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DETERMINANTES DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NOS GRANDES MUNICÍPIOS BRASILEIROS: O DINHEIRO IMPORTA? AUTORES: Agnaldo Batista da Silva [email protected] Augusta da Conceição Santos Ferreira [email protected] Adelaide Maria Bogo [email protected] ÁREA TEMÁTICA: PLANEAMENTO E CONTROLO DE GESTÃO RESUMO A preocupação com a eficiência no setor público deu relevância à prestação de contas e à responsabilização dos gestores por seus atos. Neste cenário, a avaliação de desempenho da gestão pública passou a ser um grande desafio para os investigadores, porque é necessário mensurar o efeito da aplicação do dinheiro público na satisfação das necessidades da sociedade. Mas a relação entre o dinheiro investido e a melhoria da qualidade dos serviços públicos não é linear e, por vezes, não surte qualquer efeito. Na educação pública, por exemplo, a literatura apresenta resultados conflitantes sobre esse efeito. Hanushek (1979, 1986, 2009) afirma que não existe relação forte ou sistemática entre as despesas escolares e o desempenho dos alunos. Em sentido oposto, Hedges et. al. (1994) concluem que os gastos com escolas influenciam positivamente o desempenho dos alunos. Com isso, a presente investigação coloca o seguinte problema de pesquisa: o dinheiro público é determinante para a eficiência da educação nos grandes municípios brasileiros? Para responder a este problema reuniram-se dados para compor onze variáveis explicativas agrupadas em dimensões financeiras, ambientais e familiares dos alunos, submetendo-as a Análise de Componentes Principais, como método estatístico. Os resultados indicam que nos municípios que constituem a nossa amostra o dinheiro é um fator determinante para a qualidade da educação. PALAVRAS-CHAVE: Avaliação de Desempenho; Gestão Pública; Municípios Brasileiros; Qualidade na Educação. METODOLOGIA: M1)Analytical/Modelling ABSTRACT The concern with the efficiency in the public sector gave importance to accountability and to managerial accountability for their actions. In this scenary, the performance evaluation in public management became a great challenge to researchers, because it is necessary to measure the effect of public money application on the satisfaction of society’ needs. But the ratio of the money invested with to improving the quality of the public services is not linear and sometimes has no effect. In public education, for example, the literature presents conflicting results on this effect. Hanushek (1979, 1986, 2009) assert there is no strong or systematic relationship between school expenditures and student performance. In the opposite direction, Hedges et. al. (1994) show that spending on schools have positive influence on student performance. Thus, this investigation shows the following research problem: public money is determinant to the efficiency of education in major Brazilian cities? To resolve the issue gathered data to compose eleven explanatory variables grouped into financial dimensions, environmental and family of students, subjecting them to the Principal Components Analysis as a statistical method. The results indicate that in the surveyed municipalities the money is a determinant factor for the quality of education. KEY-WORDS: Performance Evaluation; Public Management; Brazilian Municipalities; Quality in Education. METHODOLOGY: M1)Analytical/Modelling

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DETERMINANTES DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NOS GRANDES

MUNICÍPIOS BRASILEIROS: O DINHEIRO IMPORTA?

AUTORES: Agnaldo Batista da Silva – [email protected]

Augusta da Conceição Santos Ferreira – [email protected]

Adelaide Maria Bogo – [email protected]

ÁREA TEMÁTICA: PLANEAMENTO E CONTROLO DE GESTÃO

RESUMO

A preocupação com a eficiência no setor público deu relevância à prestação de contas e à

responsabilização dos gestores por seus atos. Neste cenário, a avaliação de desempenho da

gestão pública passou a ser um grande desafio para os investigadores, porque é necessário

mensurar o efeito da aplicação do dinheiro público na satisfação das necessidades da

sociedade. Mas a relação entre o dinheiro investido e a melhoria da qualidade dos serviços

públicos não é linear e, por vezes, não surte qualquer efeito. Na educação pública, por

exemplo, a literatura apresenta resultados conflitantes sobre esse efeito. Hanushek (1979,

1986, 2009) afirma que não existe relação forte ou sistemática entre as despesas escolares e o

desempenho dos alunos. Em sentido oposto, Hedges et. al. (1994) concluem que os gastos

com escolas influenciam positivamente o desempenho dos alunos. Com isso, a presente

investigação coloca o seguinte problema de pesquisa: o dinheiro público é determinante para a

eficiência da educação nos grandes municípios brasileiros? Para responder a este problema

reuniram-se dados para compor onze variáveis explicativas agrupadas em dimensões

financeiras, ambientais e familiares dos alunos, submetendo-as a Análise de Componentes

Principais, como método estatístico. Os resultados indicam que nos municípios que constituem

a nossa amostra o dinheiro é um fator determinante para a qualidade da educação.

PALAVRAS-CHAVE: Avaliação de Desempenho; Gestão Pública; Municípios Brasileiros;

Qualidade na Educação.

METODOLOGIA: M1)Analytical/Modelling

ABSTRACT

The concern with the efficiency in the public sector gave importance to accountability and to

managerial accountability for their actions. In this scenary, the performance evaluation in

public management became a great challenge to researchers, because it is necessary to

measure the effect of public money application on the satisfaction of society’ needs. But the

ratio of the money invested with to improving the quality of the public services is not linear

and sometimes has no effect. In public education, for example, the literature presents

conflicting results on this effect. Hanushek (1979, 1986, 2009) assert there is no strong or

systematic relationship between school expenditures and student performance. In the opposite

direction, Hedges et. al. (1994) show that spending on schools have positive influence on

student performance. Thus, this investigation shows the following research problem: public

money is determinant to the efficiency of education in major Brazilian cities? To resolve the

issue gathered data to compose eleven explanatory variables grouped into financial

dimensions, environmental and family of students, subjecting them to the Principal

Components Analysis as a statistical method. The results indicate that in the surveyed

municipalities the money is a determinant factor for the quality of education.

KEY-WORDS: Performance Evaluation; Public Management; Brazilian Municipalities;

Quality in Education.

METHODOLOGY: M1)Analytical/Modelling

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DETERMINANTES DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA NOS GRANDES

MUNICÍPIOS BRASILEIROS: O DINHEIRO IMPORTA?

1. INTRODUÇÃO

Muito embora as pesquisas indiquem alguma melhoria na qualidade da educação

brasileira, como pode ser visto em Bourguignon, Ferreira e Menendez (2007), em Cadaval e

Monteiro, (2011) e em Reis e Ramos (2011), o ranking de educação divulgado pela

Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em 2011,

para 127 paises, manteve a histórica 88ª posição para o Brasil.

Ao comparar o dinheiro aplicado e a qualidade da educação, a OECD (2012) atesta que

a média de investimentos públicos em educação primária entre os países da organização é de

USD 9.252 por ano, enquanto que o Brasil gastou apenas USD 2.304 por aluno. Essa

constatação desencadeou movimentos sociais em defesa do aumento do volume de recursos

investidos na educação pública, como condição para a expansão do ensino eficiente e eficaz.

Assim como no Brasil, na última década, outros países em desenvolvimento estão em

processo de aumento de investimentos, procurando a melhoria dos indicadores de eficiência

educacional, como é o caso da China e da Índia (Gourishankar e Lokachari, 2012; Hu, Zhang e

Liang, 2009). No entanto, a revisão da literatura demonstra que os investigadores possuem

opiniões diversificadas e conflitantes sobre o efeito do aumento nos investimentos em

educação e colocam em dúvida a eficácia do dinheiro público aplicado.

Diante do contexto apresentado, a presente investigação tem como objetivo geral a

identificação dos determinantes da eficiência escolar. Trabalhámos uma amostra que

representa 83% dos grandes municípios brasileiros, definimos como variável dependente a

eficiência escolar e estabelecemos onze variáveis explicativas. Recolhemos dados, na sua

maioria contabilísticos, utilizámos a técnica estatística de Análise de Componentes Principais

(ACP) e os resultados da análise permitiram concluir que para os municípios incluídos na

amostra o dinheiro é um fator determinante para a qualidade da educação. Como base teórica,

a investigação fundamenta os conceitos da New Públic Management (NPM) de accountability

e de avaliação de desempenho.

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2. ACCOUNTABILITY NA GESTÃO PÚBLICA

A preocupação com a eficiência de gestão veio com as críticas formuladas por Max

Weber ao Estado intervencionista (Sarker, 2006). Com isso emergiu na segunda metade do

século XX o movimento chamado de New Públic Management (NPM), que se baseia em

princípios de gestão privada, designadamente no que se refere à eficiência, à eficácia e à

responsabilização dos gestores públicos.

Responsabilização ou accountability é um termo usado com frequência nos negócios,

contextos políticos e sociais, e é um conceito importante para a sociedade e para os sistemas

organizacionais (Frink e Ferris, 1998), onde as pessoas tendem a administrar os riscos

percebidos no cumprimento de suas responsabilidades (Bergsteiner e Avery, 2010). De acordo

com Hyndman e Anderson (1995) accountability é feita para explicar o que foi feito, o que

está a ser feito e comparar com o que foi planeado. É a vontade do gestor para prestar contas

da sua conduta e também a capacidade de assumir as suas responsabilidades (Broadbent e

Laughlin, 2003).

No âmbito do setor público australiano a accountability é observada em dois tipos de

prestação de contas, a prestação de contas financeira e de gestão, onde a responsabilidade com

as despesas ainda é o foco principal, porém o desempenho do gestor público ganha

importância na prestação de contas (Mucciarone, 2008).

Ao abordarem o desempenho no setor público, Taylor e Rosair (2000) afirmam que o

governo não consegue ser responsável pelas suas despesas, facto que dá destaque à

responsabilidade de gestão, ligada aos indicadores de desempenho, que exige das organizações

públicas eficiência no consumo dos recursos disponíveis e a realização eficaz dos objetivos

políticos ou programas de gestão. Assim, podemos dizer que, responsabilidade de gestão tem

dois elementos essenciais - eficiência e eficácia.

Accountability na gestão pública é feita através dos relatórios financeiros, fornecendo

informações para a tomada de decisões e para a avaliação da alocação dos recursos públicos

com efeito na probidade e na legalidade. Desta forma, reafirma-se o papel decisivo da

contabilidade enquanto ciência de controlo na nova gestão pública, já que nesse novo

contexto, em complemento às práticas tradicionais de orçamento e controlo, são estabelecidas

as metas de gestão para cada setor, área e subunidade tomadora de decisões, bem como na

responsabilização.

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3. AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NAS ESCOLAS PÚBLICAS

Para Hood (1991 e 1995) os sistemas de medição de desempenho são vistos como

elementos-chave das reformas propostas pela NPM. São ferramentas racionais que podem ser

usadas para diversos fins, como direção e controlo da organização, estabelecimento de regras

de conduta e a disseminar uma cultura de responsabilização (Broadbent e Guthrie, 1992;

Pallot, 1992).

Determinar a eficácia no setor público é um grande desafio, dada à natureza

incomensurável para a saída de muitos serviços públicos, como saúde e educação. Os

problemas incluem a incapacidade de medir com precisão as realizações, a dificuldade de

isolar efeitos do serviço (os resultados) de outros, e a quantificação dos efeitos de serviços e

interpretações conflitantes dos resultados (Kloot e Martin, 2000).

Os indicadores de eficácia podem ser parcialmente medidos em termos de qualidade de

serviço, satisfação do cliente e cumprimento de metas (Mucciarone, 2008). No entanto, medir

o desempenho das organizações escolares é um desafio significante, tendo em vista que a

qualidade de tais serviços públicos possui inúmeros vieses que podem influenciar o conjunto

de indicadores de desempenho (Childress, Elmore e Grossman, 2005). Dos distritos escolares

cada vez mais é exigida a responsabilidade pelo desempenho académico de seus alunos, sendo

que o aspeto político, social e a pressão económica estão por trás do movimento de

responsabilização, considerados sem precedentes em duração e intensidade (Childress, Elmore

e Grossman, 2005).

Ackerman (1987) relata que durante grande parte da segunda metade do século 20

houve um caloroso debate nos cursos de psicologia aplicada ao desempenho de alunos para

discutir se os critérios de desempenho são dinâmicos ou estáticos. Para Ackerman (1987) tal

debate foi resolvido em grande parte com as recentes teorias e pesquisas empíricas, que têm

mostrado que os indivíduos podem apresentar padrões de desempenho, ou trajetórias,

sistematicamente diferentes ao longo do tempo.

As conquistas empíricas remetem para os trabalhos de Sanders (2000) e Sanders et. al.

(1994). A ideia subjacente a esses trabalhos é a medição do desempenho de alunos com base

num processo estatístico que fornece as medidas da influência que os sistemas de ensino, as

escolas e os professores têm sobre os indicadores de aprendizagem de cada aluno ao longo do

tempo. O modelo descrito por Sanders et. al. (1994) ficou conhecido como modelo do valor

adicionado ou valor agregado.

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Childress et. al. (2005) definiram o sistema de avaliação pelo valor adicionado como o

método de análise de ganhos, de crescimento na pontuação ou a quantidade de conhecimento

agregado de um ano para outro. De acordo com Wright (2010), para determinar o crescimento

dos indicadores de qualidade da educação, os posicionamentos com base no valor adicionado

utilizam uma linha de regressão que representa o crescimento médio de alunos e é usada como

ponto de comparação para os julgamentos de desempenho de um aluno e, portanto,

coletivamente o desempenho de uma escola ou de um município.

Segundo Braun (2005), os modelos de valor agregado são relativamente robustos,

principalmente se os alunos estão distribuídos de forma heterogênea entre as escolas dentro de

um mesmo município. O mesmo autor afirma que os posicionamentos baseados neste conceito

e os métodos estatísticos para a sua aplicação tem sido um tema de debate entre pesquisadores

e gestores públicos e tendem a ser amplamente adotados como instrumento de avaliação da

eficiência educacional. Anderman et. al. (2010) recomendam a combinação do valor

adicionado com as metas estabelecidas como parâmetros para a eficácia de gestão. Che-Ha et.

al. (2012), atestam que orientações para a meta impulsionam o desenvolvimento e a melhoria

da capacidade organizacional.

A avaliação do desempenho com base nas metas é defendida por Verbeeten (2008),

Rangan (2004), Shih-Jen e Yee-Ching (2002), Heinrich (2002), Ittner e Larcker (2001) e Otley

(1999), quando afirmaram que de acordo com a NPM é necessário planear, selecionar a

técnica mais eficaz de gestão, monitorizar o desempenho de pessoal e comparar os resultados

com as metas e objetivos estabelecidos.

No Brasil, o desempenho escolar é medido pelo Índice de Desenvolvimento da

Educação Básica (IDEB), concebido com os conceitos de valor agregado e metas

estabelecidas. Para além disso, o IDEB reúne no mesmo indicador dois conceitos igualmente

importantes para a qualidade da educação: fluxo escolar e médias de desempenho nas

avaliações. Desta forma, o IDEB agrega ao enfoque pedagógico dos resultados das avaliações

a possibilidade de resultados sintéticos em notas de 0 a 10, calculado com base na metodologia

utilizada pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudante (PISA), mantido pela

Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OECD).

O IDEB como indicador de desempenho das escolas brasileiras permite avaliar o

desempenho dos alunos não somente pelas práticas pedagógicas utilizadas, mas também pela

política adotada pelos gestores públicos municipais na alocação de recursos, pois funciona

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como instrumento de accountability, podendo ser comparado ao volume de despesas, bem

como com as metas estabelecidas. Desta forma, o IDEB é instrumento de avaliação da

eficiência e eficácia de gestão pública nas escolas municipais no Brasil.

4. DETERMINANTES DO DESEMPENHO DA EDUCAÇÃO

Considerando o contexto da NPM que prevê a gestão com base na eficiência e eficácia,

os governantes somente devem aumentar despesas, a exemplo de salários dos professores,

pedagogos, consumos administrativos, instalações e pesquisas educacionais, entre outros, se o

aumento nessas despesas proporcionar à população a melhoria do capital intelectual dos

alunos, ou seja, no mínimo é esperada uma relação positiva do custo-benefício para a

sociedade. No entanto, há na literatura grande controvérsia sobre a relação da despesa pública

em educação e os seus efeitos na melhoria do desempenho educacional. Tal controvérsia teve

inicio com o relatório de igualdade de oportunidades educacionais de Coleman et. al. (1966)

no qual se relata que nos Estados Unidos os gastos públicos com consumos educacionais nas

escolas tinham pouco ou nenhum efeito sobre o desempenho dos alunos.

Concordando com Coleman et. al. (1966), estão Hanushek (1979, 1986, 2009) que

afirma não existir nenhuma relação forte ou sistemática entre as despesas escolares e o

desempenho dos alunos, Coate e VanderHoff (1999), que em estudo empírico não

encontraram evidência do efeito positivo entre despesas e desempenho dos estudantes, Rapp

(2000), que afirma que somente a política de investimento do governo não é suficiente para a

melhoria da escola e Al-Samarrai (2006), que considera a relação investimento e qualidade da

educação como inútil e insignificante.

A discordar de Coleman et. al. (1966) estão Hedges et. al. (1994), a atestarem que os

gastos com escolas possuem influência positiva no desempenho dos alunos, Krueger (2003)

posiciona-se favorável ao aumento de despesas escolares como determinante da qualidade da

educação, e Parcel e Dufur (2001), em especial porque explicam que na dificuldade de capital

das famílias, os recursos da escola tornam-se importantes para o desempenho dos alunos. No

Brasil, Mimoun e Raies (2010), Barros (2011) e OECD (2002, 2012) defendem o aumento das

despesas em educação como forma de melhorar a qualidade dos serviços públicos

educacionais e, em suma, afirmam que o futuro do país depende do sucesso da política de

educação para elevar a qualidade do desempenho dos alunos.

Resta a dúvida sobre o efeito do aumento do dinheiro público na qualidade da

educação escolar. No entanto, as características familiares dos alunos são observadas na

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literatura como influentes na qualidade do desempenho dos alunos, como pode ser visto em

Coleman et. al. (1966), Hanushek (1986), Rapp (2000), Parcel e Dufur (2001), Harris (2007),

Cadaval e Monteiro (2011) e Di Paolo (2012), que encontraram argumentos para atestar a

influência da família na efetividade do desempenho escolar.

Para além do dinheiro aplicado e das características familiares, a literatura sobre fatores

que influenciam a eficiência e eficácia escolar, consideram que as características

macroeconômicas, ambientais e peculiaridades locais são relevantes na explicação da

qualidade educacional dos alunos (Dopuch e Gupta, 1997; Evans et al., 1997; Hanushek e

Woessmann, 2011; Harris, 2007; Meier e O’Toole, 2003).

Com isso, a revisão da literatura indica que muitos fatores influenciam a eficiência e

eficácia da educação de crianças e jovens das escolas públicas e que tais fatores podem ser

agrupados em três dimensões: despesa pública, meio ambiente económico-social e

características das famílias dos alunos.

5. VARIÁVEIS E METODOLOGIA

Definiu-se como variável dependente a eficiência educacional, representada pelo valor

agregado ao IDEB, instrumento de accountability e de avaliação da eficiência e eficácia de

gestão pública nas escolas municipais brasileiras. De acordo com a revisão da literatura levada

a cabo, para explicar a variação no IDEB tornou-se necessário reunir dados que englobassem

as três dimensões citadas. Para representar despesa pública nas escolas municipais reuniram-se

dados para compor as seguintes variáveis:

1. despesas públicas por alunos nas escolas municipais (não inclui salário de

professores);

2. percentagem de participação da remuneração dos professores sobre a despesa total

em educação pelo município;

3. percentagem de gastos com educação em relação a todas as áreas de despesas

municipais (inclui, saúde, segurança, limpeza, etc.).

Para representar as características do meio ambiente económico-social reuniram-se

dados para compor as seguintes variáveis:

4. índice de desenvolvimento Humano (IDH) no município;

5. receita corrente líquida por habitante no município;

6. receita tributária por habitante no município;

7. renda per capita no município;

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Para representar as características das famílias dos alunos reuniram-se dados para

compor as seguintes variáveis:

8. percentagem da população municipal com ensino superior completo;

9. percentagem de mães alfabetizadas no município;

10. percentagem da população municipal residente em zonas rurais;

11. número de habitantes no município (em milhares).

As informações recolhidas são de fontes oficiais do governo brasileiro e representativas

da média de quatro anos, 2008 a 2011. Todas as variáveis financeiras são calculadas com

dados da contabilidade pública dos municípios em estudo. No Brasil existem 36 municípios

com mais de 500 mil habitantes, são os municípios considerados grandes, onde estão

concentrados 53 milhões de habitantes. Do total de grandes municípios, foram encontrados

dados para 30 cidades, aproximadamente 83% do total.

A metodologia utilizada nesta investigação é conhecida por Análise de Componentes

Principais (ACP), que é uma técnica de análise exploratória multivariada que transforma um

conjunto de variáveis correlacionadas num conjunto menor de variáveis independentes

(Marôco, 2010). Para Varella (2008) a ACP é uma técnica da estatística multivariada que

consiste em transformar um conjunto de variáveis originais em outro conjunto de variáveis de

mesma dimensão denominadas de componentes principais. Estes componentes principais

apresentam propriedades importantes: cada componente principal é uma combinação linear de

todas as variáveis originais, são independentes entre si e estimados com o propósito de reter,

em ordem de estimação, o máximo de informação em termos da variação total contida nos

dados. A ACP é associada à ideia de redução de massa de dados, com a menor perda possível

da informação. Para Marôco (2010), a ACP representa o resumo da informação em várias

variáveis correlacionadas em uma ou mais combinações lineares independentes, as

componentes principais, que representam a maior parte da informação presente nas variáveis

originais.

Segundo Reis (2001), as aplicações da ACP à gestão em geral podem ser divididas em

duas categorias, as que têm objetivo de reduzir a dimensão dos dados, quando existe um

elevado número de variáveis descritivas, a passar para um conjunto menor de variáveis, mais

facilmente analisáveis e ainda representativas do conjunto inicial, e aquelas cujo objetivo é

permitir a compreensão dos processos de comportamento dos indivíduos através da

identificação e interpretação dos fatores subjacentes. Nessa investigação a ACP foi concebida

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a partir do programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão nº 21. licenciado

para a Universidade de Aveiro.

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O indicador de desempenho IDEB é a variável dependente calculada para cada

município pesquisado, apresentada em percentagem de crescimento no período, representando

a eficiência, ou seja, o resultado da gestão da educação pública em escolas municipais. A

figura 1 especifica os municípios e demonstra a variação percentual (valor adicionado) do

IDEB no período em estudo.

Após definir a variação do IDEB como variável de rotulagem, o passo seguinte foi a

construção de uma matriz de correlações entre as variáveis categóricas da ACP para agrupar

os indivíduos de acordo com sua variação, isto é, os indivíduos são agrupados segundo as suas

variâncias. Na Tabela 1 são apresentadas as variáveis explicativas transformadas em

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35

Aracaju

Belém

Belo Horizonte

Campo Grande

Contagem

Cuiabá

Curitiba

Duque de Caxias

Feira de Santana

Fortaleza

Goiânia

João Pessoa

Joinville

Juiz de Fora

Londrina

Maceió

Manaus

Natal

Nova Iguaçu

Porto Alegre

Recife

Ribeirão Preto

Salvador

São Gonçalo

São José dos Campos

São Luís

São Paulo

Sorocaba

Teresina

Uberlândia

4,69

22,73

29,49

25,37

12,64

18,42

12,90

21,88

6,25

26,23

20,00

30,77

13,59

21,05

1,12

0,00

14,29

4,35

1,33

11,11

11,11

20,00

9,68

7,89

8,49

8,00

10,98

20,83

15,66

29,49

Figura 1 – Percentual adicionado ao IDEB por município no período 2008-2011.

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correlações, o que representa o comportamento das variáveis no conjunto populacional e

indica os componentes principais.

Tabela 1 - Variáveis transformadas de correlações

despesas por aluno

salário dos professores

% Desp c/educação

s/demais áreas IDH

receita corrente

liq p/ hab

receita tributária

por habitante

renda per

capita

% população c/ ensino sup comp

% alfabet

das mães

população em zonas

rurais

número de

habitante em mil

Despesas publicas por aluno escolas mun

1,000 -,374 ,049 ,667 ,717 ,802 ,597 ,761 ,327 -,227 ,273

% salário dos professores

-,374 1,000 -,148 ,069 -,176 -,200 ,048 ,011 ,133 ,224 -,413

%desp com educação em relação às demais

áreas

,049 -,148 1,000 ,017 ,064 ,187 ,133 ,115 ,004 -,109 ,104

IDH ,667 ,069 ,017 1,000 ,848 ,790 ,935 ,782 ,715 ,071 ,000

receita corrente liquida por habitante

,717 -,176 ,064 ,848 1,000 ,907 ,873 ,748 ,583 -,004 ,296

receita tributária por habitante

,802 -,200 ,187 ,790 ,907 1,000 ,795 ,834 ,495 -,175 ,414

renda per capita ,597 ,048 ,133 ,935 ,873 ,795 1,000 ,777 ,743 -,004 ,023

%população com ensino superior completo

,761 ,011 ,115 ,782 ,748 ,834 ,777 1,000 ,586 -,250 ,136

% de alfabetização das mães

,327 ,133 ,004 ,715 ,583 ,495 ,743 ,586 1,000 -,007 -,105

% população em zonas rurais

-,227 ,224 -,109 ,071 -,004 -,175 -,004 -,250 -,007 1,000 -,381

número de habitante em mil

,273 -,413 ,104 ,000 ,296 ,414 ,023 ,136 -,105 -,381 1,000

Dimensão 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Valor próprio 5,488 1,986 ,977 ,891 ,621 ,524 ,213 ,125 ,090 ,051 ,033

A matriz de correlações apresenta os índices e agrupamento de indivíduos. O Valor

Próprio, última linha da Tabela 1, indica que apenas duas variáveis são suficientes para

representar todo o conjunto de dados. São elas, ‘despesa pública por aluno nas escolas

municipais’(variável 1) com valor próprio 5,48 e ‘percentagem de participação da

remuneração dos professores sobre a despesa total em educação pelo município` (variável 2)

que apresenta valor próprio 1,98. Essas serão as variáveis principais nas duas dimensões

propostas pelo modelo, conforme pode ser visualizado na tabela 2.

Tabela 2 - Resumo do modelo ACP

Dimensão Alfa de Cronbach

Variância contabilizada para

Total (valor próprio) % de variância

1 ,900 5,488 49,891 2 ,546 1,986 18,056

Total ,953a 7,474 67,947

a. Alfa de Cronbach Total tem como base o valor próprio total.

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A tabela 2 demonstra que a variável 1 representa 49,89% da informação presente nas

variáveis originais, enquanto que a variável 2 representa 18,05%, portanto, essas duas

variáveis são responsáveis por explicar 67,94% do conjunto de variáveis.

O Alfa de Cronbach é aumentado quanto maiores forem as inter-correlações entre os

itens. A tabela 2 demonstra que a variância contabilizada para as despesas públicas por aluno

nas escolas municipais possui excelente confiabilidade (0,900), no entanto, a variável

percentagem de participação da remuneração dos professores sobre a despesa total em

educação pelo município é considerada “fraca” (0,546).

Na fase final da ACP procedeu-se ao carregamento de componentes principais com o

objetivo de verificar o agrupamento das demais variáveis em torno das variáveis principais

segundo as características apresentadas. A tabela 3 demonstra a normalização das variáveis

principais, ou seja, ordena as variáveis em duas dimensões.

Tabela 3 -Carregamentos de componente

Dimensão

1 2

despesas por aluno ,812 -,284

% salário dos professores sobre a despesa total em educação -,133 ,732

% de despesas com educação em relação às demais áreas ,129 -,263

IDH ,916 ,301

receita corrente liquida por habitante ,933 -,009

receita tributária por habitante ,939 -,188

renda per capita ,920 ,260

% população com ensino superior completo ,895 ,023

% de alfabetização das mães ,690 ,410

%população em zonas rurais -,146 ,600

número de habitantes - em mil ,241 -,761

De acordo com a normalização das variáveis é possível observar que a dimensão 1,

representada pela despesa pública com alunos nas escolas, recebe forte influência das variáveis

que caracterizam o meio ambiente onde as crianças atendidas nas escolas residem, observa-se

que IDH da cidade, receita corrente municipal, receita tributária e renda per capita,

apresentaram indicadores robustos. Da mesma forma a percentagem da população municipal

com ensino superior completo e a percentagem de mães alfabetizadas exerceram significante

papel na dimensão 1.

Na dimensão 2, liderada pela percentagem de participação da remuneração dos

professores sobre a despesa total em educação, influenciam o IDH, a alfabetização das mães e

a percentagem da população residente nas zonas rurais.

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Portanto, as duas variáveis que mais determinam a qualidade da educação pública nos

grandes municípios brasileiros são a as ‘despesas públicas por alunos nas escolas municipais’

e a ‘percentagem de participação da remuneração dos professores sobre a despesa total em

educação`. Desta forma, confirma-se que o dinheiro assume papel determinante para a

qualidade da educação pública nos municípios investigados, como pode ser visualizado na

figura 2.

A figura 2 representa o carregamento dos componentes apresentados na tabela 3.

Para além de confirmar a importância do dinheiro aplicado na educação pública

municipal, na figura 2 a área circulada revela que os componentes da dimensão 1 são

compostos por variáveis financeiras, do ambiente onde vivem os alunos e características

familiares, portanto, confirma a literatura pesquisada.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O modelo baseado na ACP permitiu dar resposta ao objetivo geral desta análise, a

identificar que gastos com alunos das escolas públicas municipais e a remuneração paga aos

professores são os componentes principais na explicação da eficiência educacional em escolas

públicas dos grandes municípios brasileiros.

Figura 2 – Carregamento de componentes.

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Com isso, o problema da investigação que indagava se o dinheiro exercia papel

preponderante na qualidade da educação pública em escolas dos grandes municípios

brasileiros foi respondido com a afirmativa de que os gastos públicos com alunos é

determinante para a qualidade da educação pública dos municípios em análise, medida pelo

valor adicionado ao IDEB.

Para além de responder aos objetivos e ao problema de investigação, as conclusões

expostas demonstram que a contabilidade pública pode ser o principal meio de accountability

e responsabilização, visto que é a fonte primária dos principais dados que explicam a

eficiência e eficácia da gestão pública escolar. Mas é preciso assumir esse papel, aprimorar os

indicadores de desempenho, explicar as variações, comparar resultados e assumir uma nova

postura que atenda à NPM, de forma a mensurar o efeito da aplicação do dinheiro público na

satisfação dos anseios da sociedade.

Como proposta para trabalhos futuros é sugerido que investigadores testem hipóteses

com recurso à técnica de regressão de dados em painel ou cross section com fundamentação

teórica na Teoria da Agência e/ou da Teoria da Contingência para verificar se o aumento no

volume de recursos em escolas públicas vai efetivamente melhorar a qualidade da educação

em todos os municípios brasileiros. A ACP possui limitações, uma delas é que apenas

apresenta indicativos da variância sem explicar a estrutura das covariâncias entre as variáveis.

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