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Desigualdades Sociais no Acesso e na Utilização de
Serviços de Saúde
Claudia Travassos
CICT/FIOCRUZ80 Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva e 110 Congresso Mundial de Saúde Pública
21 a 25 de agosto de 2006, Rio de Janeiro
Resumo da Apresentação
Relação entre desigualdades sociais na saúde e desigualdades sociais no acesso e utilização dos serviços de saúde
Impacto dos serviços de saúde nas desigualdades sociais em saúde
Algumas evidências internacionais
O Sistema Único de Saúde – como estamos e o que vem mudando?
Aspectos relevantes para redução das desigualdades sociais na procura aos serviços no Brasil
Desigualdades sociais em saúde e nos serviços de saúde
Os serviços de saúde têm impacto limitado na redução das desigualdades sociais em saúde
Modelo Abrangente sobre os Determinantes da Modelo Abrangente sobre os Determinantes da SaúdeSaúde
Ambiente Social
Ambiente Físico
Herança Genética
Serviços de SaúdeDoença
ProsperidadeBem- Estar
Saúde
Respostas Individuais
-Comportamento-Biologia
Fonte: Evans & Stoddart, 1994
Serviços médicos pessoais SAÚD
EServiços médicos não pessoais
Ação intersetorial
Outros fatores
Cobertura
Cobertura
Fonte: OPS 2001
Sistemas de Saúde
Sistemas de Saúde e Desigualdades Sociais em
Saúde Estudo recente, em Manitoba - Canadá, mostrou que apesar da igualdade
social no acesso aos serviços de saúde existente – que implica em maior
utilização de serviços entre as pessoas de pior condição social – as
desigualdades em saúde desfavoráveis a esse grupo persistem.
O acesso universal é a política correta para obtenção de cuidados de
saúde para as pessoas que deles necessitam, mas os investimentos
nos serviços de saúde não devem ser “vendidas” como políticas cujo
objetivo primário é a redução das desigualdades sociais em saúde.
Noralou Roos et alli, Universal Medical Care and Health Inequalities: Right Objectives, Inssuficient Tools, 2006. Healthier Societies, OUP, Capítulo 5
Acesso universal desde 1996 à terapia antiretroviral Incidência de AIDS – Houve uma redução na incidência, mas sua
distribuição manteve-se desigual entre os grupos sociais e o perfil da
desigualdade social na epidemia de AIDS se inverteu: começou em pessoas
em melhor posição social, progrediu em direção aos grupos de pior posição
social e nas mulheres (Goretti et al, 2003).
Estudo mostrou - ao nível ecológico, que a política de acesso universal e
gratuito à terapia antiretroviaral reduziu as desigualdades sociais na
mortalidade por AIDS (Antunes at al, 2005)
•
Um exemplo brasileiro: o efeito dos serviços de saúde na redução
das desigualdades sociais em saúde
Igualdade social no acesso aos serviços de saúde -
justiça
Uma doença que não é tratada ou prevenida por motivos sociais (por exemplo por causa da pobreza), e não por uma decisão pessoal, tem repercussão particularmente negativa na justiça social,
Sen A, Por qué la equidad em salud? Revista Panamericana de Salud Pública. 11(5-6). 2002
Igualdade social no acesso aos serviços de
saúde - justiça Os serviços de saúde cumprem um papel importante na
prevenção de doenças e incapacidades, na minimização de suas conseqüências e do sofrimento delas decorrentes.
Abrandam as desvantagens de oportunidades decorrentes da doença e incapacidade – que distribuem-se desigualmente em grupos socialmente distintos
Os serviços de saúde assumem “importância moral especial por serem uma contribuição central (embora que limitada) na proteção de nossas oportunidades e capacidades”.
Cuidados de saúde com um DireitoNorman Daniels, Setting Limits Fairly, OUP, 2002.
Sistema de Saúde como um Determinante Social da
Saúde (Comissão de Determinantes Sociais –OMS)
• Os sistemas de Saúde refletem e [podem] exacerbar os padrões existentes de desigualdades sociais (desigualdades sociais no acesso e nos resultados do cuidado (outcome);
• Representam um espaço a partir do qual pode-se contestar as relações de poder e reduzir as desigualdades sociais existentes
Acesso indica o grau de facilidade ou dificuldade com que as pessoas obtêm serviços de saúde (Donabedian, 2003).
As desigualdades sociais no acesso são expressão direta das características do sistema de saúde.
As desigualdades sociais no acesso e na utilização de serviços variam de modo expressivo entre países, em função das características particulares de seus sistemas de saúde
Países membros OECD [Organization for Economic Cooperation and
Development]
Não há desigualdade social [renda] na probabilidade de consultar médico generalista, quando necessário.
Em quase todos os países, a probabilidade de consultar um médico especialista, quando necessário, é maior dentre as pessoas mais ricas. Uma exceção é a Inglaterra.
Essa desigualdade foi maior no México e nos Estados Unidos, países sem cobertura universal.
As desigualdades na probabilidade de consultar um médico especialista foi maior nos países com opção de consulta médica no setor privado
Doorslaer et alli, 2006
Estudo da OECD
Proporção de pessoas que realizaram consultas médicas ano anterior
Média 70% - 80%Grécia: 63%México: 21%
Desigualdades Sociais no acesso Brasil
No Brasil, estudos entre 1989 e 2006, indicam que são as pessoas de maior renda, maior escolaridade, com cobertura de plano de saúde, residentes em áreas urbanas e na Grande regiões mais desenvolvidas do país que procuram e utilizam mais serviços de saúde quando necessitam
Proporção de pessoas segundo auto-avaliação do estado de saúde e utilização de serviços nos quinze dias que antecederam à entrevista por classe de rendimento familiar. Brasil, 2003 (PNAD)
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
Até 1saláriomínimo
Mais de1 a 2
saláriosmínimos
Mais de2 a 3
saláriosmínimos
Mais de3 a 5
saláriosmínimos
Mais de5 a 10
saláriosmínimos
Mais de10 a 20saláriosmínimos
Mais de20
saláriosmínimos
Uso deserviços
Autoavaliaçãoruim e muitoruim
Probabilidades relativas de internação no SUS padronizadas por sexo e idade – 2000(Oliveira, Evangelina, tese de doutorado ENSP/FIOCRUZ, 2005)
Revascularização do miocárdio
0 - 0.50.501 - 11.001 - 1.51.501 - 22.001 - 33.001 - 3.53.501 - 3.75
PRIP
Procedimentos mais freqüentes
0.216 - 0.50.501 - 11.001 - 1.51.501 - 2
PRIP
2.001 - 2.136
O que vem mudando?
Os dados dos Suplementos Saúde da PNAD 1998 e 2003 indicam:
Redução nas desigualdades sociais e geográficas no uso de serviços de saúde;
Aumento da participação do SUS como fonte de financiamento dos serviços consumidos (57,2% - 66,7%);
Aumento da participação dos Postos e Centros de Saúde na prestação dos serviços consumidos.
Proporção de pessoas que realizaram consulta médica no ano anterior à entrevista por classe de rendimento familiar mensal. Brasil, 1998 e
2003 (PNAD)
49,7 50,0 51,7 53,456,5
60,8
67,262,9
58,5 59,4 60,7 62,366,0
71,7
78,3
54,7
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Total até 1 saláriomínimo
mais de 1 a2 saláriosmínimos
mais de 2 a3 saláriosmínimos
mais de 3 a5 saláriosmínimos
mais de 5 a10 salários
mínimos
mais de 10a 20
saláriosmínimos
mais de 20saláriosmínimos
1998
2003
Fatores que impactam a procura de serviços de
saúde
“Peregrinação” em busca de atendimento
Fatores que impactam a procura aos de serviços de
saúde
Qualidade dos serviços
Baixa qualidade dos serviços
Afeta desproporcionalmente as pessoas de pior condição social;
Impacta negativamente os resultados dos cuidados prestados;
Serviços [de atenção primária] faz com que as pessoas “desconheçam”os serviços mais próximos ou de referência e procurem serviços de maior complexidade ou no setor privado.
Gera gastos desnecessários e perpetua o círculo vicioso de desigualdades
Qualidade do Cuidado
Discriminação dos Profissionais de Saúde
Fenômeno universal, apesar de apresentar-se com características locais;
Pesquisa Mundial de Saúde – CICT/FIOCRUZ;
Intervenção
Fatores que impactam a procura e a utilização de
serviços de saúdeInformação e Comunicação
“Acesso Percebido”
Responsabilidade dos sistema e serviços de saúde informar sobre os direitos das pessoas; sobre os serviços disponíveis e o valor potencial de cuidados de saúde específicos
Informação deve ser capaz de ser absorvida pelos indivíduos [gradiente social] de forma a orientar sua decisão sobre a procura serviços e sua participação nos cuidados de saúde.
“O SUS pra valer: universal, humanizado e de qualidade”.
Fórum da Reforma Sanitária Brasileira