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CMDCA INFORMA Informativo eletrônico do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA-Rio. Edição • 21 Maio/2020 Nosso endereço: Afonso Cavalcanti, n 455, sala 663, Cidade Nova- RJ www.cmdcario.com.br [email protected] EDIÇÃO ESPECIAL DIA 18 DE MAIO A edição deste mês do Informativo do CMDCA-Rio é especial sobre o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em que faremos um balanço sobre os 20 anos do Pla- no Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e uma reflexão sobre as várias abordagens que o tema exige. Para isso, escolhemos dar voz a profissionais que trabalham dire- tamente com o assunto. Também queremos deixar nosso agradeci- mento especial à conselheira de di- reito Maria America Ungaretti Diniz Reis, uma militante incansável pela causa das crianças e dos adolescen- tes, que teve papel fundamental na elaboração desta edição. A luta de todos nós é para que relatos como a da jovem R.A.S., de 15 anos, não exis- tam mais. Acompanhe abaixo.

DIA 18 DE MAIO · na região de Santa Cruz. Lá, são atendidas atualmente 20 jovens, de nove a 15 anos. Em dezembro de 2017, o trabalho da instituição foi am-pliado e inauguraram

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CMDCAINFORMA

Informativo eletrônico do ConselhoMunicipal dos Direitos da Criançae do Adolescente – CMDCA-Rio.

Edição • 21Maio/2020Nosso endereço: Afonso Cavalcanti, n 455, sala 663, Cidade Nova- RJ

[email protected]

EDIÇÃO ESPECIAL

DIA 18 DE MAIOA edição deste mês do Informativo do CMDCA-Rio é especial sobre o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em que faremos um balanço sobre os 20 anos do Pla-no Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes e uma refl exão sobre as várias abordagens que o tema exige. Para isso, escolhemos dar voz a profi ssionais que trabalham dire-tamente com o assunto. Também queremos deixar nosso agradeci-mento especial à conselheira de di-reito Maria America Ungaretti Diniz Reis, uma militante incansável pela causa das crianças e dos adolescen-tes, que teve papel fundamental na elaboração desta edição. A luta de todos nós é para que relatos como a da jovem R.A.S., de 15 anos, não exis-tam mais. Acompanhe abaixo.

INFORMA

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DEPOIMENTO

DEPOIMENTO DE R.A.S. , DE 15 ANOS

“Quando eu tinha sete anos, meu pai tinha me chamado para ir para o quarto dele e eu fui sem entender nada, na inocência. A gente fi cou brincando e, quando ele foi me dar um abraço, a parte íntima dele fi cou dura. Quando eu fui sair, ele me segurou e, nessa hora, meu tio chegou e me colocou para fora do quarto e se resolveu com meu pai. Minha avó falou que, se ele não parasse com aquilo, ia chamar os caras para dar uma coça nele. Mas não adiantou. No dia seguinte, só estávamos eu e ele em casa e quando ele me chamou estava completamente nu. Eu consegui sair pela porta de trás da casa. Neste dia, eu fugi de casa e fui para a minha avó”.

Hoje essa jovem está acolhida pela instituição Educar Para o Amanhã, que trabalha desde 2002 e recebe adolescentes em situação de risco, na região de Santa Cruz. Lá, são atendidas atualmente 20 jovens, de nove a 15 anos. Em dezembro de 2017, o trabalho da instituição foi am-pliado e inauguraram o Semeando Para o Amanhã, um abrigo para adolescentes grávidas ou com bebês, que acolhe atualmente 10 jovens e 9 bebês, entre 12 e 17 anos.

– A porta de entrada para as nossas unidades é o Conselho Tutelar, a Vara da Infância ou a Unidade Reinserção Social Taiguara. Todas as jovens acolhidas têm histórico de violência sexual –, explica Carlos Ro-berto Laudelino, representante legal da instituição.

Ele afi rma ainda que a preocupação das instituições é oferecer acesso ao médico, recuperar a documentação e a busca por familiares, além de matriculá-las na escola e incentivá-las a fazer curso e olhar para o mundo do trabalho.

– Buscamos oferecer autonomia e segurança às adolescentes –, resume.

“Quando eu tinha sete anos, meu pai tinha me chamado para ir “Quando eu tinha sete anos, meu pai tinha me chamado para ir

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ARTIGO

A CULTURADA VIOLÊNCIAPor Andrea Pitanguy Romani

A violência doméstica contra as mulheres e meninas, assim como as violências perpetradas contra crianças e adolescentes refl etem, na grande maioria dos casos, relações de poder desiguais calcadas em valores culturais e papéis so-ciais atribuídos a homens e mulheres, que são ensinados desde a infância.

São inúmeros os estudos e pesquisas que evidenciam que a casa não é um lugar seguro para elas. É onde mais de 60% dos casos de violência contra mu-lheres e meninas ocorre (Dossiê Mulher 2018). Violência perpetrada, na grande maioria das vezes, por alguém de seu convívio, o marido, o irmão, o pai. Essa violência se manifesta de diversas formas e, como tipifi cado na Lei Maria da Penha (Lei no 11.340/2006), que diz respeito à violência doméstica e familiar, ela pode ser física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral. Muitas vezes estas violências ocorrem de forma simultânea.

No caso de crianças e adolescentes, as principais violências sofridas dizem res-peito à violência sexual (abuso e exploração), muitas vezes antecedida pela vio-lência física, além da negligência, do abandono e da violência psicológica.

Isolamento social

Neste contexto de confi namento e restrição de deslocamento há uma preocu-pação real quanto ao aumento dessas violências. Introspecção excessiva, hi-persensibilidade, difi culdade de atenção escolar, suspeita de gravidez são algu-mas das mudanças de comportamento que podem indicar sinais de violência sexual, doméstica e familiar, para além daqueles sinais mais visíveis como mar-cas físicas.

ARTIGO

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ARTIGO

O isolamento que estamos vivendo difi culta a identifi cação desses sinais que, muitas vezes, são feitos por pessoas e redes externas, colocando as crianças e as adolescentes em situação de maior vulnerabilidade. Mas, o que considero mais importante é ressaltar que esses padrões de violência doméstica e fami-liar e as múltiplas violências a que estão sujeitas as crianças, adolescentes e mulheres adultas não surgem com a Covid-19. Eles antecedem a pandemia e, infelizmente, estarão presentes em maior ou menor intensidade depois.

O que muda agora são os desafi os para romper o ciclo de violência e do silên-cio. Muitas dessas meninas e mulheres estão confi nadas com seus agressores e suas redes de apoio entre familiares, vizinhos, amigos estão fragilizadas. O acesso a serviços também se tornou mais difícil, seja pela impossibilidade de deslocamento físico seja pela redução de oferta dos próprios serviços, como DEAM- Delegacia especializada de atendimento à mulher e CEAM - Centro especializado de atendimento à mulher.

O funcionamento do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adoles-cente previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente está fragilizado: esco-las fechadas, conselhos tutelares e órgão de segurança funcionando de forma remota e/ou reduzida, unidades de saúde sobrecarregadas, tudo isso difi culta ainda mais a identifi cação desses sinais de violência assim como as possibili-dades de promoção, defesa e controle da efetivação de direitos e, consequen-temente, a possibilidade de denúncia e apoio.

Para além de todo esse cenário, estamos também lidando com um gravís-simo problema econômico com famílias, muitas delas no trabalho informal,

Meninas e mulheres seguem sendo as principais vítimas de violências cometidas no espaço doméstico por agressores do sexo masculino e de conhecimento da vítima.

ARTIGO

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ARTIGO

perdendo suas fontes de renda acirrando tensões familiares já existentes e com riscos de maior exploração de trabalho infantil, e outras violências dentro e fora de casa. Mesmo com as difi culdades dos últimos meses, no sentido de romper ciclos de vio-lência, os dados apontam para um aumen-to das denúncias. O plantão judiciário da Justiça do Rio de Janeiro, por exemplo, re-gistrou aumento de 50% do número de ca-sos de violência doméstica e um aumento de 46% nos casos de feminicidio em São Paulo (Fórum Brasileiro de Segurança Pú-blica). Dados esses alarmantes, mas subno-tifi cados.

Iniciativas exitosas É muito importante reconhecer avanços no campo das normas, legislações e práticas. O Sistema de Garantia de Direitos, os con-selhos municipais dos direitos da criança e do adolescente e os Planos de Enfrenta-mento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes são instrumentos que têm contribuído para a promoção dos direitos de crianças e adolescentes. Todavia, ainda existem muitas lacunas no campo da pro-teção de crianças e adolescentes, mas, por outro lado, só se faz possível a exigência de cumprimento de normas, leis e políticas, se existirem instâncias da sociedade civil mi-nimamente estruturadas para exercerem esse controle social.

ARTIGO

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ESPECIAL

VIOLÊNCIASEXUAL NAS FAVELAS Por Inês Cristina Di Mare Salles,da Associação Redes de Desenvolvimento da Maré/Projeto Nenhum a Menos

Incidência

As pesquisas sobre violência sexual ainda não são muitas, sendo mais raras em populações de favelas. A Redes da Maré realizou a pesquisa _Dores que Curam_ em parceria com a UFRJ e a Universidade Rainha Maria/UK no período de 2016/18. O estudo focou a vida das mulheres na Maré e identifi cou o alto índice de violên-cias experimentadas por elas na favela, além de muitas histórias de vida que reve-laram abusos sexuais na infância.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2018) registrou o mais alto número de violências sexuais no Brasil, foram mais de 66 mil casos de violência sexual, nos quais 54% das vítimas tinham até 13 anos de idade, 50,9% são negras, 72% ocorre-ram dentro de casa e cerca de 45% dos agressores eram homens que tem convívio com a vítima. Números alarmantes que indicam prevalência em favelas e perife-rias.

Desafi os

As maiores barreiras a serem enfrentadas são o medo de falar do assunto em casa, nas instituições e o relato de uma sensação de não ter a quem recorrer para pedir auxílio dentro de uma favela. Este é um território em que grupos civis armados, mi-lícia e forças de segurança pública disputam o poder provocando diversas contra-dições na formação da consciência das pessoas. Em algumas situações são consi-deradas cidadãs e, em uma série de outras não são respeitadas como pessoas com direitos, tendo a vida regulada pelo ordenamento destes grupos armados. Ao falar ou buscar ajuda pode ocorrer um agravamento das violências para aquela criança e sua família.

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ESPECIAL

A realidade

Outro ponto importante são as difi culdades de entender os limites entre o que é amor e o que é violência em contextos nos quais os relacionamentos são marca-dos por muitos atos violentos e a criança, por sua condição de sujeito em desenvol-vimento, não tem condição de avaliar as estratégias utilizadas pelos abusadores. Neste contexto, encontramos famílias cuja a defi nição de violência desconsidera algumas dimensões do fenômeno que compõe ou antecedem as violências físicas e sexuais como as violências simbólicas, psicológicas e patrimoniais. Outras mães relatam que cresceram sem nenhum adulto conversando sobre corpo, sexo e sexu-alidade, e, algumas falam sobre abusos sexuais na família e em seus casamentos.

Rede de apoio

Também é observado o desconhecimento sobre os serviços da rede de apoio so-cial ou de orientação e denúncia. A Lei Maria da Penha é mais conhecida, porém não foi estudada por muitas instituições ou trabalhada com a população e as ou-tras poucas legislações que dão suporte para o enfrentamento da violência, como o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código Penal, assim como o papel dos Conselhos Tutelares. Estas são implementadas sem apoio e conhecimento de outros atores sociais e de diversas políticas públicas, o que difi culta a mudança da cultura punitivista da população preta e pobre para uma cultura de universalização de di-reitos.

Violência X Covid 19

Neste momento de pandemia da Covid-19, com as medidas de isolamento social, houve um agravamento de todas as violações de direitos que já aconteciam nas favelas. Aumento de convivência, escassez de recursos e de rede apoio social, tudo isso sobrecarregando as mulheres nas famílias mais machistas e resultando no re-gistro de aumento das violências domésticas. Algumas iniciativas estão sendo em-preendidas para apoiar as mulheres, principalmente pelos coletivos, juntamente com os conselhos de direitos e, talvez nunca tenha sido tão importante trabalhar esta campanha do Dia 18 de Maio.

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ESPECIAL

Atuação na Maré

As principais orientações dos estudos sobre prevenção e proteção da criança se refe-rem à visibilidade do problema. É preciso romper o silêncio que esconde os abusos. Em nossa prática na Maré criamos círculos de cultura com as crianças em que elas podem falar destes assuntos coletivamente e espaços de conversa individuais para as crianças e as famílias que solicitam. Deste modo, são pensadas e construídas es-tratégias de cuidado, auto cuidado e proteção que servem para a realidade delas, que elas e suas famílias têm condições de desenvolver no cotidiano familiar e no ir e vir pelo território. Dentre estas estratégias sempre reiteramos os canais de apoio e o fortalecimento das potencialidades das famílias para buscar auxílios, aprender a conversar e entender melhor que até os abusadores precisam de acompanhamen-to.

Alternativas

Nos territórios populares é preciso criar formas de lidar com as violências para além das denúncias e judicializações, pois estas formas não são realidade para esta po-pulação. É preciso trabalhar com o cerne das questões - nossa humanidade e ne-cessidade de pactuar modos de convivência sociais que garantam a vida e o direito para todos. Trabalhar nestes territórios exige mais formação dos profi ssionais, mais escuta, diálogo, busca de rede de parceiros com legitimidade no território e serviços de apoio social também com formação para acompanhar as famílias. Mexer com abuso sexual em favela é mover todas as estruturas de exclusão da sociedade pa-triarcal.

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ENTREVISTA

KARINAFIGUEIREDOCoordenadora do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes

1 – Qual a importância de existir uma data como o Dia 18 de Maio?

A data foi criada para ser um dia em que falamos à população sobre o tema, mo-bilizamos e sensibilizamos. Mostramos a importância das pessoas denunciarem, não se omitirem e também para cobrar investimento do Estado para enfrentar o problema, além de fazer um balanço de tudo isso. É um momento de marcar poli-ticamente o tema.

2 – Quais medidas são necessárias para combater o abuso e a explo-ração sexual de crianças e adolescentes?

O Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adoles-centes estabelece seis eixos indicados a seguir: prevenção, atenção, defesa e res-ponsabilização, comunicação e mobilização social, participação e protagonismo e estudos e pesquisas. O abuso e a exploração sexual são formas de violência extre-mamente complexas e que exigem um conjunto de ações.

O que falta para o Brasil hoje é investir nessas ações e no trabalho em rede. Não dá só para a Saúde, a Educação, a Polícia ou a Justiça enfrentarem o problema isola-damente. Também existe a fragilidade das políticas públicas que não dão conta de garantir os atendimentos. 3 - Quais avanços se destacam nestes 20 anos da existência do Pla-no Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes?

Entre os avanços destacamos que o tema entrou nas agendas da Política Nacional para a Infância, no Judiciário e no Legislativo. Conseguimos mudar legislações e alterar o olhar da Justiça para os crimes sexuais, além de levarmos o tema para dentro das escolas e sensibilizarmos as pessoas para a denúncia, algo que não existia há 20 anos. A campanha é a de maior visibilidade na área da infância e adolescência no País e isso é um avanço.

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ESPECIAL

É durante a infância e a adolescência

que formamos e desenvolvemos gran-

de parte da estrutura física, emocional,

afetiva, cognitiva e social dos indivíduos.

Os esforços da família, comunidade, institui-

ções e do Estado em assegurar os direitos das

crianças e dos adolescentes são fundamentais para garantir a digni-

dade da vida e uma sociedade mais justa. Neste sentido, o artigo 70 do

Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que é dever da sociedade

brasileira prevenir ameaças ou violações dos direitos da criança e do

adolescente.

COMO TRABALHAR A PREVENÇÃO NO QUE SE REFERE À VIOLÊNCIA SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES.Por Priscila Pereira da Silva,do Canal Futura – Fundação Roberto Marinho

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ESPECIAL

Entretanto, quando se trata das violências sexuais, a importância da

prevenção se torna imprescindível, a começar pela família: estudos in-

dicam que a cada 15 minutos uma criança sofre algum tipo de violência

sexual no Brasil e, em 77% dos casos o agressor é um parente ou conhe-

cido da criança ou do adolescente. Além de vulneráveis a diferentes for-

mas de abuso e exploração sexual com contato físico, o uso sem acom-

panhamento da internet possibilita uma gama de outros riscos como o

acesso precoce a conteúdo pornográfi co e ao aliciamento virtual.

Seja com ou sem contato físico, o abuso sexual normalmente acontece

sob um pacto de silêncio entre o agressor e a vítima. Por este motivo, o

diálogo franco sobre temas que envolvem sexualidade pode trazer mui-

tos benefícios. É possível falar sobre partes íntimas, privacidade, intimi-

dade e toques invasivos ou desconfortáveis com crianças e adolescen-

tes de qualquer idade, de modo que eles entendam que têm o direito

de dizer NÃO e que possam se autoproteger em possíveis situações de

perigo. Conteúdos como a série televisiva “Que corpo é esse?” (http://www.futuraplay.org/serie/que-corpo-e-esse/) e as publicações da

Editora Caqui (https://www.editoracaqui.com.br/) são bons exemplos

de como tratar o tema de forma leve e educativa.

Por esse motivo, o Dia Nacional de Enfrentamento às Violências Sexuais

contra Crianças e Adolescentes – o Dia 18 de Maio – é uma excelente

oportunidade para promover ações de formação de profi ssionais do Sis-

tema de Garantia de Direitos e atividades sobre o tema para públicos di-

ferenciados. Construir uma cultura preventiva ao abuso e à exploração

sexual entre diferentes atores da sociedade é uma forma de favorecer

o autoconhecimento entre crianças e adolescentes, empoderar ações

de autoproteção, ampliar as denúncias e garantir espaços francos de

diálogo sobre o tema.

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