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BRASÍLIA-DF, SEXTA-FEIRA, 5 DE FEVEREIRO DE 2010 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 11 | Número 2399 Deputados propõem comissão geral para discutir a reconstrução do Haiti Aprovada na quarta-feira pela Câmara, a emenda constitucional que inclui a alimentação entre os direitos sociais foi promulgada ontem em sessão solene do Congresso Nacional. O objetivo é fazer com que as ações de combate à fome e à miséria se tornem políticas de Estado. Também foi promulgada a emenda que prevê plano de carreira e piso salarial para os agentes comunitários de saúde. Direitos Humanos: especialistas cobram em audiência aprovação de programa do governo | 8 Página 5 Promulgadas emendas sobre alimentação e plano de carreira dos agentes de saúde BRITTO JR MARCELLO CASAL JR Página 2

Deputados propõem comissão geral para discutir a reconstrução … · BRASÍLIA-DF, SEXTA-FEIRA, 5 DE FEVEREIRO DE 2010 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 11 | Número 2399 Deputados propõem

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BRASÍLIA-DF, SEXTA-FEIRA, 5 DE FEVEREIRO DE 2010 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 11 | Número 2399

Deputados propõem comissão geral para discutir a reconstrução do Haiti

Aprovada na quarta-feira pela Câmara, a emenda constitucional que inclui a alimentação entre os direitos sociais foi promulgada ontem em sessão solene do Congresso Nacional. O objetivo é fazer com que as ações de combate à fome e à miséria se tornem políticas de Estado. Também foi promulgada a emenda que prevê plano de carreira e piso salarial para os agentes comunitários de saúde.

Direitos Humanos: especialistas cobram em audiência aprovação de programa do governo | 8

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Promulgadas emendas sobre alimentação e plano de carreira dos agentes de saúde

Britto Jr

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DIREITOS SOCIAISBrasília, 5 de fevereiro de 2010

Diretor: Sérgio Chacon (61) 3216-1500 [email protected]

Câmara dos Deputados - Anexo I - Sala 1508 - 70160-900 Brasília [email protected] | Fone: (61) 3216-1660 | Distribuição - 3216-1826

1º Vice-PresidenteMarco Maia (PT-RS)2º Vice-PresidenteAntonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA)1º SecretárioRafael Guerra (PSDB-MG)2º SecretárioInocêncio Oliveira (PR-PE)3º SecretárioOdair Cunha (PT-MG)4º SecretárioNelson Marquezelli (PTB-SP)

SuplentesMarcelo Ortiz (PV-SP), Giovanni Queiroz (PDT-PA), Leandro Sampaio (PPS-RJ) e Manoel Junior (PSB-PB)Ouvidor ParlamentarMario Heringer (PDT-MG)Procurador ParlamentarSérgio Barradas Carneiro (PT-BA)Diretor-GeralSérgio Sampaio de AlmeidaSecretário-Geral da MesaMozart Vianna de Paiva

Presidente: Michel Temer (PMDB-SP)

DiretorPedro Noleto

Editora-chefeRosalva Nunes

DiagramadoresGuilherme Rangel BarrosJosé Antonio FilhoRoselene Figueiredo

IlustradorRenato PaletEditor de fotografia Reinaldo Ferrigno

EditorasMaria Clarice DiasRenata Tôrres

SECOM - Secretaria de Comunicação Social

Jornal da Câmara

Impresso na Câmara dos Deputados (DEAPA / CGRAF) em papel reciclado

Mesa Diretora da Câmara dos Deputados - 53a Legislatura SECOM - Secretaria de Comunicação Social

as duas emendas constitucionais foram promulgadas em sessão solene do congresso

Congresso promulga emendas sobre alimentação e agentes de saúde

Marcello Larcher

Em sessão solene, o presidente da Mesa do Congresso, senador José Sar-ney, promulgou ontem as emendas cons-titucionais 63 e 64. A primeira prevê piso salarial para agentes comunitários de saúde, e a outra inclui o acesso à ali-mentação como um dos direitos sociais previstos na Constituição.

A Emenda 63 tem origem na Pro-posta de Emenda à Constituição (PEC) 391/09, do deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), e foi aprovada no ano passado. A Emenda estabelece que uma lei federal definirá um piso sa-larial nacional para os agentes comu-nitários de saúde e as diretrizes para seu plano de carreira, cuja formulação

caberá aos estados e municípios.Alimentação - Já a Emenda 64 tem

origem na PEC 47/03, do Senado, que foi aprovada ontem pela Câmara. O presidente da Câmara, Michel Temer, que é professor de Direito Constitucio-nal, ressaltou a importância das normas programáticas no texto constitucional. “Elas têm uma relevância extraordinária, porque isso significa uma determinação a toda e qualquer política governamen-tal, seja do Executivo, seja do Legislativo, no sentido de garantir a alimentação de todos os brasileiros”, explicou.

O senador José Sarney lembrou que 20 anos atrás, quando era presidente da Repú-blica, 1/3 da população mundial não se ali-mentava nos níveis adequados. “Quando convoquei a Constituinte, duas coisas que

Plenário aprova 12 acordos internacionaisOs deputados aprovaram na manhã

de ontem 12 projetos de decreto legis-lativo (PDC) que autorizam a ratificação de acordos e convenções internacio-nais. Entre eles está o PDC 1661/09, que ratifica acordo de cooperação entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) com diretrizes para uma estratégia comum no combate à Malária.

Nos termos do tratado, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçam-bique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste estarão engajados em um programa de cooperação que, além de outros mecanismos, incluirá o intercâmbio de medicamentos, mos-quiteiros, inseticidas e outros artigos para combater a doença.

Aduana - Também foi aprovado o PDC 1805/09, que ratifica a con-venção de admissão temporária de mercadorias, conhecida como “Con-venção de Istambul”, celebrada em 1990 pela Organização Mundial de Aduanas. Pela convenção, o Brasil deverá facilitar os procedimentos de admissão temporária de bens com suspensão de tributos alfandegários,

garantindo maior agilidade na entrada e retorno de mercadorias importadas temporariamente.A medida beneficia representantes comerciais e exibidores de feiras comerciais, entre outros.

Outro PDC aprovado foi o 1972/09, que permite a criação de uma zona de regime especial fronteiriço que abrange as cida-des de Tabatinga, no Brasil, e Letícia, na Colômbia. As duas cidades são contínuas, embora pertençam aos dois países, e o tratado deve normalizar o comércio entre as duas partes. O regime especial dispensa os comerciantes habilitados de registro,

licença ou de qualquer visto, autorização ou certificação, salvo a aplicação das leis sanitárias e ambientais vigentes.

Também foi aprovado o PDC 1662/09, que autoriza a ratificação pelo Brasil de uma emenda à convenção que cria a Or-ganização Mundial de Aduanas (OMA). A mudança permite que blocos comerciais façam parte da organização, e foi pedida pela União Europeia.

Mares - Já o PDC 1673/09 prevê altera-ções no Anexo da Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar e no protocolo de 1988 da mesma

convenção. O objetivo é atualizar o texto das convenções aplicadas no combate a incêndios em embarcações, em especial nas frotas mercantes, a comunicação por rádio desses veículos e na oferta de coletes salva-vidas.

Na mesma linha, o PDC 1740/09 permite uma atualização da lista de substâncias poluentes em casos de acidentes com poluição em alto-mar, por substâncias que não o óleo. Os tratados sobre o tema estão desatuali-zados, e um novo texto será ratificado pelo Brasil.

O PDC 1810/09 ratifica acordo sobre transporte marítimo com os Es-tados Unidos da América. O objetivo é desenvolver um tráfego marítimo livre e aberto, com oferecimento de oportuni-dades justas e não discriminatórias.

Cooperação - O PDC 1742/09 per-mite iniciar cooperações técnicas de forma descentralizada entre entidades brasileiras e italianas. Podem traba-lhar conjuntamente pessoas jurídicas públicas e privadas, inclusive estados e municípios, no caso do Brasil, e unidades territoriais da Itália: regiões, províncias e municípios. (ML)

PDC 1476/09, que permite ratificar tratado para cooperação no domínio da Defesa com Honduras. Na mesma linha, o PDC 1971/09 prevê cooperação com El Salvador. Os textos preveem mecanismos de cooperação militar, com destaque nas áreas de pesquisa e desenvolvimento.

PDC 1809/09, que permite ratificar acordo entre Brasil e Benin, para garantir o direito de dependente do pessoal diplomático a exercer atividade remunerada nos dois países.

PDC 1675/09, que permite ratificar a ata de fundação da Organização Ibero-Americana da Juventude (OIJ), adotada pelos estados-membros em 1996. O Brasil é o único país ibero-americano que não assinou a ata, já que participa da organização apenas como observador.

Veja outros acordos aprovados:

ressaltamos é que seria necessário avançar nos direitos civis e individuais, mas tam-bém introduzir os direitos sociais, e hoje

temos a satisfação de saber que o capítulo sobre direitos sociais é um dos melhores do mundo inteiro”, comemorou Sarney.

Britto Jr

VOTAçõES

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ELEIçõES

Geórgia Moraes

O presidente da Câmara, Michel Temer, afirmou ontem, em entrevista à TV Câmara, que o objetivo de criar o grupo de trabalho para analisar o projeto sobre ficha limpa (PLP 518/09) é agilizar a tramitação da proposta. O projeto torna inelegíveis os candidatos que já tenham sido condenados pela Justiça em primeira instância em pro-cessos criminais, eleitorais e de abuso de poder.

Em razão do feriado do carnaval, Te-mer acredita que não será possível votar a proposta nas duas próximas semanas. Nesse período, ele quer que os represen-tantes dos partidos discutam um texto consensual e avaliem a possibilidade de apresentar emenda aglutinativa que seria votada pelo Plenário. Com isso, parte das divergências seria resolvida antes de a proposta começar a ser dis-cutida no Plenário, o que agilizaria a aprovação das mudanças.

Temer ainda lembrou que, pelo pro-cesso de tramitação normal, a proposta teria que ser analisada nas comissões. Com a análise direta pelo Plenário, o tempo de tramitação é reduzido, o que também agilizará a votação da proposta. A expectativa, segundo ele, é votar o texto de consenso em março.

Pré-sal - Em relação aos três proje-

Está em análise na Câmara a Pro-posta de Emenda à Constituição (PEC) 450/09, da deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), que determina que o veto presidencial será considerado aprovado se o Congresso Nacional não votá-lo até o final do mandato do presidente da República que o assina. A proposta modifica o artigo 66 da Constituição.

A deputada explica que a PEC re-tira a previsão de votação do veto em 30 dias - que nunca foi respeitada -, substituindo-a pelo período inteiro do mandato do presidente.

“Desse modo, cria-se uma vincu-lação, uma responsabilidade direta de cada Legislatura, dos parlamentares que efetivamente elaboraram a lei e a encaminharam para sanção ou veto; a eles cumprirá decidir, no prazo que se esgota no último dia do mandato, se o veto deve ser mantido ou rejeitado”, explica a autora da PEC.

Segurança jurídica - Se o Congres-so não deliberar dentro desse prazo, sus-

Na entrevista à TV Câmara, o presidente Michel Temer também afirmou que vai se reunir com parlamentares representantes do setor empresarial para discutir a PEC 231/95, que reduz a carga de trabalho das atuais 44 para 40 horas semanais.

Temer informou que o encontro foi solicitado ao deputado Armando

Monteiro (PTB-PE), presidente da Confederação Nacional da Indústria. O presidente da Câmara explicou que pretende intermediar um acordo entre os representantes de trabalhadores e empresários na Câmara para via-bilizar um consenso para a votação da proposta. Ele acredita que será possível encontrar um meio termo entre 40 e 44 horas. (GM)

O Projeto de Lei 6422/09, do deputa-do Lira Maia (DEM-PA), em tramitação na Câmara, limita as doações eleitorais das pessoas físicas a 10% do valor do patrimônio do doador no momento da doação. Hoje, essas doações não po-dem ultrapassar 10% dos rendimentos brutos obtidos no ano anterior à eleição. O projeto tramita com regime de priori-dade e foi encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Posteriormente, o projeto precisa ser votado pelo Plenário.

Segundo o deputado, é uma dis-torção vincular o limite tanto aos rendi-mentos como ao ano anterior à eleição.

“Rendimento é um conceito que alude à remuneração, do capital ou do traba-lho, e não inclui receitas advindas, por exemplo, da alienação de ativos, como imóveis e ações. Assim, uma pessoa que tenha recebido prêmio ou herança no ano da eleição não poderá doar fração dos valores correspondentes a esses ganhos”, afirma Lira Maia.

Para ele, o valor do patrimônio no momento da doação constitui um valor mais adequado para indicar a capacidade financeira do doador. Lira Maia lembra que a comprovação do patrimônio pode ser feita por qualquer meio de prova lícito.

EMENDA À CONSTITUIçãO

Limite em doações eleitorais

Veto presidencial pode ser aprovado por decurso de prazotenta Rose de Freitas, é conveniente, em nome da segurança jurídica, que o veto seja considerado aprovado em definitivo. “Temos a convicção de que algo precisa ser feito para mudar a siste-mática vigente, que tornou o Congresso acomodado e omisso em relação à apre-ciação dos vetos presidenciais.”

Ela lembra que mais de mil vetos

se encontravam pendentes de votação. Desses, 943 foram apreciados de uma só vez, numa mesma sessão, por cédula única, “que nada mais é que uma for-malidade, uma ratificação sem maiores discussões de conteúdo”. A parlamentar questiona: “Será mesmo esse o papel que se espera do Congresso Nacional em relação aos vetos?”

Tramitação - A PEC será analisada pela Comissão de Constituição e Justi-ça e de Cidadania quanto à admissi-bilidade. Se aprovada, será analisada por uma comissão especial a ser criada especificamente para esse fim. Depois, seguirá para o Plenário, onde precisará ser votada em dois turnos.

Temer: grupo de trabalho agilizarávotação do projeto sobre ficha limpa

tos do pré-sal ainda pendentes, Temer afirmou que a expectativa é que as votações dessas propostas possam ser retomadas já na próxima semana. Na quarta-feira, acordo de líderes vinculou a retomada da análise dos projetos do pré-sal à votação dos vetos presidenciais à Lei Orçamentária de 2010 pelo Con-gresso. A expectativa é de que a sessão conjunta para analisar os vetos seja re-alizada na terça-feira (9) ou quarta-feira (10). Temer acredita, no entanto, que as votações dos projetos do pré-sal só serão concluídas depois do carnaval.

Piso para PMs - Sobre a PEC 300/08, que cria um piso salarial na-cional para os policiais militares e bom-beiros militares, o presidente da Câmara estuda a possibilidade de colocar em votação a PEC 446/09, do Senado, que também prevê a criação de piso salarial nacional para policiais civis, militares e bombeiros militares. A proposta trans-forma os salários dessas três categorias em subsídios e estabelece que o piso será fixado em lei federal.

Ele lembra que a opção pelo texto já aprovado pelo Senado vai agilizar a aprovação da mudança constitucional, já que, somente em caso de eventuais mu-danças feitas pelos deputados, a proposta retornaria ao Senado. Temer disse que sua intenção é analisar as duas propostas conjuntamente para acelerar a análise.

O projeto da ficha limpa, entregue ao presidente Temer em setembro de 2009, recebeu 1,3 milhão de assinaturas, coletadas pela CNBB

Jornada de 40 horas

rodolfo stuckert

rose de freitas

diogo Xavier

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ENTREVISTA

Quais são as prioridades do partido na pauta de votações da Câmara neste semestre?

Uma das prioridades é a ficha limpa. Não poderíamos deixar de encaminhar o mais rápido possível um projeto de inicia-tiva popular como esse. Segundo, é preciso resolver o problema do pré-sal. O restante tem que ser discutido com os líderes polí-ticos, porque o partido não tem questão fechada em nenhum projeto especifica-mente. Nós vamos trabalhar dentro de um consenso para que a Casa aprove o maior número de projetos, pois este ano é atípico por causa das eleições. E também porque nós temos aí Carnaval, Semana Santa, Copa do Mundo.

O senhor mencionou o projeto da ficha limpa como prioridade. Acredita que é possível fazer a reforma política

em ano eleitoral? É muito difícil fazer uma reforma polí-

tica profunda. Seria mudar o jogo que está em andamento. Um ano antes, você não pode fazer mudanças profundas na legis-lação. O que existe são algumas normas que podem ser atendidas.

Mas essa reforma é urgente na ava-liação do PTC?

Eu não digo que agora seria a priori-dade porque nós estamos a nove meses da eleição e não há tempo para maturar, dis-cutir, votar e sancionar qualquer medida que mude de forma profunda a legislação eleitoral. É uma situação muito compli-cada. Eu acredito que caberá aos novos deputados e aos novos senadores colocar como prioridade essa reforma política. É o primeiro passo que o novo Congresso vai ter que tomar. É improvável que este

Congresso que está terminando faça algu-ma modificação profunda.

Qual a expectativa do partido em re-lação à votação dos projetos do pré-sal?

Nós vamos acompanhar os votos do relator. Existem várias questões, vários interesses de vários estados. Se quisermos contemplar todos os interesses, não va-mos deslanchar, e o Brasil acaba perden-do. O projeto foi muito bem relatado pelo deputado Henrique Eduardo Alves. Ele dialogou com todos os líderes partidários, dialogou com todos os setores. Então, nós vamos acompanhar o relator e, se ele ad-mitir alguma emenda, vamos acompanhá-lo. Esta é a posição. Deveríamos fazer e vamos fazer o mais rápido possível.

Noéli Nobre

Líder do PTC na Câmara, o deputado Carlos Willian (MG) afirmou em entrevista ao Jornal da Câmara que uma das prioridades do partido na pauta de votações deste semestre é o projeto que institui a chamada “ficha limpa” obrigatória para os candidatos nas eleições (Projeto de Lei Complementar 518/09). Em sua opinião, os deputados precisam votar o mais rapidamente possível a matéria, que é de iniciativa popular.

Apesar de defender a proposta, Willian disse que não há possibilidade de uma reforma política profunda em ano de eleições. A reforma, segundo ele, deverá ser prioridade na pró-xima Legislatura e não nesta que está terminando. O deputado avaliou, no entanto, que as eleições não deverão afetar as votações dos três projetos pendentes sobre a regulamentação do pré-sal.

Carlos Willian é advogado e está em seu segundo mandato na Câmara. Ele foi reconduzido nesta semana ao cargo de líder do PTC, partido que reúne três deputados, além de Willian: Antônio Feijão (AP) e Paes de Lira (SP).

Carlos Willian: ficha limpa e pré-sal são prioridades do PTC neste ano

EdsON saNTOs

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Pinga-Fogo

Proposta extingue Câmara e Senado e institui o unicameralismo no Brasil

Em tramitação na Câmara, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 451/09, do deputado Francisco Tenório (PMN-AL), institui o unicameralismo no Brasil. A proposta extingue o Senado e a Câmara dos Deputados, substituindo-os por um Congresso Nacional unificado, composto por congressistas federais, eleitos pelo sistema proporcional, em cada estado e no Distrito Federal, com mandato de cinco anos.

O número total de congressistas fica para ser estabelecido por lei comple-mentar, proporcionalmente à população de cada estado, de modo que nenhum deles tenha menos de 11 ou mais de 73 representantes (ou seja, mantém os atuais limites mínimo e máximo de deputados e senadores).

A PEC será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania quanto à admissibilidade. Se aprovada, será analisada por uma comissão especial a ser criada especificamente para esse fim. Depois, seguirá para o Plenário, onde precisará ser votada em dois turnos.

Rapidez nas deliberações - Na argu-mentação de Francisco Tenório, o sistema parlamentar baseado em duas Casas torna a produção legislativa muito lenta. Além disso, devido à incapacidade de o Con-gresso Nacional oferecer pronta resposta aos grandes temas nacionais, surge como subproduto a dominação do Legislativo pelo Executivo e também a judicialização da política, com os tribunais passando a legislar no vácuo da lei.

“Como o Legislativo não legisla, os va-

zios são preenchidos ora pelo Executivo, por meio da legislação de urgência, ora pelo Judiciário, por meio de sentenças extensivas dos limites da lei; esse des-virtuamento das funções típicas de cada Poder é uma afronta à Constituição”, sustenta o deputado.

Custo excessivo - Outro ponto, acrescenta o autor da proposta, é o custo excessivo de manter duas Casas Legisla-tivas “para realizar o que uma só poderia fazer com mais eficiência”. Os orçamentos da Câmara e do Senado superam, cada qual, os RS 3,5 bilhões ao ano. “Mudar a matriz decisória do Congresso Nacional para um modelo unicameral é realçar os princípios da economicidade, da eficiên-cia, da razoabilidade e da celeridade”, argumenta ele.

Alimentação e saúdeNazareno Fonteles

(PT-PI) ressaltou as duas emendas constitucionais promulgadas ontem pelo Congresso Nacional e que, segundo ele, correspondem a lutas históricas no Brasil. A primeira, que garante o plano de carreira e o piso salarial de agentes de saúde e endemias, dará, segundo o deputado, mais dignidade àqueles que doam seu trabalho para salvar vidas. A segunda emenda, que inclui a alimentação entre os direitos sociais, é “ o co-roamento de um trabalho do governo no combate à fome e à miséria”, avaliou.

PAC e eleiçõesJoão Oliveira (DEM-

TO) criticou a execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governo federal. De acordo com o deputado, ainda não foram executados 60% dos projetos previstos para ace-lerar o crescimento do País. A realização das obras do PAC, advertiu, não podem ser usadas na campanha eleitoral da ministra Dilma Rousseff à presidência da República, pois “ a ministra da Casa Civil realiza cam-panha há pelo menos dois anos com o dinheiro dos contribuintes”. Oliveira disse esperar que o presidente Lula permaneça no Palácio do Planalto de maneira im-parcial e deixe os eleitores decidirem sobre o candidato que possui condições para assumir o comando do País a partir de 2011.

Base no ParáGérson Peres (PP-PA)

reclamou da intenção do Ministério da Defesa em transferir uma base naval do Pará para o Maranhão. Ele afirmou que Pará possui potencial logístico e dimen-sões territoriais que atendem às necessidades técnicas da Marinha, e convidou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para esclarecer, na Câmara, pontos do projeto que, segundo ele, tem gerado dúvidas entre os re-presentantes da Amazônia. Qualquer mudança no plano estratégico de segurança nacional da Marinha, disse Peres, deve seguir critérios técnicos e não políticos para evitar prejuízos ao Pará.

LEGISLATIVO

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CATÁSTROFE

José Carlos Oliveira

Os deputados brasileiros que voltaram do Haiti ontem defenderam a realização de uma comissão geral da Câmara para discutir a reconstrução do país caribe-nho. A intenção é debater o tema com os ministros da Defesa, Nelson Jobim, das Relações Exteriores, Celso Amorim, entre outras autoridades, em busca de ações duradouras que permitam ao Haiti reerguer-se como nação.

Em 12 de janeiro, o país mais pobre das Américas foi devastado por um terre-moto que deixou cerca de 200 mil mortos, segundo as autoridades locais. Entre as vítimas, estavam 20 brasileiros. Cinco deputados estiveram em Porto Príncipe na quarta-feira e se reuniram com o pre-sidente haitiano René Préval; o presidente do Congresso, Lucian Coeur; o coman-dante-geral das tropas da missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), o brasileiro Floriano Peixoto; além de re-presentantes de ONGs que prestam ajuda humanitária aos haitianos.

Total destruição - O deputado Col-bert Martins (PMDB-BA) informou que o cenário no país é de total destruição em meio ao drama humano e ao caos. “O quadro é dramático, não somente pela destruição que o terremoto provocou. O povo está vagando pelas ruas: são mais de um milhão de pessoas que já moravam precariamente e, agora, nem precaria-mente moram”, relatou.

Ainda segundo o deputado, não há água limpa e a distribuição é feita por caminhões-pipa. Também não há sane-amento básico, o transporte público é “completamente caótico”, com engarra-

Deputados defendem comissão geral sobre reconstrução do Haiti

famentos na cidade inteira. “À noite, a cidade não tem luz: onde há

luz, é por gerador próprio. É um país que hoje sequer registra quem nasce, muito menos as pessoas que morrem. A situação nos deixou muito chocados”, contou. Esse quadro, ressaltou, pode se tornar ainda mais dramático a partir de abril, quando

começa o período das chuvas, tormentas tropicais e furacões no Caribe.

Ajuda humanitária - Os deputados elogiaram a ajuda humanitária inter-nacional e, particularmente, as ações das tropas brasileiras que coordenam as ações de paz da ONU no Haiti. Segun-do a deputada Janete Rocha Pietá (PT-

SP), esse tipo de ajuda é fundamental e muito bem-vindo, mas as autoridades haitianas apresentaram outros apelos aos parlamentares brasileiros.

O presidente Préval e o presidente da Câmara, informou a deputada, agra-decem a cooperação, mas consideram que o governo do Haiti deve participar dela, porque precisa haver uma divisão, para que a ajuda chegue não só à ca-pital, Porto Príncipe, mas também às províncias do interior. “O presidente Préval deixou bem claro um apelo ao presidente Lula para que defenda pon-tos como: tirar as tarifas alfandengárias do Haiti, o perdão da dívida externa e, principalmente, um fundo unitário de apoio ao Haiti, sob a coordenação do próprio povo haitiano”, disse.

Os parlamentares que integraram a delegação ao Haiti são unânimes quan-to à transformação do Plenário da Câ-mara em comissão geral para debater uma solução definitiva para o Haiti.

O deputado Raul Jungmann (PPS-PE), que coordenou a delegação, avalia que a reconstrução do país caribenho levará décadas e não pode se basear apenas em ajuda humanitária e em missões de paz.

Segundo Jungmann, o Haiti vai pre-cisar de um novo Plano Marshall, numa referência ao programa desenvolvido pelos Estados Unidos para recuperar os países europeus arrasados durante a Segunda Guerra Mundial. “Vamos informar aos nossos colegas do Par-lamento que a dimensão da tragédia é

Para Jungmann, país precisa de um ‘Plano Marshall’muito maior e que as responsabilidades do Brasil cresceram muito”, disse, ao lembrar que o Haiti já teve oito proces-sos de estabilização coordenado pela ONU nos últimos 20 anos. “Esse tipo de processo vai levar 40, 50 anos e não sei se algum dia vai dar resultado. O que o Haiti precisa hoje é algo como um Plano Marshall. Fora isso, o Brasil corre o risco de transformar numa espécie de guarda permanente e tende a passar décadas lá, sem fazer com que esse Haiti, que hoje vive à beira do abismo, consiga se tornar uma sociedade digna de ser vivida.”

Além da comissão geral, os deputa-dos que visitaram o Haiti também vão propor a realização de sessão solene para homenagear os 20 brasileiros vítimas do terremoto de 12 de janei-ro. Janete Rocha Pietá também quer acelerar tramitação do PL 737/07, que torna mais rápidas as ações humani-tárias internacionais empreendidas pelo governo brasileiro. Além de Pietá, Jungmann e Colbert Martins, também foram ao Haiti os deputados baianos Cláudio Cajado (DEM) e Emiliano José (PT). (JCO)

O deputado Acélio Casagrande (PMDB-SC) fez um apelo ao governo federal pela conclusão das obras de duplicação do trecho sul da BR-101, para facilitar a ligação com Santa Catarina. Ele observou que, de acordo com informações do Departamento Na-cional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), as obras da BR-101 terão atraso de pelo menos 500 dias.

“A primeira projeção de seu térmi-no, que era para dezembro de 2008, foi estendida para junho deste ano. Em documento oficial, o Dnit afirmou

PLENÁRIO

Acélio Casagrande apela ao governo para concluir as obras de duplicação da BR-101 no trecho sul

Os militares brasileiros, que coordenam as operações de paz da ONU no Haiti, organizam a distribuição de água e alimento às vítimas do terremoto

compressores para refrigeração, entre outros itens.

Casagrande destacou também a produção de hortifrutigranjeiros, vitivini-cultura e pesca. “Somos um importante produtor agrícola nacional de cebola, maçã, pescados, arroz, tabaco, mel, trigo, alho, banana, suínos e aves”, disse.

Descentralização - Segundo o deputado do PMDB, o modelo de des-centralização adotado pelo governador Luiz Henrique da Silveira é responsável pelo impulso no crescimento dos municí-pios catarinenses nos diversos setores. Hoje, destacou, quem decide o que fazer com os recursos, e como fazer, são os próprios municípios, por meio de seus representantes, reunidos nos Conselhos de Desenvolvimento Regional.

Casagrande defendeu ainda um novo pacto federativo que contemple uma redefinição das competências de

cada ente da Federação e uma redis-tribuição justa de recursos financeiros a fim de que os municípios tenham condições de atender, com eficiência, às crescentes responsabilidades que lhes são atribuídas.

que a parte já contratada será concluída até esse prazo. Já para os túneis de transposição dos Morros do Formigão e dos Cavalos e a ponte sobre o canal das Laranjeiras, o término está previsto para junho de 2012”, disse.

Casagrande ressaltou que, propor-cionalmente, Santa Catarina é o primeiro estado no Brasil, em número de empresas com certificados internacionais, com mais de 300 indústrias com certificação ISO-9000 e mais de 50 empresas com ISO-14.000.

O estado, disse o deputado, ocupa o primeiro lugar na América Latina na produção de refrigeradores domésticos, peças, móveis de tratores, portas de madeira, produtos têxteis para cama, mesa e banho, motores elétricos, peças de ferro fundido, pisos e azulejos ce-râmicos, equipamentos odontológicos, pedais de bicicleta, etiquetas, tecidos,

Marcello casal

Saulo Cruz

Pinga-Fogo

Brasília, 5 de fevereiro de 20106

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PLENÁRIO

As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) serão o grande destaque no desenvolvimento do País em 2010 na opinião do deputado Gilmar Machado (PT-MG). Ele comentou a mensagem anual enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso Nacional com os planos do governo para

Máquinas para MTEliene Lima (PP-MT)

informou ter participado da cerimônia na qual o governo de Mato Grosso entregou 705 máquinas, entre caminhões, pás-carregadeiras e retroes-cavadeiras, para os 141 muni-cípios do estado. Segundo o deputado, o maquinário, que custou R$ 241 milhões, será usado principalmente na recu-peração das estradas vicinais, para facilitar o escoamento da produção, atendendo à agricultura familiar e aos assentamentos do Incra. Com a entrega dos equipa-mentos, Eliene Lima acredita que será possível implantar vários programas que visam reforçar o desenvolvimento e o crescimento econômico de Mato Grosso.

TecnologiaMaria do Rosário (PT-

RS) manifestou satisfação pela instalação de 78 novas unidades de educação tec-nológica em todo o Brasil, o que, segundo a deputada, proporcionará um salto qua-litativo na área de educação. O esforço do governo, de acordo com a parlamentar, é construir um Brasil mais justo, que enfrente a dívida histórica existente na educação. Maria do Rosário ressaltou ainda a aprovação, pela Câmara, do fim da DRU sobre a educação, no final do ano passado, o que, ressaltou, fará com que o setor tenha mais recursos para ampliar o número de escolas no País.

Espírito SantoCoordenador da bancada

do Espírito Santo no Con-gresso, Camilo Cola (PMDB) afirmou que continuará a defender os interesses da população do estado e buscar a conclusão das obras de ampliação do aeroporto de Vitória e do segundo trecho da rodovia do contorno da capital capixaba. O deputa-do explicou que o aeroporto precisa ser modernizado para acompanhar o desenvolvi-mento do estado. Ele cobrou a retomada das obras, para-lisadas diante de indício de irregularidades apontado pelo TCU. O segundo trecho da rodovia do contorno de Vitória, disse, também é fundamental para atender ao crescimento e oferecer mais segurança a motoristas e passageiros que circulam pela BR-101.

O deputado Carlos Abicalil (PT-MT) ressaltou a inauguração simultâ-nea, pelo presidente Lula, de 78 novas unidades federais de educação técnica e tecnológica. Em todas as unidades da Federação, disse Abicalil, milhares de jovens estão tendo acesso a instituições de elevada qualidade de educação de nível médio e superior. “Para minha

Para Gilmar Machado, ano será de avanços

em infraestrutura e educação

Carlos Abicalil ressalta expansão do

ensino técnico federal no governo Lula

felicidade, três delas estão em Mato Gros-so”, comemorou. Uma está na cidade de Juína, polo regional de desenvolvimento cuja população, segundo o deputado, está retomando a esperança na administração pública, com a recondução do PT à pre-feitura.

Outra unidade foi instalada no muni-cípio de Confresa, na região do Araguaia, hoje com mais de 40 mil habitantes. “Constituída a partir de assentamentos do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a cidade foi, por muitos anos, recanto esquecido pela ausência de políticas públicas”, declarou. Agora, disse Abicalil, tem o Luz para Todos, a retomada das obras da rodovia BR-158 e um novo instituto federal de educação.

A terceira unidade está sendo instalada em Barra do Garças, que recebe também um novo campus da Universidade Federal do Mato Grosso, o que duplicará a oferta de ensino superior na região do Araguaia. “É nesse mesmo diapasão que também gos-taria de anunciar à população de Mato Grosso a visita da ministra Dilma Rous-seff, no próximo dia 23 de fevereiro, anun-ciando o mais amplo programa de habita-ção popular inserido no Programa Minha Casa, Minha Vida, que atingirá diversos municípios”, informou o deputado.

Será uma ocasião, acrescentou, para fazer o retrato da parceria de sete anos entre o governador Blairo Maggi e o pre-

sidente Lula, “dando ao Mato Grosso oportunidades inéditas”. Uma delas, segundo o deputado, foi a retomada da capacidade de crédito de Mato Grosso, que permitiu ao governo estadual ofere-cer 705 equipamentos de manutenção e abertura de estradas vicinais aos 141 municípios por meio de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimen-to Econômico e Social (BNDES).

Prouni - O deputado destacou tam-bém a importância do Prouni, programa de bolsas nas universidades particula-res, que, segundo ele, já integrou 680 mil brasileiros e brasileiras das classes populares, oriundos de escola pública, em cursos de nível superior. “As primei-ras turmas conquistaram seu diploma no ano passado”, registrou Abicalil, acrescentando que o programa tende a ser ampliado.

O deputado referiu-se também à remodelação do Fies, programa que financia o estudo de alunos de insti-tuições privadas de ensino superior, que agora passam a pagar juros inferiores à metade dos contratados até o ano pas-sado. Os ajustes serão feitos no saldo devedor automaticamente, sendo que os estudantes que são licenciados para atuar na educação básica ou na saúde pública serão dispensados de pagar suas prestações, se prestarem tempo equiva-lente de serviço público.

este ano. “2010 já começa com um expres-sivo balanço positivo e as perspectivas são de que o PAC seja muito importante para o País”, disse.

O parlamentar ressaltou que os prin-cipais avanços têm se dado na área de infraestrutura, no desenvolvimento do agronegócio e da agricultura familiar e nas questões de cidadania.

Machado também citou reunião de parlamentares com o ministro do Desen-volvimento Social, Patrus Ananias, sobre a transfe-rência das creches da área de desenvolvimento social para a área de educação. “Desde a Constituinte de 1988, já chamávamos a atenção para o fato de que a educação começa cedo e não deve ser vista como assistência social, mas como investimento para o futuro. A educação deve ser um direito desde os seis meses de idade”, afirmou.

Na área da infraestrutura, o deputado lembrou que o atual momento é de expan-são. Ele destacou como exemplo o início da duplicação da rodovia BR-365 em Mi-nas Gerais, que, segundo ele, facilitará o transporte da produção agrícola da região Centro-Oeste. O parlamentar também res-

saltou a duplicação da BR-050 no trecho entre as cidades de Uberlândia e Araguari. “Daqui a um ano e meio, poderemos sair de Brasília e ir a São Paulo em pista du-pla. Só faltam 95 quilômetros no Triângulo Mineiro”, explicou.

Educação - Na opinião de Gilmar Machado, outro destaque do PAC para o Triângulo serão as seis novas unidades do

Instituto Técnico e Tecnológico. Entre essas unidades, ele citou a de Patrocínio, recentemen-te federalizada, a de Araguari, cujas primeiras aulas ocorreram recentemente, e a de Ituiutaba, que deverá ser inaugurada em março. “Com a escola chegan-do aos estudantes, os jovens não terão mais que deixar os pequenos e médios municípios para continuar seus estudos”, acrescentou.

Ainda no campo educacio-nal, Gilmar Machado comemorou a san-ção da Lei do Fies. Segundo o deputado, a nova lei permitirá reduções de até dois terços do valor da taxa Selic que os estu-dantes teriam que pagar. “Agora eles con-tarão com um abatimento de quase 70%, e mais de 40 mil famílias poderão respirar aliviadas sem medo de perderem suas casas por causa das dívidas estudantis.”

2010 já começa com

um expressivo balanço positivo

e as perspectivas são de que o

PAC seja muito importante para

o País

saulo cruz

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DESAPARECIMENTOS

DeslizamentosPedro Eugênio (PT-

PE) afirmou que o pro-grama “Viva o Morro”, implantado em Pernam-buco, diminuiu o número de óbitos registrados em razão de deslizamentos de terra. Ao citar dados da universidade federal do estado, o deputado afirmou ter havido redu-ção de 81% das mortes na última década. Por causa do êxito alcançado pelo programa em Per-nambuco, o parlamentar defendeu a adoção da metodologia aplicada no “Viva o Morro” em todo o território nacional. Segundo Pedro Eugênio, não bastam apenas as ações emergenciais, é preciso investir na pre-venção, em regulação e no controle da ocupação habitacional para prote-ger as encostas e evitar as tragédias.

PMs e bombeirosDr. Paulo César (PR-

RJ) solidarizou-se com os bombeiros e policiais militares que reivindicam equiparação salarial com os integrantes da catego-ria no Distrito Federal. O deputado destacou que, em muitos estados, os militares, que em sua opinião desempenham papel fundamental para garantir a segurança da população, recebem “salários aviltantes”. Dr. Paulo César pediu ainda que os bombeiros e poli-ciais militares continuem mobilizados, mesmo que a PEC 300/08 não seja incluída na pauta de vota-ções desta semana.

RefinariaWashington Luiz

(PT-MA) registrou a visita do presidente Lula ao Maranhão para partici-par do lançamento da pedra fundamental da Refinaria Premium Um, ocorrida em janeiro, no município de Bacabeira. Segundo o deputado, o empreendimento da Petrobras, em parceria com o governo estadual e orçado em R$ 40 bilhões, transformará a vida dos maranhenses, gerando milhares de empregos diretos e indiretos.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Desaparecimento de Crianças e Adolescentes aprovou ontem requeri-mento do deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) que solicita ao Ministério da Justiça a participação da Polícia Federal nas investigações dos desaparecimentos de adolescentes em Luziânia (GO).

Logo após a reunião, um grupo de deputados da CPI foi até o ministério entregar o pedido. A presidente da CPI, deputada Bel Mesquita (PMDB-PA), que acompanhou o grupo, considera estranha a recusa da Polícia Civil de Goiás em acei-tar a colaboração da PF.

A Polícia de Goiás trabalha com vá-rias linhas de investigação, entre elas o sequestro para trabalho escravo. A Justiça já autorizou a quebra de sigilo telefônico e bancário de alguns suspeitos, mas a Polícia ainda não apresentou resultados prelimi-nares da investigação. O delegado alega que a divulgação de informações neste momento prejudicaria as investigações.

Reunião com familiares - Na quar-ta-feira (3), integrantes da comissão estiveram em Luziânia para discutir o andamento das investigações com fami-liares dos jovens desaparecidos e repre-sentantes da Polícia Civil de Goiás. No mês passado, as famílias dos jovens rea-lizaram manifestação para cobrar mais agilidade nas investigações.

Desde dezembro do ano passado hou-ve o desaparecimento, na cidade, que fica a 66 quilômetros de Brasília, de seis adolescentes, entre 13 e 19 anos. Todos

CPI pede participação da PF em investigações em Luziânia

Familiares dos jovens desaparecidos estiveram no Ministério da Justiça, para discutir formas de sensibilizar o governo de Goiás a pedir ajuda à Polícia Federal para investigar o caso

VIOLêNCIA

Tramita na Câmara a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 448/09, do deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), que obriga quem cometer crime violento doloso a ressarcir o Sistema Único de Saúde (SUS) pelas despesas do atendimento médico à vítima.

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania vai analisar a admissibilidade da PEC. Em seguida, a proposta deverá ser examinada por comissão especial e, depois, votada em dois turnos pelo Plenário.

O deputado Bruno Araújo argumen-ta que o custo da violência no Brasil é um dos maiores do mundo. A taxa nacional de homicídios, segundo a Or-ganização Mundial de Saúde (OMS), é

PEC obriga agressor a ressarcir o SUS por despesas com vítima

de 27 por 100 mil habitantes - número alto se comparado aos de países desenvolvidos.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que em 2004 o custo da violência atingiu R$ 92,2 bilhões, equivalentes a 5,09% do Produto Interno Bruto (PIB).

Aumento de despesas - “Cada vez mais, os serviços de saúde precisam alocar profis-sionais e equipamentos para o atendimento das vítimas de crimes dolosos, que, muitas vezes, exigem cuidado de especialistas”, diz o parlamentar, observando que esses gastos são hoje um dos maiores entraves do SUS.

Segundo Bruno Araújo, o SUS é uma das mais importantes conquistas da popu-lação brasileira - exemplo mundial de polí-tica pública bem-sucedida; o que também

justifica que a Constituição impo-nha esse tipo de ressarcimento.

são moradores de um mesmo bairro - Parque Estrela Dalva.

Agilidade - O líder do PTB, depu-tado Jovair Arantes (GO), pediu, na quarta, apoio integral às famílias dos adolescentes desaparecidos. Segundo o parlamentar, os familiares têm sofrido não apenas com os desaparecimentos, mas também em razão de boatos e da falta de

informação a respeito das investigações.“É preciso auxiliar a Polícia Civil de

Goiás, mas sobretudo cobrar agilidade e transparência no trabalho investigativo”, disse Arantes. Ele lembrou que, nesses casos, é imprescindível a atuação céle-re da polícia. “Não há desculpas para a morosidade. Os familiares precisam ser ouvidos e respeitados”, declarou.

Brizza CavalCaNTE

EdsON saNTOs

Bruno araújo

Pinga-Fogo

Brasília, 5 de fevereiro de 20108

Disque - Câmara 0800 619 619www.camara.gov.br

PLANO NACIONAL

Sílvia MugnattoO presidente da Comissão de Direitos

Humanos e Minorias, deputado Luiz Couto (PT-PB), disse ontem que irá propor ao presidente da Câmara, Michel Temer, a realização de comissão geral para debater o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH). O programa vem causando polê-mica porque, entre outros pontos, propõe a criação de um grupo que buscaria investigar a violação de direitos humanos durante o regime militar e rever as concessões feitas de radiodifusão.

Na audiência promovida ontem pela Comissão de Direitos Humanos sobre o PNDH, foi bastante discutido o trecho do programa relacionado à comunicação social, em razão da presença do repre-sentante da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert),

Rodolfo Moura.Segundo Moura, o acompanhamento

da programação das emissoras no que se refere ao respeito aos direitos humanos, previsto no programa, não pode ser feito por uma comissão do governo, mas pelo Judiciário. Caso contrário, a liberdade de expressão estará ameaçada. “O risco de um monitoramento é sempre muito grande, porque a gente não sabe exatamente o que vai ser feito, quais são os critérios”, avaliou o representante da Abert.

Entretanto, o professor da Universidade de Brasília (UnB) Fernando Paulino diz que o programa fala apenas na necessidade de cumprir o que diz a Constituição e não cita a criação de comissões oficiais.

Já o deputado Luiz Couto lembrou que já existem iniciativas da sociedade para acompanhar a programação das emis-

soras. “A Comissão de Direitos Humanos promove a campanha “Quem financia a baixaria é contra a cidadania”, que normal-mente acompanha a programação de TV e faz um ranking sobre os programas que desqualificam a dignidade do ser humano. Normalmente, as emissoras têm levado [o ranking] em conta. Isso não significa censura, apenas que a sociedade também tem o direito de expressar a sua opinião”, ressaltou.

Outros participantes da audiência tam-bém criticaram a cobertura da mídia em relação ao PNDH. O secretário-executivo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Geniberto Campos, disse que, por meio da internet, a sociedade tem cobrado uma cobertura mais plural. O governo ainda deve enviar propostas legislativas relacionadas ao programa para o Congresso.

RoyaltiesAo destacar que, nas

próxima semana a Câmara votará o projeto que define o modelo de partilha dos royalties arrecadados com a exploração do petróleo na camada pré-sal, Marcelo Castro (PMDB-PI) pediu que a sociedade e as autoridades mobilizem-se para garantir que os recursos beneficiem todo o País. Marcelo Castro argumentou que a descoberta das novas jazidas colocou o Brasil entre as maiores potências petrolíferas do mundo. Por isso, ele entende que a riqueza gerada com o petróleo deve ser investida no fortalecimento de setores estratégicos e no combate às desigualdades regionais. Mar-celo Castro ainda defendeu a criação de um fundo para garantir recursos permanen-tes que beneficiem também as futuras gerações.

Crimes na BahiaUldurico Pinto (PHS-BA)

voltou a cobrar da Secretaria de Segurança Pública da Bahia mais rigor nas inves-tigações do assassinato de dois professores que também eram líderes sindicais em Porto Seguro. O crime ocor-reu em setembro de 2009. O deputado declarou que muitas evidências envolvendo integrantes da administra-ção municipal estão sendo ignoradas pelo delegado encarregado da investigação e várias testemunhas do duplo assassinato também foram mortas.

Despejo em Ilhéus

Márcio Marinho (PRB-BA) criticou o tratamento que a administração municipal de Ilhéus está dando às 40 famílias que ficaram desabrigadas em razão das chuvas que atingiram a cidade no final de outubro. Segundo o deputado, a prefei-tura teria se comprometido a pagar o aluguel por, pelo menos, seis meses, mas esta semana as famílias teriam recebido ordem de despejo, ficando desamparadas, pois não têm para onde ir. Márcio Marinho também reforçou seu compro-misso de apoiar a aprovação da PEC 300/08 na Câmara. Ele entende que o salário pago aos bombeiros e policiais militares no Distrito Federal deve ser estendido a todo o País para melhorar a qualidade da segu-rança pública.

Especialistas defendem aprovaçãodo Programa de Direitos Humanos

lançado em dezembro pelo governo federal, o Programa Nacional de direitos Humanos, debatido ontem em audiência pública, tem gerado controvérsias

Rodrigo Bittar

Especialistas em direitos humanos e representantes de organizações sociais defenderam, ontem, a aprovação do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), lançado pelo governo no fim do ano passado e que vem sendo criticado por setores militares, religiosos e ligados aos veículos de comunicação.

Durante audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias, alguns deputados cobraram dos opositores do plano que identifiquem os pontos aos quais são contrários. “É fundamental que as pessoas deixem claro as linhas [do plano] as quais são contrárias, porque podem ser cooptadas por torturadores, que estão ca-pitaneando o movimento contra o plano”, entende o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), um dos participantes da audiência.

Segundo ele, quando alguém contrário à descriminalização do aborto (uma das propostas do programa) diz que é contra o plano como um todo, está endossando o discurso de quem “praticou tortura na ditadura militar”, que poderia responder pelo crime, uma vez que o documento tam-

bém admite mudanças na interpretação da Lei da Anistia. “O grande ator invisível da oposição ao plano são os torturadores da ditadura militar”, acusa.

Debates - O deputado Pedro Wilson (PT-GO) também elogiou o plano, porque ele promoveria um debate necessário para o avanço sobre o tema no Brasil. Outra

crítica feita ao 3º PNDH é a de que ele supostamente não teria sido debatido pela sociedade nem pelo Congresso Nacional. “Essa crítica é infundada, porque todos os projetos serão analisados pelo Legislativo”, lembra o deputado de Goiás. Ele se refere à expectativa de que o Executivo envie ao Congresso, ao longo de 2010, 27 projetos para regulamentar o programa.

Entre as pessoas que participaram da audiência, uma das que fizeram a defesa do programa com maior contundência foi a representante do Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos, Andrezza Caldas. Segundo ela, os maiores críticos ao texto não têm autoridade para represen-tar a população porque representariam o “Brasil colonial”, identificado por ela como as Forças Armadas, o clero e os grandes proprietários de terra. “Não há espaço para manifestação da população”, acusa.

O secretário-geral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado Coelho, também cobrou a implementação integral do plano, especialmente o trecho que trata do atendimento às vítimas de violência no Brasil. Se-gundo ele, este é o principal ponto a ser garantido nesta última versão do documento, pois já havia sido incluído nos dois programas anteriores e nunca foi implementado.

“O Estado deve cuidar da assistência material e psicológica às vítimas da violên-cia. Não podemos ter o discurso dos direitos humanos apenas para quem pratica o crime, que obviamente deve ter seus direitos respeitados, mas estamos relegando a segundo plano o atendimento às vítimas”, afirma Furtado Coelho. (RB)

Plenário poderá discutir tema em comissão geral

OAB cobra atendimento do Estado às vítimas de violência

JaNiNE MOraEs