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Dialogismo ‘’Dialogismo é o que Mikhail Bakhtin define como o processo de interação entre textos que ocorre na polifonia; tanto na escrita como na leitura, o texto não é visto isoladamente, mas sim correlacionado com outros discursos similares e/ou próximos. Em retórica, por exemplo, é mister incluir no discurso argumentos antagônicos para poder refutá-los. Dialogismo se da a partir da noção de recepção/compreensão de uma enunciação o qual constitui um território comum entre o locutor e o locutário. Pode se dizer que os interlocutores ao colocarem a linguagem em relação frente um a outro produzem um movimento dialógico. Segundo Bakhtin, o diálogo pode ser definido como "toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja". A palavra chave da linguística bakhtiniana é diálogo. ’’ ‘’ Vamos simplificar Bakhtin: Dialogismo textual é o nome dado às referências que um texto sempre faz de outro. Nenhum texto é absolutamente original, ele sempre carrega consigo marcas de outro texto anterior, por isso se diz que um texto "dialoga" com outro. Um exemplo: quando Paulo disse, numa de suas epístolas, que não aprovava o comportamento orgulhoso de alguns líderes, ele estava respondendo a um texto anterior (que pode ter sido uma carta ou uma conversa) que apontava esse mesmo comportamento. Ou seja, como resposta, a carta de Paulo dialogava com outro texto - dialogismo textual. Cartas de leitores em jornais são outros bons exemplos. Elas costumam falar de alguma notícia publicada, geralmente no dia anterior. Ou seja, dialogam com aquela notícia previamente publicada. ’’ ‘’ O conceito de dialogismo foi elaborado pelo linguista russo Mikhail Bakhtin, que o explica como o mecanismo de interação textual muito comum na polifonia , processo no qual um texto revela a existência de outras obras em seu interior, as quais lhe causam inspiração ou algum influxo. O dialogismo está presente tanto nas obras impressas como na própria leitura, esferas nas quais o discurso não é observado em

Dialogismo

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Dialogismo‘’Dialogismo é o que Mikhail Bakhtin define como o processo de interação entre textos que ocorre na polifonia; tanto na escrita como na leitura, o texto não é visto isoladamente, mas sim correlacionado com outros discursos similares e/ou próximos. Em retórica, por exemplo, é mister incluir no discurso argumentos antagônicos para poder refutá-los.

Dialogismo se da a partir da noção de recepção/compreensão de uma enunciação o qual constitui um território comum entre o locutor e o locutário. Pode se dizer que os interlocutores ao colocarem a linguagem em relação frente um a outro produzem um movimento dialógico.

Segundo Bakhtin, o diálogo pode ser definido como "toda comunicação verbal, de qualquer tipo que seja". A palavra chave da linguística bakhtiniana é diálogo. ’’

‘’ Vamos simplificar Bakhtin:

Dialogismo textual é o nome dado às referências que um texto sempre faz de outro. Nenhum texto é absolutamente original, ele sempre carrega consigo marcas de outro texto anterior, por isso se diz que um texto "dialoga" com outro. Um exemplo: quando Paulo disse, numa de suas epístolas, que não aprovava o comportamento orgulhoso de alguns líderes, ele estava respondendo a um texto anterior (que pode ter sido uma carta ou uma conversa) que apontava esse mesmo comportamento. Ou seja, como resposta, a carta de Paulo dialogava com outro texto - dialogismo textual.

Cartas de leitores em jornais são outros bons exemplos. Elas costumam falar de alguma notícia publicada, geralmente no dia anterior. Ou seja, dialogam com aquela notícia previamente publicada. ’’

‘’ O conceito de dialogismo foi elaborado pelo linguista russo Mikhail Bakhtin, que o explica como o mecanismo de interação textual muito comum na polifonia, processo no qual um texto revela a existência de outras obras em seu interior, as quais lhe causam inspiração ou algum influxo.

O dialogismo está presente tanto nas obras impressas como na própria leitura, esferas nas quais o discurso não é observado em um contexto de incomunicabilidade, mas sim em constante ação recíproca com textos semelhantes e/ou imediatos. Este elemento aparece quando se instaura um processo de recepção e percepção de um enunciado, que preenche um espaço pertencente igualmente ao locutor e ao locutário.

Assim, os participantes de uma conversação elaboram um fluxo dialógico ao posicionarem o ato da linguagem em uma interação frente a frente. Bakhtin acredita que o diálogo engloba qualquer transmissão oral, de toda espécie. Este conceito é praticamente a alma de sua teoria linguística.

Para o estudioso russo, todos os personagens que circulam no âmbito da linguagem constituem elementos sociais e históricos que têm o poder de

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conferir significados reais e se estruturam regularmente na obra ficcional, expressando seus pontos de vista sobre a realidade concreta.

Bakhtin identifica no romance os diálogos puros, além da inter-relação dialogizada e da hibridização, que pode ser definida como uma miscelânea de duas linguagens, sendo considerada uma das vertentes mais importantes do mecanismo de modificação dos meios de expressão do pensamento.

A hibridização dos diálogos prepondera na análise da obra; ela é compreendida como um processo de aliança que procura elucidar uma linguagem com o auxílio de outra e, assim, estrutura a representação natural e vivaz desta outra forma de expressão. É fundamental que se utilize, neste procedimento, o uso de diversas linguagens, para esclarecer ainda mais o texto original.

O linguista russo salienta também a importância da estilização, um recurso dialógico interior que produz um estilo renovado, com significância e destaque nascentes. Esta linguagem surge com ecos peculiares, pois enquanto alguns de seus aspectos são iluminados, outros são preservados imersos em névoas.

A paródia é outro recurso específico, no qual o dialogismo por ela simbolizado desvela o texto que está sendo figurado. As mais variadas linguagens regidas pelas inter-relações, aspirações orais e racionais que residem nos enunciados estão situadas no espectro que se desenrola entre a estilização e a paródia.

O dialogismo não se desenvolve apenas socialmente, mas igualmente na esfera temporal, na dinâmica da vida e da morte. A convivência entre as pessoas e a progressão no tempo se alia na unicidade consistente de uma multiplicidade paradoxal, a qual se manifesta por meio de variadas linguagens. ’’

Fontes:http://pt.wikipedia.org/wiki/Dialogismohttp://www.cce.ufsc.br/~nupill/ensino/dialogismo.htm