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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO Denise do Socorro Costa Tavares Mesquita UM ESTUDO TEÓRICO SOBRE A GESTÃO DO CONHECIMENTO E A INCLUSÃO DIGITAL NO BRASIL: apresentação dos casos Rede Piá e Navegapará como exemplos de aplicação Florianópolis 2011

Denise do Socorro Costa Tavares Mesquita

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UM ESTUDO TEÓRICO SOBRE A GESTÃO DO CONHECIMENTO E A INCLUSÃO DIGITAL NO BRASILAutor:Denise do Socorro Costa Tavares Mesquita

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA E

    GESTO DO CONHECIMENTO

    Denise do Socorro Costa Tavares Mesquita

    UM ESTUDO TERICO SOBRE A GESTO DO CONHECIMENTO E A INCLUSO DIGITAL NO BRASIL: apresentao dos casos Rede Pi e Navegapar como exemplos de

    aplicao

    Florianpolis 2011

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    DENISE DO SOCORRO COSTA TAVARES MESQUITA

    UM ESTUDO TERICO SOBRE A GESTO DO CONHECIMENTO E A INCLUSO DIGITAL NO BRASIL: apresentao dos casos Rede Pi e Navegapar como exemplos de

    aplicao

    Dissertao submetida ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia e Gesto do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina para obteno do ttulo de mestre em Engenharia e Gesto do Conhecimento.

    Florianpolis 2011

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    Mesquita, D. S. C. T.

    Um estudo terico sobre a gesto do conhecimento e a incluso digital no Brasil: apresentao dos casos rede pi e Navegapar como exemplos de aplicao//Denise do Socorro Costa Tavares Mesquita

    109 f.: il.

    Dissertao de Mestrado - Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, 2011.

    1. Gesto do Conhecimento 2. Incluso Digital I. Ttulo

    CDD

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    UM ESTUDO TERICO SOBRE A GESTO DO CONHECIMENTO E A INCLUSO DIGITAL NO BRASIL: apresentao dos casos Rede Pi e Navegapar como exemplos de aplicao

    Dissertao submetida ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia e Gesto do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia e Gesto do Conhecimento.

    Banca Examinadora

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    Prof. _____________________________

    Prof. _____________________________

    Prof.

    Apresentado em: / /

    Conceito:____________________

    Florianpolis 2011

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    A incluso digital se avalia no pelo acesso, mas pelo uso efetivo das Tecnologias da Informao e Comunicao.

    Autor desconhecido

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    A Deus e a Sta. Rita, pelo dom da vida; aos meus pais e a minha filha pela dedicao, pacincia e incentivo na busca do conhecimento.

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus, por todas as maravilhas que tem feito na minha vida e por mais um objetivo alcanado;

    Aos meus pais, Waldemar e Lindalva Tavares, que sempre me ensinaram valores como dignidade, honestidade e f;

    A minha filha Daniela, que me ensinou o que o amor incondicional e que mesmo nos momentos distantes, esteve sempre ao meu lado;

    A minha famlia, em geral, que sempre esteve comigo nos momentos de alegrias e de tristezas;

    Ao meu atual companheiro de vida terrena, Ivan, pela pacincia, benevolncia e disponibilidade em aturar minhas crises existenciais;

    Aos meus amigos que me apoiaram em alguns momentos importantes, especialmente Ana Maria, Andra, Alex, Hlder e Tnia, pelo aprendizado compartilhado na moradia;

    Ao meu orientador, Prof. Dr. Joo Bosco da Mota Alves, pela ponderao e pacincia na efetivao desse trabalho;

    SEDUC/GCVS, na maravilhosa pessoa de Aparecida Cavalcante, pelo apoio financeiro e valorizao profissional.

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    Mesquita, Denise do Socorro Costa Tavares. Um estudo terico sobre a Gesto do Conhecimento: apresentao dos casos Rede Pi e Navegapar como exemplos de aplicao. UFSC: Florianpolis, 2011. Dissertao (Mestrado em Engenharia e Gesto do Conhecimento) Programa de Ps-Graduao em Engenharia e Gesto do Conhecimento.

    RESUMO

    O presente trabalho objetiva analisar como os programas de incluso digital Rede Pi e Navegapar contribuem para que a socializao da informao seja uma realidade nas prticas e tecnologias da gesto do conhecimento, proporcionando uma anlise terica acerca dos benefcios gerados por esses programas e estabelecendo uma relao sistmica com a gesto do conhecimento a partir da socializao de informao. A metodologia utilizada no estudo se caracterizou como uma pesquisa de carter descritiva exploratria do tipo bibliogrfica, com o levantamento de teorias que servem de base para responder problemtica do estudo. Os programas Rede Pi e Navegapar possuem a mesma finalidade, porm com dimenses distintas, pois enquanto um voltado apenas para a incluso digital em escolas pblicas, o outro facilita o acesso informao no denominado governo eletrnico. Assim, percebe-se a contribuio de ambos nas regies onde esto sendo executados.

    Palavras-Chave: Gesto do conhecimento, Governo eletrnico, Incluso digital.

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    Mesquita, Denise do Socorro Costa Tavares. Um estudo terico sobre a Gesto do Conhecimento: apresentao dos casos Rede Pi e Navegapar como exemplos de aplicao. UFSC: Florianpolis, 2011. Dissertao (Mestrado em Engenharia e Gesto do Conhecimento) Programa de Ps-Graduao em Engenharia e Gesto do Conhecimento.

    ABSTRACT

    This research aims at examining how digital inclusion programs, as Pi Network and Navegapar, contribute in a way that socialization of information be real during some practices and technologies of knowledge management, as well as provide a theoretical analysis of the benefits obtained by these programs. So, a systemic relationship is established with management of knowledge up from the socialization of information. It was applied descriptive and exploratory methodology of literature description, taking into account survey of theories that help on answering some studied problems. Pi Network and Navegapar programs have the same purposes, but with different dimensions, since one is designed only for digital inclusion in public schools and the other aims at facilitating access to information in the so-called electronic government. Thus, it can be assumed the contribution of both in the regions where they are running.

    Keywords: Knowledge Management, Electronic Government, Digital Inclusion.

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    SUMRIO 1 INTRODUO..................................................................................... 1.1 PROBLEMTICA............................................................................. 1.2 JUSTIFICATIVA................................................................................. 1.3 OBJETIVOS......................................................................................... 1.3.1 Objetivo Geral................................................................................... 1.3.2 Objetivos Especficos........................................................................ 1.4 DELIMITAO DO TEMA............................................................... 1.5 REVISO DA LITERATURA............................................................ 2 METODOLOGIA ................................................................................. 2.1 CARACTERIZAO DA PESQUISA............................................... 2.2 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS......................................... CAPTULO 1 - ASPECTOS CONCEITUAIS E PRTICOS DA INCLUSO DIGITAL............................................................................. 1.1 DEFINIO DE INCLUSO DIGITAL........................................... 1.1.1 Os trs pilares da incluso digital.................................................. 1.2 A INCLUSO DIGITAL E OS DESAFIOS DA ERA DA GLOBALIZAO..................................................................................... 1.3 A INFORMAO NA ERA DIGITAL.............................................. 1.4 A INTERNET COMO FERRAMENTA PARA A INCLUSO DIGITAL.................................................................................................... 1.4.1 Uso da tecnologia para a incluso social........................................ CAPTULO 2 PANORAMA HISTRICO DA INCLUSO DIGITAL.................................................................................................. 2.1 NO BRASIL......................................................................................... CAPTULO 3 GESTO DO CONHECIMENTO E INCLUSO DIGITAL................................................................................................ 3.1 CONTEXTO PRTICO DE GESTO DO CONHECIMENTO...... 3.1.1 Prticas relacionadas gesto de recursos humanos................... 3.1.2 Prticas relacionadas a processos facilitadores da gesto do conhecimento............................................................................................. 3.1.3 Prticas relacionadas base tecnolgica e funcional de suporte GC............................................................................................. 3.2 OS TRS PILARES DA GESTO DO CONHECIMENTO............. 3.3 A INCLUSO DIGITAL E O PAPEL DOS CENTROS DE TECNOLOGIA COMUNITRIA TELECENTROS............................. 3.4 O GOVERNO ELETRNICO E A GESTO DO CONHECIMENTO.................................................................................... CAPTULO 4 ANLISE DOS PROGRAMAS DE INCLUSO DIGITAL REDE PI E NAVEGAPAR..............................................

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    4.1 PROJETO REDE PI RECICLAGEM DIGITAL EDUCATIVA PR-INFNCIA E ADOLESCNCIA ................. 4.2 PROGRAMA NAVEGAPAR................................................. 4.2.1 Aspectos Histricos............................................................... 4.2.2 Objetivos................................................................................ 4.2.3 Pblico-Alvo.......................................................................... 4.2.4 Organizao e Benefcios do Programa................................. 4.3 NAVEGAPAR EDUCAO.................................................. 4.4 NAVEGAPAR SADE.......................................................... 4.5 NAVEGAPAR SEGURANA................................................. 4.6 NAVEGAPAR CINCIA E TECNOLOGIA.......................... 4.7 ACESSO INFORMAO E EDUCAO..................... 4.8 TELECENTRO DE INFORMAO E NEGCIOS DO PAR............................................................................................... 4.9 FORMAO DISTNCIA DE PROFISSIONAIS.......... CAPTULO 5 AVALIAO CRTICA DOS PROGRAMAS REDE PI E NAVEGAPAR SOB A TICA DA GESTO DO CONHECIMENTO E DA INCLUSO DIGITAL...................................................................... CONSIDERAES FINAIS........................................................ REFERNCIAS.............................................................................

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Atividades desenvolvidas na Internet.......................................... Figura 2 Incluso Social para fazer Incluso Digital.................................. Figura 3 Os trs pilares da incluso digital................................................ Figura 4 Interface dos computadores do programa Rede Pi..................... Figura 5 Equipamento convertido para uso educacional............................ Figura 6 Transmisso de videoconferncia................................................ Figura 7 Monitoramento via Navegapar................................................... Figura 8 Cmeras de vigilncia instaladas em pontos estratgicos............ Figura 9 Cmeras de vigilncia instaladas para monitoramento em escolas......................................................................................................... Figura 10 Fachada de um Telecentro.........................................................

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    1 INTRODUO

    Conhecimento um bem dinmico com um valor associado, no qual toda informao possui um ciclo de vida a comear do momento em foi originada, passando por sua organizao, armazenamento, distribuio e utilizao, at o instante no qual, eventualmente, perde seu valor e pode ser descartada, quando ento se completa o ciclo.

    A Gesto do Conhecimento e da Informao consiste em dispor e dar acesso a vrias informaes em seus diversos meios de comunicao. Sendo assim, o indivduo bem informado capaz de competir no mercado e conquistar sua incluso na sociedade. Desta forma, pela incluso digital, o conhecimento transmitido e, consequentemente, as pessoas tm acesso s informaes.

    A incluso digital compreendida como um elemento capaz de promover a incluso social, uma vez que possibilita que pessoas de baixa renda tenham acesso informao. Nessa etapa, a Gesto do Conhecimento realiza papel de suma importncia na promoo da incluso digital, pois possui ferramentas capazes de alcanar a eficcia e a produtividade desejada, tais como: inteligncia competitiva, gesto da inovao, capital intelectual, gesto de competncias, aprendizagem, comunidades de prtica e infraestrutura tecnolgica, com nfase nos meios de gerao, codificao, disseminao e compartilhamento de conhecimento, bem como a preocupao com os aspectos gerenciais e prescritivos, de forma a apropriar o conhecimento tcito e transform-lo em conhecimento explcito, compartilhvel, conhecido e gerencivel (DUARTE, 2003).

    Os Estados de Santa Catarina e do Par desenvolveram projetos de incluso digital, baseados na Gesto do Conhecimento, onde o acesso e a disseminao da informao so os grandes condutores dos programas Rede Pi e Navegapar. Ambos os programas permitem que ampla parcela da populao tenha acesso informao e, ao mesmo tempo, promove e refora a integrao poltica, social, econmica e cultural do Estado. Os resultados esperados devem atingir as pessoas nas reas da educao, formao profissional, emprego, lazer, cultura, poltica e cidadania.

    Tais programas foram idealizados para promover, juntamente com a incluso digital, a incluso social da populao, pois somente pela socializao da informao que se tem acesso educao.

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    1.1 PROBLEMTICA

    Atualmente, quem tem livre acesso informao, pelos variados meios de comunicao, consegue verificar a veracidade da mesma e detm o conhecimento. Com o advento da tecnologia da informao, as barreiras do conhecimento se tornaram quase inexistentes. Alm disso, a integrao entre pessoas, povos e naes possibilitou a troca de experincia baseada na Gesto do Conhecimento.

    A GC possibilita que uma grande parte de um conjunto de informaes seja compartilhada com as melhores prticas e tecnologias, bem como permite a identificao e o mapeamento dos ativos de conhecimento e informaes ligados a qualquer organizao, seja ela com ou sem fins lucrativos, alm de apoiar a gerao de novos conhecimentos, propiciando o estabelecimento de vantagens competitivas.

    Sabe-se que nem todos tm livre acesso informao e que informao gera conhecimento. Assim, se estabelece uma cadeia lgica que permite ao indivduo a capacidade de se integrar sociedade.

    Em um mundo globalizado, no qual se exige cada vez mais do homem, o detentor de conhecimento visto como pea-chave na cadeia de informao, alm de ser valorizado por tambm ser um possvel socializador do que conhece.

    Para tanto, a incluso digital permite que a informao seja socializada com todos, se tornando um fator de incluso social capaz de gerar o conhecimento necessrio para que uma sociedade viva em equilbrio de informaes.

    No Brasil, a populao de baixa renda e, principalmente, os alunos de escolas pblicas, est sendo excluda no que diz respeito ao acesso de informao via Internet. Com o propsito de mudar tal realidade, programas de incluso digital foram desenvolvidos para que a populao tenha livre acesso informao. A Rede Pi e o Navegapar, nos Estados de Santa Catarina e do Par, respectivamente, so exemplos de programas que possibilitam a integrao entre indivduo, informao e conhecimento, como fator de incluso social e como elemento de competitividade na vida profissional.

    Diante do exposto, surge o seguinte questionamento a ser respondido no decorrer da pesquisa: De que maneira os programas de incluso digital Rede Pi e Navegapar contribuem para que a socializao da informao seja uma realidade no que tange s prticas e tecnologias da Gesto do Conhecimento?

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    Para responder problemtica, foi necessria a utilizao de conceitos e definies sobre incluso digital e Gesto do Conhecimento, alm de conhecer detalhadamente os programas de incluso digital que serviram de objeto de estudo.

    1.2 JUSTIFICATIVA

    Nos ltimos anos, muito tem se falado sobre a importncia da Gesto do Conhecimento como ferramenta primordial que representa um valioso recurso estratgico na vida das pessoas e das instituies. A gerncia do conhecimento um desafio subsidiado pelo acesso informao. Todavia, sabe-se que nem todos tm tal acesso de maneira facilitada pois existem classes na sociedade que so excludas. Uma forma de conseguir levar informao e gerar conhecimento a todos, principalmente a essa parcela da sociedade, por intermdio de programas de incluso digital desenvolvidos e aplicados pelo poder pblico.

    Atualmente, com o processo de popularizao da Internet, a incluso digital e a GC se tornaram possveis e menos onerosas pois contam com a tecnologia da informao disponvel na sua verso livre. Portanto, observa-se que a incluso digital possibilita, de maneira geral, o acesso informao, gerando conhecimento e habilidades para filtr-lo, de modo a apenas absorver o que for realmente interessante e verdadeiro.

    Entender melhor o problema pode contribuir para a sua melhoria no que concerne abrangncia dos programas de incluso digital no Brasil. A problemtica acerca do assunto mostra-se relevante no momento em que questiona a funcionalidade dos programas Rede Pi e Navegapar, como fator essencial para a incluso social pelas prticas e tecnologias da Gesto do Conhecimento.

    A GC de suma importncia na sociedade para que a seus membros possam evoluir como seres humanos e exeram sua cidadania e com isso cobrar, respeito e uma estrutura poltica, social e cultural de qualidade que venha suprir suas necessidades fundamentais.

    Desta forma, a pesquisa torna-se de grande relevncia, pois possibilitar uma viso mais ampla sobre a problemtica, dirimindo questes de interesse coletivo e que proporcionar benefcios a todos.

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    1.3 OBJETIVOS

    A acepo de um objetivo de pesquisa pr-condio para sem o qual no se realiza qualquer trabalho cientfico. Da clareza do objetivo dependem a constituio de um problema de pesquisa e de sua contextualizao, a relevncia e a justificativa do tema a ser pesquisado. Da sua importncia para a realizao de uma pesquisa (MARCONI E LAKATOS, 2001).

    1.3.1 Objetivo Geral

    Analisar de que maneira os programas de incluso digital Rede Pi e Navegapar contribuem para que a socializao da informao seja uma realidade no que tange s prticas e tecnologias da Gesto do Conhecimento, proporcionando uma anlise terica acerca dos benefcios gerados por tais programas ao estabelecer uma relao sistmica com a Gesto do Conhecimento a partir da socializao de informao.

    1.3.2 Objetivos Especficos

    Verificar os aspectos conceituais e prticos da incluso digital na era da informao;

    Realizar um panorama histrico da incluso digital no Brasil, destacando os principais programas que possibilitaram o acesso ao conhecimento entre os indivduos;

    Identificar as prticas da Gesto do Conhecimento que contribuem para que a incluso digital seja uma ferramenta capaz de promover a incluso social, a partir da socializao da informao;

    Descrever a funcionalidade dos programas Rede Pi e Navegapar, com destaque para os benefcios gerados pelo acesso educao e informao de todos.

    1.4 DELIMITAO DO TEMA

    Um assunto quando abordado detm uma gama complexa de informaes que precisam ser dirimidas pelo pesquisador. Da sua necessidade de delimitar o tema.

    A delimitao do tema constitui em uma manobra de se deixar claro o que a pesquisa ir abordar e o que no ir abordar, visto que as

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    informaes contidas em determinados assuntos so muito vastas, tendo que se ater a uma parte dessas informaes.

    Para tanto, segundo Marconi e Lakatos (1999, p. 31): delimitar a pesquisa estabelecer limites para a investigao, sendo que a pesquisa pode ser delimitada quanto ao assunto, extenso e a uma srie de fatores.

    Deste modo, a presente pesquisa proporcionar exclusivamente uma anlise terica sobre os benefcios gerados pelos programas de incluso digital Rede Pi e Navegapar, ao estabelecer uma relao sistmica com a Gesto do Conhecimento a partir da socializao de informao. A pesquisa no se atentar parte tcnica nem ao processo de manuteno das redes que possibilitam a incluso digital. No se realizar pesquisa de campo para a obteno de informaes que digam respeito opinio e satisfao das pessoas beneficiadas com os programas, objeto desta pesquisa.

    1.5 REVISO DA LITERATURA

    A Gesto do Conhecimento, de acordo Teixeira Filho (2002), insere-se no quadro de evoluo histrica, sendo que o grande interesse na mesma brota como consequncia de uma srie de fatores econmicos e sociais.

    Gesto do conhecimento certa forma de olhar a organizao, em busca de pontos dos processos de negcio em que o conhecimento possa ser usado como vantagem competitiva. Gesto do conhecimento no tecnologia, mas, pode se beneficiar, e muito, das novas tecnologias de informao e de comunicao. Gesto do conhecimento no criatividade e inovao, mas tem a ver com usar, de forma sistemtica, as inovaes geradas na empresa para um melhor posicionamento de mercado. Gesto do conhecimento no qualidade, mas usa tcnicas e ferramentas que j foram muito usadas na modelagem de processos, nos crculos de qualidade e na abordagem de melhoria contnua. Gesto do conhecimento no marketing, mas pode ajudar muito na inteligncia competitiva da empresa. Gesto do conhecimento no

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    documentao, mas tem tudo a ver com uma memria organizacional coletiva, dinmica e compartilhada. Gesto do conhecimento tambm no gesto de recursos humanos, mas s se realiza com as pessoas da organizao (TEIXEIRA FILHO, 2002, p.1-2).

    Atualmente, vive-se em um mundo globalizado que cada vez mais valorizado pelas tecnologias digitais que possui. Entretanto, qual a vantagem de viver em um mundo globalizado se nem todos tm acesso livre informao? A globalizao geralmente utilizada para caracterizar a interdependncia universal das naes, na produo material, econmica e intelectual. Logo, observa-se que a globalizao um fator que, via de regra, possibilita a todos o acesso a novas tecnologias digitais, bem como contribui para que a gesto do conhecimento seja inserida na questo da incluso digital (CASTELLS, 2002).

    Segundo Rondelli (2003), a incluso digital nada mais do que a alfabetizao digital, ou seja, a aprendizagem necessria ao indivduo para circular e interagir no mundo das mdias digitais como consumidor e como produtor de seus contedos e processos. Sendo que para isto, h a necessidade de existirem computadores conectados em rede e softwares para o bom funcionamento, alm de tcnicos especializados para orientar as pessoas. A partir disso, as atividades so realizadas com foco no universo da educao, no mundo do trabalho e em novos ambientes onde se tem informao a ser absorvida.

    2 METODOLOGIA

    A presente sesso tem por finalidade descrever detalhadamente as etapas percorridas para a execuo da pesquisa, a fim de fundament-la cientificamente. A metodologia de pesquisa contribui para a compreenso de como foram selecionados, coletados e tratados os dados que resultaram da pesquisa, a partir de critrios cientficos.

    Marconi e Lakatos (2001, p. 83) esclarecem que:

    O mtodo o conjunto das atividades sistemticas e racionais que, com maior segurana e economia, permite alcanar o objetivo conhecimentos vlidos e verdadeiros, traando o caminho a ser

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    seguido, detectando erros e auxiliando as decises do cientista.

    2.1 CARACTERIZAO DA PESQUISA

    A presente pesquisa foi de carter descritivo exploratria do tipo bibliogrfica, com levantamento de teorias que servem de base para responder problemtica do estudo. Em contrapartida, a pesquisa bibliogrfica utiliza-se fundamentalmente das contribuies dos diversos autores sobre determinado assunto.

    A pesquisa bibliogrfica admite colocar o pesquisador em contato direto com todas as fontes de informao que retratam o assunto. Portanto, o pesquisador ter um aprofundamento maior sobre o tema para descobrir possveis incoerncias ou contradies, analisando-as cuidadosamente (MARCONI E LAKATOS, 2001).

    Conforme Salomon (2004), a pesquisa bibliogrfica fundamenta-se em conhecimentos proporcionados pela reunio de documentao necessria para realizar o estudo, seguida de uma anlise apurada do documento para se extrair informao necessria concluso do estudo.

    Desta forma, o presente estudo, de acordo com os critrios ditados por Salomon (2004), dividiu-se em duas fases:

    Fase da preparao: compreende a identificao, localizao, fichamento e obteno da informao e

    Fase de realizao: compreende a realizao do fichamento do documento localizado e obtido que, aps o procedimento da leitura, ser selecionado definitivamente para a elaborao da redao do trabalho cientfico.

    Portanto, o percurso metodolgico adotado na pesquisa possibilitou que o assunto abordado fosse analisado de modo profundo. Foi feita a reunio dos aspectos conceituais definidos por autores que j escreveram sobre o tema, para identificarem-se fatos novos que contribuam para o avano cientfico da temtica.

    2.2 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    Os procedimentos metodolgicos adotados para realizao do estudo se fundamentam na tcnica de pesquisa bibliogrfica, que

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    consistem em verificar e analisar material j existente sobre o assunto, contribuindo com mais informaes sobre a literatura acerca deste.

    Para compor dados, analisaram-se detalhadamente cada programa de incluso digital, de onde se retirou elementos de suma importncia que contribuem significativamente para elucidar questes relacionadas com a Gesto do Conhecimento.

    CAPTULO 1 - ASPECTOS CONCEITUAIS E PRTICOS DA INCLUSO DIGITAL

    Esta seo tem por objetivo fazer uma abordagem terica sobre os principais conceitos da incluso digital, apresentar os desafios da era da globalizao e descrever como a informao se propaga no mundo digital, sendo a Internet a ferramenta usada para a incluso digital, objetivando a gerao da to esperada incluso social.

    1.1DEFINIO DE INCLUSO DIGITAL

    A incluso digital caracteriza-se pela democratizao ao acesso a tecnologias da informao que possibilitem a obteno de conhecimento e a melhora na qualidade de vida, uma vez que pressupe a maximizao de tempo, utilizando informaes adquiridas para melhorar suas condies de vida. Silveira (2003, p. 33) define a incluso digital como:

    A universalizao do acesso ao computador conectado Internet, bem como o domnio da linguagem bsica para manuse-lo com autonomia.

    No se pode pensar em incluso digital sem se atentar primeiramente para a capacitao bsica para que os indivduos possam manusear tal tecnologia de forma autnoma, gerando uma lacuna entre os que tm o livre acesso tecnologia.

    De acordo com De Luca (2004, p. 9):

    A incluso digital deve favorecer a apropriao da tecnologia de forma consciente, que torne o indivduo capaz de decidir quando, como e para que utiliz-la. Do ponto de vista de uma comunidade, a incluso digital significa aplicar as novas tecnologias a processos que contribuam para o fortalecimento de suas atividades econmicas, de sua capacidade de organizao, do

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    nvel educacional e da autoestima de seus integrantes, de sua comunicao com outros grupos, de suas entidades e servios locais e de sua qualidade de vida.

    Desta forma, este se configura como um dos grandes desafios da incluso digital que precisa no apenas gerar o acesso a este universo de informaes, mas tambm nortear os indivduos na esperana de transformar o conhecimento em capital social.

    Segundo a Digital Divide Network (2005), a incluso digital se refere lacuna existente entre os agentes que conseguem utilizar as tecnologias da informao e da comunicao, de forma efetiva, e aqueles que no conseguem.

    Conforme Rsenyc (2001), para se ter total autonomia no manuseio das tecnologias, necessrio que o indivduo no somente saiba como lidar com as ferramentas. preciso construir algo positivo com essas ferramentas, a partir da premissa de usar o acesso para a realizao de tarefas que contribuam e melhorem sua condio de vida.

    De acordo com IBGE (2000), o censo 2000 concluiu que aproximadamente 16% dos domiclios possuem computador, no qual menos de 40% desses esto conectados Internet via telefone fixo. Isso demonstra o quo longe se encontra da to esperada incluso digital.

    Muitos so os fatores que impossibilitam a insero de todos no mundo digital, um desses exemplos a questo socioeconmica e cultural do Pas ou regio. Esses fatores inviabilizam a disseminao da informao e geram a excluso social de agentes que no podem desfrutar dos benefcios tecnolgicos no que tange ao acesso informao.

    De acordo com Silveira (2003), em pesquisa realizada pelo IBOPE em nove regies metropolitanas brasileiras, os resultados apontaram que apenas 20% da populao est conectada rede mundial de computadores, mas 87% dos que se conectam navegam via banda larga, ou seja, utilizam conexo de alta velocidade.

    Tais dados demonstram que a incluso digital est ocorrendo de forma lenta e gradual, todavia o acesso rede ocorre pela alta velocidade na conexo. Isso otimiza o tempo do indivduo que precisa de informaes disponveis no mundo digital.

    Desta forma, de acordo com Silveira (2005), possvel caracterizar a incluso digital como o acesso:

    rede mundial de computadores;

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    Aos contedos da rede, como sites governamentais, culturais, notcias, dentre outros;

    caixa postal eletrnica (e-mail) e a modos de armazenamento de informaes em meio digital;

    s linguagens bsicas para o acesso (MP3, Chat, fruns, dentre outros) e

    s tcnicas de produo de contedo.

    No entanto, vale ressaltar que a grande maioria dos programas de incluso digital existentes destinada ao livre acesso conexo e sustentados por trs pilares de suma importncia, para que a incluso digital seja uma realidade.

    Percebe-se que as atividades desenvolvidas na internet, no perodo de 2006 a 2007, basicamente se concentraram na comunicao entre pessoas, seguidas de lazer (jogos, msicas, filmes, dentre outros). A busca por informaes e servios online cresceu substancialmente em 2007, assim como a procura por treinamento e educao. Isto demonstra

    Figura 1: Atividades desenvolvidas na Internet. Fonte: Amaral e Bohadana, 2008.

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    que a incluso digital proporcionou ao usurio o acesso ao conhecimento.

    As atividades relacionadas a sites de bancos no apresentaram evoluo significativa. Desta forma, verificou-se que os usurios da internet utilizam esse meio de comunicao para: a obteno de informaes, para o aprimoramento de habilidades profissionais e para entretenimento.

    1.1.1 Os trs pilares da incluso digital

    A incluso digital sustentada por trs pilares e o trip fundamental para que o acesso mesma torne-se realidade para todos formado por: tecnologias de informao e comunicao, ou simplesmente denominados de TICs, renda e educao (SILVA FILHO, 2004).

    Percebe-se que qualquer ao desenvolvida para promover a incluso digital com a ausncia de qualquer um desses pilares torna a ao ineficaz e fadada ao insucesso. Logo, necessrio que o trip da incluso digital seja utilizado em conjunto para que a mesma ocorra, pois no vivel ter acesso s tecnologias e renda se no h educao, uma vez que um dos objetivos da incluso digital transformar um mero consumidor passivo de informaes em algum que realmente atue de maneira ativa. O mesmo passa a ser o produtor de informaes e promove a incluso social, como demonstrado na Figura 2.

    De acordo com Silva Filho (2004), possvel que a incluso digital contribua para o processo de incluso social. Todavia, para que o

    Figura 2: Incluso Social para fazer Incluso Digital. Fonte: Silva Filho, 2004.

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    processo de incluso digital seja concretizado, preciso haver incluso social, sendo que essa depende de dois fatores essenciais: renda e educao. Os referidos fatores, por sua vez, juntamente com as TICs, constituem os pilares da incluso digital.

    A Tecnologia de Informao e Comunicao (TIC) se constitui em um dos pilares para que a incluso digital ocorra e caracteriza-se por possibilitar a melhoria na qualidade em diversos aspectos dos negcios. Ademais, torna os ambientes empresariais mais competitivos cada vez que se deflagra com uma nova tecnologia, bem como reduz custos e distncias geogrficas entre as pessoas, influenciando o planejamento das organizaes.

    De acordo com Amaral e Bohadana (2008), no sculo XXI, as Tecnologias da Informao e da Comunicao surgem como um determinante crtico para o desenvolvimento sociopoltico e econmico dos pases e indivduos, e para a integrao dos diferentes povos, uma vez que a habilidade em estabelecer relao com as tecnologias digitais tem ganhado notoriedade e os efeitos da sua utilizao est gerando uma verdadeira revoluo nas organizaes, inseridas no contexto da globalizao.

    A renda outro elemento que constitui o trip da incluso digital, pois permite o acesso s tecnologias de informao e comunicao pela aquisio de computadores. Um pas que possui uma populao com poder aquisitivo razovel e com distribuio de renda equitativa, permite que essa tenha acesso s tecnologias de informao e comunicao com mais facilidade. O aumento mais significativo se deu nos domiclios cuja renda familiar est compreendida entre trs e cinco salrios mnimos (AMARAL E BOHADANA, 2008).

    notrio que quanto maior a renda e a escolaridade e quanto mais ricas as regies, maior ser o acesso. Nesse contexto, a realidade brasileira se mostra como um pas de excludos, uma vez que possui muitas regies pobres, com difcil acesso educao e m distribuio de renda, refletindo diretamente no processo de incluso digital.

    A baixa renda da maioria dos brasileiros inviabiliza a aquisio de equipamentos que permitam o acesso rede mundial de computadores, uma vez que seu alto custo dificulta a aquisio de TCI (AMARAL E BOHADANA, 2008).

    Por ltimo, a educao um dos pilares que sustentam as aes voltadas para que a incluso digital seja uma realidade, uma vez que parte do processo de ensino fomenta a educao continuada. Percebe-se,

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    ento, que a educao um processo fundamental para a incluso digital.

    A partir da educao e de uma redistribuio de renda, o acesso s TICs permitido, pois torna o indivduo incluso no mundo digital, visto que esse obtm informaes e passa a ser um agente transformador do ambiente global no qual est inserido.

    Assim, a educao configura-se como o principal vetor capaz de mudar todos os paradigmas no que concerne incluso digital, pois a dinmica da sociedade de informao exige que o indivduo no somente acompanhe as mudanas tecnolgicas, mas tenha capacidade de adaptao e inovao, a fim de garantir autonomia (AMARAL E BOHADANA, 2008).

    Brando (1995, p. 7) ressalta que:

    Ningum escapa da educao. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos ns envolvemos pedaos da vida com ela: para aprender, para ensinar para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos vida com educao.

    Desta forma, conforme Takahashi (2000), educar na era da informao e das tecnologias de informao e comunicao exige investir na criao de competncias que permitam a produo de bens e servios, fundamentados no conhecimento.

    1.2 A INCLUSO DIGITAL E OS DESAFIOS DA ERA DA GLOBALIZAO

    A difuso das tecnologias da informao propiciou meios tcnicos para que se articulem, em tempo real, organizaes, indivduos e instncias geograficamente distantes.

    O advento, a difuso do novo paradigma tcnico-econmico e a correlata acelerao do movimento de globalizao se associa centralmente a mudanas poltico-institucionais originrias dos pases mais desenvolvidos do mundo, que induziram ao progressivo movimento de liberalizao e desregulamento dos mercados mundiais e, sobretudo, o desregulamento dos sistemas financeiros e dos mercados de capitais.

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    Isto tudo est supostamente associado s crescentes exigncias de maior competitividade tanto em nvel nacional quanto internacional por parte de pases e empresas. Como decorrncia, abrir, estabilizar, desregular e privatizar tornaram-se as palavras de ordem no mbito da maior parte das polticas macroeconmicas implementadas desde ento.

    De acordo com Silveira (2003), embora o fenmeno da globalizao transmita equivocadamente uma ideia de homogeneidade, apenas contribui para estender as desigualdades internas e regionais para alm das fronteiras, pois difundem-se os localismos globalizados produzidos pelos pases centrais para os pases perifricos.

    1.3 A INFORMAO NA ERA DIGITAL

    A Era da informao transformou definitivamente o mundo: no aspecto social, permitiu que as relaes humanas ultrapassassem os continentes em milsimos de segundos; no aspecto poltico, permitiu que acontecimentos ocorridos do outro lado do planeta interferissem quase que instantaneamente em nossas vidas no Brasil, e no aspecto organizacional, foi possvel interagir com empresas de qualquer parte da Terra. No se trata apenas de novas tecnologias a servio do homem, mas de um mundo muito mais complexo em todos os seus aspectos, de forma que tudo se inter-relaciona como uma imensa teia, onde qualquer ato pode interferir positiva ou negativamente no todo.

    A globalizao foi sem dvida, o grande divisor de guas no que tange insero de tecnologias que permitiram que as informaes chegassem em tempo real ou quase real.

    As informaes, na era digital ou tecnolgica, so produzidas e consumidas de forma veloz. Todavia, o que caracteriza a era digital da informao a maneira como essa nova informao gera conhecimento para a sociedade.

    Desta forma, a era digital passou a ser o meio mais rpido de se disseminar informaes e de se gerar conhecimento para a sociedade.

    1.4 A INTERNET COMO FERRAMENTA PARA A INCLUSO DIGITAL

    Sabe-se que a internet uma das principais ferramentas usadas para que a incluso digital acontea, ou seja, a grande via que possibilita a reunio de vrias informaes necessrias a qualquer

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    indivduo. O surgimento da internet possibilitou, assim, a ampliao do conhecimento e da informao.

    Internet a rede mundial de computadores interconectados. Configura-se como o sistema de informao global ligado por um endereo nico global, baseado no Internet Protocol (IP) ou subsequentes extenses, sendo capaz de suportar comunicaes usando o Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP) ou suas subsequentes extenses e/ou outros protocolos compatveis ao IP. Prov, usa ou torna acessvel, tanto pblica como privadamente, servios do mais alto nvel, produzidos na infraestrutura descrita.

    A internet foi idealizada nos Estados Unidos na dcada de 60, para fins militares, cuja expanso ocorreu na dcada de 1970, nas universidades dos EUA, Inglaterra e Noruega. Mesmo com tal expanso verificou-se que, na dcada de 80, a internet ainda era mais voltada s universidades como instrumento na realizao de pesquisas (LIMA, 2005).

    Somente na dcada de 90, ela ganhou impulso e comeou a ser comercialmente explorada, abrangendo um nmero maior de pessoas que podiam acess-la. Com a privatizao dos meios de telecomunicao, os preos sofreram significativa queda, portanto, mais vivel para todos. No entanto, apenas um pequeno grupo da sociedade tinha a oportunidade de acess-la, sendo geralmente encontrada em escritrios, universidades e residncia das pessoas da classe alta.

    De acordo com Lima (2005), apenas 10% da populao mundial tm acesso internet e a grande concentrao de internautas est localizada em pases europeus. Vale ressaltar que h uma diferena de acessos entre pases ricos e pobres, onde se verifica um abismo cada vez maior entre esses no que diz respeito ao acesso rede mundial de computares. Os pases pobres totalizam apenas 1% dos internautas do mundo.

    Depois do advento da Internet, o mundo passou a ter muitas informaes que circulam de maneira cada vez mais dinmica o que possibilita a obteno de informao e de conhecimento. Na rede de computadores, podem-se encontrar os mais variados assuntos e notcias que interessam a todos. Desta forma, a internet a principal ferramenta que possibilita a incluso digital, haja vista diminuir a excluso social, alm de socializar o conhecimento.

    A ampliao do nmero de pessoas acessando a rede de computadores se d pelas aes governamentais que incentivam e viabilizam o acesso, seja na reduo de impostos aos produtos de

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    informtica, seja pela construo de telecentros comunitrios de acesso. Tais aes so realizadas a fim de se alcanar a grande camada das populaes carentes, para que tenham o direito de obterem informaes de maneira digital.

    1.4.1 Uso da tecnologia para a incluso social

    No Brasil, a incluso digital feita de diversas formas: atravs do governo federal, da iniciativa privada, de universidades e Organizaes No Governamentais (ONGs).

    A primeira ao do governo federal que causou maior efeito em relao incluso digital foi a criao do Programa Brasileiro de Incluso Digital (PBID) pelo Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto (MPOG), em 2003, cujo principal objetivo foi ampliar o acesso de cidados e regies de baixa renda s TICs com a ajuda dos Ministrios, incentivo de empresas privadas e sociedade em geral, alm de se estimularem as polticas pblicas de incluso digital (PSL, 2008).

    O PBID tinha como base trs eixos: investimentos em telecentros, gesto comunitria destes locais e uso de software livre, pois isso garantiria a sustentabilidade econmica do projeto. Alm do acesso Internet, os telecentros deveriam proporcionar espaos multimdia de produo audiovisual, espao para cursos distncia e atendimento de servios pblicos como Correios e Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), dentre outros (MEC, 2008).

    Em 2004, devido demora da implementao do PBID, foi sancionada a Lei n. 11.012, de 21 de dezembro de 2004 que consistia em alterar o Programa 1008 de Incluso Digital do Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT) constante do Plano Plurianual (PPA) para o perodo 2004-2007 (LEI, 2008).

    O objetivo do Programa 1008 de Incluso Digital era promover o acesso s tecnologias de informao e comunicao e ao acervo de informaes e de conhecimentos, contribuindo para incluso social dos cidados brasileiros (MCT, 2008). Dessa forma, o Programa 1008 de Incluso Digital do MCT foi incluso ao PBID.

    Foram tambm criados projetos de incluso digital pela Secretaria de Logstica e Tecnologia da Informao (SLTI) do MPOG, como Projeto Cidado Conectado e Projeto Casa Brasil, ambos fazem parte do PBID.

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    CAPTULO 2 PANORAMA HISTRICO DA INCLUSO DIGITAL 2.1 NO BRASIL

    O Brasil desenvolve aes diversas que visam incluso digital como parte da viso de sociedade inclusiva. Desde que entrou em prtica, no final de novembro de 2005, o projeto de incluso digital do Governo Federal, Computador para Todos o Projeto Cidado Conectado registrou mais de 19 mil mquinas financiadas at meados de janeiro. Contudo, o referido projeto atingiu pouco menos de 2% da meta do programa, se levarmos em conta apenas os dados de financiamento de vender um milho de mquinas para consumidores com renda entre trs e sete salrios mnimos nos prximos 12 meses. Os dados de financiamento so da Caixa Econmica Federal, que financiou 1.181 equipamentos.

    O PC dispe do sistema operacional Linux e um conjunto de softwares livres com 26 aplicativos, como editor de texto, aplicaes grficas e antivrus. Alm disso, h suporte tcnico durante um ano e as atualizaes so gratuitas e peridicas.

    O Brasil conta com um recurso total de 250 milhes de reais, provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O financiamento do Computador para Todos pode ser feito pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econmica Federal, alm de redes varejistas, que tm se cadastrado junto a uma linha especial de crdito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES).

    Com os esforos de incluso digital outros pblicos tambm compem o alvo de seu trabalho: idosos, pessoas com deficincia, populao de zonas de difcil acesso, dentre outros. A ideia a de que as Tecnologias da Informao vieram para ficar e, no futuro, quem no estiver includo digitalmente viver sob uma limitao social importante, perdendo inclusive direitos garantidos cidadania, e, aliado a isso, existe a necessidade do acesso pleno educao. Segundo dados fornecidos pelo Secretrio de Logstica e TI do Ministrio da Fazenda, Rogrio Santanna, existem 6.000 telecentros em funcionamento no Brasil. Entretanto, essas unidades criadas em 2005

    para fomentar o acesso Internet, caminham na contramo dos pontos de acesso Rede Mundial, que no param de crescer.

    Em 2007, os telecentros foram responsveis por 6% dos acessos no Pas, o que revelou um crescimento de 100% em relao a 2006. Mas

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    em 2008, este nmero caiu pela metade e ficou em 3%, segundo os dados do TIC Domiclios 2008.

    Em julho de 2003, quando foram estabelecidas parcerias entre rgos do Governo Federal Ministrio das Comunicaes, do Planejamento, da Educao, da Defesa e Instituto de Tecnologia da Informao, teve incio o Programa GESAC Governo Eletrnico Servio de Atendimento ao Cidado.

    No Brasil, atualmente, existem 3.200 pontos GESAC instalados em mais de 2.500 municpios, os quais permitem que cerca de 28 mil computadores estejam em rede e conectados Internet. O Programa tem o objetivo de promover a incluso digital como alavanca para o desenvolvimento auto sustentvel e promoo da cidadania, principalmente de pessoas que no teriam condies de acesso aos servios de informao. Esse Programa permite o acesso Internet em alta velocidade (via satlite), funciona em escolas, unidades militares e telecentros.

    No entanto mesmo com todos os esforos para vencer a excluso digital, o Brasil se encontra em uma posio desfavorvel ao restante do mundo, uma vez que nem todos os domiclios que possuem computador esto conectados Internet. De acordo com a ranking da Human Development Reports no perodo de 2007/2008, o Brasil est em ltimo colocado apresentando somente 20% dos domiclios que possuem computador e, dentre estes, apenas 14% esto conectados Internet. Isto evidencia que as polticas de incluso digital devem ser reconsideradas e retomadas com maior austeridade pelos rgos competentes, a fim de reduzir o nvel de excluso digital no Pas.

    CAPTULO 3 GESTO DO CONHECIMENTO E INCLUSO DIGITAL 3.1 CONTEXTO PRTICO DE GESTO DO CONHECIMENTO

    A Gesto do Conhecimento pode ser sintetizada como um processo articulado e intencional, destinado a sustentar ou a promover o desempenho global de uma organizao cujas bases so a criao e a circulao de conhecimento (SALIM, 2001).

    um processo corporativo, focado na estratgia empresarial que envolve a gesto das competncias, a gesto do capital intelectual, a aprendizagem organizacional, a inteligncia empresarial e a educao corporativa.

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    As prticas de GC so divididas em trs reas distintas: gesto de pessoas, processos facilitadores da gesto do conhecimento e a base tecnolgica e funcional de suporte GC.

    3.1.1 Prticas relacionadas gesto de recursos humanos

    As prticas relacionadas gesto de recursos humanos compreendem elementos que facilitam a obteno de informao e gerao de conhecimento, assim como o controle dos processos na gesto do conhecimento.

    Fruns presenciais e virtuais; Lista de discusso; Comunidades de prtica ou comunidades de conhecimento; Educao corporativa; Narrativas; Mentoring; Coaching e Universidade corporativa.

    Os fruns presenciais e virtuais so espaos criados na World Wide Web para debates, homogeneizao e compartilhamento de informaes, opinies e experincias que contribuam para o desenvolvimento de competncias e o aperfeioamento de atividades da organizao.

    As listas de discusso, segundo Ferreira (2007, p. 25), se conceituam como uma ferramenta usada para discutir informaes e conhecimento nos endereos eletrnicos dos participantes. A lista pode ter vrios nveis de gerenciamento, contando ou no com um ou mais moderadores e restries de acesso. Os participantes podem escolher como querem receber as informaes: individuais ou em forma de um resumo dirio, as quais esto associadas s comunidades de prtica.

    Definem-se comunidades de prtica ou comunidades de conhecimento como grupos de pessoas informais e interdisciplinares unidas em torno de um interesse comum. Essas pessoas podem fazer parte, ou no, de uma mesma organizao e podem ou no possuir objetivos prticos de solues de problemas. A comunidade faz uso das ferramentas e facilidades de comunicao da Internet, tais como listas de discusso e mensagens instantneas. As comunidades so ordenadas com a finalidade de permitir a colaborao de pessoas internas ou externas organizao. Este tipo de ferramenta facilita o acesso a

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    especialistas, bem como a utilizao de exemplos do conhecimento e das lies aprendidas (FERREIRA, 2007).

    J a educao corporativa um programa que se destaca como um sistema de capacitao de pessoas e talentos humanos, aliado s estratgias de negcios da empresa, visando a uma vantagem competitiva. Constituem-se processos de educao contnua, estabelecidos para a reciclagem uniforme do quadro funcional a todas as reas da organizao. A mesma pode ser implementada sob a forma de universidade corporativa (UC), sistemas de ensino distncia, dentre outras (FERREIRA, 2007).

    De acordo com Ferreira (2007), a narrativa um mtodo de GC eficaz para a troca de experincias, pensamentos e valores no ambiente empresarial. So tcnicas utilizadas para explicarem-se assuntos, exposio de situaes e/ou comunicao de lies aprendidas, ou para a interpretao de mudanas culturais. Vale ressaltar que so conhecimentos relatados de pessoas envolvidas nos eventos ocorridos.

    O mentoring, de acordo com Ferreira (2007), significa que os mentores so sempre facilitadores que orientam pessoas a descobrirem as direes que querem tomar, sem a inteno de estimular o desempenho em um trabalho especfico. O mentoring possui foco no progresso da pessoa em longo prazo, podendo se delongar pela vida inteira, em busca de ajudar no desenvolvimento das capacidades do indivduo, atravs de um feedback destinado a fortalecer a tomada de deciso, sem estar atrelado a um trabalho ou atividade especfica. Mentoring uma modalidade de gesto do desempenho, na qual o profissional participante (mentor) modela as capacidades de um indivduo ou grupo, observa e analisa sua atuao e corrige desvios da execuo das atividades do indivduo ou grupo.

    Por outro lado, o coaching utilizado para o relacionamento visando a melhoria de execuo dentro de uma rea de competncia. O coaching direcionado pelo coach (profissional tcnico), focalizado na atividade, cujo processo de curto prazo, onde o feedback ocorre de modo explcito. Ele mostra onde a pessoa est errando e busca a ampliao de suas habilidades, para a melhoria de desempenho em uma competncia especfica. O coach no participa da execuo das atividades, porm faz parte do processo planejado de orientao, apoio, dilogo e acompanhamento, aliado s diretrizes estratgicas (FERREIRA, 2007).

    Os componentes fundamentais do projeto de uma universidade corporativa (UC), segundo Ainley e Bailey (1997, p. 44), so:

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    comunicao constante, avaliao, tecnologia, parceiros de aprendizagem, produtos/servios, partes interessadas, organizao, fontes de receita, viso/misso e controle. a composio formal de unidade organizacional com a finalidade de promover a aprendizagem ativa e contnua dos colaboradores da organizao.

    Os programas de educao contnua, palestras e cursos tcnicos visam desenvolver comportamentos, atitudes, conhecimentos mais amplos e habilidades tcnicas mais especficas, tais como: educao, formao e desenvolvimento dos colaboradores; sade e segurana no trabalho; procedimentos e rotina de trabalho, dentre outros.

    Segundo Ferreira (2007, a misso consiste em desenvolver e formar talentos humanos na gesto dos negcios, bem como gerar a Gesto do Conhecimento organizacional por meio de um processo de aprendizagem ativa e constante. Para eficcia e sucesso dessa ferramenta, fundamental a utilizao de uma tecnologia ligada a uma nova metodologia de trabalho, que possibilite a todos dentro da empresa no s utilizarem as informaes disponveis, mas tambm atuarem como fornecedores de novas informaes, a fim de sustentar todo o sistema.

    3.1.2 Prticas relacionadas a processos facilitadores da gesto do conhecimento

    Conforme Ferreira (2007), os processos facilitadores da GC consistem em:

    Melhores Prticas (Best Practices); Benchmarking interno e externo; Memria organizacional/Lies aprendidas/Banco de

    conhecimentos; Sistemas de inteligncia organizacional; Mapeamento ou auditoria do conhecimento; Sistema de gesto por competncias; Banco de competncias organizacionais; Banco de competncias individuais; Gesto do capital intelectual ou gesto dos ativos intangveis.

    As melhores prticas (Best Practices) dizem respeito ao conhecimento acumulado sobre a melhor e mais efetiva forma de se empreender uma atividade ou processo. A identificao de prticas

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    dentro ou fora da organizao no um processo simples, pois est baseada no julgamento dos observadores, ou seja, a parte considervel das atividades e os processos de outras organizaes no so visveis, pois no esto diretamente disponveis para os observadores.

    De acordo com Figueiredo (2005, p. 200), as Best Practices so as prticas mais adequadas e eficazes. Sua gesto depende de uma atuao dedicada a encontr-las, adapt-las e implant-las. Esse tipo de iniciativa refere-se identificao e difuso de melhores prticas que podem ser conceituadas como procedimentos vlidos para a execuo de uma tarefa ou soluo de um problema. So documentadas por meio de bancos de dados, manuais ou diretrizes.

    Segundo Ferreira (2007), Benchmarking interno e externo consiste no processo sistemtico e estruturado que compara o desempenho de uma atividade ou processo com aqueles semelhantes na organizao, ou em outras, e enxerga as diferenas de comportamento que servem de base para o aprimoramento das atividades e processos desenvolvidos. Esse processo direcionado a empresas reconhecidas como as melhores em suas atividades, associadas s melhores prticas no mercado.

    A memria organizacional pode ser definida como o corpo total de dados, informao e conhecimento requisitados para que uma organizao atinja seus objetivos e estratgias. Em outras palavras, ela indica o registro do conhecimento organizacional sobre processos, produtos, servios e relacionamento com os clientes. Forma a combinao de um repositrio (banco de conhecimento) ou o espao onde a memria organizacional armazenada, e a comunidade, que so as pessoas que interagem com esses objetos, visando a aprendizagem, capacidade de tomar decises, de entender o contexto, etc.

    As lies aprendidas so relatos de experincias em que se registram os fatos, o acontecimento esperado, a anlise das causas das diferenas, ou seja, tudo o que foi aprendido durante o processo. Enquanto a gesto de contedo mantm informaes, ideias e experincias atualizadas com as melhores prticas documentadas na base de conhecimentos (FERREIRA, 2007).

    Sistemas de inteligncia organizacional ou sistemas de inteligncia empresarial ou competitiva possuem objetivos que visam a transformao de dados em inteligncia, com a finalidade de apoiar a tomada de deciso. Consistem em extrair inteligncia por meio da captura e da converso das informaes, em diversos formatos, e a absoro do conhecimento a partir da informao. O conhecimento

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    obtido de fontes internas ou externas, formais ou informais apresentado, documentado e armazenado para facilitar tal acesso.

    O mapeamento ou auditoria do conhecimento um processo que aponta para a identificao dos conhecimentos fundamentais em uma organizao, assim como suas relaes simples ou de causa e efeito. o registro do conhecimento organizacional sobre processos, produtos, servios e relacionamento com os clientes e pode ser apresentado em diversas formas, tais como: mapas, diagramas ou rvores hierrquicas de conhecimento, nos quais se descrevem fluxos e relacionamentos de indivduos, grupos ou toda a organizao (FERREIRA, 2007).

    O sistema de gesto por competncias, conforme Ferreira (2007), aponta a existncia de uma estratgia de gesto baseada nas competncias requeridas para o exerccio das atividades de determinado posto de trabalho e a remunerao pelo conjunto de competncias efetivamente exercidas. As aes nesta rea visam determinar as competncias essenciais organizao, avaliar a capacitao interna e definir os conhecimentos e as habilidades necessrios para a superao de carncias existentes em relao ao nvel desejado para a organizao.

    No caso do banco de competncias organizacionais, o processo consiste em um repositrio de informaes sobre a localizao de dados na organizao, incluindo fontes de consulta, bem como as pessoas ou as equipes detentoras de determinado conhecimento.

    O banco de competncias individuais, banco de talentos ou pginas amarelas informa sobre a capacidade tcnica, cientfica, artstica e cultural das pessoas. A forma mais simples uma lista on-line do quadro funcional, contendo perfil de experincia e reas de especialidade de cada usurio. O perfil pode ser limitado de acordo com a experincia obtida no ensino formal, atravs eventos de treinamento e aperfeioamento reconhecidos pela instituio, ou pode se analisar de forma mais ampla a capacidade dos funcionrios, incluindo informaes sobre conhecimento tcito, experincias e habilidades de negociao e processual (FERREIRA, 2007).

    A gesto do capital intelectual ou gesto dos ativos intangveis so recursos disponveis no ambiente institucional, de complexa qualificao e mensurao, que contribuem para seus processos produtivos e sociais. A prtica pode incluir o mapeamento dos ativos organizacionais intangveis; gesto do capital humano; gesto do capital do cliente e poltica de propriedade intelectual (FERREIRA, 2007).

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    3.1.3 Prticas relacionadas base tecnolgica e funcional de suporte GC

    De acordo com Ferreira (2007), ferramentas de colaborao como portais, Intranets e Extranets consistem em um conjunto de prticas referentes aos sistemas informatizados que capturam e difundem conhecimento e experincia dos indivduos e da organizao.

    Um portal um espao Web de integrao dos sistemas corporativos, com segurana e privacidade dos dados, que constitui um verdadeiro ambiente de trabalho e banco de conhecimento para a organizao e seus colaboradores. Um portal propicia acesso a todas as informaes e aplicaes relevantes e tambm serve como plataforma para comunidades de prtica, redes de conhecimento e melhores prticas. Nos estgios mais avanados, permite customizao e personalizao da interface para cada um dos funcionrios.

    A Intranet uma rede de computadores privativa que emprega as mesmas tecnologias da Internet. Por meio dela, so disponibilizados servios como: e-mail, chat, grupo de notcias, HTTP, FTP, etc. Uma Intranet pode ou no estar conectada Internet ou a outras redes. bastante comum a Intranet de uma empresa ter acesso Internet e permitir que seus usurios usem os servios da mesma (FERREIRA, 2007).

    O acesso entre uma Intranet e outra, prtica comum entre filiais de uma empresa ou entre empresas que trabalham em parceria, pode ser chamado de Extranet, ou seja, a unio das duas ou mais redes. Algumas empresas chamam de Extranet a rea de sua Intranet que oferece servios para a rede pblica Internet. Desta forma, a Extranet de uma organizao a poro de sua rede de computadores que faz uso da Internet para compartilhar de modo seguro parte do seu sistema de informao (FERREIRA, 2007).

    Sistemas de workflow podem ser conceituados como uma sequncia de passos necessrios para se atingir a automao de processos de negcios, de acordo com um conjunto de regras definidas. Essas prticas so reservadas ao controle de qualidade da informao, apoiado pela automao do fluxo ou trmite de documentos, bem como revises, requisies, estatsticas de desempenho, entre outros. Workflow um termo empregado para delinear a automao de sistemas e processos de controle interno, o qual foi implantado para simplificar e agilizar os negcios. Sistemas de workflow se inserem no contexto geral de software cujo objetivo o suporte ao trabalho cooperativo, em que se

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    ressalta no apenas a interao usurio/sistema, mas tambm a interao entre usurios (FERREIRA, 2007).

    A gesto de contedo a representao dos processos de seleo, captura, classificao, indexao, registro e depurao de informaes. Caracteristicamente, envolve pesquisa constante dos contedos dispostos em instrumentos como bases de dados, rvores de conhecimento, redes humanas, dentre outros. Para tanto, pode ser empregada uma ferramenta que permite integrar e automatizar todos os processos relacionados criao, catalogao, indexao, personalizao, controle de acesso e disponibilizao de contedos em portais Web.

    O termo contedo explicado como informaes que tm valor para a organizao, ou seja, a matria-prima que compe o conhecimento organizacional e possibilita mais inovao e maior competitividade no seu mercado. As informaes podem ser aquelas que esto estruturadas nos bancos de dados da organizao e tambm as que no esto, ou semiestruturadas. Contudo, elas no se limitam apenas a textos HTML, mas tambm a udio, vdeo, e-mails, documentos diversos (formulrios, processos, propostas, atividades dirias), entre outros.

    A Gesto Eletrnica de Documentos (GED) consiste na prtica de gesto que sugere a adoo de aplicativos informatizados de controle de emisso, edio e acompanhamento da tramitao, distribuio, arquivamento e descarte de documentos (BALDAM, 2004).

    O processo de Data Warehouse consiste em uma tecnologia de rastreamento de dados com estrutura hierarquizada e disposta em bases relacionais. Isso permite praticidade na manipulao de grandes massas de dados. Data mining: Em Portugus significa mineradores de dados, e so instrumentos com alta capacidade de associao de termos, permitindo-lhes garimpar assuntos ou temas especficos (FERREIRA, 2007).

    Costumer Relationship Management (CRM) a nova tendncia do mercado usada pelas grandes companhias para direcionar decises e aes baseadas no relacionamento entre a empresa e cada cliente. uma estratgia de negcios orientada para os clientes e apoiada pela tecnologia. Consiste em gerenciar as informaes sobre clientes, espalhadas nos sistemas corporativos das organizaes.

    Deste modo, as informaes (histria, transaes realizadas, canal de comunicao preferencial, etc) passam a pertencer organizao (BALDAM, 2004).

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    Para Baldam (2004, p. 74),

    Os benefcios da implantao da CRM so: aumento da receita, esforos de vendas direcionados, reteno dos clientes mais proveitosos, fidelizao dos clientes, aumento de produtividade, reduo de custos da estrutura de negcios (marketing, vendas e servios) e maior lucratividade.

    Para implementar a CRM, segundo Baldam (2004), so exigidas quatro aes: identificar, diferenciar, interagir com os clientes e personalizar. O autor afirma que a CRM, na verdade, uma metodologia que pode utilizar vrias ferramentas para atingir seu objetivo, como: call-center, GED, workflow, workgroup, data warehouse, base de dados, inteligncia competitiva, os quais facilitam o acesso aos repositrios de dados de clientes.

    De acordo com Baldam (2004, p. 77, 82-83),

    Balanced Scorecard (BSC) uma ferramenta de gesto estratgica empregada para definio de ndices de desempenho, baseada no pressuposto de que a estratgia de uma empresa deve ser traduzida em indicadores que possam ser compreendidos e trabalhados pelos seus membros e que tenham relacionamento direto com a criao de valor dos ativos tangveis e intangveis das empresas.

    Alm do controle, uma ferramenta importante para a comunicao da estratgia ao quadro funcional, pois estabelece metas para todos. Pode-se sintetizar o balanceamento da seguinte forma: medidas financeiras e no financeiras; curto e longo prazo; indicadores de tendncia e ocorrncia e indicadores genricos e especficos.

    O Decision Support System (DSS) uma classe exclusiva de sistemas computacionais que oferece suporte s atividades de tomada de deciso. Baldam (2004, p. 90) elucida que so sistemas interativos voltados para auxiliar a quem decide usar dados, informaes, documentos e/ou modelos para identificar e resolver problemas e tomar decises.

    Conforme Baldam (2004, p.104):

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    Enterprise Resource Planning (ERP) caracteriza-se, por integrar as diversas reas das organizaes em uma aplicao, ou seja, em um nico sistema com a viso de processos de negcios e no apenas a viso departamentalizada que a procedeu. Entre as mudanas mais concretas que um sistema de ERP propicia a uma corporao, destaca-se a maior confiabilidade dos dados, que agora so monitorados em tempo real, e a diminuio do retrabalho.

    Souza e Zwicker apud BALDAM, 2004), mencionam as principais caractersticas do ERP: pacotes comerciais de software; incorporam modelos-padro, chamados de melhores prticas (best practices); constituem sistemas integrados de informao; fazem uso do banco de dados corporativos; possuem grande abrangncia funcional e demandam procedimentos de ajuste para serem utilizados por cada empresa: parametrizao, customizao, localizao e atualizao de verses.

    Key-Performance Indicators (KPI) so ferramentas que medem o nvel de atuao do processo, pois focam em como e indicam o nvel de qualidade que os processos de tecnologia da informao permitem que o objetivo seja alcanado. KPIs so veculos de comunicao que consentem que os executivos do alto escalo compartilhem a misso e viso da empresa com os mais baixos nveis hierrquicos e envolvem diretamente todos os colaboradores na realizao dos objetivos estratgicos da empresa (FERREIRA, 2007).

    3.2 OS TRS PILARES DA GESTO DO CONHECIMENTO

    De acordo com Lima (2004), a Gesto do Conhecimento baseada em trs pilares que sustentam a funcionalidade da GC e consistem em: consultar, compartilhar e colaborar. Esses pilares atuam de forma transversal e transformam os dados em informao e conhecimento.

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    Figura 3: Os trs pilares da incluso digital. Fonte: http://espacoacademico.com.br

    As funcionalidades da gesto do conhecimento ou KM (Knowledge Management) podem ser providas atravs de web services em uma arquitetura dirigida a servios. Vale ressaltar que um diferencial de gesto adquirido quando o gestor de uma empresa dispe de mecanismos de acesso a qualquer artefato de informao, de modo sucessivo e customizado, em um curto intervalo de tempo, garantindo, assim, o uso efetivo de informaes relacionadas web organizacional (sistemas de informao na intranet da organizao) e web global.

    O trip da GC contribui para que a informao seja transformada em conhecimento e abranja um espao global que permita integrar pessoas, regies, pases, dentre outros.

    3.3 A INCLUSO DIGITAL E O PAPEL DOS CENTROS DE TECNOLOGIA COMUNITRIA TELECENTROS

    Na era digital, os telecentros esto ganhando uma maior notoriedade, pois so espaos que comportam computadores interligados em rede e que permitem o acesso de pessoas informao, por isso so chamados de infocentros, para acessar o meio digital.

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    Os telecentros podem ser denominados como o ambiente informatizado que dispe de material apropriado para promover a incluso digital, contando com computadores, professores e tutores.

    A ideia nasceu nos pases nrdicos, Dinamarca, Sucia, Noruega e Finlndia em 1985, como programa de incluso digital e acessibilidade tecnolgica populao em geral e, em 1991, j somavam mais de 100 Centros de Teles servios Comunitrios, como eram conhecidos (CMARA, 2005, p. 7).

    A montagem de pontos de acesso pblico Internet tem sido viabilizada pelos Telecentro Comunitrio, que um espao fsico em que esto disponveis alguns computadores conectados Internet para uso comunitrio. Foi criado para pessoas que tm pouca ou nenhuma oportunidade de usar ou aprender a usar tais tecnologias. O uso de telecentros comunitrios como meio de prover a universalizao do acesso Internet no uma ideia nova, muito embora venha sendo mais aplicada recentemente (SANTANA, 2009).

    Os telecentros comunitrios so iniciativas que utilizam as tecnologias digitais como instrumentos para o desenvolvimento humano em uma comunidade. Sua nfase o uso social e apropriao das ferramentas tecnolgicas, em funo de um projeto de transformao social para melhorar as condies de vida das pessoas (CMARA, 2005, p. 8).

    Os telecentros comunitrios tm se constitudo como um eficiente programa para a democratizao e universalizao das tecnologias de informao e comunicao. Pensando assim, os governos mais conscientes no mundo tm desenvolvido tais programas (CMARA, 2005).

    O papel dos telecentros muito mais do que o simples acesso, posto que este seja um passo primordial a ser dado. A utilizao e o compartilhamento das ferramentas tecnolgicas pelos indivduos, precisam despertar o seu interesse pelo conhecimento de seus direitos, desenvolver cidadania e melhorar suas condies de vida.

    Portanto, os telecentros tm a capacidade de expandir a participao dos cidados na gesto pblica e no controle do governo,

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    com a promoo de processos de consultas ou fruns pblicos, intercedendo na relao da comunidade com o crescente nmero de servios pblicos providos pela Internet. O programa fundamental no processo de emancipao social dos cidados e tem um papel decisivo na garantia da democratizao das tecnologias de informao e comunicao (SANTANA, 2009).

    3.4 O GOVERNO ELETRNICO E A GESTO DO CONHECIMENTO

    No ano 2000, o Governo Brasileiro lanou as bases para a criao de uma sociedade digital ao criar um Grupo de Trabalho Interministerial com a finalidade de examinar e propor polticas, diretrizes e normas relacionadas s novas formas eletrnicas de interao, atravs do Decreto Presidencial de 3 de abril de 2000. As aes desse Grupo de Trabalho em Tecnologia da Informao, formalizado pela Portaria da Casa Civil n 23 de 12 de maio de 2000, coadunaram-se com as metas do programa Sociedade da Informao, coordenado pelo Ministrio da Cincia e Tecnologia (BRASIL, 2009).

    O estabelecimento do Comit Executivo de Governo Eletrnico (Decreto de 18 de Outubro de 2000), pode ser considerado um dos grandes marcos do compromisso do Conselho de Governo em prol da evoluo da prestao de servios e informaes ao cidado.

    Em setembro de 2002, foi publicado um documento com o balano das atividades desenvolvidas durante os dois anos de Governo Eletrnico. Nele, h captulos dedicados poltica de e-Gov, avaliao da implementao e dos resultados, alm dos principais avanos, limitaes e desafios futuros do programa. O documento foi elaborado pela Secretaria de Logstica e Tecnologia da Informao do Ministrio do Planejamento, com a colaborao dos membros do Comit Executivo, e constitui uma base de informaes para a continuidade do programa em 2003.

    O Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto, atravs da Secretaria (SLTI), exerce as atribuies de Secretaria Executiva e garante o apoio tcnicoadministrativo necessrio ao funcionamento do Comit.

    Em 29 de outubro de 2003, a Presidncia da Repblica publicou um Decreto com a criao de oito Comits Tcnicos de Governo Eletrnico, a saber:

    Implementao do Software Livre;

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    Incluso Digital; Integrao de Sistemas; Sistemas Legados e Licenas de Software; Gesto de Stios e Servios Online; Infraestrutura de Rede; Governo para Governo - G2G e Gesto de Conhecimentos e Informao Estratgica.

    O Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto, atravs da Secretaria (SLTI), exerce as atribuies de Secretaria Executiva e garante o apoio tcnicoadministrativo necessrio ao funcionamento do CEGE, bem como supervisiona os trabalhos dos Comits Tcnicos e interage com seus coordenadores.

    A Gesto do Conhecimento compreendida, no mbito das polticas de governo eletrnico, como um conjunto de processos sistematizados, articulados e intencionais, capazes de assegurar a habilidade de criar, coletar, organizar, transferir e compartilhar conhecimentos estratgicos que podem servir para: a tomada de decises; a gesto de polticas pblicas e a incluso do cidado como produtor de conhecimento coletivo.

    A incluso digital deve ser tratada como um elemento constituinte da poltica do governo eletrnico para que essa possa se configurar como poltica universal. Esta viso fundamenta-se no entendimento da incluso digital como direito de cidadania e, portanto, objeto de polticas pblicas para sua promoo.

    Entretanto, a articulao para a poltica de governo eletrnico no pode levar a uma viso instrumental da incluso digital. Essa deve ser vista como estratgia para construo e afirmao de novos direitos e consolidao de outros pela facilitao de acesso a eles. No se trata, portanto, de contar com iniciativas de incluso digital somente como recurso para ampliar a base de usurios, nem que seja reduzida a elemento de aumento da empregabilidade de indivduos ou de formao de consumidores para novos tipos ou canais de distribuio de bens e servios.

    Alm disso, enquanto a incluso digital concentra-se apenas em indivduos, ela cria benefcios individuais, mas no transforma as prticas polticas. No possvel falar sobre prticas polticas sem que se fale tambm sobre a utilizao da tecnologia da informao pelas organizaes da sociedade civil em suas interaes com os governos.

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    Isso evidencia o papel relevante da transformao dessas organizaes pelo uso de recursos tecnolgicos.

    CAPTULO 4 ANLISE DOS PROGRAMAS DE INCLUSO DIGITAL REDE PI E NAVEGAPAR 4.1 PROJETO REDE PI RECICLAGEM DIGITAL EDUCATIVA PR-INFNCIA E ADOLESCNCIA

    O projeto Rede Pi uma iniciativa do Ministrio Pblico de Santa Catarina - MPSC, juntamente com o Governo do Estado de Santa Catarina, a Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, o Sistema ACAFE - Associao Catarinense das Fundaes Educacionais e a Associao das Mantenedoras Particulares de Educao Superior de Santa Catarina - AMPESC, para promover o desenvolvimento de um Programa de Incluso Digital baseado na revitalizao das mquinas caa nqueis apreendidas nas diferentes comarcas do Estado de Santa Catarina. De acordo com a legislao que rege a matria, as mquinas so transformadas em recursos computacionais para a citada incluso digital no mbito do Estado de Santa Catarina.

    O projeto Rede Pi visa transformar as mquinas caa nqueis apreendidas em equipamentos de informtica para uso didtico pedaggico nas Escolas de Ensinos Bsico e Mdio, das Redes Pblicas Municipais e Estadual, e de organizaes governamentais e no governamentais de atendimento a comunidades carentes. A destinao da utilizao desses equipamentos ser exclusivamente para os alunos matriculados nas referidas escolas e para pessoas carentes.

    As mquinas utilizam software livre. O sistema operacional escolhido foi Linux (cdigo aberto), tendo a disponibilidade de aplicativos convencionais como: editores de textos. planilhas eletrnicas, editores de imagens e softwares educacionais, no ocorrer qualquer gasto com licenas de softwares, os quais sero todos em lngua portuguesa.

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    Tal revitalizao executada por parte das Instituies de Ensino Superior IES ou do Estado de Santa Catarina pelas Secretarias de Desenvolvimento Regionais SDR, com o apoio tcnico e a coordenao do Programa de Ps-Graduao em Engenharia e Gesto do Conhecimento da UFSC - EGC e da Rede de Laboratrios de Experimentao Remota RExNet. Cada instituio da RExNet possui um Laboratrio de Experimentao Remota - RExLab. Atualmente, em Santa Catarina, h trs instituies da RExNet: a UFSC, RExLab/UFSC, a UNISUL, RExLab/UNISUL e a SATC, RExLab/SATC.

    A converso dos equipamentos ser custeada com a parceria de entidades que queiram aderir ao Projeto, bem como pelos recursos

    Figura 5: Equipamento convertido para uso educacional Fonte: http://redepia.rexlab.ufsc.br

    Figura 4: Interface dos computadores do programa Rede Pi. Fonte: http://redepia.rexlab.ufsc.br

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    arrecadados em transaes penais. O contraventor que flagrado explorando caa nquel recebe do Promotor de Justia uma proposta de transao penal, uma espcie de acordo previsto na legislao. Se aceit-lo, se livra da denncia criminal, mas em troca dever pagar uma multa que reverta em algum benefcio sociedade.

    A proposta do Rede Pi que parte da multa a ser proposta pelo Promotor de Justia consista no pagamento de alguns equipamentos (como teclado e mouse), alm da perda da mquina em favor do projeto. Assim, evita-se a espera pelo fim do processo judicial e ainda a destinao de recursos para o custeio da converso, como a compra de teclado e mouse, que custam R$ 14,00 e R$ 10,00, respectivamente. Empresas privadas tambm podero aderir ao projeto por meio de patrocnio.

    O lanamento da Rede Pi - Reciclagem Digital Educativa Pr Infncia e Adolescncia ocorreu no dia 30 de novembro de 2007, s 9 horas, no auditrio do 9 andar do Ministrio Pblico de Santa Catarina, em Florianpolis. Durante o evento, foram expostas trs mquinas convertidas na Universidade do Sul do Estado de Santa Catarina (UNISUL) do campus de Ararangu e pela Associao Beneficente da Indstria Carbonfera de Santa Catarina (SATC) de Cricima.

    Cerca de trs mil mquinas caa nqueis foram apreendidas em operaes para combater a contraveno penal no Estado e esto disponveis, atualmente, para utilizao pela Rede Pi.

    Como o jogo de azar um instrumento para a execuo de contraveno penal, o Cdigo Penal prev a perda do direito de propriedade. Portanto, todos os equipamentos apreendidos podero ser convertidos medida que o processo judicial for concludo. As mquinas apreendidas em determinado municpio sero convertidas para escolas da mesma cidade.

    4.2 PROGRAMA NAVEGAPAR 4.2.1 Aspectos Histricos

    O Governo do Estado do Par estabeleceu a inovao como um de seus macros objetivos para o desenvolvimento regional ao definir, em seu Plano Plurianual (2008-2011), a rea de Cincia, Tecnologia e Inovao como elemento estratgico de um novo modelo de desenvolvimento que combine o uso e a preservao da diversidade biolgica, territorial e cultural da regio, com as preocupaes pela

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    garantia de uma melhor distribuio de renda e condies mais adequadas de vida populao.

    No dia 03 de outubro de 2007, a governadora do Estado do Par, Ana Jlia Carepa, lana no Centro Integrado de Governo (CIG) o Navegapar, o maior programa de incluso digital do Brasil junto a uma videoconferncia, a partir de vrios pontos de Belm e de outros municpios, envolvendo autoridades das reas de sade, educao e segurana pblica.

    O Navegapar passaria a se interligar por internet de alta velocidade, a partir de cinco aes bsicas, com os principais rgos administrativos do Estado, para viabilizar aes como tele-educao, tele negcios e incluso digital.

    A primeira fase do projeto foi viabilizada por dois convnios: o primeiro, com a Eletronorte, que permite ao Governo do Estado utilizar os 1800 quilmetros de fibra ptica da distribuidora de energia e o segundo com a Metrobel, rede de fibra ptica instalada na Regio Metropolitana de Belm, mantida por instituies de ensino e pesquisa. O lanamento oficial se deu em funo da interligao das primeiras unidades administrativas do Estado Metrobel.

    Para a governadora, Ana Jlia Carepa, os projetos viabilizariam o acesso informao para a sociedade paraense:

    Um povo no pode ser livre sem acesso informao e educao. isto que estamos fazendo com o NAVEGAPAR: possibilitando o acesso educao. Por isso, mais do que um projeto de incluso digital, este um programa de incluso social.

    A teleconferncia de lanamento reuniu, no CIG, a governadora, o presidente da PRODEPA, Renato Francs e o titular da Secretaria de Desenvolvimento, Cincia e Tecnologia (SEDECT), Maurlio Monteiro.

    O secretrio de Educao, Mrio Cardoso, participou da Escola Estadual Ulisses Guimares. Do municpio de Santarm, no Oeste do Par, participaram a prefeita Maria do Carmo Martins e o secretrio de Estado de Sade Pblica, Halmlio Sobral.

    De Marab, municpio na regio Sudeste do Estado, falou o comandante-geral da Polcia Militar do Par, Coronel Lus Ruffeil, e da Praa da Repblica, em Belm, a partir de um notebook, falou o secretrio-adjunto da SEDECT, Joo Weyl. Renato Francs ressaltou que, na inaugurao, 22 unidades administrativas esto ligadas

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    Metrobel e, at o final do ano, cerca de 200 unidades j se beneficiaro da rede, inclusive cerca de 120 escolas da Grande Belm.

    4.2.2 Objetivos

    O programa Navegapar tem por objetivo potencializar as oportunidades de desenvolvimento regional equilibrado, a partir da democratizao do acesso da populao aos recursos da informtica e da Internet no Estado, e mais:

    Promover o acesso de grupos de baixa renda informtica, capacitando-os para o uso de softwares e, principalmente, para o acesso Internet;

    Ampliar a alfabetizao funcional em informtica da populao economicamente ativa (PEA), aumentando a empregabilidade e a capacidade de gerao de renda;

    Contribuir com a melhoria da qualidade da educao bsica para que alunos de escolas pblicas utilizem novas metodologias de aprendizagem e acessem um maior volume de contedos curriculares e extracurriculares para proporcionar a melhoria no nvel educacional e cultural;

    Contribuir para incluso social de grupos com necessidades especiais;

    Ampliar o acesso informao governamental e aos servios pblicos colocados disposio da populao, para facilitar a integrao dos diferentes rgos pblicos e contribuir para formao da cidadania.

    Promover, atravs de polticas pblicas, a incluso digital no interior do Estado a fim de diminuir a disparidade regional no que se refere ao acesso s tecnologias de informao e comunicao;

    Potencializar a participao efetiva da sociedade civil organizada na implantao dos Centros Pblicos de Acesso Informtica Infocentros;

    Propiciar aos cidados o acesso s mais atuais e destacadas tecnologias da rea de Tecnologia de Informao de Comunicao (TIC) atravs do uso do software livre, de forma a possibilitar a efetiva apropriao tecnolgica, aproveitando todas as possibilidades do livre acesso ao cdigo fonte dos programas liberados sob licenas de Software Livre.

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    4.2.3 Pblico-Alvo

    O programa tem por finalidade atingir o cidado de baixa renda, pessoas fora do mercado de trabalho, especialmente jovens, estudantes de todos os nveis da rede pblica de ensino, micros e pequenos empresrios, alm de partes especiais da sociedade (pessoas com necessidades especiais e em processo de ressocializao, idosos, ...).

    4.2.4 Organizao e Benefcios do Programa

    A implantao de Centros Pblicos de Acesso Informtica Infocentros, em alguns municpios polos e na regio metropolitana, visa prioritariamente possibilitar o acesso do cidado, especialmente a parcela da populao com maior ndice de excluso, s tecnologias de informao e comunicao, dando-lhe oportunidade de apoderar-se dos benefcios ligados ao uso sistemtico desses recursos, para melhorar sua condio de vida.

    Os infocentros so salas equipadas com microcomputadores com softwares livres e conectados Internet com altssima disponibilidade e acesso para uso da populao.

    Esses computadores podem ser utilizados para efetivamente acessar a Internet e o correio eletrnico, produzir trabalhos e documentos, desenvolver estudos e pesquisas, bem como para capacitar-se, atravs dos cursos e oficinas oferecidos no uso de programas de informtica. Alm disso, os infocentros sero utilizados para o desenvolvimento de atividades sociais das comunidades abrangidas, como projetos culturais e educacionais, servindo como verdadeiros centros de produo de cultura, conhecimento e cidadania.

    Todos os Infocentros sero frutos de parceria entre a SEDECT e as Prefeituras Municipais e/ou com entidades da sociedade civil que desenvolvam trabalhos comunitrios na regio onde sero implantados. A proximidade e o vnculo com as demandas e vocaes especficas de cada grupo a ser beneficiado, sero condies primordiais para serem alcanados os resultados almejados.

    Os infocentros devero ser instalados nos seguintes locais: Escolas das redes pblicas municipal e estadual; Universidades Estaduais; Bibliotecas Pblicas; Espaos cedidos por Prefeituras ou rgos Pblicos Estaduais e

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    ONGS, OCIPS, entidades comunitrias, associaes e sindicatos.

    Como estratgia para implantao de, em mdia 20 micros, conceberam-se trs tipos de convnios com modelos de operao diferenciados, os quais sero detalhados adiante. Para os infocentros conveniados o Programa aportar recursos para implantao das unidades, ou parte deles, tais como: equipamentos, mobilirio, instalao da rede lgica, treinamento de instrutores,. Tambm, prestar toda orientao e suporte tcnico necessrio para a montagem e a operao dos infocentros. Em contrapartida, a entidade conveniada arcar com os custos de manuteno das unidades, gua, energia, materiais de consumo, etc.

    Em termos de infraestrutura fsica os infocentros seguiro um modelo padro. Tero que reunir condies e adotar padres mnimos de qualidade e de layout exigidos para funcionamento das unidades.

    Os projetos das unidades devero ser elaborados sob a orientao da SEDECT e sero definidos em funo das atividades a serem desenvolvidas, das caractersticas do local, do acervo de equipamentos, dos recursos disponveis, etc.

    O desenvolvimento do modelo de operao contar com o apoio tcnico e a aprovao da SEDECT/PRODEPA, mas a administrao dos infocentros ser de responsabilidade da entidade conveniada. Caber SEDECT, no entanto, a superviso geral das atividades, bem como o monitoramento e a avaliao dos resultados, onde ter autonomia para intervir no processo, no sentido de corrigirem-se falhas ou para se proporem novas formas de operao. As regras de funcionamento de cada unidade, tais como horrio, responsabilidades dos monitores, obrigaes dos usurios, responsabilidades dos conveniados, anlise e aprovao de projetos e cursos a serem desenvolvidos, critrios de seleo, dentre outros, sero estabelecidas em documento formal, o Regimento Interno, elaborado em conjunto pela SEDECT e conveniada.

    Os microcomputadores utilizaro pacotes de software livre, com base no sistema operacional Linux, o que demandar uma configurao menos robusta dos equipamentos e menores custos para implantao e manuteno.

    A soluo tecnolgica adotada consiste em uma rede, em topologia estrela, com estaes que funcionam atravs de boot remoto, fornecido por um servidor Linux, o qual funciona como servidor Proxy. O objetivo possibilitar acesso Internet, com regras para acesso sites e como servidor de arquivos e impresso.

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    A administrao do servidor acima pode ser feita por mquina do monitor ou via acesso remoto pela Internet. Devido adoo de software livre, a soluo de hardware foi adaptada ao sistema com estaes smart-client (computadores sem qualquer dispositivo eletromecnico) e com um servidor com recursos suficientes para manter toda estrutura funcionando adequadamente.

    Os micros ficaro disponveis para acesso livre da populao, para realizao de cursos de informtica e para o desenvolvimento de projetos e oficinas de trabalho de cunho social, educacional e cultural.

    Apenas ser proibido o acesso a sites pornogrficos e jogos comerciais. De resto, no haver restrio e os usurios podero navegar livremente pela web sob a orientao de monitores treinados que prestaro as orientaes bsicas necessrias para que consigam realizar tudo o que desejam, de modo a garantir que a populao possa usufruir todas as facilidades colocadas sua disposio. Os colaboradores sero orientados a incentivar acesso sites de utilidade pela populao atendida, como cultura, emprego, educao, sade, servios, dentre outros, visando promover a percepo das potencialidades do uso das tecnologias de informao para as suas vidas. Os monitores dos infocentros sero indicados pela entidade conveniada e os treinamentos sero realizados pelo PRODEPA.

    Os infocentros sero instalados em estruturas j existent