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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA PARA CLASSIFICAR GRÃOS DE CULTURAS ANUAIS POR PROCESSAMENTO DE IMAGEM DIGITAL ROGÉRIO ANTONIO GALLON CUIABÁ - MT 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA

PARA CLASSIFICAR GRÃOS DE CULTURAS ANUAIS

POR PROCESSAMENTO DE IMAGEM DIGITAL

ROGÉRIO ANTONIO GALLON

CUIABÁ - MT

2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA

PARA CLASSIFICAR GRÃOS DE CULTURAS ANUAIS

POR PROCESSAMENTO DE IMAGEM DIGITAL

ROGÉRIO ANTONIO GALLON

Engenheiro Agrônomo

Orientador: Prof Pós-Doc. MARCELO DE CARVALHO ALVES

Dissertação apresentada à Faculdade

de Agronomia e Medicina

Veterinária da Universidade Federal

de Mato Grosso, para obtenção do

título de Mestre em Agricultura

Tropical.

CUIABÁ – MT

2012

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Dados Internacionais de Catalogação na Fonte

G173d Gallon, Rogério Antonio.

Desenvolvimento e avaliação de um sistema para classificar grãos

de culturas anuais por processamento de imagem digital / Rogério

Antonio Gallon. -- 2012.

74 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientador: Marcelo de Carvalho Alves.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso,

Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Programa de Pós-

Graduação em Agricultura Tropical, Cuiabá, 2012.

Inclui bibliografia.

1. Classificação de grãos. 2. Classificação de grãos – Sistema. 3.

Automação agrícola. 4. Classificação de grãos – Visão de máquina. 5.

Processamento de imagem digital – Grãos. I. Título.

CDU 631.56:004.932(817.2)

Ficha Catalográfica elaborada pelo Bibliotecário Jordan Antonio de Souza - CRB1/2099

Permitida a reprodução parcial ou total desde que citada a fonte

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‘Faça as coisas o mais simples que puder, mas não as mais simples’.

Albert Einstein

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A todos os Mestres que passaram pela minha vida, aos que ajudaram nos

primeiros passos e aos que me guiaram pela estrada do saber.

Aos Pais Frederico e Dorvalina e aos irmãos: Juraci, Salete, Érico, Edgar (In

Memorian), Alcio e Omar.

À esposa Márcia e ao filho Frederico Neto, pelo apoio e compreensão.

Aos inumeráveis amigos, pelo incentivo recebido.

Dedico.

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A Deus pelo dom da vida e da sabedoria.

Ao professor orientador, Pós-doc. Marcelo de Carvalho Alves que me

orientou neste trabalho, pela sua dedicação e paciência.

Aos colegas do laboratório SERGEO, ao Núcleo de Tecnologia e

Armazenagem de grãos da UFMT.

Ao portal de pesquisas CAPES.

Ao Programa de Pós Graduação em Agricultura Tropical e à Faculdade de

Agronomia da UFMT.

Agradeço.

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DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE SISTEMA PARA CLASSIFICAR

GRÃOS DE CULTURAS ANUAIS POR PROCESSAMENTO DE IMAGEM

DIGITAL

RESUMO - O objetivo deste trabalho foi desenvolver um sistema para classificar

grãos por processamento de imagem digital, para desenvolver e avaliar o sistema.

Foram utilizados grãos das culturas agrícolas anuais, milho (Zea mays L.), soja

(Glycine Max L.), arroz (Oryza sativa L.), algodão (Gossypium hirsutum L.), girassol

(Helianthus annus), feijão carioca (Phaseolus vulgaris L.), produzidos no Estado de

Mato Grosso. O trabalho foi executado no Laboratório de Sensoriamento Remoto e

Geoinformações (SERGEO) da Universidade Federal de Mato Grosso. Foi utilizado

um computador do tipo PC, câmara de vídeo e caixa analítica para posicionar os

equipamentos necessários para a coleta das imagens (lâmpadas, suporte para câmera

de vídeo e local para receber os grãos das seis espécies). Para iluminação do alvo,

três lâmpadas eletrônicas foram dispostas abaixo da amostra de grãos. A construção

da caixa analítica para posicionamento das lâmpadas foi útil no registro e

processamento das imagens. Uma rotina de computador capaz de obter a imagem,

processar as informações e fornecer os resultados foi desenvolvida, com a utilização

do programa Matlab® e o módulo específico para processamento de imagem. As

imagens foram obtidas utilizando-se uma câmera de vídeo do tipo ‘webcam’ mantida

numa posição fixa, com a mesma distância do alvo em todo o experimento. Após a

obtenção das imagens, procedeu-se à calibração geométrica. A imagem capturada

passou por correção radiométrica utilizando filtros para eliminar ruídos. As imagens

inicialmente em composição colorida (RGB) foram convertidas em binária. Para a

binarização foi utilizado o método de limiarização ótima de Otsu. Em seguida, foram

extraídos os dados necessários para os cálculos das medidas geométricas de área,

diâmetro maior e menor e excentricidade. As medidas de diâmetro maior obtidas por

processamento digital foram comparadas com as de um paquímetro digital e o

coeficiente de correlação (Pearson) foi determinado como r = 0,98; 0,98; 0,99; 0,99;

0,97 para milho, girassol, feijão, soja e algodão respectivamente. Para a identificação

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das espécies foi usado um classificador que utilizou valores pertencentes a um

intervalo de mínimos e máximos para cada cultura. Esses valores foram identificados

previamente para as quatro características avaliadas e fixadas na rotina do programa.

O total de acerto do programa na identificação das espécies individualmente,

comparado com a avaliação visual, para soja, arroz e girassol foi de 100% e para

algodão, feijão e milho, de 98%, 89,4% e 90,4%, respectivamente. A acurácia do

programa para avaliação das seis espécies, utilizando a matriz de confusão foi de

86%. Para uma melhor utilização do classificador da imagem, foi desenvolvida uma

interface gráfica e gerou-se um programa executável. O programa desenvolvido

mostrou-se útil na identificação automática de grãos de culturas anuais. As vantagens

de se utilizar o processamento digital na classificação de grãos é a rapidez na

obtenção dos resultados, a alta acurácia dos resultados, a redução dos custos e o

registro permanente dos resultados.

Palavras-chave: Classificação de grãos, automação agrícola, visão de máquina.

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DEVELOPMENT AND EVALUATION OF A YEARLY CROP GRAIN

CLASSIFICATION SYSTEM USING DIGITAL IMAGE PROCESSING

ABSTRACT - The objective of this study was to develop a system to classify grains

using digital image processing, to develop and evaluate the system. We used grains

of annual agricultural crops, corn (Zea mays L.), soybean (Glycine max L.), rice

(Oryza sativa L.), cotton (Gossypium hirsutum L.), sunflower (Helianthus annus),

bean (Phaseolus vulgaris L.), produced in the State of Mato Grosso. The work was

executed at the Laboratory of Remote Sensing and Geoinformation (Sergeo) int the

Federal University of Mato Grosso. We used a PC-type computer, video camera and

analytical box to position the equipment needed for the collection of images (lights,

support for the video camera and a place to accommodate the grains of the six

species). To illuminate the target, three electronic lamps were disposed below the

grain sample. The construction of the analytical box to position the lamps was useful

in recording and processing the images. A computer routine capable obtaining the

image, processing the information and providing the results was developed using the

Matlab® and the specific module for image processing. The images were obtained

using a ‘webcam’ type video camera kept in a fixed position with the same distance

from the target throughout the experiment. After obtaining the images, we proceeded

to the geometric calibration. The captured image was corrected radiometricaly using

filters to eliminate noise. The first color composite image (RGB) were converted to

binary. For the binarization method was used for optimal Otsu thresholding. Then,

the extracted data required for calculation of the geometrical measurements of area,

major axis, minor axis and eccentricity. The measures of axis obtained by digital

processing were compared with a digital caliper and the coefficient of correlation

(Pearson) was determined as r = 0.98, 0.98, 0.99, 0.99, 0.97 respectively for corn,

sunflower, beans, soybeans and cotton. For species identification we used a classifier

that used values belonging to a range of minimum and maximum for each culture.

These values were previously identified for the four traits and fixed in the routine of

the program. The total success of the program in the identification of individual

species, compared with visual assessment for the soybean, rice and sunflower was

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100% and cotton, beans and maize, 98%, 89.4% and 90.4%, respectively. The

accuracy of the program for evaluation of the six species, using the confusion matrix

was 86%. For a better usage of the image classifier, a graphical interface was

developed and an executable program was created. The software has proved useful in

the automatic identification of annual grain crops. The advantages of using digital

processing in the classification of grains is the speed in obtaining results, the high

accuracy of results, reducing costs and permanent record of the results.

Keywords: Classification of grain, agricultural automation, machine vision.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13

1.1Hipótese ................................................................................................................ 15

1.2 Objetivos .............................................................................................................. 15

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 15

1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 17

2.1 Sensoriamento Remoto ........................................................................................ 17

2.1.1 Fundamentos ..................................................................................................... 17

2.1.2 Radiação Eletromagnética ................................................................................. 17

2.1.3 Espectro Eletromagnético ................................................................................. 18

2.2 Imagem Digital..................................................................................................... 18

2.2.1 Definição ........................................................................................................... 18

2.2.2 Resolução .......................................................................................................... 18

2.2.3 Processamento ................................................................................................... 19

2.2.4 Aquisição de Imagem ........................................................................................ 19

2.2.5 Armazenamento ................................................................................................ 20

2.2.6 Tratamento de Imagens ..................................................................................... 20

2.2.7 Analise (Interpretação) ...................................................................................... 20

2.2.8 Classificação e Análise dos Resultados ............................................................ 20

2.2.8.1 Classificação Supervisionada ......................................................................... 21

2.2.8.2 Classificação não supervisionada ................................................................... 21

2.2.9 Binarização ........................................................................................................ 21

2.3 Software ............................................................................................................... 21

2.3.1 Matlab®

............................................................................................................. 21

2.4 Aplicações do processamento de Imagem Digital ............................................... 22

2.5 Câmara Fotográfica Digital .................................................................................. 24

2.6 Escâner de Mesa ................................................................................................... 25

2.7 Câmera de Vídeo .................................................................................................. 25

2.8 Equipamentos Acessórios .................................................................................... 26

2.9 Processamento das Informações .......................................................................... 28

2.10 Classificação de Grãos ....................................................................................... 29

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3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 31

3.1 Equipamentos Utilizados ..................................................................................... 31

3.1.1 Descrição da Caixa Analítica ............................................................................ 31

3.1.2 Medição dos Grãos ............................................................................................ 32

3.1.3 Câmera de Vídeo ............................................................................................... 33

3.1.4 Computador ....................................................................................................... 33

3.2 Posicionamento dos Equipamentos ..................................................................... 33

3.3 Laboratório ........................................................................................................... 33

3.4 Características do experimento ............................................................................ 33

3.5 Transformações geométricas ................................................................................ 34

3.6 Metodologia de Trabalho ..................................................................................... 35

3.6.1 Aquisição e Segmentação da Imagem............................................................... 35

3.6.2 Calibração da Câmera de Vídeo ........................................................................ 36

3.6.3 Imageamento e Ajustes ..................................................................................... 36

3.6.4 Calibração da Câmara de Vídeo ........................................................................ 37

3.7 Captura e Processamento das Imagens ................................................................ 38

3.8 Segmentação ........................................................................................................ 39

3.9 Operações Morfológicas ...................................................................................... 41

3.10 Amostras de Grãos ............................................................................................. 42

3.11 Aferição do Sistema ........................................................................................... 42

3.12 Amostragem e Extração das Características Morfológicas para Calibração do

Programa. ................................................................................................................... 42

3.13 Estatística Descritiva .......................................................................................... 43

3.14 Validação............................................................................................................ 43

3.15 Guia de Interface do Usuário (GUI).................................................................. 44

3.16 Programa Executável ......................................................................................... 44

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 45

4.1 Radiação ............................................................................................................... 45

4.2 Algoritmo para Reconhecimento e Classificação ................................................ 47

4.2.1 Reconhecimento ................................................................................................ 47

4.2.2 Classificação ..................................................................................................... 47

4.3 Calibração da Câmera .......................................................................................... 47

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4.4 Validação dos Dados ............................................................................................ 48

4.5 Guia de Interface do Usuário (GUI).................................................................... 59

4.6 Fluxograma .......................................................................................................... 60

4.6.1 Fluxograma Programa para Realizar Medições. ............................................... 60

4.6.2 Fluxograma para Classificar as Espécies. ......................................................... 61

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 63

5.1 Sugestões Para Trabalhos Futuros ....................................................................... 64

6 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 65

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 66

8 APÊNDICE ............................................................................................................ 71

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1 INTRODUÇÃO

O motivo que nos levou a desenvolver um programa para classificação de grãos,

por processamento de imagem digital, foi a constatação ‘in locco’ da necessidade da

adoção de métodos alternativos para a identificação de produtos agrícolas recebidos

pelas unidades armazenadoras de grãos. Rotineiramente a tarefa de classificar um

lote de grãos é realizada por profissionais treinados que utilizam equipamentos

mecânicos e realizam análise visual para reconhecimento de padrões. A classificação

é feita avaliando-se os grãos das amostras coletadas no veículo transportador. A

coleta das amostras deve ser feita como determina a Instrução Normativa do

Ministério da Agricultura para amostragem de grãos, que determina o número

mínimo de pontos amostrais a serem coletados, e que depende da quantidade de

toneladas do produto que é transportada. A coleta de amostras é um processo que

demanda o emprego de força física, que poderia ser substituída totalmente ou em

partes com o uso de novas tecnologias. A pesquisa buscou desenvolver um método

alternativo ao esforço físico humano, que fosse mais ágil, econômico e confiável,

com resultados reproduzíveis e sem a subjetividade humana.

As vantagens principais do uso de processamento digital, em comparação com

métodos tradicionais são o registro permanente da característica física dos objetos de

estudo, a rapidez com que os resultados são obtidos, bem como o elevado grau de

acurácia envolvido nos processamentos computacionais.

Para o processamento das imagens, existem, à disposição no mercado, diversos

programas, possuindo funções básicas semelhantes, mas com detalhes particulares

que poderão ajudar o usuário. Entre esses programas citamos o SPRING, software de

domínio público desenvolvido pelo INPE, ENVI para análise de imagens

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multiespectrais e hiperespectrais que pode também ser utilizados para o

processamento de imagens obtidas por câmeras digitais (EMBRAPA, 2001), o

Matlab® sistema para cálculos matemáticos e matriciais (MARQUES FILHO, 1999).

O processamento de imagem digital vem sendo utilizado para os mais diversos

fins. Na agricultura, trabalhos de pesquisas demonstraram a viabilidade de seu uso,

entre outros, na verificação da mudança de coloração de banana prata durante o

armazenamento (WERNER et al., 2009), avaliação do índice espectral na avaliação

de dose de nitrogênio na cultura do feijoeiro (BAESSO et al., 2007), avaliação das

características físicas de grãos de soja como o comprimento, largura, espessura,

circularidade, esfericidade e perímetro, utilizando escâner de mesa, (GUEDES et al.,

2011), danos mecânicos em sementes de milho utilizando imagem de raio-X

(TEIXEIRA, et al., 2007), efeito de diferentes posições da semente de milho na

espiga, sobre a qualidade (MONDO e CICERO, 2005). As imagens digitais também

servem para fazer o levantamento de informações relacionado aos aspectos

biofísicos, mapeamento e quantificação da vegetação natural e das áreas

agricultáveis, interpretando fotos aéreas e análise de imagem digital de satélite

(BARBOSA, et al. 2009). Extração semi-automática de rodovias em imagens de

satélite, ou em fotografias aéreas digitalizadas (DAL POZ e AGOURIS, 2001).

No processamento de imagens, o uso de características morfológicas é útil

quando o classificador necessita de dados, tais como área e diâmetro para mensurar

uma determinada espécie ou cultivar. Essas medidas são obtidas com o uso de

instrumentos mecânicos, tornando o processo demorado, laborioso, de difícil leitura,

em especial nos grãos com pequenas dimensões (BOTHONA et al., 1999). Outro

problema é a subjetividade do método manual, acarretando em erros

(MANICKAVASAGAN et al., 2008), (ZHANG et al. 2005). Com o

desenvolvimento da técnica de análise de imagem digital para a determinação precisa

do tamanho e formas de órgãos e estruturas vegetais (SYMONS e FULCHER, 1988),

a identificação automática de espécies passou a ser viável, embora o uso de sistemas

informatizados seja conhecido há décadas, a análise das características morfológicas

de grãos em laboratórios ainda é feita pelo sistema manual.

A fim de melhorar a eficiência e qualidade na análise de grãos, empresas,

laboratórios e pesquisadores, em várias partes do mundo, utilizaram o processamento

de imagem digital como alternativa à classificação manual. Este método subjetivo

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visual pode proporcionar erros devido às diversas circunstâncias

(MANICKAVASAGAN et al., 2008). O sistema de visão artificial pode possibilitar

a avaliação de uma amostra sem a subjetividade humana, com maior precisão e

rapidez no processo de análise.

Sistemas de reconhecimento por visão artificial têm se tornado um produto

atrativo para o processamento de imagens digitais e, cada vez mais, novas áreas vêm

sendo estudadas na agricultura. Diferentes estudos demonstraram a eficiência do uso

de imagens digitais tais como, controle de qualidade (CHENG et al., 2004),

gerenciamento de mapas (HAGUE et al., 1997), detecção em tempo real, (TIAN et

al., 1999), estimativa de ervas daninhas, classificação de fibras naturais (WENZHU

et al., 2009), detecção de doenças em plantas, entre outras aplicações. Com o avanço

tecnológico e industrial, a imagem digital pode ser um instrumento importante para

verificar o tipo e a qualidade dos produtos agrícolas.

Devido aos inúmeros benefícios da adoção do processamento de imagens há a

necessidade de estudos para fazer a adequação necessária de softwares e

equipamentos, que respondam às necessidades do usuário.

1.1Hipótese

O processamento de um conjunto de características morfológicas dos grãos pode

fornecer dados que possibilitem identificar uma espécie e diferenciá-la de outras.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Neste trabalho, descreve-se e avalia-se o uso da técnica de análise de imagens

digitais, obtidas de câmera de vídeo. Na quantificação das medidas morfológicas

(diâmetro maior e menor, área e excentricidade) das espécies de milho, soja, arroz,

feijão, algodão e girassol.

1.2.2 Objetivos Específicos

Como objetivos específicos têm-se:

Desenvolver um equipamento para servir de suporte para a amostra de grãos,

apoio para câmera de vídeo e efetuar o controle da iluminação.

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Criar algoritmo para automatizar o processo de classificação desde a obtenção

da imagem até o fornecimento dos resultados.

Classificar grãos de seis espécies de culturas anuais (soja, milho, arroz, feijão,

girassol e algodão), utilizando diversas características morfológicas.

Verificar a possibilidade de identificação de cultivares de milho por

processamento de imagem digital.

Quantificação das medidas morfológicas, na quantificação de grãos de culturas

anuais.

Desenvolver um programa executável para sistema operacional DOS

ou

Windows

.

Desenvolver interface gráfica para utilizar o ‘software’ de classificação.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Sensoriamento Remoto

2.1.1 Fundamentos

Sensoriamento remoto é a arte e a ciência de obter informação sobre um

objeto sem estar em contato físico direto com o objeto. O sensoriamento remoto pode

ser usado para medir e monitorar importantes características biofísicas e atividades

humanas na terra (JENSEN, 2009). Quatro são os elementos fundamentais das

técnicas do Sensoriamento Remoto: Fonte, Sensor, Alvo e a Radiação

Eletromagnética. A radiação eletromagnética (REM) é o elemento que liga os

demais. Para estudos dos recursos naturais a fonte do REM é o sol. O Sensor é capaz

de coletar e registrar a REM refletida ou emitida pelo objeto, que também é

denominado alvo, e que representa o elemento do qual se pretende extrair

informações (FERREIRA, et al., 2001).

2.1.2 Radiação Eletromagnética

A radiação eletromagnética (REM) é entendida como sendo toda a energia

com propriedades elétricas e magnéticas, movendo-se à velocidade da luz. Essa

energia refletida ou emitida pelo material presente na superfície pode ser detectada

por um sensor, tal como faz o olho humano, que capta a energia refletida no intervalo

de luz visível, ou uma câmara de vídeo, sendo em seguida convertida em dados

passíveis de interpretação, de acordo com a frequência e intensidade (HOLZ, 1985).

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2.1.3 Espectro Eletromagnético

O espectro eletromagnético pode ser compreendido como um comprimento

de onda continuo da radiação eletromagnética (HOLZ, 1985), fragmentadas nos

intervalos Raio gama e Raio-X, ultravioleta, faixa do visível, infravermelho (próximo

e distante), micro-ondas e ondas de rádio (JENSEN, 2009). Para fins práticos do

sensoriamento remoto, normalmente são utilizados os intervalos espectrais do

Visível, Infravermelho e Micro-ondas (FERREIRA, et al., 2001). Sobre uma energia

incidente, três tipos de interações básicas podem ocorrer entre a energia

eletromagnética e o alvo: transmitância; reflectância; e absortância (HOLZ, 1985). A

reflectância é definida como a razão adimensional entre o fluxo radiante refletido por

uma superfície e o fluxo radiante incidente nela; a transmitância é a razão

adimensional entre o fluxo radiante transmitido por uma superfície e o fluxo radiante

incidente nela e a absortância é definida entre a razão adimensional do fluxo de

energia absorvida e o somatório do fluxo radiante refletido, mais o fluxo radiante

absorvido e o fluxo radiante transmitido. (JENSEN, 2009).

2.2 Imagem Digital

2.2.1 Definição

Uma imagem digital é o resultado do estímulo luminoso captado pelo olho

humano em que, cada ponto de uma cena está associado a uma informação de cor.

Uma imagem monocromática pode ser descrita matematicamente por uma função f(x,

y) da intensidade luminosa, sendo seu valor, em qualquer ponto de coordenadas

espaciais (x, y), proporcional ao brilho (ou nível de cinza) da imagem naquele ponto

(MARQUES FILHO, 1999). Assim, uma imagem pode ser compreendida como uma

matriz de linha (x) e colunas (y), numeradas de (1,1) iniciando no canto superior

esquerdo até o canto inferior direito (n, m).

2.2.2 Resolução

A resolução de uma imagem pode ser espacial, espectral e radiométrica. A

resolução espacial mostra a qualidade óptica de uma imagem produzida por um

determinado sensor, a resolução espectral de um sensor pode ser definida pela

capacidade de ele registrar a radiação refletida ou emitida pelos alvos,

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simultaneamente, em diferentes comprimentos de onda ou intervalos do espectro

eletromagnético (FERREIRA et al., 2001), já a resolução radiométrica, é definida

como a capacidade de o sensor medir com precisão, os diferentes níveis de radiância

refletida pelos alvos na superfícies. É medida pelos números de valores digitais

utilizados para expressar os dados coletados em uma imagem. Quando uma imagem,

obtida por câmara de vídeo ou máquina fotográfica digital possui resolução

radiométrica de 8 bits, significa que cada pixel da imagem será representado por um

valor digital (0 – 255), (FERREIRA, 2001).

2.2.3 Processamento

O processamento digital das imagens indica a manipulação de dados em meio

computacional em que o material de entrada e de saída do sistema é uma imagem. A

necessidade do processamento surge do fato de a imagem conter um volume de

informações quase sempre superior à capacidade de percepção do olho humano. Na

maioria das vezes essas informações são traduzidas somente pela melhoria no

aspecto visual ou estrutura da imagem. Tais melhorias incluem alguns tratamentos,

como aumento de contraste ou uso de filtros de bordas, por exemplo. Criam-se

assim, condições para uma interpretação mais eficaz, facilitando o reconhecimento

de feições comuns (FERREIRA, 2001).

De modo geral, um sistema de processamento de imagens envolve algumas

etapas que podem ser agrupadas na seguinte ordem: Aquisição da imagem e

armazenamento; tratamento da imagem (realce); análise da imagem (interpretação,

coleta de amostras de pixels para classificação supervisionada); classificação e

análise dos resultados.

2.2.4 Aquisição de Imagem

A aquisição da imagem digital é o processo no qual se faz a conversão de

uma cena real tridimensional em uma imagem analógica, em uma cena com

dimensionalidade reduzida (bidimensional). O dispositivo de aquisição de imagens

mais utilizado atualmente é a câmara CCD (Charge Coupled Device – ou dispositivo

de carga acoplada) que se constitui de uma matriz de células semicondutoras

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fotossensíveis que atuam como capacitores, armazenando carga elétrica proporcional

à energia luminosa incidente (MARQUES FILHO, 1999).

2.2.5 Armazenamento

O armazenamento de imagens digitais é um dos maiores desafios no projeto

de sistemas de processamento de imagens, em razão da grande quantidade de bytes

necessários para tanto. Este armazenamento pode ser divido em três categorias:

armazenamento de curta duração de uma imagem, enquanto ela é utilizada nas várias

etapas do processamento; armazenamento de massa para operações de recuperação

de imagens relativamente rápidas; e arquivamento de imagens, para recuperação

futura quando isto se fizer necessário (MARQUES FILHO, 1999).

2.2.6 Tratamento de Imagens

A interpretação de uma imagem pode ser dificultada por alguns fatores, ora

inerentes ao sensor, tal como a baixa resolução espacial e radiométrica deste, ora

externos ao processo, tal como a perda de qualidade da imagem durante a fase de

aquisição (FERREIRA, et al., 2001).

2.2.7 Analise (Interpretação)

Depois da aplicação de alguns tratamentos voltados para a melhoria de

qualidade (realce, filtragem, etc.), a última etapa de um processamento digital antes

da obtenção dos resultados propriamente ditos está relacionada com a extração de

informações quantitativas e qualitativas de determinada cena. O procedimento

principal de uma análise de imagens refere-se às técnicas de classificação

(FERREIRA, et al., 2001).

2.2.8 Classificação e Análise dos Resultados

A classificação de imagens consiste no estabelecimento de um processo de

decisão no qual um grupo de pixels é definido como pertencente a determinada

classe temática (definida ou não pelo usuário), de acordo com o respectivo valor

digital (FERREIRA et al., 2001).

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2.2.8.1 Classificação Supervisionada

O método de classificação é dito supervisionado por realizar um

reconhecimento dos

padrões de pixels na imagem com base em indicações definidas pelo próprio

analista. (FERREIRA et al., 2001).

2.2.8.2 Classificação não supervisionada

A classificação não supervisionada não utiliza amostras de pixels, coletadas

pelo analista, para classificar os diferentes alvos de uma imagem. Ou seja, não há

fase de treinamento do algoritmo classificador. O analista opta apenas por um dos

algoritmos oferecidos pelo software de processamento para a realização da

classificação, escolhendo também o número de classes de informações (FERREIRA

et al., 2001).

2.2.9 Binarização

A binarização consiste em transformar uma imagem originalmente com 256

níveis de cinza, em apenas dois níveis: 0 (zero) e 1, ou seja, preto e branco.

2.3 Software

Os processadores de imagens são softwares desenvolvidos para o tratamento

de imagens no formato digital (em geral 256 níveis de cinza), permitindo a realização

de diversas operações: tratamento no domínio da imagem ou da frequência pra

realçar certos objetos ou áreas na imagem, classificações, análise espacial e

estatística dos pixels (FERREIRA, 2001).

2.3.1 Matlab®

O Matlab® (abreviação de 'laboratório de matrizes' - MATrix LABoratory) é

um sistema para cálculos matemáticos e matriciais, o qual pode ser imaginado como

uma espécie de linguagem de programação. Todas as variáveis são tratadas como

matrizes pelo Matlab®, com uma característica especial: são dimensionadas

automaticamente, fato que facilita sobremaneira a implementação de algoritmos

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matriciais. Outra vantagem do uso do Matlab® é o seu extenso conjunto de rotinas de

representação gráfica. É possível a criação de programas com as funções do Matlab®

para implementar algoritmos mais complexos. Esses programas são conhecidos

como arquivos-M ou ‘scripts’.

Normalmente o Matlab® é utilizado no modo comando, ou seja, os comandos

são processados imediatamente após a sua entrada, exibindo os resultados na tela.

Porém, também é possível a criação de sequências de comandos (scripts)

armazenadas em arquivos denominados arquivos-M. Essa possibilidade é bastante

útil para sequências de comandos comumente repetidas e também para a criação de

novas funções específicas. Uma característica bastante útil e prática do Matlab® é a

de que as suas variáveis não precisam ser dimensionadas antes de serem usadas. As

variáveis são geradas e dimensionadas automaticamente ao serem referenciadas pela

primeira vez em uma atribuição de valores, permanecendo na memória de trabalho

até que esta seja limpa. (MARQUES FILHO, 1999).

2.4 Aplicações do processamento de Imagem Digital

Há algumas décadas a utilização do processamento de imagem para

identificação e classificação de produtos agrícolas vem sendo estudado. Durante a

década de 1970, a heterogeneidade das características agronômicas em campo, deu

início à agricultura de precisão (JONES et al., 2009). Segundo Gebbers et al. (2010)

agricultura de precisão proporciona um meio de monitorar a cadeia de produção

alimentar e gerenciar a quantidade e a qualidade dos produtos agrícolas.

Para Shahin et al. (2003), com a melhoria no sistema de processamento

computacional e a redução de custos dos equipamentos e ‘softwares’ foi possível

utilizar o processamento de imagem para obter sucesso em diversos segmentos,

como identificação de doenças em plantas, germinação, vigor, ocorrência de pragas,

qualidade dos produtos e identificação de amostras de grãos.

Para Kiliç et al. (2007) usualmente, a inspeção de materiais ou produtos é

realizada por inspeção humana, no entanto isso pode facilmente resultar em enganos

e os custos são relativamente altos quando feito por profissionais especializados.

Outra dificuldade apontada pelos autores é obter resultados padronizados pelos

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classificadores. Por essas razões se confirma a necessidade de um sistema objetivo de

medições.

Para compreender melhor como funciona o processamento de imagem digital

com finalidades agrícolas, é interessante conhecer a dinâmica envolvida no processo.

O sistema de visão de máquina, comumente utilizado em aplicações agrícolas,

adquire a refletância, a transmitância, ou imagens fluorescentes do material agrícola

em estudo sob iluminação, na faixa de espectro que vai desde o ultravioleta passando

pelo visível até o infravermelho próximo. O sistema é, geralmente, composto por um

sensor ótico, ou até três sensores, como no trabalho realizado por Xiao-bo et al.

(2010), que inspecionaram a qualidade de maçãs, em um computador do tipo pessoal

equipado com placa de aquisição de imagem e por um sistema de iluminação.

Também deve ser incluso um ‘software’ para transmissão eletrônica dos sinais para o

computador, para aquisição, armazenamento e processamento das imagens (CHEN,

2002).

Para que produza resultados práticos, a análise de imagens digitais reconhece

a cena e gera características dimensionais ou padrões de cores e texturas dos objetos

contidos na imagem. Nesse caso, a unidade de medida é constituída de elementos

formadores da imagem denominados ‘pixels’, ou pel do inglês ‘pictures elements’

(TEIXEIRA et al., 2006, GONZALES e WOODS, 2003). Cada pixel pode ser

representado por um determinado número de bits. Por exemplo, um pixel com 4 bits

pode ter 16 cores, enquanto que um pixel com 24 bits pode ter 16,7 milhões de

cores.

Para a captura de imagens, o sensor ótico recebe radiação eletromagnética

refletida da superfície do objeto e a converte em sinais elétricos usando um

dispositivo de carga acoplada (Charge Couple Device - CCD). Os CCDs são

materiais sólidos, fabricados em silício e disponíveis em um conjunto de área

(CHENG et al., 2004).

A matriz de área é capaz de capturar uma imagem bidimensional em uma

única exposição. A sensibilidade à luz dos dispositivos de CCD faz com que

convertam uma imagem ótica em matriz de sinais elétricos e esses sinais elétricos são

proporcionais à intensidade da luz recebida (CHENG et al., 2004).Os dispositivos de

carga acoplada podem estar fixados em câmeras fotográficas digitais, câmera de

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vídeo, ‘webcam’ e escâner de mesa. Para a pesquisa agrícola, ambos os dispositivos

de vídeo podem ser utilizados.

2.5 Câmara Fotográfica Digital

Story et al. (2010) fizeram uso de câmera fotográfica acoplada em um sistema

robótico de posicionamento nos eixos XY, sobre canteiros cultivados com alface

(Lactuca sativa L.) e obtiveram cinco imagens sequenciais, com objetivo de

identificar a deficiência de cálcio nas plantas.

Doucournau et al. (2004) utilizaram câmara fotográfica para avaliar a emissão

de radícula em sementes de girassol, em ambiente com luz e temperatura controladas

com o uso do processamento de imagem digital. Os pesquisadores desenvolveram

um algoritmo que consistiu de duas etapas de processamento não supervisionadas, o

primeiro passo foi a transformação das imagens coloridas para binárias utilizando o

método de Otsu e, o passo seguinte foi realizar a contagem das sementes germinadas.

Para os autores, o sistema teve a vantagem de ser mais rápido que os processados

manualmente.

Solis-Sánches et al. (2011) desenvolveram um sistema para o controle

integrado de pragas em ambiente protegido. Para programar o sistema foi necessária

a detecção e a identificação dos insetos. Tradicionalmente esse trabalho é efetuado

colocando-se armadilhas, e posteriormente, efetuada a contagem e identificação. Para

os autores foi possível o uso de técnicas de visão de máquina para a identificação das

espécies de insetos, besouro (Diabrotica speciosa), (Lacewings spp.), pulgões (Aphis

gossypii Genn.), tripés (Thrips tabaci L.) e mosca branca (Bemisia tabaci) foi

superior à efetuada manualmente R² =0,99.

Para reduzir perdas devido à identificação errada por parte dos funcionários

de caixa de supermercado e distribuidoras de produtos hortigranjeiros, Rocha et al.

(2010) classificaram frutas e verduras em um centro de distribuição e em caixas de

supermercado, utilizando o processamento de imagem digital, combinando

características dos produtos e classificadores, foi possível uma redução do erro de

classificação acima de 15 pontos percentuais.

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2.6 Escâner de Mesa

A imagem produzida por escâner de mesa foi utilizada para uma melhor

qualidade, mais detalhes dos objetos, como a definição dos contornos e a definição

das cores para, por exemplo, identificar as variedades de grãos de trigo (SHOUCHE

et al., 2001). O uso do escâner também favoreceu os trabalhos de classificação sem

que houvesse a necessidade do controle da luz ambiente, Shahim et al. (2003)

fizeram uso de escâner de mesa para classificar grãos de lentilha (Lens esculenta,

Moench), os autores utilizaram 800g da amostra que foi posta em um saco plástico

transparente e depositados sobre o escâner, ocupando uma área de 220 x 220

milímetros. A área do escâner que não foi ocupada pelos grãos, foi coberta com uma

folha de cor preta, esse cuidado permitiu fazer a análise sem que a luz ambiente

interferisse nos resultados. A colocação de folha escura cobrindo a área

remanescente da superfície do escâner impediu que fossem feitas imagens não

desejadas.

Teixeira et al. (2006), ao estudarem o vigor de plântulas de milho, utilizaram

escâner sem a tampa e sem colocação de folhas escuras em áreas não cobertas pela

amostra, mas para isto, tiveram o cuidado de não deixar a iluminação ambiente

incidindo diretamente sobre o equipamento, durante o processo de digitalização. A

ausência de luz produziu um efeito desejado de imagem de fundo tendo o preto como

cor predominante.

2.7 Câmera de Vídeo

O uso de câmera de vídeo foi útil quando o trabalho exigiu uma resposta

imediata, na análise em tempo real, para aplicação de herbicidas na lavoura. Burgos-

Artizzu et al. (2011) colocaram uma câmera de vídeo sobre teto do

trator/pulverizador e realizaram coleta de dados em locais específicos e conseguiram

discriminar linhas de cultura de milho e plantas invasoras utilizando o processamento

de imagem digital, com iluminação não controlada e em tempo real. Os

pesquisadores desenvolveram um sistema com dois subsistemas independentes, um

com processamento rápido de imagem e obtenção dos resultados em tempo real e o

outro subsistema, mais lento e mais preciso, para a correção do primeiro. Os

resultados obtidos com a combinação dos subsistemas resultaram na detecção de

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95% de plantas indesejáveis e 80% das lavouras, nas mais diversas condições de

umidade de solo, iluminação e condições de crescimento.

A detecção em tempo real pode ser de grande ajuda na automação e no

barateamento do sistema de amostragem de plantas daninhas, economizando na

aplicação de herbicidas. A câmera de vídeo também foi utilizada por Bennedsen et

al. (2005), que desenvolveram um sistema para identificar defeitos em maçãs, O

método consistiu na rotação das maçãs em frente à câmera de vídeo, enquanto

múltiplas imagens eram adquiridas. O sistema teve 90% de precisão nos

experimentos realizados com duas variedades de maçãs.

Segundo Thorp et al. (2011), a imagem digital captada por câmera de vídeo

posicionada dois metros acima do dossel da cultura de lesquerella (Lesquerella

fendleri (Gray) Wats) proporcionou um meio barato e prático para monitoramento

remoto. O óleo desta brassica está sendo proposto como uma alternativa ao petróleo

em muitos produtos industrializados. Os pesquisadores utilizaram a transformação

das informações para matiz, saturação e intensidade (HSI) e abordagem Monte Carlo

para lidar com as incertezas do espaço de cor nos parâmetros HSI, utilizados para

segmentação de imagem. A contagem de flores foi estimada a partir de uma

porcentagem de cobertura em uma imagem base, calculando o erro médio da raiz

quadrada, o resultado foi superior aos outros estudos com objetivos semelhantes.

Para Kiliç et al. (2007) a opção foi pelo uso de ‘webcam’ e o programa

Matlab® para o processamento das imagens quando classificaram feijão, com base

em dados morfológicos e de cores. Esse trabalho possibilitou automatizar o processo

desde a captura das imagens até o fornecimento de resultado final, fazendo uso de

equipamentos que possuam baixa qualidade de imagem com resultados satisfatórios.

2.8 Equipamentos Acessórios

Aos sensores óticos podem-se adicionar equipamentos auxiliares como o

microscópio, equipamentos de Raios-X e uso câmeras multiespectrais. Costa et al.

(2009) usando uma câmera digital acoplada a um microscópio fizeram a contagem de

grãos de pólen de duas espécies Carduus acanthoides L. e C. nutans L., eles

obtiveram a mesma precisão nos resultados com aqueles avaliados por especialistas

da área, porém conseguiram uma significativa redução do tempo para apresentação

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dos dados. Quando o olho humano ou os sensores óticos não viram, devido a

limitações de captura dos sinais na faixa do visível, a opção foi fazer uso de imagens

hiperespectrais.

Singh et al. (2010) utilizaram imagens na faixa de 700 – 1.100nm, imagens

coloridas para identificarem danos em grãos de trigo provocados por insetos. Para a

classificação do tipo de dano foram utilizados os classificadores discriminantes

(linear, quadrático, mahalanobis) e redes neurais. Um total de 230 características

(cor, textura e morfologia) foi extraído. O resultado do estudo indicou que o uso de

infravermelho próximo, associado com características de imagens coloridas, teve

potencial para detectar danos causados por insetos em grãos de trigo com alta

acurácia.

Liu et al. (2011) utilizaram imagem hiperespectral com análise de

componentes principais (PCA) para detectarem defeitos em laranjas causados por

inseto, ventos, cicatrizes e fitotoxicidade. A detecção dos defeitos com base em PCA,

relação de bandas e limiarização simples foram capazes de identificar 91,5% das

áreas com defeitos. A desvantagem do algoritmo foi não ser capaz de diferenciar o

tipo de dano apresentado.

Para verificar a contaminação em alimento, Yang et al. (2012) desenvolveram

três algoritmos para detecção de fezes em maçã. O trabalho consistiu em utilizar

iluminação florescente em 4 faixas de ondas, (680, 684, 720 e 780 nanômetros ) para

identificar manchas de contaminação nas maçãs, a partir da excitação de luz

provocada por ‘led’ violeta. O algoritmo indicou que a imagem multiespectral

fluorescente foi capaz de identificar mais de 99% dos pontos fecais. Os

pesquisadores concluíram que o algoritmo pode ser utilizado no processo industrial

de produção de alimentos, reduzindo a contaminação. E, quando há a necessidade de

enxergar além das estruturas superficiais dos objetos, a imagem de Raios-X pode ser

a indicada.

Mathanker et al. (2011) estudaram a classificação de noz-pecan (Caryail

linoensis K.), utilizando imagem de Raio-X. Chuang et al. (2011), apresentaram um

sistema automático eficiente para detectar pragas em produtos agrícolas sob

quarentena. O trabalho integrou mecânica, mecatrônica, instrumentação, Raios-X,

câmara fotográfica e programa para análise de imagem. Eles também projetaram uma

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interface gráfica para auxiliar na operação do sistema. Para o processamento de

imagem foram inclusos o realce do contraste, filtragem mediana, operadores

morfológicos matemáticos e limiarização pelo uso da estatística. Os resultados

experimentais indicaram que o uso de escâner de Raios-X foi capaz de identificar até

94% de ovos a partir do quarto dia de implantação. Foram utilizados frutos intactos

e frutos com ovos implantados para avaliar a sensibilidade, especificidade, exatidão e

precisão, e os resultados foram superiores a 96% e foram significantemente

superiores aos avaliados por inspeção visual tradicional.

2.9 Processamento das Informações

Após a obtenção das imagens com câmera de vídeo, escâner ou máquina

fotográfica, o passo seguinte é o processamento das informações, Yang et al. (2009)

propuseram quatro passos principais: transformação, aprimoramento, segmentação e

segmentação pós processamento das imagens. Em geral, a maioria dos algoritmos de

segmentação se baseia nas propriedades básicas de descontinuidade e de

similaridade.

Há dois tipos algoritmos para segmentação, um é baseado na descontinuidade

do nível de cinza e o outro na similaridade dos valores nos níveis de cinza. O

primeiro grupo de métodos particiona uma imagem em mudanças abruptas na

transposição dos níveis de cinza. O segundo método utiliza limiarização, crescimento

de região, e a divisão e fusão de regiões. Dependendo da finalidade do estudo, o

pesquisador pode fazer uso de cores, textura ou dados da morfologia do objeto.

Camargo e Smith (2009) desenvolveram algoritmo para detecção automática de

doenças em folhas de diversas espécies, entre elas as de milho (Zea mays L.), soja

(Glycine Max L.), algodão (Gossypium hirsutum L.) e bananeira (Musa spp.), por

meio de segmentação de imagens a partir de imagens coloridas. As imagens em cores

foram transformadas para dar ênfase na região onde os sintomas da doença estão

localizados. A imagem foi então segmentada utilizando a distribuição da intensidade

do histograma. Em vez de usar a abordagem tradicional de corte pelo ponto mínimo,

foi realizada a localização de um conjunto máximo de locais e o valor limite de corte

foi determinado de acordo com sua posição no histograma. Para os autores a técnica

foi útil quando o alvo, no conjunto de dados da imagem, tem uma grande distribuição

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de intensidades. O algoritmo foi capaz de identificar uma região doente, mesmo

quando essa região apresentou uma ampla gama de intensidades. Após a

segmentação das imagens faz-se a contagem dos objetos formados por um conjunto

de pixels de valor igual a zero, presentes em uma área contínua.

2.10 Classificação de Grãos

Segundo Granitto et al. (2002), a implantação de métodos confiáveis e

rápidos para identificação e classificação de grãos é de grande importância para a

agricultura industrial. Na pesquisa conduzida, os autores concluíram que a

classificação de grãos pode ser baseada no tamanho, na forma, na cor e na textura.

Foram identificadas 57 espécies de culturas agrícolas e as características de tamanho

e da forma dos grãos ofereceram detalhamento superior aos de cor e textura para a

classificação. No entanto, todas as características são requeridas para alcançar um

desempenho aceitável nas aplicações práticas.

Paliwal et al. (2003) identificaram 5 espécies, aveia (Avena sativa,L.), centeio

(Secale cereale,L.), trigo (Triticuma estivum, L.), canola (Brassica napus L. var.

Oleifera Moench) e cevada (Hordeum vulgare, L.) e cinco categorias de trigo

armazenado (trigo quebrado, farelo, trigo mourisco, trigo com casca e espigas de

trigo). Um total de 230 recursos foi extraído, sendo 51 de cores, 123 morfológicos e

56 texturais. Os autores utilizaram imagem hiperespectral, a média e a variância das

cores RGB foram transformadas para matiz, saturação e brilho e agrupadas em 16

bandas e o histograma foi avaliado. Para classificação utilizou-se a rede neural com

quatro camadas, analisando 1500 grãos de cada tipo, e esse conjunto de grãos foi

dividido em amostras com trezentos indivíduos para o treinamento da rede. Para o

trigo, onde os núcleos e partículas estavam bem definidos, a identificação foi quase

perfeita, enquanto que partículas com superfícies irregulares como as espiguetas e

palha de trigo tiveram acerto de 90%. Para os autores, as características de forma, cor

e textura devem ser avaliadas conjuntamente para obter um melhor acerto na

classificação dos produtos, embora características morfológicas possam identificar

corretamente, quase 100% das sementes de canola e grãos de trigo quebrados e trigo

mourisco.

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Para classificação de cinco variedades de sementes de lentilha, Shahin e

Symons. (2003) utilizaram cor e forma, e os recursos de dilatação e erosão dos pixels

da borda dos objetos presentes na cena. Com isso conseguiram identificar

corretamente mais de 98% das cinco variedades de sementes. Liu et al. (2005)

classificaram cinco variedades de arroz, utilizando quatorze características

morfológicas e sete características de cores. Os pesquisadores utilizaram 2040

imagens para treinamento da rede neural, para classificação. Para quatro variedades o

acerto foi superior a 80% e uma variedade o acerto foi 74%. Para classificar e avaliar

a qualidade de grãos de feijão, Kiliç et al. (2007) utilizaram um sistema de visão

computacional com base no tamanho e cor das amostras. Um sistema de ‘software’

foi codificado no Matlab® para segmentação, operações morfológicas e

quantificação das cores das amostras. Os autores desenvolveram uma interface

gráfica amigável para execução do programa, essa interface permitiu visualizar os

dados em uma janela com a execução de comandos via ‘mouse’ do computador. Para

medidas morfológicas, os autores fizeram uso de um paquímetro e compararam os

resultados aos obtidos pelo processamento de imagem digital e obtiveram uma

correlação de Pearson (r) superior a 0,97. Para Paliwal et al. (2003), foi possível

avaliar não apenas grãos inteiros mas também frações dos produtos com alta

acurácia, usando sistema de visão de máquina.

O uso do processamento de imagem digital pode ser uma boa alternativa à

classificação manual (Gonzalez e Woods, 2003), mas para Lopez - Granados (2011)

para a aplicação das novas tecnologias é necessário o investimento em capacitação

técnica, desenvolvimento e padronização de normas e aumento nas pesquisas e a

formação de grupos de pesquisas multidisciplinares.

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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Equipamentos Utilizados

Neste experimento foram utilizados caixa analítica, paquímetro digital,

câmera de vídeo, computador e software Matlab®.

3.1.1 Descrição da Caixa Analítica

Foi confeccionada uma caixa analítica metálica com dimensões de 25 x 25 x

15 cm, para receber a amostra de grãos. A caixa foi equipada com iluminação

artificial de três lâmpadas eletrônicas com 15 Watts de potência, 6500K Fria, 127V,

ligadas em corrente alternada, com uma tampa de vidro transparente, posicionada

acima das lâmpadas para servir de apoio aos grãos a serem imageadas. Sob o vidro

foi fixada uma folha de papel sulfite, gramatura 75g/m2, de cor branca, para difusão

de luz e impedir que a câmera capture imagens de equipamentos no interior da caixa

(Figura 1). Em uma das extremidades da caixa foi fixado o suporte para câmera de

vídeo. A base para câmara foi construída com dispositivo regulável, para ajustar a

altura.

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FIGURA 1. Caixa analítica com visualização do seu interior (esquerda) e foto do

equipamento (direita), utilizada para a obtenção de imagem dos grãos.

3.1.2 Medição dos Grãos

Não foram utilizados grãos de arroz nesta etapa por opção do pesquisador,

devido às pequenas dimensões da espécie.

Para medição do diâmetro maior dos grãos de soja, milho, feijão, girassol e

algodão (não foi utilizado a espécie de arroz), um paquímetro digital profissional

(Figura 2) com visor LCD e precisão de 0,01mm foi utilizado para comparar as

medições executadas manualmente e por processamento de imagem digital.

Medições do diâmetro maior dos grãos foram efetuadas para calibração do

programa de classificação de grãos.

FIGURA 2. Paquímetro digital utilizado para efetuar

medidas dos grãos, manualmente.

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3.1.3 Câmera de Vídeo

Para a aquisição de imagem foi utilizado um dispositivo de vídeo do tipo

‘webcam’ com conexão USB, modelo YUY2 com resolução de 640 x 480 pixels,

com 307.200 Bytes e com sistema RGB de cores.

3.1.4 Computador

O processamento das imagens foi executado em computador tipo PC com

processador Intel (R) (TM) i5 core CPU 650 @ 3.2 Ghz, 1,92 GB de RAM. Monitor

LCD de 15 polegadas.

3.2 Posicionamento dos Equipamentos

Fatores como posicionamento do equipamento interferem diretamente na

escala da imagem (resolução espacial), da mesma forma que o nível de contraste da

cena que pode ser afetado pela intensidade de luz, ou presença de sombreamento no

momento do registro. Por exemplo, uma iluminação acentuada do ambiente pode

interferir na qualidade da imagem obtida por equipamentos de vídeo, ou fotográficos.

Isso se deve, sobretudo, à saturação (brilho excessivo dos pixels). Para a câmera de

vídeo, a altura dada em relação à superfície (objeto) deve ser a mesma durante as

filmagens em um experimento.

3.3 Laboratório

O laboratório Sergeo (Sensoriamento Remoto e Geoinformações) onde foram

realizados os experimentos, conta com bancadas para equipamentos e para apoio de

materiais de pesquisas. Computadores pessoais do tipo PC. Iluminação fluorescente

do tipo luz do dia. O laboratório conta, ainda, com sistema de recepção de imagens

de satélite do sistema EUMETcast.

3.4 Características do experimento

O experimento foi todo realizado no Laboratório SERGEO da UFMT. As

etapas que mais demandaram estudos foram a elaboração do algoritmo para captura e

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processamento das imagens e a construção do equipamento para iluminação e

posicionamento das amostras de grãos. A decisão de construir um equipamento para

o posicionamento das lâmpadas e da ‘webcam’ e a colocação da amostra, foi tomada

após experimentos preliminares apontarem problemas, produzidos pela iluminação

ambiente, tais como a produção de sombras sob os grãos, e as diferenças de

tonalidades apresentada pelos alvos.

Para o processamento das imagens foi feita a opção pelo uso do programa

Matlab® versão educacional, devido ao vasto material disponibilizado para a

pesquisa, porém outros programas poderiam ser utilizados, como Scilab e SPRING,

por exemplo.

O algoritmo desenvolvido possibilita que, ao acionamento de um botão, o

programa realiza a captura das imagens, as transformações de cores, correção

geométrica, filtragem da imagem, cálculo das medidas morfológicas e a classificação

dos grãos.

3.5 Transformações geométricas

Após a captura das imagens foi realizada a transformação geométrica. Nesta

fase foi realizada a alteração da posição espacial dos pixels da imagem de entrada.

Para este fim foi gerado um quadro xadrez (gabarito) no programa de processamento

de imagem, contendo 64 quadrículos pretos e brancos. Esse quadro foi armazenado

na memória do computador e feita a impressão em papel sulfite. Desse quadro xadrez

foi obtida uma imagem digital e realizado o registro das duas imagens, adicionando-

se pontos de controle sobre ambas. Foi utilizada a transformação afim (affine) dada

pelas equações 01 e 02 para a transformação geométrica.

1

'

'

jYiX

cbYaXX

01

1

'

jYiX

feYdXY

02

Em que X e Y são as coordenadas antigas e X’ e Y’ as novas. Os coeficientes

a, b, c, d, e, f, i, e j são determinados a partir de um conjunto de pontos de controle

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35

que correspondem à congruência desejada entre as duas imagens ou entre a imagem

original e gabarito selecionado.

3.6 Metodologia de Trabalho

O trabalho foi conduzido no laboratório de Sensoriamento Remoto e

Geoinformação da UFMT, no período de fevereiro/2010 a junho/2011. Foram

utilizados os ‘softwares’ Windows

XP, Matlab® 2011b versão educacional, com

módulo para processamento de imagem digital ‘ImageProcessing Toolbox’.

3.6.1 Aquisição e Segmentação da Imagem

As aquisições das imagens foram feitas no formato RGB e sua posterior

transformação para níveis de cinza. Com a imagem em níveis de cinza, foi realizada

a binarização (Figura 3), para esta tarefa foi utilizado o método de Otsu. Neste

trabalho não foi utilizada a característica ‘cor’ devido ao aparato construído, em que

as lâmpadas posicionadas sob os grãos interferem na identificação correta das cores,

dando destaque à forma dos objetos, interesse maior da pesquisa. A imagem obtida

não possui clareza na definição de cores, outro fator de não utilizar cores foi o fato de

se estar usando câmera de vídeo do tipo webcam de baixa qualidade, o que interfere

na qualidade das imagens.

RGB

Cinza

Binário

FIGURA 3. Transformação de Imagens.

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36

3.6.2 Calibração da Câmera de Vídeo

Para a calibração da ‘webcam’ foi gerado um quadro xadrez com quadrados

internos de dimensões 28 x 28 mm (Figura 4), utilizando-se o comando

‘checkerboard’ do programa Matlab®. Este quadro foi impresso a laser em folha de

papel tamanho A4, gramatura 75g/m2e afixado em uma base plana, feita em material

acrílico rígido.

FIGURA 4. Quadro xadrez utilizado para calibração da câmera

de vídeo.

3.6.3 Imageamento e Ajustes

A partir do quadro xadrez impresso, foram obtidas 16 imagens (Figura 5),

para cada uma, utilizou-se um grau de inclinação diferente em relação à câmera de

vídeo. Essa inclinação com ângulos aleatórios do quadro xadrez serviu para estimar

os valores dos parâmetros externos, na calibração da câmera.

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37

FIGURA 5. Mosaico com as 16 imagens utilizadas na calibração da câmera.

3.6.4 Calibração da Câmara de Vídeo

Para a calibração da câmera de vídeo, foi utilizado o

‘software’‘CameraCalibration Toolbox for Matlab® ’. As 16 imagens captadas pela

câmera passaram por procedimentos de ajustes. Na calibração, foram indicados os

quatro cantos da figura xadrez que se pretendia utilizar, delimitando a área de

interesse (Figura 6). Esse procedimento iniciou com a indicação das coordenadas

(x,y) dos quatro pontos de referência. O ponto de partida foi na extremidade inferior

direita, do primeiro quadrado preto, do canto superior esquerdo do quadro xadrez. O

próximo ponto a ser assinalado foi o do canto superior direito sendo os demais

marcados em sentido horário. Assinalados os quatro cantos, o programa para

calibração apontou automaticamente todos os cruzamentos internos, permitindo um

novo ajuste, caso necessário (Figura 7). Com o ajuste sendo feito para cada uma das

16 imagens, os dados armazenados foram então processados pelo software de

calibração e feitas as alterações necessárias para a câmera de vídeo utilizada.

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38

FIGURA 6. Delimitação da área para ajuste dos parâmetros externos da câmera

(esquerda), e pontos ajustáveis (direita).

FIGURA 7. Tipo de distorção de lente (esquerda). Correção efetuada (direita).

3.7 Captura e Processamento das Imagens

Uma rotina computacional (Apêndice) foi desenvolvida no programa Matlab®

para capturar e processar as imagens e obter as medidas morfológicas de grãos. Os

pixels foram convertidos para o sistema métrico por um valor de conversão (em

milímetros). O algoritmo para classificação de espécies foi desenvolvido com a

seguinte ordem: identificação do equipamento de captura de imagem, processamento

das informações referentes à calibração da câmera de vídeo, captura de imagem no

formato RGB, registro da imagem com 19 pontos de controle para transformação

espacial, transformação das imagens para níveis de cinza e ajuste no contraste e após

para imagem binária, preenchimento com valor binário igual a zero do espaço

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ocupado pelos grãos, criação de rótulos para cada objeto binário, eliminação de

ruídos, medição das características físicas dos grãos, agrupamento do conjunto de

grãos que possuíam os mesmos valores para uma determinada característica.

FIGURA 8. Sistema de visão de máquina e principais etapas na elaboração do

programa de classificação.

3.8 Segmentação

A segmentação é uma etapa importante em praticamente todos os sistemas de

reconhecimento e processamento de imagem. Após a obtenção da imagem, foi

efetuado o recorte da região de interesse nas coordenadas espaciais (x, y) da imagem.

Com o uso da transformação do tipo ‘affine’ foi efetuada correção espacial da

imagem. Para transformar uma imagem de intensidade cinza para binária foi

utilizado o método de Otsu (Otsu, 1979), um método de limiarização global, para

escolher o melhor limiar. O método baseia-se no histograma normalizado da

imagem, como uma função de densidade de probabilidade discreta (Eq. 03). Para

retirar os ruídos da imagem (pequenos objetos de áreas inferiores a 20 pixels) foi

utilizada da função ‘bwareaopen’, que remove, a partir de uma imagem binária, todos

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os componentes conectados (objetos) que têm menos pixel que um valor escolhido

pelo usuário, produzindo outra imagem binária. A conectividade padrão é 8 para

duas dimensões e 26 para três dimensões.(Matlab toolboxes), e para preencher os

espaços ocupados pelos grãos foi utilizada a função ‘imfill’,esta função preenche

buracos na imagem binária de entrada. Um buraco é um conjunto de pixels de fundo

que não podem ser alcançados através do preenchimento do fundo a partir da borda

da imagem.

1,...,2,1,0,)( Lqn

nrp

q

qr

(3)

em que n é o número total de pixels na imagem, qn é o número de pixels com

intensidade qr e L é o número total de possíveis níveis de intensidade na imagem (0-

255). O valor do limiar é obtido, supondo-se que os pixels da imagem podem ser

classificado em duas classes ]1,...,1,[]1,...,1,0[ 1 LkkCekCo que

maximiza a variância inter classes2

B , que é definido como:

)²()²( 1100

2

TTB (4)

em que;

1

0

0 )(k

k

qq rp (5)

1

1 )(L

kq

qq rp (6)

1

0

00 /)(k

q

qq rqp (7)

1

11 /)(L

kq

qq rqp (8)

1

0

)(L

q

qqT rqp

(9)

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3.9 Operações Morfológicas

As operações morfológicas foram realizadas usando a segmentação de

imagem binária. Os pixels correspondentes ao espaço ocupado pelos grãos foram

detectados a partir de uma matriz segmentada e então rotulados utilizando a função

‘bwlabel’, ela basicamente encontra os componentes conectados de uma imagem

binária. Um componente é conexo se dois pixels p e q estão conectados e seus níveis

de cinza obedecem a algum critério de similaridade (GONZALEZ e WOODS,

2003). As duas formas de definir conectividade entre pixels são: vizinho de 4 e

vizinho de 8. Na conectividade de 4, considera-se os quatro vizinhos horizontais e

verticais do pixel. Na conectividade de 8, além dos quatro vizinhos horizontais e

verticais, também são considerados os quatro vizinhos diagonais do pixel. As

medidas de área, diâmetro maior e menor, perímetro e excentricidade foram

calculadas, Eq. 10, 11 e 12.

A = Diâmetro Maior escalar especificando o comprimento (em pixels), do

eixo maior da elipse que tem as mesmas normalizadas segundo momentos centrais

como a região.

B = Diâmetro menor o comprimento (em pixels) do eixo menor da elipse que

tem as mesmas normalizadas segundo momentos centrais como a região.

A

BA

*2

22

10

A= 4/** BA 11

P= 2

*22 BA

12

Em que:

e = excentricidade

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A = área

P = perímetro

3.10 Amostras de Grãos

Amostras com 50 grãos e oito repetições foram dispostas sobre a caixa

analítica, sem conectividade entre uma semente e outra, permitindo assim uma

identificação unitária. A adoção de iluminação na porção inferior da amostra

facilitou a captura da projeção da imagem dos grãos. Os grãos utilizados neste

experimento foram das espécies: milho (Zea mays L.), soja (Glycine Max L.), arroz

(Oryza sativa L.), algodão (Gossypium hirsutum L.), girassol (Helianthus annus),

feijão carioca (Phaseolus vulgaris L.).

3.11 Aferição do Sistema

Para verificar a precisão das medidas individuais de vinte grãos de cinco

espécies (soja, milho, feijão, algodão e girassol) (para este item não foram utilizados

grãos de arroz), por processamento de imagem digital, os resultados obtidos foram

comparados com os de um paquímetro digital na característica diâmetro maior.

3.12 Amostragem e Extração das Características Morfológicas para Calibração

do Programa.

Inicialmente, as amostras foram dispostas em camada simples, com vinte grãos

por espécie, separados manualmente para obtenção das características morfológicas

de interesse em cada espécie e estabelecer valores limites de máximos e mínimos

para cara característica. Posteriormente foi criado um algoritmo para fazer a

separação das espécies com base nos valores obtidos. O algoritmo agrupou os grãos

que apresentaram valores presentes dentro do intervalo estabelecido de máximos e

mínimos, para uma ou mais características morfológicas. Em um segundo momento,

foi feita a análise das seis espécies com grãos heterogêneas. Cinco grãos de cada

espécie foram dispostos aleatoriamente perfazendo um total de 30 unidades. Esse

procedimento serviu para verificar a operacionalidade do programa na separação

automática das cinco espécies.

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3.13 Estatística Descritiva

A estatística descritiva (média, desvio padrão, variância), referente aos dados

morfológicos das seis espécies foi utilizada para verificação da acurácia do programa

de classificação. Esses valores foram utilizados para a programação do classificador

de grãos.

A estatística Kappa foi utilizada para comparar o resultado apontado pelo

classificador digital de grãos e os observados por especialistas da área, na

identificação individual e em amostras heterogêneas das seis espécies, classificadas

pelo programa. Kappa é uma técnica de análise multivariada discreta usada para

avaliação de acurácia. A análise Kappa produz uma estatística K̂ , que é uma

estimativa de Kappa, isto é, a medida de concordância ou acurácia entre o

processamento de imagem digital e os dados observados por avaliadores.

Segundo Hudson e Ramm (1987), o coeficiente kappa pode ser estimado a

partir dos totais marginais da matriz de erros, pela equação 13.

O valor de K̂ é computado como:

Em que:

N = Total de observações

c = número total de classes

xii = valor na linha i e coluna i da matriz de erro

xi+ = total na linha i

x+i = total na coluna i

3.14 Validação

Para verificar a precisão do equipamento foram elaboradas matrizes de erros e

calculados os valores. Três pesquisadores da área agronômica do laboratório de

c

i

i

c

i

c

i

iii

xxN

xxxN

K

1

1

2

1 1

1

)(

)(

ˆ

13

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Sensoriamento Remoto e Geoinformação (SERGEO) fizeram identificação visual

dos grãos, e realizaram o teste do programa de classificação, analisando

aleatoriamente grãos individuais das espécies. Cada pesquisador obteve cem imagens

de grãos e a partir da análise visual, comparou-as ao resultado obtido por

processamento de imagem digital, assinalando as alternativas certas ou erradas.

3.15 Guia de Interface do Usuário (GUI)

Com o auxílio de ferramentas para elaboração de guias de interface do

usuário (Figura 9) foi criada uma interface gráfica, para auxiliar no uso do programa

de análise. O ambiente gráfico dispensa o uso de linhas de comando e passa a utilizar

o ‘mouse’ do computador para selecionar o item desejado.

FIGURA 9. Ferramenta utilizada para criação de Interface Gráfica.

3.16 Programa Executável

Um programa executável foi desenvolvido para o classificador de grãos,

utilizando o recurso ‘compiler’ do Matlab® com o objetivo de disponibilizar o

‘software’ de classificação para ser instalado em computadores com sistema

operacional DOS

ou Windows

(Apêndice).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Radiação

Uma das etapas mais exigiu esforços neste trabalho de classificação de grãos

foi contornar os efeitos indesejados provocados pela iluminação ambiente. A

radiação eletromagnética produzida pelas lâmpadas fluorescente, presentes no

ambiente de trabalho e que são detectadas pelo sensor fotográfico, sofre os efeitos

das interações com o alvo. Dependendo da característica deste, a energia recebida

poderá ser refletida em maior ou menor intensidade, dependendo da tonalidade de

cada grão. A diferença de tonalidade dificulta a elaboração do algoritmo, nas

transformações de imagens para o formato binário, preto e branco (Figura 10,

superior).

Para Araújo et al., (2011) que fizeram a classificação de feijões, preto,

mulato e carioca, utilizando a matriz de confusão, obtiveram um acerto de 92,5% no

geral do experimento. Considerando os valores falsos positivos a precisão diminuiu

para 76,8%. Para os autores, os falsos positivos são causados, na maioria dos casos,

pelas sombras dos grãos em decorrência da iluminação ambiente e pelas diferenças

de tonalidades nos grãos de feijão na subclasse carioca. Ainda segundo os mesmos

autores, a ocorrência de falsos negativos também está relacionada às condições da

iluminação do ambiente. A incidência de luz direta sobre as amostras no momento de

aquisição das imagens provoca diferenças de intensidades em um mesmo grão,

fazendo com que ele seja interpretado pelo algoritmo como um grão mais claro, ou

mesmo como dois ou mais grãos. Para os autores o desempenho do algoritmo pode

ser melhorado a partir de um maior controle das condições de iluminação do

ambiente. Para reduzir os efeitos provocados pela luz ambiente, Igathinathane et al.

(2008), Shahim et al. (2003), colocaram um fundo escuro sobre as amostras durante

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obtenção das imagens em escâner de mesa. Teixeira et al. (2006) optaram por deixar

o ambiente com a luz apagada. Esses procedimentos auxiliaram na obtenção de um

contraste melhor da imagem o que facilitou o processamento.

Neste experimento de classificação de grãos, o problema da interferência da

luz ambiente foi contornado, mudando-se a disposição dos equipamentos. O alvo

(grãos) ficou entre a fonte de radiação e o sensor. No sistema convencional é o

sensor quem fica entre a fonte de radiação e o alvo, recebendo a radiação direta. No

modelo criado, a radiação detectada pelo sensor foi a radiação indireta da área

ocupada pelos grãos. A imagem mostrou os alvos com os contornos bem definidos,

sem a presença de sombras e a diferença de tonalidades dos grãos não interferindo no

processamento, mesmo com a luz ambiente permanecendo ligada.

FIGURA 10. Efeitos da iluminação. À direita imagem binarizada; superior

com iluminação sobre e inferior iluminação sob os grãos.

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4.2 Algoritmo para Reconhecimento e Classificação

4.2.1 Reconhecimento

O resultado do reconhecimento das espécies feitas pelo programa de

classificação (TABELA 1), e por avaliadores agronômicos utilizando a matriz de

confusão apontaram um índice K̂ de 97,5%.

4.2.2 Classificação

O algoritmo desenvolvido para a classificação das espécies de culturas

agrícolas anuais, por processamento de imagem digital, utilizou os dados

apresentados nas Tabelas 06 a 11. Foram utilizados os valores máximos e mínimos,

estabelecendo um intervalo para todas as espécies. A partir desses valores o

programa formou conjuntos de objetos com valores semelhantes. Esses conjuntos

foram formados para as quatro características avaliadas individualmente (área,

excentricidade, diâmetro maior e menor) e as quatro características agrupadas. Os

dados obtidos possibilitaram identificar quais os melhores parâmetros poderiam ser

utilizados na diferenciação das espécies. Quando os valores das características

avaliadas nos grãos foram similares, foi necessário incluir mais características para a

classificação.

4.3 Calibração da Câmera

A Figura 11 mostra o impacto do modelo de distorção radial em cada pixel da

imagem. Cada seta apresenta o deslocamento eficaz de um pixel induzido pela

distorção da lente. O centro da imagem é indicado pela cruz e o ponto principal pelo

círculo. O centro da imagem apresentou deslocamento de 24,96 pixels no eixo X e

30,66 pixels no eixo Y (Tabela 2).

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FIGURA 11. Visualização do modelo de distorção apresentado pela

webcam. Imagem com resolução de 640 X 480 pixels

TABELA 1. Resultado da calibração da ‘webcam’ com as incertezas.

Parâmetros Valor Incertezas (+-) (pixel)

Distância focal na direção x 749,02026 2,399380

Distância focal na direção y 746,55464 2,576200

Ponto principal eixo x 344,96066 4,653680

Ponto principal eixo y 270,66296 5,039010

Coeficiente distorção radial -0,30329 0,020000

Coeficiente distorção radial 1,04018 0,150000

Coeficiente distorção tangencial 0,00044 0,001330

Coeficiente distorção tangencial 0 0

Erro de pixel 0,19188 0,222080

4.4 Validação dos Dados

A validação dos dados foi feita por meio da análise de correlação de Pearson(r),

entre os dados obtidos por um paquímetro digital e os por processamento de imagem

digital para o diâmetro maior (Tabela 2). Para os grãos de milho, girassol, feijão,

soja, e algodão foram obtidos um r = 0,98; 0,98; 0,99; 0,99; 0,97; respectivamente,

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indicando uma forte correlação entre as medidas efetuadas por imagem e paquímetro.

Não foram efetuadas medidas para os grãos de arroz. Analisando grãos de feijão,

Kiliç et al. (2007) obtiveram correlação de 0,984 para diâmetro maior, comparando

as medidas produzidas pelas imagens e por paquímetro digital. No experimento os

autores também fizeram uso de webcam e o software Matlab® para o processamento

das imagens.

TABELA 2. Medidas do diâmetro maior obtidos com paquímetro e imagem digital

para 20 grãos de milho, feijão, soja, algodão e girassol.

Espécie Média (mm) Mínimo (mm) Máximo (mm)

1 CV%1

P1

I1

P I P I P I P I

Milho 11,1 11,04 10,45 10,3 12,16 12,3 0,45 0,52 4,09 4,73

Feijão 11,6 11,83 9,49 9,7 13,5 13,2 0,91 0,81 7,83 6,86

Soja 6,74 6,78 6,15 6,2 7,31 7,4 0,36 0,37 5,38 5,50

Algodão 8,8 8,75 7,47 9,5 9,61 9,7 0,57 0,59 6,34 6,73

Girassol 12,82 12,75 10,11 9,9 13,98 14,0 0,93 0,97 7,22 7,64

1P - Paquímetro, I - Imagem Digital, CV - Coeficiente de Variação, - Desvio

padrão

Na identificação das espécies a partir de imagens de grãos unitariamente, e

comparando o resultado apresentado pelo programa e os observados por três pesquisadores

da área agronômica, a matriz de confusão apontou uma acurácia geral de 98,0%. O maior

erro de omissão (3,92%) foi para os grãos de feijão. Para erro de comissão as espécies de

feijão e milho apresentaram erro de 2,97%.

Tabela 03. Matriz de confusão utilizada para avaliar o índice de reconhecimento de

grãos, entre os observados por avaliadores e o verificado pelo programa

de classificação.

Milho Feijão Soja Algodão Girassol Total

Milho 98 2 0 1 0 101

Feijão 2 98 0 1 0 101

Soja 0 0 100 0 0 100

Algodão 0 2 0 96 2 100

Girassol 0 0 0 0 100 100

Total 100 102 100 98 102 502

Acurácia total: 492/502 = 98,0%

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50

Em que: N= 502

k

i

iix1

= (98+98+100+96+100) =492

k

i

i xx1

1)( = (101 x 100) +(101 x 102) + (100 x100) + (100 x 98) + (100 x 102) =

50.402

Portanto: K̂ = %5,97402.50502

402.50)492(5022

Tabela 04. Matriz de confusão e erro de omissão apresentados

pelo Programa de classificação de grãos.

Espécie Acurácia (%) Erro (%)

Milho 98 2,00

Feijão 96,08 3,92

Soja 100,00 0

Algodão 97,96 2,04

Girassol 98,04 1,96

Tabela 05. Matriz de confusão e erro de comissão apresentados

pelo Programa de classificação de grãos.

Espécie Acurácia (%) Erro (%)

Milho 97,03 2,97

Feijão 97,03 2,97

Soja 100,00 0

Algodão 96 4

Girassol 100 0

TABELA 06. Medidas de grãos de Soja.

Índices

Estatísticos

Excentricidade Área

mm²

Diâmetro

Maior (mm)

Diâmetro

Menor (mm)

Mínimo 0,09 13,73 4,81 4,46

Média 0,36 21,08 5,94 5,51

Máximo 0,59 29,24 7,19 6,39

Desvio padrão 0,08 2,58 0,37 0,36

CV% 24,20 12,24 6,26 6,54

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TABELA 07. Medidas de grãos de Milho.

Índices

Estatísticos

Excentricidade Área

mm²

Diâmetro

Maior (mm)

Diâmetro

Menor (mm)

Mínimo 0,39 45,01 8,92 7,17

Média 0,65 56,54 10,95 8,16

Máximo 0,78 66,92 12,53 9,21

Desvio padrão 0,07 4,60 0,71 0,36

CV% 11,32 8,14 6,55 4,47

TABELA 08. Medidas de grãos de Arroz.

Índices

Estatísticos

Excentricidade Área

mm²

Diâmetro

Maior (mm)

Diâmetro

Menor (mm)

Mínimo 0,94 7,06 6,6 1,48

Média 0,97 12,87 9,61 2,16

Máximo 0,98 21,45 11,71 3,07

Desvio padrão 0,007 2,27 0,9 0,25

CV% 0,74 17,64 9,42 11,93

TABELA 09. Medidas de grãos de Girassol.

Índices

Estatísticos

Excentricidade Área

mm²

Diâmetro

Maior (mm)

Diâmetro

Menor (mm)

Mínimo 0,86 14,75 8,50 2,78

Média 0,91 44,80 13,52 5,27

Máximo 0,97 60,65 15,91 9,04

Desvio padrão 0,01 7,82 0,94 0,68

CV% 1,93 17,45 6,95 13,04

TABELA 10. Medidas de grãos de Algodão.

Índices

Estatísticos

Excentricidade Área

mm²

Diâmetro

Maior (mm)

Diâmetro

Menor

(mm)

Mínimo 0,76 16,96 4,83 3,70

Média 0,85 25,33 8,72 4,56

Máximo 0,91 32,60 9,98 5,52

Desvio padrão 0,02 2,50 0,57 0,30

CV% 3,10 9,88 6,60 6,63

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TABELA 11. Medidas de grãos de Feijão.

Índices

Estatísticos

Excentricidade Área

mm²

Diâmetro

Maior (mm)

Diâmetro

Menor (mm)

Mínimo 0,60 33,73 8,92 5,49

Média 0,74 49,39 10,81 7,12

Máximo 0,82 68,38 13,61 8,69

Desvio padrão 0,03 6,74 0,81 0,54

CV% 5,14 13,65 7,49 7,60

Em uma amostra heterogênea, para diferenciar uma espécie da outra, no

processamento de imagem digital utilizando características morfológicas, uma ou

mais propriedades foram utilizadas. Pelos dados apresentados nas Tabelas 12 a 16,

para identificar grãos de soja, a melhor escolha foi utilizar a propriedade diâmetro

maior (Tabela 21), identificando corretamente 95,24% dos grãos. Para a identificação

de grãos de milho a opção diâmetro menor (Tabela 12), teve acerto de 69,69%. Em

grãos de arroz a características, excentricidade (Tabela 14) apresentou um maior

acerto, 99,01%. Para girassol, observou-se 75,47% de conformidade com o uso do

diâmetro maior. O feijão e algodão foram as espécies que tiveram os menores índices

de acerto com 51,55% e 61,35% utilizando apenas uma característica, diâmetro

menor e diâmetro maior, respectivamente. Para melhorar a porcentagem de acerto do

programa de classificação, foram estabelecidas condições na elaboração do

algoritmo: a condição de que fosse cumprido o somatório de duas ou mais

características morfológicas, por exemplo, para os grãos de algodão, o maior erro

ocorreu quando comparado aos grãos de arroz para a característica ‘área’, onde a

identificação correta foi de apenas 4%, mas aumentou para 100% de acerto quando

se utilizou ‘excentricidade’. No caso do algodão não foi possível usar somente a

característica excentricidade, pois ao utilizá-la tivemos um acerto de apenas 39,5%

na separação dos grãos de girassol e 44% dos grãos de feijão (Tabela 18). Desta

maneira, combinando duas ou mais características, as de excentricidade, diâmetro

menor e área a identificação correta foi de 92,59% (Tabela 23). Para o feijão, o uso

de três características morfológicas, propiciou um acerto de 70,67% (Tabela 24).

A classificação das seis espécies de grãos em uma imagem com amostra

heterogênea, utilizando processamento de imagem digital dos dados morfológicos

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apresentou precisão geral de 86% (Tabela 23). O erro de omissão e comissão para

milho e feijão, influenciou na acurácia do programa. Ao retirarmos da análise a

espécie de feijão o índice K̂ passa a ser de 96,5%. Isso se deve às dimensões dos

grãos de feijão serem semelhantes aos grãos de milho propiciando um erro de

comissão em 42% das leituras realizadas para diâmetro menor, que foi a

característica que melhor distinguiu as duas espécies. Resultado semelhante (97,3%)

foi observado por Granitto et al. (2002), utilizando características morfológicas e o

classificador NaïveBayes para identificação de grãos de 57 espécies. Para Paliwal et

al. (2003) as características de forma, cor e textura devem ser avaliadas

conjuntamente para obter um melhor acerto na classificação dos produtos, embora

características morfológicas possam identificar, corretamente, quase 100% das

sementes de canola e grãos de trigo quebrados e trigo mourisco. Para classificação de

cinco variedades de sementes de lentilha, Shahin e Symons (2003) utilizaram cor e

forma, e os recursos de dilatação e erosão dos pixels da borda dos objetos presentes

na cena. Com isso conseguiram identificar corretamente mais de 98% das cinco

variedades de sementes. Liu et al. (2005) classificaram cinco variedades de arroz,

utilizando quatorze características morfológicas e sete características de cores. Os

pesquisadores utilizaram 2040 imagens para treinamento da rede neural, para

classificação.

Utilizando apenas uma característica morfológica, observou-se que a

excentricidade do grão foi a que melhor diferenciou as espécies, com uma acurácia

total de 60%. Individualmente a espécie de arroz foi a que melhor resultado

apresentou com uma diferenciação de 99,1% com o uso do diâmetro menor e

excentricidade 92,17%, em relação às demais espécies. A espécie soja foi melhor

identificada utilizando-se o diâmetro maior, com acerto de 95,24% dos grãos.

Para diâmetro maior, o melhor índice de acerto foi para a espécie de arroz,

com uma acurácia de 99,01%. O pior resultado foi para a espécie de soja com erro de

comissão de 61,39%.

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TABELA 12. Matriz de confusão, empregada para verificar a acurácia do programa

de classificação de grãos utilizando diâmetro menor.

Espécies Soja Milho Arroz Feijão Girassol Algodão Total

Soja 200 0 0 28 154 136 518

Milho 0 200 0 84 4 0 288

Arroz 0 0 200 0 2 0 202

Feijão 23 84 0 200 76 0 383

Girassol 145 3 2 76 200 130 556

Algodão 139 0 0 0 143 200 482

Total 507 287 202 388 579 466 2429

Acurácia total = 1200/2.429 = 49,4%

TABELA 13. Erro de omissão a partir de dados da

Tabela 12 para diâmetro maior.

Espécie Acurácia (%) Erro (%)

TABELA 14. Erro de comissão a partir de dados da

Tabela 12 para diâmetro menor.

Soja 39,45 60,55

Milho 69,69 30,31

Arroz 99,01 0,99

Feijão 51,55 48,45

Girassol 34,54 65,46

Algodão 42,92 57,08

Espécie Acurácia (%) Erro (%)

Soja 38,61 61,39

Milho 69,44 30,56

Arroz 99,01 0,99

Feijão 52,22 47,78

Girassol 35,97 64,03

Algodão 41,49 58,51

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55

Para área (Tabela 15), a melhor e a pior acurácia foram para as espécies de

arroz e feijão respectivamente.

TABELA 15. Matriz de confusão, empregada para verificar a acurácia do programa

de classificação de grãos utilizando área.

Espécies Soja Milho Arroz Feijão Girassol Algodão Total

Soja 200 0 74 0 0 179 453

Milho 0 200 0 150 63 1 414

Arroz 74 0 200 0 0 8 282

Feijão 0 150 0 200 192 0 542

Girassol 0 63 0 186 200 16 465

Algodão 171 3 8 0 13 200 395

Total 445 416 282 536 468 404 2551

Acurácia total: 1200/2551 =45%

TABELA 16. Erro de omissão a partir de dados da

Tabela 15 para área.

TABELA 17. Erro de comissão a partir de dados da

Tabela 15 para área.

Espécie Acurácia (%) Erro (%)

Soja 44,15 55,85

Milho 48,31 51,69

Arroz 70,92 29,08

Feijão 36,90 63,10

Girassol 43,01 56,99

Algodão 50,63 49,37

Espécie Acurácia (%) Erro (%)

Soja 44,94 55,06

Milho 48,08 51,92

Arroz 70,92 29,08

Feijão 37,31 62,69

Girassol 42,74 57,26

Algodão 49,50 50,50

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56

Excentricidade foi a característica que teve um melhor desempenho entre as

quatro características avaliadas, com uma acurácia total de 60% (Tabela 18).

TABELA 18. Matriz de confusão, empregada para verificar a acurácia do programa

de classificação de grãos utilizando excentricidade.

Espécies Soja Milho Arroz Feijão Girassol Algodão Geral

Soja 200 38 0 0 0 0 238

Milho 29 200 0 160 0 10 399

Arroz 0 0 200 0 16 0 216

Feijão 0 165 0 200 0 82 447

Girassol 0 0 17 0 200 84 301

Algodão 0 10 0 88 79 200 377

Total 229 413 217 448 295 376 1978

Acurácia total: 1200/1978 = 60%

TABELA 19. Erro de omissão a partir de dados da

Tabela 18 para excentricidade.

Espécie Acurácia (%) Erro (%)

Soja 87,34 12,66

Milho 48,43 51,57

Arroz 92,17 7,83

Feijão 44,64 55,36

Girassol 67,80 32,20

Algodão 53,19 46,81

TABELA 20. Erro de comissão a partir de dados da

Tabela 18 para excentricidade.

Espécie Acurácia (%) Erro (%)

Soja 84,03 15,97

Milho 50,13 49,87

Arroz 92,59 7,41

Feijão 44,74 55,26

Girassol 66,45 33,55

Algodão 53,05 46,95

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57

Para diâmetro maior, a espécie de soja apresentou a maior acurácia, com

acerto de 95,24%. Porém, a acurácia total foi baixa 46,5% (Tabela 21).

TABELA 21. Matriz de confusão, empregada para verificar a acurácia do programa

de classificação de grãos utilizando diâmetro maior.

Espécies Soja Milho Arroz Feijão Girassol Algodão Geral

Soja 200 0 0 0 0 10 210

Milho 0 200 60 185 18 10 473

Arroz 0 60 200 184 22 27 493

Feijão 0 196 184 200 15 69 664

Girassol 0 20 20 20 200 10 270

Algodão 10 10 140 76 10 200 446

TOTAL 210 486 604 665 265 326 2556

Acurácia Total: 1200/2556 = 46,5%

TABELA 22. Erro de omissão a partir de dados da

Tabela 21 para diâmetro maior.

Espécie Acurácia (%) Erro (%)

Soja 95,24 4,76

Milho 41,15 58,85

Arroz 33,11 66,89

Feijão 30,08 69,92

Girassol 75,47 24,53

Algodão 61,35 38,65

TABELA 23. Erro de comissão a partir de dados da

Tabela 21 para diâmetro maior.

.

Espécie Acurácia (%) Erro (%)

Soja 95,24 4,76

Milho 42,28 57,72

Arroz 40,57 59,43

Feijão 30,12 69,88

Girassol 74,07 25,93

Algodão 44,84 55,16

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58

Ao fazermos uso de duas ou mais características, a acurácia total do programa

de classificação foi de 86% (Tabela 24). Influenciaram negativamente nos resultados

os erros de omissão e comissão das espécies de milho e feijão (Tabelas 25 e 26).

TABELA 24. Matriz de confusão, empregada para verificar a acurácia do programa

de classificação de grãos, utilizando diversas características.

Espécies Soja Milho Arroz Feijão Girassol Algodão Geral

Soja 200ab

0a 0

b 0

b 0

b 0

b 200

Milho 0a

200abc

0b

83c

0b

16b

299

Arroz 0b

0b

200bd

0b

0d

0b

200

Feijão 0b

79c

0c

200bcd

0b

0d

279

Girassol 0b

0b

0b

0b

200ab

0a

200

Algodão 0b

12b

0b

0d

0a

200abd

212

Total 200 291 200 283 200 216 1390

a diâmetro maior,

b excentricidade,

c diâmetro menor,

d área

Acurácia total: 1200/1390 = 86%

Em que: N= 1200

k

i

iix1

= (200+200+200+200+200+200) =1200

k

i

i xx1

1)( = (200 x 200) + (299 x 299) + (200 x200) + (283 x 279) + (200 x 200) +

(212x216) = 331758

Portanto: K̂ = %4,833317581390

331758)1200(13902

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59

TABELA 25. Erro de omissão a partir dos dados da Tabela

24 avaliando diversas características.

Espécie Acurácia (%) Erro (%)

Soja 100 0

Milho 68,73 31,27

Arroz 100,00 0

Feijão 70,67 29,33

Girassol 100,00 0

Algodão 92,59 7,41

TABELA 26. Erro de omissão a partir dos dados da Tabela

24 avaliando diversas características.

Espécie Acurácia (%) Erro (%)

Soja 100,00 0,00

Milho 66,89 33,11

Arroz 100,00 0,00

Feijão 71,68 28,32

Girassol 100,00 0,00

Algodão 94,34 5,66

4.5 Guia de Interface do Usuário (GUI)

Para evitar o uso de linhas de comando ao utilizar o programa classificador de

espécies, foi criada uma interface gráfica ‘tela’ com ícones que permitiram ao

usuário ter um ambiente amigável a sua disposição. A interface aceitou a interação

do usuário com dispositivos digitais por meio de elementos gráficos. A interface

apresentou ícones que podem ser utilizados em ambiente Windows facilitando a

operacionalidade do programa.

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60

A seguir, a interface gráfica criada e com alguns exemplos de leituras

possíveis do programa. Uma ‘tela’ com sete botões do tipo ‘pushbutton’(Figura 12)

nos deram a opção de identificar diretamente a espécie desejada (Figura 13) e a

opção de apresentar todas as espécies em uma ‘tela’, (Figura 14), com suas medidas

de área, diâmetro maior e perímetro (Figura 15).

Para auxiliar o usuário, foi criado um tópico de ajuda que possibilita obter

informações mais detalhadas da operacionalidade de programa.

4.6 Fluxograma

4.6.1 Fluxograma do Programa para Realizar Medições.

No fluxograma a seguir, observa-se a sequência dos comados para obter as

medidas morfológicas dos grãos. O processo é automático desde a obtenção das

imagens, até fornecimento dos resultados (Figura 13).

FIGURA 12. Tela da interface gráfica do classificador

Abrir o Programa

Selecionar o botão da Espécie desejada

Obter as Medidas

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61

FIGURA 13. Interface gráfica com grão de milho e os valores calculados.

4.6.2 Fluxograma para Classificar as Espécies.

Para a classificação das espécies, procede-se tal como no fluxograma a seguir.

O programa de classificação obterá as imagens e processará os resultados,

fornecendo a classificação dos grãos de cada espécie (Figura 14).

Abrir o Programa

Acionar o botão 'classificação'

Visualizar o resultado

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FIGURA 14. Interface gráfica com janelas identificando seis espécies.

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63

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso de técnica de imagens digitais, obtidas por meio de câmera de vídeo,

mostrou-se bastante útil para a quantificação e avaliação dos diferentes grãos de

culturas anuais.

Desde o registro das imagens até o processamento e classificação, todas as

etapas foram executadas com considerável facilidade. Em relação ao Matlab®, o

programa foi útil nos procedimentos adotados e possibilita que sejam criados

programas executáveis reproduzíveis em qualquer computador com sistema

operacional DOS, Windows ou Linux.

A estatística Kappa possibilitou verificar a precisão do programa,

comparando o resultado do programa com a avaliação feita por classificadores.

Além de área, diâmetro e excentricidade, outras características morfológicas

podem ser acrescentadas, como o índice de circularidade e concavidade.

A utilização de câmera de vídeo do tipo ‘webcam’ permitiu algumas

conclusões: Seu uso foi possível enfatizando a correta calibração do sensor, pois cada

câmera apresenta algum tipo de distorção e a distância até a amostra deve ser

avaliada para cada equipamento, devido à qualidade do produto.

O sistema desenvolvido pode ser uma alternativa ao uso do paquímetro como

equipamento de medição. O cálculo de área é uma tarefa trabalhosa quando feita

manualmente e pode ser feita de forma automática por processamento de imagem

digital.

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64

A utilização de valores máximos e mínimos para características morfológicas

foi eficiente na identificação de espécies. O conhecimento desses valores limites foi

fundamental para o ajuste do programa.

O ‘software’ de classificação pode ser operado em qualquer computador que

disponham de ambiente Windows ou DOS.

Neste trabalho, o objetivo foi verificar a possibilidade de automação do

processo de classificação utilizando somente grãos íntegros, portanto em uma rotina

laboratorial, as amostras não possuem apenas grãos inteiros, também grãos

danificados e até mesmo parte de grãos, além de matérias estranhas como partes

vegetativas da planta, insetos e grânulos de terra. Esses componentes apresentam

características próprias, detalhes que precisam ser mensurados e quantificados. Outra

dificuldade apresentada foi quanto à necessidade de dispor manualmente os grãos

sobre a plataforma de análise.

5.1 Sugestões Para Trabalhos Futuros

Desenvolver um equipamento para a separação mecânica, em substituição ao

trabalho manual de colocação dos grãos sobre a plataforma de análise, talvez um

gabarito ou matriz em acrílico transparente ou linhas de ‘nylon’.

Desenvolver um algoritmo que utilize um banco de dados, com características

morfológicas de cada espécie e que, a cada leitura, busque automaticamente

informações para poder classificar o produto.

Associar à classificação morfológica, dados de umidade da amostra, usando

sensores elétricos de leitura.

Verificar o uso de câmeras com melhor qualidade de imagem e utilizar cor e

textura para classificação.

Avaliar o uso de redes neurais ou outras técnicas de inteligência artificial

como método de classificação morfológica de grãos semelhantes.

As empresas produtoras de sementes poderiam utilizar o equipamento para

obter as medias de diâmetro maior e menor. Essas medidas podem melhor identificar

o produto disponível ao comprador.

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65

6 CONCLUSÃO

Foi possível identificar grãos de espécies de culturas agrícolas anuais por

meio do processamento de imagem digital de características morfológicas dos grãos.

As características morfológicas de diâmetro maior e menor, excentricidade e

área derivadas de processamento de imagem digital podem ser utilizadas como

alternativa ao paquímetro digital para medição de grãos.

Imagem com resolução de 640 x 480 pixels, obtidas com ‘webcam’, foram

satisfatórias para obter medidas de precisão de área, perímetro, excentricidade e

diâmetro maior e menor.

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8 APÊNDICE

Algoritmo do programa de classificação de grãos

function varargout = SERGEOUFMT(varargin)

gui_Singleton = 1;

gui_State = struct('gui_Name', mfilename, ...

'gui_Singleton', gui_Singleton, ...

'gui_OpeningFcn', @RAGANALYSISGUI_OpeningFcn, ...

'gui_OutputFcn', @RAGANALYSISGUI_OutputFcn, ...

'gui_LayoutFcn', [], ...

'gui_Callback', []);

ifnargin&&ischar(varargin{1})

gui_State.gui_Callback = str2func(varargin{1});

end

ifnargout

[varargout{1:nargout}] = gui_mainfcn(gui_State, varargin{:});

else

gui_mainfcn(gui_State, varargin{:});

end

functionRAGANALYSISGUI_OpeningFcn(hObject, eventdata, handles, varargin)

handles.output = hObject;

guidata(hObject, handles);

functionvarargout = RAGANALYSISGUI_OutputFcn(hObject, eventdata, handles)

varargout{1} = handles.output;

function pushbutton2_Callback(hObject, eventdata, handles)

load('C:\Documents and Settings\SERGEO 3\Meusdocumentos\MATLAB®

\TOOLBOX_calib\Calib_Results.mat')

vid=videoinput('winvideo',1,'YUY2_640x480','ReturnedColorSpace','rgb');

start(vid);

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72

Y = getsnapshot(vid);

rgb = imcrop(Y,[113,31,480,454]);

base_points =

[62.0000000000001,541;120.000000000000,480;181.000000000000,420;237.00000000000

0,361;300.000000000000,302;360.000000000000,240;

420.000000000000,181;481.000000000000,122;541.000000000000,61;31.0000000000001,5

9;91.0000000000001,121;151.000000000000,181.000000000000;

212.000000000000,242;270.000000000000,299;

332.000000000000,360;389.000000000000,420;450.000000000000,480;510.000000000000,

540];

input_points =

[514.075615474795,30.0427901524033;465.306565064478,79.5621336459554;

416.537514654162,129.081477139508;367.018171160610,178.600820633060;316.7485345

83822,228.870457209848;266.478898007034,279.140093786635;

216.209261430246,329.409730363423;166.689917936694,378.178780773740;117.9208675

26378,427.698124267292;543.337045720985,429.949003516999;

493.067409144197,380.429660023447;441.297186400938,329.409730363423;392.5281359

90621,279.140093786635;341.508206330598,228.870457209848;

291.238569753810,178.600820633060;241.719226260258,130.582063305979;193.7004689

33177,81.8130128956624;144.931418522861,33.7942555685815];

tform = cp2tform(input_points,base_points,'affine');

udata = [0 1]; vdata = [0 1];

gp = imtransform(rgb,tform,'udata', udata,'vdata', vdata,'size', size(rgb),'fill',200);

delete(vid);

I = rgb2gray(gp);

subplot(3, 3, 1); imagesc(I); colormap(gray(256));

background = imclose(I,strel('disk',30I2 = imsubtract(background,I);

BW = im2bw(I2,graythresh(I2));

BW = bwareaopen(BW, 20);

fill = imfill(BW,'holes');

caption = sprintf('foto de grãos de diversas espécies.');

title(caption);

axissquare;

labeledImage = BWLABEL(fill, 8);

coloredLabels = label2rgb (labeledImage, 'hsv', 'k', 'shuffle');´

blobMeasurements = regionprops(labeledImage, I, 'all');

numberOfBlobs = size(blobMeasurements, 1);

fprintf(1,'Blob # Eccen Area Per Diâm>Diam< ED\n');

for k = 1 : numberOfBlobs

thisBlobsPixels = blobMeasurements(k).PixelIdxList;

blobArea = blobMeasurements(k).Area*0.066;.

blobPerimeter = blobMeasurements(k).Perimeter*0.284.

blobMajorAxisLength = blobMeasurements(k).MajorAxisLength*0.284

blobEccentricity = blobMeasurements(k).Eccentricity;

blobMinorAxisLength = blobMeasurements(k).MinorAxisLength*0.284;

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73

blobEquivDiameter = blobMeasurements(k).EquivDiameter*0.284;

fprintf(1,'#%d %18.3f %11.2f %8.2f %8.2f %5.2f % 3.2f \n', k, blobEccentricity , blobArea,

blobPerimeter, blobMajorAxisLength, blobMinorAxisLength,blobEquivDiameter*0.284);

end

L = bwlabel(fill);

s = regionprops(L, 'EquivDiameter', 'BoundingBox');

s(1)

EquivDiameter_values = [s.EquivDiameter]*0.284;

L = bwlabel(fill);

s = regionprops(L, 'Area', 'BoundingBox');

s(1)

area_values = [s.Area]*0.066;

L = bwlabel(fill);

s = regionprops(L, 'Perimeter', 'BoundingBox');

s(1)

perimeter_values = [s.Perimeter]*0.284;

L = bwlabel(fill);

s = regionprops(L, 'MajorAxisLength', 'BoundingBox');

s(1)

Diamaior_values = [s.MajorAxisLength]*0.284;

L = bwlabel(fill);

s = regionprops(L, 'Eccentricity', 'BoundingBox');

s(1)

Eccentricity_values = [s.Eccentricity];

L = bwlabel(fill);

s = regionprops(L, 'MinorAxisLength', 'BoundingBox');

s(1)

Diamenor_values = [s.MinorAxisLength]*0.284;

idx = find((9<= area_values) & (area_values<= 18)&(8<=

Diamaior_values)&(Diamaior_values<=12)&(16<= perimeter_values) &

(perimeter_values<= 25));

bw2 = ismember(L, idx);

subplot(4, 3, [1 4]);colormap (summer); imagesc(bw2); title('ARROZ'); axis off;

idx = find((15<= area_values) & (area_values<= 25)&(4<=

Diamaior_values)&(Diamaior_values<=7)&(.10 <= Eccentricity_values) &

(Eccentricity_values<= .6)...

&(15<= perimeter_values) & (perimeter_values<= 20) );

bw2 = ismember(L, idx);

subplot(4, 3, [2 5]);colormap (summer);imagesc(bw2); title('SOJA'); axis off;

idx = find((.80<= Eccentricity_values) & (Eccentricity_values<= .93)&(35<= area_values)

& (area_values<= 65)&(10.3<= Diamaior_values)&(Diamaior_values<=15)...

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74

&(3.5<= Diamenor_values)&(Diamenor_values<=7) &(28<= perimeter_values) &

(perimeter_values<= 36) &(EquivDiameter_values>= 1.6));

bw2 = ismember(L, idx);

subplot(4, 3, [3 6]); colormap (summer);imagesc(bw2); title('GIRASSOL'); axis off;

idx = find((30<= area_values) & (area_values<= 42)&((8<=

Diamaior_values)&(Diamaior_values<=10)&(.68<= Eccentricity_values) &

(Eccentricity_values<= .80)...

& (5.5<= Diamenor_values)&(Diamenor_values<=11)&(22<= perimeter_values) &

(perimeter_values<= 28)));

bw2 = ismember(L, idx);

subplot(4, 3, [7 10]); colormap (summer);imagesc(bw2); title('FEIJAO'); axis off;

idx = find((50<= area_values) & (area_values<= 80)& ((10<=

Diamaior_values)&(Diamaior_values<=15)&(.2<= Eccentricity_values) &

(Eccentricity_values<= .7)...

&(6<= Diamenor_values)&(Diamenor_values<=11.5)&(30<= perimeter_values) &

(perimeter_values<= 40)));

bw2 = ismember(L, idx);

subplot(4, 3, [8 11]); colormap (summer);imagesc(bw2); title('MILHO'); axis off;

idx = find((18<= area_values) & (area_values<= 30)& ((7.5<=

Diamaior_values)&(Diamaior_values<=11)&(.84<= Eccentricity_values) &

(Eccentricity_values<= .89)...

&(18<= perimeter_values) & (perimeter_values<= 27)& (3.5<=

Diamenor_values)&(Diamenor_values<=5.0)));

bw2 = ismember(L, idx);

subplot(4,3,[9 12]); colormap (summer);imagesc(bw2); title('ALGODÃO'); axis off ;

function pushbutton6_Callback(hObject, eventdata, handles)

function pushbutton7_Callback(hObject, eventdata, handles)

function pushbutton8_Callback(hObject, eventdata, handles)

function pushbutton9_Callback(hObject, eventdata, handles)

function pushbutton10_Callback(hObject, eventdata, handles)

function pushbutton13_Callback(hObject, eventdata, handles)

function pushbutton12_Callback(hObject, eventdata, handles)

function pushbutton14_Callback(hObject, eventdata, handles)

function pushbutton15_Callback(hObject, eventdata, handles)

function pushbutton16_Callback(hObject, eventdata, handles)

function pushbutton17_Callback(hObject, eventdata, handles)

function pushbutton18_Callback(hObject, eventdata, handles)