140
Desenvolvimento de um Modelo de Avaliação Expedita de Pavimentos Aeronáuticos Índice Integrado de Avaliação Expedita (IIAE) aplicado ao caso do Aeródromo Municipal de Cascais João Maia e Silva Rodrigues Luís Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Professor Doutor António Heleno Domingues Moret Rodrigues Orientador: Professor Doutor Joaquim Jorge da Costa Paulino Pereira Vogais: Professor Doutor José Manuel Coelho das Neves Março de 2010

Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

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Page 1: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

Desenvolvimento de um Modelo de Avaliação Expedita de

Pavimentos Aeronáuticos

Índice Integrado de Avaliação Expedita (IIAE) aplicado ao caso do

Aeródromo Municipal de Cascais

João Maia e Silva Rodrigues Luís

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Júri

Presidente: Professor Doutor António Heleno Domingues Moret Rodrigues

Orientador: Professor Doutor Joaquim Jorge da Costa Paulino Pereira

Vogais: Professor Doutor José Manuel Coelho das Neves

Março de 2010

Page 2: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da
Page 3: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

I

AGRADECIMENTOS

A realização do presente trabalho só foi possível com a colaboração e apoio de pessoas

às quais não quero deixar de manifestar os meus agradecimentos, em particular:

Ao Professor Doutor Joaquim Jorge Paulino Pereira, Professor Associado do Instituto

Superior Técnico, pela possibilidade de desenvolver este tema sob sua orientação e

toda a disponibilidade demonstrada durante a execução da dissertação.

Ao Arquitecto Carlos Reis, da Arcascais E. M., pela disponibilidade, informações

transmitidas acerca das características do aeródromo e simpatia em me receber no

Aeródromo Municipal de Cascais sempre que necessário para a realização do trabalho

de campo.

Ao Eng. Lúcio Pereira, da Armando Cunha S. A., pela colaboração na disponibilização

do equipamento e material necessários para os ensaios à macrotextura do pavimento,

sem o qual uma componente do estudo não poderia ter sido aplicada.

Aos meus colegas de curso, que me acompanharam e apoiaram durante o percurso

universitário em geral e no desenrolar deste trabalho em particular.

À minha família pelo incansável apoio durante todo o trabalho, bem como aos meus

amigos pela palavra de incentivo nas alturas certas, que juntos me possibilitaram as

condições óptimas para a realização deste estudo.

Page 4: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

II

RESUMO

Os Sistemas de Gestão de Pavimentos Aeronáuticos, com base nos índices

actualmente conhecidos, ainda não se encontram totalmente introduzidos em

Portugal e a conjuntura actual torna a sua implementação na maioria dos aeródromos

nacionais uma possibilidade remota.

Com o objectivo de agilizar os procedimentos associados à implementação desses

sistemas de gestão, para que se continuem a veicular os recursos financeiros para as

fases das intervenções de manutenção, é desenvolvida e proposta, nesta dissertação,

uma metodologia de abordagem à avaliação de pavimentos aeronáuticos inédita.

De forma a constituir-se como uma alternativa aos reconhecidos índices de avaliação

da condição de pavimentos já existentes, o modelo do Índice Integrado de Avaliação

Expedita, aqui introduzido, tem como objectivos fundamentais a redução de custos

associados a esta fase de levantamento e processamento de informação e a

simplificação de procedimentos, que tornem simultaneamente a aplicação do modelo

menos onerosa e mais expedita.

Com a crescente valorização, nos últimos anos, das características superficiais dos

pavimentos aeronáuticos, integra-se ainda no índice desenvolvido neste trabalho uma

componente de avaliação funcional do pavimento, através de ensaios expeditos à

macrotextura dos pavimentos (ensaio da Mancha de Areia).

Para além de se introduzirem os conceitos teóricos do novo modelo, é apresentado

um caso de estudo prático onde este novo modelo foi aplicado para a calibração e a

concretização da sua formulação matemática.

Os resultados obtidos neste caso de estudo, apesar de carecerem de verificação

mediante mais aplicações, são satisfatórios e prometedores das potencialidades que

esta nova filosofia integrada de avaliação expedita da condição de pavimentos

aeronáuticos pode representar para os aeródromos nacionais.

Palavras-chave

Pavimentos Aeronáuticos

Condição de Pavimentos

Textura

Avaliação Expedita

Page 5: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

III

ABSTRACT

Airfield Pavement Management Systems (APMS), based on the presently known

indexes, are still not fully implemented in Portugal and today’s world economy makes

the implementation in the majority of the national aerodromes a remote possibility.

With the goal of speeding up the procedures connected to the implementation of

these management systems so that they can continue to convey the necessary

financial resources for the stages of maintenance, an unprecedented methodology

that tackles the subject of aeronautical surfaces evaluation will be developed and

proposed throughout this dissertation.

In order to become an alternative to the recognized evaluation rating indexes already

known, the model Prompt Evaluation and Integrated Index (IIAE), here introduced, has

as its elementary goals the reduction of costs connected with this stage of survey and

data processing, as well as the simplification of procedures, that will simultaneously

turn the application of the model less onerous and more prompt.

With the increasing concern, in recent years, for the characteristics of airfield

pavements surfaces, another component of functional evaluation of the surface is also

combined in the index developed in this work through tests applied to the

macrotexture of the surface (Standard Test Method for Measuring Pavement

Macrotexture Deph Using a Volumetric Technique).

Besides the introduction of the theoretical concepts of the new model, a particular

case study is also presented where this same model was applied with the intention of

calibrating and proceeding to the creation of its mathematical formula.

The obtained results in this case study, although revealing a lack of verification by

means of more applications, are satisfactory and promising of the potential that this

new prompt and integrated evaluation of airfield pavements conditions philosophy can

represent for the portuguese aerodromes.

Key - Words

Airfield Pavements

Pavement Condition

Texture

Prompt Evaluation

Page 6: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

IV

Índice

1 Introdução ..................................................................................................................... 1

1.1 Motivação ............................................................................................................... 1

1.2 Objectivos ............................................................................................................... 2

1.3 Estrutura Geral ....................................................................................................... 3

1.4 Breves considerações sobre a Aeronáutica ............................................................ 4

2 Pavimentos Aeronáuticos .............................................................................................. 7

2.1 Descrição de um Aeródromo .................................................................................. 7

2.2 Caracterização de Pavimentos Aeronáuticos ......................................................... 8

2.2.1 Introdução ....................................................................................................... 8

2.2.2 Tipos de Pavimentos ........................................................................................ 9

2.2.2.1 Pavimentos Flexíveis................................................................................. 9

2.2.2.2 Pavimentos Rígidos................................................................................... 9

2.2.2.3 Variáveis de Dimensionamento.............................................................. 10

2.2.3 Pavimentos Rodoviários versus Pavimentos Aeronáuticos .......................... 11

2.3 Modelos de Avaliação de Pavimentos Aeronáuticos ........................................... 12

2.3.1 Introdução ..................................................................................................... 12

2.3.2 Capacidade Estrutural ................................................................................... 12

2.3.3 Classificação ACN/PCN .................................................................................. 13

2.3.4 Avaliação da Condição de um Pavimento ..................................................... 16

2.3.4.1 Índice de Condição do Pavimento (PCI) ................................................. 16

2.3.4.2 Índice de Classificação da Condição (Condition Rating Index - CRI) ...... 18

2.3.4.3 Forma de cálculo do CRI (Condition Rating Index) ................................. 19

2.4 Índices de Avaliação da Textura e Rugosidade Superficial ................................... 20

2.4.1 Textura e Rugosidade de Pavimentos Aeronáuticos ..................................... 20

2.4.2 Índices de Rugosidade Superficial dos Pavimentos....................................... 22

2.4.3 Ensaio da Mancha de Areia ........................................................................... 26

2.5 Sistemas de Gestão de Pavimentos Aeronáuticos ............................................... 27

2.6 Síntese .................................................................................................................. 29

3 Modelo Proposto para Avaliação Integrada e Expedita da Condição de um Pavimento

........................................................................................................................................ 30

Page 7: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

V

3.1 Introdução ............................................................................................................ 30

3.2 Processo de Divisão dos Pavimentos (Grelha D) .................................................. 31

3.3 Avaliação Subjectiva Directa da Condição do Pavimento (Matrizes S e S’) ......... 35

3.4 Avaliação do Índice de Manifestação de Degradação (Matriz A) ........................ 38

3.5 Integração da Textura Superficial no Modelo do Índice Integrado de Avaliação

Expedita ...................................................................................................................... 40

3.6 Metodologia de Cálculo do Índice Integrado de Avaliação Expedita (IIAE) ......... 42

3.6.1 Introdução ......................................................................................................... 42

3.6.2 Cálculo do DMI e IIAE para uma secção ............................................................ 42

3.6.3 Cálculo do IIAE para uma zona .......................................................................... 46

3.7 Síntese .................................................................................................................. 47

4 Caso de Estudo – Aeródromo Municipal de Cascais ................................................... 48

4.1 Introdução ............................................................................................................ 48

4.2 Caracterização do Aeródromo .............................................................................. 48

4.3 Resenha Histórica ................................................................................................. 52

4.4 Aplicação do Índice Integrado de Avaliação Expedita (IIAE) ................................ 54

4.4.1 Introdução ..................................................................................................... 54

4.4.2 Divisão da Área de Pavimento a Analisar ...................................................... 54

4.4.3 Avaliação Subjectiva Directa da Condição do Pavimento ............................. 56

4.4.4 Avaliação do Índice de Manifestação de Fadiga (DMI) ................................. 58

4.4.5 Avaliação da Textura do Pavimento .............................................................. 60

4.4.5.1 Introdução .............................................................................................. 60

4.4.5.2 Ensaio da Mancha de Areia .................................................................... 61

4.4.6 Determinação do IIAE de cada secção e da Placa de Estacionamento Alfa do

AMC ........................................................................................................................ 62

4.5 Síntese .................................................................................................................. 64

5 Manual de Avaliação da Condição de Pavimentos Aeronáuticos proposto pelo

signatário ........................................................................................................................ 66

5.1 Introdução ............................................................................................................ 66

5.2 Anomalias em Pavimentos Flexíveis ..................................................................... 67

5.2.1 Defeitos de Textura ....................................................................................... 68

5.2.1.1 Desagregação superficial ........................................................................ 68

5.2.1.2 Exsudação ............................................................................................... 69

Page 8: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

VI

5.2.1.3 Polimento dos Agregados ....................................................................... 70

5.2.1.4 Erosão de Jacto ....................................................................................... 71

5.2.2 Deformação da Superfície ............................................................................. 72

5.2.2.1 Rodeiras .................................................................................................. 72

5.2.2.2 Ondulações ............................................................................................. 73

5.2.2.3 Depressões ............................................................................................. 74

5.2.2.4 Empolamentos ........................................................................................ 75

5.2.3 Fendilhamento............................................................................................... 76

5.2.3.1 Fendilhamento Térmica.......................................................................... 76

5.2.3.2 Fendas de Reflexão ................................................................................. 77

5.2.3.3 Fendas de Escorregamento Lateral ........................................................ 78

5.2.3.4 Fendas em Juntas e nas Bordas do Pavimento ...................................... 79

5.2.3.5 Fendas Cruzadas ..................................................................................... 80

5.2.3.6 Fendas Pele de Crocodilo ....................................................................... 81

5.2.4 Remendos e Buracos ..................................................................................... 83

5.2.4.1 Remendos ............................................................................................... 83

5.2.4.2 Buracos ................................................................................................... 84

5.2.5 Agressões Químicas e Mecânicas .................................................................. 85

5.2.5.1 Derrame de Combustíveis, Óleos e outros solventes ............................ 85

5.2.5.2 Rasgo ou Depressão de Impacto ............................................................ 86

5.3 Síntese .................................................................................................................. 87

6 Conclusões ................................................................................................................... 89

6.1 Considerações Finais ............................................................................................ 89

6.2 Conclusões Gerais ................................................................................................. 90

6.3 Proposta de Desenvolvimentos Futuros .............................................................. 91

7 Bibliografia ................................................................................................................... 93

Anexos……………………………………………………………………………………………………………………….97

Anexo I.1 – Grelha D para análise do pavimento do caso de estudo……………….98

Anexo I.2 – Exemplo de Matriz A…………………………………………………………………….99

Anexo II – Matrizes S e S’ de classificação de pavimentos do caso de estudo 101

Anexo III – Matriz A do levantamento de anomalias do Caso de Estudo……….103

Page 9: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

VII

Anexo IV – Plano Resumido de Ensaios da Mancha de Areia…………………………105

Anexo V – Mapa de localização de ensaios da Mancha de Areia……………………106

Anexo VI – Fichas individuais de resultados do ensaio da Mancha de Areia….108

Anexo VII – Grelha D com resultados do IIAEi………………………………………………. 123

Anexo VIII – Grelhas de classificação com as anomalias relevantes……………...124

Page 10: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

VIII

Índice de Figuras

Figura 1.1 Voo dos irmãos Wright _________________________________________ 4

Figura 1.2 Charles Augustus Lindbergh _____________________________________ 4

Figura 1.3 "Ícaro e Dédalo", por Charles Paul Landon __________________________ 5

Figura 1.4 Passarola de Bartolomeu de Gusmão ______________________________ 5

Figura 1.5 O 14-bis de Santos-Dumont a ser testado no campo de Bagatelle, em 1906 6

Figura 1.6 Um dos primeiros hidro-aviões ___________________________________ 6

Figura 2.1 Variáveis e escala do PCI, extraído de (VELOSO, 2001) ________________ 18

Figura 2.2 Âmbito das designações de textura em função do comprimento de onda

(extraído de (MENEZES, 2008); adaptado de (AIPCR/PIARC, 2003)) __________ 21

Figura 2.3 Escala IRI (adaptado de (SAYERS, et al., September 1998)) ____________ 23

Figura 2.4 Veículo instrumentado para múltiplas análises da superfície de pavimentos,

extraída de (WSDOT, 2009) _________________________________________ 25

Figura 2.5 Grip Tester, extraída de (IRVINE, 2009) ____________________________ 25

Figura 2.6 Mu-Meter, extraída de (INTERNATIONAL, 2009) ____________________ 25

Figura 2.7 Típico Ciclo de Vida da Condição de um Pavimento, extraído de (SHAHIN,

2005) ___________________________________________________________ 28

Figura 3.1 Exemplo de divisão e designação de duas sub-zonas de uma placa de

estacionamento de aeronaves _______________________________________ 32

Figura 3.2 Exemplo de divisão de uma Zona de pavimento (placa de estacionamento

em pavimento flexível) em secções numeradas (10 m x 10 m) ______________ 33

Figura 3.3 Grelha D e Matriz S para o exemplo da Figura 15 ____________________ 36

Figura 3.4 Matriz S e Matriz S' para o exemplo da Figura 15 ____________________ 37

Figura 4.1 Aeródromo de Tires visto do céu, extraída de (ARCASCAIS E. M., 2009) __ 49

Figura 4.2 Aeródromo Municipal de Cascais, extraída de (ARCASCAIS E. M., 2009) __ 53

Figura 4.3 Grelha D para o Caso de Estudo _________________________________ 55

Figura 4.4 Matriz S ____________________________________________________ 56

Figura 4.5 Matriz S' ____________________________________________________ 57

Figura 4.6 Mapa de ensaios da Mancha de Areia utilizados no modelo do IIAE _____ 62

Figura 4.7 Distribuição dos resultados do IIAE _______________________________ 64

Figura 5.1 Desagregação superficial (nível 1) ________________________________ 69

Figura 5.2 Desagregação superficial (nível 2) ________________________________ 69

Figura 5.3 Exsudação extensa (nível 2) _____________________________________ 70

Figura 5.4 Polimento como uma anomalia entre outras mais gravosas ___________ 71

Page 11: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

IX

Figura 5.5 Polimento de agregados como anomalia evidente, ainda que seja

acompanhada de desagregação da superfície numa fase inicial _____________ 71

Figura 5.6 Rodeiras com filme de água após chuvas, extraída de (U. S. Department of

Transportation, 2004) ______________________________________________ 72

Figura 5.7 Rodeira profunda, com mais de 2cm, acompanhada de fendilhamento,

extraída de (U. S. Department of Transportation, 2004) ___________________ 73

Figura 5.8 Ondulações significativas da superfície do pavimento, extraída de (U. S.

Department of Transportation, 2004) _________________________________ 73

Figura 5.9 Depressão com profundidade inferior a 1,5cm, numa secção com outras

anomalias importantes _____________________________________________ 74

Figura 5.10 Depressão significativa, numa secção com outra anomalia também

evidente (Desagregação da superfície) ________________________________ 74

Figura 5.11 Empolamento com mais de 2cm de altura, extraída de (U. S. Department of

Transportation, 2004) ______________________________________________ 75

Figura 5.12 Fendas térmicas numa secção com outras anomalias mais gravosas ___ 76

Figura 5.13 Fendas térmicas como anomalia preponderante na secção ___________ 76

Figura 5.14 Fenda de reflexão do fim do pavimento inferior ___________________ 77

Figura 5.15 Fendas de reflexão do pavimento inferior, extraída de (U. S. Department of

Transportation, 2004) ______________________________________________ 77

Figura 5.16 Fendas de escorregamento lateral, com forte desagregação, extraída de (U.

S. Department of Transportation, 2004) _______________________________ 78

Figura 5.17 Junta de pavimento com fenda aberta apesar da existência de anomalias

mais gravosas (nível 1) _____________________________________________ 79

Figura 5.18 Fendas e deterioração avançada na junta do pavimento (nível 2) ______ 79

Figura 5.19 Fendas cruzadas numa secção com outras anomalias mais gravosas

(rodeiras e derrame de óleos) _______________________________________ 80

Figura 5.20 Fendas cruzadas formando blocos e abertas, permitindo a entrada de água,

extraída de (U. S. Department of Transportation, 2004) ___________________ 81

Figura 5.21 Pele de crocodilo existente mas numa área diminuta, com outras

anomalias mais gravosas na secção ___________________________________ 82

Figura 5.22 Pele de crocodilo extensa e claramente condicionante da classificação da

secção (nível 2) ___________________________________________________ 82

Figura 5.23 Junta do remendo aberta mas sem influência na classificação da secção

(nível 1) _________________________________________________________ 83

Figura 5.24 Junta do remendo aberta e ligeiro assentamento deste (nível 2) ______ 83

Figura 5.25 Buraco com 2cm de profundidade, mas limitado na área, com outras

anomalias na secção (nível 1 ou 2) ____________________________________ 84

Figura 5.26 Buraco com 2cm de profundidade mas de área significativa e desagregação

importante (nível 2) _______________________________________________ 84

Figura 5.27 Derrame de pequena quantidade de combustível ou óleo (nível 1) ____ 85

Figura 5.28 Derrame significativo de óleos na secção (nível 2) __________________ 85

Page 12: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

X

Figura 5.29 Rasgo provocado por arrastamento de elemento metálico, pouco

significante (nível 1) _______________________________________________ 86

Figura 5.30 Depressão provocada por impacto mecânico, com forte desagregação

(nível 2) _________________________________________________________ 87

Page 13: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

XI

Índice de Tabelas

Tabela 2.1 Variáveis de que depende o desempenho de um pavimento, extraída de

(ICAO, 1983) _____________________________________________________ 10

Tabela 2.2 Valores ACN para pavimentos flexíveis, para a aeronave Fokker 100,

extraída de (ICAO, 1983) ___________________________________________ 14

Tabela 2.3 Classificação ACN/PCN segundo o tipo de pavimento ________________ 15

Tabela 2.4 Classificação ACN/PCN segundo a resistência do solo de fundação _____ 15

Tabela 2.5 Classificação ACN/PCN segundo a pressão dos pneus ________________ 15

Tabela 2.6 Classificação ACN/PCN segundo o método de determinação __________ 16

Tabela 3.1 Códigos de Zona, definidores do tipo de utilização, segundo (VELOSO, 2001)

_______________________________________________________________ 32

Tabela 3.2 Geometria sugerida para as secções em função da zona ______________ 33

Tabela 3.3 Descrição da classificação efectuada no exemplo da Figura 15 _________ 34

Tabela 3.4 Numeração e classificação de secções parciais de pavimento __________ 34

Tabela 3.5 Classificação Subjectiva Directa da Condição dos Pavimentos _________ 36

Tabela 3.6 Excerto de um exemplo de Matriz A _____________________________ 38

Tabela 3.7 Critérios de Classificação das Anomalias __________________________ 39

Tabela 3.8 Designação correspondente à Classificação das Anomalias ___________ 39

Tabela 3.9 Enquadramento da macrotextura no modelo do IIAE ________________ 41

Tabela 3.10 Exemplo de Determinação das Variáveis "X" e "Y" _________________ 43

Tabela 3.11 Matriz B para factor de correcção dk ____________________________ 45

Tabela 4.1 Características geométricas da Pista do AMC, adaptado de (FONTUL, 2007)

_______________________________________________________________ 49

Tabela 4.2 Características dos caminhos de circulação do AMC, adaptado de (FONTUL,

2007) ___________________________________________________________ 50

Tabela 4.3 Características dos caminhos de circulação poentes do AMC, adaptado de

(FONTUL, 2007) __________________________________________________ 50

Tabela 4.4 Características das placas de estacionamento a nascente do AMC, adaptado

de (FONTUL, 2007) ________________________________________________ 50

Tabela 4.5 Características das placas de estacionamento poentes do AMC, adaptado de

(FONTUL, 2007) __________________________________________________ 50

Tabela 4.6 Características da placa de estacionamento Alfa do AMC, extraida de (NAV,

2009) ___________________________________________________________ 55

Tabela 4.7 Resultados da Avaliação Subjectiva Directa da Condição do Pavimento __ 58

Tabela 4.8 Resultados do Índice de Manifestação de Fadiga ___________________ 60

Page 14: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

XII

Tabela 4.9 Resultados dos ensaios da Mancha de Areia utilizados na determinação do

IIAE ____________________________________________________________ 62

Tabela 4.10 Resultados do IIAE de cada secção ______________________________ 63

Tabela 4.11 Resultados do IIAE com integração da macrotextura _______________ 63

Tabela 5.1 Tipos e codificação das anomalias, adaptado de (U. S. Department of

Transportation, 2004) ______________________________________________ 68

Page 15: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

XIII

LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

ACN – Aircraft Classification Number

AIP – Aeronautical Information Publication

AMC – Aeródromo Municipal de Cascais

ASTM – American Society for Testing and Materials

CBR – California Bearing Ratio

CRI – Condition Rating Index (Índice de Classificação de Pavimentos)

DMI – Distress Manifestation Index (Índice de Manifestação de Fadiga)

EP – Estradas de Portugal, S.A.

FAA – Federal Aviation Administration

FOD – Foreign Object Damage (Danos de Objectos Exteriores)

ICAO – International Civil Aviation Organization

IFI – International Friction Index (Índice de Atrito Internacional)

IIAE – Índice Integrado de Avaliação Expedita

IRI – International Roughness Index (Índice de Irregularidade Internacional)

LCCA – Life Cycle Cost Analysis (Análise ao Custo do Ciclo de Vida)

LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil

NAV – Navegação Aérea Portuguesa

PCI – Pavement Condition Index (Índice de Condição de Pavimento)

PCN – Pavement Condition Index

RCI – Riding Comfort Index

SGPA – Sistemas de Gestão de Pavimento Aeronáuticos

SN – Skid Resistance Number (Resistência à derrapagem)

Page 16: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

1

1 Introdução

1.1 Motivação

Realizada no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Civil, no ano lectivo

2008/2009, esta dissertação tem como tema o “Desenvolvimento de um Modelo de

Avaliação Expedita de Pavimentos Aeronáuticos”. Este tema surge como resultado de

uma curiosidade por satisfazer, por parte do autor deste trabalho, sobre os sistemas

de avaliação e gestão da manutenção dos pavimentos de infraestruturas

aeroportuárias.

Dada a escolha do ramo de especialização ter recaído na Construção, não tendo sido

abordado com tanta profundidade os pavimentos aeronáuticos, a oportunidade de

realizar esta tese de dissertação nessa área tornou-se única e imperdível.

A oportunidade de poder estudar e aprofundar conhecimentos nesta área dos

pavimentos, tão específica como é a dos pavimentos aeronáuticos, conduziu o autor à

percepção da necessidade real das administrações dos aeródromos, em especial dos

mais pequenos, poderem ter acesso a ferramentas de apoio à decisão, no âmbito da

gestão da manutenção, que se constituam como credíveis alternativas aos existentes,

mais dispendiosos.

Tendo em consideração a realidade sócio-económica nacional e os requisitos não só

normativos, mas de competitividade, é do maior interesse estabelecer princípios e

gerir as infraestruturas, nomeadamente os pavimentos aeronáuticos, com o maior

empenho, de forma a conciliar a máxima eficácia aos menores custos.

É presentemente indiscutível que um bom planeamento e gestão de pavimentos

aumenta a qualidade das operações, garantindo melhores condições de segurança e

conforto, ao mesmo tempo que permite uma exploração nessas condições por mais

tempo, com menores custos de manutenção e reparação. Assim, conseguem-se

cumprir os objectivos de qualquer entidade responsável por estas infraestruturas com

maiores proveitos a médio e longo prazo.

Ao mesmo tempo, as regulamentações e recomendações que são produzidas nesta

área traduzem uma preocupação crescente muito significativa com as questões

abordadas atrás sobre a qualidade funcional dos pavimentos e, em particular, dos

aeronáuticos, uma vez que para os rodoviários já existem aplicados mais e melhor

divulgados Sistemas de Gestão de Pavimentos. Posto isto, resta salientar que a ICAO

tem seguido esta mesma tendência, recomendando a um leque cada vez maior de

infraestruturas aeroportuárias a adopção de sistemas de gestão eficazes, prevendo-se

que a sua obrigatoriedade esteja para um futuro próximo.

Page 17: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

2

1.2 Objectivos

Com este trabalho pretende-se contribuir de forma modesta mas inovadora, lançando

as bases de um novo modelo, no sentido de disponibilizar um método que seja

simples, expedito e de custos reduzidos que fique ao alcance de qualquer

administração de aeródromos.

Propõem-se estabelecer procedimentos claros para a avaliação da condição de

pavimentos aeronáuticos, para o seu processamento e verificação, com a finalidade de

enriquecer bases de dados integrantes de sistemas de gestão anteriores ou a

implementar de raiz, que sejam uma ajuda à decisão, na definição do planeamento de

intervenções de manutenção e reabilitação a médio e longo prazo.

O objectivo é prolongar a vida útil dos pavimentos mediante um planeamento

atempado e objectivo, conseguindo consequentemente uma maior eficácia funcional e

uma capitalização mais eficiente dos investimentos realizados ao longo do tempo. A

implementação destes Sistemas de Gestão de Pavimentos pode ainda servir, à

semelhança do que já acontece noutros países, para garantias de seguros mais

vantajosos para as administrações dos aeródromos.

A optimização de cada solução de pavimentação passa pela sua adequação às

solicitações dos trens das aeronaves, fundação e metodologias de projecto, adoptadas

caso a caso. Claramente uma solução que tenha que responder a condições de tráfego

e fundação, entre outras, mais agressivas, terá a priori um custo superior de execução.

No entanto, no panorama actual, é importante analisar que a médio e longo prazo

poderá trazer benefícios, reduzindo por exemplo, as necessidades de manutenção

(COSTA, 2008). É com este intuito que se pretende apresentar um modelo de avaliação

da condição de desempenho de um pavimento que ajude a optimizar o resultado das

intervenções a realizar.

Com o desenvolvimento de um modelo inédito torna-se indispensável a realização da

sua primeira aplicação e assim, dota-se este estudo de um cariz prático para além da

componente teórica. O caso de estudo prático é o Aeródromo Municipal de Cascais

(Aeródromo de Tires), onde se efectuaram os ensaios e a aplicação do modelo descrito

adiante, dentro das restrições de tempo e dimensão deste trabalho.

A principal função de um pavimento aeronáutico é constituir uma superfície livre e

desempenada, destinada às operações no solo das aeronaves em condições

adequadas de segurança, conforto e economia. Para cumprir essa função, a superfície

do pavimento deve possuir determinadas características, nomeadamente funcionais

de onde se destacam a aderência, a regularidade geométrica e a capacidade de

drenagem das águas superficiais (MENEZES, 2008). Com o objectivo de ser um modelo

o mais completo possível tratar-se-á de integrar, ao contrário do que acontecia até

Page 18: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

3

aqui com os modelos mais conhecidos, não só a avaliação estrutural através da

manifestação de fadiga à superfície como aliar a vertente funcional, com medidas

objectivas de determinação de características da textura.

1.3 Estrutura Geral

Após este capítulo inicial de apresentação dos objectivos e de introdução à temática

dos pavimentos aeronáuticos, a estrutura do trabalho será a seguinte:

No capítulo 2 caracteriza-se um aeródromo e os pavimentos aeronáuticos.

Definem-se as áreas específicas de um aeródromo e procede-se à comparação

dos pavimentos aeronáuticos com os rodoviários, salientando as diferenças

entre estes. A descrição dos pavimentos aeronáuticos incluirá métodos

específicos de determinação de capacidade estrutural e ainda modelos de

avaliação da sua condição superficial, do ponto de vista estrutural (PCI),

integrados (CRI) e meios de quantificação de características de textura.

No capítulo 3 apresentam-se as bases do novo modelo de avaliação integrada

da condição da superfície de pavimentos aeronáticos. Nele se introduzem as

diferentes fases constituintes do modelo, a descrição e enquadramento dos

resultados parciais, bem como o método de cálculo e obtenção do índice

inovador proposto.

No capítulo 4 procede-se à apresentação do caso de estudo deste trabalho, o

Aeródromo Municipal de Cascais, com a sua resenha histórica e caracterização

no panorama actual. De seguida demonstra-se a primeira aplicação do modelo

desenvolvido, com enfoque nos procedimentos sugeridos para a sua

prossecução, com base nas dificuldades sentidas durante a implementação. São

expostos os resultados obtidos em todas as fases de cálculo, discutindo e

comparando esses mesmos resultados.

No capítulo 5 complementam-se os procedimentos para a aplicação do modelo

com um guia prático de apoio directo aos avaliadores que o aplicarem. É assim

produzido um manual que ajuda à identificação e hierarquização das anomalias

detectadas durante as inspecções a um tipo de pavimentos, os flexíveis.

No capítulo 6 faz-se o fecho deste estudo, com a discussão dos resultados

obtidos, e com especial relevância para os pontos fortes e fracos que o modelo

introduzido apresenta. Deixam-se ainda as referências para aquilo que são os

indispensáveis contributos futuros para um modelo em fase embrionária.

Page 19: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

4

1.4 Breves considerações sobre a Aeronáutica

“A 17 de Dezembro de 1903, nos arredores de Kitty Hawk, Carolina do Norte, um

mecânico de bicicletas que dava pelo nome de Orville Wright lançou-se no ar uma

distancia de 120 ft” (Figura 1.1) (HORONJEFF, et al., 1993).

Figura 1.1 Voo dos irmãos Wright

“Apertei o meu cinto de segurança, coloquei os óculos sobre os meus olhos, virei-me

para o homem que se encontrava na torre e acenei. Imagens estáticas passaram à

acção. Um puxão nas cordas, as rodas estão livres. Preparei-me para o impacto

chegando-me contra o lado esquerdo do cockpit, vislumbrei a berma da pista, e

acelerei. Agora, numa questão de segundos, teremos uma resposta. Acção acarreta

confiança e alívio” (LINDBERGH, 1927). Charles Augustus Lindbergh (Figura 1.2) partiu

do Condado de Nassau, Estado de Nova Iorque, Estados Unidos da América, em

direcção a Paris, França, em 20 de Maio de 1927, tendo aterrado na capital francesa no

dia seguinte. O avião usado chamava-se “The Spirit of Saint Louis”, ficando Lindbergh

famoso por ter feito o primeiro voo solitário transatlântico sem escalas.

Figura 1.2 Charles Augustus Lindbergh

Page 20: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

5

Não é necessário recuar muitos anos para perceber que as infraestruturas

aeroportuárias são uma realidade em constante evolução, tanto na forma como no

grau de exigência de qualidade.

Isto apesar do sonho do Homem para procurar voar ter chegado até aos nossos dias

através de várias referências, desde logo com as mitológicas lendas de Ícaro (Figura

1.3), passando pelas pinturas murais das sepulturas egípcias, que representam seres

humanos dotados de asas (anjos), e que também aparecem nos monumentos Assírios

e Persas, até às crónicas que narram como os condenados à morte eram lançados no

vazio atados a gansos ou com o corpo coberto de plumas.

Figura 1.3 "Ícaro e Dédalo", por Charles Paul Landon

O primeiro dado histórico conhecido de uma máquina voadora refere-se à pomba

mecânica de Arquitas de Tarento, c. 400 a. C. Do ano 1500 datam os estudos sobre a

arte de voar do italiano Leonardo da Vinci, que deixou escritos e mais de 400 desenhos

sobre o tema.

Em 1709, a primeira aeronave conhecida a efectuar um voo foi baptizada de Passarola

(Figura 1.4). A Passarola era um aeróstato, cujas características técnicas não são

conhecidas na totalidade, inventada por Bartolomeu de Gusmão, padre e cientista

nascido no Brasil.

Figura 1.4 Passarola de Bartolomeu de Gusmão

Page 21: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

6

A era moderna da aviação começou, contudo, em 1783, com a prática de balonismo,

ou seja, com voos de balões de ar quente, dos quais são exemplo o balão projectado

pelos irmãos Montgolfier (Figura 1.5) e, mais tarde, com o dirigível de maior

velocidade de Alberto Santos-Dumont (1901).

Figura 1.5 O 14-bis de Santos-Dumont a ser testado no campo de Bagatelle, em 1906

Surgem ainda, em 1911, os primeiros hidro-aviões (Figura 1.6), que utilizam uma

superfície aquática como pista. O projectista de aviões norte-americano Glenn Curtiss

foi o primeiro a pilotar e a transportar um passageiro, num hidro-avião, em San Diego,

nos Estados Unidos da América.

Figura 1.6 Um dos primeiros hidro-aviões

As múltiplas experiências culminaram no voo mais ou menos controverso dos irmãos

Wright e, posteriormente, em feitos como a travessia do Atlântico Norte pelo solitário

Lindbergh, em 1927. Mas mesmo aí esses primeiros campos de aviação eram

simplesmente terrenos planos aos quais se retiravam alguns obstáculos como pedras e

arbustos, não medindo mais de 450 m até à I Guerra Mundial e 900 a 1200 m após

esta.

Por outro lado, o aumento significativo de tráfego aéreo após a 2ª Grande Guerra

levou à construção de aviões maiores, mais pesados e mais rápidos, surgindo nesta

altura os aviões a jacto. Daí resultou a necessidade de verdadeiras pistas, mais largas e

mais resistentes, com recurso, primeiro ao alcatrão e, mais tarde, aos pavimentos de

asfalto.

Page 22: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

7

2 Pavimentos Aeronáuticos

2.1 Descrição de um Aeródromo

Um aeródromo é construído para proporcionar condições de operacionalidade das

aeronaves no solo, mediante superfícies que permitam que elas se movimentem e

estacionem (ARGUE, 2005). Concorrem para a sua concepção factores tão distintos

como factores económicos (estratégia comercial) e interesses militares ou particulares,

consoante os objectivos que lhe dão origem.

Incluem-se ainda num aeródromo todas as construções como edifícios de

administração, instalações de manutenção das aeronaves (hangares) e equipamentos

destinados a dar apoio às operações acima referidas: torre de controlo, sistemas de

rádio-ajudas, entre outros.

A Pista, ou pistas, é o elemento central de qualquer aeródromo, constituindo-se na

zona pavimentada, rectangular, onde têm lugar as acções longitudinais de aterragem e

de descolagem das aeronaves nela operantes. Esta área liga com os caminhos de

circulação (taxiways) devendo proporcionar os seguintes aspectos: uma adequada

separação física entre aeronaves; a menor interferência nas operações de aterragem,

circulação e de descolagem; a menor distância a percorrer nos caminhos de circulação

entre a área do terminal e o topo das pistas; adequadas condições para que a saída das

aeronaves da pista para os caminhos de circulação possa acontecer tão rapidamente

quanto possível, percorrendo nestas o menor trajecto disponível até ao terminal.

À área total ocupada pelas pistas e pelos caminhos de circulação é chamada de “área

de manobra”. A pista é designada de “área de aterragem”.

Por outro lado, ao referir a totalidade da área afecta à circulação ou estacionamento

de aeronaves, ou seja, a pista, caminhos de circulação (taxiways) e placas de

estacionamento, costuma designar-se vulgarmente de “área de movimento”.

Quando se verifica a existência de duas ou mais pistas cruzadas, elas são classificadas,

em geral, segundo uma hierarquia onde se estabelece a pista principal e a pista ou

pistas secundárias. Esta classificação está associada ao facto de numa situação de

utilização normal, a pista principal apresentar melhores condições para a operação dos

movimentos das aeronaves, excepto em casos especiais como factores meteorológicos

adversos.

Contudo, actualmente, uma segunda pista paralela à primeira é comummente

necessária para potenciar a utilização simultânea e assim aumentar a capacidade de

um aeroporto ao permitir o escoamento dum volume de tráfego superior. Crescem

também as exigências de configuração do aeródromo, pois pretende-se a

Page 23: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

8

independência do funcionamento das áreas de aterragem, recorrendo-se

frequentemente a pistas paralelas, dos quais são exemplos os aeroportos de Madrid –

Barajas, Japão – Tókio e ainda do Novo Aeroporto Internacional de Lisboa (em fase de

Estudo Prévio).

2.2 Caracterização de Pavimentos Aeronáuticos

2.2.1 Introdução

São abordados os pavimentos aeronáuticos, os tipos existentes, salientando o que os

distingue dos outros tipos de pavimentos, nomeadamente, os rodoviários.

Genericamente, um pavimento é o conjunto de uma ou mais camadas de material com

determinadas características, devidamente acondicionadas sobre um solo previamente

preparado para o efeito (leito do pavimento). Num aeródromo, a exigência de um

pavimento prende-se com a necessidade de garantir segurança às operações das

aeronaves no solo, fazendo com que a distribuição das cargas, transmitidas pelos

pneus, seja de tal forma que não ocorra deformação excessiva ou mesmo a rotura, que

poria em causa o rolamento dos pneus sobre a superfície. Para que possa ser utilizado

para esse efeito por múltiplas vezes, exige-se que ele degrada e transmita essas cargas,

de forma que a capacidade de suporte das camadas estruturais e do solo de fundação

não seja excedida.

Para além desta função essencial, uma série de valências necessárias ao bom

desempenho ao longo do tempo associam-se a um pavimento aeronáutico, que deve

sempre manter critérios de desempenho consoante a categoria da infra-estrutura. O

pavimento deve ser rijo, plano e estável e o mais resistente possível aos ataques

exteriores, como sejam, as acções climatéricas, acções de sopro/sucção dos reactores

e hélices e acções químicas de derrames de óleos, combustíveis e outros compostos.

Paralelamente deve manter-se o mais limpo possível de partículas soltas e poeiras que

possam ser prejudiciais ao funcionamento das aeronaves ou à operacionalidade da

pista.

Para que um pavimento possa satisfazer estas condições deverá ser bem

dimensionado, com recurso a um bom projecto estrutural, definindo, em função das

solicitações impostas, as espessuras das camadas e os materiais e processos de

construção.

Page 24: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

9

2.2.2 Tipos de Pavimentos

2.2.2.1 Pavimentos Flexíveis

A estrutura de um pavimento flexível é constituída pelas camadas de desgaste e de

regularização betuminosas, e pelas camadas de base e sub-base não tratadas por

aglutinantes hidráulicos ou pozolânicos.

Segundo o modelo de degradação das cargas em profundidade, a camada superficial,

directamente em contacto com as acções exteriores está, sujeita às maiores

solicitações. Também fica exposta às agressões dos agentes atmosféricos, devendo por

isso possuir características específicas que lhe confiram boas características mecânicas

(resistência e deformabilidade).

A camada de base é a responsável por conferir uma “base” sólida e estável às camadas

estruturais betuminosas mais resistentes que lhe ficam sobrejacentes. Degrada e

transmite as solicitações à camada de sub-base e ao terreno de fundação. A base pode

ser formada por agregados naturais ou britados, devidamente organizados por acção

de uma força exterior e compactados (macadame). Se a base for eventualmente

tratada com outro ligante, betuminoso ou hidráulico, o pavimento passa a denominar-

se, respectivamente, de semi-flexível ou semi-rígido. Uma característica especialmente

importante nesta camada é a sua compactação, recorrendo-se por isso normalmente a

agregados britados de granulometria extensa (ABGE).

A camada de sub-base tem como principal função fazer a transição da estrutura do

pavimento para o terreno de fundação e é constituída por material granular

seleccionado, mas de menor valor económico. Desempenha essencialmente funções

de drenagem embora também possua características resistentes.

2.2.2.2 Pavimentos Rígidos

Um pavimento rígido caracteriza-se pela laje de betão de cimento construída sobre

uma camada de sub-base e, excepcionalmente, directamente sobre o solo de

fundação, dependendo das suas características. Mais uma vez, a compactação do solo

de fundação e da camada de sub-base tem grande importância no desempenho do

pavimento.

A laje de betão é o elemento essencial destes pavimentos, podendo ser ou não

armada. Devido à limitação dos processos de construção e aos efeitos diferidos

conhecidos do betão, as lajes são separadas por juntas, função da espessura, dos

materiais utilizados e das condições ambientais. Para garantir a continuidade entre

Page 25: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

10

lajes, uma vez que as juntas devem ser preenchidas por materiais com propriedades

elásticas, utilizam-se varões de aço (passadores) que penetram lajes contíguas,

permitindo a transmissão de cargas e impedindo movimentos diferenciais. A função

destes varões juntamente com a dos materiais selantes das juntas, impedem a

penetração da água e a saída de finos, através destas, da sub-base – efeito conhecido

como “pumping” ou “bombagem de finos”.

2.2.2.3 Variáveis de Dimensionamento

O projectista, tendo em consideração os dois tipos de pavimentos utilizados em

infraestruturas aeroportuárias, tem de dimensionar o pavimento para o avião de

projecto (avião crítico) segundo algumas variáveis. Esquematizam-se as variáveis

específicas de um pavimento aeronáutico que se consideram mais relevantes para o

dimensionamento do pavimento na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 Variáveis de que depende o desempenho de um pavimento, extraída de (ICAO, 1983)

Variáveis dependentes:

Das cargas

Carga total do avião Carga por roda Configuração do trem no que respeita às rodas Pressão de contacto dos pneus Número de movimentos Duração dos movimentos Distribuição lateral dos pontos de aplicação Carga estática ou dinâmica

Do meio

Quantidade e distribuição da precipitação Temperatura ambiente Temperatura dos jactos dos aviões Derrame de combustíveis e óleos

Da manutenção Tipo de acções Disponibilidade e planeamento de acções

Do projecto estrutural Dimensionamento das diferentes camadas Características dos materiais utilizados

Aumentar a vida útil de um pavimento com acções de manutenção atempadas,

segundo um planeamento que seja função das avaliações estruturais e superficiais,

permite manter o seu bom desempenho ao longo de mais tempo. Cada vez mais se

adoptam, em todo o mundo, sistemas de gestão de pavimentos, inclusivamente nos

aeródromos, para se optimizarem as tarefas de manutenção de pavimentos (redução

de custos e de prazos de interdição).

Page 26: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

11

2.2.3 Pavimentos Rodoviários versus Pavimentos Aeronáuticos

Sabendo que a constituição dos tipos de pavimentos descritos atrás é idêntica, recai

sobre o tipo de utilização a maior diferença entre pavimentos rodoviários e

aeronáuticos. Neste aspecto, empiricamente apresentam-se as duas principais

características que os distinguem: as estradas suportam cargas repetidas ou ciclos de

carga-descarga muito mais frequentes; os aeródromos sofrem as maiores cargas

concentradas, consequência do peso total de um avião e do tipo de trem de aterragem

(ICAO, 1983).

Qualquer rodovia com pavimento rígido que tenha um significativo tráfego de pesados

(maior número de ciclos de repetição de cargas), apresenta quase sempre anomalias

derivadas da bombagem de finos (pumping), ao contrário do que geralmente acontece

com os pavimentos aeronáuticos, que mostram uma longevidade bem maior.

Porque as aeronaves seguem marcas de circulação e circulam no centro das faixas de

pavimento, devido à manobrabilidade, às cargas envolvidas e à segurança exigida, é

mais comum a observação de anomalias nos bordos dos pavimentos rodoviários

flexíveis do que nos aeroportuários.

Para além destas diferenças, é importante salientar que o tráfego de aeronaves é

muito diferente do tráfego rodoviário, não só pela repetição de passagem das cargas,

mas também pela intensidade destas. Enquanto numa estrada o eixo de carga é da

ordem de grandeza de 100 kN, isto é, 50 kN por par de rodas (duas em cada

extremidade do eixo), num avião, o trem de aterragem pode aplicar cargas superiores

a 900 kN. Por outro lado, a pressão de enchimento nos pneus também é muito díspar,

sendo nos veículos pesados de cerca de 0,7 MPa, e num Boeing B747-400, por

exemplo, varia entre os habituais 1,25 MPa e, 1,6 MPa (VELOSO, 2001).

Nem só destas solicitações estáticas decorre a degradação dum pavimento. Muitos

exemplos há, onde a degradação mais acentuada ocorre nas zonas de viragem, quando

a aeronave percorre a marca de circulação, e onde os pneus do trem transmitem

elevados esforços tangenciais ao pavimento. A subestimação destes esforços

horizontais no pavimento (muito superiores nos pavimentos aeronáuticos) conduz

muitas vezes ao aparecimento, nas zonas de viragem ou de travagem, de situações de

escorregamento entre as camadas betuminosas e a de base dum pavimento flexível.

Para precaver estas anomalias e assumindo grande importância no contexto dos

pavimentos aeronáuticos, a geometria dos pavimentos tem especificidades próprias,

como seja o não paralelismo entre a linha de circulação e a berma do pavimento nas

zonas de viragem. Enquanto a marca de circulação, para a roda de nariz, tem um

traçado circular, a berma toma uma geometria própria, semelhante às curvas de

transição (clotóides) nas rodovias, definidas na regulamentação da ICAO, permitindo

Page 27: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

12

manter uma distância de segurança e de dissipação das tensões horizontais entre o

trem da aeronave (que corta o interior da linha) e a berma (ICAO, 1983).

A especificidade destes pavimentos advém das características também elas específicas

do tráfego aéreo. Os pavimentos aeronáuticos devem possuir as devidas

características de capacidade de suporte e de rugosidade (macrotextura e

microtextura), definidas na regulamentação da ICAO (ICAO, July 2004), de modo a

assegurar adequadas condições de conforto e de segurança.

2.3 Modelos de Avaliação de Pavimentos Aeronáuticos

2.3.1 Introdução

Abordam-se, neste ponto, alguns aspectos essenciais para compreender de onde

surgem e em que se baseiam os modelos mais conhecidos para avaliar a condição (ou

estado de degradação) dos pavimentos. Para este efeito, descrevem-se os índices que

definem a capacidade estrutural (ACN/PCN) e as condições de degradação do

pavimento, em cada momento, podendo auxiliar na gestão e na extrapolação da

degradação no Futuro (PCI e CRI). Numa primeira fase não são considerados os

métodos de avaliação da textura superficial dos pavimentos aeronáuticos, que são

utilizados para calibrar e enquadrar os resultados obtidos pelo modelo desenvolvido

neste estudo, mais adiante.

2.3.2 Capacidade Estrutural

Para o dimensionamento da estrutura (constituição) do pavimento, a carga transmitida

pelo trem do avião de projecto quando parado é preponderante. É portanto para esta

carga que o pavimento tem de garantir capacidade de suporte, sem deformações

excessivas e uma vida útil adequada. Por outro lado, quando se tem um pavimento já

construído é importante conhecer a sua capacidade para determinar que aviões o

podem continuar a utilizar e com que frequência. A operação de aeronaves sobre

determinado pavimento só pode ser realizada com segurança se estiver assegurada a

sua capacidade de suporte para as características de carga impostas.

As características das cargas incluem as seguintes variáveis:

Peso total da aeronave;

Configuração do trem;

Pressão de enchimento dos pneus.

Page 28: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

13

Dado que é necessário conhecer exactamente quais as características dos pavimentos

dos aeródromos e também das aeronaves, para que neles possam operar, a ICAO exige

a publicação dos dados relativos à resistência e tipo de superfície dos pavimentos dos

aeródromos existentes. As AIP (Aeronautical Information Publication) são

disponibilizadas em território nacional pela NAV Portugal (NAV, 2009) .

Para que a apresentação dessa informação seja internacionalmente reconhecida e

facilmente interpretada, a ICAO (Anexo 14) identifica o método ACN/PCN, que se

apresenta de seguida, como o único que deve caracterizar a capacidade de suporte dos

pavimentos (ICAO, July 2004).

2.3.3 Classificação ACN/PCN

ACN (Aircraft Classification Number) e PCN (Pavement Classification Number) são dois

indicadores de classificação de aeronaves e de pavimentos. Todos os pavimentos onde

operem aeronaves com um peso total superior a 5700 kg (12 566 lb) devem ser

avaliados segundo a classificação ACN/PCN, onde consta (ICAO, July 2004):

Valor de classificação do pavimento (PCN);

Tipo de pavimento sob análise;

Categoria de resistência do terreno de fundação;

Máximo valor ou categoria de pressão de enchimento dos pneus;

Método de avaliação.

O PCN publicado indica e permite que uma aeronave com um valor de ACN igual ou

inferior ao valor do PCN possa operar no pavimento, com eventuais limitações à

pressão de enchimento dos pneus ou à carga total transportada, em casos de

aeronaves específicas (ICAO, July 2004).

Por exemplo, para uma aeronave Fokker 100, organizam-se na Tabela 2.2 as

características e valores de ACN para pavimentos flexíveis, em função da capacidade

resistente dos solos de fundação. Com efeito, para que possa operar sem restrições

numa infraestrutura aeroportuária, esta deve possuir uma classificação ACN/PCN dos

seus pavimentos igual ou superior à indicada na tabela. Se, por exemplo, o solo de

fundação dos pavimentos tiver uma capacidade de suporte muito reduzida (CBR igual a

3), o PCN mínimo para que a aeronave utilize, sem restrições, os pavimentos em causa,

é de 32.

Page 29: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

14

Tabela 2.2 Valores ACN para pavimentos flexíveis, para a aeronave Fokker 100, extraída de (ICAO, 1983)

Peso máximo à

descolagem (kg)

Carga numa perna do

trem principal (%)

Pressão dos pneus

(MPa)

ACN para pavimentos flexíveis, conforme classificação CBR*

Elevado (15)

Médio (10)

Baixo (6)

Muito baixo (3)

44 680 47,8 0,98 25 27 30 32

* CBR – California Bearing Ratio em percentagem (ICAO, 1983)

Convém salientar que não se trata de um método de dimensionamento de

pavimentos, para o qual existem diversos métodos consoante o País, mas antes de

avaliação de pavimentos e de compatibilidade entre estes e as aeronaves, partindo

exactamente destas, e dando ênfase à avaliação da carga e de como determinar essa

carga e o efeito relativo sobre o pavimento.

Segundo o Anexo 14, ACN é o número que expressa o efeito relativo de uma aeronave

sobre um pavimento, rígido ou flexível, fundado num solo com uma determinada

capacidade de resistência; e PCN é o número que traduz a capacidade de resistência

desse pavimento sob uma utilização sem restrições (ICAO, 1983). Ambos os valores são

função do efeito de carga de uma roda única característica (rodado de cálculo ou de

dimensionamento). Uma determinada aeronave terá um diferente ACN consoante o

tipo de pavimento onde vai operar (rígido ou flexível) e a capacidade resistente

relativa do solo de fundação e do pavimento.

O conceito da carga de uma roda única é adoptado para determinar o ACN, de modo

que a interacção entre o trem de aterragem e o pavimento possa ser avaliado sem

depender da sua espessura. A relação entre a espessura do pavimento necessária para

a aeronave e a que seria necessária para a tal roda única característica, com uma carga

de 500 kg e com uma pressão de enchimento de 1,25 MPa define o ACN (HORONJEFF,

et al., 1993).

Apesar de recomendado, este método não é obrigatório, podendo as administrações

dos aeródromos optar por utilizar outro método para determinar a capacidade de

carga dos seus pavimentos. Nesse caso, terá de apurar o ACN do avião crítico para o

pavimento, através da experiência, e traduzi-lo para o correspondente valor de PCN, a

publicar na AIP (ICAO, 1983).

Uma das principais vantagens deste método é a sua independência em relação à

técnica usada para avaliar a capacidade de suporte do pavimento, porque relaciona

directamente o impacto da aeronave e a capacidade de resistência do solo de

fundação (HORONJEFF, et al., 1993).

Para a determinação do ACN são consideradas apenas as cargas estáticas impostas

pelas aeronaves, não havendo lugar para penalizações decorrentes de efeitos

Page 30: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

15

dinâmicos, ou seja, como se disse atrás, a situação de referência (mais penalizante

para os pavimentos) é a composta pela aeronave imobilizada, devidamente carregada.

Resumidamente, a determinação do ACN de uma aeronave é um processo que requer

informação detalhada das suas características operacionais, como o máximo avanço do

centro de gravidade, o peso máximo, o espaçamento das rodas e a pressão dos pneus,

entre outros. O ACN das aeronaves é geralmente, por estas razões, disponibilizado

pelo seu fabricante (U. S. Department of Transportation, 2006).

Por fim, a apresentação da classificação ACN/PCN dum pavimento inclui,

condensadamente, informação relativa aos factores apresentados, por essa mesma

ordem, recorrendo aos códigos apresentados nas tabelas (Tabela 2.3, Tabela 2.4,

Tabela 2.5 e Tabela 2.6):

Tabela 2.3 Classificação ACN/PCN segundo o tipo de pavimento

Tipo de pavimento para classificação ACN/PCN Código

Pavimento Rígido R

Pavimento Flexível F

Tabela 2.4 Classificação ACN/PCN segundo a resistência do solo de fundação

Capacidade de resistência do

solo de fundação Código

Caracterizada por:

Pavimentos Rígidos Pavimentos Flexíveis

Alta A K*=150MN/m3, K>120MN/m3 CBR=15, CBR>13

Média B K=80MN/m3, 60<K≤120MN/m3 CBR=10, 8<CBR≤13

Baixa C K=40MN/m3, 25<K≤60MN/m3 CBR=6, 4<CBR≤8

Muito Baixa D K=20MN/m3, K≤25MN/m3 CBR=3, CBR≤4

* K – módulo de reacção do solo de fundação, segundo o método Westergaard (ICAO,

1983) (U. S. Department of Transportation, 1996)

Tabela 2.5 Classificação ACN/PCN segundo a pressão dos pneus

Categoria de pressão de enchimento

Pressão máxima dos pneus

Código

Alta Ilimitada W

Média 1,50MPa X

Baixa 1,00MPa Y

Muito Baixa 0,50MPa Z

Page 31: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

16

Tabela 2.6 Classificação ACN/PCN segundo o método de determinação

Método de Avaliação

Código Descrição

Técnica T Realizado mediante um estudo específico das características

do pavimento e aplicando tecnologia na avaliação do comportamento do mesmo

Empírica U Realizado com base na experiência adquirida do tipo de

aeronave que é regularmente utilizada e satisfatoriamente suportada pelo pavimento

Por exemplo, através desta classificação, a pista principal do Aeroporto Francisco Sá

Carneiro, no Porto, é classificada como PCN 80/F/C/W/T (NAV, 2009). Significa que

nele podem operar aeronaves com classificação ACN igual ou inferior a 80, sem

restrições, bem como indica que o pavimento é asfáltico (F), que a capacidade

resistente dos solos de fundação é baixa (C), que não está limitada superiormente a

pressão de enchimento dos pneus das aeronaves que nele operam (W) e que esta

classificação foi obtida através de um estudo específico das características do

pavimento (T).

Depois de desenvolvido um método de caracterização da capacidade estrutural de um

pavimento, começou-se nos Estados Unidos a pensar numa forma de avaliar a sua

condição ao longo da vida útil. É assim que surgem os índices de condição de

deterioração de um pavimento.

2.3.4 Avaliação da Condição de um Pavimento

2.3.4.1 Índice de Condição do Pavimento (PCI)

Paralelamente com o método de determinação da capacidade de carga ACN/PCN,

surgiu um índice de avaliação da condição de um pavimento, denominado de PCI

(Pavement Condition Index) (U. S. Department of Transportation, 2006).

O PCI é uma classificação numérica da condição da superfície dum pavimento, e uma

medida da performance funcional com implicações na performance estrutural (U. S.

Department of Transportation, 1996). É uma avaliação baseada numa medida

objectiva do tipo, da severidade e da extensão da anomalia observada num pavimento

através de indicadores superficiais (HORONJEFF, et al., 1993).

Estes índices, dos quais o PCI é dos mais utilizados, têm como função evitar a

ocorrência de anomalias graves nos pavimentos e priorizar as zonas que devem ser

intervencionadas com maior urgência. Uma única avaliação permite apenas

estabelecer um panorama da condição superficial do pavimento, num determinado

Page 32: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

17

momento, o que ajuda ao processo de decisão sobre manutenções, a realizar num

futuro próximo. Já uma estratégia de levantamentos planeados e periódicos, permite

seleccionar formas de tratamentos preventivos. A recolha de dados sobre a evolução

do estado de degradação dos pavimentos permite antecipar o seu comportamento

futuro, auxiliando as administrações dos aeródromos a planear, a médio prazo, as

intervenções necessárias em função da degradação expectável.

É devido a estas potencialidades que estes índices estão estreitamente ligados aos

Sistemas de Gestão de Pavimentos (SGP). As administrações dos aeródromos,

conscientes de que a responsabilidade última é sua em situações de acidentes (por

exemplo, quando uma aeronave não se consegue imobilizar antes do final da pista

devido às más condições do pavimento), tendem a encontrar nos ditos SGP, a garantia

de qualidade e segurança dos pavimentos aeronáuticos, em qualquer momento

(VELOSO, 2001).

Salienta-se que o PCI não mede a capacidade resistente dos pavimentos, nem avalia

directamente as condições da textura superficial e deixa de parte a análise às

condições de atrito realmente existentes.

O cálculo do Índice de Condição do Pavimento (PCI), baseia-se na base de dados

recolhidos ao longo do tempo e permite o planeamento e o desenvolvimento de

projectos de manutenção e de reabilitação de pavimentos, de forma atempada. É

hábito estar integrado num sistema de gestão completamente informatizado, muito

mais vasto. Contudo, é sempre um instrumento de decisão importante, com vista à

determinação dos custos de manutenção e alternativas de reparação de pavimentos

aeronáuticos (VELOSO, 2001).

Os procedimentos estabelecidos para o cálculo do PCI em pavimentos aeronáuticos

podem-se encontrar nas normas americanas ASTM (ASTM D5340-98, 1998).

Encontram-se ainda recomendações para a implementação deste índice nas circulares

da FAA (U. S. Department of Transportation, 2006) e (U. S. Department of

Transportation, 2007).

Os valores de PCI variam entre 100, para um pavimento sem defeitos visíveis, a 0 para

um pavimento sem nenhuma vida útil remanescente, numa escala que se pode

apresentar através da Figura 2.1 (U. S. Department of Transportation, 1996).

Page 33: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

18

Figura 2.1 Variáveis e escala do PCI, extraído de (VELOSO, 2001)

2.3.4.2 Índice de Classificação da Condição (Condition Rating Index - CRI)

O PCI não é o único índice de condição de pavimentos aplicado. Têm sido

desenvolvidos outros mais recentemente, em países como o Canadá, onde já se aplica,

especialmente em pavimentos aeronáuticos, o CRI (Condition Rating Index).

Este índice surge da necessidade de um modelo único de avaliação da deterioração de

um pavimento que explicitamente permita a previsão do seu comportamento futuro.

Integra também as variáveis de deterioração e de priorização das intervenções num

pavimento. Foi desenvolvido especialmente para a 1 Canadian Air Division (1 CAD)

(SHAH, et al., 2004).

Para além da degradação superficial (condição superficial), as referidas variáveis de

deterioração de um pavimento incluem factores como a rugosidade, a resistência à

derrapagem e ainda os Danos de Objectos Exteriores (Foreign Object Damage - FOD)

que são devidos unicamente à deterioração do pavimento.

À semelhança do anterior, o modelo de previsão de comportamento para os tipos de

pavimentos, baseia-se nos processos estocásticos de Markov Chains para as transições

de estado.

Por outro lado, ao integrar a hierarquização (prioridade de intervenção em

determinada secção), fá-lo podendo não só distinguir duas zonas de importância

distintas dentro de uma mesma infraestrutura aeroportuária, como também pode

comparar a importância estratégica relativa entre aeródromos.

Dado que o objectivo último é o auxílio à decisão, enquanto instrumento indispensável

à implementação de um Sistema de Gestão de Pavimentos, a optimização da escolha

do tipo de intervenção, entre os vários possíveis, baseia-se na Análise do Custo do

Page 34: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

19

Ciclo de Vida (LCCA – Life Cycle Cost Analysis), que está dependente dos benefícios

decorrentes e das eventuais restrições de orçamento (SHAH, et al., 2004).

O que diferencia este modelo dos outros modelos de avaliação da condição dos

pavimentos e, em particular do mais utilizado, o Pavement Condition Index (PCI), é o

facto do PCI apenas considerar o índice de manifestação de fadiga (Distress

Manifestation Index - DMI), enquanto o CRI inclui não só esta como outras variáveis

importantes.

Essas variáveis estão relacionadas com a avaliação do desvio da superfície do

pavimento em relação a uma superfície perfeitamente plana, medida

longitudinalmente (Riding Confort Index – RCI); a resistência à derrapagem dos pneus

sobre o pavimento quando estes são impedidos de rodar (Skid Resistance - SN); e a

avaliação do potencial do pavimento enquanto origem de qualquer partícula que

possa infligir danos às aeronaves (Foreign Object Damage - FODP).

Uma vez seleccionadas as variáveis do modelo, ficam reunidas as condições para

apresentar a forma final de cálculo do CRI.

2.3.4.3 Forma de cálculo do CRI (Condition Rating Index)

O intervalo do CRI varia entre 1 e 100, onde 100 corresponde a um pavimento em

excelente estado e 1 corresponde ao estado de ruína, tal como acontece na escala de

classificação do PCI. Para obter o valor do CRI é necessário, contudo, atribuir pesos

relativos a cada uma das variáveis em jogo (wi) (SHAH, et al., 2004). Neste momento,

os pesos conhecidos resultam, não de um extenso trabalho de campo para calibração,

mas da experiência de vários especialistas no assunto, inquiridos sobre tal.

Numa escala de 0 a 10, cada uma das variáveis é convertida num valor, com base nas

respostas obtidas dos especialistas, respectivamente, DMI 9, FODP 3, SN 6 e RCI 4. O

valor menor atribuído a FODP prende-se com o facto de alguns especialistas

acreditarem que se trata de um efeito que pode ser analisado individualmente, não

devendo entrar no cálculo de um índice de condição. O somatório destes valores dá

origem ao factor de normalização, designado de W, na equação do CRI [1].

𝐶𝑅𝐼𝑖 = 𝑤𝑎 𝐷𝑀𝐼𝑚𝑎𝑥 −𝐷𝑀𝐼 𝑖

𝛼+ 𝑤𝑏 100 − 𝐹𝑂𝐷𝑝𝑖 + 𝑤𝑐 𝑆𝑁𝑖 + 𝑤𝑑 × 10 𝑅𝐶𝐼𝑖 /𝑊 [1]

Nesta equação, DMImax = 208 para pavimentos flexíveis e DMImax = 196 para

pavimentos rígidos. Este termo é dividido por α para coerência de escalas com as

outras variáveis [2].

𝛼 = 𝐷𝑀𝐼𝑚𝑎𝑥 /100 [2]

Page 35: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

20

Na equação [1], FODPi representa o potencial de danos de objecto exterior devido à

deterioração do pavimento numa secção específica (i), variando de 1 a 100; SNi

representa a resistência superficial à derrapagem duma secção específica (i), variando

de 1 a 100; e RCIi representa o índice de conforto de circulação, na secção i que varia

entre 1 a 10. As secções i podem ser tantas quantas se queiram (1 a n), conforme o

método de divisão do pavimento adoptado.

Uma desvantagem, que por vezes é indicada a este índice relaciona-se com o facto de

poder esconder alguns estados críticos de degradação de determinado elemento, por

outro lado a vantagem principal deste tipo de índices compostos é fornecer

informação sobre o panorama geral do estado dos pavimentos da infra-estrutura. Para

evitar o fenómeno de encobrimento de informação relativa a estados críticos duma

variável, é imprescindível estabelecer procedimentos que definam claramente quais os

limites que cada variável tem. Quando ultrapassados individualmente, exigem a

análise específica dos procedimentos de manutenção e de reabilitação a aplicar.

2.4 Índices de Avaliação da Textura e Rugosidade Superficial

2.4.1 Textura e Rugosidade de Pavimentos Aeronáuticos

A textura da camada de desgaste de um pavimento desempenha um papel

determinante na sua qualidade funcional e tem influência directa sobre a segurança

das operações, no custo de operação e manutenção dos veículos, no conforto e

ambiente, sendo da maior importância adoptar métodos fiáveis de avaliação desta

característica (AIPCR/PIARC, 2003).

Para o domínio dos pavimentos, a designação de comprimento de onda da textura

designa os comprimentos de onda das irregularidades ou ondulações de um perfil da

camada de desgaste (MENEZES, 2008). Apresentam-se na Figura 2.2 as divisões feitas

para esses comprimentos de onda.

Page 36: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

21

Figura 2.2 Âmbito das designações de textura em função do comprimento de onda (extraído de (MENEZES, 2008); adaptado de (AIPCR/PIARC, 2003))

A microtextura corresponde ao intervalo de comprimentos de onda entre 1 μm e

0,5 mm. Pode ser avaliada indirectamente a partir da medição do coeficiente de atrito,

nomeadamente, recorrendo ao ensaio do Pêndulo Britânico (EN 13036-4). A

microtextura é função das propriedades das partículas dos agregados, dependendo se

estes têm a sua superfície polida devido aos efeitos do tráfego, climatéricos e mesmo

da sua mineralogia.

A macrotextura tem como intervalo de comprimentos de onda, de 0,5 mm a 50 mm.

Esta escala de medição pode ser efectuada recorrendo aos métodos volumétricos, dos

quais o ensaio da mancha de areia é o mais vulgar (EN 13036-1, 2001), ou por um

método perfilométrico, sem contacto com as superfícies devido às suas propriedades

ópticas (Equipamento laser – Norma ISO 13473-1). Ao contrário da micro, a

macrotextura não depende da condição da superfície dos agregados, mas antes da

quantificação do relevo dos agregados no pavimento. A macrotextura contribui para a

componente de histereses do atrito, potenciando propriedades de drenagem das

águas do pavimento e favorecendo o contacto do pneu com a superfície, reduzindo os

riscos de hidroplanagem (MENEZES, 2008).

A megatextura, ao corresponder a um domínio de comprimentos de onda entre

50 mm e 500 mm, é o resultado de deformações e de degradações localizadas da

superfície do pavimento e, portanto, não é avaliada por ser uma característica da

textura do pavimento, mas segundo os índices de degradação e de fadiga.

O âmbito de comprimentos de onda da megatextura e das irregularidades

(pequeno, médio e grande comprimento de onda) são os geralmente aferidos com os

índices de rugosidade de pavimentos. A megatextura compreende o intervalo de

comprimentos de onda de 50 mm a 0,5 m, as irregularidades de pequeno

comprimento de onda (P. O.) de 0,5 m a 5 m, as irregularidades de médio

comprimento de onda (M. O.) de 5 m a 15 m e as irregularidades de grande

comprimento de onda no intervalo de 15 m a 50 m.

Page 37: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

22

2.4.2 Índices de Rugosidade Superficial dos Pavimentos

Os índices mais comuns de avaliação da rugosidade superficial, cuja aplicação a

pavimentos aeronáuticos está regulamentada pela ICAO (ICAO, 1994), baseiam-se no

levantamento de determinados perfis da estrada e/ou pista ao longo de uma linha

imaginária, obtendo uma superfície bidimensional. Estes perfis são constituídos por

uma série de números representativos de uma altura, ou seja, de uma distância a um

nível de referência. Geralmente, são elaborados recorrendo a duas passagens por

faixa, uma em cada alinhamento de rodados, no caso de rodovias.

A dificuldade passa por transpor esta enorme quantidade de dados para um índice de

referência que seja representativo da rugosidade, que é entendida como as variações

da superfície da estrada que originam vibrações nos veículos circulantes, numa dada

extensão desta (AWASTHI, et al., 2003).

Destes quantificadores da rugosidade de um pavimento, o IRI é sem dúvida o mais

utilizado e internacionalmente aceite. Desenvolvido pelo World Bank na década de

1980, foi dos primeiros a responder à necessidade de caracterizar o perfil longitudinal

das estradas ao longo dos alinhamentos dos rodados (SAYERS, et al., September 1998).

Objectivamente, é calculado a partir de um único perfil longitudinal, isto é, utilizando

apenas uma passagem do veículo instrumentado. Primeiramente, o perfil obtido é

normalizado segundo a inclinação média corrigida (Average Rectified Slope – ARS), que

é um filtro (cálculo realizado sobre uma série de valores numéricos, processado por

computador, com o objectivo de remover os erros sistemáticos evidenciando as

irregularidades que passariam imperceptíveis nos perfis originais devido aos efeitos de

condensação e de ondulações muito longas) do movimento acumulado de uma

suspensão de um veículo comum. Posteriormente, ele é dividido pela extensão dos

trechos em análise, resultando no avaliador numérico do IRI, com unidades usuais de

m/km ou mm/m (Figura 2.3).

Normalmente, se duas passagens na mesma faixa de trânsito são disponibilizadas, o

índice toma o nome de HRI (Half car Roughness Index) procedendo-se à análise da

média ponto-por-ponto.

Page 38: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

23

Figura 2.3 Escala IRI (adaptado de (SAYERS, et al., September 1998))

A regularidade dum pavimento tem múltiplos aspectos a considerar, tais como as

diferentes formas de calcular a rugosidade, e a percepção que o corpo humano dele

tem (SHAHIN, 2005). Este último factor ganha especial importância no âmbito dos

pavimentos aeroportuários e em especial das pistas, pois têm sido repetidamente

verificadas discrepâncias entre os resultados dos ensaios tradicionais feitos à

rugosidade e o desconforto, ou nível de conforto, registado pelos pilotos e pelos

passageiros das aeronaves (U. S. Department of Transportation, 2006). Em primeira

instância, este aspecto está relacionado com as velocidades a que são realizados os

levantamentos dos perfis e as velocidades das aeronaves.

Torna-se importante esclarecer o que se entende então por percepção humana da

rugosidade de um pavimento. Basicamente, o julgamento feito pelo utilizador de uma

estrada (ou passageiro de uma aeronave), ao nível de rugosidade da mesma, depende

do desconforto experimentado devido às vibrações durante o percurso (AWASTHI, et

al., 2003).

Estas vibrações provocam, sobre os humanos, diferentes sensações em função de

quatro parâmetros principais: magnitude; frequência; duração e direcção. A

magnitude é medida em termos da aceleração de oscilação das partículas – neste caso

do corpo humano – e expressa no valor médio quadrático. Cada parte do corpo

humano tem uma frequência de vibração própria e é mais sensível a determinado

intervalo de frequências, em especial para vibrações verticais da ordem dos 5 Hz,

devido a ressonância na cavidade abdominal. Como é natural, a percepção de

desconforto aumenta com o tempo de exposição a determinada vibração e esta deve

ser avaliada segundo os três eixos ortogonais.

Várias destas razões, tais como a importância da frequência e da direcção da vibração,

levaram a que alguns estudos apontem no sentido de que os índices de rugosidade

utilizados comummente não se relacionem com os parâmetros que indicam o nível de

conforto humano (AWASTHI, et al., May, 2001).

Page 39: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

24

Neste trabalho, contudo, mais do que aprofundar o conceito do conforto humano

parece importante realçar a importância de uma avaliação objectiva do estado de um

pavimento e de estabelecer critérios de prioridade de intervenções.

Num estudo para o Departamento de Transportes do Canadá foi desenvolvido um

índice de deterioração que integra não só a análise ao estado de degradação, como a

maioria dos Sistemas de Gestão de Pavimentos Aeroportuários hoje em dia o faz. Foi

criado assim o CRI – Condition Rating Index – como um auxiliador para os modelos

cada vez mais complexos de avaliação da performance de pavimentos deste género

(SHAH, et al., 2004). Este índice de condição já foi abordado anteriormente extraindo-

-se como relevante a integração das componentes estruturais e funcionais da avaliação

do pavimento.

Ao integrar, num único modelo, um índice de manifestação de fadiga do pavimento,

um índice de potencial de danos de objectos exteriores, uma avaliação do atrito

superficial e um avaliador da regularidade (RCI – Riding Comfort Index), torna-se mais

eficiente e útil para o planeamento e priorização das intervenções de manutenção e

reablitação.

A caracterização da macrotextura e microtextura da superfície de pavimentos pode ser

obtida através de vários tipos de equipamentos com características distintas, como foi

visto. Em 1996, um trabalho conjunto da PIARC (Permanent International Association

of Road Congress, actualmente World Road Association) e da ASTM (American Society

for Testing and Materials) resultou numa harmonização num único índice internacional

denominado de IFI (International Friction Index) (APS, 2006). O emprego deste ensaio,

que não compete aqui descrever pormenorizadamente, está especificado na norma

(ASTM E1960-07, 2007).

O IFI representa um método de aferir ambas as componentes da interacção

pneu/estrada, ou seja, a resistência à derrapagem (Skid Resistance), o atrito superficial

(microtextura) e a profundidade média da textura do pavimento (macrotextura)

(YEAMAN, 2005).

Tendo em conta que índices como o IRI, RCI ou IFI necessitam de um veículo

instrumentado, por exemplo, com um dispositivo de medição da rugosidade

(Roadmeter) (Figura 2.4) e que a avaliação do atrito se faz mediante um ensaio onde o

mesmo veículo tem de acoplar um pequeno atrelado, designados de “Grip Tester”

(Figura 2.5) e “Mu-Meter” (Figura 2.6), conclui-se que com o objectivo de desenvolver

um índice expedito, ensaios também eles mais expeditos são necessários.

Surge desta forma a necessidade de eleger um ensaio expedito e fidedigno que avalie

não a irregularidade do pavimento para comprimentos de onda maiores, mas no

âmbito da microtextura e de macrotextura. Dentro destes existem dois ensaios óbvios,

o do Pêndulo Britânico e o da Mancha de Areia.

Page 40: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

25

Figura 2.4 Veículo instrumentado para múltiplas análises da superfície de pavimentos, extraída de (WSDOT, 2009)

Figura 2.5 Grip Tester, extraída de (IRVINE, 2009)

Figura 2.6 Mu-Meter, extraída de (INTERNATIONAL, 2009)

Page 41: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

26

Sabendo que o ensaio da mancha de areia não fornece uma indicação directa do atrito

pneu-pavimento, mas constitui um bom indicador do seu potencial valor (MENEZES,

2008), simultaneamente, dá indicações das características de drenagem e de

rugosidade da superfície (ao contrário do Pêndulo Britânico), estando mais relacionado

com o nível de degradação, ao nível da perda da camada de betume e da desagregação

superficial. Foi este o ensaio escolhido para integrar o modelo proposto neste estudo.

2.4.3 Ensaio da Mancha de Areia

O ensaio da mancha de areia permite caracterizar, de modo simples e por um valor

único, a profundidade da textura superficial de um pavimento. Pode-se aplicar a

qualquer tipo de pavimentos de betão betuminoso ou betão de cimento. A

macrotextura é determinada através dos desvios entre a superfície de um pavimento e

uma superfície plana de referência.

Este ensaio é realizado actualmente segundo a norma europeia EN 13036-1 (2001) ou

americana (ASTM E965-96, 2006), que são uma versão revista do antigo ensaio que

deu o nome de mancha de areia e que recorre, presentemente, à utilização de

pequenas esferas de vidro de dimensão normalizada. Anteriormente, era realizado

com areia de granulometria bem definida, obtida por passagem em peneiros

normalizados seguindo, em solo nacional, o procedimento do LNEC nº52/1/3416.

O material necessário para realizar o ensaio é o seguinte:

Uma régua, graduada em milímetros, de 500 m;

Um cilindro com volume interior de 25 cm3;

Um disco plano de borracha dura, de 63 mm de diâmetro;

Um recipiente para armazenar a areia;

Uma escova de pelo macio;

Protector circular plano, com 50 cm de diâmetro, de forma a proteger do vento

(possível recorrer a um pneu de automóvel);

Quantidade de areia de grãos arredondados de granulometria 0,30 mm a

0,16 mm.

Para cada zona a caracterizar, devem-se efectuar vários ensaios, devendo a superfície

do pavimento apresentar as seguintes particularidades:

Estar seca (nem que para tal seja necessário secar com recurso a uma chama de

aquecedor a gás, por exemplo);

Estar isenta de fendas ou juntas e partículas soltas, devendo ser limpa com a

escova, num raio de, pelo menos, 25 cm.

Page 42: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

27

Inicia-se o procedimento com a medição do material granular necessário (25 cm3) que

está colocado no cilindro com esse volume Compacta-se com três pancadas laterais,

retirando o material sobrante.

Depois de vertido o conteúdo no local a analisar, que foi previamente limpo, espalha-

se com o disco, em movimentos circulares, de forma ao material preencher todos os

interstícios do pavimento, até não ser possível aumentar o diâmetro de espalhamento.

Da medição de três diferentes diâmetros, com aproximação de 1 mm, é possível extrair

o resultado da profundidade média da rugosidade através da fórmula [3].

𝐻𝑠 = 4𝑉/𝜋𝐷2 [3]

Onde:

Hs – profundidade média da textura superficial (mm);

V – volume de material espalhado (25 cm3);

D – diâmetro médio do círculo obtido com o espalhamento do material (mm).

O resultado do ensaio de uma determinada zona de pavimento deve ser o valor médio

de cinco pontos ensaiados.

2.5 Sistemas de Gestão de Pavimentos Aeronáuticos

Uma análise aprofundada do que se investiga e regulamenta em diferentes países,

acerca de Sistemas de Gestão de Pavimentos Aeronáuticos (Airfield Pavement

Management Systems – APMS), extrapola o âmbito deste trabalho. Contudo, para a

apresentação de um modelo que se pretende constituir como um auxílio a esses

sistemas standardizados, não se poderá deixar de abordar este assunto.

Para perceber o contributo dos índices apresentados neste estudo, para as empresas

gestoras das infraestruturas, é necessário e útil clarificar em que se baseiam os

Sistemas de Gestão de Pavimentos (Pavement Management System – PMS). Estes

Sistemas de Gestão fornecem a estrutura com a qual se organizam e se executam

todas as actividades necessárias para o bom funcionamento da infraestrutura, como

sejam as operações de exploração e de manutenção dos pavimentos aeroportuários

(CANADA, Transport of, 2009).

Um APMS não tem por função avaliar apenas a condição de fadiga do pavimento no

presente, como também inferir sobre o seu futuro desempenho através de um

indicador de condição, como os que foram abordados nos pontos anteriores. Ao

Page 43: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

28

extrapolar para o futuro a taxa de deterioração, viabiliza-se uma análise ao custo do

ciclo de vida de diferentes alternativas de reparação ou reabilitação. Esta análise ajuda

na determinação do momento óptimo para a aplicação da melhor alternativa. A Figura

2.7 mostra como um pavimento geralmente se deteriora com o tempo e o custo

relativo de reabilitação em diferentes momentos. Vários estudos concordam que

manter um pavimento com uma boa condição de desempenho, em vez de

periodicamente reabilitar um pavimento que atinge um nível fraco, diminui os custos

de intervenções entre quatro a cinco vezes (U. S. Department of Transportation, 2006).

Figura 2.7 Típico Ciclo de Vida da Condição de um Pavimento, extraído de (SHAHIN, 2005)

Um APMS é muitas vezes denominado de sistema integrado, pois deverá conter na sua

filosofia quatro conceitos fundamentais enquanto sistema: Integrado; Robusto e

coerente; Compatível; e Coeso (Work Together).

Um Sistema de Gestão de Pavimentos Aeronáuticos deve integrar tantas valências

quanto possível, com o objectivo de se tornar mais robusto e eficiente. Deve-se

manter coerente, compatível e coeso, para que cada procedimento duma actividade

do sistema não seja contra producente no alcançar dos objectivos das outras

actividades.

Inicialmente, um APMS tinha como objectivo único a modelação do desempenho de

deterioração do pavimento. Actualmente é muito mais do que isso, mesmo que se

mantenha como uma fase onde ainda muito se investiga e investe.

Em 1997, a Associação de Transportes do Canadá (Transportation Association of

Canada) num documento intitulado “Pavement Management and Design Guide” (Guia

de Design e Gestão de Pavimentos) referia-se assim aos APMS: O propósito base de

Page 44: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

29

um sistema de gestão de pavimentos é alcançar a melhor valorização possível para os

fundos públicos e, simultaneamente, disponibilizar um transporte em segurança,

confortável e económico. É alcançável através da comparação de alternativas de

investimento, de um design, construção, manutenção e actividades de avaliação

coordenados, fazendo ainda um eficiente uso dos conhecimentos e práticas existentes.

É exactamente para contribuir para esse propósito que se apresenta um modelo

totalmente novo e que se espera possa evoluir no sentido de enriquecer os

“conhecimentos e as práticas existentes”.

2.6 Síntese

Descreveu-se, sumariamente, um aeródromo, os seus elementos e as características

específicas dos seus pavimentos, foram apresentados alguns modelos de avaliação

estrutural (ACN/PCN) e da condição de pavimentos aeronáuticos (PCI e CRI), bem

como algumas metodologias seguidas actualmente para aferir das suas características

funcionais, designadamente de textura.

Esta apresentação resumida, juntamente com o fundamental dos Sistemas de Gestão

de Pavimentos Aeronáuticos e ainda da exposição da forma de cálculo de um dos

índices de condição mais conhecidos – o Condition Rating Index (CRI) – julga-se servir

para melhor perceber como surge o modelo proposto nesta dissertação.

Page 45: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

30

3 Modelo Proposto para Avaliação Integrada e

Expedita da Condição de um Pavimento

3.1 Introdução

Pretendeu-se lançar os princípios de uma ferramenta inovadora, que auxilie os

técnicos avaliadores no levantamento dos dados necessários à classificação do

desempenho dos pavimentos, de forma integrada e expedita.

Surgiu assim, o que se designa de Índice Integrado de Avaliação Expedita (IIAE), que é

proposto pelo signatário na presente dissertação.

O objectivo pretendido é o de obter um modelo de avaliação expedito, que possa

servir de base a futuros modelos, adoptados pelas administrações dos aeródromos e

ajudá-las a aplicar sistemas de gestão de pavimentos, com três características

principais: serem credíveis e úteis; serem pouco dispendiosos; e serem expeditos, sem

a necessidade de condicionar operações. Tornou-se óbvia a necessidade de

aproveitamento máximo das valências indispensáveis à prossecução deste objectivo.

O conceito que se pretende introduzir, ainda que numa fase embrionária, consiste na

integração de valências, cruzando, num mesmo modelo, duas faces cada vez mais

afastadas com a automatização de cálculos e procedimentos. Procurou-se integrar as

conhecidas capacidades dos modelos matemáticos (apesar de muito simples), com as

capacidades humanas e subjectivas de avaliação imediata.

Não se pretende retirar qualquer valor aos modelos computacionais, mais completos e

complexos, nem sequer com eles concorrer. O objectivo passa por desenvolver uma

alternativa mais expedita, a mais precisa possível mas, ao mesmo tempo, menos

exigente do ponto de vista de meios técnicos e humanos, assim como de interferência

com as operações das infraestruturas avaliadas, tornando toda esta fase menos

onerosa.

A grande vantagem de semelhante procedimento parece ser que todos os aeródromos

poderão ter acesso a este modelo, continuando a veicular mais recursos financeiros

para a fase da intervenção nos pavimentos, conseguindo assim melhorar as condições

dos pavimentos e, por consequência, melhorar as condições de segurança, conforto e

durabilidade para todos aqueles que usufruem e dependem destes pavimentos.

Um modelo com estas características necessita de menos avaliadores e técnicos nas

inspecções, assim como de equipamentos de medição e ensaio. Conflitua menos com

as normais operações dum aeródromo, permitindo ainda o estreitamento da

periodicidade normalmente implementada para as avaliações da condição e do

Page 46: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

31

comportamento dos pavimentos ao longo do tempo. Deste modo, poder-se-á

contribuir de forma decisiva, em qualquer tipo de aeródromo, para uma decisão de

intervenção de manutenção ou reabilitação atempada e com objectivos bem

delineados.

A descrição de procedimentos a adoptar, bem como de sugestões que se julguem

pertinentes, em cada uma das fases de desenvolvimento da avaliação dos pavimentos,

é apontado de seguida, começando pelo processo de divisão dos pavimentos, seguido

dos procedimentos para a avaliação subjectiva, da avaliação objectiva, da integração

da avaliação do desempenho funcional e, por fim, a metodologia de cálculo do índice

desenvolvido.

3.2 Processo de Divisão dos Pavimentos (Grelha D)

O processo de divisão do pavimento sugerido neste trabalho foi função do pavimento

sob análise e também da sua geometria. Dão-se de seguida algumas formas práticas de

dividir o pavimento das zonas, em secções, de forma a agilizar as avaliações

subsequentes e a facilitar a localização das secções no local, por parte do avaliador.

Tendo em consideração a descrição dos elementos de um aeródromo, esclarece-se o

que, daqui em diante, se entende por rede de pavimentos, zonas e secções.

Por Rede de Pavimentos entenda-se todo o conjunto de áreas pavimentadas, utilizadas

pelo tráfego aéreo: pistas, caminhos de circulação, placas de estacionamento e

manutenção, etc (VELOSO, 2001).

Por Zona entende-se a divisão da rede de pavimentos total nas áreas com funções e

características específicas em termos aeronáuticos, ou seja, uma placa de

estacionamento ou um caminho de circulação. O importante é o pavimento possuir

características homogéneas de idade, tipo de construção e tipo de utilização. Caso não

se verifiquem estas condições, divide-se a zona em duas sub-zonas distintas, por

exemplo, uma placa de estacionamento com utilização ou capacidade do pavimento

distintas deve ser separada em duas sub-zonas (Figura 3.1). Veloso (VELOSO, 2001)

designa de “Ramo” o que aqui se entende por Zona.

Ao contrário do que acontece com a vulgar divisão de pavimentos aeronáuticos para

determinação do PCI (Pavement Condition Index), o modelo proposto não recorre a

amostragem. Por isso mesmo, a menor divisão do pavimento designa-se de Secção.

Na posse das plantas gerais do aeródromo, de preferência em formato digital, o

avaliador deve começar por identificar as zonas, alvo de avaliação. Para tal deve

consultar todos os dados disponíveis acerca dos projectos de execução dos

Page 47: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

32

pavimentos, bem como dos ensaios de carga realizados, composição estrutural e

tráfego, de modo a que a divisão da rede de pavimentos em zonas verifique as

condições supracitadas. Resumem-se os passos necessários a adoptar nesta fase

(VELOSO, 2001):

Dividir a área da rede de pavimentos a avaliar, em zonas;

Verificar a uniformidade de características das zonas identificadas, segundo os

critérios definidos atrás;

Utilizar plantas de escalas menores (1:50 ou 1:100) para os registos de

observação;

Caso seja possível, utilizar plantas de pavimentos que contenham o tipo, a

constituição e o ano de construção desses pavimentos.

Figura 3.1 Exemplo de divisão e designação de duas sub-zonas de uma placa de estacionamento de aeronaves

Procedeu-se à atribuição de códigos às zonas identificadas, com o intuito de contribuir

para a constituição de uma base de dados útil, ao longo do tempo, com as várias

inspecções. Utilizaram-se os seguintes códigos (Tabela 3.1).

Tabela 3.1 Códigos de Zona, definidores do tipo de utilização, segundo (VELOSO, 2001)

Código Tipo de utilização Código Tipo de utilização

R Pista principal (Runway) S Bermas (Shoulder’s)

T Caminho de circulação (Taxiway) M Placa de manutenção (Maintenance)

H Placa de helicópteros (Helipad) O Cabeceiras da pista (Overruns)

A Placa de estacionamento (Apron) X Outros

Page 48: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

33

No caso de existir mais do que uma zona com o mesmo tipo de utilização, deve seguir-

-se um caracter numérico identificativo (Figura 3.1).

Com a divisão das zonas em secções percebe-se de forma lógica, o pavimento a

analisar, dividido em pequenas fracções quadrangulares. Com o auxílio de um software

de desenho assistido por computador (CAD), e com as plantas do aeródromo em

formato digital, todo este processo torna-se mais simples.

Tendo em consideração as características próprias do modelo, as secções terão área

inferior à preconizada como óptima para determinação do PCI (Tabela 3.2). Assim,

sugerem-se as seguintes áreas e dimensões para as secções, consoante a zona da

infraestrutura a analisar (Tabela 3.2 e Figura 3.2).

Tabela 3.2 Geometria sugerida para as secções em função da zona

Zonas Áreas sugeridas (m2) Dimensões sugeridas

(m)

Área preconizada para o PCI, segundo

(VELOSO, 2001) (m2)

R, S e O 200 20 x 10 450 para ACC*

20 lajes para PCC** T 150 15 x 10

H, A, M e X 100 10 x 10

* Designação americana para pavimentos flexíveis (Asphalt Concrete Cement)

** Designação americana para pavimentos rígidos (Portland Concrete Cement)

À grelha teórica desenhada para o pavimento a analisar dá-se o nome de Grelha D (ou

Matriz D).

Figura 3.2 Exemplo de divisão de uma Zona de pavimento (placa de estacionamento em pavimento flexível) em secções numeradas (10 m x 10 m)

Page 49: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

34

Efectuada a grelha teórica sobre a área de pavimento em estudo verifica-se que

existem algumas bandas de pavimento que excedem a dimensão de qualquer das

secções (por exemplo, Figura 3.2, zona a tracejado). Quando elas representam mais de

25% do quadrilátero da grelha (i.e. secção) devem ser numeradas individualmente

(para o exemplo fictício da Figura 3.2, a Tabela 3.3 justifica a classificação). No caso

contrário, devem integrar o quadrilátero, ou secção, adjacente (precedente). A Tabela

3.4 sintetiza esta informação.

Tabela 3.3 Descrição da classificação efectuada no exemplo da Figura 3.2

Número da secção

Área (m2) % Observações

05 21,93 22 Não é numerada e a área passa a ser incluída

na secção 04.

15 65,32 65 É numerada e considerada uma secção.

25 98,01 98 É numerada e considerada uma secção.

26 10,86 11 Não é numerada e a área passa a ser incluída

na secção 25.

31 - 35 39,08 39 São numeradas e consideradas secções.

36 18,08 18 Não é numerada e a área passa a ser incluída

na secção 35.

A razão das menores áreas propostas prende-se com o facto do avaliador, sozinho, ter

de observar cada secção como um todo, e classificá-la em concordância. Reduz-se o

risco de existência de mais anomalias por secção e, por consequência, diminuem-se as

dúvidas suscitadas para quais são as anomalias preponderantes.

A Grelha D deve estar identificada com o número das secções seguindo os critérios

definidos nos desenhos. Deve haver a preocupação de orientar as linhas e/ou colunas

desta grelha segundo a maior dimensão em planta da Zona em análise, de modo a

existir o maior número possível de secções em que a área de pavimento corresponda a

100%.

Da sobreposição da grelha com a área da parte da infraestrutura do aeródromo em

estudo podem surgir algumas secções que excedem a área pavimentada. Nessas

situações, o critério sugerido resulta da aplicação da Tabela 3.4.

Tabela 3.4 Numeração e classificação de secções parciais de pavimento

Área de pavimento contida

na secção Numerar

Classificar individualmente

Observações

Mais de 25% Sim Sim Classificar normalmente

Menos de 25% Não Não Integrar na classificação da secção

contígua (número anterior ou seguinte)

Page 50: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

35

A definição de como dividir o pavimento de uma Zona de um aeródromo deve ser feita

na primeira aplicação do modelo proposto, devendo ser seguida em todas as

avaliações futuras.

3.3 Avaliação Subjectiva Directa da Condição do Pavimento (Matrizes S

e S’)

Uma vez efectuada a divisão do pavimento a analisar, pode-

-se dar início aos procedimentos de classificação da condição do pavimento, mediante

as indispensáveis inspecções ao local.

A avaliação subjectiva é a primeira de duas avaliações distintas que este modelo

propõe, que devem ter lugar aquando da inspecção ao local. A avaliação subjectiva

deve ser a primeira porque é preferível que o avaliador não tenha já observado a

gravidade das anomalias de cada secção individualmente. Se, por um lado, é altamente

recomendável tratar-se de alguém com bastante experiência neste tipo de pavimentos

em particular, estaria a ser influenciado, à partida, por uma classificação que se

pretende seja feita independentemente, a posteriori.

O avaliador deve, então, começar a percorrer a pé o pavimento a avaliar, localizando,

com base na planta do aeródromo e na matriz que se lhe sobrepõe, a primeira secção.

Com base na sua experiência de pavimentos aeronáuticos já inspeccionados, e muito

importante também, do seu conhecimento acerca da realidade do aeródromo em

questão, deverá observar atenta e individualmente cada secção como um todo,

classificando-a.

Tendo sido consultada a bibliografia disponível, pareceu adequado considerar 5 níveis

para caracterizar o estado de conservação do pavimento. Trata-se de uma

hierarquização que considera os seguintes escalões: mau, medíocre, razoável, bom e

muito bom.

Traduzindo para uma classificação mais detalhada, definem-se os seguintes critérios

(Tabela 3.5).

Page 51: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

36

Tabela 3.5 Classificação Subjectiva Directa da Condição dos Pavimentos

Classif Escalão Designação Descrição

1 Mau Pavimento em

ruína

A condição do pavimento condiciona a operacionalidade e/ou coloca em risco a segurança

das aeronaves e pessoas que o utilizam

2 Medíocre

Pavimento com estado de

desempenho fraco

Apesar de não colocar em risco evidente a segurança das aeronaves e pessoas que o utilizam, apresenta defeitos que necessitam ser corrigidos

rapidamente

3 Razoável

Pavimento com estado de

desempenho normal

Apresenta as condições de deterioração decorrentes da utilização e envelhecimento naturais. Apesar de não colocar em causa a segurança nem necessitar

de intervenções de manutenção imediatas, apresenta anomalias que requerem uma

monitorização apertada e cuidada

4 Bom Pavimento em boas condições

Apresenta as condições normais decorrentes da utilização e envelhecimento, com pequenas anomalias que não requerem monitorização

5 Muito bom

Pavimento em excelente condição

Apresenta as condições ideais, de novo e bem construído, sem qualquer anomalia

Nesta fase que se designa de Avaliação Subjectiva Directa da Condição do Pavimento,

com base na Grelha D anteriormente definida, coloca-se a classificação para cada um

dos quadriláteros (secções). Deste modo obtém-se uma matriz (Matriz S) como a da

Figura 3.3.

Figura 3.3 Grelha D e Matriz S para o exemplo da Figura 3.2

Page 52: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

37

Depois de anotada a classificação na Matriz S, deverá prosseguir para a secção

seguinte, sem se preocupar com a classificação já atribuída à secção contígua, isto é,

tendo em consideração que secções vizinhas podem diferir em um ou mais níveis na

escala anterior, fazendo-o de forma sucessiva, até ao final.

Se a referenciação das secções no local for difícil, o avaliador pode recorrer a uma fita

métrica e à marcação dos vértices das secções analisadas com giz, sempre que

necessário. A referenciação deve recorrer aos elementos visíveis, como as marcações

de circulação ou o alinhamento de hangares. Por isso mesmo, é importante que as

avaliações sejam efectuadas por ordem sequencial dos quadriláteros (secções). O

avaliador deve-se colocar sobre o vértice das secções para melhor as observar como

um todo, contabilizando por passos (que o próprio deverá calibrar previamente) o

comprimento das secções.

Como a esta fase de avaliação se segue outra, designada de Avaliação do Índice de

Manifestação de Degradação, é necessário representar graficamente a(s) anomalia(s)

evidente(s) na respectiva secção, durante a Avaliação Subjectiva Directa da Condição

do Pavimento. Este passo é importante para assegurar que as anomalias mais gravosas

e evidentes não transitam de secção entre as duas avaliações. Por exemplo, uma

anomalia detectada e integrada na avaliação da secção 12 (Figura 3.3), nesta fase,

pode, devido à imprecisão de medição do avaliador, ser avaliada na secção 13 (Figura

3.3) na fase seguinte (Avaliação do Índice de Manifestação de Degradação). Para evitar

tal situação, recorre-se a uma nova Grelha D, completamente limpa, onde se apontam

as anomalias mais gravosas na respectiva secção, obtendo-se uma Matriz S’ como a

que se apresenta na Figura 3.4.

Figura 3.4 Matriz S e Matriz S' para o exemplo da Figura 3.2

Page 53: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

38

3.4 Avaliação do Índice de Manifestação de Degradação (Matriz A)

Os Índices de Manifestação de Degradação (Distress Manifestation Index – DMI) são

índices que classificam, o mais objectivamente possível, a condição de degradação e de

fadiga da superfície dos pavimentos.

O índice que se pretende implementar neste modelo terá de corresponder a uma

classificação objectiva da condição da superfície do pavimento. Deve possuir uma

correspondência de escala à classificação da Avaliação Subjectiva Directa da Condição

do Pavimento obtida. Terá ainda de proporcionar a sua implementação por um único

avaliador e de recorrer a procedimentos simples e expeditos.

Nestas condições, torna-se mais importante a correcta identificação de anomalias, que

repercutem problemas estruturais do pavimento, de drenagem ou de utilização, do

que quantificar a sua densidade por unidade de área do pavimento. Estando a

trabalhar com secções de reduzida dimensão (quando comparadas com as

preconizadas por outros modelos como o PCI), a identificação de duas anomalias

condicionantes do desempenho dessa fracção do pavimento torna-se mais relevante

do que a medição da sua densidade.

Consegue-se assim diminuir o tempo de avaliação das secções do pavimento,

potenciando a sua inspecção por uma única pessoa, reduzindo nos encargos

associados a esta fase de levantamento e processamento de informação.

Nesta fase, o avaliador deve observar atentamente cada secção do pavimento,

analisando todas as possíveis anomalias existentes, classificando-as segundo a sua

importância relativamente às demais existentes nessa secção. Essa classificação deve

ser apontada numa matriz, designada de Matriz A (Tabela 3.6).

Tabela 3.6 Excerto de um exemplo de Matriz A

Identificação numérica das secções

01 02 03 04 …

Tip

os

de

ano

mal

ias*

A.I.1

A.I.2

A.I.3

A.I.4

A.II.1

* São descritos posteriormente os códigos atribuídos aos diferentes tipos de

anomalias.

Page 54: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

39

Ser uma das anomalias condicionantes (Tabela 3.7) significa que é a mais gravosa ou

das mais gravosas (Tabela 3.8), quando comparada com as outras existentes nessa

secção. Em cada secção não poderão ser classificadas mais de três anomalias com o

nível 2. Só deverão existir três anomalias classificadas com 2 em caso de dúvida do

avaliador sobre qual das três a menos gravosa, o que só poderá ocorrer, no máximo,

em 10% das secções.

Tabela 3.7 Designação correspondente à Classificação das Anomalias

Classificação Designação

2 Anomalia condicionante da avaliação e do desempenho do pavimento da

secção

1 Anomalia existente mas não condicionante da avaliação e do desempenho do

pavimento da secção

0 Anomalia não existente no pavimento da secção

A classificação das anomalias (individualmente) deve respeitar os critérios

sistematizados na Tabela 3.8:

Tabela 3.8 Critérios de Classificação das Anomalias

Critério Classificação

A anomalia existe na secção

É a única anomalia detectada

2

Existem outros tipos de anomalias na secção mas esta é a mais gravosa

Existem outros tipos de anomalias na secção mas esta é uma das duas mais gravosas*

Existem outros tipos de anomalias na secção mas esta é uma das três mais gravosas, não se conseguindo distinguir as duas mais

gravosas.**

Existe outra anomalia mais gravosa na mesma secção 1

A anomalia não existe na secção 0

* É evidente a distinção entre as duas anomalias mais gravosas e as restantes

detectadas na secção.

** Pode acontecer, no máximo, em 10% das secções em análise.

Com este método classificativo, tenta-se contornar algumas das reconhecidas

dificuldades dos métodos mais complexos que exigem, entre outros, a mensuração da

densidade das anomalias identificadas, a definição da classificação da gravidade das

anomalias separadamente, ou mesmo a consulta de uma variedade de ábacos e

tabelas para o cálculo do índice de condição.

A simplicidade da classificação aqui preconizada conduz a uma redução no risco da

identificação da gravidade das anomalias. Elimina ainda a sobrecarga de

procedimentos e a incerteza associada à medição da densidade das anomalias.

Page 55: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

40

A avaliação deve começar pela primeira secção avaliada na fase anterior, seguindo a

mesma sequência e consultando apenas a Matriz S’ (Figura 3.4), preenchida

anteriormente, para esclarecimento de dúvidas na localização relativa do avaliador.

Em cada secção, o avaliador deve percorrer a pé toda a área, tão devagar quanto

necessário para uma completa identificação das anomalias presentes. Após esse

levantamento, poderá colocar-se num vértice da secção e avaliar de entre as

anomalias identificadas, qual ou quais as condicionantes do desempenho do

pavimento, passando de seguida à próxima secção e assim sucessivamente, até ter a

Matriz A (Tabela 3.6) completamente preenchida.

3.5 Integração da Textura Superficial no Modelo do Índice Integrado de

Avaliação Expedita

Depois de observada a componente subjectiva e objectiva da avaliação da condição do

pavimento, será normal constatar algumas variações entre elas, ou seja, casos onde a

avaliação não coincide. Apesar de não ser surpreendente, julga-se pertinente adicionar

uma última componente, integrando mais uma valência, sem com isso dificultar

significativamente o processo de avaliação.

É com este objectivo que se propõe a integração da avaliação da textura superficial,

que integra a outra face da avaliação de um pavimento, a funcional, concretizada por

ensaios práticos que terão de responder perante os requisitos originais do modelo

desenvolvido, isto é, serem expeditos e de baixo custo.

Facilmente se conclui que o ensaio que reúne estas características é o ensaio expedito

à macrotextura, ou seja, o ensaio volumétrico para determinação da textura de um

pavimento, também designado de ensaio da mancha de areia.

Este ensaio e a interpretação dos seus resultados permite despistar e calibrar situações

onde a inexperiência do avaliador poderia resultar em avaliações menos precisas.

Como a balizagem da interpretação dos resultados só foi possível depois de eles terem

sido realizados, o procedimento de obtenção será explicitado posteriormente, no caso

de estudo, onde se aplicou o modelo proposto e agora apresentado.

Contudo, a influência destes parâmetros no Índice Integrado de Avaliação Expedita

(IIAE) tem de ficar explícita por ora. A tabela de enquadramento proposta pelo autor

para os resultados do ensaio de campo encontra-se na Tabela 3.9.

Page 56: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

41

Tabela 3.9 Enquadramento da macrotextura no modelo do IIAE

Hs (mm) Classificação da secção

- Mi Gráfico

]0 ; 0,6] 1

]0,6 ; 0,8] 2

]0,8 ; 1,0] 3

]1,0 ; 1,2] 4

]1,2 ; 1,4] 5

]1,4 ; 1,6] 4

]1,6 ; 2,0] 3

]2,0 ; 2,4] 2

]2,4 ; +∞[ 1

Esta escala tem como fundamento os seguintes aspectos: o facto de 0,6 mm ser o

mínimo admitido para pavimentos novos pela EP, para pavimentos de betão

betuminoso segundo o CEIEP (JAE, 1998); e o facto de se saber que pelas

características próprias de um pavimento aeronáutico, nomeadamente, ao praticarem-

-se velocidades elevadas e ao ter de garantir boas condições de drenabilidade com

pequenas pendentes (por exemplo, nas placas de estacionamento, a pendente terá de

variar entre 0,5 e 1,0% nas posições de estacionamento, a um máximo de 1,5% nas

restantes áreas (ICAO, 1983)).

Desta forma, os pavimentos aeronáuticos deverão, idealmente, ter texturas

geralmente designadas de “Grossa” ou “Muito grossa”, variando desta forma entre os

0,8 mm e 1,6 mm (SPECHT, et al., 2007).

Os restantes intervalos são resultado dos ensaios realizados e da consulta de trabalhos

publicados (MENEZES, 2008).

A aferição da macrotextura da superfície do pavimento poderá ser realizada sempre

que surjam dúvidas acerca da textura do pavimento sob análise e, por consequência,

do atrito desenvolvido entre pneu e pavimento.

A realização de dois a três ensaios em cada zona do pavimento em avaliação permite

obter uma classificação integrada mais abrangente, classificando não só a avaliação

estrutural do pavimento, mas também a funcional, com as preocupações objectivas de

segurança e de conforto a serem visadas explicitamente.

Numa fase inicial do desenvolvimento deste método e de forma a forçar a

compensação da eventual inexperiência do avaliador, propõe-se que a classificação

proveniente do ensaio da mancha de areia tenha um peso de 50% na classificação do

IIAE de cada secção, sempre que exista o resultado desse ensaio e seja válido. Essa

metodologia de cálculo será apresentada de seguida.

012345

Mi

Hs

Page 57: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

42

3.6 Metodologia de Cálculo do Índice Integrado de Avaliação Expedita

(IIAE)

3.6.1 Introdução

Neste ponto descreve-se o procedimento de obtenção matemática do Índice Integrado

de Avaliação Expedita (IIAE).

Tendo sido desenvolvido com a experiência adquirida no Caso de Estudo feito pelo

signatário é natural que necessite de afinamentos, mas eles só serão possíveis de

determinar com mais aplicações. De realçar, contudo, que o objectivo deste estudo é

desenvolver um método o mais simples possível e que, por isso, os factores de

correcção deverão ser explícitos e de preferência empíricos.

Descrevem-se de seguida os procedimentos para apurar o IIAE primeiro para uma

secção e depois para uma zona de pavimento numa infraestrutura aeronáutica.

3.6.2 Cálculo do DMI e IIAE para uma secção

Levantadas e classificadas as anomalias de cada secção, o cálculo do IIAE é

relativamente simples, passando primeiro pelo cálculo do DMI.

A classificação atribuída a cada anomalia durante a avaliação objectiva distingue três

situações: a não existência da anomalia; a sua existência; e a existência de anomalias

com preponderância sobre as demais.

Atribuiu-se naturalmente mais peso, na determinação do DMI, à quantidade de

anomalias classificadas com 2 (Tabela 3.7), por serem condicionantes da classificação

da secção, sabendo que poderão existir entre 0, no caso de não ser identificada

nenhuma anomalia na secção, e 3, num máximo de 10% do número de secções da

zona.

Procede-se então à soma do número de anomalias em cada secção, classificadas com

2, a qual se pode denominar variável Y, e somar o número de anomalias, também em

cada secção, classificadas com 1, que se denominará de variável X.

Page 58: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

43

Tabela 3.10 Exemplo de Determinação das Variáveis "X" e "Y"

Secção 3

A.I.1 1

A.I.2 0

A.I.3 2

A.I.4 0

A.II.1 0

A.II.2 1

A.II.3 1

A.II.4 0

A.III.1 0

A.III.2 0

A.III.3 0

A.III.4 1

A.III.5 0

A.III.6 0

A.IV.1 0

A.IV.2 1

A.V.1 2

A.V.2 0

X 5

Y 2

Para o exemplo da Tabela 3.10, X = 5 e Y = 2.

Sabe-se até agora que Y tomará valores entre 0 e 3. Por seu lado, X poderá variar entre

0, no caso da secção não apresentar nenhuma ou somente uma anomalia e 12, valor

que se propõe como máximo admissível para sobreposição de anomalias numa secção.

Este valor tem como significado que não se julga possível identificarem mais de 13

anomalias numa secção, ou seja, se X = 12, Y será, pelo menos, igual a 1, e que

portanto não será possível, numa tão reduzida área, identificar mais de 13 diferentes

anomalias. Significa que se está a admitir que 30% das anomalias possíveis são

mutuamente exclusivas (fisicamente) numa secção, com as restantes.

No final da avaliação objectiva, caso se conclua que existem mais de 10% de secções

com Y = 3, o avaliador deve despromover algumas anomalias de classificação 2

(anomalia condicionante) a 1 (anomalia existente), seguindo o real conhecimento do

pavimento e, caso estritamente necessário, realizar nova passagem pelas secções em

causa. O mesmo deve acontecer caso se verifique em qualquer secção que X > 12, pois

certamente terá ocorrido uma deficiente identificação das anomalias, aconselhando-se

o avaliador a consultar os manuais ilustrativos, de que são exemplos o apresentado

Page 59: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

44

posteriormente no presente trabalho (Capítulo 5), ou ainda em (VELOSO, 2001) e no

(U. S. Department of Transportation, 2004).

Apuradas as variáveis X e Y para todas as secções e verificadas as condições

supracitadas, aplica-se a seguinte fórmula matemática, proposta pelo signatário, para

o cálculo do DMIi [4].

𝐷𝑀𝐼𝑖 = 5 −𝑎 × 𝑋𝑖 + 𝑏 × 𝑌𝑖

𝑐 [4]

Onde:

DMIi – valor do Índice de Manifestação de Degradação da secção i,

arredondado às centésimas;

a – peso relativo atribuído às anomalias apenas existentes = 0,5;

b – peso relativo atribuído às anomalias existentes e condicionantes = 1,5;

c – coeficiente de correcção = 7/3, que deverá ser posteriormente ajustado a

cada caso;

Xi – número de anomalias classificadas com 1, na secção i (Matriz A);

Yi – número de anomalias classificadas com 2, na secção i (Matriz A).

No entanto, para determinar o IIAE falta ainda cruzar com a classificação da avaliação

subjectiva e, se existente, da textura superficial. Para tal propõem-se as seguintes

fórmulas [5] e [6]:

𝐼𝐼𝐴𝐸𝑖 = (𝑝𝑠 × 𝑆𝑖 + 𝑝𝑜 × 𝐷𝑀𝐼𝑖)/𝑑𝑘 [5]

𝐼𝐼𝐴𝐸𝑖 ,𝑇 = (𝐼𝐼𝐴𝐸𝑖 + 𝑀𝑖)/2 [6]

Onde:

IIAEi – Índice Integrado de Avaliação Expedita da secção i, arredondado às

centésimas;

IIAEi,T – Índice Integrado de Avaliação Expedita da secção i, com resultado da

macrotextura, arredondado às unidades;

Mi – valor da classificação da secção-tipo decorrente da avaliação da

macrotextura, Tabela 3.9

ps – peso relativo atribuído à avaliação subjectiva = 0,6;

Si – classificação na Matriz S da secção i;

Page 60: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

45

po – peso relativo atribuído à avaliação objectiva = 0,4;

DMIi – valor do índice de manifestação de fadiga da secção i, arredondado às

centésimas

dk – factor de correcção dado pela Matriz B (Tabela 3.11).

Tabela 3.11 Matriz B para factor de correcção dk

Si - Classificação da Avaliação Subjectiva Directa da Condição do Pavimento para a secção i

1 2 3 4 5

Valor obtido do DMIi pela equação [4],

1 1 1 1

2 1 1 1 1

3 1 1 1 1

4 2 1 1 1 1

5 1 1

É proposta esta matriz (Matriz B) com os dados recolhidos no Caso de Estudo, embora

só com a adopção de mais casos práticos pudesse ser devidamente calibrada.

Esta matriz (Matriz B) serve para resolver o caso específico da existência de apenas

uma anomalia na secção i (nesse caso DMIi = 4). Se essa anomalia tiver gravidade para

que a avaliação subjectiva (Si) tenha sido que o pavimento se encontra em estado de

ruína ou de pré-ruína (classificação de 1), só com a aplicação deste factor de correcção

(dk = 2) o resultado será correcto.

As zonas sombreadas são combinações que significariam a ocorrência de

incompatibilidade grave, que teriam de ser resolvidas pelo avaliador, com um processo

de avaliação revisto. Essa combinação da Avaliação Subjectiva Directa da Condição do

Pavimento e da Avaliação do Índice de Degradação impediria a aplicação racional do

modelo. Um exemplo dessa situação seria apurar-se um DMIi = 1, ou seja, serem

identificadas muitas anomalias na secção i e, independentemente, ter sido atribuída,

para a mesma secção, uma avaliação subjectiva de 4 (pavimento em boas condições)

ou 5 (pavimento em excelentes condições).

Os pesos relativos atribuídos nas fórmula [4] e [5] (a, b, ps e po), bem como o factor de

correcção c (fórmula [4]), provêm da experiência adquirida no desenrolar do Caso de

Esudo, na impossibilidade da recolha de mais dados.

Os pesos a e b são, naturalmente, o reflexo da maior importância dada às anomalias

condicionantes (Tabela 3.7) da avaliação de uma secção. Depois de avaliado o Caso de

Estudo, foi possível verificar que uma valorização de 3:1 destas anomalias perante as

anomalias apenas existentes (Tabela 3.7) nas secções analisadas era uma boa

estimativa, permitindo, juntamente com o factor de correcção c, obter um resultado

Page 61: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

46

do DMIi correspondente às expectativas (expectativas resultado das orientações

fornecidas pelos ensaios e da percepção subjectiva do signatário).

Já os pesos relativos a atribuir à avaliação subjectiva e ao índice DMI (ps e p0),

reflectem a necessidade de aumentar a responsabilidade da avaliação subjectiva

(60%), com a finalidade de corrigir os casos em que a simplicidade e a falta de casos de

aplicação do modelo matemático traduziriam incorrectamente a realidade. Com a

calibração futura dos factores c e dk, dos pesos relativos e de eventuais factores de

correcção que se julga importante adicionar nas futuras aplicações, esta valorização

relativa das avaliações deverá dissipar-se.

3.6.3 Cálculo do IIAE para uma zona

O procedimento para o cálculo do IIAE de uma zona do pavimento, por exemplo, de

uma placa de estacionamento com um único tipo de piso, uniforme e sem utilizações

claramente distintas, resume-se ao cálculo da média aritmética dos IIAEi obtidos [7]:

𝐼𝐼𝐴𝐸 = 𝐼𝐼𝐴𝐸𝑖

𝑛𝑖

𝑛 [7]

Onde:

IIAE – Índice Integrado de Avaliação Expedita de uma zona, arredondado às

unidades;

IIAEi ou IIAEi,T – Índice Integrado de Avaliação Expedita da secção i, ou o

mesmo índice com correcção generalizada da macrotextura, arredondado às

unidades,;

n – número de secções na zona de pavimento

O valor obtido para o IIAE é traduzido na mesma escala que foi introduzida para a

avaliação subjectiva, anteriormente (Tabela 3.5).

É importante salientar que este valor final para a zona avaliada não traduz mais do que

a média das avaliações de todas as secções, não dispensando por isso um olhar crítico

sobre o mapa de classificações do IIAEi, pois podem ocorrer situações mais ou menos

pontuais que necessitem de atenção pormenorizada e diferenciada.

Page 62: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

47

3.7 Síntese

O modelo do IIAE surge como uma resposta à necessidade dos aeródromos, em

especial dos mais pequenos, devido às suas limitações orçamentais, terem acesso a

ferramentas simples e pouco dispendiosas que lhes possibilitem iniciar um Sistema de

Gestão de Pavimentos, tal como se prevê que venha a ser obrigatório em breve.

Estão lançadas desta forma as bases de um método simples, expedito e pouco

dispendioso, de avaliação da condição de um pavimento aeronáutico, que recorre à

avaliação da totalidade da sua superfície, com procedimentos que pretendem torná-lo

metódico e credível ao mesmo tempo que acrescenta valor às gestões dos aeródromos

que o adoptem.

Parte de uma filosofia inovadora, ao basear-se num método comparativo para a

classificação da gravidade das anomalias e com um objectivo ambicioso de cruzar com

sucesso dois tipos de avaliação distintas, uma subjectiva e outra objectiva.

À semelhança do que foi introduzido com um dos últimos índices a ser desenvolvido

nesta área específica, o CRI, o modelo do IIAE pretende integrar o maior leque de

valências possível continuando a cumprir os objectivos a que se propôs. Para esse

efeito, incorpora como componente essencial a medição objectiva, segundo ensaios

expeditos a parâmetros do desempenho funcional do pavimento, como é a

macrotextura, concretizados através de ensaios de Mancha de Areia. Este ensaio tem

como vantagem servir ao mesmo tempo de indicador do atrito, de desempenho do

pavimento à drenagem das águas superficiais e de indicador da própria condição de

degradação do pavimento.

Por outro lado, a forma de cálculo dos diferentes procedimentos deste novo modelo

são apresentados após uma única aplicação para calibração e verificação dos

resultados. A formulação matemática não é, naturalmente, apresentada na sua forma

final, ou seja, estará durante as próximas aplicações práticas sujeita a melhoramentos

significativos no que diz respeito tanto ao cálculo do DMIi (fórmula [4]), dos pesos

relativos na fórmula do IIAEi,T (fórmulas [5] e [6]) como também da matriz dk (Tabela

3.11).

Com o aumento da experiência adquirida com o tempo e com as aplicações deste

modelo, prevêem-se também como úteis, as introduções de factores de correcção,

como por exemplo, da experiência do avaliador.

Page 63: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

48

4 Caso de Estudo – Aeródromo Municipal de

Cascais

4.1 Introdução

Apresentados os procedimentos teóricos para a concretização da aplicação do Índice

Integrado de Avaliação Expedita (IIAE), realiza-se de seguida a apresentação do Caso

de Estudo, o Aeródromo Municipal de Cascais (AMC), incluindo a descrição do

aeródromo e os dados relevantes respeitantes aos seus pavimentos, seguida da

demonstração da implementação do IIAE.

Neste capítulo, descreve-se mais em pormenor o modelo do IIAE, de modo a

aproveitar as circunstâncias características do trabalho de campo para exemplificar

algumas das opções tomadas e dificuldades encontradas durante o mesmo.

Dentro da rede de pavimentos do aeródromo é dada maior relevância à placa de

estacionamento Alfa. A primeira avaliação da condição dos pavimentos segundo o

método do Índice Integrado de Avaliação Expedita (IIAE) foi aqui efectuada.

Posto isto, começa-se por descrever sucintamente o Aeródromo Municipal de Cascais,

realçando as suas características físicas, localização, mercado alvo, idade de

construção e obras de beneficiação dos seus pavimentos. Este tipo de informação deve

sempre constar em qualquer relatório-tipo de uma avaliação ao estado dos

pavimentos deste género de infraestruturas.

4.2 Caracterização do Aeródromo

O Aeródromo Municipal de Cascais localiza-se a 2 km do centro da localidade de Tires,

concelho de Cascais, distrito de Lisboa. Situando-se muito próximo do Oceano

Atlântico (distância aferida de 3,5 km) tem uma altitude de referência de 326’ (99 m

aproximadamente). Em termos aeronáuticos, as coordenadas do ponto de referência

do aeródromo, localizado no centro da pista principal, são: 38º 43’ 32’’ N e 09º 21’ 19’’

W.

A orientação da pista (QFU – Aviation Q-code for Magnetic Heading of a Runway) é

17/35 e foi implementada tendo em conta a direcção dos ventos predominantes. Na

região são geralmente do quadrante Norte, com uma decorrente maior utilização da

pista 35. A temperatura média anual ronda 22,9 ºC e a precipitação média 735 mm

(RDPE, Desenvolvimento de Projectos Empresariais, 1999).

Page 64: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

49

Figura 4.1 Aeródromo de Tires visto do céu, extraída de (ARCASCAIS E. M., 2009)

O Aeródromo Municipal de Cascais consiste na pista, de orientação 17/35, com 1700 m

de comprimento total e 30 m de largura, num caminho de circulação do lado nascente

com 1000 m, paralelo à pista, e mais quatro caminhos de circulação do lado poente, de

acesso às diferentes placas de estacionamento, 5 no total (A, B, C, D, E).

As características geométricas destes elementos do aeródromo estão sintetizadas nas

Tabela 4.1, Tabela 4.2, Tabela 4.3, Tabela 4.4 e Tabela 4.5.

Tabela 4.1 Características geométricas da Pista do AMC, adaptado de (FONTUL, 2007)

Comprimento Total 1700 m

Comprimento entre soleiras 1190 m

Largura 30 m

Largura das bermas 2,5 m

Page 65: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

50

Tabela 4.2 Características dos caminhos de circulação do AMC, adaptado de (FONTUL, 2007)

Caminho de Circulação Nascente

Comprimento Total 1000 m

Largura 10 m

Espessura total camadas Betuminosas 0,14 m

Granulares 0,20 m

Caminhos de Circulação Poente

Whiskey Comprimento 250 m

Largura 20 m

Kilo Comprimento 250 m

Largura 15 a 50 m

Juliet Comprimento 70 m

Largura 7 e 20 m

Charlie F. Comprimento 85 m

Largura 30 m

Tabela 4.3 Características dos caminhos de circulação poentes do AMC, adaptado de (FONTUL, 2007)

Whiskey Kilo Juliet Charlie F.

Comprimento 250 m 250 m 70 m 85 m

Largura 20 m

15 a 50 m (variável)

7 a 20 m 30 m

Espessura das camadas betuminosas

0,10 m 0,10 m 0,10 a 0,16 m 0,10 m

Espessura das camadas de material granular

0,35 m 0,35 a 0,4 m 0,35 a 0,45 m 0,25 a 0,40

m

Tabela 4.4 Características das placas de estacionamento a nascente do AMC, adaptado de (FONTUL, 2007)

Local Área Ano de

Construção

Espessura camadas

Betuminosas Granulares

Plataformas de Estacionamento

Nascente

Alfa 2540 m2 1977

0,05 a 0,11 m 0,20 m Alfa 1 2800 m2

Bravo 12960 m2 1967

Tabela 4.5 Características das placas de estacionamento poentes do AMC, adaptado de (FONTUL, 2007)

Delta1 Delta2 Echo1 Echo2

Dimensão da laje (m)

5,0 x 2,80 e 5,0 x 5,30

5,0 x 5,0 3,7 x 4,0 3,8 x 4,0

Dimensão total (m) 60 x 25 110 x 25 110 x 34 220 x 32

Espessura (m) 0,25 0,25 0,15

Base Solo-cimento

0,10 m Solo-cimento

0,10 m

Solo-cimento 0,10 m

Observações Sem projecto

disponível

Page 66: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

51

Exceptuando os lugares de estacionamento da placa Delta e a placa Echo, em

pavimento rígido (lajes de betão de cimento), a totalidade da pista e dos caminhos de

circulação são em betão betuminoso, assim como as placas de estacionamento Alfa,

Bravo e Charlie.

Segundo informações contidas no último relatório desenvolvido pelo Laboratório

Nacional de Engenharia Civil (LNEC) (FONTUL, 2007) para a empresa municipal gestora

do mesmo – Arcascais E. M. – com o fim de atribuir uma classificação ACN/PCN aos

pavimentos do aeródromo, as espessuras originais das camadas da pista são as

seguintes:

Camadas betuminosas: 0,12 a 0,19 m

Camadas de material granular: 0,20 a 0,30 m

Deve-se salientar que este estudo tem sido pedido regularmente ao LNEC. O último

data de 2007, tendo sido realizados os ensaios, em Outubro e Novembro de 2005, com

o intuito suplementar de aferir a necessidade de reforço da pista, para garantir uma

utilização em segurança de aeronaves com um peso máximo à descolagem de 400 kN.

Estudos anteriores, ajudaram os órgãos gestores da infra-estrutura, a decidir sobre a

necessidade de obras de manutenção e a certificar a utilização do aeródromo para

determinadas aeronaves, como aconteceu em 1998, para o avião Fokker 100.

O restante historial de estudos anteriores aos pavimentos do aeródromo datam de

Julho de 1987; de Outubro de 1990; e de Outubro de 1995.

Da inspecção visual, realizada pelos técnicos que elaboraram o supracitado relatório,

da camada de desgaste da pista, foi possível concluir que: “O pavimento da pista está,

de uma forma geral, em bom estado, com acabamento homogéneo e boa textura

aparente” (FONTUL, 2007).

Segundo o mesmo relatório, os caminhos de circulação encontravam-se igualmente

em bom estado. Por outro lado, as plataformas Alfa1 e Alfa2 foram consideradas em

avançado estado de degradação com fendilhamento tipo pele de crocodilo e

assentamentos.

Quanto aos pavimentos rígidos das plataformas poentes foi observado que as

plataformas Delta2 e Echo2 apresentavam um fendilhamento que deveria ser alvo de

selagem, com a falta ou deficiente selagem na Charlie R e Delta2, e ainda com fendas

longitudinais, por sua vez, na Echo1 e Delta1.

Em 1986, os solos de fundação forneceram amostras do tipo A6 e A7, segundo a

classificação rodoviária da AASHTO (AASHTO, American Association of State Highway

and Transportation Officials, 2001), com índices de plasticidade compreendidos entre

20 e 25% (FONTUL, 2007).

Page 67: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

52

4.3 Resenha Histórica

O Aeródromo Municipal de Cascais, também conhecido por Aeródromo de Tires, foi

inaugurado a 11 de Outubro de 1964, com a designação de Campo de Turismo Conde

Monte Real, tendo sido erigido nos antigos terrenos pertencentes ao Casal de Tires

(AMC, Aeródromo Municipal de Cascais).

Todavia, as obras de construção iniciais só terminaram em 1966, contando com a

ajuda de meios da Força Aérea Portuguesa, e servindo desde então a aviação geral

(voos privados e de instrução) (RDPE, Desenvolvimento de Projectos Empresariais,

1999).

O local onde este se encontra implantado é dominado por uma grande bancada de

rocha, constituída essencialmente por calcários e arenitos da denominada “Formação

de Caneças”, de onde se retiraram, para a sua construção, blocos de dimensões

significativas (AMC, Aeródromo Municipal de Cascais).

Devido à passagem pelo aeródromo de uma ribeira, – a Ribeira das Marianas –

encontram-se ainda solos constituídos principalmente por aluviões, numa faixa

paralela e outra transversal à pista (Câmara Municipal de Cascais).

O projecto original do aeródromo foi da autoria do Arquitecto Mário de Meneses e o

primeiro avião levantou da pista do aeródromo pelas mãos do piloto civil Jorge Vargas.

Ao longo dos anos, o aeródromo tem sido alvo de obras de beneficiação e de

ampliação, das quais são exemplo os vários hangares e outras instalações de apoio,

que são hoje propriedade do município.

A ampliação da pista inicial, de 600 m para 1000 m permitiu que o aeródromo pudesse

ser utilizado por aviões de maior capacidade e, consequentemente, tenha alcançado

categoria internacional e certificação, que, actualmente, está em processo de

avaliação para obter a classe III.C, segundo a classificação do INAC.

Mais recentemente, a ampliação do aeródromo tem sido mencionada de forma a

possibilitar a este constituir-se como o destino preferencial da aviação executiva da

região de Lisboa, bem como fomentar o turismo, de tão grande relevo nesta cidade.

Para este propósito estão em estudo diversos investimentos nesta infra-estrutura, que

visam torná-la num importante pólo económico desta região, com investimentos que

ascendem a sete milhões de euros, que visam permitir, entre outros, a realização de

seis a oito voos executivos por dia e abrigar mais aeronaves em hangares.

Page 68: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

53

A utilização do aeródromo para a realização de voos “charter” e para servir de

alternativa ao Aeroporto de Lisboa em casos pontuais, como más condições

climatéricas, é a mais ambiciosa e menos provável previsão do futuro próximo deste.

Do historial de intervenções de manutenção/ampliação há a destacar as obras de

ampliação e reforço na década de 90. Estas consistiram essencialmente no

prolongamento da pista em 600 m no topo 17 e 70 m no topo 35, e ainda num

reperfilamento e reforço geral em betão betuminoso (FONTUL, 2007).

Figura 4.2 Aeródromo Municipal de Cascais, extraída de (ARCASCAIS E. M., 2009)

Tendo sido já abordada a constituição dos solos do aeródromo, observa-se que os

terrenos envolventes estão moderadamente urbanizados (Figura 4.1 e Figura 4.2). A

orografia existente, designadamente a proximidade ao morro de Manique (Figura 4.2),

constitui um dos dois principais constrangimentos à ampliação da utilização do AMC. A

densidade de urbanização representa o outro factor condicionante mais significativo.

Actualmente, o AMC continua a servir essencialmente à aviação civil. A maior

percentagem de movimentos pertence à instrução e treino de voo (Escola Aerocondor,

entre outras), nomeadamente com utilização das aeronaves Cessna 150, 152, 172, 210,

421, Dornier 228 e Short 360 (dois últimos de categoria média de peso para transporte

aéreo) e ainda a aviação executiva, a hélice e jactos, e aviação ligeira de combate a

incêndios, entre muitos outros tipos de aeronaves.

Os movimentos anuais totais de aeronaves rondavam os 40 mil em 1998, tendo

duplicado em 2009, segundo os dados mais recentes.

Page 69: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

54

4.4 Aplicação do Índice Integrado de Avaliação Expedita (IIAE)

4.4.1 Introdução

O Caso de Estudo será a Placa de Estacionamento Alfa do Aeródromo Municipal de

Cascais.

Neste capítulo descreve-se mais em pormenor o modelo do Índice Integrado de

Avaliação Expedita (IIAE), de modo a tirar partido das circunstâncias características do

trabalho de campo para exemplificar algumas das opções tomadas e as dificuldades

encontradas no mesmo.

Por razões da dimensão do volume de dados necessários e tempo exigido para os

levantar e processar, esta análise não se estende a todos os pavimentos do

aeródromo. No âmbito do presente trabalho apenas se pretendem demonstrar as suas

mais-valias numa aplicação prática no terreno.

As diferentes fases essenciais de aplicação do IIAE, como sejam a divisão dos

pavimentos e o cálculo final do índice para a Placa Alfa, seguiram os critérios definidos

anteriormente. Contudo, apresentam-se sugestões decorrentes da experiência

adquirida nesta primeira aplicação.

Por fim, realçaram-se os pontos fortes e fracos deste modelo, prevendo-se aquilo que

ainda seria necessário evoluir a fim de melhorá-lo e com o intuito de o colocar como

uma ferramenta válida e interessante para as Administrações de qualquer aeródromo

que pretenda implementar ou aprimorar o seu Sistema de Gestão de Pavimentos.

4.4.2 Divisão da Área de Pavimento a Analisar

Para a aplicação do modelo ao Caso de Estudo procedeu-se à divisão da área a

analisar, no caso, a placa de estacionamento e manutenção Alfa, do Aeródromo

Municipal de Cascais.

Para melhor se poder compreender o seccionamento a realizar na plataforma, foram

recolhidos os dados disponibilizados não só no estudo supracitado do LNEC (FONTUL,

2007), mas também a informação disponibilizada no AIP (Aeronautical Information

Publication) (NAV, 2009), que inclui, entre outros, a descrição dos pavimentos,

designadamente, da capacidade estrutural. Essa informação está condensada na

Tabela 4.6.

Page 70: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

55

Tabela 4.6 Características da placa de estacionamento Alfa do AMC, extraida de (NAV, 2009)

Placa de estacionamento A - Alfa

Designação/Capacidade estrutural PCN 03/F/C/W/T

Tipo de pavimento Flexível (ASPH)

Área total 2540 m2

Ano de construção 1977

Altitude 101 m

Utilização Parqueamento e Manutenção de aeronaves ligeiras de instrução e

treino

Na posse destes dados e da planta do aeródromo, em formato digital, foi possível

elaborar a divisão da zona correspondente à placa de estacionamento Alfa, seguindo

os procedimentos definidos anteriormente. A divisão do pavimento, materializada na

Grelha D, está, para o caso em estudo, apresentada em anexo (Anexo I.1).

Foram desta forma obtidas 42 secções numeradas, e 3 pequenas fracções integradas

nas secções imediatamente anteriores, ou seja, nas secções nº 37, 44 e 51 (Vide Anexo

I.1).

Como para a divisão do pavimento desta plataforma em áreas de 100 m2 (malha

quadrada de 10 m x 10 m, na direcção segundo a maior dimensão em planta) resultava

um número de secções inferior a 10, elas foram numeradas de 00 a 09, de modo a que

o primeiro algarismo corresponda à linha e o segundo à coluna da Grelha D (Figura

4.3). Caso a dimensão fosse superior, podia-se optar por uma numeração igualmente

representativa, numerando de 000 a 099 a primeira linha da matriz, e assim

sucessivamente.

Figura 4.3 Grelha D para o Caso de Estudo

Page 71: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

56

4.4.3 Avaliação Subjectiva Directa da Condição do Pavimento

Estando concluída a fase de divisão da área de pavimento a analisar numa grelha

(Grelha D), como descrito anteriormente, prosseguiu-se com a inspecção ao local a fim

de avaliar a condição do pavimento, introduzindo um procedimento de avaliação

específico e inovador.

Para que o modelo que se apresenta possa aproximar-se dos objectivos a que se

propôs, desde cedo se tornou claro que se devia apostar na integração de valências,

esmiuçando racionalmente todas as valências indispensáveis à sua boa concretização.

Materializou-se no aproveitamento das capacidades do inspector (idealmente com

experiência na área de pavimentos), juntamente com as reconhecidas capacidades dos

modelos matemáticos, na produção de valores objectivos.

O modelo matemático procurado foi simplificado ao máximo, com a finalidade de o

tornar mais empírico e expedito.

Pretendeu-se, com a integração de uma componente assumidamente subjectiva, o

enriquecimento dos resultados obtidos no modelo do Índice de Manifestação de

Degradação (DMI) proposto, que possui invariavelmente lacunas devido à sua

simplicidade. No final, ambas as componentes, modelo objectivo (DMI) e Avaliação

Subjectiva Directa, têm um peso importante.

A Avaliação Subjectiva Directa da Condição do Pavimento foi efectuada percorrendo a

pé todas as secções do pavimento, por ordem crescente do seu número de

identificação (Figura 4.3). Durante a avaliação, o avaliador, tendo em conta a sua

experiência, mas também a realidade do aeródromo, classificou cada secção,

individualmente, numa escala de 1 a 5, como descrito na Tabela 3.5, preenchendo

assim a Matriz S (Anexo II.1) (Figura 4.4).

Figura 4.4 Matriz S

Page 72: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

57

Eventualmente, numa segunda avaliação realizada pelo mesmo avaliador

posteriormente podem resultar classificações diferentes para as secções do

pavimento. É assumido como verdade que essas discrepâncias possam acontecer.

Nessa situação, assume-se que o número de secções onde se verifique uma diferença

na classificação é inferior a 10% e que ocorre com a distância de um único nível.

Por outro lado, pode-se afirmar que a classificação depende do avaliador, ou seja, para

lá de ser assumidamente subjectiva, perderá validade a partir do momento em que

outro avaliador fizer uma classificação onde mais de 10% das secções sejam

classificadas com níveis distintos.

Para mitigar estas discrepâncias, contribui não só a experiência do avaliador, mas

essencialmente o conhecimento integral da realidade do aeródromo, e da zona sob

avaliação em particular. É fundamental uma investigação prévia às características

físicas do aeródromo e à sua realidade, incluindo nesta, as actividades a que as

diferentes zonas estão sujeitas (quantidade e tipo de tráfego).

Se o conhecimento do aeródromo e da utilização das diferentes zonas (diferentes

caminhos de circulação, placas de estacionamento ou pistas) for efectivo, torna-se

mais fácil estabelecer, à partida, o que se entenderá como o nível de desempenho

médio do pavimento para cada zona. A partir desse nível, a classificação das secções

será mais evidente, e a classificação feita por avaliadores diferentes mais coerente.

Por uma questão de facilidade de localização e identificação no local, das diferentes

secções a classificar, sugere-se que a Grelha D seja reproduzida sobre a planta do

aeródromo, com a marcação dos vértices das secções a giz. Desta forma, através de

pontos identificáveis a partir da planta, por exemplo, das linhas de marcação de

circulação ou do alinhamento com os hangares, a tarefa do avaliador fica facilitada.

Pode-se transpor a divisão imaginária para o nível do pavimento da pista sem a

necessidade do auxílio de equipamentos adicionais.

Figura 4.5 Matriz S'

Page 73: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

58

Como ponto crítico, de modo a que uma anomalia localizada não possa alternar entre

duas secções, anotaram-se algumas anomalias numa nova Grelha D, tal como descrito

anteriormente, obtendo desta forma a Matriz S’ (Figura 4.5 e Anexo II.2).

As matrizes preenchidas durante esta fase de avaliação, Matriz S e Matriz S’, na

plataforma de estacionamento Alfa do Aeródromo Municipal de Cascais estão em

anexo (Anexo II.1 e II.2), apresentando-se aqui, resumidamente, os resultados, na

Tabela 4.7.

Tabela 4.7 Resultados da Avaliação Subjectiva Directa da Condição do Pavimento

Secção i Si Secção i Si Secção i Si Secção i Si

00 2 12 2 24 1 36 3

01 3 13 2 25 1 37 3

02 3 14 1 26 2 40 2

03 3 15 1 27 1 41 2

04 3 16 1 28 2 42 2

05 2 17 2 30 2 43 3

06 1 18 2 31 2 44 3

07 1 20 2 32 3 50 2

08 1 21 2 33 2 51 3

10 3 22 3 34 2

11 2 23 2 35 3

A média para o Si é de 2,10, colocando o pavimento numa posição de pré-ruína pela

avaliação subjectiva, através da aplicação do critério definido na Tabela 3.5.

4.4.4 Avaliação do Índice de Manifestação de Fadiga (DMI)

Nesta fase da aplicação do modelo do IIAE, guarda-se a Matriz S preenchida

anteriormente.

Procedeu-se à fase de levantamento das anomalias presentes, no contexto da

determinação de um índice de condição, para cada secção.

A inspecção foi realizada percorrendo a pé os pavimentos sob análise, de forma

contínua e por ordem crescente da numeração das secções, recorrendo sempre que

necessário à consulta da Matriz S’.

Page 74: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

59

À medida que se progrediu nas secções, fez-se o levantamento, na matriz de

anomalias, Matriz A, de todas as anomalias presentes na superfície do pavimento, ou

seja, que sejam identificadas nesta (Vide Anexo III).

O preenchimento da ficha de inspecção em causa seguiu os procedimentos definidos

anteriormente, com o objectivo de tornar o levantamento sistemático e o mais

objectivo possível. Este preenchimento consistiu na classificação para cada anomalia

possível de encontrar em: não existente (0); existente (1); existente e mais relevante

ou condicionante da avaliação da secção (2), tendo sido repetido para todas as secções

identificadas do pavimento.

É nesta fase que a experiência do avaliador e o conhecimento de manuais de avaliação

da gravidade de anomalias em pavimentos e, em particular, aeronáuticos, ganha

grande relevância. A correcta identificação da anomalia existente, bem como a

correcta avaliação do grau de gravidade, é indispensável para um resultado credível,

objectivo e útil.

Um dos objectivos deste modelo prende-se com a agilização da implementação de um

índice de condição de pavimentos aeronáuticos, logo, tornou-se evidente a

necessidade de tentar contornar as dificuldades, muitas vezes encontradas, na

aplicação dos modelos mais conhecidos e indiscutivelmente mais completos, mas

também mais complexos.

Desta forma, se se olhar para o Índice de Condição do Pavimento (PCI), o mais utilizado

em todo o mundo, constata-se que se por um lado, continua presente a hipótese dos

avaliadores confundirem as anomalias existentes, por outro, o risco de não quantificar

correctamente (densidade) as anomalias deixa de existir, e mesmo o perigo de

identificação incorrecta do grau de gravidade é minimizado (VELOSO, 2001).

A incorrecta quantificação da densidade da anomalia, numa determinada secção,

como o PCI exige, é uma dificuldade constante que, para além de sobrecarregar o

dispositivo de equipamentos necessários e mesmo de técnicos (meios humanos), torna

o processo mais moroso e por consequência mais oneroso para todos, colocando-se

por vezes em questão a sua indispensabilidade.

Uma vez preenchida a Matriz A, pode-se calcular o índice de manifestação de fadiga de

cada secção, arredondando às centésimas, segundo a fórmula [4].

No Caso de Estudo obteve-se a seguinte classificação nas secções (Tabela 4.8):

Page 75: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

60

Tabela 4.8 Resultados do Índice de Manifestação de Fadiga

Secção i Xi Yi DMIi Secção i Xi Yi DMIi

00 5 2 2,64 23 2 2 3,29

01 8 2 2,00 24 6 3 1,79

02 5 2 2,64 25 6 2 2,43

03 7 2 2,21 26 6 2 2,43

04 5 2 2,64 27 4 3 2,21

05 7 2 2,21 28 5 2 2,64

06 8 2 2,00 30 3 2 3,07

07 6 3 1,79 31 8 2 2,00

08 3 2 3,07 32 3 2 3,07

10 3 2 3,07 33 4 2 2,86

11 6 3 1,79 34 4 2 2,86

12 4 2 2,86 35 3 2 3,07

13 2 2 3,29 36 2 2 3,29

14 3 2 3,07 37 4 1 3,50

15 4 2 2,86 40 5 1 3,29

16 5 2 2,64 41 5 2 2,64

17 5 2 2,64 42 4 1 3,50

18 2 2 3,29 43 2 2 3,29

20 3 2 3,07 44 1 2 3,50

21 4 2 2,86 50 2 2 3,29

22 3 2 3,07 51 1 2 3,50

O DMImed é de 2,79, obtido através da média aritmética dos valores dos DMIi,

colocando a avaliação da condição de fadiga do pavimento num nível um pouco abaixo

das condições de deterioração normal, numa escala equivalente à preconizada na

Tabela 3.5.

4.4.5 Avaliação da Textura do Pavimento

4.4.5.1 Introdução

Nesta fase, o objectivo é constatar de que forma a integração da componente

funcional, por meio do Ensaio da Mancha de Areia, valoriza e enriquece a avaliação

feita até aqui através da vertente estrutural do modelo desenvolvido neste trabalho, o

Índice Integrado de Avaliação Expedita (IIAE).

Os resultados deste ensaio, executado no decorrer do trabalho de campo desta

dissertação, estão apresentados e interpretados de seguida.

Page 76: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

61

4.4.5.2 Ensaio da Mancha de Areia

Encaixando-se nos requisitos para a determinação da textura dos pavimentos, mais

especificamente da macrotextura, encontra-se o ensaio volumétrico de avaliação da

textura de um pavimento, também designado de Ensaio da Mancha de Areia.

Outra vantagem deste ensaio, para além de ser expedito, é necessitar de equipamento

e material ao alcance do autor, ao contrário do que aconteceria obviamente com

outros ensaios mais sofisticados.

Com esta finalidade, de apoiar o desenvolvimento de um modelo expedito de

avaliação da condição de pavimentos aeronáuticos, à qual se junta, desta feita, um

parâmetro objectivo de avaliação da textura superficial, foram executados 15 Ensaios

de Mancha de Areia, segundo o procedimento LNEC (PROC. 51/1/3416). Não se

seguiram os procedimentos preconizados nos normativos mais recentes (EN 13036-1,

2001) (ASTM E965-96, 2006) por indisponibilidade de material para a realização dos

ensaios (esferas de vidro).

A localização para a realização dos ensaios seguiu o plano de ensaios, apresentado em

anexo (Anexo IV), sem nenhuma relação directa com o modelo apresentado e

aplicado. Eles foram planeados e efectuados antes da definição de todo este novo

modelo. Em alguns casos, foram realizados em pontos muito específicos, o que não

permite a utilização dos seus resultados neste método. Contudo, a sua realização veio

a verificar-se importante e enriquecedora, e o seu contributo para o cálculo do IIAE já

foi abordado anteriormente.

Dos ensaios realizados, 3 localizaram-se na pista, perto do topo 35, e os restantes na

plataforma de estacionamento e manutenção Alfa, segundo o mapa de ensaios

apresentado no anexo (Anexo V.1 e V.2).

Os 3 primeiros ensaios efectuados na pista têm como objectivo a calibração do ensaio,

para aquilo que se considera como o pavimento com condições de utilização

claramente distintas e conhecidas: 1) ponto de toque da pista 35 com evidente

deposição de borracha; 2) eixo da pista, perto do ponto de toque da pista 35 mas sem

deposição visível de borracha (utilização significativa ao longo dos anos de serviço); 3)

ponto a 7m da berma, sujeito a tráfego intenso devido à configuração do trem de

aterragem das aeronaves que utilizam o aeródromo.

Os resultados destes e dos outros ensaios são apresentados em anexo (Anexo VI), com

fichas individuais de ensaio.

A correspondência entre os ensaios realizados e que se podem aproveitar, pela sua

localização e por respeitarem integralmente os procedimentos normativos, pode-se

Page 77: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

62

constatar na Tabela 4.9 e na Figura 4.6, juntamente com os resultados obtidos e

correspondente classificação.

Tabela 4.9 Resultados dos ensaios da Mancha de Areia utilizados na determinação do IIAE

Ensaio nº Secção i Hs (mm) Mi

5 10 2,3964 2

6 21 3,9298 1

7 17 1,8548 3

8 24 1,1112 4

10 31 3,3143 1

11 02 1,5140 4

12 44 1,5404 4

13 33 1,8835 3

14 41 1,6357 3

15 40 1,0574 4

Figura 4.6 Mapa de ensaios da Mancha de Areia utilizados no modelo do IIAE

4.4.6 Determinação do IIAE de cada secção e da Placa de Estacionamento Alfa

do AMC

Os valores do Índice Integrado de Avaliação Expedita de cada secção analisada são

apresentados na Tabela 4.10 e em anexo (Anexo VII).

Page 78: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

63

Tabela 4.10 Resultados do IIAE de cada secção

Secção i IIAEi Secção i IIAEi Secção i IIAEi Secção i IIAEi

00 2,26 12 2,34 24 1,31 36 3,11

01 2,60 13 2,51 25 1,57 37 3,20

02 2,86 14 1,83 26 2,17 40 2,51

03 2,69 15 1,74 27 1,49 41 2,26

04 2,86 16 1,66 28 2,26 42 2,60

05 2,09 17 2,26 30 2,43 43 3,11

06 1,40 18 2,51 31 2,00 44 3,20

07 1,31 20 2,43 32 3,03 50 2,51

08 1,83 21 2,34 33 2,34 51 3,20

10 3,03 22 3,03 34 2,34

11 1,91 23 2,51 35 3,03

Vistos os valores de cada secção, resta apenas apurar o valor global do IIAE para a

Zona, fazendo a média dos IIAEi segundo a equação [7]: IIAE = 2

Um valor para o Índice Integrado de Avaliação Expedita igual a 2 significa que o

pavimento da placa de estacionamento Alfa do AMC se encontra com um desempenho

fraco e que o planeamento da intervenção a realizar já deveria estar em curso.

Para concluir esta vertente estrutural do modelo do IIAE, resta apenas calcular o

índice, mas com o contributo da avaliação da macrotextura superficial, concretizada

com os ensaios da mancha de areia (Tabela 4.11).

Tabela 4.11 Resultados do IIAE com integração da macrotextura

Secção i IIAEi,T Secção i IIAEi,T Secção i IIAEi,T Secção i IIAEi,T

00 2,26 12 2,34 24 2,66 36 3,11

01 2,60 13 2,51 25 1,57 37 3,20

02 3,43 14 1,83 26 2,17 40 3,26

03 2,69 15 1,74 27 1,49 41 2,63

04 2,86 16 1,66 28 2,26 42 2,60

05 2,09 17 2,63 30 2,43 43 3,11

06 1,40 18 2,51 31 1,50 44 3,60

07 1,31 20 2,43 32 3,03 50 2,51

08 1,83 21 1,67 33 2,67 51 3,20

10 2,51 22 3,03 34 2,34

11 1,91 23 2,51 35 3,03

Apesar do IIAET se manter inalterado, igual a 2, é de notar que a influência da avaliação

da macrotextura, tal como foi sugerida, permitiu a subida de dois níveis no IIAEi,T a

uma secção (10%) (sombreada a azul), aumentou um nível a 40% das secções avaliadas

(sombreadas a verde) e manteve a classificação a 50% (sombreadas a amarelo).

Page 79: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

64

4.5 Síntese

Uma vez apresentado o Caso de Estudo deste trabalho – o Aeródromo Municipal de

Cascais – e realizado o seu enquadramento na envolvente mais próxima e na região,

descreveu-se a sua evolução e condições actuais, com especial atenção aos seus

pavimentos, julgando-se importante referir algumas características da constituição dos

solos de fundação e dos pavimentos existentes, para melhor se perceber a

adequabilidade do Caso de Estudo ao modelo proposto. Foi exactamente numa das

placas de estacionamento, na placa Alfa, que se efectuou a primeira aplicação do

modelo proposto e desenvolvido nesta dissertação.

Depois de realizada a primeira aplicação prática do Índice Integrado de Avaliação

Expedita, é importante realizar uma primeira crítica aos resultados obtidos e à

prestação do método.

Da avaliação subjectiva realizada à Plataforma de Estacionamento Alfa do AMC resulta

um índice de Smed = 2,10 que coloca o pavimento num estado de pré-ruína, enquanto

da avaliação objectiva resulta um DMI médio de 2,79, correspondente a um nível de

desempenho normal. Desta diferença entre os indicadores intermédios do modelo,

talvez se possa concluir que a formulação do DMI seja moderadamente optimista. O

“talvez” justifica-se com o facto de não se esperar obter, em todas as situações,

indicadores exactamente iguais, pois poder-se-ia dessa forma dispensar uma das

componentes da avaliação.

Para as secções analisadas obteve-se um valor para o IIAEi que varia entre 1,31 e 3,20.

Quando integrada a componente da textura (Mi), obtém-se um intervalo de valores do

IIAEi,T entre 1,31 e 3,60, segundo a distribuição da Figura 4.7.

Apesar do resultado final para o IIAE da zona se ter mantido inalterado, no nível 2,

notou-se uma melhoria com a introdução dos resultados dos ensaios práticos à

macrotextura do pavimento, como se pode observar na Figura 4.7.

Figura 4.7 Distribuição dos resultados do IIAE

0

5

10

15

20

25

1,00 2,00 3,00 4,00 5,00

IIAEi

IIAEi,t

Page 80: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

65

Posto isto, em complemento à indicação da condição da superfície do pavimento é

possível fazer corresponder, empiricamente, uma escala com as recomendações de

intervenções necessárias em função do resultado. Esta característica do sistema de

classificação agiliza e aumenta o valor desta ferramenta, como componente de um

programa de manutenção de um pavimento aeronáutico.

IIAE = 5: Não necessita qualquer intervenção;

IIAE = 4: Intervenções de manutenção muito localizadas;

IIAE = 3: Intervenções de manutenção e preservação em áreas significativas;

IIAE = 2: Intervenções de reabilitação estrutural e/ou de tratamento

generalizado da superfície;

IIAE = 1: Reconstrução da estrutura do pavimento.

Conclui-se que o pavimento da placa de estacionamento Alfa do AMC apresenta uma

condição de desempenho fraco, em estado de pré-ruína, com necessidade urgente de

intervenções de reabilitação estrutural e de tratamento da generalidade da superfície,

apesar dos ensaios da mancha de areia terem um contributo positivo (não penalizante)

na avaliação da condição do pavimento.

Resta ainda salientar que, devido ao estado inicial de desenvolvimento deste modelo

de avaliação, é necessário verificar para mais aplicações práticas os resultados obtidos,

cruzando-os de preferência com resultados obtidos através de outro índice, como o

PCI, na mesma área de pavimento, para validação final.

Com o ganho de experiência ao longo do tempo e com as aplicações futuras deste

modelo pode-se aferir a necessidade de corrigir e/ou introduzir factores de correcção

no cálculo do IIAE, como o factor dk, apresentado na Tabela 3.11, ou uma correcção

em função dos anos de experiência do avaliador.

Por fim, para melhor poderem executar as futuras aplicações do modelo do IIAE,

apresenta-se no capítulo seguinte um manual de apoio à identificação e classificação

das anomalias.

Page 81: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

66

5 Manual de Avaliação da Condição de Pavimentos

Aeronáuticos proposto pelo signatário

5.1 Introdução

Este manual foi elaborado para servir de base à Avaliação da Condição de Pavimentos

Aeronáuticos e, em particular, à implementação do modelo proposto pelo signatário, o

Índice Integrado de Avaliação Expedita (IIAE).

Este pequeno manual ilustrativo da presença e severidade das anomalias possíveis de

encontrar num pavimento aeronáutico flexível, foi elaborado pelo autor com o intuito

fundamental de auxiliar qualquer técnico no processo de identificação da anomalia

detectada, bem como na classificação objectiva da sua severidade, dito por outras

palavras, pretendeu-se estabelecer um manual de apoio de campo, para avaliação de

pavimentos aeronáuticos.

O desenvolvimento deste manual decorreu do modelo proposto neste trabalho.

Distinguem-se, neste manual, as situações da simples presença da anomalia e da

presença e condicionamento da avaliação da secção onde ela se encontrar. Colocam-

-se, desta forma, as anomalias segundo uma hierarquização caso a caso.

Existindo já manuais desenvolvidos e aceites internacionalmente para a determinação

de índices, como o Índice de Condição de Pavimento (PCI), será apresentado o

paralelismo com essa escala, de três níveis de gravidade: Baixa, Média e Alta (VELOSO,

2001), sempre que possível.

À semelhança do utilizado no detalhado modelo do PCI, o sistema de classificação aqui

introduzido pretende ser uma fonte de informação para a classificação de pavimentos

no âmbito do programa de segurança e gestão dos aeródromos. Não tem, no entanto,

como intenção, fornecer directamente informação sobre a necessidade ou o

estabelecimento de programação de intervenções de manutenção ou reabilitação de

pavimentos.

A peculiaridade do modelo de classificação proposto (Índice Integrado de Avaliação

Expedita) prende-se com o facto de não se classificar a severidade de cada anomalia

separadamente. Elas são comparadas com as outras identificadas na mesma secção,

seguindo os procedimentos e restrições definidos anteriormente.

Para a identificação e a classificação das anomalias nos pavimentos aeronáuticos, este

manual sugere a confrontação entre as imagens apresentadas como exemplos e a

inspecção visual no local.

Page 82: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

67

Com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento de um índice de condição de

pavimentos e, por consequência, melhorar o desempenho dos sistemas de gestão dos

aeródromos, julga-se importante estabelecer as ligações possíveis entre as anomalias

detectadas e as suas causas. O conhecimento das causas prováveis do estado actual de

deterioração parece ser um dado relevante na definição posterior do tipo de

manutenção ou reabilitação a implementar (U. S. Department of Transportation,

2004).

A deterioração dos pavimentos que conduz ao surgimento das anomalias tem, no

geral, três causas:

Ambientais – devido às acções climatéricas e envelhecimento ao longo do

tempo;

Estruturais – devido à repetição de solicitações de cargas do tráfego;

Utilização – devido ao derrame de químicos (combustíveis, óleos e outros

solventes), acções mecânicas e ainda devido ao efeito dos jactos. A pequena

susceptibilidade dos pavimentos rígidos às acções típicas decorrentes da

utilização destes, no contexto aeronáutico, permite desprezar esta causa para

este tipo de pavimentos.

Torna-se óbvio que a generalidade dos pavimentos se deteriora em resultado da acção

conjunta destas três causas. No entanto, para que se possa definir a acção de

manutenção e reabilitação mais adequada, é importante tentar distingui-las (U. S.

Department of Transportation, 2004).

O ritmo a que um pavimento se degrada depende de vários factores, como sejam as

condições ambientais, o tipo e o volume de tráfego, a qualidade da construção

original, o tipo de manutenção periódica efectuada, entre outros. Mas,

indiscutivelmente, esse ritmo está relacionado, numa proporcionalidade inversa, com

o nível de desempenho prestado pelo pavimento.

Por isso, reconhecer as anomalias apresentadas e perceber as suas prováveis causas,

ajuda a estabelecer um índice de condição credível e seleccionar as intervenções mais

eficientes economicamente. As anomalias que se apresentam posteriormente

procuram ser uma contribuição nesse sentido.

5.2 Anomalias em Pavimentos Flexíveis

No presente manual identificam-se cinco categorias de anomalias comummente

encontradas em pavimentos flexíveis:

Defeitos de Textura (I);

Page 83: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

68

Deformação da Superfície (II);

Fendilhamento (III);

Remendos e Buracos (IV);

Agressões Químicas e Mecânicas (V).

Estas categorias de anomalias subdividem-se em 18 tipos de anomalias, segundo a

Tabela 5.1, proposta pelo signatário, que resulta do cruzamento entre fontes

bibliográficas (U. S. Department of Transportation, 2004) e a experiência adquirida no

Caso de Estudo.

Tabela 5.1 Tipos e codificação das anomalias, adaptado de (U. S. Department of Transportation, 2004)

Categoria de Anomalia Código Tipo de Anomalia

Defeitos de Textura

A.I.1 Desagregação Superficial

A.I.2 Exsudação

A.I.3 Polimento de Agregados

A.I.4 Erosão de Jacto

Deformação da Superfície

A.II.1 Rodeiras

A.II.2 Ondulações

A.II.3 Depressões

A.II.4 Empolamentos

Fendilhamento

A.III.1 Térmica

A.III.2 De Reflexão

A.III.3 De Escorregamento Lateral

A.III.4 De Juntas e Bordas

A.III.5 Cruzadas

A.III.6 De Pele de Crocodilo ou Fadiga

Remendos e Buracos A.IV.1 Remendos e Cortes Técnicos

A.IV.2 Buracos

Agressões Químicas e Mecânicas A.V.1

Derrame de Combustíveis, Óleos e outros solventes

A.V.2 Rasgo ou Depressão de Impacto

Apresentam-se seguidamente estas 18 anomalias individualmente, recorrendo,

sempre que possível, às imagens captadas destas no Caso de Estudo do Aeródromo

Municipal de Cascais.

5.2.1 Defeitos de Textura

5.2.1.1 Desagregação superficial

A desagregação (Raveling) de um pavimento é o resultado da perda dos elementos

voláteis do betume e devido à acção do tráfego, que conduzem a que os agregados do

pavimento se soltem, desalojando-se das posições iniciais.

Page 84: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

69

Identificação: A superfície do pavimento apresenta os agregados em relevo, soltos ou

em vias de se soltarem sob a acção do tráfego.

Causas: O envelhecimento do pavimento, juntamente com a perda de componentes

voláteis do betume, conduz ao aumento da rigidez da mistura e à falta do material

aglutinante.

Figura 5.1 Desagregação superficial (nível 1)

Figura 5.2 Desagregação superficial (nível 2)

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo

PCI (VELOSO,

2001)

Figura 5.1

1 Anomalia presente, passível de ascender a nível 2 caso não

se verifique mais nenhuma anomalia. B e M

Figura 5.2

2 Anomalia claramente condicionante da avaliação. A

5.2.1.2 Exsudação

A exsudação (Flushing) caracteriza-se pela concentração superficial, geralmente

localizada, de uma película de betume.

Page 85: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

70

Identificação: Mancha escura, possivelmente pegajosa e brilhante, de betume à

superfície.

Causas: Mistura com defeitos na homogeneização que leva a acumulação de betume à

superfície, normalmente acompanhando temperaturas mais elevadas.

Figura 5.3 Exsudação extensa (nível 2)

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo PCI

(VELOSO, 2001)

1 Exsudação presente, mas numa pequena percentagem

da área da secção, que apresenta outras anomalias. Não define níveis Figura

5.3 2

Exsudação numa área significativa ou única anomalia existente na secção.

5.2.1.3 Polimento dos Agregados

O polimento dos agregados (Polishing) dá-se com a utilização do pavimento ao longo

do tempo e depende fortemente do tipo de material utilizado como agregado,

aumentando com a menor dureza deste.

Identificação: Textura macia ao toque com os agregados, em relevo ou não, a

apresentarem um polimento da sua superfície.

Page 86: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

71

Causas: Baixa qualidade dos agregados e/ou utilização intensiva. Característico de um

pavimento sem manutenção atempada.

Figura 5.4 Polimento como uma anomalia entre outras mais gravosas

Figura 5.5 Polimento de agregados como anomalia evidente, ainda que seja acompanhada de desagregação da superfície numa fase inicial

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo PCI

(VELOSO, 2001)

Figura 5.4

1 Polimento de agregados numa área extensa, mas acompanhado de outras anomalias mais gravosas. Não define

níveis Figura 5.5

2 Polimento de agregados como única anomalia gravosa

numa extensa área da secção.

5.2.1.4 Erosão de Jacto

Anomalia muito específica, caracterizada pela carbonização da superfície do

pavimento quando atingida pelas altas temperatura de um reactor a jacto, muito

próximo.

Page 87: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

72

Identificação: Mancha escurecida e queimada do pavimento, com forma semelhante a

gota de água.

Causas: Demasiada proximidade a um reactor de uma aeronave a jacto e às altas

temperaturas dele emanadas. Muito característico de pavimentos onde operem

essencialmente aeronaves militares a jacto.

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo PCI

(VELOSO, 2001)

1 Erosão de jacto existente, mas não a pior anomalia da

secção. Não define

níveis 2

Erosão importante que condiciona a classificação da secção, entre outras eventuais anomalias menos

gravosas.

5.2.2 Deformação da Superfície

5.2.2.1 Rodeiras

As rodeiras (Rutting) são a impressão no pavimento da passagem consecutiva das

rodas das aeronaves, numa determinada direcção.

Identificação: Depressão segundo o alinhamento de rolamento preferencial, com

eventual elevação dos bordos.

Causas: Capacidade de suporte das camadas do pavimento e/ou da fundação

insuficiente, devido à utilização de cargas que excedem a sua capacidade (aeronaves

com ACN superior ao PCN) ou devido ao seu enfraquecimento ao longo do tempo.

Pode ainda ocorrer devido à insuficiente compactação das camadas constituintes do

pavimento.

Figura 5.6 Rodeiras com filme de água após chuvas, extraída de (U. S. Department of Transportation, 2004)

Page 88: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

73

Figura 5.7 Rodeira profunda, com mais de 2cm, acompanhada de fendilhamento, extraída de (U. S. Department of Transportation, 2004)

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo

PCI (VELOSO,

2001)

Figura 5.6

1 Rodeira pouco profunda, que geralmente só é claramente

perceptível após chuvas, com acumulação de pequenos filmes de água.

B e M

Figura 5.7

2 Rodeira profunda, com mais de 2cm, que condiciona a

classificação da secção. A

5.2.2.2 Ondulações

As ondulações (Distortion) são deformações da superfície do pavimento de forma

sucessiva, alternando entre elevações e depressões.

Identificação: Depressões sucessivas segundo um perfil, geralmente longitudinal, do

pavimento.

Causas: Enfraquecimento da capacidade de suporte do solo de fundação, influenciada

com a acção da carga e da direcção do tráfego.

Figura 5.8 Ondulações significativas da superfície do pavimento, extraída de (U. S. Department of Transportation, 2004)

Page 89: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

74

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo

PCI (VELOSO,

2001)

1 Ondulações de pequena amplitude (inferior a 2 cm) que não condicionam a classificação da secção por existirem

outras anomalias mais gravosas. B e M

Figura 5.8

2 Ondulações profundas, com mais de 2 cm de amplitude,

que condicionam o desempenho do pavimento da secção. A

5.2.2.3 Depressões

As depressões (Settling) são o que o próprio nome indica, abatimentos localizados da

superfície do pavimento provocados pelas cargas impostas pelas aeronaves, por vezes

estacionadas.

Identificação: Depressões isoladas, que facilmente acumulam água, e que geralmente

são acompanhadas de denso fendilhamento.

Causas: Insuficiente compactação das camadas de pavimento, incluindo do próprio

solo de fundação, durante a construção.

Figura 5.9 Depressão com profundidade inferior a 1,5cm, numa secção com outras anomalias importantes

Figura 5.10 Depressão significativa, numa secção com outra anomalia também evidente (Desagregação da superfície)

Page 90: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

75

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo

PCI (VELOSO,

2001)

Figura 5.9

1 Depressão pouco profunda (< 1,5cm), com outras

anomalias presentes. B

Figura 5.10

2 Depressão com extensão e profundidade perigosa para a

manobra das aeronaves, ou única anomalia da secção. M e A

5.2.2.4 Empolamentos

Um empolamento (Frost Heave) é uma elevação mais ou menos localizada, devido a

características particulares do índice de vazios das camadas do pavimento ou do solo

de fundação.

Identificação: Elevação da superfície do pavimento, sem depressão contígua,

localizada ou segundo uma direcção preferencial.

Causas: Solo de fundação com características expansivas na presença da água ou

durante os ciclos gelo/degelo.

Figura 5.11 Empolamento com mais de 2cm de altura, extraída de (U. S. Department of Transportation, 2004)

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo

PCI (VELOSO,

2001)

1 Empolamentos de pequena altura ou acompanhados de

anomalias bem mais gravosas para a secção. B

Figura 5.11

2 Empolamentos com mais de 2cm de altura, condicionantes

da avaliação da secção. M e A

Page 91: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

76

5.2.3 Fendilhamento

5.2.3.1 Fendilhamento Térmica

As fendas térmicas (Thermal Cracks), com a idade, tendem a adensar-se,

caracterizando-se por serem direccionais e regularmente espaçadas.

Identificação: Fendas na superfície do pavimento, com forte direccionalidade e

geralmente, periodicamente espaçadas.

Causas: Devido à retracção do betão betuminoso, com a idade, e devido aos efeitos de

variação térmica. Diferentes comportamentos térmicos devido a pinturas ou materiais

selantes podem também originar fendas térmicas.

Figura 5.12 Fendas térmicas numa secção com outras anomalias mais gravosas

Figura 5.13 Fendas térmicas como anomalia preponderante na secção

Page 92: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

77

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo

PCI (VELOSO,

2001)

Figura 5.12

1 Fendas térmicas juntamente com anomalias mais

evidentes e gravosas. B

Figura 5.13

2 Fendas térmicas como anomalia dominante na secção. M e A

5.2.3.2 Fendas de Reflexão

As fendas de reflexão (Reflection Cracks) são o resultado da reflexão, à superfície, do

fendilhamento nas camadas de pavimento inferiores. Nos casos onde existe um

pavimento rígido por baixo, surgem fendas ortogonais e originadas pelos esforços de

corte, devido ao tráfego e aos efeitos das variações térmicas nas lajes de betão de

cimento.

Identificação: Fendas de qualquer dimensão, ortogonais nos casos em que existe um

pavimento rígido por baixo, e que traduzem um estado de tensão elevado sem que

haja deformação significativa da superfície.

Causas: Dilatações térmicas das camadas de pavimento inferiores e tensões de corte

provocadas pelo tráfego sobre as lajes de betão de cimento.

Figura 5.14 Fenda de reflexão do fim do pavimento inferior

Figura 5.15 Fendas de reflexão do pavimento inferior, extraída de (U. S. Department of Transportation, 2004)

Page 93: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

78

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo

PCI (VELOSO,

2001)

Figura 5.14

1 Fendas de reflexão existentes mas sem importância no

desempenho do pavimento da secção. B

Figura 5.15

2 Fendas de reflexão abertas (largura superior a 0,5cm) ou com deficiente selagem, condicionantes da avaliação da

secção M e A

5.2.3.3 Fendas de Escorregamento Lateral

As fendas devido a escorregamento lateral (Slippage Cracks), também denominadas de

fendas em meia-lua, devido à sua forma geométrica característica, resultam do

escorregamento diferencial entre duas camadas do pavimento.

Identificação: Fendas densamente agrupadas e em forma semi-circular, deixando ver,

quando num estado avançado de deterioração do pavimento, as camadas inferiores

em condições de fendilhamento diferente. Estão associadas às tensões impostas pelas

rodas das aeronaves, especialmente a de nariz e, por isso, estão localizadas, em geral,

no eixo dos pavimentos.

Causas: Insuficiente aderência entre as camadas do pavimento. Carga excessiva nas

rodas de nariz, nas zonas de travagem.

Figura 5.16 Fendas de escorregamento lateral, com forte desagregação, extraída de (U. S. Department of Transportation, 2004)

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo PCI

(VELOSO, 2001)

1 Fendas de escorregamento muito finas e

acompanhadas de anomalias mais gravosas. Não define níveis Figura

5.16 2

Fendas de escorregamento lateral muito densas e com desagregação superficial significativa.

Page 94: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

79

5.2.3.4 Fendas em Juntas e nas Bordas do Pavimento

As fendas em juntas (Paving joint cracks) e nas bordas (Edge cracks) tendem a

aumentar significativamente com o tempo e estão muito associadas aos

procedimentos de construção.

Identificação: Verificar a eventual abertura de fendas ao longo das juntas do

pavimento, geralmente espaçadas da largura da mesa espalhadora utilizada na

construção, e de fendas divergentes destas, mas com desenvolvimento na vizinhança

das juntas.

Causas: Deficiente processo de matar a junta durante a construção do pavimento e/ou

insuficiente compactação das camadas do pavimento.

Figura 5.17 Junta de pavimento com fenda aberta apesar da existência de anomalias mais gravosas (nível 1)

Figura 5.18 Fendas e deterioração avançada na junta do pavimento (nível 2)

Page 95: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

80

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo PCI

(VELOSO, 2001)

Figura 5.17

1 Existência de fenda na junta do pavimento ou na

borda deste, com largura média inferior a 0,5mm, acompanhada de outras anomalias

Tipo não contemplado

Figura 5.18

2 Fendas de largura média superior a 0,5mm, com

eventual degradação contígua à junta do pavimento.

5.2.3.5 Fendas Cruzadas

As fendas cruzadas (Block cracks) são caracterizadas com uma geometria muito

própria, formando quadriláteros contíguos, e muito influenciadas pelos fenómenos do

betão betuminoso ficar mais rígido e contrair com a idade.

Identificação: Fendas que se interconectam, na sua maioria, aproximadamente, em

ângulos rectos, formando quadriláteros contíguos que podem ter várias dimensões, de

20cm a 3m de lado.

Causas: Fundamentalmente, devido ao envelhecimento e à exposição ao sol, com o

betão betuminoso a tornar-se mais rígido, perdendo componentes voláteis e

contraindo (diminuindo de volume).

Figura 5.19 Fendas cruzadas numa secção com outras anomalias mais gravosas (rodeiras e derrame de óleos)

Page 96: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

81

Figura 5.20 Fendas cruzadas formando blocos e abertas, permitindo a entrada de água, extraída de (U. S. Department of Transportation, 2004)

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo

PCI (VELOSO,

2001)

Figura 5.19

1 Fendas cruzadas presentes mas não preponderantes na

avaliação da secção. B

Figura 5.20

2 Fendas cruzadas de largura superior a 1mm ou única

anomalia presente. M e A

5.2.3.6 Fendas Pele de Crocodilo

As fendas pele de crocodilo ou de fadiga (Alligator cracks ou Crocodile Skin) formam

padrões como o próprio nome indica, semelhantes à pele de um crocodilo, e se devem

à fadiga devido ao tráfego. É normal estarem acompanhadas de deformação da

superfície (depressão).

Identificação: Fendas interconectadas que formam pedaços com dimensões que

podem variar de 2 a 15cm, aproximadamente, e geralmente acompanhadas de

depressões no pavimento.

Causas: Ruptura do pavimento devido à fadiga acumulada das cargas do tráfego,

associada à insuficiente capacidade de suporte do solo de fundação ou da camada de

base.

Page 97: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

82

Figura 5.21 Pele de crocodilo existente mas numa área diminuta, com outras anomalias mais gravosas na secção

Figura 5.22 Pele de crocodilo extensa e claramente condicionante da classificação da secção (nível 2)

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo

PCI (VELOSO,

2001)

Figura 5.21

1 Fendas em pele de crocodilo presentes mas numa área pequena, existindo outras anomalias mais evidentes na

secção. B e M

Figura 5.22

2 Fendas abertas e ramificadas, ou única anomalia na

secção. A

Page 98: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

83

5.2.4 Remendos e Buracos

5.2.4.1 Remendos

Os remendos (Patches) e cortes técnicos são resultado de intervenções passadas com

finalidade de resolução de uma anomalia do pavimento ou com fins técnicos.

Identificação: Diferente tonalidade e/ou mistura betuminosa, acompanhada de

qualquer tipo de outra anomalia (fendas, abatimento, distorções, entre outras), desde

que circunscrita a essa área de intervenção posterior à construção.

Causas: Mistura betuminosa de deficientes características ou mal compactada,

indicando que, por vezes, as causas originais para a intervenção tomada se mantêm.

Figura 5.23 Junta do remendo aberta mas sem influência na classificação da secção (nível 1)

Figura 5.24 Junta do remendo aberta e ligeiro assentamento deste (nível 2)

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo PCI

(VELOSO, 2001)

Figura 5.23

1 Remendo existente com ligeira abertura de fenda de

junta ou numa secção com outras anomalias mais gravosas.

B e M

Figura 5.24

2 Remendo com anomalias condicionantes da

classificação da secção. A

Page 99: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

84

5.2.4.2 Buracos

Obviamente conhecidos e de fácil identificação, os buracos (Pothole) podem variar

significativamente na área e profundidade, e provocar danos importantes nas

aeronaves.

Identificação: Falta de material da camada de desgaste ou das camadas superficiais do

pavimento, com forte tendência para acumulação de água.

Causas: Inadequada capacidade resistente da camada de desgaste, fadiga e cargas

actuantes do tráfego, associadas, na maioria dos casos, a deficiente drenagem

superficial do pavimento.

Figura 5.25 Buraco com 2cm de profundidade, mas limitado na área, com outras anomalias na secção (nível 1 ou 2)

Figura 5.26 Buraco com 2cm de profundidade mas de área significativa e desagregação importante (nível 2)

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo PCI

(VELOSO, 2001)

Figura 5.25

1 Buraco de pequena profundidade e sem potencial de

desagregação, acompanhado de outras anomalias mais gravosas na secção.

Tipo não contemplado

Figura 5.26

2 Buraco com dimensão e desagregação condicionante

da classificação da secção.

Page 100: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

85

5.2.5 Agressões Químicas e Mecânicas

5.2.5.1 Derrame de Combustíveis, Óleos e outros solventes

O derrame de derivados do petróleo ou outros solventes químicos ataca fortemente a

coesão do pavimento betuminoso, deteriorando-o ao longo do tempo, à medida que

se pode ir infiltrando nas camadas inferiores.

Identificação: Manchas geralmente circulares de derrame de fluidos, com

descoloração ou mudança da tonalidade do pavimento.

Causas: Derrame de pequenas quantidades de combustíveis, óleos e outros solvente.

Figura 5.27 Derrame de pequena quantidade de combustível ou óleo (nível 1)

Figura 5.28 Derrame significativo de óleos na secção (nível 2)

Page 101: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

86

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo PCI

(VELOSO, 2001)

Figura 5.27

1 Derrame pequeno que não condiciona a avaliação da

secção (< 20% da área). Não define níveis Figura

5.28 2

Derrame de quantidades significativas de combustíveis, óleos ou outros solventes na secção (>20% da área).

5.2.5.2 Rasgo ou Depressão de Impacto

Devido a acções mecânicas de intensidade superior à capacidade do pavimento,

surgem por vezes rasgos ou depressões localizadas na superfície, devido ao

arrastamento ou queda de elementos metálicos, por exemplo.

Identificação: Corte (rasgo) ou depressão na superfície do pavimento, originada por

um elemento claramente diferente dos pneus das aeronaves, mas não executado

propositadamente para efeitos de drenagem ou de aumento de rugosidade (Figura

5.29).

Causas: Qualquer acção humana que conduza à queda ou arrastamento de elementos

capazes de deformar a superfície do pavimento. Por exemplo: a aterragem de uma

aeronave que perdeu uma roda; ou a queda de um elemento metálico pesado durante

a manutenção de uma aeronave.

Figura 5.29 Rasgo provocado por arrastamento de elemento metálico, pouco significante (nível 1)

Page 102: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

87

Figura 5.30 Depressão provocada por impacto mecânico, com forte desagregação (nível 2)

Figura Nível

segundo IIAE

Observações

Nível segundo PCI

(VELOSO, 2001)

Figura 5.29

1 Rasgo ou depressão de impacto sem desagregação e

com demais anomalias gravosas. Tipo não

contemplado Figura 5.30

2 Rasgo ou depressão de impacto que ponha em causa

a classificação da secção e a operacionalidade do pavimento.

5.3 Síntese

Após terem sido abordados os principais tipos de anomalias identificadas em

pavimentos flexíveis aeronáuticos, importa salientar que estas 18 anomalias são as que

concorrem quase exclusivamente para o mau desempenho funcional e estrutural dos

pavimentos aeronáuticos.

As fotografias apresentadas, captadas na sua maioria pelo signatário durante a

aplicação do modelo ao caso de estudo, servem para ilustrar e exemplificar a

classificação da gravidade destas, especialmente no contexto do modelo proposto do

IIAE, uma vez que foca a sua avaliação na comparação de gravidade com as outras

anomalias da secção.

O ideal seria apresentar, conjuntamente a este, um manual para identificação e

classificação de anomalias em pavimentos rígidos, mas porque assim se iria prolongar,

para além dos limites estabelecidos, a dimensão deste trabalho, opta-se por deixar em

aberto, para futuros desenvolvimentos deste modelo de avaliação, a sua aplicação

prática e o desenvolvimento de um manual de apoio técnico às avaliações nessas

situações específicas.

Page 103: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

88

O sistema de classificação da gravidade das anomalias aqui exposto, comparado com

os desenvolvidos para os índices de condição dos pavimentos, como é o caso do PCI,

apresenta diferenças desde logo na filosofia seguida para a avaliação. Enquanto a

classificação do PCI, tal como apresentada ao longo deste capítulo, não estabelece

níveis de gravidade para algumas anomalias, indicando apenas a sua presença, o

sistema proposto classifica todas elas. Mas por outro lado, enquanto o primeiro

investe na determinação da densidade da maior parte das anomalias, o proposto

(método comparativo do IIAE) apenas exige o reconhecimento da maior gravidade de

umas perante outras anomalias na mesma secção. Pretende-se conseguir assim, de

uma forma mais expedita e com parâmetros objectivos, uma correcta avaliação da

condição do pavimento.

Apesar de inicialmente se poder estabelecer alguma confusão com o facto do sistema

classificativo não ser absoluto, ou seja, não classificar sempre com o mesmo nível duas

anomalias exactamente iguais em secções diferentes, crê-se que um engenheiro com

experiência em pavimentos aeronáuticos não terá dificuldade em distinguir dentro das

anomalias existentes, a(s) mais gravosa(s), pelo comprometimento do desempenho

estrutural ou funcional do pavimento, que acarretam.

Consegue-se também, com esta característica comparativa do sistema de classificação,

que surjam menos dúvidas e hesitações no momento de avaliar a gravidade de cada

anomalia.

De qualquer forma, todo este modelo inovador de avaliação não pretende concorrer

directamente com os índices internacionalmente aceites e inegavelmente mais

robustos. Pretende, sim, assumir-se como uma alternativa credível e muito expedita,

posicionando-se entre as avaliações globais da condição de um pavimento (menos

objectivas) e os índices mais complexos e reconhecidos como o PCI ou o CRI.

Page 104: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

89

6 Conclusões

6.1 Considerações Finais

O presente trabalho seguiu uma ordem lógica para a apresentação daquilo que se

propõe ser um método de avaliação expedito da condição de um pavimento

aeronáutico, o Índice Integrado de Avaliação Expedita (IIAE). Começou-se por

apresentar o tema e os objectivos que conduziram a elaboração deste estudo,

seguindo-se, após uma breve descrição dos elementos de um aeródromo, a

apresentação do que são os modelos actuais e mais utilizados internacionalmente, que

têm por finalidade a avaliação e caracterização de pavimentos aeronáuticos.

No contexto da avaliação e caracterização do desempenho de pavimentos

aeronáuticos, enquadraram-se a capacidade de suporte, índices de avaliação da

condição e índices de avaliação da textura e rugosidade de pavimentos.

Resumiu-se o essencial sobre os Sistemas de Gestão de Pavimentos Aeronáuticos

antes de introduzir o modelo desenvolvido pelo signatário deste estudo, uma vez que

este pretende ser uma ferramenta importante no estabelecimento destes modernos

sistemas por parte das administrações dos aeródromos.

De seguida, procedeu-se à apresentação completa e descritiva dos procedimentos

necessários à aplicação do modelo, que tem como fundamentos essenciais conciliar a

integração de diferentes valências (avaliação subjectiva e objectiva; avaliação

estrutural e funcional) mantendo uma simplicidade e rapidez de execução ímpares,

com baixos custos associados.

Outro objectivo inicial era dar uma componente prática ao trabalho, seguindo-se a

indispensável apresentação do Caso de Estudo, o Aeródromo Municipal de Cascais

(AMC), onde se aplicou pela primeira e única vez o IIAE, no caso, à placa de

estacionamento Alfa.

Os resultados efectivamente apurados foram reveladores de uma boa prestação do

modelo apresentado, notando-se, contudo, que melhoramentos nos pesos relativos

das componentes da avaliação e nos factores de correcção serão introduzidos com o

ganho de experiência ao longo do tempo.

Se isto se deveu, por um lado, à aplicação numa só situação prática, a placa de

estacionamento Alfa do AMC, o que permitiu a calibração da formulação matemática

apenas a partir dessa área de pavimento analisado, prende-se, por outro, com a

assumida inexperiência do signatário neste campo de actividade.

Page 105: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

90

A classificação final da condição de desempenho do pavimento da placa de

estacionamento Alfa foi de 2, correspondente a um desempenho fraco, um estado de

pré-ruína. Esta classificação significa que são urgentes obras de reabilitação estrutural,

apesar dos resultados dos ensaios à textura do pavimento serem regulares. Este facto

traduz que apesar de possuir uma boa macrotextura, apresenta deficiências

patológicas graves e generalizadas, tais como forte desagregação superficial e

insuficiente capacidade de suporte, mesmo tendo em consideração o tipo de utilização

a que está sujeita.

Por fim, com o objectivo de ajudar quem aplique no futuro esta filosofia de avaliação

de pavimentos e com base na experiência adquirida durante a primeira aplicação

desta, apresentou-se um manual ilustrativo de identificação e classificação (pelo

método comparativo) das anomalias que se podem encontrar num pavimento

aeronáutico flexível.

6.2 Conclusões Gerais

Julga-se que os objectivos a que o signatário se propôs foram atingidos com sucesso. O

método apresentado parece ser inovador, notando potencialidades para se constituir

como uma alternativa pouco dispendiosa e expedita na avaliação da condição de um

pavimento aeronáutico. O presente trabalho deve ser encarado como um exemplo de

avaliação desse método que se propõe.

A avaliação periódica da condição dos pavimentos é uma componente indispensável

de um Sistema de Gestão de Pavimentos Aeronáuticos, dando um importante

contributo no apoio à decisão e no planeamento antecipado das intervenções

necessárias à manutenção da condição ideal de operacionalidade.

A importância deste estudo e a pertinência de um modelo como o apresentado,

prende-se com a percepção da realidade dos aeródromos que pretendem uma gestão

mais eficiente dos recursos e com a noção de que os pavimentos aeronáuticos se

deterioram de formas distintas, segundo variáveis tão diferentes como a qualidade de

construção, condições ambientais e de utilização. A necessidade de se monitorizar

periodicamente a condição dos pavimentos surge como consequência directa.

A implementação de um sistema de gestão permite, simultaneamente, a obtenção de

melhores condições de segurança e de conforto com menores gastos associados à

manutenção e à reabilitação dos pavimentos (e consequentemente também das

aeronaves). A médio e longo prazo, os investimentos necessários para a manutenção

do desempenho dos pavimentos próximo do ideal, podem ser planeados de forma

eficaz e atempada, prolongando a sua vida útil com o mínimo de custos possível.

Page 106: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

91

Com este estudo, mais do que uma formulação matemática de obtenção de um valor

indicativo da condição superficial de um pavimento aeronáutico, procurou-se

desenvolver uma nova filosofia de avaliação e de interpretação. O estruturante desta

nova forma de abordagem passa pela integração de diferentes vertentes num mesmo

modelo e por um método comparativo de interpretar a gravidade das anomalias

detectadas, por unidade de análise.

A formulação matemática poderá ser aprimorada com a experiência, tanto no que diz

respeito ao número de aplicações como ao número de avaliadores envolvidos, mas a

forma de abordagem parece ter ficado globalmente definida, com a metodologia

proposta.

Três avaliações distintas, igualmente expeditas e passíveis de serem executadas por

apenas um elemento avaliador (engenheiro qualificado) caracterizam a estrutura

básica do modelo: Avaliação Subjectiva; Avaliação Objectiva (DMI); Avaliação do

desempenho funcional (macrotextura).

Dadas as dificuldades que se julga que muitos aeródromos nacionais apresentarão em

implementar sistemas baseados em índices mais completos, que requeiram maior

disponibilidade de recursos financeiros para os meios e equipamentos necessários,

propõe-se, assim, uma alternativa, para aqueles que não necessitem do grau de

fiabilidade que esses índices atingem.

Entende-se que mesmo nas situações em que estejam em funcionamento sistemas de

gestão baseados em índices internacionalmente aceites como o PCI, se pode

implementar o IIAE paralelamente. Praticamente não tem sobrecustos, e permite

aumentar a periodicidade das avaliações e, por consequência, melhorar a

monitorização do desempenho dos pavimentos.

Pode-se, dessa forma, despistar alguns pontos menos fortes do sistema proposto,

melhorando globalmente a gestão da infraestrutura.

6.3 Proposta de Desenvolvimentos Futuros

Durante a execução deste trabalho, e por ele lançar as bases de um método que se

julga totalmente inovador, foi sendo referida a necessidade de, nos trabalhos futuros,

investir na aplicação prática dos procedimentos aqui expostos com o objectivo de

verificar a credibilidade e melhorar a forma de cálculo do IIAE, calibrando os

parâmetros propostos.

Uma vez que as maiores dificuldades encontradas no desenvolvimento da metodologia

de cálculo do IIAE se centraram nos pesos relativos a atribuir a cada uma das

Page 107: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

92

componentes, aquando da integração num único índice, propõe-se como trabalho

futuro a investigação e calibração destes mesmos pesos, assim como dos factores de

correcção nessas mesmas fórmulas (fórmulas [4] e [5]).

Parece ser igualmente interessante, validar os conceitos desta filosofia de avaliação, ao

comparar os resultados obtidos pelas avaliações da condição de um mesmo pavimento

através do IIAE e de outro índice conhecido como, por exemplo, o PCI (Pavement

Condition Index). Este tipo de avaliação podia ter sido feita e só não foi efectuada por

manifesta falta de tempo.

Page 108: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

93

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ANEXOS

Page 113: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

98

Page 114: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

99

ANEXO I.2 – Matriz A

Secção 0 1 2 3 4 5 6 7 8 10 11 12 13 14 15 16 17 18 20 21 22 23 24 25 26 27 28 30 31 32 33 34 35 36

A.I.1

A.I.2

A.I.3

A.I.4

A.II.1

A.II.2

A.II.3

A.II.4

A.III.1

A.III.2

A.III.3

A.III.4

A.III.5

A.III.6

A.IV.1

A.IV.2

A.V.1

A.V.2

X =

∑“1”

Y =

∑“2”

Page 115: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

100

ANEXO I.2 (continuação) – Matriz A

Secção 37 40 41 42 43 44 50 51

A.I.1

A.I.2

A.I.3

A.I.4

A.II.1

A.II.2

A.II.3

A.II.4

A.III.1

A.III.2

A.III.3

A.III.4

A.III.5

A.III.6

A.IV.1

A.IV.2

A.V.1

A.V.2

X =

∑“1”

Y =

∑“2”

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103

ANEXO III - Matriz A - Levantamento Objectivo de Anomalias na Plataforma de Estacionamento Alfa – Aeródromo de Tires

Secção 0 1 2 3 4 5 6 7 8 10 11 12 13 14 15 16 17 18 20 21 22 23 24 25 26 27 28 30 31 32 33 34 35 36

A.I.1 1 1 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 2 1 2 2 2 1 2

A.I.2 - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

A.I.3 2 1 1 1 1 1 1 - - 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 1 1

A.I.4 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

A.II.1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - 1 1 - 1 1 2 -

A.II.2 1 1 1 2 1 1 1 1 1 - 1 - - - - 1 1 1 - - 1 - 1 1 1 2 1 - - - - - - -

A.II.3 1 1 2 1 1 1 1 2 1 - 1 1 - 1 1 1 - - 2 1 - - 1 - 1 2 1 - 2 1 1 1 1 1

A.II.4 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

A.III.1 - 1 - 2 1 1 1 - - - 2 1 - - - - - - 1 1 - - 1 1 - - 1 - 1 - - - - -

A.III.2 - 1 - - - - - 1 1 - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

A.III.3 - - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

A.III.4 1 2 1 1 1 1 1 1 - 1 1 1 1 1 - 1 1 - - - 1 1 - 2 1 2 2 1 1 1 1 1 2 2

A.III.5 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - - - -

A.III.6 - - - - - - - 2 - - - - - - - 1 1 - - 1 - - 2 1 2 1 - - 2 - - - - -

A.IV.1 - 1 1 1 - - 2 1 2 1 - - - - 1 - 1 - - - - - 1 - - - - - 1 - - - - -

A.IV.2 1 - - - - 2 1 1 - - 1 - - - 1 - - 2 - - - - - 1 - 1 2 - - - - - - -

A.V.1 2 2 1 1 2 2 1 - - 2 2 2 2 2 1 2 2 - 1 2 2 2 2 1 1 - - 2 1 2 1 1 - -

A.V.2 - 1 - - - 1 - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - -

X =

∑“1” 5 8 5 7 5 7 8 6 3 3 6 4 2 3 4 5 5 2 3 4 3 2 6 6 6 4 5 3 8 3 4 4 3 2

Y =

∑“2” 2 2 2 2 2 2 2 3 2 2 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 2 2 3 2 2 2 2 2 2 2 2

Page 119: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

104

Matriz A (continuação) – Levantamento Objectivo de Anomalias na Plataforma de Estacionamento Alfa – Aeródromo de Tires

Secção 37 40 41 42 43 44 50 51

A.I.1 1 2 1 2 2 2 1 2

A.I.2 - - - - - - - -

A.I.3 1 1 2 1 - - 2 -

A.I.4 - - - - - - - -

A.II.1 - 1 1 - - - - -

A.II.2 2 - - - 1 - - -

A.II.3 1 1 1 1 1 1 1 1

A.II.4 - - - - - - - -

A.III.1 - - - - - - - -

A.III.2 - - - - - - - -

A.III.3 1 - - - - - - -

A.III.4 - 1 1 1 2 2 2 2

A.III.5 - - - - - - - -

A.III.6 - 1 2 1 - - - -

A.IV.1 - - 1 - - - - -

A.IV.2 - - - - - - - -

A.V.1 - - - - - - - -

A.V.2 - - - - - - - -

X =

∑“1” 4 5 5 4 2 1 2 1

Y =

∑“2” 1 1 2 1 2 2 2 2

Page 120: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

105

ANEXO IV - PLANO DE ENSAIOS RESUMIDO

NOME: João Rodrigues Luís ORIENTADOR: Prof. Jorge Paulino Pereira

DATA: 10 de Fevereiro de 2009 CURSO: Engenharia Civil ÁREA: Pavimentos de Infraestruturas de Transportes

GRAU: Tese de Dissertação (Mestrado)

E-MAIL: [email protected] TÍTULO DO TRABALHO:

DESENVOLVIMENTO DE UM ÍNDICE EXPEDITO DE AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO DE PAVIMENTOS AERONÁUTICOS

Ensaio de mancha de areia para aferição de rugosidade superficial, macrotextura do pavimento.

Quantidade e caracterização dos ensaios a realizar:

Ensaio nº. Local Descrição Objectivo

Pista Principal Calibrar e padronizar

resultados dos ensaios seguintes

1 Ponto de toque – Pista 35 Ponto específico

2 Eixo da pista Padrão

3 A 7 m do eixo

Placa de

Estacionamento Alfa

Plataforma em estudo

4 Mancha de derrame – 1º Grau Caracterizar e distinguir diferentes

estádios de degradação resultante do derrame

de combustíveis e óleos

5 Mancha de derrame – 2º Grau

6 Mancha de derrame – 3º Grau

7 Mancha de derrame – 4º Grau

8 Mancha de derrame – 5º Grau

9 Pavimento Fendilhado – Pele de Crocodilo Inferir sobre a

influência de fendas

14 Reparações posteriores – Nível 1 Avaliar o estado de intervenções recentes 15 Reparações posteriores – Nível 2

10 Pavimento Original – Estado A Avaliar o estado do

pavimento mais antigo

11 Pontos específicos – Junto a sistema de

drenagem

Caracterização de pontos específicos

12 Pontos específicos – Zona de menor

circulação

13 Pontos específicos – Eixo da linha de

circulação que serve a plataforma

Page 121: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

106

Page 122: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

107

Page 123: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

108

Ensaio nº 1 Hora 7:35

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,71982 -9,35329 143 14 67 17,2 18,0 18,5 18,6

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

18,1 0,9743 18,6 17,2

Observações: Ponto de toque com clara deposição de borracha, apesar de não ser

perceptível a alteração da macrotextura antes de efectuar o ensaio.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

D3

(cm)

D4

(cm)

Altura*

(m)

Coordenadas GPS*

28 de Março de 2009

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

Page 124: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

109

Ensaio nº 2 Hora 7:45

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,71976 -9,35325 146 14 68 16,5 16,8 16,4 16,1

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

16,5 1,1763 16,8 16,1

Observações: Eixo da pista, no ponto de toque, com a superfície do pavimento a

denotar algum desgaste devido à utilização.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 125: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

110

Ensaio nº 3 Hora 7:55

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,71977 -9,35335 144 15 68 20,9 19,3 18,8 20,5

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

19,9 0,8058 20,9 18,8

Observações: A cerca de 7m do eixo, no ponto de toque, com a superfície a

apresentar uma macrotextura menos agressiva do que no eixo.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 126: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

111

Ensaio nº 4 Hora 7:20

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,72552 -9,35415 154 14 64 10,1 11,0 10,5 10,8

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

10,6 2,8329 11,0 10,1

Observações: Realizado no maior derrame de derivados de petróleo da placa A.

Desagregação da superfície (Raveling) muito acentuada.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 127: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

112

Ensaio nº 5 Hora 8:11

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,72511 -9,35402 153 15 66 11,7 11,5 11,4 11,5

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

11,5 2,3964 11,7 11,4

Observações: Realizado no ponto de um derrame de combustível no pavimento

original, com os agregados em claro relevo.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 128: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

113

Ensaio nº 6 Hora 8:22

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,72508 -9,35408 151 16 64 9,1 8,6 9,7 8,6

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

9,0 3,9298 9,7 8,6

Observações: Dificuldades na realização do ensaio devido às irregularidades da

superfície. Agregados soltos e outros prestes a soltarem-se.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 129: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

114

Ensaio nº 7 Hora 8:45

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,7256 -9,35439 150 15 63 13,2 13,3 12,8 13,1

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

13,1 1,8548 13,3 12,8

Observações: Realizado numa mancha de combustível sobre um pavimento mais

recente, com menor dimensão dos agregados.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 130: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

115

Ensaio nº 8 Hora 9:03

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,7253 -9,35429 152 17 60 16,4 17,3 17,5 16,5

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

16,9 1,1112 17,5 16,4

Observações: Realizado numa mancha de combustível num remendo mais recente

com uma mistura betuminosa deficiente e com exsudação presente.

Foto:

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 131: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

116

Ensaio nº 9 Hora 9:20

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,7251 -9,35416 154 17 59 12,8 13,9 13,0 13,5

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

13,3 1,7995 13,9 12,8

Observações: Ensaio realizado sobre uma Pele de Crocodilo. Contraria a ASTM E965

(2006), pois não deve ser realizado numa zona fendilhada.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 132: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

117

Ensaio nº 10 Hora 9:35

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,72509 -9,35414 155 16 59 9,5 10,2 9,9 9,6

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

9,8 3,3143 10,2 9,5

Observações: Pavimento original, de 1977, com imenso desgaste e uma desagregação

superficial muito significativa.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 133: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

118

Ensaio nº 11 Hora 9:45

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,7253 -9,35394 154 15 61 14,6 14,8 14,6 14,0

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

14,5 1,5140 14,8 14,0

Observações: Zona de pavimento mais recente, junto ao sistema de drenagem à

frente dos hangares de manutenção. Textura normal.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 134: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

119

Ensaio nº 12 Hora 9:58

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,72518 -9,35444 158 14 60 13,0 16,0 15,0 13,5

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

14,4 1,5404 16,0 13,0

Observações: Ensaio realizado muito próximo da berma, no pavimento original,

desgastado dos anos. Textura um pouco agressiva.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 135: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

120

Ensaio nº 13 Hora 10:10

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,72512 -9,35434 150 15 58 13,0 12,9 13,2 12,9

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

13,0 1,8835 13,2 12,9

Observações: Ensaio no eixo da linha de circulação que serve a placa Alfa, no

pavimento original, desgastado da utilização. Agregados polidos.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 136: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

121

Ensaio nº 14 Hora 10:20

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,72496 -9,35409 153 16 56 13,5 13,6 14,3 14,4

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

14,0 1,6357 14,4 13,5

Observações: Reparação recente com uma mistura betuminosa com agregados de

dimensão máxima muito menor. Pavimento áspero.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 137: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

122

Ensaio nº 15 Hora 10:30

Foto:

Resultados:

Latitude (

N)

Longitude

( W)

38,72493 -9,35411 159 16 54 17,0 19,5 16,4 16,5

Dmed.

(cm)Hs (mm)

Dmáx.

(cm)

Dmín.

(cm)

17,4 1,0574 19,5 16,4

Observações: Pavimento muito polido e sem desagregação superficial. Aparenta ser

diferente do pavimento original, numa zona de forte utilização.

Foto:

* Obtidos de um receptor GPS (SiRF Star III) de utilização comum

ANEXO VI

28 de Março de 2009

Coordenadas GPS*Altura*

(m)

Temp.

(ºC)Hr (%)

D1

(cm)

D2

(cm)

D3

(cm)

D4

(cm)

Page 138: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

123

Page 139: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

124

ANEXO VIII – Grelhas dos resultados das classificações da placa de estacionamento Alfa

Tabela 1 - Classificação DMIi e Anomalias condicionantes

8 7 6 5 4 3 2 1 0 Linha/ Coluna

3 – A.I.1

A.IV.1

2 – A.I.1 A.II.3 A.III.6

2 – A.I.1

A.IV.1

2 –A.IV.2 A.V.1

3 – A.I.1 A.V.1

2 – A.II.2 A.III.1

3 – A.I.1 A.II.3

2 – A.III.4 A.V.1

3 – A.I.3 A.V.1

0

2 – A.I.1

A.IV.2

2 – A.I.1 A.V.1

1 – A.I.1 A.V.1

1 – A.I.1 A.I.3

2 – A.I.1 A.V.1

2 – A.I.1 A.V.1

3 – A.I.1 A.V.1

2 – A.I.1

A.III.1 A.V.1

3 – A.I.1 A.V.1

1

3 –A.III.4 A.IV.2

2 – A.II.2 A.II.3 A.III.4

2 – A.I.1

A.III.6

2 – A.I.1

A.III.4

2 – A.I.1

A.III.6 A.V.1

3 – A.I.1 A.V.1

3 – A.I.1 A.V.1

3 – A.I.1 A.V.1

3 – A.I.1 A.II.3

2

- 4 –

A.II.2

3 – A.I.1

A.III.4

3 –A.II.1 A.III.4

3 – A.I.1 A.I.3

3 – A.I.1 A.I.3

3 – A.I.1 A.V.1

2 – A.II.3 A.III.6

3 – A.I.1 A.V.1

3

- - - -

4 – A.I.1

A.III.4

3 – A.I.1

A.III.4

4 – A.I.1

3 –A.I.3

A.III.6

3 – A.I.1

4

- - - - - - -

4 – A.I.1

A.III.4

3 – A.I.3

A.III.4 5

Tabela 2 – Classificação Si

8 7 6 5 4 3 2 1 0 Linha/ Coluna

1

1 1 2 3 3 3 3 2 0

2

2 1 1 1 2 2 2 3 1

2

1 2 1 1 2 3 2 2 2

-

3 3 3 2 2 3 2 2 3

-

- - - 3 3 2 2 2 4

-

- - - - - - 3 2 5

Page 140: Desenvolvimento de um Índice Expedito de Avaliação da

125