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Monografia de Graduação DETERMINAÇÃO DE DADOS DE EQUILÍBRIO DE FASES DE SISTEMAS HIDROCARBONETOS UTILIZANDO O EBULIÔMETRO FISCHER Isaac Porfírio de Oliveira Natal, novembro de 2008

DETERMINAÇÃO DE DADOS DE EQUILÍBRIO DE FASES DE … · information about the properties of the phases involved which is essential for analysis ... 8.1 - Dados de equilíbrio líquido

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Monografia de Graduação

DETERMINAÇÃO DE DADOS DE EQUILÍBRIO DE FASES DE SISTEMAS

HIDROCARBONETOS UTILIZANDO O EBULIÔMETRO FISCHER

Isaac Porfírio de Oliveira

Natal, novembro de 2008

2

Isaac Porfírio de Oliveira

DETERMI�AÇÃO DE DADOS DE EQUILÍBRIO DE FASES DE

SISTEMAS HIDROCARBO�ETOS UTILIZA�DO O

EBULIÔMETRO FISCHER

Relatório do trabalho final de curso

apresentado a banca examinadora do

Departamento de Engenharia Química (DEQ) da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN) como pré-requisito para obtenção do

conceito na disciplina trabalho e conclusão de

curso (DEQ0300) no período letivo de 2008.2.

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Chiavone-Filho.

�ATAL

Novembro/2008

3

Isaac Porfírio de Oliveira - Determinação de Dados de Equilíbrio de Fases Utilizando

o Ebuliômetro Fischer. Monografia, UFRN, Departamento de Engenharia Química.

Áreas de Concentração: Engenharia de Processos e Processo de Separação, Natal/RN,

Brasil.

Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Chiavone-Filho

RESUMO: Este trabalho visa à obtenção de dados de equilíbrio de fases de sistemas

hidrocarbonetos que simulem o comportamento de equilíbrio da água de produção

sintética e da própria água de produção do campo em amplas faixas de temperatura e

pressão. Esse conjunto de dados permite conhecer as propriedades das fases envolvidas

o qual é fundamental para análise e caracterização do comportamento da água de

produção, requerido para o tratamento da mesma na indústria do petróleo. O método

experimental que será aplicado neste trabalho é sintético e analítico, para a

determinação de dados de equilíbrio líquido-vapor e equilíbrio líquido-líquido-vapor.

_____________________________________________

Palavras Chaves:

- Equilíbrio de fases, Água de Produção, n-Decano, Tolueno.

BA�CA EXAMI�ADORA:

Presidente: Prof. Dr. Adriano dos Santos

Membros:

Prof. Dr. Osvaldo Chiavone-Filho

Profª. Dra. Maria Carlenise P. A. Moura

4

ABSTRACT

This paper aims to obtain data on phase equilibrium of hydrocarbon systems that

simulate the behavior of the balance of water production of synthetic and in the field

water production in broad ranges of temperature and pressure. This set of data provides

information about the properties of the phases involved which is essential for analysis

and characterization of the behavior of water production, required for the treatment of

the same in the petroleum industry. The experimental method used in this study is

synthetic and analytical, to determine the data of equilibrium liquid-vapor and

equilibrium liquid-liquid-vapor.

5

“A arte de escutar é como uma luz que dissipa a escuridão da ignorância”.

Dalai Lama

Esta monografia é dedicada:

A minha mãe, minha avó e meus amigos.

6

AGRADECIME�TOS

Agradeço primeiramente a Deus por tudo que aconteceu e tem acontecido comigo

durante a graduação e conclusão desde trabalho.

A minha Mãe e minha Avó que estiveram sempre ao meu lado em todos os

momentos da minha vida.

A Lucicléia Paiva da Silva e família que me deram bastante apoio no

desenvolvimento do meu trabalho.

Ao Prof. Dr. Osvaldo Chiavone-Filho pela sabedoria, competência e

responsabilidade com que me orientou ao longo deste trabalho.

A todos os amigos da graduação, em especial àqueles que me ajudaram a

atravessar as dificuldades encontradas durante o curso.

Agradeço a ANP (Agencia Nacional do Petróleo) pelo apoio financeiro e ao

Nupeg (Núcleo de Pesquisa de Petróleo e Gás Natural/UFRN) pela estrutura física e

suporte a este trabalho.

Índice

7

Agradecimentos

1 – Introdução 10

2 – Objetivos 13

3 – Relevância do trabalho 15

4 – Aspectos Teóricos 17

4.1 – Potencial Químico como um critério de Equilíbrio de fases 18

4.2 – Propriedades da fase líquida a partir de dados de ELV 20

4.2.1 - Fugacidade 20

4.2.2 - Atividade 21

4.2.3 - Coeficiente de Atividade 22

4.3 - Função de Gibbs em excesso e Coeficiente de Atividade 22

4.4 - Equilíbrio e Estabilidade 23

4.5 - Equilíbrio Líquido-Líquido-Vapor 24

5 – Estado da Arte 25

5.1 – Dados de Equilíbrio de Fases 26

5.2– Métodos Experimentais para Determinar dados de ELV 26

5.2.1 – Métodos Analíticos 26

5.2.2 – Método Sintético 27

5.3 - Água de Produção 28

5.4 – Água de Produção x Água de injeção 28

6 – Método Experimental 30

6.1. - Equipamento 31

6.1.1 - Princípio de funcionamento do Ebuliômetro Fischer 32

6.1.2 - Procedimento experimental no Ebuliômetro Fischer 34

6.1.3 - Operações do controlador 36

6.2 - Procedimento Experimental 39

6.2.1 - Construção e avaliação de diagramas pressão x temperatura dos sistemas hidrocarbonetos

39

6.2.2 - Reagentes 40

6.2.3 - Análises das Amostras 40

6.2.4 - Método do TOC 40

6.2.5 - Regressão de dados 41

6.2.6 - Regressão não linear 41

8

7 – Resultados e Discussões 43

7.1 – Construção das curvas pressão x temperatura das misturas hidrocarbonetos e hidrocarbonetos salinas

44

7.2 – Análise qualitativa das misturas hidrocarbonetos de n-Decano 48

7.3 – Construção das curvas pressão x temperatura da água de produção 50

7.4 - Análise quantitativa de misturas hidrocarbonetos de n-Decano e água de produção

52

8 - Conclusões 54

8.1 - Dados de equilíbrio líquido vapor da mistura sintética água + tolueno

55

8.2 - Análise qualitativa e quantitativa da mistura hidrocarboneto de H2O/n-Decano/Sal e água de produção

56

8.3 - Projeções Futuras 57

Bibliografia 58

9

Lista de Figuras

Figura 1. (Fig. 4.1) – Representação esquemática do ELV Figura 2. (Fig. 4.2) – Diagrama Txy a pressão constante para um sistema binário

exibindo ELLV

Figura 3: (Fig. 5.1) – Método do Tipo sintético para determinação de dados de ELV.

Figura 4: (Fig. 5.2) - Fotografia de testemunhos de tubulações usadas na exploração marítima de petróleo, já em estado avançado de incrustação.

Figura 5: (Fig. 6.1) - Ebuliômetro Fischer acoplado ao controlador M101, Bomba à vácuo e sistema de refrigeração

Figura 6: (Fig. 6.2) - Descrição do ebuliômetro Fischer-602 Figura 7: (Fig. 6.3) - Controlador do ebuliômetro “Fischer ” Figura 8: (Fig. 6.4) - Menu principal do controlador Figura 9: (Fig. 6.5) - Menu da manta de equilíbrio

Figura 10: (Fig. 6.6) - Menu da leitura de aquecimento

Figura 11: (Fig. 7.1) – Diagrama Pressão x Temperatura da solução H2O/Sal

Figura 12: (Fig. 7.2) – Diagrama Pressão x Temperatura de mistura Tolueno/Água Figura 13: (Fig. 7.3) – Diagrama Pressão x Temperatura de mistura n-Decano/Água Figura 14: (Fig. 7.4) – Fases líquida e vapor do H2O/n-Decano (3v/v) Figura 15: (Fig. 7.5) – Fases líquida e vapor do H2O/n-Decano (10v/v) Figura 16: (Fig. 7.6) – Comparação entre as fases vapor do H2O/n-Decano (10v/v e 3v/v) Figura 17: (Fig. 7.7) – Fases líquida e vapor do H2O/n-Decano/Sal (3v/v e 5000ppm)

Figura 18: (Fig. 7.8) – Diagrama Pressão x Temperatura da Água de produção Figura 19: (Fig. 7.9) – Diagrama Pressão x Temperatura (Água de produção e Água + decano)

Lista de Tabelas

Tabela 1. (Tab. 7.1) – Constantes de Antoine de soluções salinas.

Tabela 2. (Tab. 7.2) – Constantes de Antoine de misturas tolueno/água Tabela 3. (Tab. 7.3) – Dados de temperatura e pressão de misturas de n-decano

Tabela 4. (Tab. 7.4) – Constantes de Antoine de misturas tolueno/água.

Tabela 5. (Tab. 7.5) – Dados de equilíbrio de fases da água de produção Tabela 6. (Tab. 7.6) – Resultados de análise pelo método do TOC para a mistura

Água + Decano

Tabela 7. (Tab. 7.7)– Resultados das análises pelo método do TOC para a Água de

produção

10

Capítulo I

INTRODUÇÃO

11

1 1. I�TRODUÇÃO

Tratamento de água de Produção Ao longo da vida produtiva de um campo de petróleo ocorre, geralmente, a

produção simultânea de gás, óleo e água, juntamente com impurezas.

Como o interesse econômico se restringe na produção de hidrocarbonetos (óleo e

gás), há necessidade de dotar os campos (marítimos e terrestres) de “facilidades de

produção”, que são instalações destinadas a efetuar, sob condições controladas, o

“processamento primário dos fluidos”, ou seja:

o A separação do óleo, do gás e da água com as impurezas em suspensão;

o O tratamento ou condicionamento dos hidrocarbonetos para que possam ser

transferidos para as refinarias onde é efetuado o processamento propriamente

dito; e

o O tratamento de água para re-injeção ou descarte.

Dependendo do tipo de fluidos produzidos e da viabilidade técnico-econômica,

uma planta de processamento primário pode ser simples ou complexa. As mais simples

efetuam apenas a separação gás/óleo/água, enquanto que as mais complexas incluem o

condicionamento e compressão do gás, tratamento e estabilização do óleo e tratamento

da água para re-injeção ou descarte. Toda planta possui uma capacidade nominal de

processamento, projetada em função do estudo de diversos parâmetros do campo

produtor [1].

O nosso estudo se direciona para o tratamento de água para re-injeção ou

descarte em que a quantidade de água produzida associada com o óleo varia muito,

podendo alcançar valores da ordem de 50% em volume ao até mesmo próximo de 100%

ao fim da vida econômica dos poços. O tratamento da água tem por finalidade recuperar

parte do óleo nela presente em emulsão e condicioná-la para re-injeção ou descarte.

O tratamento da água de produção é muito importante, pois proporciona

benefícios ambientais e econômicos. O descarte da água pode ser feito dentro de

12

determinadas especificações, regulamentadas por orgãos de controle do meio ambiente

que limita a quantidade de poluentes (teor de óleo, graxa, H2S, etc.) nos efluentes

aquosos. A água separada do petróleo é um efluente cujo descarte tem que ser feito com

os devidos cuidados para não agredir o meio ambiente, em função:

o Do seu volume. Em média, para cada m3/dia de petróleo produzido são

gerados três a quatro m3/dia de água. Há campos em que este número se

eleva a sete ou mais. Nas atividades de exploração, perfuração e

produção, a água produzida responde por 98% de todos os efluentes

gerados;

o Da sua composição (presença de sais, óleo e outros constituintes nocivos

ao meio ambiente, ausência de oxigênio e temperatura elevada).

O descarte deve ser feito o mais próximo possível do campo produtor, para

evitar problemas no transporte e armazenamento, além de desperdícios de energia. Em

vista disso a solução comumente adotada é:

o Campos marítimos (offshore): lançá-la ao mar após reduzir o teor de óleo

aos níveis exigidos pela legislação. No Brasil, o Conselho Nacional do

Meio Ambiente determina, dentre outras coisas, que “os efluentes de

qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados, direta ou

indiretamente, nos corpos d’água desde que o teor de óleos minerais seja

inferior a 20mg/l”. Pode ser injetada em poços para fins de recuperação

secundária.

o Campos terrestres: injetá-la em poços para fins de recuperação

secundária ou descarte, após o devido tratamento, de modo que esta não

venha causar problemas no reservatório e nos equipamentos através de

corrosão e/ou entupimento dos poços.

Nesse estudo, os dados de equilíbrio líquido-vapor avaliados irão contribuir

bastante no estudo do comportamento físico-químico de sistemas presentes nas águas

produzidas em campos de petróleo. Este projeto tem a finalidade de dar um primeiro

suporte prático para o desenvolvimento de equipamentos capazes de diminuir a

quantidade de contaminantes presentes nas águas de produção em campos de petróleo

para que esta seja reutilizada ou descartada no meio ambiente com os padrões exigidos

pelos orgãos controladores ambientais.

13

Capítulo II

OBJETIVOS

14

2 2. OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é a determinação de dados de equilíbrio líquido-vapor

(ELV) e equilíbrio líquido-líquido-vapor (ELLV) de misturas de hidrocarbonetos

capazes de simular o comportamento da água de produção de forma sintética e análises

da própria água de produção do campo. Os dados foram obtidos em amplas faixas de

temperatura e pressão, com vistas à requerida análise e caracterização destes

componentes.

15

Capítulo III

RELEVÂNCIA DO TRABALHO

16

3

3. RELEV�CIA DO TRABALHO

O estudo e o conhecimento de dados de equilíbrio líquido-vapor e equilíbrio

líquido-líquido-vapor permitem o conhecimento do comportamento da água de

produção frente a inúmeros processos de tratamento que venha a ser desenvolvido,

dentre eles o evaporador solar que não vem a ser objeto de estudo deste trabalho, no

entanto, necessita de dados de ELV e ELLV para o seu desenvolvimento.

17

Capítulo IV

ASPECTOS TEÓRICOS

18

4

4. ASPECTOS TEÓRICOS

4.1 - Potencial Químico como um critério para o Equilíbrio de Fases [2]

Em 1875, J.W. Gibbs definiu uma função chamada potencial químico que pode

expressar matematicamente o problema de equilíbrio de fases em termos de composição

(Prausnitz et al., 1986).

O potencial químico de um componente i (µi) é uma grandeza intensiva que em

termos da energia de Gibbs (G) é definida como uma função das variáveis usualmente

medidas: temperatura (T), pressão (P) e composição ou número de moles de cada

componente (ni), tratando-se, portanto, de uma propriedade parcial molar da energia

livre de Gibbs (GI).

A definição do potencial químico também pode ser encontrada pela

diferenciação total da função G, justamente no termo que multiplica a variação do

número de moles, vide equação (2).

Integrando a T e P constantes, ou a partir do teorema de Euler, pois µi é uma

propriedade parcial molar de G, obtém-se a seguinte propriedade aditiva:

Em um sistema fechado

constituído por duas fases em

19

equilíbrio, teremos no interior do sistema cada uma das fases individualmente sendo um

sistema aberto, livre para transferir massa para a outra fase, conseqüentemente teremos:

(4)

(5)

onde os sobrescritos α e β identificam as fases. Ao escrever estas expressões, admitimos

que no equilíbrio T e P são uniformes o longo de todo o sistema.

Para o número de moles tem-se:

(6)

A condição necessária e suficiente para que um sistema heterogêneo fechado

multicomponente esteja em equilíbrio, a temperatura e pressão constantes, é que a

função de Gibbs, G, seja mínima. Deste princípio, resulta que em equilíbrio, quaisquer

variações diferenciais, não devem originar alterações na função de Gibbs do sistema,

podendo traduzir-se do seguinte modo:

(7)

Se o sistema é fechado, tem-se:

(8)

Conseqüentemente

(9)

Como os dniα são independentes e arbitrários, a única forma de o lado esquerdo

desta equação ser nulo é através da imposição de que cada termo entre parênteses

separadamente seja zero.

(10)

onde N é o número de espécies presentes no sistema. Podemos generalizar para mais de

duas fases a igualdade dos potenciais químicos. Para п fases, segue que:

βββββ

ααααα

µ

µ

iii

iii

dndTnSdPnVnGd

dndTnSdPnVnGd

Σ+−=

Σ+−=

)()()(

)()()(

0)( =−=Σαβα µµ iii

idn

20

( i = 1,2,...,N) (11)

obtendo-se assim o critério de equilíbrio.

4.2 - Propriedades da fase líquida a partir de dados do ELV

4.2.1 - Fugacidade

A figura 4.1 mostra um vaso em cujo interior uma mistura vapor e uma

solução líquida coexistem em equilíbrio líquido/vapor. A temperatura T e a pressão P

são uniformes em todo o vaso.

Figura 4.1 – Representação esquemática do ELV

Para a espécie i na mistura vapor temos,

(12)

onde yi representa a composição da fase vapor e Φ é o coeficiente de fugacidade

do vapor saturado.

Para o equilíbrio líquido/vapor tem-se l

i

v

iff∧∧

= para cada espécie.

Conseqüentemente,

(13)

πβα µµµ iii === ...

Vapor T, P, {y1}

Líquido T, P, {x1}

Pyf i

v

i

∧∧

Φ=

Pyf ii

v

i

∧∧

Φ=

21

Para o ELV a baixa pressão, fases vapor normalmente se aproximam de gases

ideais, para os quais 1=Φ∧

i . Esta hipótese introduz um pequeno erro e reduz a equação

anterior a:

(14)

Desta forma a fugacidade da espécie i na fase líquida é dada com uma

boa aproximação pela pressão parcial da espécie i na fase vapor. No limite onde xi = yi

= 1, a pressão total se iguala à pressão de vapor de espécie pura i, e .sat

i

v

i

l

iPff ==

∧∧

A equação (15) apresenta a relação generalizada de Lewis entre o potencial

químico e a fugacidade.

(15)

4.2.2 - Atividade

A razão das fugacidades da equação 15 foi definida como atividade

(Lewis et al. 1961). Ela expressa o quão ativa a substância está na solução em relação ao

estado de referência adotado.

(16)

A fugacidade de referência pode ser escolhida independentemente para cada

componente “i” da solução. De acordo com o comportamento da lei de Raoult, isto é,

Assim, como visto na seção 4.2.1, para baixas pressões e

componentes não associáveis pode ser aproximado à , isto é, fazendo igual a

1 (vapor saturado ≅ gás ideal) e desprezando a correção de Poyinting (Prausnitz et al.,

1986), que representa a correção da pressão sobre a fugacidade. Combinando com as

Equações (11) e (12). (17)

Analisando a equação (17), observa-se claramente que para uma solução ideal

onde γi = 1, a atividade é igual à própria concentração. Isto é análogo à pressão parcial

numa mistura de gases ideais, neste caso trabalhando com o conceito de fugacidade.

Pyfv

i 1=∧

22

4.2.3 - Coeficiente de Atividade

Assim, como mencionado anteriormente, o coeficiente de fugacidade do vapor

Saturado e do componente i na fase vapor expressam o afastamento do

comportamento de gás ideal, onde as forças intermoleculares são nulas. De forma

análoga, o coeficiente de atividade trabalha com outro modelo de referência, pois trata

as não-idealidades da solução (fase líquida e sólida). Esta referência normalmente é a

solução de Raoult ou a de Henry.

Fazendo a solução ideal de Raoult, assume-se que os componentes interagem

entre si de forma similar quando comparadas às interações quando eles estão sozinhos,

ou puros. Contudo, as misturas apresentam forças intermoleculares facilmente

diversificadas e é o coeficiente de atividade quem vai levar em consideração estas

interações.

4.3 - Função de Gibbs de Excesso e Coeficientes de Atividade

Define-se propriedade de excesso como sendo a diferença entre uma propriedade

termodinâmica de uma mistura real a uma dada temperatura, pressão e composição e a

mesma propriedade calculada para uma mistura ideal nas mesmas condições.

Para a função de Gibbs molar em excesso, tem-se:

(18)

Os coeficientes de atividade, estão relacionados com a função de Gibbs molar

em excesso (Prausnitz et al. 1986), segundo a expressão:

(19)

A equação de Gibbs-Duhem aplicada à função de Gibbs em excesso determina

que:

(20)

23

em que são respectivamente, o volume molar em excesso e a entalpia molar em

excesso.

Qualquer expressão que traduza a dependência do coeficiente de atividade com a

composição deve satisfazer a equação de Gibbs-Duhem.

A equação (20) constitui a base de desenvolvimento de testes para avaliação da

consistência termodinâmica de dados experimentais.

A temperatura e pressão constantes, a equação de Gibbs-Duhem é simplificada:

(21)

Diferenciando a equação (19), a temperatura e pressão constantes, e atendendo a

equação (21), obtém-se a relação que permite calcular os coeficientes de atividade

individuais, a partir de

(22)

sendo nt o número total de moles da mistura líquida.

Para pressões moderadas pode-se supor que os coeficientes de atividade, bem

como as outras propriedades de líquidos são, em geral, longe do ponto critico pouco

dependentes da pressão.

4.4 – Equilíbrio e estabilidade

Sabe-se que em sistemas fechados que contém um número arbitrário de espécies

e fases no qual a temperatura e a pressão são uniformes quaisquer mudanças que

ocorram no sistema são necessariamente irreversíveis e levam o sistema para mais perto

de seu estado de equilíbrio. O estado de equilíbrio de um sistema fechado é aquele

estado no qual a energia de Gibbs total é um mínimo em relação a todas as possíveis

mudanças nas T e P especificadas [2].

24

4.5 – Equilíbrio Líquido-Líquido-Vapor

Um sistema binário constituídos por duas fases líquidas e uma fase vapor em

equilíbrio possui (de acordo com a regra das fases) um grau de liberdade.

Consequentemente, para uma dada pressão, a temperatura e as composições das três

fases estão especificadas. Em um diagrama temperatura/composição (figura 4.2), os

pontos que representam os estados das três fases em equilíbrio estão em uma linha

horizontal a T*LLV. A temperatura acima de T*LLV pode ser uma única fase líquida, duas

fases (líquida e vapor) ou uma única fase vapor, dependendo da composição global.

Figura 4.2 – Diagrama Txy a pressão constante para um sistema binário exibindo ELLV

25

Capítulo V ESTADO DA ARTE

26

5

5. ESTADO DA ARTE

5.1 Dados de equilíbrio de fases

No desenvolvimento de projetos com a finalidade otimizar ou criar novos

equipamentos à serem utilizados na recuperação de substâncias presentes em

misturas de hidrocarbonetos os dados de equilíbrio de fases são fundamentais.

Informações experimentais sobre dados de equilíbrio são de grande importância, até

mesmo quando modelos termodinâmicos são usados para calcular o comportamento

de fases de uma mistura [6].

A obtenção destes dados pode ser feita em equipamentos denominados células

de equilíbrio e ebuliômetros, no nosso caso o ebuliômetro Fischer, e as aplicações

práticas destes resultados experimentais podem ser feitas de três maneiras [7]:

• Uso direto para a modelagem matemática e cálculos de projeto de

processos de recuperação;

• Uso para montar modelos teóricos para predizer e calcular propriedades

de interesse;

• Os dados podem ser usados para desenvolver e/ou melhorar processos, e

assim, se adequar e alcançar uma maior eficiência na produção de petróleo.

5.2 Métodos experimentais para obtenção de dados de ELV

Métodos experimentais para a investigação de equilíbrio de fase podem

ser divididos em duas classes principais dependendo como a composição é determinada:

métodos analíticos (ou método direto) e métodos sintéticos (ou métodos indiretos) [6].

27

5.2.1 Métodos Analíticos

Os métodos analíticos envolvem a determinação das composições de

ambas as fases. Isto pode ser feito com a coleta das amostras de cada fase e analisando-

as através de métodos físico-químicos que apresente resultados do comportamento do

sistema no equilíbrio. Dependendo da obtenção das condições de equilíbrio, os métodos

analíticos podem ser classificados como métodos isotérmicos, métodos isotérmicos

isobáricos e métodos isobáricos.

A pressão é controlada e, nas condições de regime permanente, a temperatura

é registrada. As composições das fases líquida e vapor são amostradas e analisadas,

geralmente por cromatografia, densimetria [8], refratometria [9] ou pelo método do

TOC (Carbono Orgânico Total).

5.2.2 Métodos Sintéticos

A idéia de métodos sintéticos é preparar uma mistura de composição

conhecida e então observar o comportamento de fase em uma cela de equilíbrio. Nesse

caso, nenhuma amostragem é necessária. Depois de quantidades conhecidas dos

componentes terem sido colocados em uma cela de equilíbrio, valores de temperatura e

pressão são ajustados de forma que a mistura fique homogênea. Então a temperatura ou

pressão é variada até a observação da formação de uma nova fase. Cada experiência

apresenta resultados onde se constata a pressão de equilíbrio, a temperatura e a

composição.

V

L

Figura 5.1 – Método do Tipo sintético para determinação de dados de ELV.

Pressão

28

Os métodos sintéticos podem ser usados onde métodos analíticos falham, isto

é, quando a separação de fase é difícil devido a densidades semelhantes das fases

coexistentes, por exemplo, próximo a pontos críticos. Freqüentemente, o procedimento

experimental é fácil e rápido [10].

5.3 Água de Produção

As propriedades física, química e biológica da água da formação depende de

dois fatores: a formação geológica e a localização geográfica do reservatório. Estes dois

fatores determinam a concentração e o tipo de espécies inorgânicas presentes na água da

formação que pode ser produzida em conjunto com a água injetada e o petróleo [10].

O cálculo de determinação estimativa de parâmetros termodinâmicos para

sistemas de água de produção não é uma tarefa fácil. A composição química e as

propriedades físicas e químicas destes materiais apresentam comportamento complexo e

variam consideravelmente de um reservatório para outro [7].

5.4 Água de produção x Água de injeção

A incompatibilidade química entre as águas de injeção e de formação

ocasiona um grande inconveniente na exploração de petróleo em plataformas off-shore.

A presença, em elevadas concentrações, de íons SO42- (água de injeção) e de Ba2+ e Sr2+

(água de formação) propicia a formação de precipitados de BaSO4 e SrSO4 ocasionando

depósitos nas paredes dos tubos. Estas incrustações podem dificultar o fluxo do petróleo

(Figura 5.2). Este controle é de fundamental importância, pois, tecnicamente, é

extremamente indesejável a retirada das tubulações para limpeza de incrustações nas

mesmas e, do ponto de vista econômico, pode causar prejuízos significativos quando da

paralisação de um poço em plena atividade de exploração petrolífera [11].

29

Figura 5.2 - Fotografia de testemunhos de tubulações usadas na exploração

marítima de petróleo, já em estado avançado de incrustração.

A água de injeção deve apresentar características que evitem este

comportamento, pois os problemas causados por incrustações são significativos e

trazem grandes prejuízos técnicos e econômicos.

30

Capítulo VI

MÉTODO EXPERIMENTAL

31

6

6. MÉTODO EXPERIME�TAL

6.1 Equipamento

O ebuliômetro de Fischer (Fischer Labor, 1977) apresentado nas Figuras 6.1 e

6.2, trata-se de uma célula dinâmica de medição de dados de ELV, onde ambas as fases

líquida e vapor são circuladas. Este dispositivo é adequado para sistemas não eletrólitos

e permite o estudo de substâncias com alto ponto de ebulição. Os dados de equilíbrio

são obtidos em termos de pressão, temperatura e composições das fases, líquida e vapor

(P,T,x,y).

O dispositivo possui um sistema para amostragem das fases líquida e vapor, as

quais posteriormente podem ser analisadas preferencialmente por cromatografia,

densimetria ou refratometria. Este dispositivo foi aplicado no estudo de misturas de

hidrocarbonetos de interesse industrial.

Figura 6.1. Ebuliômetro Fischer acoplado ao controlador M101,

Bomba à vácuo e sistema de refrigeração

32

6.1.1 - Princípio de Funcionamento do Ebuliômetro Fischer. [3]

O ebuliômetro tipo Fischer foi devidamente montado, testado e colocado em

operação para a obtenção de dados de ELV e ELLV para as misturas multicomponentes

de hidrocarbonetos.

Figura 6.2. Descrição do ebuliômetro Fischer-602

Após a certificação de que todas as ligações elétricas no controlador “M101” e

acessórios que fazem parte do sistema tipo Fischer estejam devidamente corretas, liga-

se o banho termostático (TECNAL TE-184, Brasil) controlando a vazão de água e

programando a temperatura de refrigeração para –5ºC. Ajustam-se os “set-points” para

o aquecimento da mistura e pressão de trabalho. Os condensadores têm como objetivo

evitar perda de solvente e proteger a bomba redutora de pressão contra eventuais

vapores corrosivos quando o sistema é submetido a vácuo.

O ebuliômetro Fischer (Figuras 6.1 e 6.2) tem como princípio a recirculação das

fases líquida e vapor em contato, até que se atinja o estado de equilíbrio (estacionário).

33

Após colocar a mistura líquida no frasco (1.1) ela é aquecida até entrar em ebulição na

câmara de mistura (1.3). O calor fornecido à mistura através do elemento aquecedor

provoca a formação de bolhas de vapor que, juntamente com o agitador magnético que

ajuda no refluxo ou câmara de mistura, agita o líquido em ebulição. O nível do líquido

no refervedor deve estar situado acima da resistência de aquecimento e abaixo da

entrada do tubo ascendente, de forma que as bolhas de vapor desprendidas da fase

líquida arrastem consigo gotículas de líquido e subam através do tubo (1.2),

denominado de “bomba Cottrell”. Durante o percurso pelo tubo, se dá o íntimo contato

entre o vapor e as gotículas de líquido, promovendo as trocas de energia e massa,

necessárias para a caracterização do estado de equilíbrio. A mistura, ao chegar ao final

da “bomba Cottrell”, entra em contato com um termopar (7) para registrar a temperatura

de equilíbrio naquele momento. O vapor continua a subir e, posteriormente, atravessa o

condensador (1.19) e retorna ao frasco da mistura. As gotículas de líquido retornam ao

frasco de mistura através do tubo (1.14).

Após algum tempo, quando ambas as fases estiverem recirculando

continuamente e não houver mais variação sensível na temperatura de equilíbrio por um

período de pelo menos 30 minutos, são retiradas amostras da fase líquida (frasco 5) e

vapor (frasco 5.1) simultaneamente, através do acionamento das válvulas solenóides

(11) e (12). Estas amostras poderão ser analisadas através do densímetro digital,

cromatógrafo CG e/ou TOC (Teor orgânico total) para que sejam determinadas suas

composições. Dessa maneira, teremos obtido as propriedades necessárias para a

caracterização do sistema, ou seja: a pressão total no sistema, a temperatura de

equilíbrio, dada pelo termopar (7), e as composições das fases líquida e vapor ou o seu

teor orgânico em cada fase.

6.1.2 - Procedimento Experimental no ebuliômetro Fischer

Inicialmente fizemos uma adaptação de um tanque “buffer” maior ao sistema

Fischer para se ter uma maior estabilidade da pressão no sistema.

34

O equipamento “Fischer System” possui um sistema automático de controle de

pressão, podendo ser operado sob pressões pré-determinadas, que é mantida constante

durante todo o experimento.

O equipamento deve estar previamente preparado com a substância pura ou

mistura no frasco de mistura (1.1) com o nível acima da resistência de aquecimento, a

água de recirculação nos condensadores fluindo regularmente, e as válvulas (1.10),

(1.19), (1.8) e (1.16) permanecendo fechadas sempre que se iniciar uma corrida no

experimento, para que o interior do equipamento fique “isolado” das variações

atmosféricas. Isso é feito para que a pressão no interior do equipamento se “iguale” com

a pressão pré-determinada no “set-point” durante os estágios iniciais de vaporização e

recirculação das fases líquida e vapor. Assim, garante-se que a pressão no interior do

equipamento permanece “constante” e igual a pressão do “set-point”, pré-fixada.

Verificados estes itens, o controlador pode ser ligado. Deve-se também ligar o

agitador magnético (3) para que a mistura no frasco seja aquecida de maneira uniforme.

Para se obter uma boa recirculação das fases, principalmente da líquida, deve-se regular

o agitador magnético (3) de forma a criar um pequeno vórtice na mistura. A agitação

deve ser suave e contínua. Uma agitação muito lenta pode dificultar a recirculação da

fase líquida. Caso a agitação seja muito elevada, provoca um vórtice muito grande que

funciona como uma bomba, ou seja, irá fazer com que a mistura líquida suba

rapidamente pelo tubo Cottrell, sem permitir um contato suficiente entre as fases por

tempo suficiente para estabelecer o equilíbrio. Depois de se observar estes detalhes,

inicia-se a seguinte seqüência para a aquisição dos dados:

1. No controlador, escolhe-se uma temperatura ideal para o aquecimento da

mistura, através da manta de aquecimento (1.3). Geralmente ela deve ficar em torno de

10°C acima da temperatura de ebulição. Caso o experimento seja iniciado com uma

substância pura ou mistura com ponto de ebulição (Teb ≈ 70°C), coloca-se a

temperatura da manta em torno de 90°C. Se a substância ou mistura tiver um ponto de

ebulição acima de 100ºC (Teb ≈ 108°C), deve-se manter a temperatura da manta em

torno de 115°C, por exemplo.

Observa-se que quando a temperatura de ebulição da mistura estiver muito

próxima, ou até acima, da temperatura de aquecimento imposta pelo controlador, deve-

se escolher uma nova temperatura para o controlador cuja diferença fique em torno de

10°C da temperatura de ebulição da mistura.

35

2. Aperta-se a tecla “start” no controlador e aguarda-se um tempo até que a

mistura entre em ebulição. Iniciada a ebulição, espera-se o aparecimento de uma

contínua recirculação da fase vapor no equipamento. Fecham-se as válvulas (1.10) e

(1.19) para isolar o sistema e evitar oscilações atmosféricas. Regula-se o agitador

magnético, se necessário.

3. Observa-se, no controlador, a temperatura indicada pelo termopar (7) (referido

como “head” no controlador), que é a temperatura no ponto de equilíbrio entre as fases

dentro da câmara. Quando a temperatura estabilizar e houver uma constante

recirculação das fases líquida e vapor, anota-se a temperatura de equilíbrio.

4. Aperta-se a tecla “stop” no controlador e esperar que a mistura pare de

“ferver” no frasco de aquecimento (1.3).

5. Observa-se o nível em que se encontra a mistura no frasco de aquecimento (o

nível deve estar sempre acima da resistência situada no interior do frasco de

aquecimento 1.3 e abaixo da câmara de equilíbrio 1.2). Observação: antes de verificar o

nível da mistura, lembrar de desligar o agitador magnético (3). Abre-se a válvula (1.4) e

retira-se uma pequena quantidade da mistura (~3 mL).

6. Abre-se novamente as válvulas (1.10) e (1.19), liga-se o agitador magnético e

aperta-se a tecla “start” para que seja novamente iniciado o aquecimento da mistura.

7. Após o início da recirculação do vapor, fecha-se as válvulas (1.10) e (1.19) e

regula-se o agitador magnético, se necessário.

8. Espera-se novamente que se estabeleça um fluxo das fases líquida e vapor e

que a temperatura no termopar (7) se estabilize. Anota-se a temperatura de equilíbrio.

9. Retira-se, simultaneamente, amostras da fase líquida e vapor apertando os

controles das válvulas (11) e (12). Observação: ao se acionar as válvulas para

amostragem, o sistema que está em equilíbrio sofre uma perturbação. Para que não seja

retirado amostras do sistema perturbado, deve-se tentar obter, o mais rápido possível,

amostras de ambas as fases ao mesmo tempo. Para tanto, é extremamente necessário

que a fase vapor e, principalmente, a fase líquida, estejam recirculando com um fluxo

constante.

10. Aperta-se a tecla “stop” no controlador, e eleva-se a pressão do sistema até a

pressão ambiente, abrindo as válvulas (1.10) e (1.19) ou mantendo as válvulas (1.19),

(1.8) e (1.16) dos coletores das fases líquidas e vapor respectivamente fechadas e

36

abrindo-se a válvula (1.19). Desta forma ganha-se o tempo no processo de

reaquecimento do sistema.

11. Retira-se os frascos de amostras (5) e (5.1) e se analisa as suas composições

através de densimetria ou cromatografia.

12. Espera-se que a mistura pare de “ferver” no frasco de aquecimento (1.3) e

repete-se os itens 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11 até que se obtenha praticamente um dos

constituintes puro no frasco de mistura, no caso da determinação de uma mistura

binária.

6.1.3 - Operação do Controlador

O controlador “M101” do ebuliômetro “Fischer” é utilizado para fixar o “set

point” de pressão, regular o aquecimento da mistura e ler as temperaturas de equilíbrio

do sistema. O aparelho controlador (Figura 6.3) consiste de uma chave geral on/off (O

ou I), um visor de cristal líquido e teclas funcionais e numéricas. Quando o aparelho

necessita de valores numéricos, as teclas numéricas (canto inferior direito das teclas)

são habilitadas automaticamente. Caso contrário, elas passam a utilizar as funções

descritas nas mesmas.

Figura 6.3. Controlador do ebuliômetro “Fischer ”

Ao ligar o controlador, acionando a tecla (O/I), aparecerá inicialmente no visor a

tela. Após alguns instantes, irá surgir a tela com o menu principal (Figura 6.4). As

opções do menu principal, bem como as dos menus subseqüentes, podem ser

selecionadas utilizando-se as teclas UP e DOW�. Entretanto, a única opção a ser

empregada durante o experimento é a primeira (item 1 – meas.points). Neste item, pode

ser regulada a temperatura da manta de

aquecimento da mistura, além de se obter a temperatura de equilíbrio do sistema.

37

Para selecionar esta opção, deve-se deixar a seta sobre o item desejado e teclar

E�TER.

Figura 6.4. Menu principal do controlador

Um segundo menu irá aparecer com duas opções:

1 – “temperatures”;

2 – “vacuum/ pressures”.

Deixando a seta sobre o item 1 e teclando E�TER novamente, surge o menu

com três opções: A primeira é utilizada para o controle da temperatura de ebulição da

mistura “2 mantle”; sendo esta temperatura fornecida pelo termopar que está em

contato com a mistura (vide Figura 6.2, item 15). A segunda opção é empregada para o

registro da temperatura de equilíbrio “4 head”, indicado pelo termopar no topo da

câmara de equilíbrio (Figura 6.2, item 7).

Ao se entrar no item “2 mantle” irá surgir uma tela como a da Figura 6.5. A

opção preset é o valor de set-point da manta de aquecimento, ou seja, a temperatura

máxima que a manta deverá atingir. O item “act.value” representa a temperatura da

mistura registrada pelo termopar (Figura 6.2, item 15). Para que a mistura entre em

ebulição é necessário que o valor escolhido como “set-point” seja SEMPRE maior que

o valor registrado pelo “act.value”. O ideal é que eles possuam uma diferença em torno

de 10°C. Para modificar o valor do setpoint,

deve-se deixar a seta sobre a opção preset e apertar a tecla MODE. Depois, entra-se

com o novo valor da temperatura e tecla-se E�TER. Para voltar ao menu anterior,

deve-se apertar a tecla ME�.

Observação: Nunca se deve deixar a temperatura do “set-point preset” com uma

diferença muito maior do que a de ebulição da mistura (por exemplo 20°C de

38

diferença). Caso isso ocorra, a mistura poderá ficar superaquecida e indicar valores de

temperatura de equilíbrio mais elevados do que os verdadeiros.

Após regular a temperatura da manta de aquecimento, o controlador já esta

pronto para aquecer a mistura e registrar a temperatura de equilíbrio. Ao se pressionar a

tecla START inicia-se o aquecimento da manta. Ao escolher a opção “4 head” do menu

das temperaturas, irá aparecer um tela como a da Figura 6.6. Nesta tela você poderá

observar a temperatura de equilíbrio, indicada no item “act.value”. É esta temperatura

que deve ser observada até que se estabilize (pelo menos por 20 minutos), sendo

posteriormente anotada como a temperatura de equilíbrio do sistema. O item “limit” que

aparece neste menu, apenas indica um valor escolhido como temperatura máxima aceita

para segurança do aparelho.

Observação: nunca se deve tomar a temperatura indicada no menu da manta “2 mantle”

como sendo a de equilíbrio. Ela indica apenas a temperatura de ebulição da mistura.

Após registrar a temperatura de equilíbrio, pode-se desligar o aquecimento

através da tecla STOP, para que a mistura resfrie e se possa mudar a composição da

mesma. Após modificada a composição da mistura, repete-se todo o processo descrito

acima.

Figura 6.5. Menu da manta de equilíbrio Figura 6.6. Menu da leitura de

aquecimento

Observações:

• Para voltar ao “menu” principal, apertar-se a tecla MAI�

• Para voltar a um nível anterior de menus, aperta-se a tecla ME�-.

No item 5.2, apresenta-se descriminado os sistemas estudados com este

ebuliômetro.

39

6.2 Procedimento experimental

6.2.1 – Construção e avaliação de diagramas pressão x temperatura dos

sistemas hidrocarbonetos

A finalidade de se analisar a determinação de dados de equilíbrio líquido-vapor

(ELV) e equilíbrio líquido-líquido-vapor (ELLV) dos principais constituintes presentes

na água de produção bem como misturas sintéticas de hidrocarbonetos + água + sal e da

própria água de produção nos mostrará o comportamento dessas misturas auxiliando na

análise do processo de evaporação da água de produção para que possam ser

reutilizadas e/ou descartadas.

A obtenção dos dados de equilíbrio foi feita utilizando o ebuliômetro Fischer. As

curvas de pressão x temperatura foram determinadas com pressões variando de

300mmHg a 760mmHg. Foi feita inicialmente a obtenção de dados de equilíbrio

líquido-vapor dos sistemas: água, decano, tolueno, os binários água + decano, água +

tolueno e os sistemas água + sal, decano + sal e decano + água + sal. Por fim

determinaram-se os dados de equilíbrio da água de produção do campo, utilizando a

água de produção para descarte no emissário submarino do Rio Grande do Norte.

Primeiro avaliou-se misturas binárias a diversas proporções (2v/v; 3v/v; 10v/v e

20v/v) para avaliar efeitos de solubilidade dos hidrocarbonetos nos dados de ELV e

ELLV. Após todo o estudo feito com misturas binárias de hidrocarbonetos/água/sal

utilizou-se a água de produção do campo.

6.2.2 – Reagentes

No presente trabalho foram utilizados, para a obtenção dos dados de ELV e

ELLV, os reagentes n-decano P.A. (VETEC, 99%), o n-hexano P.A. (VETEC, 97%),

tolueno P.A. (VETEC, 99,5%), o cloreto de sódio P.A. (VETEC, 99%) e água de

produção tratada para descarte no emissário.

40

6.2.3 – Análise das amostras

Com as amostras retiradas foram feitas análises qualitativas que nos trouxe

resultados significativos e conclusivos, pois a verificação das fases nas amostras

retiradas mostrou-se, de forma bastante coerente, o que acontece nos processos de

evaporação e destilação de misturas de compostos hidrocarbonetos e a influência de

soluções salinas nesses compostos.

Após o estudo dos resultados obtidos com a análise qualitativa surgiu a

necessidade de se quantificar a proporção das fases nas amostras recolhidas. Com isto,

reavaliamos a mistura sintética de água + decano e a analisamos pelo método do TOC

(Carbono Orgânico Total). Como nossa amostra é composta apenas por água + decano,

os resultados do carbono orgânico presente mostrará quantitativamente o

comportamento das fases, líquida e vapor, do nosso sistema. Com os resultados de TOC

da amostra água + decano das fases líquido e vapor pôde-se avaliar o comportamento da

água de produção que nos foi disponibilizado. Por fim, a própria água de produção foi

avaliada pelo método do TOC e nos trouxe resultados bastante conclusivos.

6.2.4 – Método do TOC [4]

Como o elemento químico carbono faz parte das estruturas moleculares das

substâncias orgânicas, o indicador de carbono é um indicativo da presença de matéria

orgânica em uma amostra. O teste empregado na determinação do TOC baseia-se na

oxidação do carbono da matéria orgânica a CO2 e H2O e determinação do CO2 por

método instrumental – o analisador TOC (TOC analyse). No analisador o CO2 formado

é arrastado por corrente de ar sintético e quantificado através de um detector de

infravermelho.

Nesse equipamento é possível determinar o CT (Carbono Total) e o CI (Carbono

Inorgânico). No primeiro caso, empregam-se condições mais severas de oxidação, a

presença de catalisador e ácido à temperatura elevada garante que toda a matéria

orgânica seja oxidada a CO2. Enquanto no último, empregam-se condições mais brandas

de oxidação, e o ácido forte à baixa temperatura permite somente a oxidação do C

inorgânico (CO3=, HCO3, CO2 dissolvido). Por diferença (CT – CI) se obtém o teor de

41

carbono orgânico total (TOC) expresso em mg/L. Uma das vantagens deste

equipamento é o seu baixo tempo de análise (5-10 minutos).

6.2.5 – Regressão de dados [5]

A partir de alguns poucos dados experimentais em virtude da impossibilidade de

se estudar todos os conjuntos de casos que se apresentam em problemas de equilíbrio de

fases, a regressão de dados é um importante aliado com a finalidade de se estimar certos

casos com erros mínimos.

Com a regressão de dados, queremos detectar, e quando possível corrigir,

afastamentos experimentais que possam conduzir a procedimentos menos eficientes e

mais complexos.

Comumente nos casos de determinação de dados de equilíbrio líquido/vapor e

equilíbrio líquido/líquido/vapor encontramos relações não-lineares entre os dados. A

utilização de modelos não-lineares para se ajustar pontos é bastante apropriada.

6.2.6 – Regressão não-linear

Respostas univariadas yt obedecem ao modelo não linear:

10 ),( εθ += tt xfy t = 1,2, ..., n

A função resposta f(x,ϴ) tem forma funcional conhecida, xt é um vetor k

dimensional formado por observações em variáveis exógenas ϴ0 e Θ é um parâmetro p

dimensional e εt é um erro experimental não observável diretamente.

O modelo utilizado neste estudo baseia-se na equação de Antoine, que é mais

adequada para o uso geral, possui forma:

CT

BAP sat

+−=τln

Uma vantagem importante desta equação é que os valores das constantes

A, B e C para um grande número de espécies são facilmente encontrados. Cada

conjunto de constantes é válido para uma faixa especifica de temperaturas e não deva

42

ser utilizado fora dela. Através da regressão não-linear dos dados (temperatura x

pressão) encontramos os valores das constantes de Antoine.

43

Capítulo VII

RESULTADOS E DISCUSSÕES

44

7

7. RESULTADOS E DISCUSSÕES

7.1 Construção das curvas pressão x temperatura de misturas hidrocarbonetos

e misturas hidrocarbonetos salinas

O trabalho desenvolvido neste projeto tem a finalidade de se estudar o

comportamento de misturas hidrocarboneto e misturas hidrocarboneto salina utilizando

o ebuliômetro Fischer. Ao avaliar as misturas surgiu a necessidade de comparar alguns

resultados experimentais com a teoria para verificar o perfeito funcionamento dos

equipamentos utilizados neste trabalho com as substâncias envolvidas.

Primeiramente foi feito um estudo da solução salina água/sal em proporções

diferentes (1000ppm, 2000ppm, 5000ppm e 100000ppm). Os resultados obtidos foram

os apresentados na figura 7.1 e tabela 7.1.

250

300

350

400

450

500

550

600

650

700

750

800

75 85 95

Temperatura

Pressão

H2O Puro

H2O + sal 1000ppm

H2O + sal 2000ppm

H2O + sal 5000ppm

H2O + sal 100000ppm

Figura 7.1 – Diagrama de fases Pressão x Temperatura da solução H2O/Sal

Com o diagrama apresentado na figura 7.1 verificamos que variações

significativas foram percebidas apenas em soluções salinas bastante concentrada, neste

45

caso acima de 100.000ppm. Resultados estes que podem ser comprovados com as

constantes de Antoine determinadas e mostradas na tabela 7.1.

Equação de Antoine:

CT

BAP sat

+−=τlog

Tabela 7.1 – Constantes de Antoine de soluções salinas

A B C

H2O puro 7,066105 1.119,948 168,263

H2O/Sal 1000ppm 7,52705 1.367,854 195,1236

H2O/Sal 2000ppm 6,719347 945,4337 147,0068

H2O/Sal 5000ppm 6,577767 880,3814 138,83

H2O/Sal

100000ppm 16,79158 2886,343 183,0391

* Para a determinação das constantes de Antoine para H2O/Sal 100.000ppm foi utilizada

a equação de Antoine da seguinte forma lnP = A – B/(T+C).

Com o estudo de viabilidade de utilização de soluções salinas no ebuliômetro

Fischer pôde-se começar o estudo de misturas hidrocarbonetos. Os hidrocarbonetos

utilizados neste estudo foram o tolueno e o n-decano.

Diagrama pressão x temperatura envolvendo o estudo do hidrocarboneto tolueno

e suas respectivas constantes de Antoine são mostardas na Figura 7.2 e tabela 7.2,

respectivamente.

46

Curvas do tolueno

250

350

450

550

650

750

850

60 70 80 90 100 110 120

Temperatura

Pressão

Tolueno

H2O + tolueno (2/1)

H2O + tolueno (10/1)

água pura

Figura 7.2 – Diagrama Pressão x Temperatura de mistura Tolueno/Água

Tabela 7.2 – Constantes de Antoine de misturas tolueno/água

A B C

Tolueno Puro 6,562524 1071,421 181,4371

H2O/Tolueno

(2v/v) 7,743775 1436,662 211,8419

H2O/Tolueno

(10v/v) 6,882340 990,513 163,8743

Água pura 7,066105 1119,948 168,263

Os resultados apresentados com o estudo do tolueno são comprovados através de

equações de equilíbrio termodinâmico que define: soma das pressões de vapor de cada

componente é igual a pressão de vapor da mistura (Tópico 8.1).

Diagrama pressão x temperatura envolvendo o estudo do hidrocarboneto decano,

dados de temperatura e pressão, e suas respectivas constantes de Antoine são mostardas

na Figura 7.3 e tabelas 7.3 e 7.4, respectivamente.

47

Curvas do decano

250

350

450

550

650

750

850

60 80 100 120 140 160 180

Temperatura

Pressão

Decano puro

Decano água 3v/v

Decano + água + sal(5000ppm e 3v/v)

H2O puro

Figura 7.3 – Diagrama Pressão x Temperatura de mistura n-Decano/Água

Tabela 7.3 – Dados de equilíbrio de fases de misturas de n-decano

Temperatura Pressão

Decano Puro

172,6 757.56

169,7 700

164,1 600

157,6 500

150,1 400

140,9 300

Decano + H2O (3v/v)

96,7 757,56

94,7 700

90,7 599,29

86,1 499,54

80,7 399,78

74 299,27

Decano + H2O + Sal 5000ppm (3v/v)

97 757.56

94,9 700

90,9 600

86,3 500

80,9 400

74,3 300

48

Tabela 7.4 – Constantes de Antoine de misturas tolueno/água

A B C

Decano Puro 6,984870

1460,516

183,1252

H2O/n-Decano

(3v/v) 8,391328

1839,622

237,0246

H2O/n-

Decano/Sal

(3v/v e

5000ppm)

7,11599

1109,54

164,8931

Água pura 7,066105 1119,948 168,263

7.2 Análise qualitativa de misturas hidrocarbonetos de n-decano

Amostras de misturas hidrocarbonetos de n-decano foram retiradas em três

diferente proporções, H2O/n-Decano (3v/v), H2O/n-Decano (10v/v) e H2O/n-

Decano/Sal (3v/v e 5000ppm), e os resultados são mostrados nas figuras 7.4, 7.5, 7.6 e

7.7.

Figura 7.4 – Fases líquida e vapor do H2O/n-Decano (3v/v)

Onde se escreve fase líquida, entende-se como a amostra líquida retirada do

ebuliômetro e onde se escreve fase vapor entende-se como a amostra vapor retirada do

ebuliômetro na qual sofreu o processo de condensação e apresenta-se na fase líquida

como mostrado na imagem. Através da figura 7.4 percebemos claramente que a na fase

49

vapor (tubo à direita) existe proporcionalmente mais fase orgânica (n-Decano) do que

na fase líquida (tubo à esquerda).

Figura 7.5 – Fases líquida e vapor do H2O/n-Decano (10v/v)

Foi feita uma solução mais diluída a fim de simular o comportamento de

evaporação dessa mistura. O resultado é mostrado na figura 7.5 que mostra claramente

que a medida que a fase líquida é diluída mantém-se proporcionalmente a taxa de

evaporação da fase orgânica, ou seja, a fase orgânica na fase vapor (tubo à direita)

continua sendo bem maior do que a fase orgânica na fase líquida (tubo à esquerda).

Figura 7.6 – Comparação entre as fases vapor do H2O/n-Decano (10v/v e 3v/v)

A comparação feita na figura 7.6 mostra que se manteve proporcionalmente a

fase orgânica na fase vapor da solução de 10v/v (à direita) em relação a fase vapor da

solução de 3v/v (à esquerda).

50

Figura 7.7 – Fases líquida e vapor do H2O/n-Decano/Sal (3v/v e 5000ppm)

A figura 7.7 mostra claramente que com a adição da solução salina a fase

orgânica na fase vapor (tubo à direita) aumentou drasticamente em relação a fase

orgânica na fase líquida (tudo à esquerda). Na figura é praticamente imperceptível a fase

orgânica na fase líquida. Já a fase orgânica na fase vapor ficou bastante visível.

Este resultado nos mostrou que a influência da solubilidade do sal na água

modificou completamente o comportamento da mistura hidrocarboneto n-Decano/H2O

quando estão em equilíbrio líquido/líquido/vapor.

7.3 Construção das curvas pressão x temperatura do sistema de água de

produção

Após analisar as curvas pressão x temperatura das misturas sintéticas de água +

decano e água + tolueno verificamos o comportamento da curva pressão temperatura da

água de produção. Os resultados estão mostrados na figura 7.8 e tabela 7.5.

51

Tabela 7.5 – Dados de temperatura e pressão da água de produção

Temperatura Pressão

Água de produção (Emissário)

97,1 700

92,9 600

88,2 500

82,6 400

75,8 300

Água de produção (Emissário)

0

200

400

600

800

70 80 90 100

TEMPERATURA (ºC)

PRESSÃO (mmHg)

Água de produção(Emissário)

Figura 7.8 – Diagrama Pressão x Temperatura da Água de produção

Avaliando a figura 7.8 e a tabela 7.5 verificamos que os resultados se

aproximam dos resultados obtidos para a mistura sintética água + decano. A figura 7.9

mostra uma comparação do comportamento da água de produção em relação ao

comportamento da mistura sintética água + decano.

52

0100200

300400500600

700800

70 80 90 100

TEMPERATURA (ºC)

PRESSÃO (mmHg)

Água de produção(Emissário)

Água + Decano

Figura 7.9 – Diagrama Pressão x Temperatura (Água de produção e Água + decano)

7.4 Análise quantitativa de misturas hidrocarbonetos de n-decano e água de

produção

Para melhor visualizar os resultados apresentados até o momento avaliamos

amostras das fases líquida e vapor dos sistemas pelo método do TOC (Carbono

Orgânico Total). As amostras sofreram diluição de 7 vezes em virtude do pequeno

volume que é possível retirar no ebuliômetro.

Tabela 7.6 – Resultados de análise pelo método do TOC para a mistura Água + Decano

ID Amostra Valores médios

TOC IC TC Água + Decano

(Amostra inicial) 49.15 0.00 49.15

Fase Líquida 1 0.57 0.00 0.57 Fase Vapor 1 1.58 0.00 1.58

Fase Líquida 2 0.99 0.00 0.99 Fase Vapor 2 1.90 0.00 1.90

Analisando a tabela 7.6 constatamos quantitativamente a maior proporção da

fase orgânica na fase vapor do que na fase líquida. O método de análise foi o TOC

diferencial (TOC = TC - IC), onde TOC - Carbono Orgânico Total, IC - Carbono

Inorgânico e TC - Carbono Total. Com duas repetições, com agitação e unidade em

mg/L.

53

Estes resultados demonstraram que a fase vapor apresenta teor orgânico total da

ordem de duas vezes o teor orgânico total presente na fase líquida da amostra, ou seja, a

fase vapor é mais rica em fase orgânica na ordem de 2:1 com relação à fase orgânica da

fase líquida.

A tabela 7.7 mostra os resultados do TOC para o sistema composto por água de

produção.

Tabela 7.7– Resultados das análises pelo método do TOC para a Água de produção

�º da amostra

ID Amostra Valores Médios

TOC IC TC

1 Amostra

inicial (Água de Produção)

12.79 57.77 70.56

2 Fase Líquida 1 14.21 0.00 14.21 3 Fase Vapor 1 26,11 0.00 26,11 4 Fase Líquida 2 21,56 0.00 21,60 5 Fase Vapor 2 46,06 0.00 46,06

Analisando a tabela 7.7 constatamos quantitativamente a maior proporção da

fase orgânica na fase vapor do que na fase líquida. O método de análise foi o TOC

diferencial (TOC = TC - IC), onde TOC - Carbono Orgânico Total, IC - Carbono

Inorgânico e TC - Carbono Total. Com duas repetições, com agitação e unidade em

mg/L.

Na tabela 7.7 podemos verificar que, proporcionalmente, a fase vapor é mais rica

em fase orgânica na ordem de 2:1 com relação à fase orgânica da fase líquida.

Resultado, este, semelhante ao resultado apresentado pelo sistema composto por água +

decano.

54

Capítulo VIII

CONCLUSÕES

55

8

8. CO�CLUSÕES

Verificando os dados de equilíbrio líquido-vapor da mistura sintética água +

tolueno percebemos que as constantes de Antoine e ponto de ebulição calculado com

estas constantes para a água bidestilada e mistura água/tolueno apresentam uma

pequena diferença. Este comportamento pode ser explicado pela equação abaixo (1).

(1)

A equação (1) representa o comportamento da solução binária em questão, onde a

correlação de Antoine ou outra qualquer pode representar a dependência com a

temperatura.

Ou seja, a soma das pressões de vapor de cada componente é igual à pressão de

vapor da mistura.

As análises qualitativas e quantitativas das misturas hidrocarbonetos de H2O/n-

Decano/Sal e Água de Produção mostradas nos tópicos 7.2 e 7.4, e ilustradas pelas

figuras 7.4, 7.5, 7.6 e 7.7 e tabelas 7.6 e 7.7 mostraram que, em misturas entre o n-

Decano + água + sal e a própria água de produção, o comportamento apresentado após

se obter o estado de equilíbrio termodinâmico promove proporcionalmente uma maior

fase orgânica na fase vapor em relação a fase orgânica da fase líquida. Desta forma,

inicialmente, há uma tendência que em sistemas projetados com a finalidade de tratar

água de produção será necessária a construção de sistemas de condensação da fase

evaporada em virtude da grande quantidade de orgânico evaporado. Quantidade de

orgânico evaporado que é aumentada significativamente em presença de soluções

salinas, condição esta que é comumente encontrada na água de produção a ser tratada.

Os testes feitos com a água de produção e os sistemas sintéticos demonstram

claramente o comportamento dos mesmos em equilíbrio termodinâmico.

Proporcionalmente, a fase vapor é mais rica em fase orgânica na ordem de 2:1 com

sat

D

sat

a PPP +=

56

relação à fase orgânica da fase líquida. Resultado, este, semelhante em ambos os

sistemas o que nos dá garantia e confiabilidade para estudos futuros.

Os futuros projetos com o objetivo de desenvolvimento de equipamentos que

utilizam a evaporação solar para recuperação de água de produção necessitam de

sistemas de condensação dos vapores gerados. Este pelo fator da maior concentração da

fase orgânica na fase vapor em relação à fase orgânica da fase líquida.

Vale salientar que este é um trabalho pioneiro, ou seja, este trabalho servirá de

base de estudos para possíveis futuros trabalhos que venham a ser desenvolvidos nesta

área.

57

Bibliografia

58

Bibliografia • [1] - THOMAS, J.E. Fundamentos de Engenharia de petróleo, 2ª Edição, Rio de Janeiri,

Editora Interciência, 2001.

• [2] - VAN NESS, H. C.; ABBOTT, M. M.; SMITH, J. M. Introdução à Termodinâmica da

Engenharia Química. 5º edição. Rio de Janeiro: LTC editora, 2000. p283-452;

• [3] - OLIVEIRA, H. N. M. Determinação de dados de equilíbrio líquido-vapor para sistemas

hidrocarbonetos e desenvolvimento de uma nova célula dinâmica. Setembro de 2003. p.163. Tese

de doutorado. PPGEQ/DEQ, UFRN, Natal, 2003.

• [4] – Profa. Magali Christe Cammarota. Notas de aulas – Tratamentos de Efluentes Líquidos.

Escola de Química – UFRJ.

• [5] – DOUGLAS C. MONTGOMERY, GEORGE C. RUNGER. ESTATÍSTICA APLICADA

E PROBABILIDADE PARA E�GE�HEIROS (2ª EDIÇÃO)

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• [7] - TIMMERMANS, J., Physico-Chemical Constants of Pure Organic Substances, Elsevier,

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• [8] - CHIAVONNE-FILHO, O. Phase Behavior of Aqueous Glycol Ether Mixtures:

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Tekniske Hojskole. Lyngby/Denmark, 1993.

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injection operations, May 2006.

• [11] - MARIA CARMEM MOREIRA BEZERRA, Determinação de Fósforo Orgânico em

Águas de Produção Petrolífera por ICP - AES E ICPMS Após Pré-concentração em Coluna de

Sílica-C18. CENPES - DIGER - Cidade Universitária 1998.