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E.A. Produtos Ecológicos - Plano de Negócios
PLANO DE NEGÓCIOS
Elaboração Colaboração ApoioEquipe PESC FEA-USP Formadoras da ITCP-USP Fernando Scarabotto Gabriela V. Iglesias Guilherme BelloquePriscila Rocha Lúcia B. S. Araújo Tânia Nunes Rebeca R. RegatieriTatiane Oyakawa Guilherme Belloque
São Paulo – SP
E.A. Produtos EcológicosAv. Willian Frederich Laudwig, 380, Jd. Clarice CEP: 05866-170 – São Paulo - SP
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E.A. Produtos Ecológicos - Plano de Negócios
Abril de 2007
O Plano de Negócios
O Plano de Negócios é um documento que reúne informações sobre as
características, condições e necessidades do empreendimento, com o objetivo de analisar
sua potencialidade e viabilidade, nos aspectos mercadológico, financeiro e operacional.
Permite desenvolver idéias a respeito de como o empreendimento deve ser conduzido. É
ferramenta de negociação e ajuda a levantar recursos.
Este documento tem cunho confidencial na medida em que expõe todas as
características do empreendimento, desde os produtos que tem a oferecer e oportunidades
de negócio até suas fraquezas. Portanto, deve ser distribuído somente àqueles que têm
necessidade de vê-lo. Entre os grupos interessados podemos citar:
Mantenedores de Incubadoras – iniciação de empreendimentos, com condições
operacionais facilitadas, mantidas por instituições de classe, centros de pesquisas,
órgãos governamentais;
Parceiros – para definição de estratégias e discussão sobre formas de interação
entre as partes;
Bancos – para financiamentos de equipamentos e instalações, capital de giro,
expansão do empreendimento, etc.
Investidores – entidades de capital de risco, pessoas jurídicas, bancos de
investimento etc.
Fornecedores – para negociação na compra de mercadorias, matéria-prima e
formas de pagamentos;
O próprio empreendimento – para comunicação interna, garantindo o
comprometimento mútuo de metas e resultados;
Clientes – para venda dos produtos.
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E.A. Produtos Ecológicos - Plano de Negócios
Índice
Sumário Executivo
Diagnóstico do Empreendimento
Economia Solidária e História do E.A.
Missão
Parcerias
Análise de Mercado
Segmentação de Mercado
Análise Swot
Estratégia de Mercado
Público – Alvo
Composto de Marketing – 4 P´s
Produto
Preço
Ponto de Venda
Promoção
Plano Operacional
Cadeia Produtiva
Processo Produtivo
Estrutura Organizacional
Planejamento Jurídico
Gestão Financeira
Funções
Falhas
Análise de Custos
Objetivos em 2007
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Sumário Executivo
O E.A., grupo incubado pela ITCP – USP (Incubadora Tecnológica de Cooperativas
Populares da Universidade de São Paulo), foi criado em 2003 e atualmente conta com duas
integrantes, que são responsáveis pela fabricação de produtos de higiene e limpeza
ecologicamente corretos e desenvolvidos sob os preceitos de autogestão e solidariedade da
Economia Solidária.
Os anos de 2006 e começo de 2007 foram de muitas realizações para o Grupo. A
demanda por seus produtos tem aumentado e novas perspectivas vieram com tais
mudanças: surge a busca por tecnologias de produção e a possibilidade de ampliar o grupo
a fim de que todos os pedidos sejam atendidos.
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Diagnóstico do Empreendimento
Economia Solidária e História do E.A.
E.A. Produtos Ecológicos é um empreendimento com princípios
autogestionários que produz sabão, sabonetes e produtos de limpeza. Localizado no
Jd. Clarice, em São Paulo, iniciou suas atividades em 2003, pela iniciativa de cinco
mulheres que participavam do Clube de Trocas do Jd. Ângela. Atualmente conta
somente com duas integrantes: Alvina, 61 anos, e Emília, 68 anos.
O Clube de Trocas ocorre quinzenalmente no Largo do Jd. Ângela e faz
parte do projeto Mercado Escola, cujo objetivo é estabelecer estratégias de
comercialização e sociabilização da comunidade local por meio de trocas dos
produtos desenvolvidos pelos grupos envolvidos, esta troca é dinamizada por uma
moeda social denominada Futuro.
O trabalho do grupo E.A. possui como base orientadora os princípios da
Economia Solidária, isto é, uma economia que se desenvolve através de
empreendimentos auto-gestionados, organizados de forma coletiva e participativa em
que os próprios trabalhadores são produtores, proporcionando uma distribuição mais
justa da renda e estimulando relações sociais de produção e de consumo baseadas na
cooperação, na solidariedade, na satisfação e valorização dos seres humanos e do
meio ambiente.
O desenvolvimento de empreendimento trouxe como principal
conseqüência o envolvimento das integrantes nas demanda e articulações da
Economia Solidária.
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Missão
“Fabricar produtos de limpeza e higiene ecológicos e com qualidade e integrar a
comunidade por meio de um empreendimento pautado nos princípios da economia solidária
que gere trabalho e renda, proporcionando o bem-estar das pessoas envolvidas além de
outros benefícios, como o fim da ociosidade de idosos da comunidade.”
Parcerias
O empreendimento possui o acompanhamento periódico da ITCP-USP 1
(Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da USP), que desenvolve o
trabalho de incubação de grupos para geração de renda. A incubação caracteriza-se
pelo acompanhamento de grupos populares para fomentar sua emancipação política e
geração de renda de forma autogestionária. O trabalho do formador consiste na
orientação do grupo no que se refere às práticas de gestão, comercialização,
produção concomitantemente a formação de temas que permeiam a economia
solidária, tais como autonomia individual e coletiva, emancipação social, econômica
e pessoal. Dessa forma, o processo de incubação busca o desenvolvimento do grupo
e do indivíduo sob o ponto de vista da economia solidária.
Além da ITCP, o grupo conta com o apoio da Cáritas do Campo Limpo e
do próprio Clube de Trocas. Freqüenta reuniões periódicas da Rede local, no Centro
de Referência do Campo Limpo, reuniões do Fórum Municipal e de Congressos e
Conferências Nacionais.
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Projeto de extensão da Universidade de São Paulo.
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Análise de Mercado
Segmentação de Mercado
Organizações Sociais. Seria composto por clientes que desenvolvem ações na área social ou com forte ligação nestas. Neste segmento estão o Centro de Referência, o Remodela e a ITCP.
Restaurantes e Bares: pequenos estabelecimentos comerciais que utilizam considerável quantidade de produtos de limpeza. Destaque para o sabão líquido.
Residências: Composto principalmente por donas-de-casa da vizinhança.
Condomínios: Formado por condomínios residenciais e comerciais, que utilizam grande quantidade de produtos para limpeza pesada.
Lojas e Escritórios: Formado por estabelecimentos comerciais de pequeno porte que consomem uma quantidade menor de produtos.
Grande Porte: Composto por estabelecimentos com grande estrutura e demanda por produtos de limpeza em geral.
Feiras de Troca: os produtos são comercializados na base da troca ou com base em uma moeda social, denominada Futuro.
Análise SWOT
A Análise SWOT é uma ferramenta de gestão muito utilizada por
empresas privadas como parte do planejamento estratégico dos negócios. O termo
SWOT vem do inglês e representa as iniciais das palavras Strengths (Forças),
Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças). Como
o próprio nome já diz, a idéia central da análise SWOT (ou FOFA, em português) é
avaliar os pontos fortes, os pontos fracos, as oportunidades e as ameaças da
organização e do mercado onde ela está atuando.
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Esta forma de análise de negócios vem sendo utilizada com muito sucesso
por empresas privadas em todo o mundo e, sem dúvida, pode ser uma ferramenta de
grande utilidade para as organizações sociais brasileiras.
Em geral, é preciso monitorar as forças macroambientais (econômicas,
tecnológicas, políticas, legais, sociais e culturais) e os atores microambientais
importantes (consumidores, concorrentes, canais de distribuição, fornecedores) que
afetam a capacidade do negócio.
No caso do E.A., foram identificadas as seguintes situações que podem
constituir uma oportunidade:
1) Mudanças tecnológicas: O sabão produzido não espuma, o que é uma vantagem
competitiva, uma vez que esse avanço tecnológico dá ao produto um apelo
ecológico;
2) Acesso a pessoas altamente qualificadas: A assessoria da ITCP ao grupo é
fundamental para o desenvolvimento da capacidade gerencial dos seus membros.
3) Novos modelos organizacionais: Ser um empreendimento auto-gestionário
inserido no contexto da Economia Solidária é um fator que favorece a atuação do
grupo, pelo contato com os demais parceiros da rede e pela participação em
feiras de trocas.
4) Novos canais de distribuição: Atualmente, está em estudo a venda de produtos
através da internet.
Também foram detectadas as seguintes situações de ameaça:
1) Escassez de matéria-prima: O óleo de cozinha e a banha, utilizados na produção
do sabão, são obtidos através de doações de estabelecimentos comerciais da
região (padarias, açougues) e de trocas com a vizinhança por sobras da produção.
Apesar de no momento o estoque destas matérias-primas estar com um nível
satisfatório, a obtenção destes insumos passa a ficar atrelada, essencialmente, ao
rendimento desses parceiros para conseguir tais insumos.
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2) Aumento de custos devido a alterações na forma jurídica: Por ser um
empreendimento informal, o E.A. não arca com custos tributários e outros que
serão inevitáveis ao proceder-se com a formalização do negócio.
Analisando o ambiente interno do empreendimento, foram identificados
como pontos fortes:
A linha de crédito que o E.A. possui com a ITCP, que deve ser quitada em
Futuros (moeda social), estimulando a sua produtividade;
Alta disposição das participantes do grupo para trabalhar;
Busca constante pela melhoria da qualidade;
Reconhecimento do E.A. pela comunidade em que está inserido;
Reciclagem do óleo no processo produtivo, reforçando o desenvolvimento
sustentável do empreendimento.
E detectados como pontos fracos:
A localização em um bairro onde há falta de segurança, o que já ocasionou a
perda de produção em virtude de um roubo ao estabelecimento;
As precárias condições de armazenagem de insumos como a soda cáustica, que
oferece risco às pessoas que circulam no local de produção (inclusive crianças);
A informalidade do negócio, visto que o fato de não possuir nota fiscal limita a
atuação do grupo;
Falta do certificado oficial de qualidade;
Falta de padronização da embalagem;
Baixa capacidade produtiva e baixa comercialização.
Depois de ter realizado uma análise SWOT, o E.A. é capaz de:
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Estabelecer metas relacionadas à forma de atuação no que diz respeito ao
aproveitamento de oportunidades;
Estabelecer quais as ações que serão importantes para evitar os efeitos de eventuais
ameaças;
Estabelecer metas de melhoria dos itens que foram considerados de baixo
desempenho.
Estas metas serão a base do planejamento anual de suas atividades.
Matriz – Análise SWOT
OPORTUNIDADES AMEAÇAS
O sabão não espuma. Assessoria da ITCP/USP. Empreendimento auto-gestionário inserido no contexto da Economia Solidária. Venda de produtos através da Internet (em estudo).
Dependência do rendimento de parceiros para obtenção de insumos doados. Aumento de custos numa eventual formalização do negócio.
PONTOS FORTES PONTOS FRACOS
Linha de crédito do E.A. com a ITCP. Alta disposição das participantes do grupo para trabalhar. Busca constante pela melhoria da qualidade. Reconhecimento do E.A. pela comunidade em que está inserido. Reciclagem do óleo no processo produtivo.
Má localização (bairro com falta de segurança). Precárias condições de armazenagem de insumos. Informalidade do negócio. Falta do certificado oficial de qualidade. Falta de padronização da embalagem. Baixa capacidade produtiva e baixa comercialização.
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Estratégia de Mercado
Público-Alvo
O grupo foca sua atuação nos segmentos Organizações Sociais e Residências. Já possui forte ligação com estes segmentos.
Composto (MIX) de Marketing – os 4 P´s
Marketing é “Um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e
grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de
produtos de valor com outros.” (Kotler, Philip. Administração de Marketing: análise,
planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1998, p. 32.). O
marketing pode auxiliar o empreendimento, tornando-o mais eficientes em diversos
aspectos:
Diagnóstico de sua atuação;
Possibilidade de captação de recursos (atratividade);
Melhoria de seu produto ou serviço (qualidade);
Identificação de novas oportunidades e formas de agir na
sociedade;
Estabelecimento de parcerias com a iniciativa privada e o governo.
Ações que podem ser incrementadas com o Marketing :
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Estreitar relações com as fontes de financiamento reais e potenciais: para que
o financiador possa perceber com clareza que está apoiando um trabalho de
grande relevância social e que sua imagem será beneficiada. Forma: manter o
financiador informado, por meio de relatórios periódicos consistentes, a
respeito da aplicação de recursos.
Conquistar a simpatias por parte dos agentes de influência na sociedade:
transmissores de informação (jornalistas e repórteres), universidade.
Comunicar adequadamente a realização dos projetos, informando a sociedade
em geral – criar consciência: divulgação, manutenção da credibilidade e a
atratividade. “Não basta ser ético, correto e efetivo; há de se parecer, e esse
aspecto é que entra a ação da comunicação.”
Aprimorar o produto.
Pesquisar o mercado.
O marketing orientará as decisões táticas e estratégicas da organização,
trazendo a flexibilidade necessária a um produto tão particular como o “produto
social”, ressaltando a importância da comunicação desse trabalho à comunidade em
geral e aos patrocinadores e financiadores em particular.
O terceiro setor como a possibilidade de diferenciação mercadológica :
Atender aos consumidores, cumprir os objetivos organizacionais e contribuir
para a perenidade do bem-estar social passam a ser, então, a tríade que deverá
constar da missão das organizações efetivamente responsáveis. O marketing
social objetiva atender aos interesses da sociedade, sem lucro, sendo seu
maior valor a perenidade do bem-estar social.
marketing no Terceiro Setor permite a transposição da imagem da empresa
como uma entidade responsável e mais humanitárias para seus produtos e
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serviços. Benefícios: construção de imagem pública positiva e criação de uma
consciência coletiva interna (funcionários).
Produtos e Preço : O principal produto do grupo é o sabão em pedra e em pote. São
produzidos a partir da reciclagem, uma vez que utilizam como matéria prima óleo
reciclado. Este óleo é viabilizado por meio da troca que estabelecem com a
comunidade. Os vizinhos e amigos trocam o óleo que utilizam domesticamente por
pedaços de sabão, dessa forma, contribuem com o processo de reciclagem do óleo,
evitando seu despejo na rede de esgoto e conseqüente mistura nos rios da região. Os
sabonetes ocupam posição secundária da produção, porém faz parte de um projeto de
desenvolvimento de uma linha de sabonetes a base de ervas naturais, o qual não foi
concluído. Atualmente, estão ampliando os produtos fornecidos, iniciaram a
produção de desinfetante, amaciante, água sanitária e detergente. Estão investindo na
melhoria da qualidade dos novos produtos, estudando sua viabilidade para inseri-los
no mercado local. No entanto, a produção ainda é manufaturada e artesanal, assim a
falta do processo de industrialização e de legalização dificulta sua inserção no
mercado convencional.
Sabão em Pedra
Embalagem: nome do produto
Quantidade: 1 unidade
Preço: R$1,00
Sabão Líquido
Embalagem: nome do produto
Volume: 1 Litro
Preço: R$1,10
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Desinfetante
Embalagem: nome do produto
Volume: 1 Litro
Preço: R$1,00
Sabonete
Embalagem: nome do produto
Quantidade: 1 unidade
Preço: R$1,52 (pequeno) e R$2,00 (grande)
Promoção : O grupo conta com o auxílio da ITCP e outros parceiros, vizinhos e
amigos na divulgação de seu produtos. O principal veículo de comunicação é pela
venda direta.
Ponto-de-venda : no local de Produção (Av. Willian Frederich Laudwig, 380) e no
Clube de Trocas
Plano Operacional
Cadeia Produtiva
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior define
Cadeia Produtiva como "...o conjunto de atividades que se articulam
progressivamente desde os insumos básicos até o produto final, incluindo
distribuição e comercialização, constituindo-se em elos de uma corrente".
O conhecimento dos fluxos da cadeia produtiva facilita a tomada de
decisão dos empreendedores na medida em que há uma visão do acesso a insumos e
mercados. A utilização do conceito de cadeia produtiva permite:
Visualizar a cadeia de modo integral;
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Identificar debilidades e potencialidades nos elos da cadeia;
Motivar a articulação solidária dos elos da cadeia;
Identificar os elos dinâmicos, em adição à compreensão dos mercados, que
trazem movimento às transações na cadeia produtiva;
Identificar fatores e condicionantes da competitividade em cada segmento;
No que se refere à Economia Solidária, o conhecimento da cadeia produtiva
propicia a implantação de Redes de Colaboração Solidária Locais, com a perspectiva
de promover sucessivos movimentos de agregação. Deste modo, aumenta-se a oferta
de produtos e serviços no interior das redes e estabilizam-se maiores volumes de
demandas solidárias a serem atendidas pela própria rede, sob parâmetros de
equilíbrio sustentável.
Em poucas palavras, a visão da cadeia produtiva aumenta o controle de
qualidade e melhora o sistema de produção. Segue um diagrama simplificado de
cadeia produtiva.
MERCADO CONSUMIDOR
Fluxo de mercadoriasFluxo de capital
Ambiente Institucional: Leis, normas, resoluções, padrões de comercialização
Ambiente Organizacional: órgãos do Governo, instituições de crédito, empresas de pesquisa, agências credenciadoras
PRODUTORES COMERCIANTES
FATORES DE PRODUÇÃO
FORNECEDORES DE INSUMOS
Fonte: Embrapa
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E.A. Produtos Ecológicos - Plano de Negócios
Assim, a cadeia produtiva dos produtos do E.A. pode ser ilustrada da seguinte forma:
Através da representação gráfica, nota-se nitidamente que o E. A faz o
papel de produtor bem como o de comerciante. As empreendedoras comercializam
seus produtos diretamente com os consumidores, pois tem um nicho de mercado
pequeno, mesmo considerando o "mercado" da Economia Solidária. Após a obtenção
dos insumos e realização de todo o processo produtivo (vide processo produtivo), as
próprias empreendedoras fazem a divulgação de seus produtos e por conseqüência
fazem a própria comercialização dos mesmos.
Os produtos de higiene e limpeza são considerados insumos de primeira
necessidade. Em São Paulo, cidade onde os produtos do E. A são comercializados,
há uma forte concorrência dos produtos consolidados pelo mercado e, portanto,
produzidos em grande escala pelas grandes empresas. Estes têm maior garantia de
qualidade. No entanto, o apelo ao alinhamento aos preceitos da Economia Solidária
e ao desenvolvimento sustentável tornam os produtos mais atrativos. A
comercialização na Periferia de São Paulo, onde os consumidores caracterizam-se
por um baixo poder aquisitivo, pode ser considerado um fator de grande relevância
ao falarmos de nicho de mercado.
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Processo Produtivo
1) Processo Produtivo - Sabão em Pedra
ADIÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS
SECAGEM
CORTE
EMBALAGEM
ARMAZENAGEM
I. Adição de Matérias Primas
A adição das matérias primas acontece por etapas e em proporções
previamente definidas pelas empreendedoras, sob a orientação de um químico
responsável pela produção.
óleo quente
detergente+
barrilha a frio+
desinfetante+
sal
breu no óleo quente
outros ingredientes no óleo quente
soda+
mexerentre
15 e 20 minutos
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As duas primeiras etapas ocorrem em paralelo: enquanto o óleo é
aquecido em um recipiente, em outro se misturam detergente, desinfetante, sal e
barrilha a frio até formar um líquido homogêneo. Aquecido o óleo, acrescenta-se o
breu e posteriormente a mistura formada pelas substâncias citadas. Por último
coloca-se a soda e mexe até dar o ponto desejado do sabão, em que a massa esteja
bem homogênea.
II. Secagem
Ao despejar a massa homogênea na forma, deve-se esperar de 08 a 10
horas, tempo de resfriamento e consolidação do sabão.
III. Corte
Ao atingir o tempo de secagem necessário, o sabão é cortado
manualmente em 24 pedaços quadrados, de 400 gramas. Os pedaços são colocados
em repouso por mais 24 horas.
IV. Embalagem
O sabão em barra então é embalado individualmente em uma seladora e
posteriormente colocado em caixas de papelão. O produto é identificado pelo lote de
fabricação como medida de segurança. Este registro permite o controle da produção
e ameniza transtornos eventuais com clientes.
V. Armazenagem
O produto fica armazenado em local adequado tendo em vista sempre as
condições de armazenamento e sua data de validade.
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2) Processo Produtivo - Sabão Líquido
ADIÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS
PENEIRAGEM
ADIÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS
MEDIÇÃO PH
DERRETIMENTO MP
DESCANSO
EMBALAGEM
ARMAZENAGEM
I. Derretimento de Matéria-Prima
Etapa prévia a mistura de matéria prima. Raspas de sabão em pedra são
derretidas em água, a frio, por 24 horas.
II. Adição de Matérias Primas
A adição de matéria prima ocorre em duas fases, separadas pela fase de
peneiragem.
Raspas Derretidas
+água
Peneiragemdo líquido
+água
Sal+
essência
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Primeiramente adiciona-se água às raspas derretidas. Em seguida, com o
auxílio de mais água, côa-se o líquido. Por fim, há mais uma etapa de adição de
matéria prima, em que a essência e o sal são adicionados.
III. Medição de PH
O PH é medido para que a pele daquele que utilize o sabão tenha a sujeira
removida e, ao mesmo tempo, não tenha sua pele danificada. O pH ideal é básico e
deve girar em torno de 7,0.
IV. Descanso
O líquido deve permanecer em repouso para que a espuma gerada no
processo produtivo desapareça.
V. Embalagem
O sabão líquido tem embalagem própria e a utilização de refil é altamente
recomendada aos clientes. Deve-se evitar a utilização de garrafas PET pelo risco de
crianças ingerirem o líquido acidentalmente. O produto é identificado pelo lote de
fabricação como medida de segurança.
VI. Armazenagem
O produto fica armazenado em local adequado tendo em vista sempre as
condições de armazenamento e sua data de validade.
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3) Processo Produtivo – Desinfetante
I. Adição de Matérias Primas
Primeiramente o cloro é dissolvido em água. Em uma segunda etapa,
dissolve-se a base.
água+
cloro
água+
cloro+
base
II. Descanso
O líquido deve permanecer em repouso por 24 horas.
III. Embalagem
O sabão líquido tem embalagem própria e a utilização de refil é altamente
recomendada aos clientes. Deve-se evitar a utilização de garrafas PET pelo risco de
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crianças ingerirem o líquido acidentalmente. O produto é identificado pelo lote de
fabricação como medida de segurança.
IV. Armazenagem
O produto fica armazenado em local adequado tendo em vista sempre as
condições de armazenamento e sua data de validade.
4) Processo Produtivo - Sabonete
ARMAZENAGEM
DERRETIMENTO MP
ADIÇÃO MATÉRIAS PRIMAS
SECAGEM
EMBALAGEM
I. Derretimento de Matéria-Prima
Etapa prévia a mistura de matéria prima. Raspas de glicerina são
derretidas em Banho Maria, durante 5 a 10 minutos.
II. Adição de Matérias Primas
Adição de corante e erva na glicerina derretida.
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glicerina
glicerina+
corante+
ervas
glicerina+
corante
III. Secagem
A massa homogênea é despejada em forminhas, cujo tempo de
resfriamento e consolidação do sabonete dura em torno de 3 horas.
IV. Embalagem
O sabonete é colocado em saquinhos unitários que passam pela seladora e
são etiquetados. Os de tamanho grande são vendidos por unidade, enquanto os
pequenos são vendidos em cestas com 12 unidades em média. O produto é
identificado pelo lote de fabricação como medida de segurança.
V. Armazenagem
O produto fica armazenado em local adequado tendo em vista sempre as
condições de armazenamento e sua data de validade.
Estrutura Organizacional
O Empreendimento E.A. Produtos Ecológicos é pautado nos princípios da
autogestão e do cooperativismo, portanto não se organizam de forma hierárquica e
sim horizontal, a dupla tem amplo domínio da dinâmica do empreendimento e se
organizam de forma a manter a responsabilidade equilibrada entre as integrantes.
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O trabalho é igualmente dividido entre a dupla, Emília é responsável pela
produção dos produtos químicos e Alvina pela produção do sabonete e embalagem
de todos os produtos. A comercialização é realizada tanto por Emilia como por
Alvina de forma a somar os esforços no aumento constante das vendas. Já a coleta
de óleo, principal matéria prima utilizada no sabão, é divulgada e recolhida pela
dupla nos bairros da região.
A remuneração é pautada no conceito de sobra e não no salário, uma vez
que os integrantes retiram apenas a quantidade de verba que sobra por mês. As
integrantes contam, atualmente, com retiradas menores do que o salário mínimo que
ajudam a complementar suas aposentadorias.
A dupla se encontra, em média três vezes por semana na sede do
empreendimento para executarem a produção, semanalmente a dupla de formadores
da ITCP-USP realiza reunião com Alvina e Emília para discutir a gestão e a
dinâmica do E.A. na Economia Solidária.
Planejamento Jurídico
O EA é um empreendimento informal, isto é, a rigor, não existe como pessoa
jurídica. O fato de não possuir CNPJ trás conseqüências negativas, como a limitação de sua
atuação, em virtude de não poder fornecer nota fiscal, além de ter restringida as fontes para
obtenção de crédito/financiamento*. Esse constitui um dos pontos fracos mencionados pelo
grupo na análise SWOT.
Apesar de terem a intenção de efetuar a formalização do negócio, as integrantes encontram
algumas barreiras, dentre as quais destacamos:
1. O empreendimento não está preparado para assumir a elevação dos custos
decorrentes da legalização (tributos em geral), visto que não produzem uma
receita condizente para suportá-los;
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2. Caso opte por assumir a forma de cooperativa, muito usual em se tratando de
empreendimentos de Economia Solidária, precisará contar, ao menos, com 20
integrantes, uma vez que essa é a quantidade mínima de sócios cooperados
exigida por lei.
Dessa forma, no curto prazo, não há expectativa do EA deixar a informalidade.
*Atualmente, possui um financiamento referente à seladora, utilizada no seu processo produtivo, junto ao
BTS - Banco de Trocas Solidárias, projeto pertencente à ITCP. Tal operação é paga parte em mercadorias
(sabão) e parte em Futuros (moeda social).
Planejamento Financeiro
Funções da Gestão Financeira
As principais gestão financeira são: analisar os resultados financeiros e planejar ações necessárias para obter melhorias; analisar e negociar a captação dos recursos financeiros necessários, bem como a aplicação dos recursos financeiros disponíveis; analisar a concessão de crédito aos clientes e administrar o recebimento dos créditos concedidos; efetuar os recebimentos e os pagamentos, controlando o saldo de caixa; controlar as contas a receber relativas às vendas a prazo; controlar as contas a pagar relativas às compras a prazo, impostos, despesas operacionais, e outras; registrar as operações realizadas pela empresa e emitir os relatórios contábeis.
Falhas na Gestão Financeira
A inexistência de uma adequada gestão financeira provoca alguns problemas de análise, planejamento e controle financeiro das suas atividades operacionais. Medidas são aguardadas em relação à algumas falhas , entre as quais:
Não ter as informações corretas sobre saldo do caixa, valor dos estoques das mercadorias, valor das contas a receber, valor das contas a pagar, volume das despesas fixas ou financeiras, etc. Isso ocorre porque não fazem o registro adequado das transações realizadas. Faz-se necessária uma ficha de controle de estoque para cada produto e assim controlar a movimentação individual, entradas e saídas, dos materiais de estoque, ou seja, produtos acabados, matérias-primas, etc.
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Não conhecer corretamente o volume e a origem dos recebimentos, e o volume e o destino dos pagamentos, porque não elaboram o fluxo de caixa. Pode ser elaborado manualmente ou numa planilha eletrônica ou um programa de gestão. O importante é ter o fluxo de caixa ajustado à realidade da empresa, respeitando inclusive as características das informações geradas.
Não saber corretamente o valor das despesas fixas da empresa, porque não fazem separação das despesas pessoais dos sócios em relação às despesas da empresa. Um dos erros mais comuns, e também mais sérios, é o de confundir gastos pessoais com gastos da empresa. O patrimônio do empreendimento não deve ser misturado ao patrimônio dos donos.
Não fazer análise e planejamento financeiro da empresa, porque não tem um sistema de informações gerenciais (fluxo de caixa, demonstrativo de resultados e balanço patrimonial).
Análise dos Custos
Sabão em Pedra
Preço por Unidade R$ 1,00Custo por Unidade R$ 0,17Receita por Unidade R$ 0,83Margem Sabão em Pedra 83%
Sabão Líquido
Preço por Litro R$ 1,10 Custo por Litro R$ 0,06 Receita por Litro R$ 1,04
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Sabão em pedra: Participação de cada ingrediente no custo do produto
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Margem Sabão Líquido 94,55%
Desifetante
Preço por Litro R$ 1,00Custo por Litro R$ 0,15Receita por Litro R$ 0,85Margem Desinfetante 85%
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Sabão líquido: Participação de cada ingrediente no custo do produto
Desinfetante: Participação de cada ingrediente no custo do produto
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Sabonete
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Desinfetante: Participação de cada ingrediente no custo do produto
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Objetivos em 2007
Aumentar o rendimento individual;
Cobrir todos os custos;
Aumentar número de vendas de seus produtos;
Aumentar conhecimentos em Finanças, Administração e Produtos
Químicos;
Conseguir nota fiscal;
Deixar de ser um empreendimento informal;
Estreitar relações com atuais parceiros;
Aumentar parcerias;
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