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0DSXWR GH $EULO GH $12 ;; 1 o 3UHoo 0W 0ooDPELTXH Dhlakama dá cartas em Gorongosa Pemba, Caixa Postal, 260 E-mail: [email protected] M o ç a m b i q u e Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Zambézia e Sofala Pág. 4 e 5 Naíta ussene Grande oportunidade de negócio Seja agente autorizado da sojogo Ganhe comissões aliciantes GANHE RICOS PRÉMIOS, APOSTANDO NOS PRODUTOS DA SOJOGO. 1.000.000,00 MT. POR APENAS 75,00MT EXTRACÇÃO SÁBADO ÀS 12.00H NA SOJOGO Av.Samora Machel N°11-1°andar telefs. 21301942, 826279207, 823055718 JOKER LOTARIA TOTOBOLA TOTOLOTO INSTANTÁNEA

Dhlakama dá cartas em Gorongosa2 TEMA DA SEMANA Savana 12-04-2013 agentes da FIR (Força de Interven-ção Rápida) e civis, Marcelino dos Santos lamentou o sucedido e disse que o

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    Dhlakama dá cartas em Gorongosa

    Pemba, Caixa Postal, 260E-mail: [email protected]

    M o ç a m b i q u e

    Cabo Delgado, Nampula, Niassa, Zambézia e Sofala

    Pág. 4 e 5

    Naí

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    e

    Grande oportunidade de negócioSeja agente autorizado da sojogo Ganhe comissões aliciantes

    GANHE RICOS PRÉMIOS, APOSTANDO NOS PRODUTOS DA SOJOGO. 1.000.000,00 MT. POR APENAS 75,00MT EXTRACÇÃO SÁBADO ÀS 12.00H NA SOJOGO

    Av.Samora Machel N°11-1°andar telefs. 21301942, 826279207, 823055718

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  • TEMA DA SEMANA2 Savana 12-04-2013

    agentes da FIR (Força de Interven-ção Rápida) e civis, Marcelino dos Santos lamentou o sucedido e disse que o Estado moçambicano deve intervir para prender e julgar os au-tores materiais e morais do crime. “O meu princípio é que um Estado de Direito não pode aceitar que em nenhuma circunstância possa haver alguém com soldados armados. Não

    bilidade é daqueles que têm meios e poder, mas não querem utilizar”, afirmou. Marcelino dos Santos sublinhou que há muito tempo que essas me-didas deviam ter sido tomadas con-tra a Renamo, e pede que se não são tomadas, que se diga publicamente quais as razões por detrás disso.“A definição de Estado de Direito já está clara, é ao Estado que cabe o monopólio da violência física através do seu aparelho repressivo”, disse, reiterando que quem está no poder deve avançar no sentido de desarmar a Renamo. Questionado pelo SAVANA o que já fez, na qualidade de cidadão e membro sénior do partido no poder, para evitar que a situação de posse de armas por parte da Renamo se prolongasse por 20 anos, Marceli-no dos Santos respondeu que ele para não teve poder em nenhum dos momentos cruciais para fazer o que devia ser feito. “Eu só sei que se tivesse todos os poderes naquele tempo, já deveríamos ter resolvido. Há muitas coisas que aconteceram e a gente pergunta, mas como foi pos-sível acontecer”.À pergunta sobre os conselhos que terá dado a quem estava e/ou está no poder sobre o assunto dos armados da Renamo, Marcelino foi implíci-to na resposta: “ Aconselha-se para quem quiser ouvir”.

    Membro fundador da Frelimo, Marcelino dos Santos não abre mão às suas convicções ide-ológicas e com a mesma coerência que lhe é característica continua a reclamar um Estado socialista, um Estado proprietário dos meios de produção, das minas de carvão de Tete e das jazidas de gás natural do Rovuma. Mesmo combalido fisica-mente, o histórico membro da Fre-limo ainda sonha com um Estado popular: “no tempo de Samora o Estado era popular porque a eco-nomia era popular e servia o povo”. Mesmo diante de um capitalismo dominante consolidado no país, o antigo ideólogo do movimento de libertação nacional não desespera e reforça que não está sozinho na luta pela reconstrução do socialis-mo, uma experiência vivida em Mo-çambique nos anos imediatamente após a independência nacional, pro-clamada em 1975. “Há camaradas meus que lutam a todo o momento para reconstruir o socialismo. A úni-ca razão para continuarmos a viver é acreditarmos que é possível recons-truir o socialismo. Não sabemos se concretizaremos hoje, amanhã ou depois”, disse na manhã desta quar-ta-feira aos estudantes da FLCS da UEM, na palestra sobre “O papel do Estado e da governação no Moçam-bique de hoje: que perspectivas de mudança nas eleições de 2013-14”.Alguns estudantes da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Uni-versidade Eduardo Mondlane ques-tionaram a Marcelino dos Santos se não achava que as suas aspirações ideológicas estavam descontextuali-zadas, ao que ele respondeu dizendo que aceitava que “os momentos são outros” e não podem ser compara-dos com a realidade da década de 70. Mesmo assim, ele entende que a paixão e a convicção de que o povo é dono do seu destino, podem criar condições para a implementação daquilo que se poderia chamar de “socialismo moderno”.

    2013: “voto na Frelimo para preservar Guebuza e a paz”Acusado por alguns estudantes de nada estar a fazer na prática para influenciar as dinâmicas políticas e económicas a conformarem-se com a sua visão de “Estado popular”, o orador classificou as suas interven-ções públicas como uma forma de lutar por uma “economia popular”. E disse mais: “em 2014 (eleições ge-rais) vou votar em quem realmente estará em condições de instituir o socialismo”. Enquanto nas eleições autárquicas marcadas para Novem-bro do corrente Marcelino dos San-tos afirma que vai votar na Frelimo para “preservar a paz”, nas presiden-ciais e legislativas de próximo ano a “questão não será preservar a paz, mas buscar caminhos que nos levem ao socialismo”.Para o orador, a vitória da Frelimo nas autárquicas deste ano será, mais uma vez, “o triunfo do capitalismo”, mas, continua, vale a pena votar nes-te partido para “preservar Guebuza” e por via disso “preservar a paz”. Marcelino dos Santos não explicou

    por que razão votar na Frelimo nas autárquicas deste ano vai significar “preservar a paz”. Mas assegurou que não podia “apoiar expressões que não conhece no concreto”, numa clara referência aos principais partidos na oposição, nomeadamen-te a Renamo e o MDM.“Camaradas, não devemos fazer aventuras maiores fora deste campo de acção, porque votar na Renamo estaríamos a votar no imperialismo, e votando no MDM, estaríamos a votar numa coisa qualquer”, disse, deixando alguns estudantes revol-tados.Esta é a primeira vez que um mem-bro do partido no poder vem a pú-blico condicionar o seu voto nas eleições gerais à apresentação de um programa de governação que privi-legia o povo. E não é um membro qualquer. É um “membro histórico” que participou em quase todas as fases cruciais da fundação do movi-mento, talvez por isso mesmo com privilégio de “falar fora dos órgãos do partido”.

    Muxúnguè: “É preciso in-tervir, prender e julgar”Em declarações ao SAVANA so-bre os ataques da Renamo ao pos-to policial de Muxúnguè a camiões e autocarros transportando civis, matando perto de 10 pessoas, entre

    Marcelino dos Santos não garante seu voto a Frelimo em 2014Por Emídio Beúla

    deve acontecer isso”, disse. Para ele, a Renamo deve ser desar-mada, pois é contraproducente que num Estado de Direito e Demo-crático um partido político dispute com o Estado a legitimidade do uso da violência física. “Você olha para mim e diz, este está a falar essas palavras. Mas isto é que deve acon-tecer, se não acontece a responsa-

    Joel

    Chi

    zian

    e

    O Vice-presidente do BCP, o banco maioritário no capital do Millenium BIM, é um dos homens mais influentes nas relações entre Portugal e Angola, mas esteve sempre longe dos holofo-tes.Numa altura de grande agitação nas relações económicas entre Portugal e Angola, há um nome importante da alta finança que os jornais e revistas tiraram do anonimato: Carlos Silva. Considerado hoje um dos homens mais influentes nos negócios que en-volvem os dois países, o vice-presi-dente do Millennium BCP nasceu no nosso país irmão da costa do Atlântico em 1966 e é quem dá a cara pela So-nangol - principal accionista privado - na instituição bancária. Além disso, é o fundador e actual presidente do Banco Privado do Atlântico (BPA). A sua presença em Portugal está con-centrada no edifício das Amoreiras Square, em Lisboa, onde estão todas as empresas de construção ou media ligadas ao banco que criou em 2006.As suas relações com a Europa come-çaram quando decidiu vir para Lisboa estudar Ciências Jurídicas na Facul-dade de Direito da Universidade de Lisboa. Foi nesta altura que conheceu Miguel Relvas, ministro dos Assuntos Parlamentares demissionário. Após a sua formação académica, em 1991, regressou ao seu país para exercer ad-vocacia, tendo entrado para a banca.De 1998 a 2001 representou o Ban-co Espírito Santo em Angola, tendo contado com o apoio do presidente executivo do BES, Ricardo Salgado.

    Mas foi a criação do Banco Espírito Santo Angola (BESA) que fez com que passasse a ser apenas um dos ad-ministradores, cargo que ocupou até 2006. Nessa altura, Carlos Silva cria o Banco Privado do Atlântico (BPA), de que é CEO até hoje, em paralelo com o cargo de presidente do BPA Europa e com o de vice-presidente não execu-tivo do Millenium BCP.Os grandes escândalos que se abate-ram nos últimos anos sobre as insti-tuições bancárias a que está ou esteve ligado sempre lhe passaram ao lado. Em Março, o Expresso noticiou que Orlando Figueira, procurador do De-partamento Central de Investigação e Acção Penal que investigou vários casos relacionados com Angola, esta-va a trabalhar para o Millenium BCP, mais concretamente no departamento de compliance. Isto é, o departamento que executa medidas preventivas junto de quadros do banco para impedir que se verifique a prática de qualquer ilíci-to penal ou administrativo por parte de funcionários do Millenium BCP.

    A descrição em pessoa Apesar da relevância que tem nas relações entre os dois países, Carlos Silva sempre quis estar longe dos ho-lofotes. Sendo possuidor de um vasto património em Angola, mas também em Portugal, o angolano ficou co-nhecido pelas suas longas estadas no Hotel Ritz de Lisboa. Há meses, a revista Sábado dedicou-lhe mesmo uma reportagem, considerando-o um dos mais assíduos e melhores clientes

    da unidade hoteleira, tendo ficado co-nhecido a partir daí como o “Senhor X”. Mas ele não gosta de se expor. Questionado pelo sobre alguns aspec-tos da sua vida, Carlos Silva preferiu não fazer qualquer comentário.Empresas Além da banca, o angolano tem uma forte presença na área empresarial. Não sendo sequer quadro da Sonan-gol, a sua importância naquela em-presa é conhecida por todos. Foi aliás com a entrada da Sonangol na estru-tura accionista do Millenium BCP que Carlos Silva conseguiu ganhar toda a importância que hoje tem, uma vez que essa situação terá precipitado a saída do fundador Jardim Gonçalves e do seu braço direito Paulo Teixeira Pinto - enquanto o primeiro discorda-va da entrada da Sonangol, o segundo apoiava. O financeiro angolano, curio-samente, sempre conseguiu manter boas relações com os dois.O investimento da Sonangol no Mil-lenium BCP, onde a petrolífera detém

    uma participação de 19,44%, tem sido muito criticado em Angola por impli-car a utilização de avultados recursos financeiros internos. Em causa estão os elevados prejuízos do banco, que já ultrapassaram os mil milhões de euros.O angolano lidera ainda a empresa In-terOceânico, constituída por diversos investidores angolanos e portugueses, dos quais se destacam a Sonangol, Global Pactum, António Monteiro, ex-ministro dos Negócios Estran-geiros, Francisco Pinto Balsemão, chairman do grupo Impresa, Hipólito Pires, antigo representante exclusivo da SEAT para Portugal e que agora detém a representação da Saab em Angola, e Manuel Nabeiro, da família que gere a empresa detentora da marca ‘Cafés Delta’. Esta sociedade, com um capital social de 75 milhões de euros e cuja apresentação foi realizada por Carlos Silva em Fevereiro de 2011, pretende promover investimentos em Portugal, Angola, Brasil e China e que podem ser materializados na tomada de posições em empresas ou através do lançamento de novos projectos. “Acreditamos neste vértice - Portugal, Angola, Brasil e China - uma geome-tria onde podemos gerar valor para as famílias e para as nossas economias”, afirmou então Carlos Silva.Tendo uma relação próxima da Mota--Engil, na qual tem uma participa-ção no capital social da empresa em Angola, Carlos Silva está também à frente de grandes projectos de cons-trução civil, como a sociedade Baía de Luanda - que tem como investidores a Sonangol, o BPA, o BCP e o Fini--Capital.

    Um angolano nas rédeas do BCP

    Por Carlos Diogo Santos*

    Carlos Silva

    Marcelino dos Santos

  • TEMA DA SEMANA 3Savana 12-04-2013

  • TEMA DA SEMANA4 Savana 12-04-2013

    Em conferência de imprensa realizada debaixo da sombra das árvores na antiga base da Renamo em Gorongo-sa, Afonso Dhlakama disse que o Presidente da República, Armando Guebuza, pediu-lhe esta segunda--feira que ordenasse os seus ho-mens armados para não entrarem em confrontos com as forças de defesa e segurança, e um encontro para juntos renegociarem as revin-dicações da Renamo. No encontro com jornalistas, o líder do maior partido na oposição reiterou que não vai voltar à guerra, mas adver-tiu o Governo que se sentir atacado, vai responder.

    O encontro com a imprensa nacio-nal e internacional na antiga base de Santundjira, em Gorongosa, onde se encontra instalado com os seus guardas armados desde me-ados de Outubro de 2012, tinha como objectivo explicar as razões que levaram os homens armados da Renamo a atacar o comando da Polícia no posto administrativo de Muxúnguè, distrito de Chibabava, em Sofala. O acto imediatamente reivindicado pela Renamo, culmi-nou com a morte de quatro agen-tes da FIR (Força de Intervenção Rápida) e um homem armado da Renamo, para além de oito feridos.Dhlakama disse a jornalistas que ordenou o ataque ao posto poli-cial em resposta à pressão exerci-da pelos seus correligionários, que pediam para responder à acção da FIR que usando gás lacrimogéneo dispersou os homens da Renamo concentrados na sede do partido em Muxúnguè. “Pediram que eu me demitisse, acusavam-me de ter recebido bi-lhões de meticais do Governo da Frelimo. Disseram que foram en-ganados pelas Nações Unidas que recolheu as suas armas, que devem ser as mesmas usadas pelas forças governamentais”, contou o líder da Renamo.

    Em resposta, Dhlakama disse ter autorizado o ataque ao posto poli-cial, mas não disse onde é que os seus homens foram buscar as ar-mas que usaram na madrugada de quinta-feira da semana passada. “Eu disse a eles: arranjem-se à vos-sa maneira, vocês fizeram a guerra e sabem onde achar armas de fogo, e no dia seguinte responderam”.Quanto aos ataques a autocarros e camiões na mesma região matando três pessoas, ele explicou que não ordenou nenhum ataque a civis, mas admitiu terem sido homens da Renamo que cometeram o crime, tal como tinham admitido algumas vítimas à imprensa.Dhlakama lamenta aquilo a que chama de hipocrisia da comunida-de internacional e de alguns ana-listas nacionais que apareceram a criticar a Renamo pelo ataque ao posto policial e não se pronunciam quando guerrilheiros deste partido são espancados ou escorraçados por forças governamentais.“Hoje todo o mundo está preocu-

    pado com o pequeno confronto de Muxúnguè. Mas quando fomos massacrados em Montepuez, onde

    morreram acima de 300 pessoas, não houve opinião pública”, con-testa o líder da “perdiz”.

    Mediação de Lourenço do Rosário?Na conferência de imprensa, o pre-sidente da Renamo afirmou que recebeu uma carta do Presidente da República na qual “pede um cessar--fogo” e um encontro a sós para discutir os assuntos reclamados pelo maior partido na oposição. Dhlakama disse que a carta foi de-positada na sede nacional do par-tido pelo académico Lourenço de Rosário, que aparece como media-dor entre as duas figuras. Mas fon-tes próximas de Lourenço de Ro-sário disseram ao SAVANA que o académico moçambicano não está a mediar nenhum encontro entre a Frelimo e a Renamo.Para satisfazer o pedido do estadis-ta moçambicano, Dhlakama coloca

    como condição a retirada imedia-ta de todos os agentes da FIR das FADM (Forças de Defesa e Segu-rança de Moçambique) acantona-dos nas imediações de Santundjira, Muxúnguè e nas pequenas bases da Renamo no centro e norte do país.“Na carta (resposta) eu disse que estava disposto a negociar a lei eleitoral. Antes manifestei a minha alegria pela abertura do Chefe do Estado. Aceitei enviar um grupo sério que irá aceitar também suas propostas”, contou aos jornalistas em Santundjira.Quanto ao pedido do “encontro urgente” formulado pelo Chefe do Estado na carta dirigida ao líder da Renamo, Dhlakama disse que por “motivos de segurança” deci-diu mandatar uma comissão do seu partido.Porém, não explicou se a mesma comissão manterá encontro com Armando Guebuza. Sabe-se, po-

    rém, que uma comissão da Renamo que integra o deputado Saimone Macuiana está a manter encontros em Maputo com a União Europeia e com dirigentes superiores dos ministérios da Defesa e do Interior. Os encontros com o ministério da Defesa e Interior estão previstos para esta sexta-feira.

    Frelimo pode ceder a exigências da Renamo “Falei com Guebuza sobre a pa-ridade na Comissão Nacional das Eleições (CNE) e ele prometeu resolver. Acautelou-me que a lei eleitoral foi escrita e aprovada por pessoas, as mesmas poderão de novo ultrapassar a nossa preocupa-ção”, disse, mostrando-se confiante a uma provável acomodação das re-clamações do seu partido.A participação da Renamo nas eleições autárquicas de Novembro está agora condicionada à aceitação pela Frelimo, seu principal opo-

    O regresso da velha raposaAfonso Dhlkama diz não à guerra

    Por José Chirinza (texto) e Naíta Ussene (fotos), nossos enviados a Gorongosa

    Dhlakama garante que não vai retornar à guerra, mas avisa que não vai tolerar “brincadeiras”

    “Palácio” de Afonso Dhlakama

    Guerrilheiros da Renamo equipados a rigor

  • TEMA DA SEMANA 5Savana 12-04-2013

    nente, da paridade do número dos representantes de partidos políticos com assento parlamentar nos ór-gãos eleitorais.Outra exigência que o líder da Re-namo espera ver satisfeita é a res-tituição à liberdade dos 15 antigos guerrilheiros do então movimento rebelde detidos, em Muxúnguè. De fontes oficiosas o SAVANA sabe que o grupo foi transferido do posto policial recentemente atacado para o comando provincial da PRM (Polícia da República de Moçambique).“Sem a libertação imediata dos 15 ex-guerrilheiros da Renamo não haverá negociações. Mas eles (Governo) prometeram. Quero ver libertados até às 18 horas desta quarta-feira”, disse.O SAVANA não conseguiu apurar de fontes oficiais se esta exigência já foi satisfeita ou não. Apesar de todo o entusiasmo, o lí-der da Renamo duvida da seriedade das palavras do Chefe do Estado, acusando-o de o ter enganado por várias vezes. Aliás, Dhlakama acha que Armando Guebuza reconside-rou o reinício das negociações com a Renamo por estar a sofrer pressão da classe intelectual nacional e da comunidade internacional e pelo facto das imagens dos confrontos de Muxúnguè “serem bastante cho-cantes”.

    Sobre o AGPO líder da Renamo acusou o Go-verno da Frelimo de ter ignora-do um dos grandes protocolos do AGP (Acordo Geral de Paz) sobre a reconciliação entre as duas fac-ções beligerantes. Trata-se do pro-tocolo de segurança que preconiza a criação de um exército nacional composto 50 por cento dos desmo-bilizados dos dois grupos.Um exército nacional sem incli-nações ideológicas era, para ele, o único sinal de reconciliação dos dois antigos beligerantes. “Isso foi destruído, correram com todos os desmobilizados de guerra da Rena-mo. Isso é ofensa e incitação à onda de violência”, deplorou.Para exemplificar os feitos nega-tivos da marginalização dos guer-rilheiros da Renamo no exército, Dhlakama afirmou que há duas semanas um forte contingente mi-

    litar comandado pelo Chefe do Es-tado-Maior e General das FADM, Paulino Macaringue, esteve nas re-dondezas do seu “quartel-general” com intenção de prendê-lo, o que fracassou.

    Renamo não voltará à guerraMesmo afirmando que autorizou o ataque ao posto policial de Mu-xúnguè devido à pressão dos ex--guerrilheros que o ameaçavam de morte ou expulsão da presidência do partido, Dhlakama reitera que enquanto estiver na liderança da Renamo não voltará à guerra. No entanto, admite a hipótese do re-torno às matas devido à pressão exercida pelos ex-guerrilheiros re-voltados supostamente por não te-rem sido incorporados no exército nacional.Os ex-guerrilheiros estão também agastados com o seu líder por ainda não ter materializado a realização das manifestações pacíficas a escala nacional, anunciadas há dois anos. Eles desconfiam que o seu presi-dente esteja a receber dinheiro do Governo para não avançar, acusa-ção que ele contesta.

    Ambiente calmo em GorongosaVive-se um clima calmo na vila sede do distrito de Gorongosa, in-cluindo em Santundjira, onde está acampado Dhlakama, mas o admi-nistrador distrital Paulo Majacune-ne diz que o ambiente é de “relativa calma”.Majacunene afirma que desde que Dhlakama regressou à Gorongosa a população vive num clima de medo e insegurança,.“Não há livre circulação, sobretu-do, em Vunduzi, onde está insta-lado o Quartel-General de Afonso Dhlakama”, diz o administrador distrital, apelando, a saída “urgente” do líder da Renamo.Contudo, o SAVANA constatou que a presença massiva dos agentes da FIR, das FADM e dos homens armados da Renamo não semeia medo nem clima de insegurança para a população.Mesmo nas redondezas da base da Renamo, foi notória a circula-ção normal de cidadão e crianças a brincarem.

    No “quartel” onde decorreu a con-ferência de imprensa, dos cerca de 20 homens presentes, apenas seis estavam armados. Mas nas matas, a cerca de 10 quilómetros da vila de Gorongosa, estavam escondidos muitos ex-guerrilheiros da Rena-mo.Facto curioso é que no local onde decorreu a conferência de impren-sa, três homens da Renamo esta-vam trajados com fardamentos da FADM. Questionado pelo SAVA-NA, Dhlakama explicou que os três são ex-guerrilheiros da Rena-mo que estiveram integrados nas FADM, mas depois da “reforma compulsiva”, levaram consigo as fardas.Inicialmente marcada para às 9 horas, a conversa com jornalistas iniciou quase às 11 horas, um atra-so que ficou a dever-se a alegadas “questões burocráticas”.Para além do habitual ritual de identificação através do preen-chimento de uma lista, as viaturas onde seguiam os jornalistas foram escoltadas pelo carro do secretário--geral do partido, Manuel Bissopo, que ia em frente, e pela viatura do secretário para área de informação, propaganda e mobilização, Fernan-do Mazanga, que seguia atrás. Os fotojornalistas e os operado-res de câmaras foram interditos de captar imagens no quartel, excepto as relacionadas com a conferência de imprensa.

    Depois da conferência de imprensa houve tempo para comes e bebes

    Dhlakama e o seu Secretário Geral, Manuel Bissopo

    Guerrilheiros da Renamo, um dos quais vestido a FADM

  • 6 Savana 12-04-2013SOCIEDADE

    Uma semana após violen-tos confrontos entre a Força de Intervenção Rá-pida (FIR) e ex-guerri-lheiros da Renamo, a vida regressa timidamente em Muxúnguè, um importante entreposto comercial. Porém, o Hospital continua com reduzido pessoal médico, funcio-nários públicos temem regressar e a actividade comercial, própria da zona, está longe de estar ao rubro. Mas, como era de esperar, o go-verno local faz um discurso tran-quilizador, insistindo que tudo “voltou à normalidade”. O con-tingente da FIR, FADM, polícia de protecção civil foi reforçado com carros blindados e armas pe-sadas em viaturas de patrulha, que vigiam vigorosamente, o principal mercado local, junto a EN1, onde concentra-se o movimento da vila. O carro cisterna e seus ocu-pantes, que a polícia diz ter sido atacado, nunca chegou a aparecer e o mistério em volta do verdadei-ro Rasta Mazembe continua. Segundo observou o SAVANA no local, a sede da Renamo conti-nua altamente vigiada pela FIR. A perseguição aos membros da Re-namo é o pão de cada dia e vários deles abandonaram a vila. Alguns familiares de membros do parti-do de Afonso Dhlakama estão a ser alvos de fortes interrogatórios por parte da Polícia, coadjuvada por agentes dos Serviços de In-formação e Segurança de Esta-

    do (SISE). Muxúnguè dista a 30 quilómetros de Mangunde, região onde vive o pai e um tio do líder da Renamo, Afonso Dhlakama.Os alunos estão a regressar a con-ta-gotas, mas os professores ainda estão receosos.Não existem ainda estatísticas ofi-ciais quanto ao abandono da po-pulação, mas em média duas em cada cinco casas em Muxúnguè estão desabitadas, com os pro-prietários fora da vila, cujo cartão de visita (castanha e ananás) vol-tou a ser vendido de forma tímida

    aos transeuntes, que passam pela EN1.As autoridades governamentais falam de perdas em receitas devi-do à paralização do comércio. Só a 4 de Abril em receitas o Estado terá perdido cerca de seis mil me-ticais.“Não havia pessoas para conse-guimos cobrar. O comércio não tinha aberto”, precisou Páscoa Mambara, chefe do posto admi-nistrativo de Muxúnguè, que, no entanto, garante que “Muxúnguè voltou à vida normal”.

    Reforços A cortina de defesa foi reforçada em Muxúnguè, com a Força Ar-mada de Defesa de Moçambique (FADM), com boinas vermelhas e a FIR, preta, e acamparam junto a administração local, bem próximo da casa da chefe do posto, alvo dos primeiros ataques da guerrilha da Renamo. A chefe do posto foi de-salojada para hospedar as chefias militar e policial.A retaliação da Renamo, após in-vasão e ocupação da sua sede pela FIR, saldou-se em oito mortos, dos quais três civis, quatro milita-res e um ex-guerrilheiro e dezenas de feridos.O único ex-guerrilheiro da Re-namo abatido no tiroteio, e am-plamente “chorado” em Vunduzi, onde se encontra Afonso Dhlaka-ma, foi enterrado pela FIR num cemitério junto à sede do partido em Muxúnguè. Trata-se de Rasta Mazembe, tido como homem de confiança de Dhlakama e temido pelas suas incursões na região, du-rante a guerra civil.Entretanto, a origem do verda-deiro Rasta Mazembe continua a dividir opiniões em Muxúnguè, com a maioria a defender ter sido proveniente de Marínguè, na an-tiga base da Renamo.

    Moeda de trocaNa noite do ataque, a 4 de Abril, os ex-guerrilheiros primeiro abriram fogo contra a residência oficial, da chefe do posto administrativo de Muxúnguè, a escassos metros da polícia, onde estava baseada a FIR, num esfoço para fazer refém a representante do governo local, que seria usada como moeda de troca para libertação dos 16 ex--guerrilheiros detidos pela polícia.Insistidos disparos contra a resi-dência, a mais atingida por proge-tis, e a “gritaria” para a localização da cela onde estavam encarcera-dos os ex-guerrilheiros, terão pre-cipitado o plano, mas a chefe do posto prefere chamar de “engano de localização”.“Não é verdade que estavam a minha procura, embora tenham disparado muito para a residên-cia. Mas eles (ex-guerrilheiros) haviam confundido a residência oficial com a esquadra, onde que-riam libertar os amigos presos”, explicou ao SAVANA, Páscoa Mambara, chefe de posto de Mu-xúnguè, que defende que “os ata-cantes vinham de fora”.

    Fugas e jejuns forçadosUma parte da população de Mu-

    xúnguè, sobretudo a que se refu-giou para as matas experimentou uma vida difícil durante os dias de terror na vila, ao sobreviver sem comer e nem beber, por não ter onde recorrer à procura de ali-mentos.“Estávamos a dormir quando a guerra começou. Não pensei em mais nada, acordei levei a minha mulher e dois filhos, minha mãe e meus irmãos e fugimos para o mato, onde nos mantivemos até o dia 8 de Abril, sem comer e nem beber”, contou Mateus José Mu-gadui, um comerciante da região e residente no 4º bairro.Com nove membros da família no mato, sem onde recorrer para conseguir comida e com medo de regressar, Mugadui disse ter sido forçado ao jejum durante quatro dias, até que decidiu espreitar a vila antes de trazer de volta a fa-mília a casa.“Esta vila está abandonada até hoje. Muitas casas ainda não têm pessoas, outros vizinhos nem sei onde estão. Só sei que não morre-ram pessoas nos bairros, por isso aguardo que cheguem”, disse.

    Após combates da FIR e Renamo

    Muxúnguè ressuscita timidamentePor André Catueira, enviado a Muxúnguè

    Já José Agostinho Sitholé, re-sidente do 2º bairro na vila de Muxúnguè, não gostava de expe-rimentar mais o sofrimento pas-sado durante horas a fios, em que se viu obrigado até a não tossir.“Os disparos eram intensos, eu não suportei peguei na minha es-posa e duas sobrinhas e fugimos para Massacassiro onde pernoita-mos. No dia seguinte às 8 horas voltei, mas diziam que a vila seria atacada ainda naquela noite, então levei a família toda para Beira”, conta José Sitholé, que regressou quinta-feira a vila, ainda sem a família.

    Pacientes retomam, mas falta pessoalO fluxo de utentes do Hospital Rural de Muxúnguè atingiu o pico esta quarta-feira, depois de quase uma semana de abandono, mas falta pessoal técnico de saúde para fazer vazão a procura.Até quinta-feira apenas 20 dos 84 funcionários, entre médicos,

    Militares continuam a povoar Muxúnguè

    Páscoa Mambara, Chefe do Posto Administrativo de Muxúnguè

    Mateus Mugadiu, residente de Muxúnguè

  • 7Savana 12-04-2013 SOCIEDADE

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    Ao abrigo do preceituado no número 1 do artigo 28 dos Estatutos da Confede-ração das Associações Económicas de Moçambique (CTA), convoco a Assem-bleia Geral Ordinária para o próximo dia 4 de Maio do corrente ano, pelas 08h30, no Hotel VIP em Maputo, com a seguinte ordem de trabalho:1. Leitura e aprovação da acta da Assembleia Geral anterior;2. Apresentação, discussão e deliberação sobre o Relatório de Actividades e

    Contas de 2012;3. Apresentação, discussão e deliberação sobre o Plano de Actividades e Orça-

    mento Ordinário para 2013;4. Diversos.

    A Assembleia Geral reunirá em segunda convocatória, 30 minutos depois, com qualquer número de membros, se a hora marcada não estiver presente mais da metade dos membros com direito a participação.

    Os documentos referenciados em 1 e 2 poderão ser levantados nos escritórios sede, nas Antenas Regionais e nos CEP´s a partir de hoje dia 4 de Abril de 2013, no período das 08h00 as 17h00.

    ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA

    CONVOCATÓRIA

    CTA-CONFEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES ECONÓMICAS DE MOÇAMBIQUE

    CTA-CONFEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES ECONÓMICAS DE MOÇAMBIQUERUA DO CASTANHEDA Nº 120

    MAPUTO, MOÇAMBIQUETel: 21491914 - Fax: 21493094 E-mail: [email protected]

    enfermeiros e serventes tinham se feito presente naquela unidade sanitária, o que obrigou a direcção a fazer a redistribuição do efec-tivo, para atender a procura dos serviços. O hospital recebeu o reforço da directora provincial e distrital de saúde, além do médico chefe dis-trital que foram suportando as ausências de pessoal, precipita-das pelos confrontos do dia 4 de

    Abril.“O grosso de funcionários está hoje (quinta-feira) a regressar”, garantiu Pedro Vidamão, director do Hospital Rural de Muxúnguè, que observa melhoria dos serviços nos três primeiros dias desta se-mana, contrários aos dias poste-riores ao ataque.“Esta quarta-feira a procura foi muito maior, por isso até depois do meio dia ainda estávamos a fa-

    zer triagens pediátricas e de adul-tos”, disse Pedro Vidamão com alguns corredores abarrotados de pacientes à espera de atendimen-to.As estatísticas de procura dos ser-viços de saúde indicam que a in-cidência baixou de 300 pacientes diários, para uma média de 25 a 50. As patologias comuns conti-nuam a ser malária, infecções de vias respiratórias e HIV. Não há registo de traumas psicológicos resultantes dos ataques da semana passada.

    Medo e insegurança de “chapeiros” e camionistasContudo, o medo e insegurança entre os transportadores, quer de

    geiros do grupo INTERCAP. “Não há segurança devido ao pâ-nico havido há dias. Morreram pessoas e ainda não temos tido segurança, embora haja um pa-trulhamento da FIR, mas nem com isso é tudo porque queremos ouvir de quem de direito uma ex-plicação”, disse ao SAVANA um camionista da Whatana autos, uma empresa ligada a interesses empresarias da família Machel.Na quarta-feira apenas passaram para o norte autocarros vindo de Maputo, a exemplo das transpor-tadoras NAGI, LTM, ETRAGO e quase nenhuma viatura de 30 lugares, que geralmente chegam a Muxúnguè depois das 17 horas. A ordem para não se circular no período nocturno ainda não foi levantada.“Pelo emprego temos que conti-nuar a transportar passageiros”,

    resumiu um dos “chapeiros” que seguia o trajecto Beira-Vilancu-los..Entretanto, o camião cisterna, que a polícia disse ter sido atacado, nunca chegou a aparecer, inclusive os seus ocupantes.

    Alguns agentes, quer da FIR e FADM, foram punidos por in-disciplina, por terem bebido nas barracas com armas de fogo às costas, segundo constatou o SAVANA no seu “quartel general”. Os agentes, cujo número não conseguimos apurar, continuavam até quarta-feira a abrir covas, até atingir sua altura. Os agentes também são acusados de “usar” trabalhadoras de sexo sem pagar.

    Agentes indisciplinados

    passageiro ou de carga mantêm-se embora a polícia esteja a patrulhar a área onde foram atacados, no sá-bado passado, um camião de mer-cadoria e um transporte de passa-

    Jose Sithole, residente de Muxúngue

    Autocarros regressam de forma tímida

    Pedro Vidamão, Director de Hospital de Muxúngue

  • 8 Savana 12-04-2013PUBLICIDADE

    CENTRO AUDITIVO

    Correcção Auditiva e Acústica MédicaZUMBIDOS ou TINNITUS nos OUVIDOS!A maioria das pessoas pode conseguir

    90% dos pacientes com graves Zumbidos também sofre de perda de audição. Pesso-as com zumbidos nos ouvidos deveriam procurar ajuda de um clínico com conhe-cimento sobre como tratar Zumbidos com aparelhos auditivos. Av.Mao Tsé Tung, 533 Maputo.Tel/Cel:21 497 905 e 82 630 98 12

    Ao abrigo das competências que lhe são atribuídas pela alínea b) do artigo número 18 dos Estatutos da AMODIA, O Presidente do Conselho Fiscal convoca todos os sócios da AMODIA a participarem na Assembleia Geral desta Associação a ter lugar no dia 30 de Abril de 2013, pelas 08H30 na sala de reuniões do MISAU - Ministé-rio da Saúde, sito na Av. Eduardo Mondlane nº1008 - Maputo.

    Agenda: 1. Apresentação do relatório de actividades 2. Eleição dos órgãos Directivos da AMODIA Maputo, 22 de Março de 2013(ILEGÍVEL)

    (PRESIDENTE DO CONSELHO FISCAL)

    AMODIAASSOCIAÇÃO MOÇAMBICANA DOS DIABÉTICOS

    CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA

  • 9Savana 12-04-2013 SOCIEDADE

  • 10 Savana 12-04-2013PUBLICIDADE

    A prestação de contas como elemento central do processo da governação Os serviços públicos constituem a base do contrato social criado entre os Estados e os cidadãos e, neste âmbito, são um indicador da saúde de uma sociedade. A prestação de serviços não é apenas uma tarefa técnica, mas também constitui um processo de gov-ernação. Teoricamente, a prestação de serviços adequada é baseada numa relação de prestação de contas entre os cidadãos e os seus líderes, subdividida em 4 partes:

    parte, nas suas políticas em relação aos serviços; -

    conforme apropriado.

    formuladores de políticas e os provedores de serviços.

    A prestação de contas no quadro nacional de governação

    pública para o cidadão. Dentre outros, neste âmbito são instrumentos legais de referên-cia o Decreto 30/2001; o Decreto 11/2005 e a Lei 7/2012. Restrigindo-nos à Lei 7/12, podemos observar que a mesma estabelece três princípios

    prestação de contas, a saber: i) Supervisão da administração pública pelos cidadãos; ii)

    gestão da administração pública.

    Adicionalmente, a lei 7/2012 estabelece os seguintes princípios de funcionamento

    Caixas de reclamações e sugestões como mecanismos de prestação de con-tas

    mecanismos através dos quais os cidadãos podem interagir com os dirigen-

    -

    características: -

    -

    -

    Em termos de gestão, as propostas feitas são de que não devia caber ex-

    -

    ao governo.

    -

    pelos seus provedores.

    Passos para a instalação das caixas Com base nos resultados acima descritos, os quais foram apresentados aos governos locais, foi acordada a necessidade da instalação de caixas de rec-

    na lei sobre esta matéria.

    ao teatro do oprimido. Seguidamente serão instaladas as caixas em locais -

    cionamento.

    Sociedade AbertaAcademia- Comunidade - Acção

    Cell: +258 826437391Tel: +258 21783134

  • 11Savana 12-04-2013 SOCIEDADE

    Jornalistas e organizações da So-ciedade Civil manifestaram a sua apreensão e expectativas em torno da aprovação da Lei do Direito à Informação, agendada para a presente Sessão, depois de oito anos de “esquecimento” nas gavetas da As-sembleia da República.As organizações da sociedade civil entendem que o direito à informação assume um carácter importante na garantia da transparência, do gozo dos direitos humanos e sobretudo na participação dos cidadãos em todos os processos de desenvolvimento do país.Porém, mesmo com este recon-hecimento legal na Constituição da República, na realidade, ainda não se constata uma efectiva incorporação normativa na prática, uma vez que não existe, no país, uma lei específica que regulamente os procedimentos de acesso à informação pública por parte dos cidadãos. Num ano em que o Sindicato Na-cional de Jornalistas (SNJ) comem-ora 35 anos após a sua criação, a aprovação daquele instrumento legal, que em parte facilita os profissionais da comunicação social bem como a sociedade no geral aceder à infor-mação, representaria uma grande vitória. Este sentimento foi manifestado por Eduardo Constantino, Secretário-geral do SNJ, que apelou aos deputa-dos da Assembleia da República para aprovação daquele instrumento. Para o presidente do Fórum das Rá-dios Comunitárias (FORCOM), João Jerónimo, a existência de um instrumento legal que normalize o direito à informação irá contribuir na fortificação daquilo que a consti-tuição de Moçambique designa de Direitos Fundamentais.No entender de Jerónimo, não se ex-plica que um país que se preze de ser um Estado de Direito democrático e de Justiça Social, os moçambicanos sejam limitados o direito à infor-mação.“Só com informação é que os moçam-bicanos podem muito bem planear seu futuro, fazer melhor planificação e até exigir seus direitos”, disse. Nessa senda, o presidente do FOR-COM diz que espera que se aprove a lei e que a mesma esteja em con-formidade com os princípios inter-nacionalmente aceites, sobretudo ao nível das Nações Unidas. Para o nosso entrevistado, o facto dos deputados terem deixado o docu-mento nas gavetas do Parlamento durante oito anos, mostra que não há interesse na análise deste instru-mento.Sublinha que, o que se verifica neste momento, é que a pressão da socie-dade civil e de outros movimentos de pressão foi tão forte de tal maneira que o parlamento viu-se sem mano-bras para continuar com os adiamen-

    tos.João Jerónimo diz acreditar que, mesmo com aprovação da lei não mude muita coisa, porque a realidade moçambicana mostra que entre o ser e o dever ou entre a teoria e a prática há uma diferença abismal.“As pessoas não gostam de mudanças, sobretudo quando é algo que benefi-cia a maioria. A minoria fica insatis-feita com isso e como tem o controlo da situação veda para que a maioria não alcance esses ganhos”, disse.Embora apresente maior doze de re-ceio, João Jerónimo diz que alimenta

    efectivamente aplicada e não fique na gaveta como acontece com tan-tas outras leis que estão em vigência mas que na prática nunca foram apli-cadas. Para tal, o jornalista diz que conta com o envolvimento de toda a sociedade. John Chekwa, jornalista e coordena-dor da Rádio Comunitária de Cat-andica, distrito de Barue, província

    de Manica, é uma das pessoas que di-vide os seus sentimentos entre receios e esperanças.Diz estar receoso na medida em que, a lei ficou muito tempo sem se ter em conta e que não há garantias exactas de que mesmo com a sua aprovação a sua aplicação será de facto efectiva.Chekwa diz que apesar do país viver um sistema em que se admite o plu-

    Jornalistas e sociedade civil à espera do Parlamento …expectativa gira em torno da aprovação da lei do Direito à informação agendada para a presente sessão

    Por Raul Senda

    A migração do sistema analógico para o digi-tal de televisão em Moçambique vai custar 90 milhões de dólares.Simão Anguilaze, vice-presi-dente da Comissão de Imple-mentação da Migração da Radi-odifusão Analógica para Digital (COMID) disse que parte do valor será financiado pelo Es-tado e a outra parte provirá da concessão das frequências que serão libertadas com a transfor-mação. Segundo Anguilaze, o Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique (INCM) lan-çou, há dias, as candidaturas para o leilão de espectro para a atribuição de direitos de utili-zação de frequências. “Como sabe, com o actual sis-tema, cada televisão usa a sua frequência e com a migração para digital, muitas dessas frequências serão desocupa-das”, disse acrescentando que as frequências a serem libertadas serão concessionadas a outras entidades como é o caso das empresas de telefonia móvel ou fixa que usarão para o aumento e melhoramento dos serviços.“A nossa expectativa é que esses nossos parceiros das empresas de telecomunicações possam se interessar nesses serviços porque será a partir disso que o Gover-no vai rentabilizá-los com vista a custear o projecto”Sobre os prazos, já que a conexão

    ralismo de ideias e opiniões, cada ano que passa, alguns gestores do poder político ficam cada vez mais alérgicos ao papel que a comunicação social desenvolve na educação da sociedade.Esse facto pode, de certa forma, mi-nar o desfruto do direito que poderá provir.Ademais, continua Chekwa refer-indo que, em Moçambique, há muita legislação aprovada mas que não se aplica.A esperança do Chekwa reside no facto das garantias da aprovação da lei serem efectivas e provierem das autoridades legitimadas.Diz ainda que acredita na sua aplica-bilidade na medida em que a socie-dade civil está atenta à situação e a pressão é bem notável. Referir que neste momento, os par-ceiros do programa AGIR, nomead-amente: Centro de Estudos Interdis-ciplinares de Comunicação, Centro dos Direitos Humanos da UEM, o Centro de Aprendizagem e Capaci-tação da Sociedade Civil, COOD, Fórum Nacional de Rádios Comuni-tárias e a Associação Moçambicana de Mulheres na Comunicação Social, estão a levar a cabo uma campanha de Advocacia para a aprovação desta Lei.

    digital deverá se efectivar até Junho de 2015, Anguilaze disse que tal como o plano indica, vai-se trabalhar arduamente com vista a cumpri-lo. “Precisámos de 18 meses para montar a rede e pensamos que até Novem-bro de 2014 teremos a rede montada e daí partiremos para acompanhar o processo”.Segundo Anguilaze, neste momento está-se na fase do lançamento e di-fusão do projecto na medida em que há muita gente que ainda não sabe o que é isso de migração digital e qual é que é o seu fim.Anguilaze diz que a pressão está minimizada na medida em que a migração limitar-se-á apenas a tel-evisão. A rádio continuará a emitir

    nas actuais frequências. A rádio não avançará porque ain-da não se chegou ao acordo quan-to ao padrão a usar quer ao nível do mundo bem como regional. Ademais, a actual frequência de FM ainda tem capacidade para durar muito mais tempo.

    O que é migração digital Migração digital é uma tecnologia que permite a transmissão digital do sinal de televisão, oferecendo uma qualidade muito superior e permitindo uma utilização mais eficaz e proporcionar espaço para mais canais de televisão, permitin-do agregar outras funcionalidades à televisão, com destaque para uma maior interactividade.A transmissão digital vai substi-tuir com vantagem a transmissão analógica, nos vários tipos de su-portes, tais como cabo, satélite e radiodifusão terrestre.O grande diferencial da TV digi-tal é a capacidade de fornecer aos telespectadores novos serviços que antes não eram possíveis no sistema analógico. De entre estes serviços, destacam-se: A gravação de programas, que possibilita o armazenamento num disco rígido dentro do aparelho para exibição posterior, mesmo quando o es-pectador estiver a assistir a outro canal; - Acesso à Internet; Siste-mas computacionais; - Jogos elec-trónicos entre outros Neste momento apenas 14% da população moçambicana tem acesso à televisão.

    Migração do analógico para digital já mexe

    alguma esperança no fundo na me-dida em que só o optimismo pode nos fazer avançar. Simão Anguilaze entende que a aprovação da lei do Direito à Infor-mação representará um grande ganho para a comunicação social e para a sociedade porque, só uma sociedade informada pode fazer valer os seus direitos.De acordo com o jornalista, uma sociedade só desenvolve quando for transparente, as pessoas só desen-volvem quando forem informadas. Simão Anguilaze diz que depois da sua aprovação, espera que a lei seja

    Simão Aguilaze

    O Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ) comemorou, ontem, 11 de Abril, 35 anos da sua criação. A data foi marcada por debates e reflexões sobre o futuro do jornalismo moçambicano.O evento serviu ainda para abordar questões de ética e deontologia profissional e os 35 anos do SNJ: Ontem, Hoje e Amanhã.

    SNJ comemora 35 anos

    A lei do Direito à Informação não interessa apenas a comunicação social mas, a sociedade moçambicana no geral

    João Jerónimo

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  • 12 Savana 12-04-2013SOCIEDADE

    Os cinco países Nórdicos, parceiros de cooperação de Moçambique, con-sideram que o país tem uma soberba oportunidade para se tornar numa nação desen-volvida e reduzir cada vez mais as ajudas externas. Mas adver-tem, que antes de mais é preciso que se adopte uma legislação clara, que traga vantagens e não temer a perda de acordos para outros, pois os recursos “estão aqui e sempre haverá interes-sados”.A Dinamarca, Finlândia, Islân-dia, Noruega e Suécia compõem a chamada cooperação Nórdica, que tem apoiado Moçambique em diversas áreas de desenvolvi-mento, mas também são con-hecidos pela sua frontalidade e crítica em relação ao desempen-ho do governo.Sexta-feira passada, repre-sentantes dos cinco países da chamada coperação Nórdico

    - Moçambique convocaram a imp-rensa para apresentar um documento denominado “Elementos para um processo de crescimento inclusivo em Moçambique, saído da Confer-ência sobre o desenvolvimento do país realizado ano passado em Ma-puto. O documento reflecte os prin-cipais pontos defendidos pelo Grupo para que Moçambique liberte-se da pobreza.

    Transformação económicaO grupo dos cinco refere que Moçambique está a passar por um período de transformação económi-ca catalisada pelos megaprojectos que estão a contribuir para impres-sionantes taxas de crescimentos, mas o mesmo incremento ainda não se reflecte no desenvolvimento do povo.Assim, apontam que os megaprojec-tos não são um atalho para o desen-volvimento sustentável e crescimen-to inclusivo. “É preciso que o governo adopte

    uma legislação clara e faça com que haja uma ligação entre os grandes projectos e o resto da economia para permitir a sua diversificação”, acon-selhou Morgens Pedersen, Embaix-ador da Dinamarca.O diplomata fez notar que Moçam-bique não deve ser demasiadamente apressado na negociação de contrac-tos dos megaprojectos, “porque se errar é muito difícil alterá-los mais tarde”.“Moçambique não deve estar muito preocupado em perder acordos para outros países devido a alegações de que tem um regime fiscal excessivo, pois tem todos os recursos estratégi-cos e haverá investidores interessados ”, aconselhou. Para os nórdicos, Moçambique deve parar e fazer uma avaliação dos con-tractos de mineração da chamada primeira geração e fazer as correcções necessárias. Para os nórdicos, a actual prioridade do executivo nacional deve ser de adoptar uma legislação que não deixe

    dúvidas em relação ao que o governo quer para desenvolver o país, o que implica negociações transparentes e a respectiva publicação dos contrac-tos dos megaprojectos. Nas suas recomendações, os nórdi-cos apontam que partindo do pres-suposto que os recursos naturais são esgotáveis, é preciso que o governo use os ganhos deste ramo de activi-dade para fortalecer os sectores que na verdade constituem a base da eco-nomia nacional, que é a agricultura. Estatísticas nacionais apontam que em Moçambique cerca de 70% da população vive da agricultura.O documento aponta que é necessa-rio também estabelecer uma ligação entre as micro, pequenas e médias empresas e os megaprojectos, por forma a ampliar os beneficios sociais e económicos da actual transfor-mação económica.“Isto vai permitir com que sejam cri-ados mais empregos para os nacion-ais e acrescentar valor aos produtos nacionais”, frisam os nórdicos.

    “Megaprojectos não devem ser corta-mato para o desevolvimento”

    Por Argunaldo Nhampossa

    O presidente da Agência de Co-operação Brasileira (ABC), Fernando Abreu, admitiu que todos os intervenientes envolvidos no Prosavana falharam na estratégia de comunicação com os camponeses e sociedade civil moçam-bicana por não terem esclarecido os objectivos do projecto Prosavana.O Prosavana resulta da cooperação entre Moçambique, Brasil e Japão e pretende fomentar o desenvolvimento agrícola e rural na região do Corredor de Nacala, no norte do país, com o ob-jectivo de melhorar a competitividade do sector, em termos de segurança alimentar, aumento da produtividade dos pequenos e médios produtores e a geração de excedentes agrícolas para a exportação.Fernando Abreu, que falava numa conferência de imprensa nesta terça--feira, em Maputo, aponta que os três países, cometeram erros de palmatória, por não terem disponibilizado infor-mação a tempo e horas em torno dos principais objectivos do Prosavana. “Há razões mais do que suficientes para que sejam levantados todos os problemas em torno daquele projecto agrícola”, frisou Abreu.Assim, aponta que uma vez reconhe-cida a falha, tudo está a ser feito de modo que a estratégia por adoptar seja divulgada na íntegra, por forma a evi-tar mais constrangimentos.De modo a dissipar os equívocos, Fer-nando Abreu refere que a primeira iniciativa foi de se deslocar à província de Nampula para se reunir com a so-ciedade civil e as estruturas locais para esclarecê-los que o projecto pretende ajudar o país a aumentar os seus níveis de produção, produtividade agrícola e aumentar os níveis de renda familiar.

    Segundo Abreu, o Prosavana está di-vido em três fases. A primeira trata da inovação tecnológica que visa fomen-tar a investigação agrária, testando diversas variedades de sementes por forma a determinar os tipos de solos que necessitam e outras técnicas como adubos por utilizar para alcançar altos rendimentos.A segunda fase é o Plano director que vai identificar áreas e os moldes em que as actividades agrícolas e econó-micas serão praticáveis. A nossa fon-te diz que o plano não impõe nada, pelo contrário direcciona os pequenos agricultores as áreas previamente ana-lisadas para o plantio de determinadas culturas.Por fim a extensão rural e modelos,

    que complementa o plano director, este vai se encarregar pelo forneci-mento das sementes conforme a loca-lização e a respectiva instrução técnica aos camponeses sobre as culturas.Abreu aponta que é neste último pon-to onde há necessidade de se fortale-cer a informação, porque o Prosavana deve funcionar com os pequenos agri-cultores e caso isso não aconteça será a falência do projecto. “O projecto não espera reassentar os pequenos agricultores ou ainda alie-ná-los, para se praticar agricultura comercial ou empresarial. Esperamos trabalhar juntos, a adesão é de livre e espontânea vontade e vamos ajudá-los apenas a melhorarem os seus níveis de produção e respectivas rendas”, disse.

    Para Abreu, caso haja necessidade de reassentar os agricultores todos os procedimentos serão seguidos, desde a produção até as compensações para iniciar nova vida.Várias organizações da sociedade civil com destaque para a União Nacional dos Camponeses (UNAC) dizem que um dos grandes medos é a possível usurpação das terras, isto é, a perca do uso e controlo das terras por parte dos camponeses. As terras foram concedi-das ao projecto Prosavana pelo prazo de 50 anos, prorrogável por mais 50 anos.Mas o director da ABC tranquiliza os camponeses. Diz que em parceria com a plataforma da sociedade civil foi es-tabelecido um comité de comunicação para ajudar na difusão da mensagem aos camponeses e criar comissões de representação para que haja debates permanentes.Por outro lado, disse ainda que outro aspecto positivo é o facto de que os pe-quenos agricultores possam ser inclu-ídos numa cadeia produtiva, na qual há empresas que garantem a compra dos produtos, facto que vai trazer uma nova dinâmica na produção pois, o produtor vai-se ocupar apenas com a produção e não com o escoamento dos produtos para os mercados.

    Não comparar prosavana ao PROCEDERMuitas vozes vindas do Brasil são críticas ao Prosavana, chegando a compará-lo com um programada de desenvolvimento de cerrado brasileiro (PROCEDER), que foi um projecto agrícola catastrófico a níveis ambien-tais e produtivos.Fernando de Abreu considera que é muito errado comparar PROCEDER

    com o Prosavana. Isto porque trata-se de épocas muito distintas. O PRO-CEDER foi aplicado na década 60, altura em que as questões ambientais não eram tomadas em consideração, situação que não se verifica hoje.Outra falha foi a fraca preocupação com os pequenos agricultores, o que contrasta com o Prosavana, que tem como suporte estes agricultores “Por isso comparar PROCEDER com Prosavana é sinónimo de falta de informação”, frisou.Abreu aponta que apesar de haver al-gumas similaridades no que tange às condições dos solos, não há condições para que a catástrofe do PROCE-DER se repita em Moçambique.

    Infra-estruturas consti-

    Analistas em Maputo são de opinião que um dos elementos que tem mina-do o progresso de muitos projectos em Moçambique são as infra-estruturas para o escoamento dos produtos e o Prosavana não está alheio a esta rea-lidade.Mas o director da ABC considera que Brasil e Japão são parceiros de coope-ração, mas o governo moçambicano é que é o patrono do projecto.Assim, Brasil vai comparticipar com a pesquisa tecnológica na agricultura, sendo que o Japão com maior encaixe financeiro com 13 milhões de dólares. Já Moçambique deverá disponibilizar terras e adopção de políticas sustentá-veis para a materialização do projecto.Mais ainda apontou que o governo moçambicano deverá criar condições para investir nas infra-estruturas de modo a garantir o escoamento dos produtos a nível nacional e interna-

    Por Argunaldo Nhampossa

    Brasil reconhece falhas no Prosavana

    Por outro lado, afirmam que, o país enfrenta uma série de de-safios associados à forma de ga-rantir transparência e prestação de contas. A isto associam a adesão do país a Iniciativa de Transparência na Indústria Es-tractiva (ITIE), o que significa que há muito trabalho por ser feito ainda e a Assembleia da República tem um papel cru-cial na adopção de uma base legal, que permita o acesso a informação facto visto como prepodenrante na garantia da transparência e prestação de contas. Por sua vez, Tove Westberg, em-baixadora da Noruega, disse que dado que o seu país tem uma vasta experiência na área dos petróleos, está a trabalhar com o governo moçambicano por forma a melhorar os níveis de tributação.

    - Cooperação Nórdica apela à adopção de uma legislação do sector

    Fernando Abreu director da ABC Prosavana vai aumentar os níveis de produção

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  • 13Savana 12-04-2013 PUBLICIDADE

    1. Esta manifestação de interesse está de acordo com as regras gerais de “Procure-ment” vigentes no País.

    2. O Fundo de Energia (FUNAE) -

    no FUNAE.

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    FUNAE – Fundo de Energia,

  • 14 Savana 12-04-2013Savana 12 -04-2013 15NO CENTRO DO FURACÃO

    O advogado moçambicano Ab-dul Gani diz que os moldes em que são formados os ma-gistrados do Ministério Públi-co e judiciais não garantem segurança para uma execução processual eficaz. Gani diz que não se pode formar ma-gistrados competentes em nove meses e sugere que a formação deve ser mais longa e o período pós formação deve ser muito bem acompanhado. O nosso entrevistado queixa-se daquilo que ape-lidou de excesso de demanda no seio dos magistrados. Diz que os advogados, no exercício das suas funções, são vin-culados a prazos e se não responderem vazam todas as possibilidades de tomar posição nesse processo. Por seu turno, o juiz e o procurador também têm prazos mas se não são cumpridos ninguém os responsabiliza por isso. Sobre o ensino de Direito, Gani diz que, em algumas fa-culdades é deficitário. Nas linhas abaixo, transcrevemos, na íntegra, a entrevista que Abdul Gani concedeu ao SAVANA.

    Muitos conhecem-no apenas por Dr. Gani, um homem pragmático e de muito verbo. Pode dizer-nos realmente quem é Dr. Gani? Chamo-me Abdul Gani Hassan, nasci no distrito de Mocuba, província da Zambézia, no dia 25 de Junho de 1954. Fiz a minha instrução primária no dis-trito de Alto Molócue e estudos de liceu na cidade de Quelimane. Em 1974, con-cluí o liceu e para a minha sorte o mo-mento coincide com a abertura da Fac-uldade de Direito na Universidade de Lourenço Marques (actual Universidade Eduardo Mondlane). Foi no período de transição do governo colonial português para a independência nacional. Ingressei na Faculdade e fiz o primeiro e segundo anos. Porém, como estava-se num período de transição e havia in-certezas no que concerne ao futuro da faculdade de direito. Aliás, várias vozes apontavam para o enceramento da Fac-uldade. Na verdade, isso efectivou-se poucos anos depois. A faculdade foi en-cerrada. Mas antes disso, por causa das

    “Não se forma magistrados competentes em nove meses” Abdul Gani em entrevista ao SAVANA questiona a qualidade do judiciário

    Por Raul Senda

    incertezas que reinavam, fiz meus con-tactos e rumei para Portugal mais con-cretamente para a Faculdade de Direito da Universidade Coimbra.Na altura, em Portugal, os cursos uni-versitários começavam com o ano propedêutico, fui obrigado a recomeçar o curso mas com direito a créditos das cadeiras feitas em Maputo. Quando é que terminou o curso de Di-reito em Portugal? Terminei em 1981/82 e logo iniciei o meu estágio que veio a terminar em 1985. Um ano depois, 1986, comecei praticamente com a minha actividade laboral. Trabalhava em Portugal mas sempre tinha o desejo de regressar a Moçambique. Enquanto isso não acon-tecia, procurava, na medida do possível, acumular experiência. O meu desejo foi sempre exercer a ad-vocacia mas, nessa altura, o exercício de advocacia era proibido em Moçambique.E o seu regresso a Moçambique…O exercício de advocacia liberal foi permitido com a alteração da constitu-ição após do Acordo de Paz. Em 1995 começo a programar o meu regresso mas só em 1997 materializei o facto. Cheguei a Moçambique em Maio de 1997 e nos primeiros dois anos trabal-hei em alguns projectos empresariais de forma a reenquadrar-me na sociedade moçambicana. Era importante conhecer pessoas e instituições. Em Maio de 1999 abri o meu escritório. Disse-nos antes que temendo um fu-turo sombrio para com a Faculdade de Direito rumou para Portugal. Como é que foi a sua ida. Tinha conexões, famíl-ia, amigos ou foi uma aventura. Tinha alguns contactos, mas também, na altura, a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra concedia bolsas de estudos aos estudantes das ex-colónias e eu fui uma das pessoas que se beneficiou da bolsa. Em Coim-bra, encontrei uma vasta comunidade de estudantes bolseiros vindos das ex-colónias de Portugal em África.

    Foi difícil perceber os mol-des em que funcionavam os Tribunais Em 1997, regressa ao país e dois anos depois abre o seu escritório. Vinha duma realidade onde a cultura jurídica era muito mais avançada, para um país onde o exercício de advocacia ainda era uma coisa inédita. Como é que foi a sua integração? Senti muitas dificuldades. Quando abri o meu escritório a grande dificuldade foi perceber como funcionavam os tribu-nais. Na altura, os tribunais funciona-vam muito mal, não havia quadros su-ficientes, não havia magistrados judiciais suficientes bem como do Ministério Público, havia poucos advogados e o mais grave ainda é que os auxiliares da justiça ou mesmo as pessoas no geral desconheciam o que era o trabalho de um advogado. As pessoas não sabiam quando e como é que podiam ter acesso a um advogado. Havia desconhecimento absoluto do sistema porque a experiência anterior do funcionamento dos tribunais e da justiça era em moldes diferentes daqueles que passaram a existir após a alteração da constituição.Os tribunais funcionavam no meio de muitas dificuldades, não havia infra-estruturas nem o quadro pessoal que existe hoje.Veio com alguma poupança de Por-tugal? Com que capital abriu o seu es-critório?Não trouxe nenhuma poupança. Em Portugal, estava a trabalhar mas os meus rendimentos serviam para saldar as minhas contas. Tinha concebido uma família. Arranjei emprego em Moçambique. Havia uma empresa portuguesa que se estava a instalar no país em parceria com uma moçambicana. Pediu-me para apoiá-la na implementação do projecto em Moçambique. Portanto, de Maio de 1997 a Maio de 1999 era trabalhador remunerado. Os dois anos serviram para me enquadrar na justiça e na sociedade moçambicana.Disse-nos antes que encontrou uma

    justiça deficitária e carente de meios humanos e materiais. Hoje como é que avalia o estágio da justiça? Posso lhe dizer que a justiça evoluiu. Ainda está muito aquém do desejável mas, comparado com o que era quando cá cheguei, evoluiu bastante. Houve uma grande aposta na formação de quadros, na construção de infra-estruturas. Hoje em todos os sectores da administração da justiça temos quadros formados em Direito. Houve também grandes refor-mas na orgânica dos tribunais. Os recur-sos das decisões dos Tribunais Provin-ciais e das Cidades como o de Maputo iam directamente para o Tribunal Su-premo última instância de recurso, o que provocava um grande congestionamen-to e morosidade nas decisões aliados a falta de celeridade. Haviam recursos que demoravam 8, 9 anos. É possível aplicar-se o termo justiça quando se está esse tempo todo aguardar se por uma decisão judicial? Além do mais houve remodelação profunda nos quadros dos magistrados judiciais do Tribunal Su-premo que vieram imprimir uma nova dinâmica na resolução do processos e na celeridade processualForam criados e entraram em funciona-mento no ano 2012 os Tribunais Supe-riores de Recurso, uma para Região Sul outro Centro outro Norte, dotados de magistrados de carreira que concor-reram em concurso público estando os mesmos dotados de meios para a reali-zação de uma justiça célere e eficaz. Pas-sou a haver mais uma instância de recur-so da decisões proferidas pelos tribunais de primeira instância. As possibilidades das pessoas verem dirimido o seu con-flito, até uma instancia.

    Não se forma magistra-dos competentes em nove meses No que concerne a formação de quad-ros, elogiou o sector em termos quan-titativos. Como é que avalia a questão qualitativa. Esse é um grande desafio que temos pela frente porque, compreendo per-feitamente que numa primeira fase, era necessário dotar os tribunais de quad-ros formados. Acho que agora chegou a altura de se concentrar na qualidade. Penso que a entrada para a magistra-tura quer judicial quer do Ministério Público (MP) deve ser muito mais ap-ertada. A formação deve ser mais longa e o período pós formação deve ser muito bem acompanhado. É inconcebível que se forme um quadro em nove meses para depois atirá-lo num distrito sem acom-panhamento. Leva-se uma pessoa sem formação muito sólida, sem experiência e sem apoio e põem-na a decidir. Como consequência, aparecem situações com alguma gravidade processual, sentenças mal feitas, pronúncias mal feitas, inves-tigações mal feitas, tudo isto é resultado das deficiências de formação ou por falta de experiência.Como é que acha que deve ser a for-mação de magistrados A formação de quadros deve ser muito mais cuidada. Isto é, ser mais longa, nove meses é pouco tempo. A formação de magistrados quer do MP ou do ju-dicial devia durar no mínimo dois anos e antes de serem colocados a trabalhar, os futuros magistrados deviam ter pelo menos um ano de trabalho com colegas

    mais velhos com experiencia nos tribu-nais de muito movimento, por forma a que possam ganhar a tarimba e todo o tipo de conhecimento necessário para depois serem colocados nos distritos. Esta é que deve ser a aposta. Não es-tou a querer dizer que todos os juízes são maus, há muitos magistrados bons graças ao seu esforço, mas a grande garantia que deve vir agora é que não podemos correr o risco de ser o resultado duma iniciativa individual ou particular. Tem de ser algo que o Estado garanta de facto que esses cidadãos vão ser muito bem formados, acompanhados e quando forem colocados sozinhos nos tribunais estejam de facto preparados para poder fazer um bom trabalho.E os graduados em Direito. Como é que avalia a sua qualidade?Depende da faculdade de onde vêm. Tem que haver muito cuidado com as faculdades de Direito que abrem nos últimos tempos. Está-se a abrir muitas faculdades de Direito, algumas delas com qualidade de ensino deficiente. In-felizmente a qualidade de ensino de di-reito não tem evoluído bastante. Temos formados em Direito que não sabem escrever, não têm cultura geral e nem conseguem defender os seus diplo-mas. A Constituição prevê o acesso à Justiça como um direito fundamental. Porém, o que se verifica é que muitos moçam-bicanos não acedem à justiça por um conjunto de constrangimentos criados pelo próprio sistema. O que acha sobre isso. Estou perfeitamente de acordo. Deve haver uma profunda reformulação de como se processa o acesso a justiça como um direito constitucional. É pre-ciso esclarecer claramente o que se en-tende por acesso a justiça. Os cidadãos devem saber quando e como podem ter acesso a justiça. Devem saber que os seus conflitos não podem ser dirimidos pelas próprias mãos, Devem saber quais as instituições que os podem apoiar quando não têm meios financeiros para

    ter acesso a justiça. Não é possível uma sociedade justa sem que os seus cidadãos tenham a possibilidade de ver os seus conflitos dirimidos nos tribunais. Pre-conizo a criação de um Serviço Nacional de Justiça para apoiar o acesso a justiça dos cidadãos carenciados. A Ordem dos Advogados deve ter um papel prepon-derante. Qual é a relação entre os órgãos de ad-ministração da Justiça. Estou a falar da relação entre os juízes-procuradores-polícias-advogados.Estou efectivamente de acordo com as correntes que defendem uma refor-mulação profunda na Polícia de In-vestigação Criminal. A PIC que existe actualmente é trabalhadora. Trabalha em precárias condições e procura fazer aquilo que é possível mas, é preciso criar uma verdadeira Polícia científica de Investigação Criminal. Essa polícia tem que ser dotada de meios, quer em termos de recursos humanos bem como técnicos. Não é preciso uma grande quantidade. É preciso uma quantidade de pessoas bem formadas, bem prepara-das com meios e bem pagas porque se tiver uma Polícia bem remunerada os riscos de corrupção são cada vez menos susceptíveis. Ter uma equipa bem preparada e que no meu entender não pode estar na dependência do Ministério do Interior. Uma PIC não pode, pela sua génese, ser colocada em situação de dependência dum ministério qualquer que seja. A PIC é um órgão auxiliar do MP. Não faz sentido nenhum porque isto pode colidir interesses e o próprio trabalho.No meu entendimento, a PIC ou a Polí-cia Judiciária deve estar na dependência do MP. É uma questão que vem sendo levan-tada há bastante tempo mas, é preciso em definitivo tomar uma medida para resolvê-la.No seu entender o que estará por detrás dessa persistente permanência da PIC no Ministério do Interior? Não compreendo. Não sei se será

    falta de vontade política ou de meios económicas. A renitência em não transferir a PIC para o MP não poderá pôr em causa as reformas em curso na administração da Justiça? Dificulta bastante porque, para que nós possamos ter uma reforma profunda, nos termos em que a justiça funciona, dentro de uma sociedade organizada, é preciso que haja órgãos policiais que re-spondam com eficácia.Penso que é preciso resolver este prob-lema para que haja uma correlação eficaz dos órgãos de administração da Justiça.E quanto ao Ministério Público?Reconheço que o actual PGR fez um grande trabalho de reorganização do MP, dotando de quadros jovens, es-tendo a sua acção em todos ou quase os distritos, reformulando serviços, movi-mentado quadros, procurando imprimir uma dinâmica diferente, mas em termos de eficácia naquilo que é a sua principal função nomeadamente controlo e fiscal-ização da legalidade, a acção penal está aquém do desejável. Com todo o esforço e empenho do actual PGR a situaç ão devia estar em outros patamares. Não se percebe a morosidade da investigação dos processos, a falta dos cumprimen-tos dos prazos, a falta de controle na investigação. No meu entender a MP deve assumir claramente a direcção da instrução do processo-crime em todos os seus aspectos e relegar a os órgão aux-iliares de investigação na sua qualidade de auxiliares. Na prática o auxiliar parece o auxiliado.Quer dizer que a PGR é a principal vio-ladora da lei? Que exagero, longe de mim esse pen-samento, não estou a dizer que o PGR é o principal violador da lei aliás, seria contra natura tendo em consideração a sua qualidade de guardião da legalidade. O que estou a dizer é que falta dinâmica organizacional para que seja capaz de responder às necessidades. E sobre os juízes? Os juízes no exercício das suas funções deparam-se com dois problemas: ex-cesso de demanda e cumprimento dos prazos. A justiça só é justa se for célere .Acho que há factos na administração da justiça sobre as quais deve-se reflec-tir profundamente. Nós os advogados, no exercício das nossas funções, somos veiculados a prazos e se não respon-demos dentro dos mesmos vazam todas as possibilidades de tomar posição nesse processo. O juiz e o procurador também têm prazos mas se não são cumpridos ninguém os responsabiliza por isso. É preciso reformular a questão dos prazos e criar uma combinação legal do seu cumprimento. Mas, isso só não chega. É preciso criar para cada juiz o número máximo de processos que é distribuído por ano. Tem que haver essa responsa-bilização. Os juízes no exercício das suas funções são independentes mas vincu-lados a lei e sua consciência. Mas devem cumprir os prazos estipulados na lei. Não entendo que com o nr de processo que alguns tribunais têm, continuem a haver distribuição de processos todas segundas e quintas-feiras.Qual é o nível de relações dentro da classe dos advogados em Moçambique? Acho que é boa. A nossa Ordem é nova, as últimas eleições para o bastonário da Ordem devem ter sido as mais concor-ridas o que é sinónimo de vitalidade e

    de debate de ideias ao nível da Ordem. Apesar de haver vencedor e vencido, tem de estar claro que o nosso bastonário é aquele que ganhou as eleições e é com esse que devemos trabalhar.Para quem foi o seu voto?O voto é secreto. Mas as eleições já passaram e já há um vencedor proclamado… Eu sou amigo dos dois candidatos. Conheço qualidades e defeitos de cada um deles e neste momento o mais im-portante é dar o meu contributo para o crescimento da Ordem.Tenho 25 anos de carreira e sinto-me com alguma obrigação de não permitir a divisão da classe mas, contribuir para a sua união e contribuir com a minha experiência para o reconhecimento e el-evação da classe dos advogados. Espero que o novo Bastonário, à semelhança do seu antecessor ( Dr. Gilberto Correia) seja um homem independente, prag-mático e determinado.

    O julgamento do “caso Cardoso” projectou-me Antes do Julgamento do “caso Car-doso”, Abdul Gani era um ilustre desconhecido. Concorda que a sua pro-jecção deveu-se àquele caso? Antes de mais, tenho que lembrar que não foi Abdul Gani apenas que esteve no processo. O processo envolveu várias partes. Estavam lá muitos advogados a representar as partes. Se a minha ima-gem sobressaiu mais terá sido o resul-tado da minha modéstia, qualidade de trabalho, dos meus conhecimentos téc-nicos, da minha determinação, do meu empenho e da minha capacidade.Antes do julgamento não tinha essas qualidades?O julgamento foi em directo pela tele-visão. Reconheço que em parte a minha humildade de advogado sobressaiu com o julgamento. Depois do julgamento passei a ter mais clientes, a procura dos meus serviços aumentou e alguns pro-cessos mediáticos passam pelo meu es-critório.O que significou para si o julgamento do caso Cardoso? Significou uma grande escola. Signifi-cou a tomada de consciência do cidadão

    moçambicano em geral, de como fun-ciona a justiça de um país. Acho que aquela possibilidade que foi dada de transmitir em directo, para alem dos aspectos negativos de transmissão em directo, a qual eu na altura me opunha porque pensava e continuo a pensar que põe em causa o principio de presunção de inocência, consagrada na Constitu-ição, teve aspectos extremamente posi-tivos. Foi onde os cidadãos perceberam como é que funciona um tribunal, o que faz um advogado, o que faz um procura-dor, o juiz, os funcionários judiciais, o que faz a PIC. Motivou algumas pessoas a dedicarem-se a essa área de direito. Que conselho dá aos seus clientes sem-pre que o elegem como advogado? Antes de mais, peço aos meus constitu-intes para me contarem toda a verdade para podermos montar a estratégia de defesa.Como é que se sente quando perde um caso e tem que transmitir isso ao seu cliente.É sempre uma situação muito difícil, sobretudo quando essa implicação leva à privação da liberdade. É muito com-plicado. Alguém confia em ti nesse tra-balho e no teu empenho não consegues um resultado favorável. Mas, eu tenho consciência dos processos que me são entregues e dos factos que são arrolados e a prova produzida.Eu digo sempre ao meu cliente como está o processo, o tipo de prova, a nossa posição e as possibilidades de sair ilibar ou condenado. No geral, não tenho tido grandes surpresas se não em três ou qua-tro casos em que isso aconteceu.Se o meu cliente cometeu o crime e a prova está lá não posso dizer ao meu cliente que será ilibado. Estaria a ser desonesto. O que posso lhe dizer é que vamos tentar reduzir a moldura penal. Por vezes temos surpresas. No “caso Cardoso”, as provas proces-suais davam indicação para a conde-nação de Ramaya? Que conselho lhe deu antes da sentença? No caso Cardoso acho que o meu con-stituinte não poderia ter sido conde-nado a pena que foi e, digo mais, se o julgamento tivesse sido feito hoje, fora daquele contexto social e político da

    altura, duma forma mais serena, nunca Vicente Ramaya podia ter sido conde-nado àquela pena. Depois da sua condenação e da tran-sição da sentença em julgado que con-selho lhe deu? Falei com Vicente e de forma prag-mática disse-lhe que recorremos do despacho de pronúncia, recorremos da sentença final, a sentença transitou em julgado, mantenha uma vida serena den-tro da cadeia, tenha paciência porque a nossa próxima batalha é quando tiver cumprido a metade da pena tentar a liberdade condicional. Desde que preen-chas os requisitos. Bastará ter um bom comportamento, vontade e capacidade para voltar à vida activa, a tua vida está nas tuas mãos, eu não estou aqui na BO contigo, não viverei todos os dias con-tigo. Aconselhei-o de forma pragmática e disse-lhe mais…facilite-me a vida para eu poder facilitar a tua vida. E Vicente Ramaya é uma pessoa pragmática e com uma cabeça muito organizada e ele percebeu perfeitamente que não vale a pena a gente continuar nestas batalhas jurídicas porque todos os meios já se tinham esgotado com o trânsito em jul-gado da sentença. Foi o que aconteceu e nós apenas limitamo-nos a seguir o que a lei recomenda. Pelo que para nós foi muito estranho o celeuma que circulou em volta da soltura de Vicente Ramaya. Na minha opinião, o Procurador Geral da República nem se devia pronunciar porque foi o juiz do processo. E quanto a António Munguambe. Es-perava a sua condenação? Até hoje eu ainda não sei qual é que foi o crime que Munguambe cometeu.Ele beneficiou-se da bolsa de estudos para seus filhos, pediu-a a uma em-presa pública, mas quando o processo iniciou e teve conhecimento de que de facto aquele pedido não tinha cobertu-ra regulamentar, eu aconselhei-o e fiz prova nos autos, a devolução voluntária desse dinheiro. O processo ainda estava na fase de instrução contraditória. Por isso que eu digo, não sei que crime ele cometeu. Beneficiou-se de facto, pediu normalmente, as empresas públicas a que ele pediu concederam-lhe, ele não as obrigou.

    “Infelizmente a qualidade do ensino de Direito não tem evoluído bastante”, Abdul Gani

    Gani sugere que a formação de magistrados deve ser mais longa e o período pós formação deve ser muito bem acompanhadoPara Abdul Gani, Vicente Ramaya não merecia pena pesada no “caso Cardoso”

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  • 16 Savana 12-04-2013INTERNACIONAL

    Ramos Horta, representante da ONU em Bissau, disse esperar que esta detenção sirva para políticos e mi-litares pensarem que “o crime não compensa”.O almirante Bubo Na Tchuto da Guiné-Bissau está preso em Nova Iorque e já compareceu, pela primeira vez, perante um juiz, seg-undo informações de responsáveis norte-americanos à AFP, que adi-anta alguns contornos da operação da brigada de combate ao tráfico de droga dos Estados Unidos que levou à detenção do alto militar ao largo de Cabo Verde, iniciada em Agosto.

    Bubo Na Tchuto foi preso por elementos da Drug Enforcement Agency (DEA) numa operação em que estes se faziam passar por traficantes. O almirante guineense, apontado desde 2006 como uma ligação-chave das Forças Armadas daquele país aos narcotraficantes da América Latina, com destino à Europa e aos Estados Unidos, pensava estar a contactar, em alto mar, com um fornecedor e um in-termediário, quando na verdade se tratava de uma equipa de agentes da DEA.Um porta-voz do gabinete do procurador de Manhattan decla-rou ainda à AFP que José Américo Bubo na Tchuto ficou em detenção juntamente com outros dois acu-sados, Papis Djeme e Tchamy Yala, também referidos pelo envolvi-mento numa rede internacional de tráfico de droga vinda da América Latina com destino aos Estados Unidos. Segundo a acusação, Bubo Na Tchuto devia receber um mil-hão de dólares (cerca de 800 mil euros) por operação.

    Uma mensagem aos responsáveisDe Bissau, chegou a mensagem de José Ramos-Horta, represent-ante especial do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, em de-clarações aos jornalistas, citadas pela agência Lusa: “Espero que [esta detenção] leve a classe políti-ca bissau-guineense e os mili-tares a reflectirem: como é que se chegou a esta situação em que um veterano, um combatente, caiu tão baixo e acabe por ser preso no alto mar e levado para uma prisão es-trangeira”, disse Ramos-Horta.O representante das Nações Uni-das desejou que este episódio “sirva de reflexão para recuarem” e “para pensarem que o crime não com-pensa e que é preferível ser pobre mas honrado e digno do que tentar enriquecer pela corrupção, tráfico de armas e tráfico de drogas, entre outros crimes ilícitos”.O Governo está à espera que as entidades americanas o informem sobre “as condições de detenção e o porquê”, afirmou entretanto Fer-nando Vaz, porta-voz do Governo de transição da Guiné-Bissau, em exercício desde o golpe de Estado de 12 de Abril do ano passado, sem que ainda tenham sido mar-

    cadas eleições. E adiantou que a defesa de Bubo Na Tchuto seria garantida, à semelhança do que aconteceria em relação a qualquer outro cidadão.Segundo a Lusa, a representação diplomática dos Estados Uni-dos na Guiné-Bissau encerrou na quinta-feira e só reabre na se-gunda-feira. Fernando Vaz disse desconhecer que tal esteja relacio-nado com a detenção de Bubo Na Tchuto.

    Bubo Na Tchuto exigia um milhão de DólaresO ex-chefe da Marinha da Gui-né-Bissau cobrava um milhão de dólares por cada tonelada de co-caína da América do Sul recebida na Guiné-Bissau.De acordo com um comunicado di-vulgado semana passada pela DEA, Bubo Na Tchuto “ofereceu-se para usar a empresa que detinha para facilitar o carregamento de cocaína para fora da Guiné-Bissau” e exigiu

    uma “taxa” de um milhão de dólares por cada tonelada recebida.A oferta e a exigência foram feitas, segundo a DEA, em encontros, gravados desde o Verão passado, na Guiné-Bissau, entre Bubo Na Tchuto, Papis Djeme e Tchamy Yala, mais dois arguidos, cuja na-cionalidade não foi divulgada, e agentes ao serviço da DEA, que se fizeram passar por intermediários de traficantes de droga, sediados na América do Sul.

    Bubo Na Tchuto detidoNuma discussão em que foi abor-dado o envio de toneladas de co-caína provenientes da América do Sul para a Guiné-Bissau por mar, “Na Tchuto referiu que o Governo da Guiné-Bissau estava debilitado devido ao recente golpe de Estado, a 12 de Abril de 2012, pelo que era uma boa altura para a transacção da cocaína proposta”, refere o texto da DEA.Em encontros posteriores com os supostos intermediários, Na Tch-uto, Djeme e Yala alegadamente concordaram em os ajudar, rece-bendo um carregamento de duas toneladas de cocaína que seria es-condida num armazém para ser distribuída na Europa e nos Esta-dos Unidos.A 17 de Novembro, lê-se no comu-nicado, os três arguidos estiveram com dois infiltrados ao serviço da DEA e “discutiram a importação de uma tonelada de cocaína para os EUA”.O processo contra Na Tchuto, cap-turado na quinta-feira em águas in-ternacionais perto de Cabo Verde, envolve um total de cinco argui-dos, incluindo, além do almirante, Djeme e Yala, Manuel Mamadi Mané e Saliu Sissé, cuja nacionali-dade não é identificada, a somar à detenção, na Colômbia, de Rafael Antonio Garavito-Garcia e Gus-tavo Perez-Garcia, ambos colombi-anos e alvos de “alertas vermelhos” emitidos pela Interpol.

    O secretário-geral da ONU é sul-coreano

    Bubo na Tchuto, considerado barão da droga da Guiné Bissau, detido e extraditado para os EUA

    O presidente francês, Fran-çois Hollande, anunciou nesta quarta-feira, em Paris, a criação de um organismo de controlo do patri-mónio dos responsáveis políticos, na sequência do escândalo que levou à demissão do ministro das Finanças de França.“Os erros de um homem não de-vem semear a dúvida sobre todos. As regras de publicação do patri-mónio dos responsáveis públicos vão estar sob uma alta autoridade pública” que vai controlar as de-clarações de património, afirmou Hollande numa conferência de imprensa no Palácio do Eliseu, em Paris.O chefe de Estado francês acres-centou que a alta autoridade para o controlo do património dos res-ponsáveis públicos vai “estudar em profundidade a situação de cada ministro antes e depois do momento em que é nomeado para que seja assegurada a transparên-cia da vida pública”.Hollande insistiu que o escânda-lo que envolveu o ex-responsável das Finanças do Governo francês, Jérôme Cahuzac, sobre a conta bancária não declarada no estran-

    geiro em que tinha depositados 600 mil euros, é conhecido após “anos de outros escândalos”.Por isso, afirmou, é “preciso travar” uma luta “implacável” contra as mo-vimentações de capitais e que consi-ga “as respostas fortes que os france-ses exigem”, através de um projeto de lei que o Governo vai apresentar no dia 24 de abril.Como já tinha sido anunciado, a par-tir de segunda-feira, todos os mem-

    bros do Governo de Paris devem tornar público o património de que são proprietários e os membros de Parlamento devem tomar o mesmo procedimento assim que a assem-bleia aprove o texto legal que vai proibir algumas atividades profissio-nais“, para que seja prevenido o con-flito de interesses” que pode envolver deputados.Parte deste pacote legislativo incluiu o reforço da “luta contra a grande

    delinquência económica e finan-ceira” e, por isso, vai verificar-se em França o funcionamento de um organismo de fiscalização fi-nanceira com competências na-cionais e que pode vir a atuar em casos de corrupção e de grande evasão fiscal.Nos casos de condenação por corrupção ou fraude fiscal, os detentores de cargos públicos podem vir a ser proibidos de exercer cargos na administração pública, de forma “definitiva ou temporária”.Questionado sobre se as medi-das são inquisitórias e se podem fazer com que os responsáveis políticos sejam julgados pela ri-queza que possuem e não pelas tarefas públicas, Hollande res-pondeu que o “maior risco seria não mudar nada”.O Presidente francês defendeu ainda a atuação do ministro da Economia, Pierre Moscovici, no “caso Cahuzac” afirmando que a Justiça atuou livremente sem in-terferência do executivo.“Este caso feriu-me e não o posso deixar sem uma respos-ta”, confessou o chefe de Estado francês.

    Hollande anuncia organismo de controlo de património dos políticos

    Presidente francês, François Hollande,

  • 17Savana 12-04-2013 INTERNACIONAL

    A antiga primeira-ministra britâ-nica, Margaret Thatcher, morreu nesta segunda-feira, aos 87 anos, em resultado de um acidente vascular cerebral. A revista Time considerou-a uma das cem figu-ras mais influentes do século XX, e poucos britânicos discordarão da sua presença na selectiva lista, mesmo os mais atingidos pela cura de austeridade que a Dama de Fer-ro aplicou como remédio ao declí-nio económico do Reino Unido. Mulher de convicções fortes, im-pôs a sua “revolução conservadora” ao país, criando uma era a que em-prestou o nome.Margaret Thatcher foi a primeira (e única) primeira-ministra da ve-lha Albion, quando a presença de mulheres no cargo era ainda um facto estranho – só não foi pionei-ra porque antes dela houve “gigan-tes” como Indira Ghandi e Golda Meir.Num tempo em que a política era ainda integralmente masculina, Thatcher não dava especial impor-tância ao facto de ser a primeira mulher em tai