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Desenvolvimento
X
Crescimento
Econômico:
Uma análise histórica
das teorias
2
Sumário
3___ Introdução
4___ Desenvolvimento x Crescimento , a polêmica
5___ Pré Clássico
5___ David Hume
8___ Clássicos
8___ Adam Smith
11 ___ Malthus
13 ___ Ricardo
16___ Stuart Mill
19 ___ Alfred Marshall
22___ Uma visão alternativa
22 ___ Karl Marx
25___ Pós clássicos
25 ___ Schumpeter
27 ___ Harrod
29___ Domar
32___ Nurkse
33 ___ Arthur Lewis
___ Relações entre os conceitos de desenvolvimento e crescimento dos
clássicos e pós clássicos
___ Evolução das teorias de desenvolvimento dos clássicos para os pós
clássicos
___ A polêmica existiu?
___ Conclusões
___ Referências Bibliográficas
3
Introdução A pesquisa desenvolvida objetiva buscar a evolução dos conceitos de
desenvolvimento e crescimento econômico ao longo do tempo, tentando
estabelecer a relação existente entre os conceitos propostos e seus autores.
Autores de correntes diferentes, como Marx e Mill, tem uma contribuição em
comum, analisando-se o aspecto social ao qual cada um deu enfoque dentro de
sua teoria. Mill adota uma postura de apoio ao “laissez fairre”, a liberdade
individual, mas ao mesmo tempo critica a omissão dos governos em tentar
democratizar o acesso a educação. Marx critica a “selvageria” do sistema
capitalista, que retira a sua taxa de lucro em cima da exploração do trabalhador,
ao trabalhador resta apenas a quantia necessária a sua manutenção, como
Ricardo havia anteriormente abordado.
O problema surge na medida em que ao lermos determinados autores,
autores de manuais de macroeconomia e de desenvolvimento econômico, não
conseguimos estabelecer relações evidentes com as teorias e os autores que as
formularam, ou seja, falta que seja explicitado, uma ligação historicamente
estabelecida entre conceitos e os seus autores. Como por exemplo a questão da
produtividade, que Adam Smith aborda em seu livro “A Riqueza das Nações”
como sendo peça fundamental para que ocorra um aumento da produção, volta a
ser abordada por Marshall, que apesar de suas aspirações sociais, rejeita a
abordagem dos socialistas, por estes proporem na maior parte das vezes, a
retirada da liberdade individual, o que, segundo Marshall, afetaria na produtividade
do trabalhador, e não resolveria o problema da distribuição, por um lado, e por
outro lado impediria o aumento da riqueza.
Portanto, envolveremos aspectos teóricos, abordados de maneira que
possamos identificar essas diferenças e reuni-las em grupos, clássicos e pós
clássicos, para que possam ser estudadas de maneira agregada, o que simplifica
a análise dos resultados e suas conclusões sobre estes.
4
Desenvolvimento x Crescimento, a
polêmica
A análise da relação entre os conceitos e a evolução destes torna evidente
que uma polêmica sobre os conceitos, desenvolvimento e crescimento, não
existia. Uma das primeiras evidências é a não abordagem por parte dos autores
desses conceitos de uma maneira direta. Os autores tem obviamente uma noção
do que seria considerado o “melhor” para uma sociedade. Eles desenvolvem as
teorias a partir dessa idéia.
Os autores clássicos, principalmente, baseados no método idealista-
racionalista, acreditam que essa mudança é individual, ou seja, somos guiados por
nosso egoísmo, a soma do bem estar dos indivíduos é igual ao bem estar social
total. É claro que eles tem consciência das diferenças sociais, mas esse estado
não é permanente, segundo eles, pois há uma tendência de equilíbrio.
Os pós clássicos mudam ligeiramente a concepção sobre o “como” alcançar
esse bem estar social. Não há uma confrontação de idéias entre os clássicos e
pós clássicos de uma maneira direta. Eles utilizam-se das idéias dos clássicos
para fundamentar suas teorias, e buscam o desenvolvimento através de medidas
macroeconômicas.
A polêmica cria-se posteriormente, com Lewis e Nurkse principalmente, que
enfatizam as variáveis não econômicas para que haja crescimento e
desenvolvimento econômico, sem no entanto, fazer distinção entre ambos.
5
Pré-clássico :
David Hume
Foi um filósofo e historiador escocês que viveu entre
1711 a 1776. Seu pensamento foi influenciado pelas obras
de Jonh Locke e de George Berkeley e teve influencia no
desenvolvimento do cetismo e do empirismo. Estabeleceu
uma teoria ética baseada não na razão, mas na
benevolência, que é um interesse generoso pelo bem-estar geral da sociedade.
Entre suas obras, destacam-se: Ensaios morais e políticos (1741-1742), História
da Grã-Bretanha (1754), História da Inglaterra (1754-1762) e Diálogos sobre a
religião natural (1779).
A idéia de desenvolvimento não é clara nos clássicos, pelo menos não da
maneira como passamos a entender o desenvolvimento após a Segunda Guerra
Mundial.
Os clássicos nessa primeira fase tinham como principal objetivo combater
os mercantilistas, portanto suas idéias tem um viés de oposição as idéias de
intervenção estatal e protecionismo. Hume pode ser considerado como um dos
predecessores das idéias de crescimento e desenvolvimento.
Um dos obstáculos para Hume a ser ultrapassado na formulação de suas
teorias sobre crescimento era a de que o fluxo de metais para um determinado
país asseguraria vantagens comerciais aos países ricos. O raciocínio de Hume era
o de que se houvesse um fluxo muito grande de metais para estes países, o preço
dos produtos nacionais iria aumentar, tornando a balança comercial desfavorável,
haja visto que os produtos importados tornar-se-iam por sua vez mais baratos.
Outra concepção mercantilista era de que as nações pobres cresceriam
somente com as nações ricas. Hume rechaça essa idéia tentando mostrar que os
países pobres tem como vantagem os salários baixos e reservas de tecnologia
não aplicadas, isso significa que várias tecnologias desenvolvidas não foram ainda
6
aplicadas nesses países, ou seja, as indústrias podem crescer através de
incorporação de novas tecnologias, coisa que já fora realizada em outros países.
Uma terceira idéia combatida por Hume era a de que a austeridade (senão
a pobreza) deveria ser uma virtude nas sociedades, e que que o luxo e o bem
estar estavam associados a corrupção e ao decaimento. Ele responde a isso
dizendo que “O bem estar é amigo da virtude”. Para ele o desenvolvimento de
luxos dentro da sociedade tornavam necessárias a exploração das vantagens
comparativas, fundamentais , segundo este, ao crescimento. A idéia das
vantagens comparativas é abordada por Smith depois de uma maneira mais
completa, entretanto, David Hume já fazia alusões ao que seria posteriormente a
idéia da Vantagens Comparativas Absolutas.
Pode-se entender que sua noção de desenvolvimento estava ligada
a segurança do estado, uma vida social civilizada, liberdade política e sobretudo o
desenvolvimento pleno dos talentos humanos e outros meios legítimos para
alcançar a satisfação humana. Para que esses objetivos fossem alcançados, a
prosperidade e o crescimento econômico eram fundamentais.
Hume acreditava ser o crescimento econômico como um poderoso agente
nas mudanças políticas, econômicas e sociais, entretanto essas mudanças
econômicas dependiam muito de mudanças não econômicas.
Os países deviam buscar o crescimento através do desenvolvimento do
comércio, da indústria e do refinamento das artes mecânicas.
Há uma clara divisão feita por Hume do papel dos países pobres e o dos
países ricos, não por opção dos países, mas por escolha dos industriais. Os
industriais buscam países pobres para produzirem produtos que necessitam de
grande mão de obra, países onde os insumos e o trabalho são baratos. Os países
ricos dedicar-se-ão a produção de capital e produtos que exijam um alto grau de
tecnologia.
Clássicos
Adam Smith
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Nasceu em 1723 em Kirkcaldy e freqüentou as
universidades de Glasgow e de Oxford, na Inglaterra.
Publica em 1759, a Teoria dos Sentimentos Morais, um
tratado sobre a moral. Após a volta de uma viagem à
França publica sua obra mais conhecida, Investigação
sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações,
nela torna-se o responsável pela a Teoria do Liberalismo Econômico. Morre em
1790 em Edimburgo.
A divisão feita por Smith, entre países ricos e pobres, revela a consciência de
que os países não eram iguais: “Os países ricos tem vantagens inerentes sobre os
pobres, pois os pobres falham na aplicação das políticas corretas”. Smith poderia
estar pensando na falta de organização existente nos países mais pobre, e
também na corrupção que dificulta a tomada de decisões políticas e econômicas.
Os países ricos também levam vantagens com baixos salários por unidade de
trabalho, que são possíveis devido a abundância de capital barato e transportes
eficientes que reduzem o preço de produtos essenciais.
Pode-se dizer que os países, em Smith, estão em patamares diferentes,
não necessariamente em estágios de desenvolvimento diferentes, pois as
“vantagens inerentes” pressupõe vantagens previamente estabelecidas, ou seja,
não há mudanças que alterem esse estágio no curto prazo, pois “inerente” é algo
naturalmente estabelecido.
O crescimento tem também uma ordem natural em Smith (que só é alterada
quando o governo passa a interrompê-la) para a organização das manufaturas, do
comércio exterior e da agricultura: “As terras precisam ser cultivadas antes que
alguma cidade tenha se estabelecido, e algum tipo de indústria ou manufatura
precisa existir na cidade antes que desenvolva-se o comércio exterior... “
O desenvolvimento econômico segue esta ordem “natural” para Smith e um
constante aumento da produtividade nestes três setores, propiciaria um
crescimento econômico. Uma alta produtividade conciliaria também altos salários
devido aos baixos custos de manufatura.
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O crescimento econômico é também em Smith sinônimo de
desenvolvimento econômico, e a questão aqui gira em torno do “egoísmo”, do
individualismo, e por isso é essencial em Smith a liberdade como um dos valores,
ou virtudes mais importantes que assegurem o individualismo. Para Smith o
estado tem essa função, garantir a liberdade individual. O estado portanto teria
três deveres principais, deve proteger da invasão de outro estado, estabelecer um
poder judiciário e garantir a manutenção de serviços públicos essenciais (como
educação). A educação é ponto fundamental para o processo de desenvolvimento,
pois segundo Smith “para os efeitos degenerativos e alienantes da divisão do
trabalho”. Portanto Smith está consciente de que a especialização pode alienar, e
há uma noção implícita de que a educação não é importante no processo de
desenvolvimento (como sinônimo de crescimento), mas é sim importante para
barrar os efeitos do mesmo.
Desenvolvimento seria algo previsível, “natural”, pois dados as pré-
condições, a produtividade aumentaria, aumentaria também a divisão do trabalho
e com o livre comércio e a liberdade para as unidades produtoras, haveria uma
“mão invisível” que proporcionaria o desenvolvimento social, a partir dos desejos e
vontades individuais. Porém não deve-se esquecer que a educação não é algo
que se agrega ao sistema naturalmente, ela precisa de uma ajuda do estado, para
assim barrar os efeitos “nocivos” da divisão do trabalho.
Adam Smith limita o crescimento, pois segundo este, ele está ligado as leis
instituições, ao clima e ao solo (traços fisiocratas em Adam Smith). Há uma
associação do crescimento com salários mais altos. Para exemplificação deste
caso Smith utiliza o caso das colônias inglesas, onde os salários eram altos e,
portanto, segundo Smith o crescimento era muito mais acelerado do que na
Inglaterra.
Outra relação interessante desenvolvida por Smith é a de que o aumento da
produtividade não está relacionado com as inovações tecnológicas radicais
(inserção de novas tecnologias) e sim com a especialização e aperfeiçoamento de
técnicas já utilizadas. Essa idéia complementa a noção de crescimento, pois os
investimentos são a base do crescimento, investimento sem que ocorra a
9
intervenção do estado, e para que os investimento ocorram, são necessárias
também: Um aumento da oferta, equipar melhor os funcionários (aumentar
portanto a produtividade) e aumentar os salários para que o mercado se expanda.
Segundo Smith: “... o investimento continuará enquanto os lucros bases
excederem a taxa mínima necessária para que alguém poupe o dinheiro”.1
Há uma diferenciação entre as invenções, que objetivam maiores lucros, e
que não eram relacionadas ao aumento da divisão do trabalho ou ao aumento do
mercado, e as especializações que ocorrem por causa destes. Smith diferencia
inclusive as pessoas que criam, inventam (“Os filósofos e cientistas”), daqueles
que aperfeiçoam (os trabalhadores na fábrica).
T. R. Malthus Malthus foi um importante economista e sacerdote da Igreja Anglicana, que
nasceu em 1766 em The Rockery. Em 1798 expõe suas idéias sobre aumento
populacional na obra Ensaio sobre o Princípio da População. Com base em
estatísticas, conclui que a miséria é conseqüência da desproporção entre o
crescimento da oferta de alimentos e o da população. De acordo com sua teoria, a
produção de alimentos cresce em progressão aritmética, enquanto a população
aumenta em progressão geométrica.. Morre em Saint Catherine.
A liberdade malthusiana é levemente diferente da de Smith e Ricardo. No
aspecto relacionado com a população Malthus é bem enfático e catastrófico, pois
haverá, segundo ele, fome e muitos morrerão. Ele cita vários métodos para
controle da população, inclusive a guerra. O estado deve estimular essa liberdade
1 “ Logo que haja capitais acumulados nas mãos de alguns particulares (escreve),
alguns deles empregarão naturalmente esses capitais na preparação de pessoas industriosas, às quais fornecerão materiais e subsistências, a fim de alcançar um lucro na venda dos seus produtos, ou seja no que o trabalho desses operários acrescenta de valor aos materiais. Quando é traçada a obra acabada, ou por dinheiro, ou por trabalho, ou por outras mercadorias, é inteiramente necessário que, além do que poderia bastar para pagar o preço dos materia is e os salários dos operários, haja ainda algo que dê para os lucros dos empresários da obra, que arrisca seus capitais neste negócio.Assim, o valor que os operários acrescentam à matéria decompõe-se então em duas partes, uma das quais paga os salários e a outra constitui os lucros que o empresário amealha...”(Adam Smith p. 66)
10
(política, educacional), portanto ele apóia uma intervenção do estado, que é
admitida inclusive para estimular a demanda e aumentar a renda. Outra
intervenção do estado admitida por Malthus e totalmente oposta a posição que
Ricardo e Smith tinham, é a de um país não pode depender somente da
importação para sustentar a indústria de seu país ou seu povo, pois ficaria
vulnerável ao mal gerenciamento dos produtos por parte do país ofertante, a
mudanças desfavoráveis nos termos de negociação, uma mudança da produção
no país ofertante (caso deixasse de produzir produtos agrícolas e passa-se a
produzir manufaturas também) e em caso de guerra com o país ofertante.
Enquanto Smith e Hume posicionavam-se contra os mercantilistas protecionistas,
Malthus posicionou-se contra os que defendiam o livre comércio extremo.
Malthus tem como característica principal uma visão macroeconômica2,
enquanto Ricardo tinha uma visão microeconômica. Malthus busca as causa
favoráveis para o crescimento da produção. Segundo ele estas seriam:
Acumulação do capital, fertilidade do solo e invenções para economizar trabalho.
O equilíbrio dinâmico em uma economia em crescimento requer determinadas
proporções que equilibrem a oferta e a demanda.
Como valores necessários que Malthus assume para que haja um
desenvolvimento, estão principalmente aqueles ligados ao controle da população
(fator o qual, Malthus enfatiza durante a sua obra). Os salários caem com um
aumento da população, esse aumento ocorre por causa da ignorância, da falta de
liberdade política e civil e da opressão.
Cria-se uma discussão com Malthus (que não é abordada pelos outros
clássicos da mesma forma), sobre a possibilidade de haver um excesso de oferta
devido a uma expansão da economia, “general glut”, devido a massa
desempregada, ocorreria então uma acumulação de produtos. Para que isso não
2 “ Pode-se aceitar com uma verdade irrefutável (escreve) que todas as vezes que
uma nação atinge um grau importante de riqueza e uma densidade considerável de população – o que não pode acontecer sem uma grande queda simultaneamente dos lucros do capital e dos salários do trabalho- a divisão das rendas, que estão como que ligadas aos solos de uma certa qualidade, é uma lei tão invariável como a ação do princípio da gravidade.” (p. 22 e 23)
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ocorra, ele reconhece que um aumento da população é extremamente importante
para o aumento da demanda, porém não é uma condição suficiente para o
progresso da riqueza, haja visto que existe uma “tendência natural” da população
aumentar sempre que os salários forem maiores do que os necessários a sua
subsistência.
Outra relação proposta por Malthus seria a de que as variações nas taxas
de poupança e investimento modificaria o consumo de bens e portanto no
consumo de rendas. Uma significante margem de investimento baseada na
poupança é o resultado de altas taxas marginais de reinvestimento de uma renda
nacional em expansão. Portanto, se existirem forças deprimindo a renda, o
aumento da poupança privada pode não resultar em investimento. Políticas de
gasto (público ou privado) podem aumentar a renda nacional o que aumentaria a
poupança (conceitos de multiplicador e acelerador).
A relação obtida aqui seria a de que as forças que poderiam deprimir o
aumento da renda seriam uma falta de demanda, isso ocasionaria uma queda dos
investimentos, o que por sua vez deprimiria ainda mais a renda na economia
gerando um círculo vicioso. Por outro lado os gasto realizados poderiam inverter
esse processo. Aqui há um reconhecimento de que o progresso da sociedade
consiste em movimentos irregulares.
O desenvolvimento da sociedade está intimamente relacionado com um
aumento da produção, da renda nacional. Ou seja, os fatores seriam
essencialmente econômicos. Entretanto, a população tem um papel importante
para que haja um crescimento da renda, pois as condições são um equilíbrio com
a oferta e demanda. Logo um segundo fator importante para o desenvolvimento
seria a população manter-se em um nível em que a produção sempre crescesse
numa maior proporção. Há claramente um noção de PIB per capita.
David Ricardo Economista inglês, um dos fundadores da ciência econômica e autor da tória
de valor trabalho. Nascido em Londres em 1772, filho de judeus holandeses.
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Como corretor da bolsa de Valores, influenciado pelo pai, torna-se milionário e
passa a dedicar-se ao estudo da matemática, química e geologia. Influenciado
pelas idéias de Adam Smith aprofunda seus estudos sobre as questões
monetárias. Em Princípios de Economia Política e Tributação (1817), expõe suas
principais teses. Morre em Londres em 1823.
Várias idéias de Ricardo podem ser encontradas em Malthus também , pois
estes foram amigos durante vários anos e trocaram uma grande quantidade de
informações nesse tempo. A idéia por exemplo de que as taxas de crescimento do
investimento estavam ligadas as taxas de crescimento da população foi
compartilhada por ambos.
Ricardo não separa, assim como os outros clássicos, crescimento de
desenvolvimento. Mas como todos os clássicos Ricardo tem como ponto de
partida vários valores que considera fundamental. Ele foi, por exemplo, um grande
defensor de reformas políticas e da liberdade religiosa.
Durante vários anos Ricardo lutou para que fossem abolidas as ”Corn
Laws”, ou “Lei dos Cereais”. Ele foi muito perspicaz para perceber que pelo fato da
Inglaterra ter poucas terras, e sua população ser muito grande, os preços dos
alimentos eram demasiadamente elevados, fato que era agravado pelas barreiras
impostas sobre o cereal estrangeiro. Logo, se os preços dos cereais fossem
mantidos à um preço elevado, os capitalistas teriam que pagar um salário maior
para os trabalhadores, o que, segundo Ricardo, reduziria seu lucro, e
conseqüentemente o investimento.
O raciocínio desenvolvido por Ricardo para explicar o crescimento é muito
simples. O investimento faz com que a produção cresça, fazendo crescer portanto
a produção do país. O investimento depende por sua vez da taxa de lucro dos
capitalistas, ou seja, quanto maior a taxa de lucro maior será a taxa de
reinvestimento.3 O lucro depende, substancialmente, do preço dos salários, logo,
3 “Sendo assim totalmente ignorado o problema dos mercados, a questão do
crescimento é inteiramente dominada pelo problema da evolução da taxa de lucro. Enquanto esta é suficiente, o crescimento, na opinião de Ricardo, está assegurado. (...) A tendência para a baixa da taxa de lucro é uma lei fundamental da evolução econômica. E é
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salários que estejam com seu valor de mercado acima de seu valor natural farão
com que os lucros caiam, fazendo com que caia também o investimento. O valor
natural dos salários seria aquele necessário para manter um trabalhador em
condições mínimas, seu componente mais importante eram os alimentos, que na
época de Ricardo seriam os cereais.
O crescimento a longo prazo estava condenado por Ricardo. A sua
“Lei dos Rendimentos Decrescentes” colocava como certa uma estagnação do
investimento e por conseguinte do crescimento, pois quando fossem explorar
terras de qualidade inferior, o acréscimo de renda que fosse pago para a utilização
desta faria com que os lucros dos capitalistas decaíssem.
.Apesar de ser considerado agressivo, e até desumano por muitos autores,
ao tratar sobre salários, ele introduziu uma definição inovadora sobre os salários.
Os salários “naturais” seriam definidos muito mais por termos sociais do que por
termos fisiológicos, ou seja, os hábitos de consumo e gostos, assim como os
confortos e divertimentos eram fundamentalmente mais importantes na definição
do valor “natural” do salário, do que as próprias necessidades fisiológicas (comida
e bebida em resumo).
O interessante dessa abordagem, no mínimo diferente dos outros clássicos
sobre os salários, é de que Ricardo já era consciente das diferenças entre as
sociedades, e por mais contraditório que pareça, ele utiliza uma definição subjetiva
para o valor “natural” dos salários, ou seja, os salários não teriam uma valor
“natural” por definição.
O crescimento da população estava intimamente ligado ao desenvolvimento
da nação, pois os preços de mercado dos salários estariam abaixo dos preços
naturais toda vez que a população excedesse a capacidade da indústria de
absorver a mão de obra, o que resultaria numa queda da qualidade de vida para
os trabalhadores, e num aumento dos lucros para os capitalistas.
por efeito desta lei que o crescimento econômico é afetado.” (Henri Denni - História do Pensamento Econômico, p. 348 e 349)
14
John Stuart Mill
Foi um filósofo e economista britânico, que nasceu em 1806.
Sua obra concilia a exaltação da liberdade, a razão e o ideal
científico do XVIII com o empirismo e o coletivismo do XIX. Na
filosofia, sistematizou as doutrinas utilitaristas de seu pai, James
Mill, e de Jeremy Bentham em obras como Utilitarismo (1836).. Entre seus escritos
figuram Princípios de economia política (1848), Sobre a liberdade (1859) e Três
ensaios sobre religião (1874) .Morreu em 1873.
Ele reconheceu também que o processo de crescimento não era contínuo, os
seus ciclos econômicos estavam ancorados na teoria das expectativas irracionais
“ ... a causa do mal (ciclos e depressão) está aonde nenhuma legislação poderá
alcançar – a propensão universal da humanidade de superestimar as chances que
lhes são favoráveis”. Haveriam pois três formas de expectativas irracionais:
Projetos fraudulentos, subestimar o tempo necessário para um “retorno adequado”
do investimento e especulação de mercadorias (commodities ) ou “over-trading”.
Outra reflexão interessante foi aquela anteriormente levantada por Malthus,
de que poderia haver um excesso de oferta. As causas, entretanto, apontadas por
Mil são distintas das de Malthus. Para ele a divisão do trabalho causaria uma
capacidade ociosa crônica (diferença entre o tempo do produto pronto e a sua
venda) e devido ao cálculo dos produtores e comerciantes quase nunca serem
iguais, haveria por fim uma oferta em excesso.
Os períodos que Mill estudou desde 1780 mostra claramente a existência
desses ciclos, onde o investimento torna-se a base das super otimistas ou sub
pessimistas expectativas, na qual a forma de crescimento adotada baseada na
exploração da especialização das funções, e onde as decisões eram feitas por
indivíduos operando sem conhecimento das decisões de outros, mas agindo em
resposta ao mesmo sinal de lucros ou perdas futuras.
Podemos considerar Mill como o primeiro dos economistas heterodoxos
pois enfatizou a visão socialista, diferencia-se entretanto desses pois defende o
15
princípio de liberdade e o “Laissez-faire”4com algumas exceções como: Evitar o
monopólio, pesquisas em universidades, intervenção pública para regular, por
exemplo, as horas de trabalho numa indústria onde os empregados ou capitalistas
são a minoria. Ele também se preocupa com a igualdade entre homens e
mulheres na sociedade. Esses podem ser alguns dos pressupostos básicos que
Mill toma para formar a idéia do que seria desenvolvimento.
Essa idéia de desenvolvimento não está ligada somente a um crescimento
da produção, para ele as variáveis não econômicas, que eram objetivos das
políticas sociais e econômicas, por estarem sujeitas a mudanças como tempo,
deveriam ser objetivos das políticas de desenvolvimento econômico.
Essa visão social de Mill que são requisitos para um desenvolvimento social
seriam: A proteção do indivíduo do poder do estado, eficácia da produção,
assegurar uma democracia que não fosse uma tirania da maioria, e acima de tudo
gerar cidadãos mais educados e melhor preparados para assumirem
responsabilidades nas instituições sociais.
Outro fator importante na teoria de Mill seria a de colocar uma limitação
sobre o crescimento populacional. Era para Mill de extrema importância que
existissem políticas públicas encorajando a formação de pequenas famílias. A
importância disto estava em conseguir um aumento do PIB per capita, que poderia
ser conseguido com um maior número de inovações e com uma estabilização do
crescimento populacional.
Para um melhor desenvolvimento ele salienta também a possibilidade de
uma melhor distribuição dentro do sistema capitalista 5.
4 “Discordo inteiramente da parte mais conspícua e veemente do ensinamento
(socialista), seus discursos contra a competição... Eles esquecem que onde quer que a competição não esteja, está o monopólio.”
5 “ As leis e condições de produção e da riqueza partilham do caráter de verdades físicas... O mesmo não ocorre com a distribuição de riqueza. Essa é uma questão das instituições humanas somente. Assim, em função disso, a humanidade, individual ou coletivamente, pode fazer como desejar. .... A distribuição da riqueza, portanto depende das leis e costumes da sociedade. As regras pelas quais ela é determinada são feitas pelas opiniões e sentimentos que as partes dirigentes estabelecem e são muito diferentes em
16
Requisitos que Mill considerava fundamentais para a produção eram três: O
capital, o trabalho e as terras, ou seja P = f(K,L,T). A relação é direta entre a
produção e qualquer um desses fatores. Portanto, para que ocorra um aumento da
produção é necessário que haja um aumento de um desses três fatores, ou da
produtividade desses.
A lei dos rendimentos decrescentes desempenha o papel de freio do
crescimento dentro de uma economia. O processo antagônico (aperfeiçoamento
dos meios de produção), entretanto, era forte o suficiente para que ocorresse uma
queda dos preços dos produtos industrializados. Outros “remédios” para a lei dos
rendimentos decrescentes seriam - quando não houvesse mais como inovar - o
controle populacional, o livre comércio para os alimentos e a emigração.
Mill também cria uma firme linha divisória entre produção (determinados por
sólidos princípios científicos) e distribuição (determinada por leis, costumes e
outras instituições humanas).
Alfred Marshall
Nasceu em 1842, na Inglaterra. Foi professor de Economia Política de
Cambridge, de 1885 a 1908. Suas principais obras foram: Princípios de Economia
- 1890, na qual faz uma síntese do pensamento neoclássico, esse seu livro
substituiu o livro-texto usado até então do Jonh Stuart Mill. Economia da Indústria -
1879, Indústria e Comércio – 1919, Moeda, Crédito e Comércio - 1925
Marshall tinha simpatia pelos socialistas, mas no fim voltou atrás pois não
acreditava, como os socialistas, que os defeitos e deficiências humanas seriam
resolvidas simplesmente com a abolição da propriedade privada. Ele criticou o
socialismo, o caráter burocrático que violaria os direitos individuais e inibiriam a
épocas e países diversos; e poderia ser ainda mais diferente se a humanidade assim escolhesse.”
17
criatividade. Ele duvidava também que o socialismo poderia expandir a produção e
aumentar a produtividade, os quais considera fundamentais para acabar com a
pobreza.
Por isso o caráter desenvolvimentista aqui não tomo o rumo de Marx, e se
aproxima do de Mill, já que os valores fundamentais para Marshall, existentes no
capitalismo, são invioláveis, e que o fim destes não resolveria o problema das
pessoas.
Segundo Marshall os problemas econômicos são analisados de forma
imperfeita quando tratados como um problema de equilíbrio estático ao invés de
um crescimento orgânico. O tratamento estático é necessário como forma de
introdução para algo mais complexo, a sociedade como um organismo. As duas
variáveis principais no modelo de crescimento de Marshall são a taxa de
poupança e o aumento da eficiência da força de trabalho.
Por seu interesse amplo ao tentar explicar as suas variáveis, Marshall foge
da matematização e perscruta a complexidade e intensidade das determinantes
humanas para determinar as taxas de poupança e eficiência da força de trabalho,
na eficácia das mais variáveis formas de organização industrial, e os prós e
contras da união de trabalhadores, chegando por fim a discutir os próprios prós e
contras do capitalismo.
Outras variáveis que também são importantes dentro do sistema, para que
ocorra um aumento real são: número e eficiência dos trabalhadores, estoque de
riqueza acumulada, quantidade, riqueza e facilidade de acesso dos recursos
naturais, o estado das formas de produção e da segurança pública.
Duas outras questões são centrais para a teoria macro de crescimento:
Aumento ou diminuição da produtividade de cada um dos fatores de produção;
ligação entre a análise macro e micro-análise do aumento dos retornos para o
comércio e indústria. Como conclusão dessa duas questões ele coloca que as
altas taxas de crescimento estão associadas com a educação dos trabalhadores.
Outra conclusão referente ao aumento dos retornos para as indústrias seria a de
que os setores que crescem rápido, não crescem, ou estão declinando estão
relacionados ao estágio histórico de suas tecnologias. Entretanto, Marshall nunca
18
chegou a criar uma teoria setorial que pudesse ligar a macro coma micro
economia.
Ele utiliza em sua teoria sobre o crescimento uma metáfora sobre uma
floresta. A floresta seria a economia numa escala macro. As árvores seriam as
empresas. A medida que as arvores vão envelhecendo, elas caem e cedem lugar
as árvores mais novas. O investimento em jovens talentosos seria a melhor
maneira de sustentar a floresta.
Também aqui em Marshall ele reconhece a existência de ciclos econômicos
onde ocorrem na seguinte seqüência: Expansões, tensões e crises, depressão e
finalmente retomada do ciclo.
No longo prazo, ele também pensa em uma estagnação da economia, pois
o aumento das populações, da demanda por matéria prima e por comida, não
considerando as possíveis potencialidades da ciência em reverter esse quadro,
iriam frear a economia numa escala global.
Outro fator introduzido por Marshall foi o tempo que deveria ser incorporado
na análise econômica, através do instrumental histórico, pois em um longo
período de tempo, o fator tempo constitui-se fundamental para a análise do
“crescimento orgânico”.
Elemento fundamental para o desenvolvimento de um país é a educação. A
educação permite um aumento da eficiência do trabalho, que tem importância
fundamental na hora de gerar poupança que eleva os investimentos e a própria
riqueza dentro de um país, logo quanto mais riqueza houver, e se essa riqueza
crescer a taxas superiores as da população, haverá um aumento da qualidade de
vida.
Segundo o próprio Marshall: “Não há extravagância mais prejudicial para o
crescimento da riqueza de uma nação do que desperdiçar gênios, que nascem em
famílias menos abonadas, em trabalhos não condizentes com sua genialidade”.
Com isso ele quer dizer que não se deve investir somente em uma educação para
a classe mais rica, mas para todas as classes, haja visto os gênios não
escolherem as famílias onde nascem, mas muitas vezes, essa genialidade fica
limitada pelo seu poder aquisitivo, para desenvolverem sua potencialidade. O
19
estado deve ser o principal agente modificador dessa realidade, já que isso
representa retornos para a nação apenas no longo prazo, o qual não é de
interesse da firma, que busca o profissional já pronto.
Outras variáveis que influenciam o desenvolvimento desse capital humano
seriam o tamanho e a qualidade de vida da população, sendo que ambos são
variáveis dependentes.
Assim como em Mill a análise aqui trata de expectativas irracionais em
economia e psicologia. Para uma análise mais profunda da economia e do
desenvolvimento dessa, é fundamental confrontar idéias de outras disciplinas
como história, sociologia ou qualquer outra disciplina.
Entrementes
Karl Marx Foi um filósofo alemão(1818-1883), criador junto com Friedrich Engels do
socialismo científico (comunismo moderno). Esta teoria demonstra uma clara
influência da obra de Friedrich Hegel. Em 1847 Mark escreveu com Engels o
Manifesto Comunista . Depois de ser expulso da Alemanha, Marx procurou refúgio
em Londres. Nessa cidade, elaborou a base doutrinária da teoria comunista,
apresentada em três volumes e denominada Das Kapital (1867-1894; O capital),
Em 1864, participou da criação, em Londres, da Primeira Internacional. Foi depois
da morte de Marx que seu pensamento começou a prosperar dentro do
movimento operário. Essa concepção passou a ser denominada marxismo ou
socialismo científico.
Marx conceitua o desenvolvimento econômico por uma sucessão de fases,
sendo que a sua última fase seria a do socialismo, fase que sucede o capitalismo.
20
Portanto o último estágio, considerado como o estado ótimo por Marx, seria um
estado em que os proletariados tornassem-se donos dos meios de produção, ou
melhor, esses apropriariam-se dos meio de produção e criariam, como Marx dizia,
“A Ditadura do Proletariado”.
Para Marx o sistema capitalista é explorador da mão-de-obra, preocupa-se
apenas em acumular, pois o processo é automático, o egoísmo da “Mão invisível”
de Smith, tornasse aqui um vício e não mais uma virtude como em Smith.
Portanto os valores em Marx são, nesse caso, os inversos dos em Smith. O
capitalismo, como sendo o penúltimo estágio do desenvolvimento, cria também
certos mecanismos de defesas que tentavam proteger e alienar as massas, esses
mecanismos seriam a religião, o casamento, etc.
Os salários constantes por fim, seriam um dos motivos para a destruição do
capitalismo, já que os lucros decaem dada uma taxa crescente de acumulação do
capital (i=w/k). Os salários também não são determinados pelo mercado, o que
determina os salários são o poder de barganha dos capitalistas versus os
proletariados.
Portanto, o desenvolvimento econômico só ocorre enquanto há uma luta
constante entre as classes, e todos os valores que o capitalismo criou seriam
destruídos, não havendo por fim mais conflito.
A idéia de crescimento em Marx está ligada com a dialética tomada por
Marx como método de estudo científico. O crescimento econômico, dentro do
sistema capitalista tem uma relação intima com a acumulação e concentração de
capital. O lucro é a base dessa concentração. O investimento torna-se necessário
porque o capital está em constante competição com outros capitais, e aqueles
capitalistas que não aperfeiçoam suas técnicas e diminuem os seus custos, estão
fadados ao desaparecimento.
O aperfeiçoamento está intrinsecamente ligado com a acumulação do
capital, pois capitais de pequeno porte não podem atingir determinados níveis de
aperfeiçoamento, logo os capitais atingem determinados estágio onde torna-se
impossível a entrada de outros capitalistas, acabando com o sistema
concorrencial, e fazendo ao mesmo tempo com que uma oferta crescente, devido
21
ao aperfeiçoamento dos processos produtivos, encare uma demanda decrescente
(já que haveria uma insuficiência de demanda gerada pelo desemprego causado
pelos meio de produção aperfeiçoados) , o que gera, obviamente, um excesso de
oferta e portanto condena as empresas, e num nível global, o próprio sistema
capitalista. Conseqüentemente a economia não cresce num longo prazo, ela se
modifica, pois haveria um choque entre duas classes (aqui está mais uma vez
uma demonstração da dialética a da abstração utilizada por Marx), a dos
detentores de capital e a dos trabalhadores.
Pós Clássicos
J.A Schumpeter Foi um economista inglês que nasceu em 1863 em Triesch, Moravia.
Conhecido por suas teorias sobre desenvolvimento capitalista e ciclos
econômicos; formou-se pela universidade de Viena em 1906. Publicou “A Teoria
do Desenvolvimento Econômico” (1921), “Capitalismo, Socialismo e Democracia”
(1942), e “Historia da Ana lise Econômica” (1954, postumamente).
22
Em seu livro “Desenvolvimento Econômico” Schumpeter parece aceitar a
priori o modelo de equilíbrio estático Walrasiano (ou Marxista) na medida em que
considera a existência de um fluxo circular na economia, ele escreve: “um estado
organizado de forma comercial onde a propriedade privada, a divisão do trabalho
e a livre competição prevalecem”. Esses seriam os pressupostos de Schumpeter,
e esses pressupostos afastam Schumpeter do estudo do processo de crescimento
nos países subdesenvolvidos, tornando-o por outro lado um papa da economia
nos países desenvolvidos. Esse modelo não se aplica de forma alguma nos
países subdesenvolvidos, haja vista seus pressupostos não estarem de acordo
com a realidade nestes, realidade na qual o modelo se enquadra, pelo menos até
o início do século XX quando começam a surgir grandes corporações e
monopólios pelo mundo todo. É obvio, porém, que ao final Schumpeter especula
sobre os problemas que o capitalismo enfrenta nos países subdesenvolvidos.
Seu sistema de fluxo circular, que aparentemente era estático, mostra-se
não tão estático quanto aparentava ser, pois, ocorriam mudanças espontâneas e
contínuas no canal de fluxo; “As mesmas coisas não ocorriam ano após ano”;
essas mudanças são o coração do desenvolvimento capitalista. A inovação que
ocorreria dentro deste sistema seria a peça fundamental, Schumpeter classifica
essa inovação como :”espontânea e descontínua”.
Nesse modelo desenvolvido, Schumpeter mostra a importância de
indivíduos que estejam prontos para aproveitarem as oportunidades que o sistema
oferece, oportunidades rentáveis. Esses indivíduos não seriam administradores
mas sim empreendedores.
O investimento do capital e a expansão da riqueza dependiam do
reinvestimento do lucro, portanto essas oportunidades devem ser lucrativas para
que o sistema possa crescer e se expandir. Os empreendedores não são porém
necessariamente capitalistas, daí surge dentro do sistema de Schumpeter os dois
principais protagonistas do mercado de capital: Os empreendedores (demanda) e
os capitalistas (oferta). O apoio dos capitalistas aos empreendedores é importante
principalmente nos estágio iniciais de seus “esforços criativos”.
23
Portanto o principal elemento para o crescimento aqui seriam os
empreendedores, que buscariam essas oportunidades rentáveis e reaplicariam os
lucros fazendo crescer a riqueza. A análise de crescimento schumpeteriana é feita
em um nível microeconômico essencialmente.
O desenvolvimento econômico se confunde aqui também com o
crescimento, mas os pressupostos que Schumpeter adota para seu modelo nos
dizem um pouco sobre as condições que esse acha essencial para que ocorra um
crescimento. A propriedade privada, a divisão do trabalho e a livre competição.
Por trás destes pressupostos aparecem um pouco o método idealista racionalista
adotado pelos clássicos, pois a livre competição desencadeia nesses um processo
de desenvolvimento, aperfeiçoamento da sociedade que é guiada por uma “mão
invisível”. A maximização do lucro das empresas também está implícito, pois é
fator fundamental para que haja crescimento da riqueza.
“Os movimento cíclicos são a forma que o desenvolvimento econômico
assume na era do capitalismo”, segundo Schumpeter. Seu raciocínio pode ser
assim parafraseado:
1. Porque o desenvolvimento econômico não ocorre de uma forma linear mas
cíclica?
2. “Porque inovações –novas combinações- não são distribuídas através do
tempo homogeneamente ... mas aparentemente ... em grupos discontínuos
e em enxames”
3. Enxames ocorrem porque o aparecimento de alguns empreendedores que
tiveram sucesso induzem ao um aumento progressivo de empreendedores,
havendo entretanto decrescimento de espírito de talento e criatividade, que
buscam essas novas possibilidades de lucrar
4. Em Schumpeter ciclos econômicos são basicamente um fenômeno setorial
com manifestações macroeconômicas.
Enfim percebe-se que esses valores encontram-se em sociedades
desenvolvidas com mais facilidade, valores atribuídos aos indivíduos, esses
indivíduos empreendedores. Estaria também implícito a necessidade de um
aumento da qualidade do ensino, talvez, para que esses empreendedores
24
surgissem mais espontaneamente, porém como Schumpeter havia dito que essas
inovações são espontâneas e descontinuas, há uma possibilidade de que ele
estivesse se referindo a essas inovações como fenômenos endógenos que por
serem descontínuos não poderiam ser estimulados.
Evsey D. Domar
Russo por nascimento, nascido em 1914, crescido em “Manschurian”,
economista do MIT, Domar contribuiu em três áreas da economia, crescimento
econômico, economia comparativa e história da economia. Seu maior passo para
a fama, foi, quando desenvolveu, paralelo a Harrod, o modelo de crescimento,
agora famoso, “Harrod-Domar” (1946), que foi, por fim, um caminho da extensão
da demanda determinada do equilíbrio de Keynes. Morreu em 1997.
Domar começa criticando a lei de Say e diz que parte da renda não volta ao
sistema econômico pelo entesouramento. Para que houvesse um crescimento
contínuo em pleno emprego era necessário um aumento contínuo das despesas e
do estoque de moedas. Os gastos que considerava mais aconselhável eram os
investimentos, que aumentavam também a capacidade produtiva, além de gerar
renda. Mas o fundamental era definir a quantidade ideal de investimento para que
fosse mantido o pleno emprego.
O problema relacionado ao desenvolvimento está novamente ligado ao
crescimento econômico. Não trata -se de uma questão de atitude, como diria
Schumpeter, e sim algo ligado a políticas que devem ser tomadas para que os
países cresçam.
A conclusão do modelo de Domar diz que ÄY/Y = ÄI/I . Isso significa que
para que ocorra um crescimento a pleno emprego o produto e o investimento
devem crescer a uma taxa crescente período após período (ÄY/Y = ÄI/I = sz).
Sendo que s é a propensão a poupar, z a produtividade média do potencial
social do investimento. O modelo estabelece pois, de forma direta que se a
produtividade média do potencial social do investimento (z) ou a propensão a
25
poupar forem altas, tão altas precisaram ser a acumulação do capital (ÄI/I) e a
taxa do crescimento do produto (ÄY/Y).
A inflação e o desemprego ocorrem quando essas taxas são divergentes.
Por exemplo, uma variação da renda que não seja acompanhada de uma variação
proporcional do investimento irá resultar em uma escassez de produtos no longo
prazo que gerará inflação. Ele coloca aqui a possibilidade real da ocorrência de
flutuações cíclicas.
O crescimento que estava condenado pelos clássicos ( de Hume até Mill
considerava-se uma estagnação, e Marx a completa destruição do capitalismo no
longo prazo) é posto como uma possibilidade aqui, isso se essas condições
estabelecidas forem seguidas.
De qualquer maneira o desenvolvimento sugerido tem uma relação muito
próxima com a vontade de investir, a renda que os agentes recebem, propensão a
investir e a produtividade média do investimento. Com relação a esse último vários
fatores podem influenciar essa variável, como por exemplo a taxa que se
considera mínima de retorno para um investimento e que leva os empresários a
investir realmente dado um risco que o mercado calcula, ou seja, há todo um fator
psicológico que deve ser considerado e que portanto não está ligado ao termo
crescimento econômico e sim ao desenvolvimento econômico.
Roy F. Harrod Nasceu em 1900. Trabalhou em Oxford a maior parte de sua vida.
Entretanto, seu coração estava mais embaixo, em Cambridge. Teve
reconhecimento na publicação da sua obra: Essay in
Dynamic Theory (1939). A idéia, que marcou o começo da moderna teoria do
crescimento, também foi desenvolvida por Domar, O modelo Harrod-Domar. Em
seu livro de 1948, Towardsa Dynamic Economics bem como em uma série de
ensaios (1960, 1963, 1975) ele desenvolveu este adicional, destacando o
problema da instabilidade deste modelo e lançando o programa de pesquisa do
26
crescimento econômico do pós-guerra - o que, certamente, ajudou a relançar as
teorias dos ciclos econômicos.Suas contribuições para o comércio internacional
(1933, 1958) e concorrência imperfeita (1933, 1934, 1952) também tiveram
reconhecimento mais tarde. Seus trabalhos menos rigorosos sobre economia
política (1963, 1965, 1968, 1969) também foram notáveis. Finalmente, fora da
teoria econômica, a reivindicação de Harrod era por seu trabalho sobre lógica
indutiva (1956) e seu papel como conselheiro de Winston Churchill durante a
Segunda Guerra Mundial. Morreu em 1978.
Harrod dá extrema importância a fatores macroeconômicos ao crescimento
de uma país. O desenvolvimento não é abordado em sua teoria, mas é claro que
está implícito a idéia desses dois conceitos estarem ligados. A satisfação social
ocorre quando o equilíbrio entre taxas de crescimento e renda são iguais, como
ele mesmo disse “... todas as partes ficam satisfeitas produzindo nem mais, nem
menos a quantidade justa”.
O modelo de Harrod almeja incluir as expectativas empresariais na função
investimento. Ele constata que o maior problema são as divergências entre as
taxas efetivas e necessárias de investimento para assegurar o crescimento a
pleno emprego.
Ele distingui claramente poupança e investimento realizado e planejado. A
poupança realizada será sempre igual ao investimento realizado. (S t = It). A
poupança planejada é uma função do nível de renda ao fim do período t .(S t= sYt ).
A questão que Harrod tenta responder é: O que determina o investimento
planejado? O investimento que será realizado depende da variação do produto ao
final do período t, ou seja: Ip = v (Yt-Yt-1). Aqui v é o coeficiente de aceleração (a
relação capital-produto). E quer dizer que caso não haja variação do produto não
haverá variação do estoque de capital.
O princípio da aceleração é de que o investimento não depende do nível,
mas sim da variação da renda ou do produto. Para que haja um crescimento a
pleno emprego a taxa planejada e efetiva de investimento e poupança devem ser
iguais as efetivas (Ip = It = Sp = S t = sYt ).
27
Para Harrod “... nada assegura que a economia crescerá a taxa garantida
de pleno emprego”. Isso aconteceria por acaso. Por isso considerava necessária a
ação governamental, que pode ser traduzida por programas de ações setoriais ou
planejamento indicativo.
Esse é considerado o primeiro problema de Harrod: A improbabilidade do
equilíbrio e a instabilidade da taxa garantida de investimento necessárias ao
crescimento é o segundo.
Ou seja, as determinantes econômicas são fundamentais para o bem estar
da scoiedade. Os valores que devem ser buscados são os econômicos, e o
governo tem também um papel fundamental, assim como em Domar, para buscar
esse equilíbrio, que ocorre somente por acaso em situações de não intervenção.
Ragnar Nurkse
Nasceu em 1907 e morreu em 1959 Foi um seguidor das doutrinas de
Rostenstein e Rodan, antecipou muito da teoria de Lewis acentuando o papel da
poupança e da formação de capital no desenvolvimento econômico. Foi um dos
primeiros expositores da doutrina do “crescimento equilibrado”.
“Um país é pobre porque é pobre”, segundo Nurkse. O crescimento
econômico poderia até apoiar-se nas elites para crescer no curto prazo, mas no
longo prazo alto custo médio para a produção de bens de consumo final (devido
ao fraco mercado interno composto por pobres e desempregados na sua maioria)
não permitem a diversificação de um mercado de bens, pois os investimentos
necessários não poderiam ser pagos, o que acaba freando o crescimento.
Não há um preconceito em Nurkse ao dizer que os países pobres são
pobres por serem pobres. Mas ele cria um paradoxo, pois por um lado você tem
que aumentar o mercado para que motivem os empresários a investir e por outro
lado o mercado é pequeno com baixo poder aquisitivo e com péssimas
perspectivas. O que fazer? Mais uma vez a resposta é de cunho econômico:
Intervenção governamental. Fica claro que a insistência dessa política está ligada
28
a corrente keynesiana que influenciou Harrod, Domar e Nurkse de forma
fundamental.
Nurkse foi um dos teóricos do desenvolvimento econômico que buscou
estudar o crescimento como uma forma de equilíbrio entre a oferta e a demanda.
O crescimento de um determinado país fica limitado pelo tamanho de seu
mercado interno. Como o crescimento é pequeno (em termos de produção ou
renda) os investimento ficam muito restritos nos países subdesenvolvidos. Um
fator agravante para esses países é a insuficiência de recursos financeiros. Os
baixos níveis de renda e poupança, reduzida acumulação e produtividade e
insuficiente nível de renda formam um ciclo vicioso, pois os países não aumentam
sua produção por não haverem incentivos em termos de mercado interno, não
aumentam a renda paga aos empregados gerando mais insuficiência de mercado
o que gera menos renda e assim por diante.
O crescimento diversificado e a forma pela qual a oferta criaria a sua
demanda. Os capitais deveriam se distribuir numa mesma proporção entre as
indústrias, haja visto o crescimento da demanda por diferentes bens. As empresas
se crescessem juntas gerariam renda e produziriam para outros bens que seriam
adquiridos por outros empregados, e quanto maior fosse o mercado, maior seria o
crescimento e a expansão da economia e dos investimentos. O crescimento
equilibrado tem por fim de aumentar o tamanho do mercado e criar estímulos
adicionais aos investimentos.
Aqui há uma retomada da teoria de Schumpeter das ondas de inovação.
Nos países subdesenvolvidos o mercado não teria força para fornecer os
elementos necessários para alcançar o nível de desenvolvimento desejado. O
governo entraria em ação com um planejamento central, atacando em bloco
simultaneamente as três principais áreas com investimentos na indústria,
agricultura e serviços.
Nurkse busca essa condições econômicas, mas há também condições
psicológicas, novamente, envolvidas, pois o aumento de um mercado subentende
que há também uma vontade ou necessidade por parte dos habitantes desse país
em alcançar níveis mais elevados de consumo, considerando que todos tenham o
29
mínimo necessário para sua sobrevivência, o que nem sempre é algo que outras
culturas almejam.
Arthur Lewis
Nasceu na India e recebeu o seu doutorado na London School of Economics
em 1949. Suas principais contribuições a economia foram na área de
desenvolvimento econômico. Lewis, junto com Theodore Schultz, ganhou o
Prêmio Nobel em 1979 opor “pesquisas pioneiras em desenvolvimento
econômico... com considerações particulares sobre os problemas dos países em
desenvolvimento”. Lewis é mais conhecido pelo seu conceito de “economia dupla”.
Definiu o crescimento econômico como : ‘Um processo de desenvolvimento
econômico acelerado com o objetivo de eliminação do atraso econômico”. Isso
significaria dizer que um país subdesenvolvido deve ter taxas de crescimento do
PIB per capita ou do PIB, superiores as de uma país desenvolvido tomando por
base, por exemplo os EUA, na medida em que se um país desenvolvido com um
PIB de 100 cresce a 7%, enquanto um país subdesenvolvido com PIB de 30
cresce a taxas de 5% e, portanto, esse país subdesenvolvido nunca alcançara o
desenvolvido, muito pelo contrário, o fosso só tenderá a aumentar, apesar dessa
definição ser lógica, nunca foi aceita por muitos economistas (até a década de 50)
da Mainstream Economics.
Lewis, entretanto, se recusava a fazer qualquer distinção entre crescimento,
desenvolvimento e progresso, por achar que se tratam de coisas intrinsecamente
ligadas. A anatomia do crescimento seria assim definida: “... desenvolvimento
econômico, com uma oferta ilimitada de trabalho e o papel fundamental dos
aumentos de produtividade na agricultura no processo de industrialização”.
Os fatores não econômicos tem, entretanto, papel fundamental no
crescimento.
O crescimento econômico pode modificar a sociedade, mas , segundo
Lewis, há a necessidade de uma mudança no comportamento social para que o
30
crescimento ocorra. Portanto, algo mais profundo está implícito em sua análise, o
próprio desenvolvimento, e o que ele seria. Ele deve ser uma mudança de atitude
para trabalhar, ter filhos, para inventar, etc.
A respeito desses fatores ele apresenta três conclusões: Os custos do
crescimento econômico não geram necessariamente conseqüências como
cidades feias. Isso porque a questão , o como se desenvolve a sociedade, tem
explicações não econômicas na maioria das vezes. Outros efeitos considerados
maus , não podem ser considerados intrinsecamente maus efeitos, como por
exemplo, o crescimento do individualismo e das cidades. Pode ocorrer também
que um crescimento alto demais pode ser considerado alto demais para a saúde
social também.
O estudo feito por Lewis é o único que toca todas as variáveis necessárias
ao crescimento:
- População e força de trabalho (relação inversa entre crescimento per capita e
taxa de crescimento; a idéia de que a transferência da mão-de-obra para outros
setores seria um efeito e não a causa do crescimento econômico).
- Estuda a acumulação do conhecimento como causa do crescimento econômico,
assim como o investimento e a ampliação do estoque de capital, o qual depende
invariavelmente do lucro.
- Ciclos Econômicos: Irregularidade da inovação determina a volatilidade do
investimento, e o investimento na indústria civil.
- Preços relativos
- Estágio e limites para o crescimento: Para ele haverá uma estagnação no futuro,
entretanto não há uma condenação do crescimento econômico, visto que
considera os indivíduos como elementos de suma importância num processo de
enfrentamento dos desafios futuros.
Há ainda os fatores não econômicos que determinam o crescimento, estes
serão explicitados em desenvolvimento.
31
Relação dos conceitos de
desenvolvimento e crescimento dos
clássicos para os pós clássicos
Clássicos
Crescimento e desenvolvimento são conceitos que estiveram ao longo da
história das Ciências Econômicas intrinsecamente ligados. Mesmo após a
segunda guerra mundial, até o final da década de 60, os autores continuavam
tomando ambos os conceitos sem distinções claras, ou precisas. O crescimento
econômico como um conceito, na fase em que os clássicos estudaram-no, por
parte de Smith, Ricardo, Mill e até Marshall, era algo analisado dentro do âmbito
32
microeconômico essencialmente. O desenvolvimento econômico é estudado com
uma visão mais social por Mill e Marshall. Ambos rejeitam a maior parte das
formas de controle da liberdade, para que esse “estado social se concretize ”. Os
outros autores clássicos levantam o tema desenvolvimento como um conjunto de
valores sociais e individuais a serem buscados pelas sociedades que almejam
crescer.
Smith e Ricardo aproximam-se mais em suas observações. Ricardo pode
fazer algumas correções sobre as idéias de Smith, já que suas observações estão
enquadradas em um período histórico mais atual do que as de Smith. Em Smith
tanto a produtividade do trabalho quanto a do capital eram importantes para que
os capitalistas alcançassem maiores taxas de lucros, podendo assim realizarem
investimentos maiores na economia. Em Ricardo esse reinvestimento na
economia também é fundamental. Mas Ricardo complementa (ou enfatiza) a
questão da importância dos salários na composição do lucro. Os salários
poderiam estar abaixo ou acima do salário natural, o que influenciaria diretamente
na tomada das decisões por parte dos empresários em investir. Como base do
crescimento, colocam esses dois autores, o investimento como peça fundamental,
que será abordada posteriormente por outros autores, distintamente.
Malthus entre os clássicos pode ser considerado um caso a parte, já que
enfatizou a visão macroeconômica do crescimento. Podemos relacioná-lo com
Smith e Mill que abordam a questão da importância da demanda para o
crescimento e desenvolvimento econômico. Smith postulava que os salários totais
deveriam aumentar, assim como o mercado externo deveria se expandir, para que
assim o mercado interno e externo, pudessem demandar produtos que
requeressem mais especialização e mão de obra (através de uma maior divisão
do trabalho). A análise de Malthus indica que pode ocorrer um excesso de oferta
caso os salários não cresçam, o que levaria a uma crise da economia dentro deste
país. Já Mill, ao tratar sobre um possível excesso de oferta, não acusa o mercado
(demanda) como responsável. O verdadeiro responsável seriam os próprios
capitalistas que calculam mal a quantidade de produtos a serem produzidas, já
33
que existe um tempo entre a produção e a venda, que acaba causando esse
excesso.
Não há dúvidas porém que outro elemento associado ao conceito de
crescimento econômico seja o mercado, a demanda. Esse conceito é recuperado
somente após a crise de 29, pois até então o mercado tinha força para concertar
os possíveis desajustes gerados pela oferta (que segundo a lei de Say: “Oferta
cria a sua demanda”).
O último dos clássicos, Alfred Marshall, firmou, pelo menos em teoria, a
importância da educação para que houvesse não apenas crescimento, mas
desenvolvimento econômico (melhora do nível de vida das pessoas). Se a
produtividade dos trabalhadores era fundamental, aqui podemos identificar um
terceiro ponto quase que comum entre os clássicos: A produtividade. Um quarto
ponto seria a educação, que está ligada diretamente com a produtividade.
Em Smith, Ricardo, Mill e Marshall o aumento da produtividade estimula o
crescimento da produção por um lado, e por outro a acumulação de capital,
decorrente de maiores lucros que elevam o PIB per capita. A educação, que para
Marshall é o principal agente responsável pela elevação da produtividade, e de
seus benefícios decorrentes, é tratada em Mill como forma de melhorar a
qualidade de vida da população e em Smith é necessária para barrar os efeitos
negativos da divisão do trabalho. Como se percebe a educação assume sempre
uma importância , social e econômica, nos clássicos.
A questão da população podemos citar como o último ponto de
convergência entre os clássicos. O crescimento tem nos clássicos (principalmente
em Malthus e Ricardo) dois desdobramentos: A variação populacional como forma
de barrar ou estimular o crescimento econômico, e também como maneira de
melhorar ou piorar a qualidade de vida da população. Para todos os clássicos o
aumento da população no longo prazo acabará sendo o freio definitivo do
crescimento econômico. No curto prazo entretanto, um aumento da população
pode elevar os lucros dos capitalistas (com a queda dos salários dos
trabalhadores), o que traria por sua vez um aumento do investimento, fazendo a
economia crescer novamente, levando-a a um estado de equilíbrio novamente. A
34
queda dos salários, por outro lado, causará uma piora da qualidade de vida das
pessoas. O movimento inverso ocorre quando há uma queda, ou estabilização
populacional, e ao mesmo tempo ocorre um crescimento da economia.
Por fim, os cinco elementos principais que fundamentam a idéia dos
clássicos, quanto ao crescimento e desenvolvimento econômico são:
Investimento, a extensão do mercado (demanda interna e externa), a
produtividade, a educação e a população, ou melhor dizendo, sua variação
(dP/dt).
Entrementes
Marx fez uma profunda análise sobre o capitalismo, de onde se origina, do
porquê ele aumenta e das conseqüências desse aumento. Como Marx chega,
historicamente, após os clássicos, muito sobre o que esses já haviam tratado, foi
retomado por Marx.
Há em Marx também uma ênfase na questão do lucro, para onde esse vai e
de onde se origina. O investimento é a acumulação de capital que decorre da
exploração da força de trabalho. Ou seja, o sistema somente passa a reinvestir
enquanto os trabalhadores forem explorados. O motor do crescimento e do
desenvolvimento é a exploração.
Essa colocação parece ser contraditória, pois não se consegue desenvolver
uma nação sem que não se explore essa mesma nação. A análise de Marx afasta
ele dos clássicos, pois Marx critica o sistema sobre o qual o capitalismo está
fundado. Essa crítica é incorporada, não diretamente, mas indiretamente por
muitos economistas que vêem a crítica marxista como fundamental para as
mudanças qualitativas na vida dos trabalhadores que ocorreram posteriormente.
Essas mudanças podem se enquadrar principalmente na área da educação, que
aumenta a produtividade dos trabalhadores e melhora seu nível de vida
conseqüentemente.
35
Pós clássicos
Ao começarmos a estudar os pós clássicos notamos uma abordagem do
crescimento e desenvolvimento de uma forma mais ampla (envolvendo vários
aspectos, não somente econômicos) como em Nurkse e em Lewis. Eles enfatizam
as variáveis não econômicas como sendo vitais para o processo de
desenvolvimento.
Nurkse fala sobre as condições psicológicas e níveis de desenvolvimento (o
que almeja determinada sociedade) ótimos que estão ligados, e determinam por
vezes, os processos produtivos e o crescimento econômico. Nurkse teve uma
influência Keynesiana e podemos por isso, colocá-lo no grupo de Harrod e Domar.
Lewis também mostra que o desenvolvimento é uma mudança de
comportamento social e individual. Ele estuda diversas causas que determinam o
desenvolvimento econômico, o lucro e seu reinvestimento, população e limites de
crescimento. Lewis, entretanto, recusa-se a fazer uma distinção entre crescimento
e desenvolvimento econômico, por acreditar que ambos estão ligados de forma
inseparável.
Schumpeter como o primeiro dos pós clássicos, faz uma análise
microeconômica do crescimento. O fato de ela ser microeconômica mostra a
grande influência que os clássicos ainda exerciam nos primeiros autores que
estudam o crescimento após os clássicos. Para Schumpeter o crescimento ocorre
setorialmente, no nível das empresas e tem reflexos macroeconômicos. O
reinvestimento do lucro, ou seja, o investimento é considerado fundamental para o
crescimento. Mas como variável fundamental Schumpeter introduz uma nova
concepção, ou melhor, aperfeiçoa e dá mais relevância ao “cientista” do qual
Smith fala em “A riqueza das Nações”. A tecnologia passa a assumir papel
fundamental como fonte de mudanças na economia. Quem na verdade é
36
importante para que o sistema se altere é o empreendedor. Esse sabe aproveitar
essas inovações de uma forma mais lucrativa.
Harrod e Domar concentram-se na questão do investimento e da renda (ou
produto), abordada anteriormente pelos clássicos. Domar procura as taxas
necessárias de investimento fundamentais para manterem um crescimento a
pleno emprego, enquanto Harrod estuda as variações de produto necessárias
para manter esse crescimento.
Uma conclusão interessante de ambos os modelos é a de que a variação
do investimento e do produto raramente coincidirão com as taxas necessárias de
crescimento a pleno emprego. No entanto o estado pode garantir que ambas
coincidam através de determinadas políticas. O modelo também não se aplica aos
países subdesenvolvidos, pois nestes não há uma plena utilização da capacidade,
portanto não podemos determinar as taxas de crescimento coincidentes com as
de investimento e do produto necessário para manter o pleno emprego.
Há uma retomada em Nurkse da questão levantada anteriormente por
Malthus da importância de um crescimento equilibrado, um equilíbrio entre a oferta
e a demanda, para que não haja uma superprodução. Nesses termos Nurkse
ressalta a importância da demanda para que o país cresça. Ele observava que a
oferta deveria crescer em todos os setores, e que somente assim poderia ocorrer
um crescimento da demanda impulsionada pela oferta (Lei de Say). Há uma
retomada também da questão do mercado, anteriormente analisada por Ricardo e
Smith.
Em Lewis, e nos outros pós clássicos, também é retomada uma questão
fundamental: Os limites do crescimento. Para Harrod e Domar, caso fossem
mantidas a variação da capacidade ociosa e do investimento dada a variação do
produto, o crescimento poderia ser contínuo. Em Schumpeter o desenvolvimento
ocorre quando há variações no fluxo circular da economia, ou seja quando
ocorrem inovações (através dos empreendedores), que são espontâneas. Lewis
por sua vez acredita que possa ocorrer uma estagnação da economia, mas não
duvida da capacidade humana em reverter essas tendências.
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Relação Após reunidas as diversas informações sobre os conceitos buscaremos relacioná-
los aqui.
A produtividade e a educação, que foram exaustivamente estudadas pelos
clássicos, não são um dos principais focos dos pós-clássicos, que por outro lado
abordam de novas maneiras a questão do crescimento: a das expectativas
empresariais. É claro que os clássicos estudaram indiretamente a questão, porém
a matematização dessas expectati vas surge com os pós-clássicos.
A população é estudada tanto nos clássicos como nos pós-clássicos, sendo
que nesses a preocupação continua sendo com o crescimento populacional em
um nível igual ao da produção, para que não se criem disparidades, como inflação
(é uma geradora de disparidade, pois faz com que haja concentrações de renda
nas mãos de poucas pessoas) , desemprego, etc.
Os dois principais tópicos que são abordados e aprofundados, tanto pelos
clássicos como pelos pós-clássicos, são os investimentos e o mercado, sendo que
podemos então através desses dois conceitos estabelecer uma relação mais
consistentedas teorias de ambos os grupos.
O investimento advém das taxas de lucros. Lucros mais altos , ceteris
paribus, geram investimentos mais elevados. Todos os clássicos concordavam
com isso, e os pós-clássicos também estavam de comum acordo que essa era de
fato uma variável de peso. No entanto os pós-clássicos incluíram algumas novas
variáveis, como as expectativas empresariais, no cálculo do investimento, como
buscaram Harrod e Domar fazer. Outra determinante dos investimentos seriam as
ondas de inovação e os empreendedores que se aproveitam dessas
oportunidades (Schumpeter).
O mercado , pelo lado da demanda, também é uma variável tida como um
consenso pelo clássicos e pós-clássicos. Principalmente em Nurkse que estuda o
crescimento como uma interação equilibrada entre oferta e demanda, algo tratado
anteriormente por Malthus. Para Malthus uma interação desequilibrada geraria
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excessos de oferta. A expanção do mercado deve ser tanto quantitativa
(clássicos), como qualitativa (pós-clássicos). Se sua extensão for de grandes
proporções, o mercado proporcionará uma produção maior possibilitando o
crescimento da produção, causando ao mesmo tempo um efeito qualitativo interno
e externo. Interno porque aumentará a divisão do trabalho, criando novos postos
de trabalho e funções mais especializadas necessárias no processo produtivo,
fazendo o custo unitário cair, devido ao aumento da produtividade do trabalho
(L/Q). Será externo também, pois um maior número de produtos dentro do
mercado faz com que o preço caia, tornando-o acessível a um maior número de
pessoas, melhorando assim, em termos econômicos, a qualidade de vida da
população, dado uma elevação do aumento do poder aquisitivo real.
Evolução das Teorias de
Desenvolvimento dos Clássicos para
os Pós-Clássicos
Após termos separado e analisado individualmente cada um dos clássicos e
dos pós-clássicos, e observado igualmente qual a ênfase da abordagem de cada
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um deles, investimento, população, educação, produtividade e mercado, torna-se
necessário estudarmos se ocorre uma evolução desses conceitos e teorias.
Entendamos evolução como um processo de agregação benéfico do
conhecimento, onde teorias e conceitos são fundamentados em outras teorias e
conceitos que os precederam.
Dadas as condições históricas em que surgiu as ciências econômicas, o
estudo do desenvolvimento e do crescimento era uma resposta, num primeiro
momento, aos mercantilistas e suas formulações protecionistas, por isso o
liberalismo é adotado como filosofia principal dessa primeira fase.
Hume é o primeiro autor (ainda com traços fisiocráticos) que busca
combater as idéias dos mercantilistas. Sua grande contribuição está no fato de ver
a busca por um livre comércio como fundamental para o crescimento, não quer
dizer, entretanto, que conclama os países pobres a desafiarem o status quo
estabelecido no comércio internacional. Por isso estabelece o mercado
(empresários) como sendo o alocador de capital, ou seja, os países tem
vantagens inerentes para produzirem produtos que carecem de mais tecnologia e
maiores quantidades de capitais, enquanto que os países pobres são mais
competitivos para produzirem produtos que necessitam de uma quantidade maior
de força de trabalho.
Ricardo explica claramente o significado dessas idéias e aperfeiçoa-as,
utilizando-se da teoria das vantagens absolutas de Smith, cria a teoria das
vantagens comparativas. A aplicação dessas teorias na prática, segundo Smith e
Ricardo, seria benéfica para ambos os países que poderiam crescer e se
beneficiar de suas vantagens inerentes.
A principal evolução que ocorre quando se analisa a questão da variação
do investimento, dos clássicos para os pós-clássicos, está na forma matemática
(no sentido de que há uma formalização matemática, o tratamento dado as teorias
é muito mais objetivo) que se dá a essas teorias, principalmente em Harrod e
Domar que tratam de investimentos e acumulação de capital de uma forma mais
quantitativa.
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Outro avanço que ocorre é a da conscientização, principalmente ligada aos
fatos históricos do começo do século 20, até o final da década de 30, sobre os
efeitos decorrentes dos desajustes pelos quais uma economia pode passar,
desajustes que podem ser permanentes, segundo Keynes, caso não haja uma
intervenção firma e por parte do governo para contornar esses desequilíbrios.
Os ciclos econômicos é outro ponto em que ocorre uma evolução do
conceito. Nos clássicos há, devido ao contexto histórico e a grande dependência
dos processos produtivos por trabalhadores, uma preocupação muito grande com
o nível dos salários. Esse nível seria responsável pelos lucros e pelas variações
no nível populacional. Logo, os níveis de salário, ao variar, seriam as causas dos
ciclos econômicos.
Nos pós-clássicos há uma inserção das expectativas empresariais nesse
movimento. Schumpeter coloca como sendo os empreendedores os responsáveis
pelas alterações nesses ciclos. Eles alteram o fluxo circular da renda na economia
inovando. Outra contribuição a questão dos ciclos econômicos está na questão da
manutenção de uma taxa de investimento constante (Domar). Portanto a questão
sobre a ocorrência de ciclos econômicos e seus causadores passam a ser muito
mais complexas, envolvendo fatores psicológicos e sociais.
Essa foi a quarta grande evolução que ocorreu. A partir de Keynes passou-
se a estudar as contas nacionais, o que permitiu uma análise macroeconômica,
diferente da análise essencialmente microeconômica dos clássicos. O que
observou-se, através dessa evolução, é que a análise macroeconômica é muito
mais precisa e conseguia abordar aspectos, como ciclos econômicos, que uma
análise microeconômica não seria capaz.
Um quinto aspecto que poderia ser citado , é a evolução que ocorre,
principalmente quando observamos as péssimas condições de vida dos
trabalhadores no florescimento da revolução industrial, do conceito de crescimento
para o conceito de crescimento com desenvolvimento econômico, com a ênfase
maior dada aos aspectos qualitativos da vida dos trabalhadores. Essa evolução se
dá ao longo do tempo, começa com os clássicos e se estende para os pós
clássicos.
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O enfoque social dado as teorias começou, principalmente, com John Stuart
Mill, que considerava a educação como fundamenta l para criarmos pessoas
capazes de assumirem responsabilidades nas instituições sociais. Smith e
Marshall também, levantaram a importância da educação como capazes de gerar
mudanças dentro da própria estrutura econômica
Para Nurkse o próprio conceito do que seria o desenvolvimento retoma um
pouco a questão dos “salários naturais” em Ricardo, que segundo Ricardo, era
definido muito mais pelas condições sociais de consumo mínimas desejadas, do
que por termos fisiológicos apenas. O padrão que uma sociedade espera
alcançar, ao buscar o desenvolvimento econômico, está ligado como que a
sociedade almeja, ou vê, como sendo o padrão ideal.
Podemos dizer que Lewis completa essa idéia, da incorporação de
determinados níveis de vida, dizendo que o crescimento econômico está
intrinsecamente ligado a essas condições. O desenvolvimento econômico passa a
ser também considerado como uma mudança de atitude das pessoas, e por fim da
própria sociedade, para melhorar a qualidade de vida.
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Conclusões
A partir das análises feitas, e dos dados levantados, conclui-se que existe
uma relação entre os conceitos de desenvolvimento e crescimento econômico de
diferentes autores. Há por um lado uma relação histórica entre os conceitos,
enquanto existem dois autores, por exemplo Ricardo e Malthus, que convivem em
uma mesma época e passam a trocar informações entre si, influenciando a
formação de suas teorias, mesmo que estas abordam determinados temas sob
diferentes aspectos. Por exemplo, Ricardo tinha uma grande preocupação,
quando se trata de crescimento da economia, com o valor dos salários, pois
salários altos desestimularam os investimentos, já Malthus alertava sobre os
efeitos, principalmente no impacto destes no crescimento, que ocorreriam dentro
da economia caso ocorresse uma escassez de demanda.
Outra conclusão que podemos extrair dos dados obtidos são a respeito da
evolução, pressupondo-se que exista um aperfeiçoamento das teorias na medida
em que novas técnicas de pesquisa e correção sejam criadas para esse fim. A
inserção de métodos quantitativos pode, portanto, ser considerada uma evolução,
não os métodos quantitativos em si, mas a sua aplicação deu maior precisão e
poder de previsão as teorias.
A análise macroeconômica é outro aspecto importante, que podemos
considerar como uma evolução, pois permitiu uma visão e estudo geral da
economia, principalmente a partir de Keynes, onde conceitos como demanda
agregada e oferta agregada são estudadas de forma profunda e busca-se através
desta visão geral extrair-se respostas para os problemas da economia, não só
problemas de curto prazo, como desemprego e inflação, mas também (através de
autores como Nurkse e Lewis) questões como o cresciemtno sustentado longo
prazo.
Consideramos por fim, que a pesquisa poderá auxiliar muitos alunos que
estão iniciando seus estudos de Economia, dando-lhes uma base para que se
entenda os conceitos e o significado de desenvolvimento e crescimento
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econômico ao longo do tempo e abrindo também uma porta para que venham a
interessar-se por esses autores que contribuíram para a formação dessas teorias
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Bilbiografias DENNI, H. História do Pensamento Econômico.
DORNBUSH, FISCHER, STARTZ Macroeconomia. Makron Books.
FURTADO, C. Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico.
ROSTOW, W. W. Theorists of Economic Growth – From David Hume to the
Present.
ROSTOW, W. W. Etapas do Desenvolvimento Econômico.
SACHS, LARRAIN. Macroeconomia. Makron Books.
SOUZA, N. J. Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Atlas, 1999.
Bilbiografia de Schumpeter, Lewis, Nurkse e Domar . Disponível em
<http://members.tripod.com/grupohead/economistas. Acesso em: 10 Agosto, 2004.
Economistas. Enciclopédia Microsoft Encarta, 2001. 1 CD-ROM.
Economistas. Almanaque Abril, 2002. 1 CD-ROM.