Upload
lamthu
View
219
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Diagnóstico da Situação da Criança, do Adolescente e do Jovem
em Belo Horizonte
Livro 10. Sistema de garantia de direitos da criança e do
adolescente
DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E
DO JOVEM EM BELO HORIZONTE
LIVRO 10. SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA CRIANÇA E
DO ADOLESCENTE
Belo Horizonte
2013
Os dados apresentados e sua interpretação são de responsabilidade de seus autores e não traduzem,
necessariamente, a opinião dos contratantes da pesquisa. Os dados, figuras, gráficos, tabelas, cartogramas,
quadros e as interpretações apresentadas neste diagnóstico podem ser reproduzidos para fins educacionais e de
pesquisa, desde que citada a fonte. São dados públicos e a pesquisa foi financiada pelo Fundo Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente - FMDCA de Belo Horizonte - MG. Vedada a sua comercialização, nos
termos da Lei de Direitos Autorais do Brasil.
Realização: Prefeitura de Belo Horizonte
Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
Execução: Cooperativa de Trabalho de Professores Universidade Livre Ltda.
Revisão: Ev´Ângela Barros
Projeto Gráfico: Dener Antônio Chaves
Editoração: Editora São Jerônimo
Capa: Robert de Andrade
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Luciana de Oliveira M. Cunha, CRB-6/2725)
D536 Diagnóstico da situação da criança, do adolescente e do jovem em Belo
Horizonte [recurso eletrônico]: Livro 10.: sistema de garantia de direitos da criança
e do adolescente / Cooperativa de Trabalho de Professores Universidade Livre;
Amadeu Roselli-Cruz / Dener Antônio Chaves / Dilma Fróes Vieira / Dimas
Antônio Souza / Marco Antônio Couto Marinho, coordenação. – Belo Horizonte:
UNILIVRECOOP, 2013.
1 CD-ROM
Inclui bibliografia
Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader
ISBN 978-85-66939-05-7 (obra compl.)
ISBN 978-85-66939-25-5
1. Crianças – Condições sociais – Belo Horizonte (MG). 2. Adolescentes –
Condições sociais – Belo Horizonte (MG). 3. Direitos das crianças. 4.
Crianças – Estatuto legal, leis, etc. I. Cooperativa de Trabalho de Professores
Universidade Livre. II. Título: Livro 10. : sistema de garantia de direitos da
criança e do adolescente.
CDD 305.23098151
CDU 308-053.2/.6(815.1)
Cooperativa de Trabalho de Professores Universidade Livre Ltda - UNILIVRECOOP R. Eurita, 768 CEP: 31010-210 Belo Horizonte – MG
Tel.: (31) 3646-5781 - E-mail: [email protected].
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Belo Horizonte – MG Rua Eurita, 587 – Bairro Santa Tereza – Belo Horizonte/MG – CEP: 31.010-210
Tel.: (31) 3277-5685 – E-mail: [email protected]
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE
SECRETARIA MUNICIPAL DE POLÍTICAS SOCIAIS
SECRETARIA MUNICIPAL ADJUNTA
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
FUNDO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Cooperativa de Trabalho de Professores Universidade Livre - UNILIVRECOOP
Planejamento e Execução da Pesquisa
Pesquisadores:
Amadeu Roselli-Cruz
Coordenação Geral
Dimas Antônio de Souza
Coordenação Executiva
Dener Antônio Chaves
Dilma Fróes Vieira
Marco Antônio Couto Marinho
Coordenação Técnica
Alessandra Kelly Vieira
Dener Antônio Chaves
Técnico Responsável
Rogério Sant´Anna de Souza
Vanessa de Sena Brandão
Geoprocessamento
Walter Ernesto Ude Marques
Consultor
CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE -
2013/2015
Representantes da Sociedade Civil
Titulares
Associação Profissionalizante do Menor – ASSPROM
Associação Projeto Providência
Associação Casa Novella
Associação Comunitária do Bairro Felicidade – ABAFE
Inspetoria São João Bosco
Instituto Ajudar
Pró Bem – Assessoria e Gestão Criança
Ordem Religiosa das Escolas Pias – Padres Escolápios
Escola de Esportes Visão da Vida
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE/BH
Suplentes
Centro de Desenvolvimento Comunitário Vila Leonina
Associação Unificada de Recuperação e Apoio – AURA
Cooperação para o Desenvolvimento e Moradia Humana
Sindicato dos Oficiais de Registro Civil de M.G RECIVIL
Instituição Beneficente Martim Lutero
Creche Dora Ribeiro
Instituto Missionário dos Sacramentinos de N. Senhora /Seminário Maior Padre Julio Maria
Grupo de Desenvolvimento Comunitário
Organização Educacional João XXIII
Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência de Funcionários do BB
Representantes Governamentais
Titulares
Fundação Municipal de Cultura
Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social – SMAAS
Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Informação – SMPL
Municipal Adjunta de Esportes
Secretaria Municipal de Políticas Sociais-SMPS
Secretaria de Administração Regional Municipal
Secretaria Municipal de Finanças
Secretaria Municipal de Educação – SMED
Secretaria Municipal de Governo
Secretaria Municipal de Saúde
Suplentes
Fundação Municipal de Cultura
Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social – SMAAS
Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Informação – SMPL
Secretaria Municipal Adjunta de Esportes
Secretaria Municipal de Políticas Sociais-SMPS
Secretaria de Administração Regional Municipal
Secretaria Municipal de Finanças
Secretaria Municipal de Educação – SMED
Secretaria Municipal de Governo
Secretaria Municipal de Saúde
AGRADECIMENTOS
Aos Conselheiros, aos funcionários e aos componentes da Mesa Diretora do Conselho
Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente de Belo Horizonte (CMDCA/BH) gestões
2010 – 2012 e 2013 – 2015.
Aos membros do Grupo de Trabalho responsável pelo acompanhamento da produção
desse Diagnóstico.
Aos participantes dos Grupos de Trabalho (01 - Cultura, Educação e Trabalho; 02 -
Sistema de Garantia de Direitos e Violações; 03 - Família e Saúde) do “Seminário de
Apresentação do Diagnóstico da Situação da Criança e do Adolescente de Belo Horizonte”,
realizado pela UNILIVRECOOP em parceria com o CMDCA, em 20 de maio de 2013, no
auditório da Prefeitura deste município.
Agradecimentos Institucionais
AFISCON – Assessoria Fiscal, Contábil, Jurídica e Tributária;
AMAS - Associação Municipal de Assistência Social;
Associação dos moradores do DANDARA
CAPUT - Centro de Atendimento e Proteção a Jovens Usuários de Tóxicos;
CCBH - Centros de Cultura de Belo Horizonte;
CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas;
CDPCM-BH - Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município;
CEAPA - Central de Acompanhamento de Penas Alternativas;
CEAS - Conselho Estadual de Assistência Social;
CECRIA - Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes;
CEDCA - Conselho Estadual dos Direitos da Criança e Adolescente;
CEDEPLAR – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais;
CEFAR - Centro de Formação Artística;
Centro POP/ Miguilim - Centro de Referência Especializado para População de Rua para
Crianças e Adolescentes;
CERSAM i- Centro de Referência de Saúde Mental da Infância e da Adolescência;
CERSAM-AD - Centro de Referência em Saúde Mental – Álcool e Drogas;
CMT - Centro Mineiro de Toxicomania;
CRAS – Centro de Referência de Assistência Social;
CREAS - Centro de Referência Especializado de Assistência Social;
CT - Conselhos Tutelares;
DATA-SUS de Minas Gerais;
DEICC - Delegacia de Investigação de Crimes Cibernéticos;
DEPCA - Delegacia Especializada de Proteção à Criança ao Adolescente;
DIHPP - Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil de
Minas Gerais;
DOPCAD - Delegacia de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente;
DPMG - Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais;
DRPD - Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida;
FECTIPA - Fórum de Erradicação e Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente;
FHEMIG - Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais;
FMC - Fundação Municipal de Cultura;
FMDCA - Fundo Municipal dos Direitos da Criança e Adolescência;
Fórum Estadual e Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente;
Fórum da Juventude;
FPM - Fundação de Parques Municipais;
GECMES - Gerência de Coordenação de Medidas Socioeducativas;
GECOM/SARMU - Gerência Regional de Comunicação Social da Secretaria de
Administração Regional Municipal;
GEEPI – Gerência de Epidemiologia e Informação;
GEIMA - Gerência de Informação Monitoramento e Avaliação;
GEINE – Gerência de Inserção Especial;
GERED - Gerências Regionais de Educação;
GME/SUASE-SEDS - Gerência de Mapeamento Estatístico da Subsecretaria de Atendimento
às Medidas Socioeducativas da Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais;
GVSI - Gerência de Vigilância em Saúde e Informação;
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
IEPHA-MG - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais;
JIJ/BH - Juizado da Infância e da Juventude de Belo Horizonte;
MAP - Museu de Arte da Pampulha;
MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira;
MHAB - Museu Histórico Abílio Barreto;
MPMG - Ministério Público do Estado de Minas Gerais;
NAF - Núcleos de Apoio à Família;
NAMSEP - Núcleo de Atendimento às Medidas Socioeducativas e Protetivas da PBH;
NAVCV - Núcleo de Atendimento a Vitimas de Crimes Violentos;
NUPSS - Núcleo de Psicologia e Serviço Social;
OBID - Observatório Brasileiro de Informações Sobre Drogas;
PBH – Prefeitura de Belo Horizonte;
PCMG - Polícia Civil do Estado de Minas Gerais;
PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais;
PRODABEL - Empresa de Informática e Informação de Belo Horizonte;
PUC Minas – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais;
SCOMPS - Secretarias Municipais de Coordenação de Gestão Regional, vinculadas à
Secretaria Municipal de Coordenação de Política Social;
SDH/PR - Secretaria Direitos Humanos da Presidência da República;
SEC - Secretaria Estadual de Cultura;
SEDESE - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social;
SEDH - Secretaria de Direitos Humanos;
SEDS - Secretaria de Estado de Defesa Social;
SEEJ - Secretaria de Estado de Esporte e Lazer;
SEF - Setor de Estudos Familiares;
SEF/VIJ-BH - Setor de Estudos Familiares da Vara da Infância e da Juventude de Belo
Horizonte;
Sumário
Prefácio .............................................................................................................................. 15
Apresentação ..................................................................................................................... 17
Leia-me .............................................................................................................................. 19
Lista de Cartogramas ......................................................................................................... 21
Lista de Quadros ................................................................................................................ 22
Lista de Siglas ................................................................................................................... 23
Lista de Tabelas ................................................................................................................. 29
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 31
10.1 EIXO DA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS ........................................................ 31
10.1.1 Recomendações sugeridas pela Defensoria Pública ............................................... 31
10.1.2 Vara da Infância e Juventude de Belo Horizonte ................................................... 32
10.2 EIXO DA PROMOÇÃO DOS DIREITOS ...................................................................... 33
10.2.1 Base Legal do Sistema Socioeducativo .................................................................. 34
10.2.2 Medidas Socioeducativas em Belo Horizonte ........................................................ 36
10.2.3 Fluxo de atendimento ao adolescente autor de ato tipificado como infracional .... 37
10.2.4 Perfil dos Adolescentes Atendidos no CIA/BH ..................................................... 39
10.2.5 Medidas Socioeducativas de Meio Aberto: Liberdade Assistida e Prestação de
Serviços à Comunidade ..................................................................................................... 66
10.2.5.1 Liberdade Assistida ..................................................................................... 67
10.2.5.2. Prestação de Serviços à Comunidade .......................................................... 68
10.2.5.3 Perfil dos atendidos nas medidas de Liberdade Assistida e Prestação de
Serviços à Comunidade .............................................................................................. 71
10.3 Subsecretaria de Atendimento às medidas Socioeducativas: SUASE.............................. 76
10.3.1 Internação provisória .............................................................................................. 77
10.3.2 Medida Socioeducativa – Internação...................................................................... 77
10.3.3 Medida Socioeducativa – Semiliberdade ............................................................... 77
10.3.4 Relatórios de visitas da Comissão de Medidas Socioeducativas do CMDCA em
2011. .................................................................................................................................. 77
10.3.4.1 Centro de Encaminhamento à Semiliberdade .............................................. 78
10.3.4.2 Centro Socioeducativo Santa Terezinha ....................................................... 79
10.3.4.3 Centro de Atendimento ao Adolescente – CEAD ........................................ 79
10.3.4.4 Centro de Internação Provisória São Benedito ........................................ 80
10.3.4.5 Recomendações sobre os Adolescentes Atendidos no Sistema
Socioeducativo ....................................................................................................... 81
10.4 EIXO DO CONTROLE E EFETIVAÇÃO DO DIREITO .............................................. 82
10.4.1 Descrição da pesquisa com os conselhos tutelares ................................................. 83
10.4.1.1 localização dos conselhos tutelares ......................................................... 83
10.4.1.2 Acessibilidade .......................................................................................... 83
10.4.1.3 recursos humanos disponíveis ................................................................. 84
10.4.1.4 Registros das informações e SIPIA CT-WEB ......................................... 84
10.4.1.5 Recursos físicos/materiais disponíveis .................................................... 85
10.4.1.6 Plantão dos conselhos tutelares ............................................................... 85
10.4.1.7 Considerações Gerais sobre o atendimento nos conselhos tutelares ....... 86
10.4.2 Recomendações para o Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e
Adolescentes ...................................................................................................................... 88
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 90
15
Prefácio
Diagnóstico da Infância e Adolescência: Um norte para as políticas públicas
Garantir a primazia do atendimento à criança e ao adolescente pelas políticas públicas
sociais conforme determina a Carta Maior de nosso país, a Constituição Federal de 1988,
exige avaliar a efetividade dos serviços prestados a esse público. A partir da criação do
Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990, o Brasil passou a
pautar-se por uma legislação desafiadora, que impulsiona o poder público e a sociedade civil a
encontrar soluções cada vez mais eficientes para assegurar, de fato, os direitos da infância e
da adolescência brasileiras.
Signatário de diversos pactos internacionais referentes a essa causa, o país
responsabiliza-se também por cumprir a Declaração Universal dos Direitos das Crianças,
aprovado em 1959, e, em nível continental, o Pacto de São José da Costa Rica, celebrado em
1969, que estabelece, em seu artigo 19, que “toda criança tem direito às medidas de proteção
que sua condição de menor requer por parte da família, da sociedade e do Estado”.
Alguns anos depois da criação do ECA, em 1994, testemunhamos a realização do
primeiro diagnóstico para dar transparência à realidade de nossas crianças e adolescentes em
Belo Horizonte. Hoje, damos mais um importante passo na consolidação dos avanços ao
apresentarmos à sociedade a edição renovada deste importante documento.
O Diagnóstico da Situação da Infância e Adolescência no Município de Belo
Horizonte, idealizado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente –
CMDCA – , em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, traz uma compreensão sobre a
rede de atenção a nossas crianças e adolescentes e aponta as diversas realidades e situações
vivenciadas por esse público na capital mineira.
O presente documento detalha o contexto de avanços e desafios em que nos
encontramos perante esta temática, constituindo-se como mais uma ferramenta de
informações para a elaboração e o planejamento das ações do município destinadas à infância
e juventude. As estatísticas e os dados revelados nesta pesquisa contribuem para a construção
de políticas públicas mais eficientes, para a criação de metas e objetivos norteadores da
aplicação de recursos públicos, bem como expõem os avanços na oferta de serviços,
programas e projetos a essa prioritária parcela da população.
No que tange às políticas sociais, o Diagnóstico também contribuirá para o
enfrentamento de violações de direitos, combatendo vulnerabilidades sociais em que vivem
16
muitas de nossas crianças e adolescentes. A partir dele, será possível agir com maior
assertividade na busca de soluções para a promoção social, ponto fundamental da atuação do
Estado, o que renova o nosso compromisso de garantir um futuro promissor para as novas
gerações.
Maria Gláucia Brandão
Secretária Municipal de Políticas Sociais
Marcelo Alves Mourão
Secretário Municipal Adjunto de Assistência Social
17
Apresentação
O Diganóstico da Situação da Criança, do Adolescente e do Jovem de Belo Horizonte,
é um processo de construção de uma prática que busca estabelecer parâmetros para
formulação, implementação e controle social sobre as Políticas Públicas para a infância e a
adolescência em Belo Horizonte, através de uma reunião de dados, da análise conjunta dos
problemas e das potencialidades do nosso município.
Este processo se iniciou em 2011 e passou por vários momentos de reflexão, discussão
e dificuldades que envolveram todos os conselheiros do CMDCA – Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente –, dos pesquisadores e dos técnicos dos serviços
responsáveis pelas políticas públicas e pelas informações e dados sobre as mesmas.
O contexto em que se coloca este diagnóstico é também parte do processo e com ele
aprendemos muito, posto que esta prática seja inovadora.
políticas públicas reorientadas no contexto das reformas democráticas constituíram
um avanço dos direitos civis e a consolidação da política social como fundamento do Estado
de direito. No Brasil, o processo de consolidação da cidadania social tem suas especificidades
dadas pela ausência da relação entre direitos civis e políticos com a implementação de
políticas públicas que efetivem estes direitos.
A permanente disputa entre interesses individuais e privados com os direitos coletivos
e comuns interfere na distribuição de recursos e definição de prioridades. As políticas sociais,
por si sós, certamente não dariam conta de todas as mazelas sociais, mas podem contribuir
muito para impedir que as desigualdades se reproduzam.
Neste contexto o Diganóstico da Situação da Criança, do Adolescente e do Jovem
agora publicado pelo CMDCA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente de Belo Horizonte, tem o papel fundamental de orientar, formular, deliberar e
exercer o controle social sobre as políticas públicas voltadas para o atendimento à criança e ao
adolescente.
Para que se possam exercer estas funções com responsabildiade e competência e para
que possamos assumir essa atribuição que o Estatuto da Criança e do Adolescente nos
determina, é preciso que os conselhos de direitos produzam conhecimento a respeito da
realidade social das crianças e adolescentes em seu município. A forma mais coerente de se
fazer um retrato desta realidade é através da produção de um diagnóstico.
Conhecer a realidade da infância e da adolescência do município é fundamental para o
fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos e para elaboração de políticas públicas
18
mais eficazes. Um diagnóstico pode nos oferecer conhecimento sobre os principais problemas
que atingem as crianças e os adolescentes, pode apontar ações prioritárias para a garantia
desses direitos e, principalmente orientar melhor as escolhas de alocação de recursos nos
orçamentos para a implementação dessas ações.
O CONANDA emitiu em 2010 uma resolução, a de número 137, que definiu
parâmetros para essa gestão de políticas dirigidas à infância e à adolescência. Essa resolução
diz que é preciso haver um diagnóstico que oriente a formulação de planos de ação nos
municípios. Os conselhos municipais poderão se fortalecer na medida em que se apropriarem
da ideia de que, para deliberar e formular políticas precisam empreender bons diagnósticos da
situação da criança e do adolescente – diagnósticos permanentes que se traduzam, como parte
do processo de deliberação sobre as Políticas para a infância e para a Adolescência.
Esperamos que este processo de diagnóstico se torne uma prática permanente, que as
questões apontadas por este documento referenciem a elaboração de programas e projetos
governamentais e não governamentais para crianças e adolescentes. Nossa expectativa é de
que possamos produzir o fortalecimento de uma efetiva rede de defesa da infância e
adolescência e que principalmente, possamos contribuir para a construção de políticas
públicas comprometidas com a consolidação da cidadania e a efetivação dos direitos de
crianças, adolescentes e jovens no âmbito municipal.
Esperamos que esta “noção da realidade local” faça despertar desejos de mudanças. É
no município que se articula a proteção integral da criança e do adolescente. É para onde deve
convergir o diálogo entre todas as instâncias governamentais e não governamentais voltadas
para esse propósito. É nas cidades que as redes de atendimento e de garantia dos direitos se
fortalecem, para que esse esforço se traduza na definição de políticas públicas eficazes e num
atendimento de qualidade, objetivando uma justiça social maior.
Márcia Cristina Alves
Presidente do CMDCA
19
Leia-me
Este Livro compõe o conjunto de resultados da pesquisa Diagnóstico da Situação da
Infância, Adolescência e Jovem de Belo Horizonte, realizada pela Cooperativa de Trabalho de
Professores Universidade Livre - UNILIVRECOOP, desenvolvida durante o período de maio
de 2012 a junho de 2013.
O Diagnóstico teve como objetivo geral conhecer a realidade da criança e do
adolescente e jovem até 21 anos em Belo Horizonte para subsidiar ações e tomadas de
decisões do Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente – o CMDCA/BH –
e as instâncias governamentais e não governamentais na formulação e execução de suas
políticas e programas.
A elaboração do presente Diagnóstico partiu do CMDCA e da Secretaria de Municipal
Adjunta de Assistência Social (SMAAS), tendo sido financiada com recursos do Fundo
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FMDCA) de Belo Horizonte. Ressalta-
se que 18 anos é o lapso de tempo entre a realização do Diagnóstico ora apresentado e o
último desta natureza ocorrido neste município: Diagnóstico Crianças e Adolescentes de Belo
Horizonte, em 1994.
A apresentação do relatório final do Diagnóstico foi organizada por temas e
distribuídas em quatorze livros, contemplando as áreas propostas e investigadas na pesquisa
sendo:
Livro 1. Diagnóstico da situação da criança, do adolescente e do jovem em Belo Horizonte:
notas teórico-metodológicas e considerações gerais;
Livro 2. Pesquisa nos conselhos tutelares;
Livro 3. Caracterização sociodemográfica da população infantojuvenil nas regionais
administrativas do município;
Livro 4. Configurações familiares;
Livro 5. Condições de saúde;
Livro 6. Educação;
Livro 7. Trabalho, profissionalização e renda;
Livro 8. Acesso à cultura, ao esporte e ao lazer;
Livro 9. Análise das violações de direitos preconizados no ECA;
Livro 10. Sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente;
Livro 11. Política de atendimento à criança e ao adolescente: assistência social e rede de
entidades registradas no CMDCA;
20
Livro 12. Juventudes em Belo Horizonte – 2013.
Livro13. Catálogo da rede de atendimento à criança, ao adolescente e ao jovem – Belo
Horizonte – 2013;
Livro 14. Catálogo de dissertações e teses sobre a temática da criança, do adolescente e do
jovem até 21 anos nas instituições de ensino superior UFMG e PUC Minas – 2005
a 2012.
No presente Livro 10, abordaremos algumas recomendações sobre os órgãos
consultados durante a realização do presente diagnóstico, correspondentes a cada eixo, e
também dados sobre o Sistema Socioeducativo, responsável pelo atendimento aos
adolescentes que cometeram atos infracionais, o qual integra o Eixo da Promoção dos
Direitos.
Cooperativa de Trabalho de Professores Universidade Livre – UNILIVRECOOP
Julho de 2013
21
Lista de Cartogramas
CARTOGRAMA 10.1: Códigos dos bairros e regionais administrativas – Belo Horizonte,
MG. ........................................................................................................................................... 49
CARTOGRAMA 10.2: Infrações por bairros de residência dos adolescentes que deram
entrada no CIA/BH – Belo Horizonte – 2010. ......................................................................... 50
CARTOGRAMA 10.3: Infrações por bairros de residência dos adolescentes registradas no
CIA/BH - Regional Barreiro - Belo Horizonte – 2010. ............................................................ 52
CARTOGRAMA 10.4: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos
adolescentes - Regional Centro-Sul – Belo Horizonte – 2010. ............................................... 53
CARTOGRAMA 10.5: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos
adolescentes - Regional Leste – Belo Horizonte – 2010. ........................................................ 54
CARTOGRAMA 10.6: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos
adolescentes - Regional Nordeste – Belo Horizonte – 2010. ................................................... 56
CARTOGRAMA 10.7: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos
adolescentes - Regional Noroeste – Belo Horizonte – 2010. .................................................. 57
CARTOGRAMA 10.8: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos
adolescentes - Regional Norte – Belo Horizonte – 2010......................................................... 59
CARTOGRAMA 10.9: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos
adolescentes - Regional Oeste – Belo Horizonte – 2010......................................................... 61
CARTOGRAMA 10.10: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos
adolescentes - Regional Pampulha – Belo Horizonte – 2010. .................................................. 63
CARTOGRAMA 10.11: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos
adolescentes - Regional Venda Nova – Belo Horizonte – 2010. ............................................. 65
22
Lista de Quadros
QUADRO 10.1: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Administrativa Barreiro - Belo Horizonte – 2010..................................................... 51
QUADRO 10.2: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Centro-Sul - Belo Horizonte – 2010. ........................................................................ 52
QUADRO 10.3: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Leste - Belo Horizonte - 2010 ................................................................................... 54
QUADRO 10.4: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Nordeste - Belo Horizonte - 2010 ............................................................................. 55
QUADRO 10.5: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Noroeste - Belo Horizonte - 2010 ............................................................................. 56
QUADRO 10.6: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Norte - Belo Horizonte - 2010 .................................................................................. 58
QUADRO 10.7: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Oeste - Belo Horizonte - 2010 .................................................................................. 60
QUADRO 10.8: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Pampulha - Belo Horizonte - 2010............................................................................ 62
QUADRO 10.9: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Venda Nova - Belo Horizonte - 2010 ....................................................................... 64
QUADRO: 10.10 Unidades de Internação, segundo a quantidade de vagas em 2013 e número
de adolescentes atendidos no mês de Junho de 2013 e sexo – Belo Horizonte – 2013. ........... 76
QUADRO: 10.11 Unidades de Internação, segundo a quantidade de adolescentes atendidos no
mês de junho de 2013 por cor-raça – Belo Horizonte – 2013. ................................................. 76
23
Lista de Siglas
ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
ABNT – Associação Brasileiras de Normas Técnicas
ACODEST - Associação Comunitária de Desportos Santa Terezinha
AEE – Atendimento Educacional Especializado
AGAP-MG - Associação de Garantia ao Atleta Profissional do Estado de Minas Gerais
AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
AIH - Autorização de Internação Hospitalar
AMAS - Associação Municipal de Assistência Social
APS - Atenção Primária à Saúde
ASCOM - Assessoria de Comunicação
ASSPROM – Associação Profissionalizante do Menor
BDTD - Bibliotecas Digitais de Teses e Dissertações
BH – Belo Horizonte
BPC - Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social
BPC na Escola - Sistema de Informações do Programa BPC na Escola
CadÚnico - Cadastro Único
CAPS - Centros de Atenção Psicossocial
CAPUT - Centro de Atendimento e Proteção a Jovens Usuários de Tóxicos
CBO - Código Brasileiro de Ocupações
CC - Centro Cultural
CCBH - Centro de Cultura de Belo Horizonte
CCJG - Centro Cultural Jardim Guanabara
CCLN - Centro Cultural Lagoa do Nado
CCLR - Centro Cultural Lindéia-Regina
CCPE - Centro Cultural Padre Eustáquio
CCSF - Centro Cultural Salgado Filho
CCSG - Centro Cultural São Geraldo
CCVM - Centro Cultural Vila Marçola
CCVN - Centro Cultural Venda Nova
CDC - Centro de Defesa de Cidadania
CDC - Código de Defesa do Consumidor
CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas
CDPCM-BH - Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município
CEAPA - Central de Acompanhamento de Penas Alternativas
CEAS - Conselho Estadual de Assistência Social
CECRIA - Centro de Referencia, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes
CEDCA - Conselho Estadual dos Direitos da Criança e Adolescente
CEDEPLAR – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais
CEDOC - Biblioteca e Centro de Documentação e Pesquisa
CEFAR - Centro de Formação Artística
CEFET-MG – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
CEIP - Centros de Internação Provisória
CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais
Centro POP/ Miguilim - Centro de Referência Especializado para População de Rua para
Crianças e Adolescentes
CEPAI - Centro de Atenção Psíquica
CEPAI - Centro Psíquico da Adolescência e da Infância
CEPAI - Centro Psíquico da Adolescência e Infância
24
CERSAM - Centros de Referência em Saúde Mental
CERSAM i- Centro de Referência de Saúde Mental da Infância e da Adolescência
CERSAM-AD - Centro de Referência em Saúde Mental – Álcool e Drogas
CERSAMI - Centros de Referência em Saúde Mental Infantil
CEVAE - Centros de Convivência Ecológica
CF - Constituição Federal
CGR - Centro Geral de Reabilitação Estadual
CIA/BH - Centro de Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional de
Belo Horizonte
CID – Classificação Internacional Doenças
CID-10 - 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças da OMS
CINDS - Centro Integrado de Informações de Defesa Social
CIPTA - Câmara Interinstitucional de Proteção ao Trabalhador Adolescente
CLT - Consolidação das Leis do Trabalho
CMDCA/BH – Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente de Belo
Horizonte
CMT - Centro Mineiro de Toxicomania
CMT - Consórcio Metropolitano de Transportes
CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas
CNDCA - Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
CNES - Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
COLTEC/UFMG – Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais
COMAD - Conselho Municipal Antidrogas
COMPETI - Comissão Municipal Interinstitucional Permanente de Erradicação do Trabalho
Infantil
CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
CONEP - Conselho Estadual do Patrimônio
COPASA - Companhia de Saneamento de Minas Gerais
CPC - Conceito Preliminar de Curso
CPCDMG - Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento
CPMI - Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
CRAS – Centro de Referência de Assistência Social
CRAV - Centro de Referência Audiovisual
CRCMG - Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais
CREAB - Centro de Reabilitação da Unidade de Referência Secundária
CREAS - Centro de Referência Especializado de Assistência Social
CRM-MG - Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais
CT - Conselho Tutelar
CTPS - Carteira de Trabalho e Previdência Social
DATASUS - Banco de Dados do Sistema Único de Saúde
DEICC - Delegacia de Investigação de Crimes Cibernéticos – DEICC
DEPCA - Delegacia Especializada de Proteção à Criança ao Adolescente
DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
DIHPP - Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil de
Minas Gerais
DIU - Dispositivo Intrauterino
DOM - Diário Oficial do Município
DOPCAD - Delegacia de Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente
DPMG - Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais
DRPD - Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida
25
DSM-IV - 4ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da
Associação Psiquiátrica Americana
DST – Doença Sexualmente Transmissível
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente
EEFFTO - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional
EJA – Educação de Jovens e Adultos
EPP - Empresas de Pequeno Porte
ESF - Equipes de Saúde da Família
ESF - Estratégia de Saúde da Família
ESF - Programa Estratégia Saúde da Família
ESFL - Entidades Sem Fins Lucrativos
ESPRO – Ensino Social Profissionalizante
FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador
FECTIPA - Fórum de Erradicação e Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente
FECTIPA - Fórum de Estadual e Combate ao Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente
FHEMIG - Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais
FIA – Fundo Municipal para a Infância e Adolescência
FIC - Festival Internacional de Coro
FIC – Ficha de Inscrição Cadastral
FIES Técnico – Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior
FIT - Festival Internacional de Teatro
FMC - Fundação Municipal de Cultura
FMDCA - Fundo Municipal dos Direitos da Criança e Adolescência
FPM - Fundação de Parques Municipais
FSC - Fundação Clóvis Salgado
FUNJOBI - Fundação São João Bosco para Infância
GECMES - Gerência de Coordenação de Medidas Socioeducativas
GECOM/SARMU - Gerência Regional de Comunicação Social da Secretaria de
Administração Regional Municipal
GEEPI – Gerência de Epidemiologia e Informação
GEIMA - Gerência de Informação Monitoramento e Avaliação
GEINE – Gerência de inserção Especial
GERED - Gerências Regionais de Educação
GME/SUASE-SEDS - Gerência de Mapeamento Estatístico da Subsecretaria de Atendimento
às Medidas Socioeducativas da Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais
GT – Grupo de Trabalho
GVSI - Gerência de Vigilância em Saúde e Informação
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICEC - Instituto Cidadania, Educação e Cultura
ICMEC-ONG - Centro Internacional para Crianças, Desaparecidas e Exploradas
IDH - Índice de Desenvolvimento Urbano
Iepha-MG - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais
IGC - Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição
IJUCI - Instituto Jurídico para Efetivação da Cidadania
IML - Instituto Médico Legal
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
IQVU - Índice de Qualidade de Vida Urbana
ITC - Instituto Telemig Celular
ITU - Infecção do Trato Urinário
IVS - Índice de Vulnerabilidade Social
26
JIJ/BH - Juizado da Infância e da Juventude de Belo Horizonte
LA - Liberdade Assistida
LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social
MAP - Museu de Arte da Pampulha
MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
ME - Microempresas
MEC - Ministério da Educação
MHAB - Museu Histórico Abílio Barreto
MinC - Ministério da Cultura
MPMG - Ministério Público do Estado de Minas Gerais
MS - Ministério da Saúde
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
NAF - Núcleos de Apoio à Família
NAMSEP -Núcleo de Atendimento às Medidas Socioeducativas e Protetivas da PBH
NAVCV - Núcleo de Atendimento a Vitimas de Crimes Violentos
NOB - Norma Operacional Básica
NOB-RH/SUAS – Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de
Assistência Social
NUPSS - Núcleo de Psicologia e Serviço Social
NUPSS - Núcleo de Psicologia e Serviço Social
OBID - Observatório Brasileiro de Informações Sobre Drogas
OMS - Organização Mundial da Saúde
ONGs – Organização Não Governamental
ONU - Organização das Nações Unidas
OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
PAEFI - Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos
PAIF- Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
PAI-PJ - Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário Portador de Sofrimento Mental
PAIR - Programa de Ações Integradas e Referências de Enfrentamento à Violência Sexual
Infanto-Juvenil no Território Brasileiro
PAM - Pronto Atendimento Médico
PBH – Prefeitura de Belo Horizonte
PCMG - Polícia Civil do Estado de Minas Gerais
PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais
PDMI - Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado
PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego
PETI - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
PIA - Plano Individual de Atendimento
PMMG - Polícia Militar de Minas Gerais
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PNAS – Política Nacional de Assistência Social
PNDH - Programa Nacional de Direitos Humanos
PNDH III - Plano Nacional de Direitos Humanos III
PNE – Plano Nacional de Educação
PNE - Portadores de Necessidades Especiais
POF - Pesquisa de Orçamentos Familiares
PPAG - Plano Plurianual de Ação Governamental
PPCAM - Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte
PPCD - Programa de Prevenção e Combate à Desnutrição
27
PPP – Parcerias Práticas Participativas
PPP – Projeto Político Pedagógico
PPPs – Parcerias Práticas Participativas
PRODABEL - Empresa de Informática e Informação de Belo Horizonte
PRONATEC – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
PSB - Proteção Social Básica
PSC - Prestação de Serviços à Comunidade
PSE – Programa Saúde na Escola
PSE - Proteção Social Especial
PUC Minas – Pontifícia Universidade Católica
RAIS - Relação Anual de Informações Sociais
RAIS-2011 - Relação Anual de Informações Sociais de 2011
REDS - Registro de Eventos de Defesa Social
RMBH - Região Metropolitana de Belo Horizonte
RMBH - Região Metropolitana de Belo Horizonte
SAI/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS
SAMRE - Seção de Atendimento das Medidas Restritivas de Liberdade
SAMU – Serviço Atendimento Municipal de Urgência
SCFV - Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
SCOMPS - Secretarias Municipais de Coordenação de Gestão Regional, vinculadas à
Secretaria Municipal de Coordenação de Política Social
SDH/PR - Secretaria Direitos Humanos da Presidência da República
SEC - Secretaria Estadual de Cultura
SEDESE - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social
SEDH - Secretaria de Direitos Humanos
SEDS - Secretaria de Estado de Defesa Social
SEEJ - Secretaria de Estado de Esporte e Lazer
SEF - Setor de Estudos Familiares
SEF/VIJ-BH - Setor de Estudos Familiares da Vara da Infância e da Juventude de Belo
Horizonte
SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAD - Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte
SEPI - Setor de Pesquisa Infracional da Vara da Infância e da Juventude
SEPI/TJMG - Setor de Pesquisa Infracional da Vara da Infância e da Juventude do Tribunal
de Justiça do Estado de Minas Gerais
SES - Secretaria de Estado de Saúde
SESC – Serviço Social do Comércio
SESCOOP - Serviço Nacional de Cooperativismo
SESI – Serviço Social da Indústria
SEST - Serviço Social do Transporte
SIAB - Sistema de Informação da Atenção Básica
SIBEC - Sistema de Benefícios ao Cidadão
SICON - Sistema Integrado de Gestão de Condicionalidades do Programa Bolsa Família
SIGPS - Sistema de Informação e Gestão das Políticas Sociais
SIGPS - Sistema de Informações Gerenciais das Políticas Sociais
SIH - Sistema de Informações Hospitalares do SUS
SIM - Sistema de Informações sobre Mortalidade
28
SIMPLES - Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições
SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SINASC - Sistema de Informações de Nascidos Vivos
SINASE - Sistema Nacional de Acompanhamento das Medidas Socioeducativas
SIPIA – Sistema de Informação Para Criança e Adolescente
SISAprendizagem - Sistema de Informações Estratégicas
SISJOVEM – Sistema de Acompanhamento e Gestão do Projovem Adolescente
SISNAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SISPETI – Sistema de Controle e Acompanhamento do PETI (SUASWEB)
SISVAN - Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
SIT - Sistema de Informações Territoriais
SMAAS - Secretária Municipal Adjunta de Assistência Social
SMAES - Secretaria Municipal Adjunta de Esportes
SMAL - Secretaria Municipal Adjunta de Lazer
SMARU - Secretaria Municipal de Regulação Urbana
SMC - Secretaria Municpal de Cultura
SMED - Secretaria Municipal de Educação
SMEL - Secretaria Municipal de Esporte e Lazer
SMMA - Secretaria Municipal de Meio Ambiente
SMPS - Secretaria Municipal de Políticas Sociais
SMSA – Secretária Municipal de Saúde
SMSA/BH - Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Belo Horizonte
SNAS - Secretaria Nacional de Assistência Social
SNPDCA - Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente
SPPE - Secretaria de Políticas Públicas de Emprego
SPTR - Sistema Público de Trabalho e Renda
SRTE - Superintendência Regional do Trabalho e Emprego
STR - Serviços Residenciais Terapêuticos
SUASE - Subsecretaria de Atendimento às Medidas Sócio Educativas
SUDECAP - Superintendência de Desenvolvimento da Capital
SUP - Serviço de Urgência Psiquiátrica
SUS – Sistema único de Saúde
SVSMS - Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde
TDEs: Teses e Dissertações Eletrônicas
TJEMG - Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
TJMG - Tribunal de Justiça de Minas Gerais
UBS – Unidade Básica de Saúde
UCI – Unidade de Cuidados Intermediários
UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais
UMEI - Unidade Municipal de Educação Infantil
UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância
UNILIVRECOOP – Cooperativa de Trabalho de Professores Universidade Livre
UPA – Unidade Pronto Atendimento
URS - Unidades de Referência Secundária
UTI – Unidade de Tratamento Intensivo
VIJ-BH - Vara da Infância e da Juventude de Belo Horizonte
29
Lista de Tabelas
TABELA 10.1: Número e percentual de entradas de adolescentes no CIA/BH por ano – Belo
Horizonte – 2009-2010-2011. .................................................................................................. 39
TABELA 10.2: Percentual de adolescentes que deram entrada no CIA/BH, por idade - Belo
Horizonte – 2009-2010-2011. .................................................................................................. 40
TABELA 10.3: Percentual de adolescentes que deram entrada no CIA/BH, por sexo – Belo
Horizonte – 2009-2010-2011. ................................................................................................. 40
TABELA 10.4: Pesquisa amostral sobre os adolescentes que deram entrada no CIA/BH, por
escolaridade – Belo Horizonte - 2009-2010-2011. ................................................................... 41
TABELA 10.5: Pesquisa amostral sobre os adolescentes que deram entrada no CIA/BH que
estudavam no momento da apreensão – Belo Horizonte - 2009-2010-2011. ........................... 42
TABELA 10.6: Pesquisa amostral sobre os adolescentes que deram entrada no CIA/BH por
cor/raça – Belo Horizonte - 2009-2010-2011. .......................................................................... 42
TABELA 10.7: Pesquisa amostral sobre os adolescentes que deram entrada no CIA/BH, por
uso de cada tipo de droga – Belo Horizonte – 2009-2010-2011. ............................................. 43
TABELA 10.8: Pesquisa amostral sobre os adolescentes que deram entrada no CIA/BH que
trabalhavam no momento da apreensão – Belo Horizonte - 2009-2010-2011. ........................ 43
TABELA 10.9: Adolescentes que deram entrada no CIA/BH por regional de moradia Belo
Horizonte - 2009-2010-2011. ................................................................................................... 44
TABELA 10.10: Tipos de atos infracionais, por número absoluto, em ordem decrescente,
registrados no CIA/BH- Belo Horizonte - 2005 a 2008. .......................................................... 45
TABELA 10.11: Tipos de atos infracionais, por percentual, em ordem decrescente,
registrados no CIA/BH - Belo Horizonte - 2005 a 2008. ......................................................... 45
TABELA 10.12: Tipos de atos infracionais registrados no CIA/BH por ano – Belo Horizonte
– 2009 a 2011. .......................................................................................................................... 46
TABELA 10.13: Número de entradas repetidas no CIA/BH – Belo Horizonte 2009 a 2011. 47
TABELA 10.14: Entidades conveniadas que recebem adolescentes para cumprimento de LA
por Regional Administrativa – Belo Horizonte – 2012. ........................................................... 67
TABELA 10.15: Entidades conveniadas que recebem adolescentes para cumprimento de PSC
por Regional Administrativa – Belo Horizonte – 2012. ........................................................... 69
TABELA 10.16: Atendidos nas medidas de LA e PSC por Regional Administrativa e sexo –
Belo Horizonte – 2011. ............................................................................................................. 71
30
TABELA 10.17: Atendidos nas medidas de LA por tipologia do ato infracional, por Regional
Administrativa – Belo Horizonte – 2011. ................................................................................. 72
TABELA 10.18: Atendidos na medida de PSC segundo tipologia do ato infracional, por
Regional Administrativa – Belo Horizonte – 2011. ................................................................. 72
TABELA 10.19: Inseridos na medida de LA por faixa etária – Belo Horizonte – 2011. ........ 73
TABELA 10.20: Inseridos na medida de Prestação de Serviços à Comunidade por faixa etária
Belo Horizonte – 2011. ............................................................................................................. 73
TABELA 10.21: Adolescentes desligados da medida de LA por motivo de desligamento e
Regional Administrativa – Belo Horizonte – 2011. ................................................................. 74
TABELA 10.22: Adolescentes desligados da medida de PSC por motivo de desligamento e
Regional Administrativa – Belo Horizonte – 2011. ................................................................. 75
31
INTRODUÇÃO
O Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente é formado por
instâncias públicas governamentais e da sociedade civil responsáveis pela promoção, defesa e
controle para a efetivação dos direitos da criança e do adolescente nos níveis Federal,
Estadual, Distrital e Municipal. Compreendem este sistema os seguintes eixos: da Defesa dos
Direitos Humanos; da Promoção dos Direitos; do Controle e Efetivação do Direito.
Neste Livro 6, abordaremos algumas recomendações sobre os órgãos consultados
durante a realização do presente diagnóstico, correspondentes a cada eixo, e também dados
sobre o Sistema Socioeducativo, responsável pelo atendimento aos adolescentes que
cometeram atos infracionais, o qual integra o Eixo da Promoção dos Direitos.
10.1 EIXO DA DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS
O Eixo da Defesa dos Direitos Humanos compreende os órgãos públicos judiciais, o
Ministério Público, especialmente as promotorias de justiça, as procuradorias gerais de
justiça, as defensorias públicas, a Advocacia Geral da União e as procuradorias gerais dos
estados, as polícias, os conselhos de direitos, os conselhos tutelares, o Conselho Municipal de
Direitos da Criança e do Adolescente, as ouvidorias e as entidades de defesa de direitos
humanos incumbidas de prestar proteção jurídico-social.
10.1.1 Recomendações sugeridas pela Defensoria Pública
Na entrevista realizada junto à Defensoria Pública – Vara Cível, fomos informados de
que os defensores enfrentam dificuldades para acessar o cadastro das crianças em acolhimento
institucional e visitar as instituições. Ao contrário da Promotoria da Infância e Adolescência,
que recebe a relação das crianças acolhidas, os defensores precisam visitar as instituições para
verificar a situação delas. Com isso, após visitarem uma instituição, e partirem para outra
visita, podem entrar novas crianças na instituição visitada anteriormente e, assim, demorarem
para retornar e tomarem ciência do caso. Certamente tal dificuldade gera impedimentos para
um efetivo trabalho de defesa dos direitos das crianças e adolescentes acolhidos.
Com frequência, os acolhidos passam períodos sem voz ativa ou sem defesa durante o
processo de acolhimento, em função dos intervalos de tempo necessários entre as visitas que a
Defensoria precisa realizar para ter acesso aos casos cadastrados pelas instituições de
32
acolhimento. A falta de acesso aos dados das crianças acolhidas, segundo o defensor
pesquisado, dificulta as ações relacionadas ao processo de desinstitucionalização. Outro
ponto destacado refere-se à escassez de profissionais especializados para o atendimento às
crianças vitimadas.
O Defensor citou também a prática da audiência concentrada, que se mostrou
eficiente, em um caso pioneiro mencionado, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, cujo
resultado final foi um saldo de 65% de desacolhimento. As Audiências Concentradas foram
recomendadas pela Corregedoria Nacional de Justiça, inserida na Instrução Normativa nº 02,
de 30 de junho de 2010, acordado na ocasião do I Encontro de Coordenadores da Infância e
da Juventude, realizado em 16 de abril de 2010. O magistrado se valeria de equipe
interprofissional para realizar levantamento da situação das crianças e adolescentes inseridos
em medida protetiva de acolhimento1.
Diante do exposto, mostra-se necessária a facilitação do acesso aos prontuários e
relatórios dos acolhidos para os defensores públicos, estabelecendo-se um calendário para
envio dos mesmos pelas instituições acolhedoras. Outra forma de facilitar este acesso seria a
criação de um sistema informatizado único para conter informações sobre as crianças
acolhidas institucionalmente, o qual ficasse igualmente disponível para acesso pela
Defensoria Pública, Juizado e Promotoria da Infância. Deve-se também estabelecer
padronização das fichas e da forma de registro das informações referentes às crianças e
adolescentes acolhidos, com prazos determinados para a disponibilização dos registros
sistematizados. É necessário, ainda, criar mecanismos de controle e de responsabilização das
instituições que não encaminharem os devidos relatórios, uma vez que a falta de regulação e
controle pelo não envio do mesmo foi apontada no relatório da Associação Casa Novella
como uma das razões para o não cumprimento desta orientação.
10.1.2 Vara da Infância e Juventude de Belo Horizonte
Questionamos junto à Vara da Infância e Juventude de Belo Horizonte, sediada no
Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional de Belo Horizonte
(CIA/BH), quais seriam os principais problemas e dificuldades enfrentadas no transcurso de
1 Sugerimos a leitura do texto de Francismar Lamenza “As audiências concentradas na área da infância e da
juventude: uma análise crítica” no site http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista
_artigos_leitura&artigo_id=10590 (Acesso: 13 de Fev. de 2013).
33
suas atividades. A ausência de capacitação específica para os profissionais que tratam das
questões que envolvam as crianças e adolescentes foi apontada como representativa nesse
processo. A ausência de comunicação entre o CIA/BH e a rede de atendimento identificada na
pesquisa, impediria o estabelecimento de um olhar coletivo no tratamento das questões que
envolvem esse segmento.
Outra questão levantada seria o preconceito e desconhecimento no tratamento das
questões que envolvem as crianças e adolescentes, no sentido do prevalecimento da cultura da
moralidade que prioriza o “castigo”. De um modo geral, destacou-se como dificuldade o
encaminhamento dos adolescentes autores de atos infracionais relacionados ao tráfico de
drogas, principal causa de infração registrada pelo CIA/BH, entre 2009 e 2011. Outra
dificuldade seria o direcionamento dos valores destinados para o Fundo da Infância e
Adolescência (FIA) e sua aplicação nas políticas de prevenção.
Durante a investigação, foram identificadas algumas sugestões, como a realização de
teleconferências, diante a dificuldade da ocorrência de encontros com os atores sociais
envolvidos. O objetivo destas plenárias seria a promoção da participação mais ampla dos
atores sociais envolvidos, de modo que pudessem discutir e resolver as dificuldades
encontradas no desempenho de suas funções, inclusive com a discussão dos casos em
conjunto.
10.2 EIXO DA PROMOÇÃO DOS DIREITOS
O Eixo da Promoção dos Direitos engloba a política de atendimento aos direitos
humanos de crianças e adolescentes que se operacionaliza por meio de três tipos de
programas, serviços e ações públicas:
a) serviços e programas das políticas públicas, especialmente das políticas sociais, afetos
aos fins da política de atendimento aos direitos humanos de crianças e adolescentes;
b) serviços e programas de execução de medidas de proteção de direitos humanos e;
c) serviços e programas de execução de medidas socioeducativas.
Nesta seção, apresentaremos o contexto da execução de medidas socioeducativas em
Belo Horizonte. Inicialmente, iremos descrever a estrutura geral do Sistema Socioeducativo e
a forma como está organizado no município. Em seguida, mostraremos os dados extraídos do
34
relatório do CIA/BH, que se constitui como a “porta de entrada” dos adolescentes para o
sistema de execução das medidas socioeducativas, referentes ao período entre 2009 e 2011.
Os dados sobre os atos infracionais estão disponíveis nos relatórios anuais elaborados
pelo Setor de Pesquisa Infracional da Vara da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça
do Estado de Minas Gerais (SEPI/TJMG). Esse setor nos forneceu sua base de dados, no
programa SPSS, do qual extraímos as informações necessárias para traçar um perfil dos
adolescentes, dos atos infracionais, assim como espacializar em cartogramas as infrações por
bairro e regional administrativa, segundo os endereços de residência desses adolescentes. A
partir destes cartogramas, tornou-se possível cruzar estas informações com as demais
caracterizações das regionais administrativas levantadas neste diagnóstico, incluindo a que
diz respeito às violações de direitos das crianças e adolescentes.
Por fim, apresentamos dados relativos às medidas de Meio Aberto, Liberdade
Assistida e Prestação de Serviços à Comunidade, cuja execução é de competência municipal,
através da Gerência de Medidas Socioeducativas (GECMES) da Secretaria Municipal Adjunta
de Assistência Social (SMAAS). Para obter estas informações, utilizamos os registros do
Sistema de Informação e Gestão das Políticas Sociais (SIGPS), os quais foram validados pela
Gerência de Coordenação de Medidas Socioeducativas (GECMES), que também nos
respondeu através de um questionário enviado por e-mail. Em relação às medidas de meio
fechado executadas pelo estado, semiliberdade e internação, não obtivemos informações,
apesar de variados contatos.
10.2.1 Base Legal do Sistema Socioeducativo
A Constituição de 1988, tecida no processo de redemocratização do Estado brasileiro,
preconizou uma série de direitos para proteção da infância e adolescência, dispostos no Artigo
227 seguinte:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente,
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (Brasil,
CF/1988).
Até então, crianças e adolescentes não eram reconhecidos como sujeitos que detinham
direitos. Dois anos depois de promulgada a Constituição Brasileira, a Lei 8.069, conhecida
com Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) veio regulamentar o artigo constitucional
35
citado anteriormente. Trata-se do reconhecimento das peculiaridades das crianças e dos
adolescentes, devido à sua condição de pessoa em desenvolvimento. De acordo com o Artigo
2º do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), considera-se criança a pessoa até 12 anos de
idade incompletos e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade. Para fins de cumprimento
de medidas socioeducativas, o atendimento pode se estender até os 21 anos incompletos.
Ao todo o ECA possui 267 artigos, divididos em duas partes. Na primeira,
encontramos as disposições preliminares, os direitos fundamentais e a prevenção. Na segunda,
temos as disposições sobre o atendimento, as medidas de proteção, a prática de ato
infracional, as medidas pertinentes aos responsáveis, os Conselhos, o acesso à Justiça, os
crimes, as infrações administrativas e as disposições transitórias. Nas disposições a respeito
da prática do ato infracional, esclarece que as medidas socioeducativas podem ser de meio
aberto (advertência, reparação do dano, prestação de serviços à comunidade e liberdade
assistida) ou fechado (semiliberdade e internação em unidade socioeducativa).
A premissa do ECA é a proteção integral à criança e ao adolescente, pois ele foi
concebido a partir doutrina do direito contemporâneo conhecida como Doutrina de Proteção
Integral. De acordo com o artigo 3º do ECA:
A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-
se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de
lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em
condições de liberdade e dignidade (Brasil, ECA/1999).
A proteção integral estabelecida pelo ECA prevê as diretrizes para uma política de
atenção aos direitos da criança e do adolescente. Estas diretrizes orientam as seguintes linhas
de ação para o atendimento:
I- Políticas sociais básicas – políticas universais, para todas as crianças e
adolescentes, tais como as políticas de educação e saúde.
II- Políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para
aqueles que delas necessitem – são aquelas destinadas às crianças e
adolescentes em situação de vulnerabilidade social.
III- Política de proteção especial – serviços especiais de prevenção e
atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-
tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão – são destinadas às
crianças e adolescentes que tiveram seus direitos violados.
36
O tópico que estamos apresentando, medidas socioeducativas, é objeto das ações
bastante complexas que compõem as políticas de proteção especial, como descrito no item III
citado anteriormente. Isso se justifica, mesmo nos casos dos adolescentes envolvidos com a
prática de atos infracionais, uma vez que encontramos junto a eles uma história de vida que
encerra uma série de direitos violados.
Ressalta-se que os direitos preconizados pelo ECA não se efetivam naturalmente. Por
isso, é preciso uma mobilização dos grupos, órgãos e instituições responsáveis pela promoção
e defesa desses direitos e engajados na proteção integral das crianças e adolescentes. Ou seja,
é necessária a participação da família, do Estado e da sociedade para a construção das
políticas públicas orientadas pelo ECA. Desta forma, essas políticas devem ser articuladas por
meio de ações governamentais e não governamentais, da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, que constituem a rede de atendimento à criança e ao adolescente.
10.2.2 Medidas Socioeducativas em Belo Horizonte
Até o ano de 1994, o Juizado de Menores de Belo Horizonte era o órgão judicial
responsável pela ações concernentes à infância e juventude no município. Nesta mesma
época, foi criado o Juizado da Infância e da Juventude de Belo Horizonte ( JIJ/BH),
coerentemente com o que previa o ECA, que concebe a criança e o adolescente como sujeito
de direitos. No ano de 2007, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG)
dividiu o JIJ/BH em duas varas distintas, a Vara Cível e a Vara Infracional, ambas
especializadas no trabalho com processos envolvendo crianças e adolescentes. Ressalta-se que
o setor técnico do antigo juizado, composto por assistentes sociais e psicólogos, manteve-se
responsável pelos casos de adoção, guarda, tutela, pedidos de providência (criança ou
adolescente em situação de risco), atos infracionais, entre outros (MELO SILVA, 2007).
Nos primeiros meses de 1999, inicia-se no JIJ-BH o acompanhamento técnico da
execução das medidas socioeducativas de internação e de semiliberdade. A Seção de
Atendimento das Medidas Restritivas de Liberdade (SAMRE) passa a ser responsável pelo
acompanhamento dos adolescentes em cumprimento de tais medidas. Desde então, a SAMRE
também acompanha e avalia os adolescentes acautelados nos Centros de Internação Provisória
(CEIP), onde devem permanecer por até 45 dias, até o desfecho da sua sentença prolatada (cf.
Melo Silva, 2007).
Em 2006, com o objetivo de assegurar os direitos dos adolescentes em cumprimento
de medida socioeducativa, o governo federal criou o Sistema Nacional de Acompanhamento
37
das Medidas Socioeducativas (SINASE). Sua legislação destaca o caráter educativo das
medidas socioeducativas, além de acentuar a importância de se privilegiar as medidas de meio
aberto - Liberdade Assistida (LA) e Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) - em
detrimento das medidas restritivas de liberdade (Semiliberdade e Internação).
Após muitos anos de luta das entidades e órgãos que atuavam na defesa dos direitos
das crianças e adolescentes, foi criado, no ano de 2008, em Belo Horizonte o CIA/BH, por
meio da Resolução Conjunta nº 68, datada de 02 de setembro de 2008, em cumprimento ao
disposto no art. 88, inciso V, do ECA. O objetivo principal do CIA/BH é o de oferecer um
pronto e efetivo atendimento ao adolescente autor de ato infracional, num mesmo espaço
físico, por uma equipe interinstitucional, composta por Juízes de Direito, Promotores de
Justiça, Defensores Públicos, Delegados de Polícia, Polícia Militar e funcionários da
Subsecretaria de Estado de Atendimento às Medidas Socioeducativas e da Prefeitura
Municipal (CIA/BH, 2012).
Localizado na região central, Rua Rio Grande do Sul nº604, o CIA/BH compõe-se de
um conjunto de órgãos predominantemente estaduais como mostramos a seguir:
a) Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJEMG) - Vara de Atos
Infracionais da Infância e da Juventude de Belo Horizonte e Corregedoria-
Geral de Justiça;
b) Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) - Promotoria da
Infância e da Juventude de Belo Horizonte;
c) Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais (DPMG);
d) Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) - Subsecretaria de Atendimento
às Medidas Socioeducativas (SUASE);
e) Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (PCMG) - Delegacia de Orientação e
Proteção à Criança e ao Adolescente (DOPCAD);
f) Polícia Militar do Estado de Minas Gerais (PMMG);
g) Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH).
10.2.3 Fluxo de atendimento ao adolescente autor de ato tipificado como infracional
Quando um adolescente comete um ato infracional e é apreendido em flagrante pela
polícia, são tomadas as medidas cabíveis, respeitando-se a legislação correspondente ao ECA.
O adolescente é encaminhado ao CIA/BH e entregue à autoridade policial do local, que
38
deverá tomar as providências necessárias. Em primeiro lugar, o adolescente passa por uma
triagem e, em seguida, os pais ou responsáveis são avisados e chamados a comparecer à
delegacia especializada.
Após as providências policias, o adolescente é encaminhado ao juiz de direito, onde é
realizada uma audiência preliminar. Nesta audiência há a presença de representantes do
Ministério Público e Defensoria Pública ou advogado constituído, além dos pais ou
responsáveis. Ouve-se, então, o adolescente e, se possível, o representante legal. Podem ser
aplicadas algumas medidas, isoladas ou cumulativamente, sendo elas: arquivamento do
processo, concessão de remissão (exclusão do processo) ou aplicação de medida protetiva.
Não sendo possível aplicar as medidas citadas, o promotor de justiça oferece denúncia.
O juiz pode optar pela aplicação de medida socioeducativa em meio aberto ou internação
provisória em centros de internação, locais onde o adolescente aguarda julgamento.
O ECA prevê sete modalidades de responsabilização para o adolescente autor de ato
infracional – seis medidas socioeducativas e as medidas protetivas. Essas medidas são
determinadas pelo Juiz da Infância e Juventude, mas executadas por instâncias distintas,
seguindo orientação do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE).
As medidas socioeducativas são:
a) Advertência e obrigação de reparar o dano: são medidas executadas diretamente
pelo Juizado da Infância e Juventude.
b) Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) e Liberdade Assistida (LA): são
executadas por meio de programas desenvolvidos pelos municípios.
c) Inserção em regime de semiliberdade e internação em estabelecimento educacional:
medidas sob a responsabilidade do estado.
As medidas protetivas são:
a) encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
orientação, apoio e acompanhamento temporários;
b) matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino
fundamental;
c) inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao
adolescente;
d) requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar
ou ambulatorial;
39
e) inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a
alcoólatras e toxicômanos.
10.2.4 Perfil dos Adolescentes Atendidos no CIA/BH
A seguir apresentamos um perfil dos adolescentes que foram apreendidos e
encaminhados ao CIA/BH, no período de 2009 até 2011, visto que em 2008 houve
atendimento somente no mês de dezembro. Ressalta-se que a informação utilizada é a mais
atual, do recente Boletim Estatístico Especial2 disponibilizado publicamente pelo Governo de
Minas Gerais, no mês de maio de 2012. Tais informações serão complementadas pelo estudo
produzido pela SUASE entre 2009 e 2010, divulgado em 2011, através do Boletim Especial
intitulado como Edição Especial CIA/BH.
TABELA 10.1: Número e percentual de entradas de adolescentes no CIA/BH por ano – Belo
Horizonte – 2009-2010-2011.
Fonte: SEPI / SUASE / DOPCAD.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013.
Considerando os três anos mencionados, o CIA/BH recebeu um total de 28.578
encaminhamentos de adolescentes. No ano de 2010, houve o maior número de
encaminhamentos, totalizando 9.864. Em 2011, caiu para 9.109, apresentando uma redução de
7,65%. Ressalta-se que os registros se referem aos casos de encaminhamentos de
adolescentes, ou seja, um mesmo adolescente pode ter tido mais de um encaminhamento
nestes três anos considerados. Destes dados disponíveis, pode-se inferir que a média diária de
2 Os dados que compõem o respectivo Boletim foram coletados por meio de uma parceria firmada entre a
Gerência de Mapeamento Estatístico da Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas da Secretaria
de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (GME/SUASE-SEDS), o Setor de Pesquisa Infracional da Vara da
Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (SEPI/TJMG) e a Delegacia de
Orientação e Proteção à Criança e ao Adolescente da Polícia Civil de Minas Gerais (DOPCAD-PCMG). Já a
consolidação do banco de dados é realizada pela Diretoria de Gestão de Informação e Pesquisa da Subsecretaria
de Atendimento às Medidas Socioeducativas do Estado de Minas Gerais (DIP/SUASE-SEDS). (MINAS
GERAIS, 2012 - RELATÓRIO ESTATÍSTICO, 2009-2011).
Ano N % Percentagem válida
2009 9.605 33,6 33,6
2010 9.864 34,5 34,5
2011 9.109 31,9 31,9
Total 28.578 100 100
40
atendimentos no período analisado foi de 26 adolescentes e a média mensal de 794
atendimentos.
TABELA 10.2: Percentual de adolescentes que deram entrada no CIA/BH, por idade - Belo Horizonte
– 2009-2010-2011.
Idade
Ano de entrada Total
(%) 2009
(%)
2010
(%)
2011
(%)
12 3,1 2,9 2,5 2,8
13 6,9 7,2 6,3 6,8
14 13,6 12,5 12,2 12,7
15 19,8 20,9 17,8 19,5
16 24,9 25,1 27,7 25,9
17 29,3 28,8 30,4 29,5
18 1,6 1,9 2,2 1,9
19 0,6 0,6 0,7 0,6
20 0,1 0,1 0,2 0,1
21 0 0 0 0
Total 100 100 100 100
Fonte: SEPI / SUASE / DOPCAD.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Nos três anos considerados, há uma maior incidência de adolescentes com idade entre
14 e 17 anos nos casos atendidos pelo CIA/BH, totalizando 87,6% dos encaminhamentos. A
percentagem de ocorrências cresce na medida em que a idade avança. Assim, a idade de 14
anos representou 12,7%, 15 anos 19,5%, 16 anos 25,9% e 17 anos, 29,5%. Segundo o
Relatório, a presença de jovens entre 18 e 21 anos corresponde aos casos trazidos ao CIA/BH
através de mandados de busca e apreensão.
TABELA 10.3: Percentual de adolescentes que deram entrada no CIA/BH, por sexo – Belo Horizonte
– 2009-2010-2011.
Sexo Ano de Entrada
Total (%) 2009 (%) 2010 (%) 2011 (%)
Feminino 15,3 15,6 12,9 14,6
Masculino 84,7 84,4 87,1 85,4
Total 100 100 100 100
Fonte: SEPI / SUASE / DOPCAD.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013.
Em relação ao sexo dos adolescentes encaminhados ao CIA/BH, conforme mostra a
Tabela 10.3, a maioria é masculino, totalizando 85,4% no período de 2009 a 2011. O sexo
feminino representou 14,6% dos atendimentos neste período. Em 2010, houve uma redução
no número de encaminhamentos de adolescentes do sexo feminino em relação ao total para os
dois anos anteriores, ficando com 12,9% dos casos registrados.
41
TABELA 10.4: Pesquisa amostral sobre os adolescentes que deram entrada no CIA/BH, por
escolaridade – Belo Horizonte - 2009-2010-2011.
Escolaridade Ano de Entrada
Total (%) 2009 (%) 2010 (%) 2011 (%)
Analfabeto 0,3 0,1 0,1 0,2
1ª série - 1 1 0,7
2ª série - 0,6 0,4 0,3
3ª série - 1 1,2 0,8
Ensino básico completo 12,8 3,8 3,7 6,6
5ª série 14,1 16,6 15,0 15,3
6ª série 16,5 20,7 19,6 19,1
7ª série 14,1 16,6 18,3 16,4
Ensino fundamental incompleto 4,7 - 0,2 1,5
Ensino fundamental completo 22,9 18,2 18,6 19,8
1º ano do ensino médio 6,9 9,6 13,1 10,0
2º ano do ensino médio 2,3 2,4 2,9 2,6
Ensino médio completo 2,8 1,3 1,3 1,8
Não estuda 2,6 7,9 4,5 5,1
Total 100 100 100 100
Fonte: SEPI/SUASE/DOPCAD, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
De acordo com as informações dispostas na Tabela 10.4, observa-se que a maioria dos
adolescentes atendidos pelo CIA/BH, no período de 2009 a 2011, tinham escolaridade entre a
5ª e a 7ª série, totalizando 50,8%. Se somarmos aqueles que possuem até o ensino
fundamental, temos um total de 80,7%. Uma baixa percentagem dos adolescentes estava no
primeiro e segundo anos do ensino médio, com 12,6%, e apenas 1,8% tinham o ensino médio
completo; 0,2% dos adolescentes se declararam analfabetos e 5,1% não estudavam. Se
levarmos em consideração que 74,9% dos adolescentes têm idade entre 15 e 17 anos,
concluímos que há uma grande defasagem escolar, pois a partir de 15 anos já deveriam estar
incluídos no ensino médio.
O estudo da SUASE (2011) apontou que, entre os anos de 2009 e 2010, mais de 95%
dos adolescentes respondentes tinham idade fora do ano ideal para sua série/ano de estudo
correspondente. Este levantamento mostrou também que apenas 1,8% dos adolescentes não
estavam com defasagem para sua idade em 2009 e 4,2% em 2010, sendo que o grau de
distorção mais frequente foi de 4 anos em 2009 e de 5 anos em 2010. Em uma amostra de
32% (9.149) adolescentes entrevistados, dos 28.578 adolescentes que passaram pelo CIA/BH,
42
pouco mais da metade, 53,3% (4.875) informaram que estudam atualmente, sendo que 46,7%
(4.274) informaram que não estudam.
A Tabela 10.5 a seguir apresenta os dados mais recentes, que englobam também 2011,
e mostram uma tendência semelhante aos resultados do estudo feito pela SUASE (2011).
TABELA 10.5: Pesquisa amostral sobre os adolescentes que deram entrada no CIA/BH que
estudavam no momento da apreensão – Belo Horizonte - 2009-2010-2011.
Estuda? Ano de Entrada
Total 2009 2010 2011
Sim N 1.406 1.622 1.847 4.875
% 52,3 52,3 55 53,3
Não N 1.284 1.478 1.512 4.274
% 47,7 47,7 45 46,7
Total N 2.690 3.100 3.359 9.149
% 100 100 100 100
Fonte: SEPI/SUASE/DOPCAD, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Quanto ao perfil por raça/cor declarada pelos adolescentes, estas são divididas pelas
mesmas categorias utilizadas pelo IBGE: branco, pardo, preto, amarelo e indígena. A
Tabela10.6 a seguir mostra os dados por ano de entrada dos adolescentes no CIA/BH:
TABELA 10.6: Pesquisa amostral sobre os adolescentes que deram entrada no CIA/BH por cor/raça –
Belo Horizonte - 2009-2010-2011.
Fonte: SEPI/SUASE/DOPCAD, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Sobre o perfil por raça/cor declarada pelos adolescentes, há uma maior quantidade de
adolescentes que se declararam pardos e pretos, com 39,3% e 29,5%, respectivamente,
totalizando 68,8% da amostra para o total nos três anos. Brancos totalizaram 18%; amarelos,
3,3% e indígenas, 4,5%.
Raça/cor Ano de Entrada
Total 2009 (%) 2010 (%) 2011 (%)
Branco 17,9 18 18,2 18
Pardo 35,9 40,9 40,6 39,3
Preto 29,8 27,5 31,2 29,5
Amarelo 4 3,2 2,9 3,3
Indígena 3,6 2,4 7,1 4,5
NS/NR 8,8 8,1 - 5,4
Total 100 100 100 100
43
TABELA 10.7: Pesquisa amostral sobre os adolescentes que deram entrada no CIA/BH, por uso de
cada tipo de droga – Belo Horizonte – 2009-2010-2011.
Tipo de droga 2009 (%)
2010 (%)
2011 (%)
Total do triênio (%)
Álcool 76,9 73,6 66,9 72,1
Maconha 63,2 66 71,3 67,1
Tabaco 64,8 64,5 58,5 62,4
Cocaína 30,1 33,5 34,2 32,8
Solventes/inalantes 28,8 31,2 28,8 29,6
Crack 6,2 4,9 5,1 5,6
Psicofármacos 2,2 1,8 1,2 1,7
Fonte: SEPI / SUASE / DOPCAD, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Em relação ao abuso de drogas entre os adolescentes que passaram pelo CIA/BH, do
total de 9.149 adolescentes entrevistados no período de 2009 até 2011, segundo o Relatório
Estatístico disponibilizado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, 72,1% dos respondentes
alegaram fazer uso de álcool; 67,1% disseram fazer uso de maconha; 62,4% declararam o uso
de tabaco; 32,8%, uso de cocaína; 29,6%, uso de inalantes; 5,6%, uso de crack e 1,7%
afirmaram fazer uso de psicofármacos. Mais uma vez se constata o alto índice das drogas
lícitas, álcool e tabaco, entre adolescentes, corroborando o que foi apresentado pelos dados do
SOS Drogas.
TABELA 10.8: Pesquisa amostral sobre os adolescentes que deram entrada no CIA/BH que
trabalhavam no momento da apreensão – Belo Horizonte - 2009-2010-2011.
Trabalha Ano de entrada
Total 2009 2010 2011
Sim N 527 643 891 2.061
% 19,6 20,7 26,5 22,5
Não N 2.166 2.457 2.468 7.091
% 80,4 79,3 73,5 77,5
Total N 2.693 3.100 3.359 9.152
% 100 100 100 100
Fonte: SEPI / SUASE / DOPCAD, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
A respeito do trabalho, segundo a Tabela 10.8, 77,5% do total de adolescentes
respondentes, no período de 2009 a 2011, uma ampla maioria não trabalhava, enquanto 22,5%
afirmaram que trabalhavam quando foram apreendidos.
44
TABELA 10.9: Adolescentes que deram entrada no CIA/BH por regional de moradia Belo Horizonte -
2009-2010-2011.
Fonte: SEPI / SUASE / DOPCAD, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Quanto à regional administrativa da qual procediam os adolescentes encaminhados ao
CIA/BH entre 2009 e 2011, a regional que apresentou maior número de adolescentes
residentes foi a Noroeste, com 12,6%. A segunda regional com maior número de
adolescentes foi a Oeste, com10,6%, seguida da Nordeste, 10,4%, e Leste, 10,3%. Quanto às
regionais que tiveram menor percentual de adolescentes residentes estão a Pampulha (5%),
Centro-Sul (8,5%) e Norte (8,7%).
As Tabelas 10.10 e 10.11 mostram que um conjunto de apenas cinco atos infracionais
respondeu por 75% das apreensões de adolescentes no período de 2005 a 2008. Em primeiro
lugar, está o tráfico, com 22,6% (4.282); em segundo o roubo, com 19,6% (3.708); em
terceiro, o furto com 12% (2.266); em quarto, a posse ou porte de arma com 11,7% (2.214) e,
em quinto, o uso de drogas, com 9,3% (1.754). Os dois crimes em geral mais repudiados pela
população e que ganham mais espaço nos veículos de comunicação, o homicídio e estupro,
totalizaram respectivamente 2,9% (557) e 0,2% (39) neste período.
Moradia Ano de entrada
Total 2009 2010 2011
Região Metropolitana N
%
642 914 457 2.013
9,3 13,5 7,3 10,1
Oeste N
%
726 730 648 2.104
10,6 10,8 10,4 10,6
Venda Nova N
%
633 646 667 1.946
9,2 9,6 10,7 9,8
Nordeste N
%
674 753 642 2.069
9,8 11,1 10,3 10,4
Centro-Sul N
%
568 574 544 1.686
8,3 8,5 8,7 8,5
Leste N
%
773 660 608 2.041
11,2 9,8 9,7 10,3
Noroeste N
%
1.031 777 688 2.496
15,0 11,5 11 12,6
Barreiro N
%
682 666 682 2.030
9,9 9,9 10,9 10,2
Pampulha N
%
307 343 346 996
4,5 5,1 5,5 5
Norte N
%
560 599 579 1.738
8,1 8,9 9,3 8,7
Sem informação N
%
277 98 381 756
4 1,4 6,1 3,8
Total N
%
6.873 6.760 6.242 19.875
100 100 100 100
45
TABELA 10.10: Tipos de atos infracionais, por número absoluto, em ordem decrescente, registrados
no CIA/BH- Belo Horizonte - 2005 a 2008.
Ato infracional 2005 2006 2007 2008 Total por sexo
Mas. Fem. Total Mas. Fem. Total Mas. Fem. Total Mas. Fem. Total Mas. Fem. Total
Tráfico de drogas 449 36 485 897 83 980 1.022 90 1.112 1.501 204 1.705 3.869 413 4.282
Roubo 945 39 984 1.129 66 1.195 816 56 872 616 41 657 3.506 202 3.708
Furto 771 84 855 685 72 757 347 53 400 234 20 254 2.037 229 2.266
Posse ou porte de arma 483 15 498 629 23 652 623 18 641 403 20 423 2.138 76 2.214
Uso de drogas 318 29 347 718 50 768 387 22 409 219 11 230 1.642 112 1.754
Outros 363 46 409 468 54 522 270 36 306 167 19 186 1.268 155 1.423
Lesão corporal 143 46 189 265 46 311 117 30 147 60 28 88 585 150 735
Danos Morais 108 9 117 264 36 300 90 12 102 104 11 115 566 68 634
Ameaça 122 16 138 196 43 239 119 124 143 75 20 95 512 203 615
Homicídio 141 4 145 183 9 192 123 7 130 87 3 90 534 23 557
Contravenção 98 23 121 147 43 190 7 2 9 13 10 23 265 78 343
Infração de trânsito 46 1 47 72 0 72 32 0 32 8 0 8 158 1 159
Formação de Quadrilha 29 6 35 27 6 33 41 4 45 15 0 15 112 16 128
Desacato 24 1 25 34 13 47 12 6 18 17 2 19 87 22 109
Estupro 16 0 16 12 1 13 5 0 5 5 0 5 38 1 39
Sequestro 0 0 0 0 0 0 3 0 3 0 0 0 3 0 3
Total 4.056 355 4.411 5.726 545 6.271 4.014 360 4.374 3.524 389 3.913 17.320 1.649 18.969
Fonte: SEPI, 2009.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
TABELA 10.11: Tipos de atos infracionais, por percentual, em ordem decrescente, registrados no
CIA/BH - Belo Horizonte - 2005 a 2008.
Ato infracional 2005 2006 2007 2008 Total Geral
Mas. Fem. Total Mas. Fem. Total Mas. Fem. Total Mas. Fem. Total Mas. Fem. Total
Tráfico de drogas 11,1 10,1 11,0 15,7 15,2 15,6 25,5 25,0 25,4 42,6 52,4 43,6 22,3 25,1 22,6
Roubo 23,3 11,0 22,3 19,7 12,1 19,1 20,3 15,6 19,9 17,5 10,5 16,8 20,2 12,3 19,6
Furto 19,0 23,7 19,4 12,0 13,2 12,1 8,6 14,7 9,1 6,6 5,1 6,5 11,8 13,9 12,0
Posse ou porte de arma 11,9 4,2 11,3 11,0 4,2 10,4 15,5 5,0 14,7 11,4 5,1 10,8 12,3 4,6 11,7
Uso de drogas 7,8 8,2 7,9 12,5 9,2 12,3 9,6 6,1 9,4 6,2 2,8 5,9 9,5 6,8 9,3
Outros 9,0 13,0 9,3 8,2 9,9 8,3 6,7 10 7,0 4,7 4,9 4,8 7,3 9,4 7,5
Lesão corporal 3,5 13,0 4,3 4,6 8,4 5,0 2,9 8,3 3,4 1,7 7,2 2,3 3,4 9,1 3,9
Danos Morais 2,7 2,5 2,7 4,6 6,6 4,8 2,2 3,3 2,3 3,0 2,8 2,9 3,3 4,1 3,3
Ameaça 3,0 4,5 3,1 3,4 7,9 3,8 3,0 34,4 3,3 2,1 5,1 2,4 3,0 12,3 3,2
Homicídio 3,5 1,1 3,3 3,2 1,7 3,1 3,1 1,9 3,0 2,5 0,8 2,3 3,1 1,4 2,9
Contravenção 2,4 6,5 2,7 2,6 7,9 3,0 0,2 0,6 0,2 0,4 2,6 0,6 1,5 4,7 1,8
Infração de trânsito 1,1 0,3 1,1 1,3 0 1,2 0,8 0 0,7 0,2 0 0,2 0,9 0,1 0,8
Formação de Quadrilha 0,7 1,7 0,8 0,5 1,1 0,5 1,0 1,1 1,0 0,4 0 0,4 0,7 1,0 0,7
Desacato 0,6 0,3 0,6 0,6 2,4 0,8 0,3 1,7 0,4 0,5 0,5 0,5 0,5 1,3 0,6
Estupro 0,4 0 0,4 0,2 0,2 0,2 0,1 0 0,1 0,1 0 0,1 0,2 0,1 0,2
Sequestro 0 0 0 0 0 0 0,1 0 0,1 0 0 0 0 0 0
Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
Fonte: SEPI, 2009.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013.
A Tabela 10.12 a seguir já apresenta a distribuição dos atos infracionais por tipo de
ocorrência registrada para o período de 2009, 2010 e 2011.
46
TABELA 10.12: Tipos de atos infracionais registrados no CIA/BH por ano – Belo Horizonte – 2009 a
2011.
Ato infracional
Ano de entrada
Total 2009 2010 2011
% N % N % N % N
Tráfico de drogas 20 1.868 27,2 2.182 27,4 1.978 24,5 6.028
Uso de drogas 20,4 1.908 18,5 1.483 18 1.300 19,1 4.691
Furto 12,1 1.129 10,7 855 11,2 808 11,4 2.792
Roubo 9,1 846 7,7 619 6,6 474 7,9 1.939
Lesão corporal 7,9 736 6,7 540 5,5 400 6,8 1.676
Ameaça 4 373 4,2 333 4,2 307 4,1 1.013
Porte de arma 3,3 313 3,8 303 3,9 285 3,7 901
Outros 0,3 480 0,5 219 0 195 3,6 894
Vias de fato 3,2 300 4,1 332 3,2 231 3,5 863
Dano 4,7 438 2,6 205 2,8 206 3,5 849
Direção sem habilitação 0 202 0,6 159 0 190 2,2 551
Pichação 1,2 114 2,9 230 1,3 94 1,8 438
Desacato 1,7 158 1,3 104 1,7 126 1,6 388
Roubo a mão armada 0 0 0,1 18 0,1 303 1,3 321
Sem informação 2,2 293 2 0 2,6 0 1,2 293
Receptação 0,6 52 0,9 73 1,1 81 0,8 206
Homicídio 0,5 43 0,4 32 0,5 36 0,5 111
Extorsão 0 0 0,2 88 4,2 12 0,4 100
Tentativa de roubo 0 0 0,4 56 0,2 25 0,3 81
Tentativa de homicídio 0,2 22 0,3 24 0,4 30 0,3 76
Rixa 0,5 45 0,3 23 0,1 6 0,3 74
Porte de munição 0 28 0,7 44 0,3 0 0,3 72
Porte de arma branca 0 0 0 0 0,2 49 0,2 49
Desobediência 0 0 1,1 47 0,2 0 0,2 47
Estupro/ato libidinoso 0 0 0 34 0,7 11 0,2 45
Associação para o tráfico 0 0 0 0 0,1 26 0,1 26
Violação direito autoral 0 0 0 0 0,1 18 0,1 18
Estelionato 0 0 0 6 0,1 8 0,1 14
Informante no tráfico 0 0 0 0 0,4 9 0 9
Perigo vida/saúde outrem 0 0 0 0 0,1 9 0 9
Ato obsceno 0 0 0 0 0 8 0 8
Falsificação de documento 5,1 0 2,7 0 2,7 4 0 4
Estupro de vulnerável 3,1 0 0 0 0 3 0 3
Total 100 9.348 100 8.009 100 7.232 100 24.589
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Como podemos ver, no período de 2009 a 2011, que compreende um ano a menos que
o período anterior (2005 a 2008), o número total de casos subiu para 24.589. Em relação aos
tipos de atos infracionais, houve um aumento da proporção de apreensões por tráfico de
drogas para 24,5% no total do período. Observa-se, que quanto ao uso de drogas, mesmo com
o abrandamento da punição estipulado pela Lei de 11.343/2006, que retirou o uso da pena de
prisão para estes casos, ocorreu um crescimento considerável no número de apreensões de
47
adolescentes e encaminhamento ao CIA/BH devido a este ato. Enquanto no período de 2005 a
2008 o uso de drogas representou 9,3% dos casos, entre 2009 e 2011 passou a somar 19,1%,
subindo da quinta posição entre os principais motivos de apreensão para a segunda. Em
compensação, a proporção de apreensões por furto e roubo reduziu para 11,4% e 7,9%, nesta
ordem. O porte de arma também apresentou redução para 3,7%. O estupro manteve-se com
0,2% (45) e o homicídio reduziu para 0,5% (111).
De acordo com os dados do Relatório Estatístico (CIA/BH, 2012), o tráfico de drogas
correspondeu a 24,5% do total de infrações, com aumento de mais de 7% nos anos de 2010 e
2011, em relação ao ano de 2009. O uso de drogas corresponde a 19,1% do total das
infrações, com leve queda nos anos de 2010 e 2011.
Outra informação relevante é em respeito às entradas repetidas, dispostas na Tabela
10.13, que se referem à questão da reincidência.
TABELA 10.13: Número de entradas repetidas no CIA/BH – Belo Horizonte 2009 a 2011.
Entradas repetidas
Ano de entrada
Total 2009 2010 2011
0 N 6.529 6.465 6.039 19.033
% 71,4 68,2 68,3 69,3
1 N 1.570 1.708 1.558 4.836
% 17,2 18,0 17,6 17,6
2 N 616 718 698 2.032
% 6,7 7,6 7,9 7,4
3 N 250 319 300 869
% 2,7 3,4 3,4 3,2
4 N 92 145 130 367
% 1 1,5 1,5 1,3
5 N 44 69 60 173
% 0,5 0,7 0,7 0,6
6 N 15 35 32 82
% 0,2 0,4 0,4 0,3
7 N 11 18 14 43
% 0,1 0,2 0,2 0,2
8 N 5 4 5 14
% 0,05 0,04 0,06 0,05
9 N 5 2 2 9
% 0,05 0,02 0,02 0,03
10 N 2 1 2 5
% 0,02 0,01 0,02 0,02
11 N 1 1 1 3
% 0,01 0,01 0,01 0,01
12 N 1 0 1 2
% 0,01 0 0,01 0,01
Total N 9.141 9.485 8.842 27.468
% 100 100 100 100
Fonte: SEPI / SUASE / DOPCAD, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
48
Podemos observar que há uma considerável redução de entradas repetidas no CIA/BH,
19.033 adolescentes derem entrada apenas uma vez e não retornaram ao sistema. Por esse
número tão significativo, consideramos que o sistema de proteção desenvolvido no CIA/BH
alcança uma significativa margem de sucesso no que se refere à retirada dos adolescentes do
sistema infracional. Contudo, 4.836 deram entrada duas vezes e 2.032 deram entrada por 3
vezes. Esses casos de reincidência devem fazer parte de uma pesquisa mais minuciosa, no
intuito de se poder construir o perfil desses adolescentes e os motivos que os levam a isso. A
partir desses estudos, os gestores públicos poderão atuar para evitar a reincidência da prática
de infrações pelos adolescentes de Belo Horizonte.
10.2.4.1 Distribuição dos registros de infrações do CIA/BH por bairro de residência dos
adolescentes
Para a descrição da frequência de infrações por regional administrativa, separamos os
bairros de residência dos adolescentes apreendidos que apareceram nos registros do CIA/BH e
os dispusemos em quadros. Em seguida, confeccionamos cartogramas com a frequência, por
bairro, nas áreas das regionais administrativas correspondentes.
A seguir, temos o Cartograma 10.1 que corresponde aos códigos de cada bairro por
regional e, em seguida, o Cartograma 10.2 contendo os registros de infrações do CIA/BH,
distribuídos por todo o município e agrupados por bairros e regionais.
49
CARTOGRAMA 10.1: Códigos dos bairros e regionais administrativas – Belo Horizonte, MG.
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
50
CARTOGRAMA 10.2: Infrações por bairros de residência dos adolescentes que deram entrada no
CIA/BH – Belo Horizonte – 2010.
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
51
QUADRO 10.1: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Administrativa Barreiro - Belo Horizonte – 2010.
Código Bairro N
235 Itaipu 56
218 Bairro Novo das Indústrias 54
97 Lindeia 53
105 Milionários 51
80 Independência 39
231 Vila Pinho 35
30 Cardoso 33
180 Tirol 28
63 Vila CEMIG 27
66 Flávio Marques Lisboa 26
481 Barreiro 26
221 Araguaia 25
232 Castanheira 24
206 Olaria 23
220 Bonsucesso 23
246 Pilar 22
228 Diamante 20
205 Vale do Jatobá 18
242 Mangueiras 17
238 Conjunto Jatobá 13
237 Santa Cecília 11
268 águas Claras 11
90 Jatobá 10
264 Corumbiara 9
243 Petrópolis 8
229 Miramar 7
236 Marilândia 7
241 Santa Rita 7
244 Mineirão 7
263 Vila Formosa 6
142 Santa Helena 5
230 Brasil Industrial 5
219 Conjunto Bonsucesso 3
233 Túnel de Ibirité 3
260 Vila Ecológica 3
330 Jardim do Vale 3
223 Flávio de Oliveira 2
224 Santa Margarida 2
179 Teixeira Dias 1
225 Atila de Paiva 1
240 Ernesto do Nascimento 1
245 Solar do Barreiro 1
317 Esperança 1
425 Vila Mangueiras 1
446 Vila Piratininga 1
512 Alta Tensão Primeira Seção 1
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
No Quadro 10.1, apresentou-se a distribuição dos registros de infrações do CIA/BH
cujos bairros de residência dos adolescentes situam-se na Regional Barreiro. Os bairros que
apareceram com maior número de infrações foram: Itaipu (56), Bairro Novo das Indústrias
52
(54), Lindéia (53), Milionários (51), Independência (39), Vila Pinho (35) e Cardoso (33),
como pode também ser observado no Cartograma 10.3.
CARTOGRAMA 10.3: Infrações por bairros de residência dos adolescentes registradas no CIA/BH -
Regional Barreiro - Belo Horizonte – 2010.
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
QUADRO 10.2: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Centro-Sul - Belo Horizonte – 2010.
Código Bairro N
172 Serra 249
522 Santa Rita de Cássia (Papagaio) 58
168 São Pedro 49
141 Santa Efigênia 38
164 São Lucas 33
145 Conjunto Santa Maria 29
37 Centro 25
68 Floresta 19
176 Sion 12
154 Santo Antônio 7
50 Cruzeiro 5
99 Luxemburgo 5
39 Cidade Jardim 4
98 Lourdes 4
217 Savassi 4
6 Anchieta 3
12 Barro Preto 3
75 Gutierrez 3
13 Belvedere 2
53
69 Funcionários 2
152 Santo Agostinho 2
474 Acaba Mundo 2
214 Monte São José 1
234 Boa Viagem 1
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
O Quadro 10.2 mostra a distribuição dos registros de infrações do CIA/BH cujos
autores, adolescentes, residem em bairros situados na Regional Centro-Sul. Os bairros que
apareceram com maior número de infrações foram: Serra (249), Santa Rita de Cássia –
Papagaio (58), São Pedro (49), Santa Efigênia (38), São Lucas (33), Conjunto Santa Maria
(29) e Centro (25). Esta distribuição também pode ser visualizada no Cartograma 10.4.
CARTOGRAMA 10.4: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes -
Regional Centro-Sul – Belo Horizonte – 2010.
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Pelo Quadro 10.3, podemos ver a distribuição dos registros de infrações do CIA/BH
praticadas por adolescentes residentes em bairros situados na Regional Leste. Os bairros que
apareceram com maior número de infrações foram: Alto Vera Cruz (164), Conjunto Taquaril
(136), Horto (73), Boa Vista (61), São Geraldo (61), Santa Tereza (46), Sagrada Família (40),
como também pode ser visualizado no Cartograma 10.5.
54
QUADRO 10.3: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Leste - Belo Horizonte - 2010
Código Bairro N
258 Alto Vera Cruz 164
313 Conjunto Taquaril 136
78 Horto 73
15 Boa Vista 61
160 São Geraldo 61
150 Santa Tereza 46
137 Sagrada Família 40
257 Granja de Freitas 35
131 Pompéia 31
186 Vera Cruz 30
171 Saudade 29
33 Casa Branca 23
126 Paraíso 13
343 Mariano de Abreu 9
21 Caetano Furquim 6
58 Esplanada 4
327 Horto Florestal 3
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013.
CARTOGRAMA 10.5: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes -
Regional Leste – Belo Horizonte – 2010.
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
55
QUADRO 10.4: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Nordeste - Belo Horizonte - 2010
Código Bairro N
204 Jardim Vitória 90
157 São Cristóvão 73
159 São Gabriel 73
140 Santa Cruz 68
183 União 67
187 Goiânia 63
20 Cachoeirinha 55
42 Concórdia 55
82 Ipiranga 42
136 Ribeiro de Abreu 40
165 São Marcos 39
255 Nazaré 39
209 Paulo VI 34
252 Vista do Sol 31
129 Pirajá 24
211 Suzana 21
147 Maria Goretti 20
167 São Paulo 20
94 Lagoinha 19
54 Dom Silvério 15
122 Palmares 10
135 Renascença 10
254 Belmonte 10
373 São Benedito 10
62 Eymard 9
210 Capitão Eduardo 9
212 Fernão Dias 8
309 Conjunto Paulo VI 8
472 Vitória 8
364 Penha 6
253 Ouro Minas 5
459 Vila São Paulo 5
498 Vila da Luz 4
40 Cidade Nova 3
41 Colégio Batista 3
256 Beija Flor 3
215 Ipê 2
325 Guanabara 2
385 Três Marias 2
53 Dom Joaquim 1
112 Nova Floresta 1
191 Maria Virgínia 1
262 Silveira 1
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Através do Quadro 10.4 observamos a distribuição dos registros de infrações do
CIA/BH cujos bairros de residência dos adolescentes situam-se na Regional Nordeste. Os
bairros que apareceram com maior número de infrações, também mostrados no Cartograma
56
10.6 a seguir, foram: Jardim Vitória (90), São Cristóvão (73), São Gabriel (73), Santa Cruz
(68), União (67), Goiânia (63), Cachoeirinha (55), Concórdia (55).
CARTOGRAMA 10.6: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes -
Regional Nordeste – Belo Horizonte – 2010.
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
QUADRO 10.5: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Noroeste - Belo Horizonte - 2010
Código Bairro N
7 Aparecida 92
159 São Gabriel 73
153 Santo André 62
23 Caiçaras 53
121 Padre Eustáquio 45
25 Califórnia 42
128 Pindorama 36
51 Dom Bosco 30
169 São Salvador 30
31 Carlos Prates 29
111 Nova Esperança 29
199 Nova Cachoeirinha 28
4 Alto dos Pinheiros 22
71 Glória 21
91 João Pinheiro 21
127 Pedreira Prado Lopes 20
475 Novo Glória 18
47 Coqueiros 17
16 Bom Jesus 13
57
Código Bairro N
17 Bonfim 13
57 Ermelinda 13
2 Alípio de Melo 12
306 Conjunto Jardim Filadélfia 12
79 Inconfidência 10
52 Dom Cabral 8
52 Dom Cabral 8
64 Sumaré 8
464 Vila Sumaré 5
3 Alto Caiçaras 4
88 Jardim Montanhês 3
381 Senhor dos Passos 3
5 Álvaro Camargos 2
49 Coração Eucarístico 1
106 Minas Brasil 1
315 Delta 1
403 Vila Califórnia 1
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Através do Quadro 10.5, observamos a distribuição dos registros de infrações do
CIA/BH cometidas por adolescentes residentes em bairros situados na Regional Noroeste. Os
bairros que tiveram maior número de adolescentes cometendo infrações foram: Aparecida
(92), São Gabriel (73), Santo André (62), Caiçara (53), Padre Eustáquio (45), Califórnia (42).
Também podemos observar esta distribuição no Cartograma 10.8 a seguir.
CARTOGRAMA 10.7: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes -
Regional Noroeste – Belo Horizonte – 2010.
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
58
QUADRO 10.6: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Norte - Belo Horizonte - 2010
Código Bairro N
133 Primeiro de Maio 75
84 Jaqueline 72
207 Jardim Felicidade 70
181 Tupi A 59
247 Novo Aarão Reis 47
67 Floramar 37
156 São Bernardo 36
170 São Tomás 32
473 Zilah Spósito 29
74 Juliana 28
134 Providência 22
73 Guarani 17
130 Planalto 16
216 Jardim Guanabara 16
27 Campo Alegre 14
81 Monte Azul 14
188 Vila Clóris 14
108 Minaslândia 13
77 Heliópolis 12
1 Aarão Reis 10
177 Solimões 7
332 Lajedo 7
360 Novo Tupi 7
65 Xodó-Marize 5
346 Mariquinhas 4
60 Etelvina Carneiro 2
251 Granja Werneck 1
336 Madri 1
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Através do Quadro 10.6 observamos a distribuição dos registros de infrações do
CIA/BH praticadas por adolescentes residentes na Regional Norte. Os bairros que tiveram
maior número de adolescentes cometendo infrações foram: Primeiro de Maio (75), Jaqueline
(72), Jardim Felicidade (70), Tupi A (59), Novo Aarão Reis (47), como também podemos
observar no Cartograma 10.9 a seguir.
59
CARTOGRAMA 10.8: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes -
Regional Norte – Belo Horizonte – 2010.
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
60
QUADRO 10.7: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Oeste - Belo Horizonte - 2010
Código Bairro N
86 Jardim América 118
114 Nova Granada 72
194 Vista Alegre 63
19 Cabana do Pai Tomás 62
110 Nova Cintra 61
123 Palmeiras 48
14 Betânia 43
138 Salgado Filho 31
76 Havaí 30
113 Nova Gameleira 29
146 Santa Maria 26
119 Olhos d´agua 22
103 Marajó 19
189 Vila Oeste 19
24 Calafate 18
100 Madre Gertrudes 16
116 Nova Suíça 16
72 Grajaú 14
18 Buritis 9
11 Barroca 6
26 Camargos 5
59 Estoril 4
75 Gutierrez 3
320 Estrela do Oriente 2
89 Jardinópolis 1
132 Prado 1
222 Parque São José 1
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
O Quadro 10.7 apresenta a distribuição dos registros de infrações do CIA/BH cujos
praticantes são adolescentes residentes em bairros da Regional Oeste. Os bairros em que
houve maior número de adolescentes cometendo infrações foram: Jardim América (118),
Nova Granada (72), Vista Alegre (63), Cabana do Pai Tomás (62), Nova Cintra (61). A
distribuição dos bairros da Regional Oeste pode ser observada no Cartograma 10.10 a seguir.
61
CARTOGRAMA 10.9: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes -
Regional Oeste – Belo Horizonte – 2010.
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
62
QUADRO 10.8: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Pampulha - Belo Horizonte - 2010
Código Bairro N
158 São Francisco 75
151 Santa Terezinha 57
249 Jardim Alvorada 56
173 Serrano 47
120 Ouro Preto 45
115 Nova Pampulha 26
139 Santa Amélia 22
211 Suzana 21
388 Urca 19
202 Santa Branca 15
182 Garças 14
2 Alípio de Melo 12
56 Engenho Nogueira 8
200 Trevo 8
329 Itatiaia 8
34 Castelo 7
83 Itapoã 7
163 Jardim São José 7
208 Confisco 7
397 Vila Antena Montanhês 7
184 Universitário 6
124 Bandeirantes 5
125 Paquetá 5
44 Conjunto Celso Machado 3
45 Braúnas 3
85 Jaraguá 3
96 Liberdade 3
36 São Luiz 2
149 Santa Rosa 2
203 Aeroporto 2
266 Indaiá 2
423 Vila Jardim São José 2
442 Vila Paquetá 1
449 Vila Real Primeira Seção 1
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Pelo Quadro 10.8, vemos a distribuição dos registros de infrações do CIA/BH cujos
praticantes são adolescentes residentes na Regional Pampulha. Os bairros que tiveram maior
registro de adolescentes cometendo infrações foram: São Francisco (75), Santa Terezinha
(57), Jardim Alvorada (56), Serrano (47) e Ouro Preto (45), como também pode ser observado
no Cartograma 10.11.
63
CARTOGRAMA 10.10: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes -
Regional Pampulha – Belo Horizonte – 2010.
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
64
QUADRO 10.9: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes –
Regional Venda Nova - Belo Horizonte - 2010
Código Bairro N
483 Jardim Leblon 94
38 Céu Azul 78
161 São João Batista 76
61 Europa 70
148 Santa Mônica 66
166 Piratininga 63
102 Mantiqueira 54
87 Jardim dos Comerciários 52
92 Lagoa 48
107 Minas Caixa 44
174 Serra Verde 38
296 Candelária 24
201 Copacabana 23
95 Letícia 21
185 Venda Nova 21
193 Rio Branco 21
363 Parque São Pedro 6
274 Apolônia 5
104 Maria Helena 5
299 Cenáculo 5
93 Lagoinha Leblon 3
333 Laranjeiras 1
308 Conjunto Minas Caixa 1
29 Canaã 1
322 Flamengo 1
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
O Quadro 10.9 apresenta a distribuição dos registros de infrações do CIA/BH cujos
autores são adolescentes residentes em bairros da Regional Venda Nova. Os bairros que
tiveram maior registro de adolescentes cometendo infrações foram: Jardim Leblon (94), Céu
Azul (78), São João Batista (76), Europa (70), Santa Mônica (66), Piratininga (63),
Mantiqueira (54), como também pode ser observado no Cartograma 10.12.
65
CARTOGRAMA 10.11: Infrações registradas no CIA/BH por bairros de residência dos adolescentes -
Regional Venda Nova – Belo Horizonte – 2010.
Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
66
10.2.5 Medidas Socioeducativas de Meio Aberto: Liberdade Assistida e Prestação de
Serviços à Comunidade
Em Belo Horizonte, conforme orientação do Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo – SINASE, as medidas socioeducativas de meio aberto são executadas pelo
município. A capital mineira foi uma das pioneiras na municipalização da execução destas
medidas, as quais ficaram a cargo da GECMES/SMAAS, através do Serviço de Proteção a
Adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida e Prestação
de Serviços à Comunidade, o qual integra o Centro de Referência Especializado de
Assistência Social – CREAS, dentro da Proteção Social Especial3.
A municipalização é fundamental para ampliar o atendimento das medidas
socioeducativas em meio aberto, visando a garantir o caráter de excepcionalidade da
internação, conforme preconizado no ECA. Ela é que permite que este serviço chegue a todos
os lugares, inclusive abrangendo todas as regiões das grandes capitais. Em Belo Horizonte, o
serviço está disponível no CREAS de cada regional administrativa.
As informações a serem apresentadas neste tópico se referem às respostas fornecidas
pela GECMES através do questionário eletrônico enviado pela UNILIVRECOOP. Também
apresentamos informações a respeito do perfil dos adolescentes atendidos, com base nos
registros extraídos do Sistema de Gestão e Informação de Políticas Sociais – SIGPS, em
tabelas contidas em arquivos do programa Excel. De acordo com a Gerência de Informação,
Monitoramento e Avaliação GEIMA/SMAAS, a orientação do Serviço é pela inclusão no
sistema do cadastro de todos os adolescentes atendidos. Recebemos informação na
GEIMA/SMAAS de que os dados registrados correspondem a mais de 90% dos casos
atendidos, conferindo-lhes um alto grau de confiabilidade. Mesmo assim, encaminhamos as
tabelas prontas para validação pela Gerência de Medidas Socioeducativas da SMAAS.
As informações disponíveis no SIGPS, que poderão ser observadas nos tópicos
seguintes, incluem o número de atendidos nas medidas socioeducativas por faixas etárias,
cor/raça, escolaridade, local de execução e motivo de desligamento.
De acordo com as orientações da Política de Assistência Social, as duas Medidas
Socioeducativas de meio aberto são executadas dentro de um mesmo serviço, mas, para cada
uma delas, há uma metodologia de trabalho, com características específicas, que direciona a
atuação dos profissionais do Serviço Social e da Psicologia. Segundo as informações que nos
3 Mais informações sobre a estrutura dos serviços da Proteção Social Especial poderão ser vistos no próximo capítulo, sobre a
rede de atendimento à criança e adolescente em Belo Horizonte.
67
foram repassadas, “um dos objetivos do serviço é contribuir para que o adolescente fortaleça
as suas relações sociais pela via da responsabilização”, tendo como premissa o “atendimento
caso a caso, respeitando a singularidade de cada adolescente e acompanhando de perto o
modo singular que cada um constrói sua resposta frente ao ato infracional”
(GEMCES/SMAAS).
10.2.5.1 Liberdade Assistida
A modalidade Liberdade Assistida – LA foi implantada em Belo Horizonte em 1998.
Ela possui os seguintes eixos metodológicos de atuação: Família, Escola e
Profissionalização/Trabalho. Os técnicos responsáveis realizam atendimentos
individualizados, buscando um processo de “responsabilização do adolescente pelo ato
infracional cometido”, além de executar encaminhamentos que se fizerem necessários para a
garantia de direitos socioassistenciais para o adolescente e sua família, como por exemplo: a
inserção escolar, profissionalização do adolescente, atendimento na Saúde.
Esta modalidade conta com o apoio de orientadores sociais voluntários, que são
cidadãos belorizontinos maiores de 21 anos, que dispõem de duas horas semanais para o
desenvolvimento de ações junto aos adolescentes que cumprem a medida de Liberdade
Assistida. Foram informados os números abaixo a respeito da quantidade de Orientadores
Sociais Voluntários por Regional Administrativa:
TABELA 10.14: Entidades conveniadas que recebem adolescentes para cumprimento de LA por
Regional Administrativa – Belo Horizonte – 2012.
Regional Administrativa Entidades conveniadas
Centro-Sul 26
Leste 24
Noroeste 16
Oeste 14
Pampulha 14
Venda Nova 13
Nordeste 12
Barreiro 12
Norte 9
Total 140 Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
68
10.2.5.2. Prestação de Serviços à Comunidade
A modalidade de Prestação de Serviços à Comunidade – PSC – passou a ser
executada pela Prefeitura de Belo Horizonte em 2004 e tem desde o seu início o status de
serviço, o que é definido como uma ação governamental de caráter continuado e cujos
recursos financeiros são repassados de forma regular e automática. A PSC tem como eixos
metodológicos: Família, Atividade Significativa e Oportunidade.
A execução da PSC conta com a figura do Educador de Referência, que se constitui
como um “ator fundamental para o cumprimento da Medida pelo adolescente”. Normalmente
é um funcionário da instituição que acolhe o adolescente para cumprir a Medida e, além de
ensinar o ofício que o adolescente irá executar, também serve de referência positiva ao jovem.
Alguns pontos importantes do Educador de Referência: responsabilidade voluntária de
acompanhar; entrar em contato com o técnico do Serviço sempre que julgar necessário; estar
atento ao adolescente; assinar folha de frequência; participar das reuniões de formação
durante o ano, no nível central e regional.
O atendimento do adolescente em cumprimento de PSC se dá de acordo com os passos
seguintes:
a) Acolhimento: primeiros atendimentos ao adolescente e sua família.
b) Construção da atividade: os adolescentes são convidados a construir a atividade que
irão executar em uma das 1.027 instituições parceiras da PSC em Belo Horizonte.
c) Apresentação do projeto do adolescente: a instituição parceira é convidada a acolher o
jovem dentro do projeto de cumprimento que ele formulou. Para isto são discutidos
várias aspectos relativos ao jovem, como família, escolarização, convivência
comunitária, profissionalização, inserção em atividades de esporte, cultura e lazer,
entre outros, e localizados os pontos em que a instituição poderá auxiliar no
cumprimento da Medida do adolescente.
d) Encaminhamento: a família do adolescente é convidada a participar no momento de
encaminhamento do jovem ao posto de atividade na instituição parceira. O
encaminhamento efetivo do jovem para o início da Prestação de Serviços à
Comunidade é realizado e um termo de compromisso simbólico sem valor legal é
assinado entre as partes.
e) Acompanhamento: são realizadas visitas quinzenalmente e telefonemas
semanalmente, com o objetivo de discutir sobre possíveis intercorrências e de escutar
o adolescente e o Educador de Referência.
69
f) Avaliação no encerramento da medida: no ato do encerramento da Medida, o
adolescente e sua família comparecem à instituição para que uma avaliação
participativa seja executada.
Em 2012, no total, 1.037 entidades conveniadas recebiam os adolescentes em
cumprimento de medida socioeducativa de Prestação de Serviços à Comunidade, distribuídos
da seguinte forma nas respectivas regionais:
TABELA 10.15: Entidades conveniadas que recebem adolescentes para cumprimento de PSC por
Regional Administrativa – Belo Horizonte – 2012.
Regional Administrativa Entidades conveniadas
Oeste 188
Leste 177
Noroeste 141
Centro-Sul 116
Norte 110
Venda Nova 103
Nordeste 81
Pampulha 78
Barreiro 43
Total 1.037 Fonte: SEPI, 2012.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Como podemos observar na Tabela 10.15, as regionais que possuem mais entidades
conveniadas para receberem adolescentes em cumprimento de PSC são: Oeste (188), Leste
(177), Noroeste (141) e Centro-Sul (116). Segundo a GECMES/SMAAS, na Regional
Pampulha, entre as entidades que mais recebem adolescentes estão o Centro Cultural
Pampulha no bairro Urca, Gerência Regional de Comunicação Social da Secretaria de
Administração Regional Municipal – GECOM/SARMU Oeste, Escola Municipal George
Ricardo Salum, no bairro Taquaril, Projeto Criança Esperança no bairro Serra e Escola
Municipal Mauro Mourão, no bairro Céu Azul.
Sobre as principais atividades e tarefas realizadas pelos adolescentes nestas entidades
no cumprimento da PSC, a GECMES/SMAAS respondeu que são as seguintes:
a) auxiliar administrativo;
b) auxiliar nas atividades culturais dos centros culturais;
c) auxiliar na jardinagem;
d) auxiliar em oficinas de informática;
70
e) auxiliar nas oficinas do Programa Segundo Tempo (projeto esportivo na escola em
parceria com a Secretaria de Esportes).
Quando há indícios de que o adolescente necessita de atendimento da área da saúde
mental, relataram que o jovem é encaminhado para o Centro de Saúde de sua região para o
atendimento na equipe de PSF responsável. Se há episódios de crise, o jovem é encaminhado
para o Centro de. Referência em Saúde Mental Infatojuvenil (CERSAMi) ou Centro Psíquico
da Adolescência e da Infância (CEPAI). Há estudos de casos em conjunto e articulação com o
projeto Arte na Saúde, se necessário. Também, em casos de necessidade de tratamento para
uso de drogas, encaminham para o CEPAI, CERSAMi, Centro Mineiro de Toxicomania
(CMT), Fazendas Terapêuticas, Centro de Atendimento e Proteção a Jovens Usuários de
Tóxicos (CAPUT) ou SOS Drogas.
Como prioridades para um aperfeiçoamento do atendimento nas medidas
socioeducativas de LA e PSC, foi citada a questão das salas de atendimento, pois no momento
da pesquisa estavam em número menor do que o necessário. Além disso, elas não permitem
privacidade nos atendimentos, pois o que é falado dentro das salas é escutado fora delas.
Também relataram a falta de bons computadores nestas salas para a devida alimentação do
banco de dados da Assistência Social, bem como de veículos para a realização de visitas
institucionais e articulação com a rede.
Em relação às dificuldades e desafios enfrentados, citaram:
a) a elaboração do Plano Municipal de Atendimento Socioeducativo, uma vez que a
União e o Estado ainda não têm seus respectivos planos;
b) cadastramento e fornecimento dos dados ao Sistema Nacional de Informação sobre
o Atendimento Socioeducativo, uma vez que o SIPIA/SINASE não está
funcionando e não há previsão de que o sistema seja disponibilizado para o
município;
c) credenciamento das entidades parceiras, uma vez que as mesmas acolhem os
adolescentes sem uma formalização da parceria com o Serviço de PSC;
d) estabelecimento de prazo muito curto, apenas 15 dias, para a entrega do Plano
Individual de Atendimento – PIA – contendo todos os itens devidamente
respondidos;
e) articulação intersetorial para o atendimento do adolescente autor de ato infracional
e a proposta de composição interdisciplinar das equipes colocada pela Lei.
71
10.2.5.3 Perfil dos atendidos nas medidas de Liberdade Assistida e Prestação de Serviços
à Comunidade
As informações apresentadas a seguir referem-se ao perfil dos adolescentes atendidos
na LA e PSC, disponibilizadas pela GEIMA/SMAAS através do SIGPS, incluem o número de
atendidos nas medidas socioeducativas por sexo, faixas etárias, cor/raça, escolaridade, local
de execução e motivo de desligamento.
TABELA 10.16: Atendidos nas medidas de LA e PSC por Regional Administrativa e sexo – Belo
Horizonte – 2011.
Local de execução
(regional)
Atendidos LA Atendidos PSC Atendidos LA e PSC Total
por
regional Fem. Masc. Não
informado
Total
por
medida
Fem. Masc. Não
informado
Total
por
medida
Fem. Masc. Não
informado
Total
por
medida
Barreiro 28 156 03 187 23 175 01 199 03 31 0 34 420
Centro-Sul 14 189 0 203 11 156 0 167 02 31 0 33 403
Leste 28 158 03 189 19 157 0 176 03 37 0 40 405
Norte 27 166 02 195 21 139 0 160 0 22 0 22 377
Nordeste 29 199 02 230 10 154 0 164 01 31 01 33 427
Noroeste 51 234 03 288 23 186 01 210 03 52 0 55 553
Oeste 38 206 05 249 14 164 0 178 02 33 0 35 462
Pampulha 17 71 0 88 15 85 0 100 01 20 0 21 209
Venda
Nova
27 185 0 212 25 176 0 201 03 35 0 38 451
Outros 0 05 0 5 02 04 0 6 0 03 0 3 14
Total 259 1.569 18 1.846 163 1.396 2 1.561 18 295 1 314 3.721
Fonte: SMAAS/GEIMA/Sistema de Informação e Gestão de Políticas Sociais – SIGPS.
Elaboração: UNILIVRECOOPR, 2013.
Tanto na LA quanto na PSC, a grande maioria dos adolescentes é do sexo masculino.
Enquanto na modalidade de LA temos 1.569 adolescentes do sexo masculino, há 259 do sexo
feminino. E na PSC, temos 1.396 do sexo masculino e 163 do sexo feminino. Há, no total por
medida, mais adolescentes em cumprimento de medida de LA (1.846) que de PSC (1.561), e
uma pequena parcela cumpre as duas medidas concomitantemente (314). Na distribuição total
do número de atendidos nas duas medidas, por regional administrativa, aquela que apresentou
mais adolescentes atendidos foi a Regional Noroeste (553), seguida da Oeste (462), Venda
Nova (451), Nordeste (427) e Regional Barreiro (420). A que apresentou menor número de
adolescentes foi a Pampulha (209).
72
TABELA 10.17: Atendidos nas medidas de LA por tipologia do ato infracional, por Regional
Administrativa – Belo Horizonte – 2011.
Tipologia do ato infracional
Bar
reir
o
Cen
tro
-Su
l
Les
te
No
rte
No
rdes
te
No
roes
te
Oes
te
Pam
pu
lha
Ven
da
No
va
Ou
tro
s
Total
por
motivo
Contravenções relativas à política de costumes 1 0 3 0 1 1 0 0 0 0 6
Crimes contra a administração pública 0 0 0 0 1 2 0 0 0 0 3
Crimes contra a paz e incolumidade pública 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Crimes contra o patrimônio 42 67 39 55 46 44 53 22 40 0 408
Crimes contra os costumes 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 3
Crimes contra pessoa 10 13 20 13 11 11 24 6 15 0 123
Crimes praticados contra administração geral 2 1 0 1 0 2 1 0 2 0 9
Lei 106 26/03 - uso e porte de armas 9 9 13 14 10 13 11 3 6 1 89
Outros crimes e contravenções penais 3 3 2 7 3 2 4 1 2 0 27
Trafico ilícito de substância entorpecente 91 67 78 73 86 113 105 30 68 3 714
Uso indevido de substância entorpecente 18 16 31 22 15 20 17 6 18 1 164
Total por regional 176 176 187 186 174 209 215 68 151 5 1.547
Fonte: SMAAS/GEIMA/Sistema de Informação e Gestão de Políticas Sociais – SIGPS.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013.
Nos grupos de infrações mais frequentes entre os adolescentes atendidos, na
modalidade de LA, o tráfico ilícito de substância entorpecente está em primeiro lugar, com
714 atendidos. Há ainda 164 adolescentes cumprimento medida socioeducativa em meio
aberto devido a uso indevido de substância entorpecente. Em segundo lugar, estão as
infrações enquadradas como crimes contra o patrimônio, com 408 atendimentos.
TABELA 10.18: Atendidos na medida de PSC segundo tipologia do ato infracional, por Regional
Administrativa – Belo Horizonte – 2011.
Tipologia do ato infracional
Bar
reir
o
Cen
tro
-Su
l
Les
te
No
rte
No
rdes
te
No
roes
te
Oes
te
Pam
pu
lha
Ven
da
No
va
Ou
tro
s
Total
por
motivo
Contravenções relativas à política de costumes 5 0 8 1 4 10 2 2 2 0 29
Crimes contra a administração pública 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 2
Crimes contra a paz e incolumidade pública 0 0 0 1 0 1 0 0 1 0 3
Crimes contra o patrimônio 64 50 44 46 37 51 55 28 40 2 417
Crimes contra os costumes 0 0 0 1 1 0 1 0 1 0 4
Crimes contra pessoa 5 2 13 14 8 9 4 4 12 71
Crimes praticados contra administração geral 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 2
Lei 106 26/03 - uso e porte de armas 17 10 14 8 10 9 16 10 13 0 107
Outros crimes e contravenções penais 8 6 8 2 3 3 4 1 5 0 40
Tráfico ilícito de substância entorpecente 48 41 53 42 49 60 49 19 62 3 426
Uso indevido de substância entorpecente 15 8 22 24 14 18 16 17 12 0 146
Total por regional 16 117 162 140 126 162 149 81 148 5 1.252
Fonte: SMAAS/GEIMA/Sistema de Informação e Gestão de Políticas Sociais – SIGPS.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013.
73
Nas tipologias dos atos infracionais mais frequentes entre os adolescentes em
cumprimento de PSC, também figura em primeiro lugar o tráfico ilícito de substância
entorpecente, com 426 atendidos. Há, ainda, um número significativo de uso indevido de
substância entorpecente. Os crimes contra o patrimônio também aparecem em segundo lugar,
só que com um número mais próximo do tráfico em relação aos atendidos na LA, com 417
atendidos.
TABELA 10.19: Inseridos na medida de LA por faixa etária – Belo Horizonte – 2011.
Faixa etária N. % 12 a 15 anos 537 38,5 16 a 18 anos 679 48,6 Acima de 18 anos 180 12,9 Total 1.396 100
Fonte: SMAAS/GEIMA/Sistema de Informação e Gestão de Políticas Sociais – SIGPS.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Em relação à faixa etária dos atendidos na LA, temos 48,6% (679) entre 16 e 18 anos,
38,5% (537) entre 12 e 15 anos e 12,9% (180) acima de 18 anos.
TABELA 10.20: Inseridos na medida de Prestação de Serviços à Comunidade por faixa etária Belo
Horizonte – 2011.
Faixa etária N. %
12 a 15 anos 120 10,5
16 a 18 anos 626 55
Acima de 18 anos 393 34,5
Total 1.139 100
Fonte: SMAAS/GEIMA/Sistema de Informação e Gestão de Políticas Sociais – SIGPS.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Em relação à faixa etária dos atendidos na PSC, também predomina a idade entre 16 e
18, com 55%. Entretanto, a segunda faixa de idade – entre 12 e 15 anos – possui uma menor
proporção, com 10,5% (120), enquanto a faixa acima de 18 anos tem 34,5% (393). Isso pode
se explicar pelo fato de, na faixa entre 12 a 15, não ser permitido o trabalho, a não ser na
condição de aprendiz, pois a medida implica o exercício de atividades laborativas.
74
TABELA 10.21: Adolescentes desligados da medida de LA por motivo de desligamento e Regional
Administrativa – Belo Horizonte – 2011.
Motivo de desligamento
Bar
reir
o
Cen
tro
-Su
l
Les
te
No
rte
No
rdes
te
No
roes
te
Oes
te
Pam
pu
lha
Ven
da
nov
a
Total
por
motivo
N % N % N % N % N % N % N % N % N %
Abandono do serviço /
evasão / infrequência
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Abandono do
serviço/evasão/infrequência
3 3 26 3 25 2 26 3 17 2 39 4 39 4 9 1 8 1 219
Acautelamento 18 2 8 1 8 1 7 1 11 1 12 1 9 1 2 0 4 0 79
Adequação de medida 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Aquisição de nova moradia 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2
Atendimento finalizado 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Ausência 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 1 0 4
Cidadão/família não
localizada
0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3
Conclusão da determinação
judicial
31 3 26 3 22 2 37 4 29 3 5 5 2 2 11 1 21 2 247
Critérios não atendidos 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1
Desligamento compulsório 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Devolução técnica do caso 1 1 13 1 1 0 3 0 24 2 11 1 7 1 0 0 25 2 94
Esgotamento das
possibilidades de
intervenção
0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2
Extinção do processo 4 0 3 0 7 1 1 0 14 1 4 0 17 2 3 0 24 2 77
Inserção em centros de
passagem
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1
Internação em
estabelecimento
educacional
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 2
Mudança para outro
município
6 1 1 0 4 0 6 1 15 1 9 1 7 1 2 0 5 0 55
Nunca compareceu 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 2
Nunca compareceu ao
serviço
18 2 25 2 23 2 18 2 16 2 42 4 23 2 8 1 12 1 185
Outros 0 0 5 0 3 0 2 0 4 0 3 0 0 1 0 2 0 2
Regressão de medida 0 0 1 0 1 0 0 0 3 0 2 0 1 0 0 0 1 0 9
Suspensão por medida
judicial
0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 4
Tempo de permanência
excedido
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1
Óbito 7 1 2 0 1 0 0 0 3 0 2 0 2 0 0 0 2 0 19
Total por regional 124 12 111 11 97 9 13 1 138 13 178 17 131 13 4 4 18 1 1.030
Fonte: SMAAS/GEIMA/Sistema de Informação e Gestão de Políticas Sociais – SIGPS.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
Os principais motivos de desligamento da medida socioeducativa de LA são:
a) conclusão da determinação judicial (247),
b) abandono do serviço por evasão ou infrequência (219),
c) nunca compareceu ao serviço (185).
75
Importante destacar um número alto de desligamento por óbito para um período de um
ano, com 19 casos nesta situação.
TABELA 10.22: Adolescentes desligados da medida de PSC por motivo de desligamento e Regional
Administrativa – Belo Horizonte – 2011.
Motivo de desligamento
Bar
reir
o
Cen
tro
-Su
l
Les
te
No
rte
No
rdes
te
No
roes
te
Oes
te
Pam
pu
lha
Ven
da
no
va Total
por
motivo
N % N % N % N % N % N % N % N % N %
Abandono do serviço / evasão /
infrequência
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 2
Abandono do
serviço/evasão/infrequência
0 0 37 4 20 2 42 4 22 2 25 3 36 4 20 2 22 2 247
Acautelamento 0 0 2 0 4 0 5 1 3 0 2 0 5 1 5 1 1 0 30
Adequação de medida 0 0 0 0 o 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1
Aquisição de nova moradia 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Ausência 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 2 0 0 0 4
Cidadão/família não localizada 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Conclusão da determinação
judicial
0 0 42 4 50 5 36 4 41 4 36 4 59 6 34 4 17 2 348
Descumprimento de normas 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 4
Desligamento compulsório 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Devolução técnica do caso 0 0 5 1 3 0 5 1 1 0 8 1 21 2 5 1 1 0 55
Esgotamento das
possibilidades de intervenção
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Extinção do processo 0 0 24 3 11 1 0 0 3 0 13 1 7 1 6 1 3 0 74
Internação em estabelecimento
educacional
0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 3
Mudança para outro município 0 0 8 1 4 0 4 0 8 1 3 0 6 1 6 1 0 0 43
Nunca compareceu ao serviço 0 0 6 1 4 0 11 1 7 1 5 1 11 1 5 1 5 1 61
Outros 0 0 1 0 4 0 4 0 3 0 1 0 4 0 0 0 3 0 20
Regressão de medida 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 4
Suspensão por medida judicial 0 0 2 0 0 0 1 0 3 0 2 0 0 0 0 0 0 0 8
Óbito 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 6
Total por regional 1 0 131 14 105 11 110 12 93 10 98 10 154 16 85 9 54 6 919
Fonte: SMAAS/GEIMA/Sistema de Informação e Gestão de Políticas Sociais – SIGPS.
Elaboração: UNILIVRECOOP, 2013
.
Os principais motivos de desligamento da medida de PSC são:
a) conclusão da determinação judicial (348);
b) abandono do serviço por evasão ou infrequência (247);
c) extinção do processo (74).
Também há um número importante a destacar de desligamentos por óbito para o
período de um ano, com 6 casos de desligamento por este motivo.
76
10.3 Subsecretaria de Atendimento às medidas Socioeducativas: SUASE
A Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (SUASE), vinculada à
Secretaria de Estado de Defesa Social, é o órgão responsável em Minas Gerais por elaborar e
coordenar a política de atendimento ao adolescente autor de ato infracional. A seguir,
apresentamos dados relativos a quantidade de vagas em 2013 e número de adolescentes
atendidos nas unidades de internação em Belo Horizonte durante o mês de Junho do mesmo
ano, segundo sexo e raça-cor.
QUADRO: 10.10 Unidades de Internação, segundo a quantidade de vagas em 2013 e número de
adolescentes atendidos no mês de Junho de 2013 e sexo – Belo Horizonte – 2013.
Unidade de Internação Quantidade de
Vagas – 2013
Nº de
adolescentes
atendidos em
JUN/2013
Sexo
Masculino
Sexo
Feminino
Centro Socioeducativo Santa Terezinha 30 41 41 0
Centro de Reeducação Social São Jerônimo 28 28 0 28
Centro Socioeducativo Horto 58 69 69 0
Centro Socioeducativo Santa helena 33 44 44 0
Centro de Atendimento ao Adolescente 30 33 33 0
Centro Socioeducativo Santa Clara 60 84 84 0
TOTAL 239 299 271 28
Fonte: SUASE, 2013.
Adaptação: UNILIVRECOOP, 2013.
QUADRO: 10.11 Unidades de Internação, segundo a quantidade de adolescentes atendidos no mês de
junho de 2013 por cor-raça – Belo Horizonte – 2013.
Unidade de Internação Branca Parda Preta Amarela Indígena
Não
Declarado /
Não
Respondeu
Centro Socioeducativo Santa Terezinha 5 18 15 0 0 3
Centro de Reeducação Social São Jerônimo 7 11 10 0 0 0
Centro Socioeducativo Horto 10 53 6 0 0 0
Centro Socioeducativo Santa Helena 5 34 5 0 0 0
Centro de Atendimento ao Adolescente 3 26 4 0 0 0
Centro Socioeducativo Santa Clara 18 61 5 0 0 0
TOTAL 48 203 45 0 0 3
Fonte: SUASE, 2013.
Adaptação: UNILIVRECOOP, 2013.
77
10.3.1 Internação provisória
O adolescente a quem se atribui a autoria de um ato infracional pode ser privado de
sua liberdade mesmo antes do julgamento quando, pela gravidade do ato que lhe é imputado,
esta medida seja necessária aos imperativos de Defesa Social. Trata-se da internação
provisória. Considerando que a medida de internação deve observar o princípio da
excepcionalidade, a privação de liberdade pode ser conceituada como exceção da exceção, o
que exige um maior rigor em sua decretação.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê o prazo máximo de 45 dias para
que o Judiciário finalize a instrução do processo e sentencie o adolescente, prazo este
improrrogável, segundo o art. 183 do Estatuto.
10.3.2 Medida Socioeducativa – Internação
A internação é uma medida privativa de liberdade, prevista no art. 121 do Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA). Sujeita aos princípios da excepcionalidade, brevidade e
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, esta constitui a mais rigorosa das
medidas. A sua aplicação somente é permitida quando se tratar de ato infracional cometido
mediante grave ameaça ou violência à pessoa, por reiteração no cometimento de outras
infrações graves ou por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente
imposta.
10.3.3 Medida Socioeducativa – Semiliberdade
A semiliberdade é uma medida restritiva de liberdade prevista no art. 120 do Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA). Segue aos princípios da excepcionalidade, brevidade e
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento; ela pode ser determinada como
medida inicial, ou como forma de transição para o meio aberto.
10.3.4 Relatórios de visitas da Comissão de Medidas Socioeducativas do CMDCA em
2011.
Abaixo, apresentamos trechos dos relatórios de visitas que o CMDCA, através da
Comissão de Medidas Socioeducativas, realizou, no primeiro semestre de 2011, ao Centro de
78
Encaminhamento à Semiliberdade (03/03/2011), ao Centro Socioeducativo Santa Terezinha
(05/04/2011), ao Centro de Atendimento ao Adolescente – CEAD (02/06/2011) e ao Centro
de Internação Provisória São Benedito (08/06/2011):
10.3.4.1 Centro de Encaminhamento à Semiliberdade
“A construção tem dois pavimentos e todas as janelas, sem exceção, são gradeadas,
contribuindo para um aspecto de prisão do local. No primeiro andar ficam as salas de
atendimento, do diretor, almoxarifado, a cozinha e o refeitório. A sala de multimeios é bem
grande, existem vários computadores que foram instalados pela PRODABEL, mas não estão
sendo usados. Não existe oficina de informática. O diretor esclareceu que tem como objetivo
retomar a instalação dessa oficina. Para as atividades esportivas, existe uma quadra externa
muito pequena, com pisos esburacados e, por isso, não é um local adequado para a prática de
esportes. Os quartos são equipados somente com 02 camas de alvenaria e os banheiros ficam
no corredor e têm um aspecto muito desagradável, necessitando de uma reforma geral.”
Pontos positivos levantados pelo diretor:
1) Estrutura técnica: equipe técnica, com estudos de casos consistentes que auxiliam
nos encaminhamentos para os adolescentes;
2) Proposta pedagógica da Escola Jovem Protagonista, que trabalha com eixos e
desperta o interesse dos adolescentes;
3) Oficinas de Grafite e gastronomia;
4) Criação da Gibiteca.
Pontos negativos observados durante a visita:
1) Estrutura inadequada para um atendimento de qualidade ao adolescente (banheiros,
instalações elétricas necessitando de reparos);
2) Quadra sem condições para prática de esportes;
3) Falta de atividades físicas com profissional habilitado (os próprios agentes
desenvolvem torneios)”.
O diretor informou que “BH conta com oito casas de Semiliberdade, sendo que uma é
para o atendimento feminino e o índice de evasão é grande.”
79
10.3.4.2 Centro Socioeducativo Santa Terezinha
“A diretora nos conduziu para conhecer as instalações do Centro de Internação. A
estrutura física é precaríssima e muito deficiente e se assemelha a um labirinto, com salas e
corredores estreitos e sem ventilação”.
“Os espaços alternativos para atividades, como biblioteca, sala de televisão e de aula
também não são adequadas para desenvolvimento de atividades para adolescentes”.
“A cozinha terceirizada funciona em espaço muito pequeno, com fornecimento de
cinco refeições diárias e o refeitório também não é adequado para funcionamento. Em síntese:
a reforma do prédio onde funciona o Centro Socioeducativo Santa Terezinha é de caráter
urgentíssimo para que as condições mínimas de atendimento ao adolescente em cumprimento
de medida socioeducativa sejam garantidas”.
“Como pontos positivos, apesar de toda a precariedade da estrutura física, podem ser
apontados:
1) Envolvimento da equipe técnica, a relação dos agentes de segurança com os
adolescentes, inclusive alguns deles ministram oficinas durante o seu plantão;
2) A organização da rotina;
3) Os parceiros, como a Saúde (boas relações estabelecidas com os Centros de Saúde)
e a Educação (Escola Jovem Protagonista);
4) Capacitações internas e externas promovidas para aperfeiçoamento dos
profissionais que lidam diretamente com os adolescentes.”
10.3.4.3 Centro de Atendimento ao Adolescente – CEAD
“Com relação à estrutura física, foi possível constatar a seguinte situação:
1) Salas (administrativas e de atendimento, de aula), cozinha e refeitório muito pequenos
e sem conforto, com poucos equipamentos necessários para o bom funcionamento;
2) Alojamentos sem ventilação e luminosidade;
3) Locais para a realização de oficinas também muito pequenos, sem espaço para
organizar os materiais e proporcionar um ambiente agradável e acolhedor para o
adolescente;
80
4) Banheiros muito precários, com chuveiros com água quente e, por ser aquecedor solar,
é feita uma escala para a ordem dos banhos. Os primeiros banhos são com água mais
quente e nos últimos a água fica mais fria, por isso foi pensada a escala;
5) A quadra de esporte é descoberta e com poucos recursos para os adolescentes.”
“Em cada alojamento ficam três adolescentes, que além da cama não possuíam
nenhum lugar para guardar os seus pertences, que ficam organizados no chão. O critério de
seleção para alojar os adolescentes se baseia na compleição física”.
“As atividades escolares acontecem em dois turnos (manhã e tarde) com dois
professores e uma coordenadora, que trabalham com temas transversais e em espaços internos
e externos do CEAD, incluindo práticas esportivas e oficinas realizadas na biblioteca.”
“A oficina de informática não está funcionando e é necessária sua reativação para uma
melhor capacitação e desenvolvimento dos adolescentes.” (...)
“Os pontos negativos que mais se destacam: a precariedade do espaço físico, a
ausência de advogado e assistência social, sistema de aquecimento dos banheiros, que não
permite um banho quente a todos os adolescentes. A oficina de informática está desativada.”
“Pontos positivos: a biblioteca aberta à comunidade, a oportunidade de novos
conhecimentos e práticas nas várias oficinas ofertadas e interação da equipe técnica”.
10.3.4.4 Centro de Internação Provisória São Benedito
“No refeitório chama atenção uma Santa Ceia pintada na parede onde os personagens
são adolescentes caracterizados de forma a refletir o jeito de ser de cada um. A capacidade do
CEIP São Benedito é de 62 adolescentes e atualmente este número está completo. O
atendimento ao adolescente nesse espaço tem um diferencial entre os adolescentes com
medida de internação e os que aguardam a sentença do juiz. Para os primeiros, existe uma
metodologia de trabalho garantindo escolaridade e profissionalização, atendimento no Centro
de Saúde, considerando o local para onde será encaminhado.” (...)
”Nos alojamentos ficam de 6 a 7 adolescentes e neles, além das camas, existe uma
estante de alvenaria para a guarda dos pertences. Os adolescentes participam das atividades de
limpeza dos alojamentos e têm um incentivo para aqueles que se destacam mais na atividade.
O sistema de aquecimento solar prejudica um pouco o banho quente dos adolescentes, pois,
no inverno a água quente não é suficiente para todos os banhos.” (...)
81
“A diretora destaca que a rede de atendimento funciona de forma integrada, garantindo
um bom atendimento aos adolescentes e o estudo de caso é fundamental para o
encaminhamento do adolescente para o cumprimento da medida. A rotatividade própria do
centro de internação provisória é um dificultador para estabelecer a relação entre os
adolescentes, mas a relação da equipe com eles procura dirimir os conflitos.”
10.3.4.5 Recomendações sobre os Adolescentes Atendidos no Sistema Socioeducativo
Diante do exposto, dos dados de 2013 disponibilizados pela SUASE referentes às
vagas e ao número de atendidos, bem como o sexo e cor-raça dos adolescentes privados de
liberdade, e também dos relatórios de 2011 nos Centros de Internação consideramos o
seguinte.
Os dados de 2013 demonstraram um problema de adequação entre número de vagas e
número de adolescentes atendidos, evidenciando problemas de lotação. A internação atinge
mais os adolescentes do sexo masculino, sendo que somente uma unidade, a São Jerônimo,
atende as do sexo feminino servindo tanto como centro de internação provisória como
unidade de internação para as meninas. Também chamou a nossa atenção, a expressiva
quantidade de adolescentes de cor-raça parda e preta dentre os atendidos em junho de 2013
nas seis unidades de internação localizadas no município de Belo Horizonte. Como expomos
a partir dos trechos do relatório do CMDCA, as condições materiais pelas quais de
desenvolviam as medidas de internação eram incoerentes às premissas do desenvolvimento
integral preconizado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Em 2013, apesar de os dados referentes às unidades de internação, disponibilizados
pela SUASE, não informarem sobre as condições nos quais se desenvolviam as medidas de
internação, alguns indicativos sobressaltaram aos nossos olhos. O primeiro deles referiu-se ao
problema de lotação, que, por si só, pode pressionar outras condições de manutenção das
atividades cotidianas, principalmente nas relativas à salubridade dos espaços interno das
unidades como indicou o relato das visitadas em 2011 pelo CMDCA. O teor dos relatos das
visitas aos centros socioeducativos contêm denúncias gravíssimas sobre as condições nas
quais estavam sendo alojados os adolescentes, algumas podendo se configurar como situação
de violação de direito, o que faz refletir sobre a efetividade de tais medidas. Esses dados nos
fazem questionar sobre o quanto o Estado tem se comprometido ou não com o tratamento
socioeducativo, se realmente as medidas de internação estão possibilitando de fato
oportunidades de reintegração social aos adolescentes.
82
Diante do exposto, considerando também os percursos da pesquisa diagnóstica,
reconhecemos as dificuldades de acesso ao sistema socioeducativo, de acesso a dados mais
claros sobre a realidade na qual se desenvolvem tais medidas, principalmente no que se refere
à privação de liberdade. O que revela certa obscuridade sobre tal realidade, evidenciando a
necessidade de novas pesquisas, realizadas por agentes externos ao Estado, devido os
problemas políticos que envolvem tais dados. A superação dos problemas sociais que afetam
a vida dos adolescentes, que os transmutam a condição de “delinquente”, depende da nossa
coragem e interesse em transformar essa realidade, e para isso, é necessário mais pesquisa.
Devido ao perfil dos adolescentes encaminhados ao Sistema Socioeducativo coincidir
com os adolescentes vítimas de mortes violentas por homicídio, as recomendações descritas
na seção referente a este tema também são aplicáveis aqui, no que diz respeito à superação da
situação de vulnerabilidade social de suas famílias e necessidade de sua inclusão produtiva
além de ações de proteção às crianças e adolescentes aliciados para exploração no trabalho
infantil no tráfico de drogas.
Além disso, a disparidade mostrada entre a realidade dos atos cometidos e as notícias
veiculadas na mídia, em prol da redução da maioridade penal, revela a necessidade de mais
campanhas informativas para a comunidade em geral, a fim de promover uma conscientização
a respeito da importância da efetivação dos direitos preconizados no ECA, frente aos
compromissos assumidos pelo Brasil internacionalmente, no que diz respeito à proteção de
crianças e adolescentes.
10.4 EIXO DO CONTROLE E EFETIVAÇÃO DO DIREITO
O Eixo do Controle e Efetivação do Direito se realiza através de instâncias públicas
colegiadas próprias, tais como: 1) conselhos dos direitos de crianças e adolescentes; 2)
conselhos setoriais de formulação e controle de políticas públicas; e 3) os órgãos e os poderes
de controle interno e externo definidos na Constituição Federal. Além disso, de forma geral, o
controle social é exercido soberanamente pela sociedade civil, através das suas organizações e
articulações representativas.
A seguir, apresentaremos as análises e recomendações a partir de um questionário
estruturado e semiaberto com os conselheiros tutelares. Através desse mesmo questionário
colhemos algumas recomendações iniciais no que concerne ao funcionamento do Conselho
Municipal dos Direitos das Crianças e Adolescentes – CMDCA, levantadas com a
participação de uma representante do CMDCA e da Promotoria da Infância e Juventude.
83
10.4.1 Descrição da pesquisa com os conselhos tutelares
Os Conselhos Tutelares são órgãos cujo objetivo é zelar, em nome da sociedade, pelo
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente (Artigo 131, ECA). As informações
aqui expostas se referem à parte qualitativa da pesquisa realizada pela UNILIVRECOOP, em
2012, nos Conselhos Tutelares (CTs), que consistiu na realização de entrevistas com um
conselheiro em cada uma das nove regionais administrativas. Atualmente Belo Horizonte
possui nove Conselhos Tutelares, sendo um em cada regional, além de mais uma unidade de
plantão. Cada unidade possui cinco conselheiros. Os conselheiros participantes da pesquisa
foram indicados pela equipe da qual fazia parte.
A seguir apresentamos os diversos temas abordados na pesquisa realizada junto aos
Conselhos Tutelares do município, destacando as limitações e possibilidades encontradas a
partir de cada tema como: localização; acessibilidade; recursos humanos disponíveis; registro
das informações; recursos físicos e materiais disponíveis; ações e medidas tidas como
necessárias para otimização dos atendimentos; plantão.
10.4.1.1 localização dos conselhos tutelares
Embora tenham sido criados no Município há quase vinte anos, oito dos nove
Conselhos Tutelares (CTs) não possuíam sede própria, inclusive estando dois deles
(Pampulha e Barreiro) compartilhando seu espaço de atendimento com outros equipamentos
sociais, o que é proibido pelas normas do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente – CONANDA. Sobre o local onde os CTs foram instalados, os respondentes
indicaram uma série de problemas como: local perigoso com falta de segurança (Centro-Sul);
dificuldade de acesso e ausência de linhas de ônibus (Centro-Sul, Pampulha, Oeste); ser
próximo à população, mas longe dos serviços (Leste); local sem conservação, com mofo,
goteiras e rachaduras (Pampulha e Noroeste); falta de privacidade nas salas de atendimento
(Centro-Sul, Norte e Oeste) ou acústica ruim (Norte); espaço insuficiente para o
armazenamento dos arquivos (Norte).
10.4.1.2 Acessibilidade
Ao questionarmos sobre as condições adequadas de acessibilidade às pessoas com
deficiência, apenas o CT Barreiro informou que as condições são totalmente atendidas. Os
84
CTs Leste, Nordeste, Norte, Venda Nova, Noroeste e Oeste afirmaram que essas condições
são parcialmente atendidas e o Centro-Sul e Pampulha afirmaram não serem atendidas as
condições adequadas de acessibilidade. Os seis CTs, com o atendimento parcial para
acessibilidade das pessoas com deficiência afirmaram que: somente há uma sala no térreo
(Leste); falta rampa de acesso (Leste, Nordeste, Norte, Oeste e Venda Nova); banheiros não
adaptados (Nordeste, Venda Nova e Pampulha); largura das portas não adaptadas à passagem
de cadeirantes (Venda Nova); sem elevador para o segundo andar (Noroeste). O CT Centro-
Sul não apresentou quais seriam os itens em desacordo, visto estar totalmente sem condições
de acesso.
10.4.1.3 recursos humanos disponíveis
Cada Conselho Tutelar apresentou um número diferente de funcionários: no Barreiro
há 10 funcionários; Pampulha tem 11; Centro-Sul, Leste e Nordeste tem 12; Norte tem 13 e os
CTs Venda Nova e Noroeste possuem 14 profissionais. Em relação à demanda por
profissionais, a necessidade de um segundo guarda municipal foi apresentada por todos os
CTs, com a exceção do CT Centro-Sul, que pediu um policial militar e o Barreiro que, por
ficar dentro da Regional da PBH, não apresentou tal demanda. O motivo da requisição desse
profissional foi a constatação de haver apenas um em cada CT e no seu horário de almoço não
se dispor de outro profissional para a segurança do Conselho.
10.4.1.4 Registros das informações e SIPIA CT-WEB
Verificamos que cada Conselho Tutelar dispunha de um modelo próprio para o
registro inicial de quem busca atendimento, normalmente realizado por um estagiário que fica
na recepção. Preenchido manualmente, este modelo não dispõe de muitos dados a não ser
nome, identidade e o conselheiro que realizou o atendimento. Já a Ficha SIPIA, que é
preenchida pelo conselheiro, inclui dados completos do responsável, da criança e da violação.
Contudo, muitos atendimentos não chegam a ser registrados na Ficha SIPIA e são arquivados
por não se tratarem de violações ou poderem ser resolvidos no mesmo instante. Neste sentido,
constatamos que há uma perda de informações, pois se ignora esse atendimento inicial – se
considerados ao contabilizar o número de atendimentos dos Conselhos Tutelares, observar-se-
ia um número muito superior ao registrado nos arquivos das Fichas SIPIA. Além disso,
85
identificamos que não há um padrão de preenchimento por parte dos conselheiros, não
obedecendo à codificação correta sobre a violação, violadores e demais códigos.
Constatamos que os CTs não preenchem o SIPIA CT-Web. A partir disto,
perguntamos o que desfavorecia seu preenchimento, obtendo as seguintes afirmações: a
internet é lenta (Centro-Sul, Leste, Nordeste, Venda Nova, Oeste e Barreiro); não conseguem
acessar (Barreiro e Centro-Sul); computadores antigos (Nordeste, Pampulha e Oeste); falta de
capacitação (Norte, Venda Nova, Oeste e Barreiro); grande demanda e tempo insuficiente
(Nordeste, Venda Nova, Pampulha); não consegue acessar, sistema com problemas (Barreiro,
Centro-Sul, Noroeste, Oeste).
10.4.1.5 Recursos físicos/materiais disponíveis
Perguntamos aos conselheiros se os equipamentos existentes nos CTs eram suficientes
para o desenvolvimento de suas atividades. Apenas o CT Noroeste informou que seria
suficiente, demonstrando mais uma vez o sucateamento dos Conselhos. Quando questionados
sobre o que faltava, os conselheiros afirmaram: material de escritório (CT Centro-Sul,
Nordeste, Venda Nova e Pampulha); estrutura de informática ultrapassada (CT Barreiro,
Leste, Nordeste e Venda Nova); mobiliário deficitário, cadeiras quebradas (Venda Nova,
Norte, Noroeste, Pampulha, Oeste); veículo à disposição (Centro-Sul); material de limpeza
(Nordeste); impressoras e toner (Norte); substituição de arquivos mofados e antigos
(Pampulha); ausência de computadores para os conselheiros (Oeste); ventiladores (Oeste);
fraldários e berços (Oeste).
10.4.1.6 Plantão dos conselhos tutelares
Questionamos quais as principais dificuldades enfrentadas pelos conselheiros durante
o atendimento realizado no Plantão dos Conselhos Tutelares. Os conselheiros afirmaram que a
estrutura de funcionamento do Plantão foi mal planejada (Barreiro, Centro-Sul, Noroeste,
Oeste e Barreiro). Eles também apontaram a falta de equipamentos, material de escritório, de
limpeza e de higiene (Centro-Sul, Leste, Barreiro). Outro ponto apresentado é que não há
como realizar os encaminhamentos devidos, uma vez que a rede de atendimento não está
disponível – devido ao horário – e não conseguem vagas em abrigos.
86
10.4.1.7 Considerações Gerais sobre o atendimento nos conselhos tutelares
Em geral, os depoimentos dos conselheiros tutelares indicaram uma precariedade da
estrutura para a realização de suas atividades. Diante da importância social de um bom
funcionamento dos Conselhos Tutelares, tendo em vista a situação de violação de direitos que
as crianças e adolescentes de Belo Horizonte enfrentam, necessita-se de que sejam priorizados
investimentos para a garantia das condições adequadas para sua atuação. Para isso,
recomendamos que sejam revistos a localização e a infraestrutura dos edifícios onde
funcionam os CTs e que, para definição das melhores estratégias em cada caso, que sejam
feitos estudos mais aprofundados, ouvindo também a população atendida. As residências que
foram adaptadas para esse fim não apresentam condições adequadas para o atendimento
delicado e prioritário que deve ser desenvolvido pelos conselheiros, o que contraria os
preceitos do CONANDA. O espaço deve ser planejado pensando nas exigências específicas
para o papel desempenhado por este órgão e as peculiaridades concernentes ao atendimento.
Nestas adaptações, devem ser atendidas também as especificações para acesso de portadores
de deficiências.
É recomendável a substituição dos estagiários de nível médio, normalmente
pertencentes à comunidade local, por estagiários de nível superior, notadamente das áreas de
assistência social, psicologia e pedagogia. Embora já exista uma equipe da assistência social
que presta apoio jurídico e psicológico às necessidades dos Conselhos, segundo a Promotoria,
o trabalho dos CTs poderia ser aprimorado se pudessem contar com uma equipe
especializada, composta por advogados, psicólogos, assistentes sociais e pedagogos,
exclusivamente para dar auxílio no desenvolvimento dos seus trabalhos cotidianos, sem que,
com isso, houvesse uma substituição de suas funções no exercício do cargo.
Para viabilizar o preenchimento do SIPIA CT-Web, considerando-se as dificuldades
apontadas pelos conselheiros, julgamos que se mostra necessária a inclusão de mais conselhos
por regional, para que seja possível conciliar esta atividade, que demanda tempo, com as
demais funções como o atendimento à criança, aos adolescente e seus familiares. Para uma
boa utilização deste sistema de registro, mostrou-se essencial uma adequação da rede de
internet para uma velocidade que atenda os requisitos para seu bom funcionamento, além da
disponibilização de computadores e impressoras em quantidade suficiente.
Os registros iniciais de atendimento no Conselho Tutelar necessitam ser padronizados,
sendo realizados em um único modelo e registrados em planilha eletrônica que possa
87
quantificar os registros e as deliberações, facilitando o levantamento de dados para avaliação
do atendimento.
Em relação às medidas aplicadas pelo Conselho Tutelar, fomos informados de que a
Rede de Saúde do Município não atende as exigências previstas no ECA, no que diz respeito
ao atendimento prioritário às crianças e aos adolescentes. As razões para tal fato devem ser
identificadas, para que se possa pensar em estratégias com o fim de adequar o atendimento a
este público.
A partir de algumas dificuldades identificadas durante a pesquisa, para
desenvolvimento das atividades nos Conselhos Tutelares (como problemas de saúde dos
conselheiros, a falta de tempo alegada para o preenchimento do SIPIA-CT Web, o excesso de
demanda de atendimento), concluímos que a quantidade de unidades, para o município de
Belo Horizonte, se mostrou insuficiente para o atendimento da população de crianças e
adolescentes. Esta sobrecarga de trabalho encontra respaldo na Resolução nº 139 de março de
2010, do Conanda, que, em seu Artigo 3º Inciso 1º, afirma que “para assegurar a equidade de
acesso, caberá aos Municípios e ao Distrito Federal criar e manter Conselhos Tutelares,
observada, preferencialmente, a proporção mínima de um Conselho para cada cem mil
habitantes”. Assim, como a população de Belo Horizonte está em 2.375.151 habitantes,
segundo o Censo de 2010, de acordo com esta recomendação, deveria haver no mínimo 23
Conselhos Tutelares ao invés dos 9 atuais. Se considerarmos apenas o crescimento da
população do Censo de 1991 (2.020.161) ao de 2010, com um aumento de 354.990, já seria o
suficiente para a criação de mais três Conselhos Tutelares.
Fizemos um cálculo a fim de estabelecemos uma quantidade ideal de Conselhos
Tutelares por regional administrativa, a partir da população total de cada regional, a sua
população de 0 a 18 anos e as violações sofridas nesta faixa etária e chegamos à conclusão da
necessidade da seguinte quantidade de Conselhos Tutelares por Regional administrativa:
Barreiro 2 (dois); Centro-Sul 3 (três); Leste 2 (dois); Nordeste 3 (três); Noroeste 3 (três);
Norte 2 (dois); Oeste 3 (três); Pampulha 2 (dois); e Venda Nova 3 (três). Isso não só seria
suficiente para melhorar o atendimento às crianças e adolescentes em termos quantitativos,
como também em termos qualitativos.
Outra recomendação importante no que se refere à tentativa de qualificar o
atendimento nos Conselhos Tutelares, e que devem ser realizada pelos órgãos competentes,
refere-se à capacitação continuada para conselheiros, auxiliares técnicos, recepcionistas,
guardas municipais, policiais militares e demais funcionários que lidam com as crianças e
adolescentes. Entre os temas a serem abordados na formação, são imprescindíveis aqueles
88
relacionados a psicologia da criança, direitos humanos, administração de pessoal, informática
básica, SIPIA-CT Web avançado, desigualdades raciais, direito à sexualidade de crianças e
adolescentes, entre outros concernentes às necessidades da prática.
A questão racial, por exemplo, se abordado, pode conscientizar os operadores do
sistema sobre a importância de se registrar este quesito no SIPIA, que tem sido negligenciado,
como já mostraram os dados apresentados no capítulo sobre violação de direitos. Além de
abordar estas temáticas básicas, os cursos oferecidos devem levar em consideração as
demandas dos Conselhos, ouvindo os conselheiros para o levantamento dos temas que se
fazem necessários para o aperfeiçoamento de suas práticas e abrindo espaço para o diálogo,
para que possam colocar suas questões e não apenas participarem de exposições exaustivas
que não os ajudem a resolver os problemas concretamente.
Por fim, é recomendável uma maior aproximação dos Conselhos Tutelares com a
comunidade, a fim de esclarecer seu papel e atuar de forma preventiva, orientando sobre os
direitos das crianças e adolescentes nos espaços que se fizerem necessários, numa perspectiva
articulada em redes.
10.4.2 Recomendações para o Conselho Municipal dos Direitos das Crianças e
Adolescentes
As recomendações aqui apresentadas em relação ao Conselho dos Direitos das
Crianças e Adolescentes – CMDCA – foram desenvolvidas a partir do questionário aplicado
no próprio CMDCA e na Promotoria da Infância e Juventude. Essa parte da pesquisa visa o
aperfeiçoamento da atuação do Conselho, que vem se consolidando como um importante
instrumento de defesa dos direitos das crianças e adolescentes, desde sua fundação em 1992.
Uma das prioridades que identificamos atualmente é a ampliação do canal de
comunicação do CMDCA com a sociedade, desvinculando-se do Portal da Prefeitura de Belo
Horizonte, para que possa atender às suas necessidades específicas, garantindo a autonomia
concernente a uma instituição de controle social. O meio de divulgação atual não está se
mostrando adequado e suficiente, limitado ao uso do Portal dos Colegiados, que disponibiliza
as Atas das reuniões e plenárias enviadas para a PBH para publicação, e ao Diário Oficial do
Município (DOM). Assim, é recomendada a criação de um portal próprio para possibilitar a
divulgação e atualização das informações concernentes ao CMDCA, incluindo o próprio
Diagnóstico e o Catálogo da Rede de Atendimento, que poderão, a partir deste, ter facilitada a
sua atualização, além de ampliar o acesso do público.
89
Como importante instrumento de divulgação das ações do CMDCA, o Portal também
poderá divulgar as datas de plenárias e seus resultados, projetos, editais e novas pesquisas,
além de disponibilizar documentos legais e uma biblioteca virtual. Até o momento da
entrevista, por exemplo, só havia estes documentos para consulta interna, dependendo de
deliberação (já realizada) para a aquisição de uma maior quantidade para distribuição. O
Portal também facilitaria a divulgação mais massiva do Plano Decenal, contribuindo para
informar a comunidade sobre o mesmo. Outro canal de comunicação com a população que
tem se mostrado efetivo no que diz respeito ao alcance de muitas pessoas, é o Facebook, que
não pode ser negligenciado quanto à sua capacidade de abrangência popular. Desta forma,
além da criação do Portal, poderia ser criada uma página na qual seriam divulgadas as ações,
documentos, eventos e o que mais interessar ao público em geral. Assim também fica
facilitado um retorno do público em relação ao que está sendo realizado.
Dentre os pontos que merecem atenção, está a defasagem da quantidade de
funcionários em relação à demanda do trabalho. Foi relatada a necessidade da inclusão no
quadro de funcionários de três analistas de políticas públicas, um secretário ou coordenador
executivo e um profissional da comunicação a fim de contribuir para a melhoria da relação do
CMDCA com a população e a divulgação das suas ações; a troca do estagiário de ensino
médio por mais estagiários dos cursos superiores das áreas do Direito, Psicologia, Pedagogia,
Assistência Social, dentre outras. Também foi demonstrada a necessidade de implantar
capacitação permanente voltada para os funcionários do CMDCA, incluindo cursos
específicos na área administrativa e de políticas públicas, pois a formação dos mesmos tem se
dado principalmente através de formações externas, como as capacitações dos Conselheiros
Tutelares.
Atenção especial deve ser dada para um levantamento das dificuldades para
deliberações referentes ao Fundo Municipal da Criança e Adolescência (FMDCA), visto que
há várias áreas necessitando de intervenções para garantia dos direitos das crianças e
adolescentes, que poderiam estar sendo favorecidas pela verba diponível.
Por fim, para uma potencialização do trabalho em rede, é importante fomentar uma
articulação intermunicipal entre conselhos, com o fim de fortalecer e integrar as ações
desenvolvidas.
90
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília:
Senado, 1988.
BRASIL. Presidência da República. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. ECA - Estatuto da
Criança e do Adolescente.
BRASIL. Secretaria de Direitos Humanos. Sistema Nacional de Atendimento
Socioeducativo (SINASE). Brasília: SDH/CONANDA, 2006.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censos Demográficos
1991; 2000; 2010. Brasília: IBGE, 2012.
MELO SILVA, Gustavo de. Jovens Infratores: o Programa Liberdade Assistida de Belo
Horizonte. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação em Sociologia). Universidade
Federal de Minas Gerais, 2007.
MELO SILVA, Gustavo de. Ato Infracional [manuscrito]: fluxo do Sistema de Justiça
2010. Juvenil em Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas
Gerais. Belo Horizonte, 2010.
MINAS GERAIS. CIA/BH – Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Aturo de Ato
Infracional: Relatório Estatístico 2009-2011. Disponível em:
<http://xa.yimg.com/kq/groups/17564384/829549662/name/Relatorio_CIA_2009_A_2011.pd
f. >. Acesso em: 10 nov. 2012.
SEPI –. Setor de Pesquisa Infracional. Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas
Gerais. Banco de dados do CIA/BH recebido através de visita técnica realizada pela
UNILIVRECOOP, em dez. de 2012.
SUASE, 2011. Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas. Boletim Especial
CIA/BH Final. Disponível em: <
https://www.seds.mg.gov.br/images/seds_docs/boletim%20especial%20cia-bh%20final.pdf >.
Acesso em 18 de maio de 2012.
SUASE, 2012. Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas. Mensagem
recebida por [email protected] em 03 abr. 2013