELICIOSO RASTRO CULTURAL

27

Suã com engrossado de fubá

Receita fornecida por Dinorá Cristina Almeida, de Andrelândia: (35) 3325-1701

INGREDIENTES

Para a suã●● 1 kg de suã em pedaços

●● 1 colher (sopa) de sal

●● 3 dentes de alho batidoscom sal a gosto

●● 1 cebola pequena, picada

●● 1 colher (sopa) de gordurade porco ou óleo

●● 1 tablete de caldo de carne

●● Água

Para o engrossado●● 2 xícaras (chá) de fubá de

moinho d’água

●● 1 colher (sobremesa) de sal

●● 1 colher (sopa) de gordurade porco ou óleo

●● 2 dentes de alho amassados

●● 1 litro de água quente

●● 100 g de pele de porco parapururuca

●● Pimenta-malagueta a gosto

●● 1 tablete de caldo de carne

●● Óleo para fritar a pele

COMO FAZER

Pôr a suã em uma vasilha e co-brir com água e o sal. Deixar demolho por 40 minutos, até quea carne fique mais clara. Escor-rer e temperar com o alho e osal. Deixar coberto por uma ho-ra. Em uma panela, refogar acebola na gordura e, quando es-curecer, pôr o caldo de carne, asuã e dois copos americanos deágua quente. Deixar cozinharpor aproximadamente umahora, sempre pingando água àmedida em que for secando. Pa-ra o engrossado, refogar na gor-dura o alho com o sal, pôr o fu-bá e mexer por três minutos.Pôr a água, o caldo de carne emexer bem. Tampar e deixarcozinhar por 40 minutos, me-xendo algumas vezes para nãoagarrar. Fritar a pele em óleoquente e, assim que retirar dofogo, despejá-la na água fria, pa-ra amolecer. Pôr a pele e a pi-menta no engrossado e deixarcozinhar por cerca de 10 minu-tos. Retirar a suã da panela eservir com o engrossado.

Page 26: DELICIOSO RASTRO CULTURAL

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SAUDÁVEL SABOR

Roberto e Lucimar: cozinha com fartas doses de saúde

ara trilhar os caminhos que os desbravadoresqueijeiros dinamarqueses percorreram na re-gião é preciso trafegar por estradas de terra,nem sempre em boas condições, mas que le-vam a paraísos escondidos, como a bela Car-

rancas, a 290 quilômetros de BH. Famosa por suas ca-choeiras, a cidade também abrigou a produção de quei-jos finos no estado, uma época da qual só restam histó-rias e deliciosas receitas. No Restaurante Adobe, os quei-jos têm espaço especial no cardápio, principalmenteporque os donos da casa seguem a dieta vegetariana, oque não impede, contudo, que carnes bovinas e de pei-xes, como a truta, sejam servidas aos fregueses. Natu-rais de São Paulo, Roberto Vaz Pupo Nogueira e a mu-lher, Lucimar, encontraram em Carrancas a tranqüilida-de que procuravam. “Foi amor à primeira vista. Viemosa passeio e depois de seis meses já estávamos morandoaqui”, conta Roberto. No restaurante, a filosofia é serviro que há de mais saudável, sem prejudicar o sabor. Pa-ra isso, são usadas ervas frescas plantadas pelo casal epouca gordura. Responsável pela cozinha – ofício doqual não abre mão – Lucimar ensina as receitas da be-rinjela recheada e da omelete, ambas com o queijogruyère. Sem mistérios no preparo, os pratos surpreen-dem pelo sabor leve. Para acompanhar, suco natural defrutas, também feito no restaurante. O paladar agrade-ce e a saúde assina embaixo.

PP

Inovação

Faz poucotempo queMarcelino deCarvalho, deSão Vicente deMinas, iniciousua produção decachaças, mas jáestá fazendoprodutosdiferenciados,como odestilado demel, emprocesso depesquisa naUniversidade deSão Paulo e naUniversidadeFederal deViçosa. A bebidaé feita a partirda fermentaçãodo mel,utilizando ométodo deprodução dacachaça. Aindaneste semestre,deverá estar àvenda. Contato:(35) 8862-0367.

Page 27: DELICIOSO RASTRO CULTURAL

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Berinjela recheada

Receitas fornecidas por Lucimar Messias de Araújo, de Carrancas: (35) 3327-1486

INGREDIENTES●● 1 berinjela grande, cortada

ao meio, no sentido vertical

●● 1 copo (americano)de água

●● Sal e orégano a gosto

●● 6 colheres (sopa) de molhode tomate pronto

●● 100 g de queijo gruyère picado ou ralado

●● Óleo

COMO FAZERAquecer uma frigideira, de pre-ferência de maior diâmetro e an-tiaderente, e untá-la com óleo.Em fogo baixo, pôr as duas me-tades da berinjela com a partedas sementes virada para cima.Pôr metade da água e tampar afrigideira. Quando a água secar,virar a berinjela, de forma que aparte das sementes fique em

contato com a panela. Deixargrelhar e virar novamente. Comuma colher, separar a polpa dacasca (mantendo na berinjela) emisturar o sal. Pôr partes iguaisde molho dentro de cada meta-de, misturando com a polpa. Pôro queijo e o orégano por cima,despejar o restante da água nafrigideira e tampar. Deixar no fo-go até o queijo derreter.

INGREDIENTES●● 4 ovos

●● 1 cenoura pequena, ralada

●● 1 folha de couve picada

●● Cebolinha, manjericão e sala gosto

●● 50 g de queijo gruyère, picado em pedaços finos

●● Óleo para fritar

COMO FAZERBater o ovos inteiros e pôr a ce-noura, a couve e os temperos.Bater novamente. Aqueceruma frigideira larga, de prefe-rência antiaderente, e untá-lacom óleo. Despejar a mistura e,quando começar a fritar, pôr oqueijo. Fechar a omelete comose fosse um rocambole e deixardourar dos dois lados.

Omelete com gruyère

Page 28: DELICIOSO RASTRO CULTURAL

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TENTAÇÃO QUE VEM DE LONGE

e Carrancas, os viajantes seguem para Cru-zília, a 320 quilômetros de BH, onde ainda épossível ver o prédio que durante anos abri-gou uma das principais fábricas de queijosda região. Ao lado da construção, fica a casa

de Elisabeth Sorensen, filha de um dos queijeiros di-namarqueses que vieram desenvolver sua arte no paíse que foi o responsável pela criação do famoso queijo-prato. A mineira conta que o cotidiano das famílias di-namarquesas no Brasil era muito animado e que co-mida boa e farta não faltava nas festas. O cardápio di-namarquês ficava por conta da mãe que, aos poucos,passou seu conhecimento a outras mulheres. “Os ou-tros dinamarqueses se casaram com brasileiras e, co-mo minha mãe era a única dinamarquesa, foi elaquem trouxe as receitas”, conta. Elisabeth tambémajudava a mãe, o que lhe rendeu muito conhecimentodessa rica gastronomia. Tanto que hoje comida dina-marquesa não pode faltar na casa, como a deliciosafrikadeller, um bolinho de carnes bovina e suína. Co-mo acompanhamento, ela sugere uma conserva de be-terraba muito apreciada no país europeu. “É só cozi-nhar a beterraba, pôr vinagre, sal e açúcar. Fica uma de-lícia.” É impossível não se render à maravilha.

DDFilha de dinamarquesa, Elisabeth preserva tradições

Restaurantes

●● SÃO VICENTE

DE MINAS

Restaurantedo Adriano

(35) 3323-1739

Dona Antônia(35) 3323-1431

Paiol de Minas(35) 9939-9750

Canto do Macuco(35) 8862-0392

●● MINDURI

Restauranteda Célia

(35) 3326-1353

●● ANDRELÂNDIA

RestauranteBártalo

(35) 3325-1430

Fornalha(35) 3325-2406

●● CARRANCAS

Roda Viva(35) 3327-1031

Restauranteda Toca

(35) 3327-1070Adobe

(35) 3327-1486

●● CRUZÍLIA

Cultura deQuintal

(35) 3346-1742

Page 29: DELICIOSO RASTRO CULTURAL

31

Frikadeller

Receita fornecida por Elisabeth Sorensen, de Cruzília: (35) 3346-1718

INGREDIENTES●● 250 g de carne bovina (de sua preferência) e 250 g de carne suína

(lombo ou pernil), moídas, juntas, duas vezes

●● 1 cebola média, ralada

●● 1 ovo

●● 1 xícara (chá) de leite

●● Sal e pimenta-do-reino a gosto

●● 3 colheres (sopa) de manteiga

●● 3 colheres (sopa) de farinha de trigo

●● 1 colher (sopa) de óleo

COMO FAZERMisturar as carnes, os temperos, a cebola e o ovo. Pôr a farinha, me-xer bem e, em seguida, pôr o leite e misturar. Aquecer uma frigidei-ra com a manteiga e o óleo. Fritar colheradas da massa, deixandodourar bem dos dois lados.

Page 30: DELICIOSO RASTRO CULTURAL

32

FATIAS QUE CONTAM HISTÓRIAS

ara se sentir parte de determinada cultura nãoé preciso, necessariamente, ter nascido nela.Basta se identificar. É o caso de Júlio César de Al-meida, de Cruzília, que, mesmo não sendo di-namarquês ou descendente, sabe contar com

detalhes a saga dos queijos finos na região. Casado comElisabeth Sorensen há 47 anos, conviveu com famíliasdinamarquesas e chegou a assumir a fábrica de queijosdo sogro. Ele conta que as indústrias começaram a fecharquando uma delas foi vendida a uma multinacional.“Antes, todos trabalhavam em harmonia, como se fos-sem uma grande família. Cada dinamarquês estava emuma cidade, mas eles sempre se comunicavam. Quan-do um deles vendeu a fábrica, os outros não deram con-ta de acompanhar e venderam também”, diz. A indús-tria que ele administrava fechou as portas em 1963. Nocasarão em que vive com a mulher, ainda há vestígiosdo luxo daquela época, impressos na bela mobília quedecora os cômodos e, como não poderia deixar de ser,nas iguarias. Uma delas, servida nos aniversários, é a tor-ta dinamarquesa, que, apesar do nome complicado – la-gkage –, não tem mistérios no preparo. Com mais essadeliciosa receita, o Sabores de Minas se despede, levandona memória parte dessa história de importância indis-cutível para a gastronomia mineira. Até a próxima!

PPJúlio César: identificação com a cultura de imigrantes

SÃO VICENTE DE

MINAS

Hotel Rosa dos

Ventos

(35) 3323-1486

Hotel Serra Azul

(35) 3323-1475

ANDRELÂNDIA

Pousada dos

Querubins

(35) 3325-1934

Hotel Mônica

(35) 3325-2010

CARRANCAS

Pousada Sete

Quedas

(35) 8819-9099

Café da Roça

(35) 3327-1106

Hotel Fazenda

Engenho

(35) 3327-1416

CRUZÍLIA

Hotel Fazenda

Pouso do Barão

(35) 3346-1358

ONDE FICAR

Page 31: DELICIOSO RASTRO CULTURAL

33

Lagkage (torta dinamarquesa)

INGREDIENTES

Para a massa●● 250 g de farinha de trigo

●● 6 ovos

●● 250 g de açúcar refinado

●● 1 colher (chá, cheia) defermento

●● Manteiga para untar

Material●● 5 fôrmas redondas, de

aproximadamente 10 cmde diâmetro

●● Papel-manteiga

Para o recheio e a cobertura●● 500 ml de creme de

leite fresco

●● 4 gemas

●● 1 colher (sopa) de farinhade trigo

●● 2 colheres (sopa) de açúcarrefinado

●● Cerejas para enfeitar

COMO FAZERUm dia antes de fazer o bolo, pre-parar o creme. Para isso, dissolvera farinha no creme de leite e le-var ao fogo com as gemas e oaçúcar. Mexer até o creme en-grossar. Deixar na geladeira. Paraa massa, bater, na batedeira, asclaras em neve e, em seguida, pôras gemas e o açúcar. Bater e, aospoucos, pôr a farinha, misturan-do com uma colher. Por último,misturar o fermento. Pôr a mis-tura nas fôrmas forradas com pa-pel manteiga untado e assar umaa uma, em forno alto, por cercade 10 minutos. Por cima de cadabolo, pôr uma camada de cremee colocar um sobre o outro. Co-brir com o restante do creme eenfeitar com as cerejas.

Receita fornecida por Júlio César de Almeida, de Cruzília: (35) 3346-1718

Page 32: DELICIOSO RASTRO CULTURAL

34

Roteiro do guia

Diretor de RedaçãoJosemar Gimenez

EditorArnaldo Viana

Editor de Artes GráficasÁlvaro Duarte

Consultor técnicoEduardo Avelar

TextosBárbara Fonseca

FotosJair Amaral

EdiçãoRoney Garcia

Projeto Gráfico e DiagramaçãoHudson Franco

Film-lessTCS Soluções Gráficas

ImpressãoCGB Artes Gráficas Ltda

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Redação:Avenida Getúlio Vargas, 291

Funcionários, CEP 30.112-020,Belo Horizonte - MG

Tel.: (31) 3263-5105E-mail: [email protected]

IInnffoorrmmaaççõõeess ssoobbrree ddiissttâânncciiaass ee llooccaalliizzaaççããoo ddooss mmuunniiccííppiiooss bbaasseeaaddaass eemm ddaaddooss ddoo IInnssttiittuuttoo ddee GGeeoocciiêênncciiaass AApplliiccaaddaass ((IIGGAA))

EESSTTAADDOO DDEE MMIINNAASS