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DESCARTES E O RACIONALISMO
http://fil11.blogspot.com/2008_02_26_archive.html
O RACIONALISMO
-O Racionalismo é uma corrente que defende que a origem do
conhecimento é a razão.
-Os racionalistas acreditam que só a razão pode levar a um
conhecimento rigoroso.
-Os racionalistas desvalorizam os sentidos e a experiência devido à
sua falta de rigor.
-Os racionalistas possuem uma visão optimista da razão porque
acreditam que ela possibilita o conhecimento humano.
DESCARTES (1596-1650)
-Sendo um racionalista convicto, Descartes procurou combater os
cépticos e reabilitar a razão.
-Os cépticos duvidavam ou negavam mesmo que a razão pudesse
conduzir ao conhecimento.
-Descartes vai procurar demonstrar que a razão é a origem do
conhecimento humano.
DESCARTES E O MÉTODO
-Para mostrar que a razão pode atingir um conhecimento verdadeiro,
Descartes vai criar um método.
-Este método tem como objectivo a obtenção de uma verdade
indiscutível.
-De entre as regras do método, pode destacar-se a regra da
evidência.
-Esta regra diz-nos para não aceitarmos como verdadeiro tudo que
possa deixar dúvidas.
-A dúvida é, portanto, um elemento muito importante do método.
A DÚVIDA
-Recusando tudo que possa suscitar incerteza, a dúvida afirma-se
como um modo de evitar o erro.
-A dúvida é um instrumento da razão na busca da verdade.
-A dúvida procura impedir a razão de considerar verdadeiros
conhecimentos que não merecem esse nome.
CARACTERÍSTICAS DA DÚVIDA-A dúvida é: »metódica (faz parte de um método que procura o conhecimento verdadeiro);»provisória (é temporária, isto é, pretende-se ultrapassá-la e chegar à verdade);»hiperbólica (exagerada propositadamente, para que nada lhe escape);»universal (aplica-se a todo o conhecimento em geral);»radical (incide sobre os fundamentos, as bases de todo o conhecimento);»uma suspensão do juízo (ao duvidar evitam-se os erros e os enganos);»catártica (purifica e liberta a mente de falsos conhecimentos);»um exercício voluntário e autónomo (não é imposta, é uma iniciativa pessoal);»uma prova rigorosa (nada será aceite como verdadeiro sem ser posto em dúvida);»um exame rigoroso (que afasta tudo que possa ser minimamente duvidoso).
NÍVEIS DE APLICAÇÃO DA DÚVIDA
-Descartes vai aplicar a dúvida a tudo que possa causar incerteza,
nomeadamente:
»as informações dos sentidos;
»as nossas opiniões, crenças e juízos precipitados;
»as realidades físicas e corpóreas e, duma maneira geral, tudo que
julgamos real;
»os conhecimentos matemáticos;
»também Deus é submetido à prova rigorosa da dúvida, uma vez que
Descartes coloca a hipótese de Deus poder ser enganador ou um
génio do mal.
-A dúvida hiperbólica e radical e a possibilidade de Deus ser
enganador parecem levar a um beco sem saída. Quer dizer, torna-se
quase impossível acreditar que a razão humana pode alcançar
conhecimentos verdadeiros. No entanto, há uma saída.
O COGITO (PENSO, LOGO, EXISTO)
-A dúvida irá conduzir a razão a uma primeira verdade incontestável.
-Mesmo que se duvide ao máximo, não se pode duvidar da existência
daquele que duvida.
-A dúvida é um acto do pensamento e não pode acontecer sem um
autor.
-Chegamos então à primeira verdade: «penso, logo, existo» (cogito
ergo sum).
-Toda a mente humana sabe de forma clara e distinta que, para
duvidar, tem que existir.
-A verdade, para Descartes, deve obedecer aos critérios da clareza e
distinção.
-A verdade «eu penso, logo, existo» é uma evidência. Trata-se de um
conhecimento claro e distinto que irá servir de modelo para todas as
verdades que a razão possa alcançar.
-Este tipo de conhecimento deve-se exclusivamente ao exercício da
razão e não dos sentidos.
-Descartes mostrou que a razão, só por si, é capaz de produzir
conhecimentos verdadeiros, pois ela alcançou uma verdade
inquestionável.
-Mas apesar da razão ter chegado ao conhecimento verdadeiro,
ainda não está excluída a hipótese do Deus enganador.
-Descartes considera fundamental demonstrar a existência de Deus,
um Deus que traga segurança e seja garantia das verdades.
A EXISTÊNCIA DE DEUS
-Descartes considera que termos a percepção que existimos não
chega para a fundamentação do conhecimento.
-Para Descartes, é essencial descobrir a causa de o nosso
pensamento funcionar como funciona e explicar a causa da
existência do sujeito pensante.
-Descartes parte das ideias que estão presentes no sujeito para
provar a existência de Deus.
-As ideias que qualquer indivíduo possui são de três tipos:
adventícias, factícias e inatas.
-Uma das ideias inatas que todos nós temos na mente é a ideia de
perfeição. É esta ideia que Descartes vai usar como ponto de partida
para as provas da existência de Deus.
PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
-Descartes apresenta três provas:
»1ª prova: sendo Deus perfeito, tem que existir. Não é possível
conceber Deus como perfeição e não existente.
»2ª prova: a causa da ideia de perfeito não pode ser o ser pensante
porque este é imperfeito. A ideia de perfeição só pode ter sido criada
por algo perfeito, Deus.
»3ª prova: o ser pensante não pode ter sido o criador de si próprio,
pois se tivesse sido ter-se-ia criado perfeito. Só a perfeição divina
pode ter sido a criadora dor ser imperfeito e finito que é o homem e
de toda a realidade.
A IMPORTÂNCIA DE DEUS NO SISTEMA CARTESIANO E A
QUESTÃO DOS ERROS DO SER HUMANO
-Deus, sendo perfeito, não pode ser enganador. Enquanto perfeição,
Deus é garantia da verdade das nossas ideias claras e distintas (por
exemplo: 2+2=4 ou «penso,logo, existo»).
-Se Deus é perfeito e criador do homem e da realidade, então é
também o criador das verdades incontestáveis e o fundamento da
certeza.
-Segundo Descartes, é Deus que garante a adequação entre o
pensamento evidente (verdadeiro) e a realidade, conferindo assim
validade ao conhecimento.
-Deus é a perfeição, ou seja, é o bem, a virtude, a eternidade, logo,
não poderá ser o autor do mal nem responsável pelos nossos erros.
-Se Deus não existisse e não fosse perfeito, não teríamos a garantia
da verdade dos conhecimentos produzidos pela razão, nem teríamos
a garantia de que um pensamento claro e distinto corresponde a uma
evidência, isto é, a uma verdade incontestável. Se Deus não é
enganador, então as nossas evidências racionais são absolutamente
verdadeiras.
-Se Deus não existisse, para Descartes, seria «o caos» e nunca
poderíamos ter a garantia do funcionamento coerente da nossa razão
nem ter noção de como se tornou possível a nossa existência.
-Os erros do ser humano resultam de um uso descontrolado da
vontade, quando esta se sobrepõe à razão.
-Erramos quando usamos mal a nossa liberdade e quando aceitamos
como evidentes afirmações que o não são, logo, Deus não é
responsável pelos nossos erros mas é garantia das verdades
alcançadas pela razão humana.
DAVID HUME E O EMPIRISMO
DAVID HUME (1711-1776)
-Hume realizou uma investigação sobre a origem, possibilidade e
limites do conhecimento.
-Este autor pensa que a capacidade cognitiva da razão humana é
limitada e que não existe nenhum fundamento objectivo para o
conhecimento.
-O empirismo de David Hume opõe-se, portanto, ao racionalismo de
Descartes.
-Segundo Hume, todo o conhecimento deriva da experiência.
-Para este filósofo escocês, todas as nossas ideias têm origem nas
impressões dos sentidos.
IMPRESSÕES E IDEIAS
-Segundo Hume, o conhecimento é constituído por impressões e
ideias.
-As impressões englobam as sensações, as emoções e as paixões.
-As impressões possuem um elevado grau de força e vivacidade,
porque correspondem a uma experiência presente ou actual.
-As impressões são a base, a origem, o ponto de partida dos
conhecimentos.
-As ideias são as representações ou imagens das impressões no
pensamento.
-As ideias são memórias ou imagens enfraquecidas das impressões
no pensamento.
-As ideias são menos vivas e intensas do que as impressões, já que
estas são a causa das ideias.
-Não pode existir ideia sem uma impressão prévia.
-Não há conhecimento fora dos limites impostos pelas impressões.
OS TIPOS DE CONHECIMENTO: CONHECIMENTO DE
RELAÇOES DE IDEIAS E CONHECIMENTO DE FACTOS
-Para Hume, o conhecimento de relação de ideias consiste em
estabelecer relações entre as ideias que fazem parte de uma
afirmação ou de um pensamento.
-Podemos relacionar ideias sem recorrer à experiência, embora todas
as ideias derivem das impressões sensíveis.
-O conhecimento de relações de ideias é independente dos factos e,
segundo Hume, não nos dá novas informações.
-Este tipo de conhecimento está principalmente ligado à lógica e à
matemática.
-Trata-se de um conhecimento que relaciona conceitos ou ideias e
que se baseia no princípio de não contradição.
-Segundo Hume, o conhecimento humano também se refere a factos,
à experiência.
-Este conhecimento relativo aos factos baseia-se na experiência
sensível e é-nos proporcionado pelas nossas impressões.
-O conhecimento de factos não se baseia no princípio de não
contradição, já que é possível afirmar o contrário de um facto.
-A verdade ou falsidade de um conhecimento de factos só pode ser
determinada através do confronto com a experiência, isto é, a
posteriori.
O PROBLEMA DA CAUSALIDADE
-Hume diz-nos que todas as ideias derivam de impressões sensíveis.
-Assim, do que não há impressão sensível não há conhecimento.
-Deste modo, não podemos dizer que tenhamos conhecimento a
priori da causa de um acontecimento, ou de um facto.
-Embora tendo consciência da importância que o princípio de
causalidade teve na história da humanidade, Hume vai submetê-la a
uma crítica rigorosa.
-Segundo David Hume, o nosso conhecimento dos factos restringe-se
às impressões actuais e às recordações de impressões passadas.
-Assim, se não dispomos de impressões relativas ao que acontecerá
no futuro, também não possuímos o conhecimento dos factos futuros.
-Não podemos dizer o que acontece no futuro porque um facto futuro
ainda não aconteceu.
-Contudo, há muitos factos que esperamos que se verifiquem no
futuro. Por exemplo, esperamos que um papel se queime se o
atirarmos ao fogo.
-Esta certeza que julgamos ter (que o papel se queima), tem por base
a noção de causa (nós realizamos uma inferência causal), ou seja,
atribuímos ao fogo a causa de o papel se queimar.
-Sucede que, segundo Hume, não dispomos de qualquer impressão
da ideia de causalidade necessária entre os fenómenos.
-Hume afirma que só a partir da experiência é que se pode conhecer
a relação entre a causa e o efeito.
-Para o autor escocês, não se pode ultrapassar o que a experiência
nos permite.
-A experiência é, pois, a única fonte de validade dos conhecimentos
de factos. Quer dizer que só podemos ter um conhecimento a
posteriori.
-A única coisa que sabemos é que entre dois fenómenos se verificou,
no passado, uma sucessão constante, ou seja, que a seguir a um
determinado facto ocorreu sempre um mesmo facto.
CONCLUSÕES
-Para D. Hume, é o hábito que nos leva a inferir uma relação de
causa e efeito entre dois fenómenos.
-Se no passado ocorreu sempre um determinado facto a seguir a
outro, então nós esperamos que no presente e no futuro também
ocorra assim.
-O hábito e o costume permitem-nos partir de experiências passadas
e presentes em direcção ao futuro.
-Por isso, o nosso conhecimento de factos futuros não é um
conhecimento rigoroso, é apenas uma convicção que se baseia num
princípio psicológico: o hábito.
-O hábito é, no entanto, um guia importante na vida prática e no dia-
a-dia.
-Uma vez que ainda não vivemos o futuro, o hábito permite-nos
esperar o que poderá acontecer e leva-nos a ter prudência e cuidado,
ou boas expectativas.
-Enquanto seres humanos, temos vontade (e adaptamo-nos à ideia)
de que o futuro seja previsível e, portanto, controlável.
http://www.slideshare.net/AnaKlein1/ppt-o-racionalismo-de-descartes