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2 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Alexandre Berthe PintoAngelo Volpi NetoAntonio Artêncio FilhoArnon VelmovitskyBruno Bittencourt BittencourtBruno Medeiros BastosCarlos Roberto TavarnaroDaniel Alcântara Nastri CerveiraDaphnis Citti de LauroEzequiel FrandolosoFelícia Ayako HaradaFelipe Leonardo RodriguesFrancisco dos Santos Dias Bloch
Frank Wendell ChossaniGeraldo Beire SimõesJaques BushatskyJoão Pedro Lamana PaivaJosé Flávio Bueno FischerJosé Hildor LealKênio de Souza PereiraKiyoshi HaradaLucas Bento SampaioLuís Ramon AlvaresLuiz Antonio Scavone JuniorLuiz Ribeiro O. N. Costa JuniorMarcelo Manhães de Almeida
Mário Cerveira FilhoMichel Rosenthal WagnerOlivar VitalePaulo Caldas PaesRenato SavyRodrigo Alves ZaparoliRodrigo KarpatSamuel Luiz AraújoSérgio JacominoSylvio Campos Lindenberg FilhoSylvio CapanemaThales Pontes BatistaWendell Salomão
Colaboradores:
Direção: Dominique Pierre FagaJornalista Responsável:Julio Cesar Borges Baiz, MTB nº 42073ISSN: 1982-4599
Conselho Editorial:Edson Guedes JuniorBruno CosmeHeronides Dantas de FigueiredoMauricio Francisco [email protected]
DIÁRIO DAS LEIS LTDA.CNPJ(MF) 47.381.850/0001-40R. Bocaina, 54 - 05013-901 - São Paulo - SP11 3673-3155 - www.diariodasleis.com.brAdministração: 11 [email protected]: 11 3673-3801 / [email protected]ão: Gráfica Mais MNota BDI: Proibida a reprodução total ou parcial.Os artigos assinados não refletem necessariamentea opinião da direção do Diário das Leis.
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32ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
SumárioAssuntos CartoráriosCobrança de emolumentos de vários imóveis na mesma escritura .............................. 26Registro de partilha quando o “de cujus” não possui CPF ........................................... 27Ausência de abertura da matrícula e de regularização do loteamento não impedem
a transferência do imóvel ......................................................................................... 29
Compra e VendaComo fazer um contrato de compra e venda, sendo a condição para compra
a locação antecipada? .............................................................................................. 8Retenção, pela vendedora, de 15% das prestações pagas na compra de imóvel
frustrada pela não obtenção de financiamento, de responsabilidade dos compradores . 9
CondomínioComo extinguir condomínio de imóvel rural ................................................................ 20Condômino furtado não comprova a responsabilidade do condomínio e nem
da empresa de segurança ......................................................................................... 22Condomínio com edificação antiga foi obrigado a realizar obras de infraestrutura
necessárias para a acessibilidade de portadores de deficiência física ...................... 23Obras em condomínio: De quem é a culpa? ................................................................. 24
Corretagem: Comissão do corretor: Quando o comprador pode exigir adevolução e a prescrição .......................................................................................... 30
Fundo de Investimento Imobiliário: Participação do Estado de São Paulo .................. 5
Hipotéca de Imóvel: Taxa de cancelamento de hipoteca não pode ser repassadaao comprador ainda que haja previsão em cláusula ................................................. 10
LocaçãoQuem é responsável em pagar pelas benfeitorias no contrato de locação? ................. 12Locatária não comprova que realizou as transferências do valor do aluguel para a
conta do filho do locador .......................................................................................... 14Nulidade do contrato de parceria, pela venda da firma, por sócio locatário
inadimplente e não proprietário ............................................................................... 15O contrato de locação no registro de imóveis: a proteção de alguns direitos
do locatário - Parte II - Final .................................................................................... 16Pode se cobrar taxa para realizar a transferência de um novo contrato ..................... 19Cobrança de cinco alugueis por quebra de contrato, é legal? ...................................... 20
Loteamento: A problemática da extinção das promessas de venda e compra comdevolução de valores pagos, aplicáveis a lotes frutos de loteamento ...................... 5
Penhora: Devedor que vendeu seu imóvel no curso do processo de penhoracometeu ato atentatório à dignidade da justiça ....................................................... 33
Posse: O registro de propriedade não é suficiente para a comprovação da posseem ação possessória ................................................................................................ 32
Shopping Center: Ressarcirá R$ 405.000,00, para a proprietária que teve asua loja incendiada ................................................................................................... 34
Índices de Correção Monetária .................................................................................... 35
52ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
LoteamentoA problemática da extinção das promessas de
venda e compra com devolução de valorespagos, aplicáveis a lotes frutos de loteamento
Luiggi Alan Brancatti Esposito*
Assunto corriqueiro paraaqueles que exercem advoca-
cia na área imobiliária é a
questão da resolução dos con-tratos de compromisso de ven-
da e compra de unidades au-
tônomas, frutos de incorpora-ção imobiliária disciplinada
pela Lei nº 4.591/1964.
Ocorre que a discussãotambém vem à tona quando
tratamos de instrumentos de
compromisso de venda e com-pra de lotes, oriundos de pro-
jetos de loteamento regulados
pela Lei de Parcelamento de
Solo Urbano nº 6.766/1979.A problemática destes con-
tratos gira em torno da apli-
cação do art. 53 do Código deDefesa do Consumidor, em
caso de resolução dos contra-
tos, seja por culpa do consu-midor ou da Incorporadora/
Loteadora.
Ouso dizer que, em caso depromessas de venda e compra
de lotes, o problema é um pou-
co maior. Isto pois, quando daresolução do contrato por cul-
pa do promitente comprador,
a discussão não se dará so-
mente com relação ao percen-tual de retenção, mas também
acerca de eventuais acessões
erigidas sobre o imóvel.Como é sabido, a definição
de lote é encontrada no § 4º,
do art. 2º da Lei 6.766/1979que assim dispõe: “Considera-
se lote do terreno servido de
infraestrutura básica cujas di-mensões atendam aos índices
urbanísticos definidos pelo pla-
no diretor ou lei municipal paraa zona em que se situe”.
Resumindo, lote nada mais
é do que terreno servido de
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Fundo de Investimento Imobiliário
Participação do Estado de São Pauloem Fundos de Investimento Imobiliário
Decreto nº 63.326, de 4 de abril de 2018 (DO-ESP 5.4.2018)
Ementa: Dispõe sobre a participação do Estado de São Paulo em Fundos de Investimento Imo-
biliário, conforme autorizado pelas Leis nº 16.338, de 14 de dezembro de 2016, e nº 16.499, de 21
de julho de 2017, atribui competências no âmbito da Administração estadual para tomada de deci-
sões sobre o assunto e dá providências correlatas GERALDO ALCKMIN, Governador do Estado de
São Paulo, no uso de suas atribuições legais, Decreta:
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
6 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
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Loteamento
infraestrutura mínima, sem
acessões erigidas sobre ele.Evidente que quando o con-
sumidor adquire um lote, nele
pretende erigir sua casa pró-pria.
Em caso de extinção
contratual, seja por resolução,resilição ou rescisão, surge a
questão sobre eventual inde-
nização dessas acessões, afi-nal o ordenamento jurídico vi-
gente veda o enriquecimento
sem causa, conforme se extraido artigo 884, do Código Civil.
Agora imaginemos uma
loteadora que possui alto índi-ce de inadimplência, cujos con-
tratos raramente são regis-trados na matrícula do imóvel
por parte dos promitentes
compradores.Não registrados no Cartó-
rio de Registro de Imóveis,
evidentemente que a loteado-ra não poderá se valer da re-
gra disposta no artigo 35 da
Lei nº 6.766/1979, que per-mite o cancelamento do con-
trato através de procedimen-
tos no Cartório Imobiliário.Sendo assim, as loteadoras
que sofrem com tais proble-
mas terão de obter pela reso-lução do contrato via proces-
so judicial de resolução
contratual cumulado com pe-dido de reintegração de pos-
se.
Resolvido o contrato por
sentença judicial transitadaem julgado, assim como nos
casos de promessa de venda
e compra de unidade autôno-ma fruto de incorporação imo-
biliária, fixar-se-á um percen-
tual de retenção em favor daloteadora, que poderá variar
de 10% a 50% do que foi
pago, dependendo caso leva-do aos Judiciários.
É cediço que o valor a ser
devolvido deverá ser em umaúnica parcela, conforme
Súmula 2 do Egrégio Tribunal
de Justiça de São Paulo:“Súmula 2: A devolução
das quantias pagas emcontrato de compromissode compra e venda de imó-vel deve ser feita de umasó vez, não se sujeitandoà forma de parcelamentoprevista para a aquisição.”
Se levada a questão das
acessões aos autos, o queevidentemente ocorrerá, ca-
berá a loteadora indenizar as
acessões, desde que regula-res. Dessa forma, terá de ser
apurado em liquidação de
sentença o valor das constru-ções e a regularidade das
mesmas.
Há o entendimento de quese a acessão for passível de
regularização, deverá ser in-
denizada. Tal consta no art. 34da Lei 6.766/1979.
“Art. 34. Em qualquercaso de rescisão porinadimplemento do adqui-rente, as benfeitorias ne-cessárias ou úteis por elelevadas a efeito no imóveldeverão ser indenizadas,sendo de nenhum efeitoqualquer disposição con-tra-tual em contrário.
72ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
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Loteamento
Parágrafo único - Nãoserão indenizadas asbenfeitorias feitas emdesconformidade com ocontrato ou com a lei.”
Em suma, a problemática
das loteadoras reside no fato
de terem de devolver vulto-sos valores para retomada de
um imóvel.
Pode-se argumentar quequando da retomada a
loteadora terá em seu imóvel
uma construção que tenha va-lorizado o lote. Em sentido
contrário, pode-se argumen-
tar que geralmente asloteadoras não optam por as-
sumir os riscos da empreita-da, afinal, seu objeto é unica-
mente a venda de terrenos
frutos de projeto de lotea-mento.
Outrossim, em se tratando
de loteadoras que sofrem coma alta inadimplência, dificil-
mente terá recursos para ar-
car com todos esses custos doprocesso.
O que se propõe nesse ar-
tigo, é que a jurisprudênciasaiba separar as peculiarida-
des dos contratos do compro-
misso de venda e compra. Afi-nal, cada qual tem sua legis-
lação própria, de modo que
nos casos que envolvam con-
tratos de compromisso de
venda e compra de lotes, sejaadmitido, ao menos, o
parcelamento do valor das
acessões indenizáveis, condi-cionando a reintegração de
posse ao pagamento da últi-
ma parcela.Caberá também às lote-
adoras adotarem mecanismos
preventivos para solução des-ses problemas. Cito aqui, a
mudança dos contratos pa-
drões, para que incluam pactoda garantia fiduciária prevista
na Lei nº 9.514/1997, agili-
zando a retomada dos imóveis.Deverão também exigir o
registro dos instrumentos de
promessa de venda e compra,afim de se resguardarem con-
tra demandas executivo-fis-
cais e possibi l itarem a
extinção do contrato por in-
termédio do Registro de Imó-veis. Devem também, diligen-
ciar no intuito de acompanhar
a realização de acessões emdesacordo com a lei munici-
pal e o projeto de loteamento.
Tudo isso contribuirá paraamenização dos problemas
oriundos da extinção dos con-
tratos por culpa do promitentecomprador inadimplente.
Ainda que as loteadoras não
tenham a mesma força que asincorporadoras, devem buscar
mecanismos que solucionem
os prejuízos ocasionados pelainadimplência, e, em se tratan-
do de ações judiciais procurar
diferenciar as peculiaridadesdos contratos, a fim de buscar
socorro por parte do Judiciá-
rio, quando prejudicada.
* O autor é advogado, em São Paulo/SP. Pós Graduando em Direito Imobiliário pela EPD.
8 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Compra e Venda
Como fazer um contrato de compra e venda, sendoa condição para compra a locação antecipada?
Um cliente vai comprar o imóvel, mas vai alugá-lo por 6 meses até quitar. O valor do imóvel é deR$ 880.000,00 e o sinal é de R$ 50.000,00, com duas parcelas intermediárias de R$ 250.000,00 eR$ 380.000,00.
Há um financiamento aprovado de R$ 200.000,00 (a ser liberado, em setembro de 2018).Inicialmente, pensamos em dois contratos, mas o que gerou uma grande preocupação é que
teria que ser solucionada colocando no contrato de compra e venda alguma cláusula que impedissea permanência do cliente no imóvel em caso de desistência, pois imaginem que o adquirente nãoconsiga pagar as parcelas intermediárias ou não consiga o financiamento bancário.
Perguntas: O que pode ser feito em relação à ocupação do imóvel?O contrato de locação daria oportunidade de continuar a exercer a posse do imóvel, sendo
necessário fazer uma ação de despejo, que não é o objetivo.O ideal seria fazer apenas o contrato de compra e venda, mas a condição para a compra é a
locação (eles pagariam inclusive o valor adiantado pelos seis meses), pois a mãe do cliente precisase instalar no imóvel.
BDI Responde: O contrato inicial não seria de escritura ou registro de compra e venda doimóvel, pois a transferência do domínio dependerá de fato futuro (aprovação do financiamento),tem-se então um contrato de compromisso ou intenção de compra e venda e outras avenças, taiscomo taxa de permanência no imóvel dos seis meses pretendidos até a efetiva transmissão dodomínio ao promitente comprador. Isso porque, a cobrança de seis meses de alugueis antecipados évedada pela Lei do Inquilinato, sem se olvidar que o contrato deve ser firmado sob a exegese doprincípio da boa-fé, sob pena de ser declarado nulo por simulação, nos termos do art. 167, do CódigoCivil/02.
92ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Compra e Venda
Retenção, pela vendedora, de 15% dasprestações pagas na compra de imóvel
frustrada pela não obtenção de financiamento,de responsabilidade dos compradores
Comentário do BDI: Trata-se de uma Ação de Revisão Contratual c/c Repetição de Indébito.
Compradoras e vendedoras celebraram compromisso de compra e venda de um imóvel em um
edifício, cujo objeto era a unidade 906.
As compradoras alegaram que as vendedoras as enganaram quando esconderam a respeito do
padrão de rendimento necessário para a obtenção de financiamento do imóvel que iriam adquirir
junto à instituição financeira, onde foi negado o financiamento.
Por isso, pediram a rescisão do contrato, a devolução integral dos valores que pagaram aos
vendedores, e que seja reconhecido o dano moral que passaram.
O Tribunal verificou que as próprias compradoras deram causa à rescisão contratual, sendo
inviável o reconhecimento de danos morais, já que no instrumento contratual firmado entre as
partes consta expressamente que é exclusivamente responsabilidade das compradoras fazer o fi-
nanciamento bancário para poder pagar as parcelas do valor do imóvel.
Assim, ficou declarada a rescisão contratual entre as partes, devendo as vendedores restituírem,
às compradoras, os valores devidamente pagos, sendo que foram retidos pelas vendedoras 15%
dos valores pagos pelas compradoras, que foram condenadas ao pagamento das custas processu-
ais.
Ementa: Apelação Cível - Compra e venda de imóvel Minha Casa, Minha Vida - Frustração na
obtenção de financiamento - Responsabilidade dos compradores - Inexistência de danos morais -
Retenção de 15% - Valor adimplido - Patamar admitido pelo Superior Tribunal de Justiça - Recurso
conhecido e desprovido. 1. Em que pese a narrativa dos recorrentes, não há dúvidas de que os
10 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Compra e Venda
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mesmos deram causa à rescisão contratual, já que no instrumento contratual firmado consta ex-
pressamente sua exclusiva responsabilidade pela aquisição de financiamento bancário para o
adimplemento de parcela do valor do imóvel. 2. As condições para o enquadramento no programa
minha casa, minha vida são públicas, presentes no sítio eletrônico da Caixa Econômica Federal,
razão pela qual não há nenhum respaldo para transferir às requeridas a responsabilidade pelo
fracasso na obtenção do financiamento. 3. Fixada a culpa dos próprios compradores, ora apelantes,
pelo desfazimento do negócio, inviável o reconhecimento de danos morais. 4. Quanto ao percentual
cuja retenção foi autorizada pela sentença a quo, ou seja, 15% (quinze por cento) do valor pago,
vale relembrar que a jurisprudência do c. STJ tem considerado razoável, em rescisão de contrato de
compra e venda de imóvel por culpa do comprador, que o percentual de retenção, pelo vendedor, de
parte das prestações pagas seja arbitrado entre 10% e 25%, conforme as circunstâncias de cada
caso, avaliando-se os prejuízos suportados. Precedentes. 5. Recurso conhecido e improvido.
Dados da Decisão: TJES – Apelação n° 0013137-62.2011.8.08.0035 - Relator: Fernando Estevam
Bravin Ruy - Relator substituto: Raimundo Siqueira Ribeiro - Data de Julgamento: 6.3.2018.
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
Hipoteca de Imóvel
Taxa de cancelamento de hipoteca nãopode ser repassada ao comprador ainda
que haja previsão em cláusula
Comentário do BDI: Trata-se de compromisso de compra e venda em que um imóvel foi hipo-
tecado pela construtora para o financiamento da obra.
A compradora argumentou que o imóvel já estava hipotecado.
Disse que a hipoteca foi firmada entre a construtora e o agente financeiro antes de adquirir o
112ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
imóvel, e que o dever é da construtora de pagar pela taxa de cancelamento da hipoteca.
Pediu a restituição do valor que pagou com as despesas cartorárias e para ser dada a baixa de tal
encargo.
A construtora se defendeu dizendo que de acordo com a cláusula 8ª do contrato, diz que todos
os impostos, tributos e quaisquer despesas decorrentes da transferência do imóvel, são de respon-
sabilidade e por conta exclusiva do promitente comprador.
O Tribunal verificou que a cláusula 8ª do contrato de compra e venda coloca o comprador em
posição de desvantagem excessiva, sob pena de ofender o disposto no art. 51, inciso IV do CDC.
“Art. 51, CDC: São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.”
Assim, foi declarada nula a cláusula e a vendedora foi condenada a restituir o valor que a com-
pradora pagou juntamente com a baixa da hipoteca, devendo referido valor ser corrigido monetari-
amente, e acrescido de juros de mora de 1% ao mês, bem como as custas processuais.
Ementa: Apelação Cível. Compra e Venda de Imóvel. Compradora que teve que anuir com a
taxa de cancelamento de hipoteca instituída pela promitente vendedora ao seu agente financeiro.
Pleito de ressarcimento. Improcedência. Inconformismo. A hipoteca, na condição de garantia real
sobre direito alheio, é instrumento que o empreendedor lança mão para financiar a obra, represen-
tando custo exclusivo que não pode ser repassado ao comprador, ainda que haja previsão contratual
expressa. Inexistência de benefício direto ao consumidor. Incompatibilidade com a previsão do
artigo 51, inciso IV do CDC. Mitigação da máxima pacta sunt servanda que se impõe, com consequente
declaração de nulidade da cláusula abusiva. Afronta aos ditames da boa-fé objetiva na relação
contratual. Sentença reformada. Recurso provido.
Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 20180000161409 – Relator: Rodolfo Pellizari – Data do
julgamento: 12.3.2018
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
Hipoteca de Imóvel
12 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Locação
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Quem é responsável em pagar pelasbenfeitorias no contrato de locação?
Paloma Pricila*
Antes de adentrar no méri-to da questão é imprescindível
esclarecer o que são as benfei-torias e os tipos de benfeitoriasexistentes no nosso ordena-
mento jurídico previstos na Lei
do Inquilinato e no Código Ci-vil.
As benfeitorias são os acrés-
cimos ou melhoramentos feitosno imóvel por meio da ação do
LOCADOR ou do LOCATÁRIO.
Sendo elas dividas em três ti-pos:
Benfeitorias necessáriasque tem como finalidade a con-servação do bem para que o
mesmo não deteriore;
Benfeitorias úteis que sãorealizadas para facilitar o uso
do bem, ou até mesmo aumen-
tar o imóvel;Benfeitorias voluptuárias
tidas como mero deleite ou re-
creio, tornando o bem maisagradável e de com um alto
valor.
Neste diapasão, revela-seextremamente importante o in-
quilino atentar para as diferen-
ças das benfeitorias, com o ob-jetivo de garantir seus direitos,
principalmente no momento
em que for realizar a assinatu-ra do contrato.
Agora vejamos atentamen-
te que a Lei de Inquilinato, emseu artigo 35, aduz que as
benfeitorias necessárias intro-
duzidas pelo locatário, aindaque não autorizadas pelo loca-
dor, bem como as úteis, desde
que autorizadas, serãoindenizáveis e permitem o
exercício do direito de reten-ção, salvo disposição em con-trário no contrato de locação.
O nosso Código Civil aduz
em seu Artigo 578, que:“Salvo disposição em con-
trário, o LOCATÁRIO goza do
direito de retenção, no caso debenfeitorias necessárias, ou no
de benfeitorias úteis, se estas
houverem sido feitas com ex-presso consentimento do LO-
CADOR.”
Portanto, pode observar queo artigo colacionado acima tan-
to da Lei do Inquilinato, quan-
to do Código Civil asseveramque é legal o LOCADOR e LO-
CATÁRIO pactuarem no contra-
132ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Locação
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to de locação sobre a respon-sabilidade do pagamento quan-
to às benfeitorias, bem como o
direito de retenção, onde é pos-sível o LOCATÁRIO dispensar o
seu direito.
Ademais, corroborando como posicionamento doutrinário,
o STJ já pacificou o assunto na
Súmula 335 dispondo que:“Nos contratos de locação,
é válida a cláusula de renúncia
à indenização das benfeitoriase ao direito de retenção.”
Sendo assim para evitar de-
sentendimentos, é fundamen-tal que estejam no contrato clá-
usulas específicas sobre as
benfeitorias.Entretanto, é importante
também constar no contrato o
valor a ser debitado do aluguelem casos em que esteja pre-
visto no contrato esse abati-
mento. Ou seja, o valor a serdebitado do aluguel via de re-
gra, não poderá ultrapassar
30% (trinta por cento) daquantia paga pelo aluguel men-
sal.
No que condiz sobre asbenfeitorias voluptuárias o ar-
tigo 36 da Lei de inquilinato traz
que tais benfeitorias não sãoindenizadas pelo LOCADOR.
Porém, é possível o locatário
retirá-las ao fim do contrato,
desde que não provoque danosà estrutura.
A título de esclarecimento,
é importante ressaltar que anossa Lei do Inquilinato, em
seu artigo 26 diz que: “Neces-
sitando o imóvel de reparos ur-gentes, cuja realização incum-
ba ao LOCADOR, o LOCATÁRIO
é obrigado a consenti-los”.Desta feita, resta claro que
quanto aos reparos estruturais,
tidos também como benfeito-rias necessárias, a responsabi-
lidade é do LOCADOR.
A Lei do Inquilinato, em seuartigo 22, I, IV e V, atribui obri-
gações ao LOCADOR quanto às
benfeitorias e ao bom estadode servir a que se destina o
imóvel alugado, impondo ain-
da a possibilidade de respon-
der pelos vícios e defeitos an-
teriores a locação.
Sendo assim, as benfeitoriasdispostas nos artigos 22 e 26
da Lei de Inquilinato, ou seja,
aquelas que são de responsa-bilidade do LOCADOR, caso
esse não as execute, a Lei não
o exime de suas reais obriga-ções, podendo futuramente in-
clusive o LOCATÁRIO ingressar
com ações pertinentes para oressarcimento de perdas e da-
nos ocasionados pelo mau de-
sempenho do imóvel.Insta salientar que LOCA-
DOR e LOCATÁRIO tenham
ciência que deverá estar cele-brado no contrato todas as clá-
usulas contendo os direitos e
deveres de cada um e espe-cificadas quanto à responsabi-
lidade e à forma de pagamen-
to sobre as benfeitorias.
* A autora é advogada, em Belo Horizonte/MG. Atua prestando consultoria e assessoria
jurídica na área civil, trabalhista, imobiliária.
14 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Locação
Locatária não comprova que realizou as transferênciasdo valor do aluguel para a conta do filho do locador
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de despejo cumulada com a cobrança de aluguéispor falta de pagamento.
Locadores e locatária firmaram Contrato de Locação de um imóvel para fins não residenciais,
com valor mensal de R$ 1.350,00, conforme se extrai das cláusulas contratuais terceira, quarta equinta.
A locatária deixou de pagar os aluguéis por seis meses. Ressaltou que em comum acordo com os
locadores efetuou depósitos na conta corrente do filho dos mesmos, mediante transferência. Alegouainda, que não pediu a rescisão contratual e que os cálculos apresentados pelos locadores não
estão discriminados legalmente para se chegar ao valor de R$ 10.190,48.
O Tribunal verificou que as transferências, supostamente realizadas em nome do filho do locador,foram realizadas em meados do ano de 2009, portanto, não se referem às cobranças de março/
2010 a agosto/2010, haja vista que não consta a comprovação efetiva das transferências, nem
tampouco a data que se dariam as tais transferências. Assim, não há o que se falar em comprovan-tes de pagamentos, conforme alegado pela locatária.
A falta de pagamento dos aluguéis é o meio legal que se utiliza o locador para dissolver o
contrato e obter a restituição do imóvel locado, que poderá ocorrer nas seguintes hipóteses: faltade interesse na locação ou inadimplemento por parte do locatário, conforme se verifica no art. 5º da
Lei do Inquilinato: “Seja qual for o fundamento do término da locação, a ação do locador para
reaver o imóvel é a de despejo”.Portanto, ficou decretado o despejo, a rescisão contratual entre as partes, condenando a locatá-
ria ao pagamento dos aluguéis vencidos e vincendos até a data de desocupação do imóvel e demais
acessórios da locação (IPTU, referente aos exercícios de 2009 e de janeiro/2010 até agosto/2010).Ementa: Lei do Inquilinato. Apelação Cível. Locação não residencial. Ação de despejo por falta
de pagamento c/c cobrança. Inadimplemento admitido em parte. Alegação de inconsistência no
valor cobrado. Ônus da prova. Ausência de comprovação inequívoca dos pagamentos supostamenteefetivados. Apelação Cível conhecida e improvida. Sentença mantida.
Dados da Decisão: TJCE – Apelação nº 0466124-06.2010.8.06.0001 – Relatora: Helena Lúcia
Soares – Data do julgamento: 6.2.2018Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
152ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Locação
Nulidade do contrato de parceria,pela venda da firma, por sócio
locatário inadimplente e não proprietário
Comentário do BDI: Trata-se de ação de conhecimento cumulada com danos materiais.
Foi firmada a parceria comercial entre locatários (1° locatário e 2º locatário), para a instalação
de um engenho publicitário, em imóvel locado, cabendo a cada um a proporção de 50% (uma facepara cada), o pagamento das despesas relativas à energia elétrica e à locação na mesma propor-
ção.
Acontece que o 1° locatário vendeu o engenho publicitário em sua totalidade a um terceiro,conforme contrato, argumentando ser impossível manter todas as despesas do contrato celebrado
anteriormente.
O 2º locatário pediu a nulidade do contrato de compra e venda, que o 1º locatário fez com esseterceiro e a condenação ao pagamento de indenizações.
Declarou que o 1° locatário não podia ter vendido as duas faces do engenho publicitário, pois ele
também é dono. Sustentou que, em razão da venda, deixou de receber a quantia que pactuou nocontrato de sublocação anual que estabeleceu, tendo desembolsado o valor referente à multa rescisória
do referido contrato.
O Tribunal verificou que de acordo com o depoimento do proprietário do imóvel, onde foi construídoo engenho publicitário e das alegações e documentos, de fato houve o descumprimento das obriga-
ções assumidas no contrato de parceria comercial.
Portanto, o negócio jurídico foi anulado pelo fato do 1° locatário que preferiu agir de acordo comas suas razões, não ter desfeito o contrato comercial com o 2° locatário e que a venda não poderia
ser feita sem o consentimento do seu parceiro comercial.
Por consequência da nulidade do negócio jurídico, o 1° locatário foi condenado ao pagamentodas indenizações oriundas da ilícita venda do engenho publicitário e também a pagar a quantia que
o 2° locatário deixou de receber com a sublocação, referente à sua face e ao valor desembolsado
por ele com a rescisão deste contrato.Ementa: Apelação Cível. Ação de conhecimento c/c danos materiais. Contrato de parceria co-
mercial. Construção de engenho publicitário em imóvel locado. Propriedade na proporção de 50%
para cada parte. Despesas divididas igualmente. Inadimplência do autor relativa ao aluguel doimóvel. Necessidade de rescisão contratual pela via judicial. Alienação da totalidade do bem pela ré.
Venda a non domino. Nulidade. Alegação do exceção do contrato não cumprido afastada. Sentença
mantida. 1. O art. 475 do Código Civil permite que a parte lesada pelo inadimplemento peça aresolução do contrato, caso não prefira exigir-lhe o cumprimento, cabendo, ainda, eventuais inde-
nizações por perdas e danos. 2. Mesmo diante do descumprimento contratual do autor, caracteriza-
do pelo acúmulo de débitos de sua responsabilidade, o desfazimento do negócio (contrato de par-ceria comercial) exigia o pronunciamento judicial, o que não ocorreu. Assim, a venda, pela requerida,
do engenho publicitário adquirido por ambas as partes dependia do consentimento do autor, tendo
16 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Locação
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O contrato de locação no registro de imóveis: aproteção de alguns direitos do locatário
Parte II - Final
Eduardo Vasconcelos de Moraes*
em vista ser proprietário da metade do bem. 3. A venda realizada por quem não é proprietário dobem ou legítimo representante da coisa configura venda a non domino, que acarreta a nulidade do
negócio jurídico. 4. Na hipótese, a alegação de exceção do contrato não cumprido (art. 476, CC)
poderia ser invocada apenas para negar o direito de preferência de compra ao autor, mas não parapermitir a alienação do bem sem o seu consentimento. 5. Recurso desprovido.
Dados da Decisão: TJDF – Apelação n° 1079652 – Relator: Silva Lemos - Data do julgamento:
28.2.2018Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
Lembrando que o contratode locação deverá estaraverbado na matrícula do imó-vel pelo menos 30 dias antesda realização da alienação.Portanto, se o locatário preten-de se valer do direito de pre-ferência, opondo-o contra to-dos, é aconselhável que já leveo contrato ao Registro de Imó-veis, averbando-o na matrículadesde o momento em que for-malmente celebrado.
Como se pode observar, oexercício do direito de prefe-rência pode ser uma soluçãopara o caso posto no iníciodesse texto. Contudo, não pa-rece ser uma opção muitoacessível a todos, uma vezque para ser de fato exercido
é preciso possuir à disposiçãoo preço do imóvel e os custosda transferência para queviabilizasse a aquisição dobem. Entretanto, a vantagemdo direito de preferência éque, uma vez exercido, solu-ciona o problema definitiva-mente.
Por outro lado, existe umasolução diversa, que seria ainclusão de uma cláusula ex-pressa de vigência no contra-to de locação.
A cláusula de vigência,como o próprio nome diz, temo objetivo de garantir que ocontrato seja cumprido até ofinal do prazo acordado entreos contratantes.
Nas palavras do professor
Luiz Guilherme Loureiro4, “tra-ta de uma das raras hipótesesde registro de direito pessoalno Registro de Imóveis” (LOU-REIRO, p. 932). O juriscon-sulto segue o magistério dizen-do que “tal norma tem por fi-nalidade alertar os interessa-dos em adquirir o imóvel deque, caso venham a adquirir apropriedade, deverão respei-tar o prazo da locação” (LOU-REIRO, p. 933).
Portanto, uma vez existen-te a cláusula de vigência nocontrato de locação, esse po-derá ser registrado na matrí-cula do imóvel — ao contráriodo direito de preferência quedeve ser averbado.
A previsão legal para o re-
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172ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
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gistro do contrato encontra-seno artigo 167 da Lei 6.015/73,mais especificamente no incisoI, item 3, assim redigido:
“Art. 167 - No Registro deImóveis, além da matrícula,serão feitos.
[...]I - o registro:[...]3) dos contratos de locação
de prédios, nos quais tenhasido consignada cláusula de vi-gência no caso de alienação dacoisa locada;”
Uma observação se faz ne-cessária. Obviamente, se a fi-nalidade de levar o contrato aregistro na matrícula do bemé a garantia do tempo de vi-gência, não é possível,inexoravelmente, que o con-trato seja por tempo indeter-minado. É no mínimo contra-ditório. Também não é possí-vel o registro para fins de vi-gência dos contratos que já ti-veram a prorrogação do prazoinicialmente acertado.
Ora, essa segunda opção éaparentemente mais viável doque a primeira no que diz res-peito à questão financeira.Contudo, trata-se de uma so-lução passageira e que nãoimpede a aquisição do bem porterceiro, mas apenas forçaeste a respeitar o contrato fir-
mado com o proprietário an-terior.
Essa cláusula tem maior im-pacto para o adquirente, es-pecialmente se for um empre-endedor que busque erigir umempreendimento imobiliário —como no caso proposto no topodo texto —, uma vez quecondicionará o início da reali-zação do projeto ao término docontrato de locação levado àregistro.
Para o locatário, apesar denão ser uma solução definiti-va, ainda assim protege a von-tade das partes traduzida naminuta contratual firmada,além de garantir o cumprimen-to do prazo acordado possibi-litando a procura de outro imó-vel para morar.
Assim, conclui-se que umdireito pessoal, excepcional-mente, toma forma de direi-tos reais quando levado a re-gistro ou averbação — a de-pender do caso — na matrícu-
la do imóvel, passando a seroponível contra todos, prote-gendo, dessa forma, importan-tes direitos do locatário frenteà aquisição por terceiros doimóvel objeto da locação.
Seja por meio do direito depreferência, que concede aolocatário a chance de adquiriro imóvel pelo mesmo preçopago pelo terceiro adquirente;seja pela cláusula de vigência,que assegura o cumprimentointegral do prazo acordado noinstrumento de locação, pro-porcionando tempo relativa-mente suficiente para que olocatário consiga nova mora-dia. De uma forma ou de ou-tra, é preciso estar sempreatento às estipulações contra-tuais para garantia dos direi-tos.
NOTA4. LOUREIRO, Luiz Guilher-
me. Registros Públicos: Teoriae prática. 8ª edição. Salvador,Editora Juspodivm: 2017.
Locação
* O autor é Advogado Imobiliário e Cível, em São Paulo e Pernambuco.
192ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Locação
Pode se cobrar taxa para realizar atransferência de um novo contrato
É comum, na administração de carteiras de locação, locatários solicitarem transferências do
contrato de locação para terceiros. Nessa transferência há nova análise de cadastro dos locatários
cessionários e seus fiadores, bem como há a confecção de termo aditivo de transferência, tudo com
a autorização do locador. Nesses casos, não há a cobrança de taxa de contrato (taxa cobrada em
locações novas, pela análise do cadastro e confecção do contrato), do locador/proprietário, pois não
há nova locação, apenas a transferência.
Pergunta: É possível cobrar dos novos locatários ou dos a antigos a taxa de contrato para a
realização dessa transferência?
BDI Responde: A Lei de Locação estabelece que é obrigação do locador pagar as taxas de
administração imobiliária e de intermediações, nestas compreendidas as despesas necessárias à
aferição da idoneidade do pretendente ou de seu fiador, bem como a análise do cadastro e confec-
ção do contrato. Portanto, é plenamente possível este tipo de cobrança.
20 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
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Locação
Como extinguir condomínio de imóvel rural
Anna Luiza Rodrigues Guimaraes*
Configura condomínio
quando a propriedade perten-
ce a duas ou mais pessoas,
atribuindo-se a cada condô-
mino uma parte ou fração ide-
al da mesma coisa.
A grande maioria dos con-
domínios em imóveis rurais
ocorrem em razão do recebi-
mento de herança, pois ao re-
gistrarem o formal de partilha,
mantêm o imóvel em comum.
A propriedade comum, co-
munhão, copropriedade ou
compropriedade é uma situa-
Condomínio
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Cobrança de cinco alugueis porquebra de contrato, é legal?
Pergunta: Pode-se cobrar, pela quebra de contrato, uma multa de cinco alugueis ou só pode três
como de praxe no mercado?
BDI Responde: A Lei Civil diz que o valor da multa imposta na cláusula penal não pode exceder
ao da obrigação principal. Porém, a cobrança de cinco alugueis não é razoável nos termos da Lei de
Locação, que estabelece, ainda, que a cobrança da multa deve ser proporcional ao período de
cumprimento do contrato.
212ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
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Condomínioção frequentemente geradora
de desentendimentos e litígi-
os entre os titulares, de forma
a se fazer necessária a regu-
larização da propriedade exclu-
siva.
Importante esclarecer a di-
ferença entre o condomínio
“pro indiviso” onde o imóvel
por inteiro é utilizado por to-
dos os condôminos, não ha-
vendo a localização exata de
cada um deles; e do condomí-
nio “pro diviso” onde já existe
uma situação consolidada de
forma que a fração ideal de
cada condômino já se encon-
tra localizada podendo estar
separada por cercas ou muros.
Através da leitura da matrícu-
la é possível facilmente
depreender de qual tipo de
condomínio se trata.
Diante da necessidade de
extinguir a situação condo-
minial “pro diviso” é possível
proceder extrajudi-cialmente
através da estremação.
De acordo com o Provimen-
to nº 260/CGJ/2013, da
Corregedoria-Geral de Justiça,
do Estado de Minas Gerais, no
condomínio rural em que apre-
sente situação consolidada e
localizada, ou seja, já ocorreu
a delimitação no espaço onde
o condômino ocupa (pro divi-
so), será possível a regulari-
zação de frações com a com-
petente abertura de matrícula
autônoma, desde que respei-
tada a fração mínima de
parcelamento.
A grande vantagem da
estremação é que não será ne-
cessária a anuência de todos
os condôminos, mas tão so-
mente daqueles que confinam
com a parte onde o requeren-
te está localizado.
Ainda segundo o provimen-
to acima citado, em seu art.
1.012, § 1º, o período de 5
(cinco) anos de condomínio
(pro diviso) deverá ser com-
provado pelo requerente para
as situações ocorridas até a vi-
gência do Provimento, e o pe-
ríodo de 10 (dez) anos em con-
domínio (pro diviso) para as si-
tuações consolidadas após a
vigência do Provimento nº 26
0/CGJ/2013.
A estremação é realizada
através da lavratura de escri-
tura pública, onde o oficial de
registro localizará a gleba, la-
vrando o registro, restando
aberta a matrícula do imóvel
individuado. Caso seja neces-
sário poderá ocorrer a estre-
mação juntamente com a re-
tificação de área o que ocor-
rerá em ato contínuo.
A ação de divisão e a escri-
tura pública de divisão também
poderão ser utilizadas para
este fim, respeitadas as parti-
cularidades do caso em análi-
se.
Referências:
SCAVONE JUNIOR, Luiz An-
tonio. Direito Imobiliário – Te-
oria e prática – 12ª ed. – ver.
atual. e ampl. – Rio de Janei-
ro: Forense. 2017.
Corregedoria-Geral de Jus-
tiça do Estado de Minas Ge-
rais. Provimento nº 260, de 18
de outubro de 2013.
* A autora é Advogada, em Salinas/MG. Pós-graduanda em Direito Registral Imobiliário pela
PUC-MINAS. Cursando MBA em Direito Empresarial pela FGV. Consolidada experiência em Direi-
to Imobiliário: due diligence, análise de matrículas, aprovação e registro de loteamentos,desmembramentos, instituição de condomínios, regularização de imóveis, divisão amigável,
etc. Experiência em inventários judicial e extrajudicial. Facilidade na elaboração de peças, arti-
gos e teses jurídicas.
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22 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Condomínio
Condômino furtado não comprova a responsabilidadedo condomínio e nem da empresa de segurança
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação indenizatória por danos materiais e morais, na
qual o condômino alegou o furto de sua motocicleta, de uma carreta com jet ski, carteira de arrais
amador e título de propriedade, além do prejuízo do muro quebrado pelos ladrões, que romperamo cadeado, deixando o local com os objetos pela abertura que fizeram no muro do imóvel.
O condômino disse que a responsabilidade pelo furto é do condomínio e da empresa de segu-
rança.A empresa de segurança se defendeu dizendo que não tem como visualizar os fundos das casas
do condomínio, pois foi pela parte de trás que os ladrões derrubaram o muro e furtaram os
objetos.O Tribunal verificou que diante de expresso regramento na convenção condominial, que cujos
dispositivos foram especificados pelos próprios condôminos, não há como obrigar o condomínio a
indenizar o condômino pelos danos.A responsabilidade da empresa de segurança apenas se dá quando há comprovada negligência
ou imperícia.
Portanto, não há o menor indício de que o furto ocorreu por negligência.A falta de visibilidade do local pelo vigia e o fato de que não foi possível ouvir a queda do muro,
demonstram que não houve falha ou inadequação na prestação do serviço da empresa de segu-
rança contratada pelo condomínio.Por fim, não houve culpa demonstrada nem pelo condomínio nem pela empresa de segurança.
Ementa: Condomínio em edifício. Direitos e deveres do condômino. Furto de bens no imóvel
dos autores. Indevida indenização material ou moral. Previsão expressa na convenção e regimen-to interno da exclusão desta obrigação. Culpa não demonstrada, tanto do condomínio quanto da
empresa de segurança contratada. Obrigação de meio. Precedentes. Recurso não provido.
Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 1001206-90.2017.8.26.0566 – Relator: Alfredo Attié– Data do julgamento: 8.3.2018.
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
232ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Condomínio
Condomínio com edificação antiga foi obrigado arealizar obras de infraestrutura necessárias para aacessibilidade de portadores de deficiência física
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de obrigação de fazer com pedido de indenização pordanos morais, movida por condôminos contra um condomínio.
As condôminas, que são portadoras de deficiência física, pediram para que fossem feitas algumasmudanças no condomínio onde moram para:
1) definir a vaga de garagem que atenda aos critério legais de acessibilidade; 2) rebaixar osaparelhos de comunicação interna à altura compatível com a utilização por cadeirantes; 3) promovero auxílio humano às condôminas no caso de ingresso pelas portas centrais de vidro; 4) construirrampa de acesso para ingresso na entrada do edifício. E também condenar ao pagamento de R$10.000,00, a título de danos morais, pela negligência da síndica e do condomínio.
O condomínio se defendeu e disse que sempre buscou atender os interesses das moradoras quepossuem mobilidade reduzida, mas que, por questões financeiras internas, não conseguiu concretizaras melhorias. Pediram pelo afastamento da indenização por danos morais e sustentaram ser impos-sível o cumprimento no que refere-se às vagas de garagem, sem que seja concedido prazo para arealização de Assembleia Geral, pois o prédio é antigo, não havendo estrutura física suficiente paraalargar o tamanho das vagas ali existentes.
O Tribunal verificou que o condomínio tomou as medidas de rebaixar os interfones, a determinaçãopara que os funcionários promovam auxílio às condôminas para ingressarem pelas portas centrais devidro e o agendamento de Assembleia Geral para a contratação de uma empresa que será responsá-vel pela construção da rampa de acesso.
Além do condomínio não apresentar edificações compatíveis com a legislação vigente - mesmo queseja uma edificação antiga (construção dos anos de 1990) - o que se percebe é que houve negligên-cia e indiferença com as condôminas. Isso porque, mesmo após a procura por mudanças, a síndicasequer permitiu que os funcionários do prédio auxiliassem as condôminas, ao argumento de que seria“um desvio de função”. Referido auxílio era prestado pelos funcionários nas gestões anteriores, o queindica que tal proibição configura má fé, ou até mesmo “perseguição” por parte da síndica.
Portanto, foi concedida a prolongação do prazo para a realização e redefinição das obras na gara-gem do condomínio que atendam aos critérios legais de acessibilidade. Condenou o condomínio apagar R$ 10.000,00, pelos danos morais que as condôminas sofreram, bem como, ao pagamento dascustas processuais.
Ementa: Apelação. Ação de obrigação de fazer cumulada com danos morais - Condomínio edilício- Moradoras portadoras de deficiência - Ausência de acessibilidade - Danos morais configurados -Vagas de garagem - Dilação de prazo para realização das obras no local - O Estatuto da Pessoa comDeficiência prevê que as regras de acessibilidade se aplicam às edificações já existentes rampa deacesso, porta de vidro, rebaixamento dos interfones, vagas de garagem; - Dano moral configurado:negligência da síndica e do condomínio para com as autoras, pois mesmo após pedidos de auxílio emudanças internas, as medidas não foram feitas, além de ter sido negado auxílio dos funcionários; -
24 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Dilação do prazo para realização das obras na garagem do condomínio. Recurso parcialmente provido.Dados da Decisão: TJSP – Apelação n° 1021847-76.2016.8.26.0003 – Relator: Maria Lúcia Pizzotti
– Data do julgamento: 28.2.2018Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
Condomínio
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Obras em condomínio: De quem é a culpa?
Kênio de Souza Pereira*
A realização de obras nosedifícios é sempre um assunto
que acarreta grande preocupa-ção, especificamente em rela-
ção à sua segurança e os pos-
síveis danos que os operáriospodem causar às unidades e
às pessoas que ali transitam
ou residem. Quando as obrassão realizadas nas áreas co-
muns, o síndico não tem livre
arbítrio para fazê-las de acor-do com a sua conveniência,
haja vista que este tem o de-
ver de agir com prudência ebom senso, mediante prévia
aprovação da assembleia. No
caso de realização de obrasmais expressivas é indicado
que o condomínio nomeie uma
comissão de obras para acom-panhamento desde a fase dos
orçamentos, elaboração de
contrato de prestação de ser-
viços até a execução e a pres-tação de contas.
Em grande parte dos casos,
as pessoas que exercem a fun-ção de síndico não dominam
as questões jurídicas e de co-
nhecimento técnico paraacompanhar a realização de
obras, e, por isso, ele não pode
ser responsabilizado por falhase má execução das obras
quando não lhe é permitido
contratar uma assessoria jurí-dica e de engenharia compe-
tente. O síndico é um mero
representante do condomínio,sendo que somente quando ele
age de maneira negligente,
imprudente ou com imperíciaé possível lhe imputar alguma
responsabilidade ou cobrançapelos danos. Por isso, ele tem
o direito de contratar especia-
listas para assessorá-lo, poissomente assim terá seguran-
ça para não cometer erros.
Comissão de obras dividea responsabilidade
É natural que a estrutura
dos edifícios sofra desgastescom o passar dos anos, sendo
fundamental que os condô-
minos se conscientizem sobrea necessidade de executar re-
formas, inclusive preventivas,
para evitar que o bem se de-teriore, a ponto de gerar da-
nos e conflitos entre os vizi-
nhos. Para que o síndico nãoseja sobrecarregado, é reco-
mendável que a assembleia
aprove uma comissão de obras
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252ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
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composta por pessoas que te-
nham noção ou experiência,podendo ser escolhido prefe-
rencialmente, entre os condô-
minos, os engenheiros, arqui-tetos, construtores, advoga-
dos, pois logicamente terão
mais conhecimento do proble-ma do que uma pessoa leiga.
Ao contratar uma empresa
para executar a obra, o síndi-co e a comissão deverão veri-
ficar a idoneidade desta, sen-
do prudente obter referênciasde outros trabalhos já realiza-
dos em outros prédios. É im-
portante que o Condomíniotenha a assessoria de um en-
genheiro para acompanhartanto a fase de negociação da
proposta, orçamento, obras a
serem a executadas, quanto afase de execução, fiscalização
e medição da obra.
Condomínio devecontratar assessoria
à parteO Condomínio deve se ater
sobre o contrato a ser firmado
para realização dos serviços,
posto que este é de suma im-portância para resguardar to-
dos os direitos do contratan-
te. Geralmente, os contratos
são elaborados pela prestadora
de serviços que domina o as-sunto e, por isso, o Condomí-
nio deve ter uma assessoria
jurídica para a revisão desteinstrumento, pois obviamente
o contrato padrão da constru-
tora ou prestador de serviçosprotege em especial os inte-
resses da empresa contratada.
Outro ponto que deve ser ob-servado na formalização da
contratação é a elaboração do
cronograma de obras, no qualdevem ser especificadas todas
as etapas prazos para a res-
pectiva execução.Muitos problemas e prejuí-
zos são evitados com a revi-são profissional do contrato de
prestação de serviços, pois o
advogado do condomínio inse-re cláusulas que reduzem o ris-
co e protegem o condomínio
das costumeiras manobras quevisam aumentar o valor da
obra após iniciada.
Síndico e condôminosdevem ser unidos
Os condôminos devem ser
participativos nos procedimen-tos de realização de obras no
edifício, pois deixar para recla-
mar posteriormente não é o
mais indicado. Há casos em
que os condôminos não parti-cipam das assembleias e das
deliberações, pois fazem ques-
tão de não se manifestar. To-davia, essa postura não afas-
ta a sua responsabilidade e
não lhe dá o direito de futura-mente fazer críticas contra as
obras realizadas por quem teve
interesse em tomar providên-cias.
O síndico é civilmente res-
ponsabilizado somente noscasos em que age com negli-
gência, imprudência ou omis-
são. Deve-se ponderar que osíndico, no momento que as-
sume suas funções junto aocondomínio, por muitas vezes,
desconhece a real dimensão de
suas atribuições, bem comoqual a sua responsabilidade
diante de fatos ilícitos ou aci-
dentes que venham a aconte-cer no âmbito do condomínio.
Por essa razão, ele tem o di-
reito de contratar consultoriaprévia que deverá ser paga
pelo condomínio, pois os de-
mais condôminos não podemexigir que o síndico assuma
riscos nos casos que se exige
conhecimento especializado.
*O autor é Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG. Conselheiro da Câmarado Mercado Imobiliário de MG e do Secovi-MG. Professor da pós-graduação da Escola Superior
de Advocacia da OAB-MG (ESA-OAB). Diretor da Caixa Imobiliária Netimóveis.
Condomínio
26 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Assuntos Cartorários
Cobrança de emolumentos devários imóveis na mesma escritura
Tenho uma transação imobiliária a fazer de dez terrenos urbanos, no valor de R$ 80.000,00,
totalizando um valor de R$ 800.000,00. Vou fazer somente uma escritura no tabelionato.Pergunta. Qual é o valor dos emolumentos? Deverá ser sobre o valor total de uma única escri-
tura ou o tabelião tem o direito de cobrar individualmente cada imóvel com a sua respectiva matrí-
cula?
BDI Responde: O valor dos emolumentos na Escritura de Compra e Venda de vários imóveis em
uma única escritura, dependerá da previsão na tabela de custas e de emolumentos de cada estadoda federação.
Na tabela de emolumentos do seu estado, Rio Grande do Sul, diz:
“OBS. 1 – Nas escrituras de transmissão de bens (imóveis e/ou móveis), de partilha amigável ede constituição de incorporação imobiliária ou de outra natureza, os emolumentos serão calculados
sobre o valor de cada bem e cobrados sobre:
a) o valor da avaliação fiscal de cada imóvel, na transmissão de bens imóveis e de partilhaamigável;
b) o preço ou valor monetário declarado pelas partes da transação ou negócio jurídico, nas
demais escrituras”.Veja as seguintes matérias publicadas nos BDI’s:1 – BDI nº 22 - ano: 1998 - Assuntos Cartorários - Vanderlei Alves da Silva: Condensação de
vários negócios jurídicos em um único instrumento.2 – BDI nº 21 - ano: 2010 - Assuntos Cartorários: Emolumentos cartorários – Cumulação pela
prática de mais de um ato na mesma escritura – Ausência de previsão legal – Princípio da legalidade
– (STJ).
272ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Assuntos Cartorários
Registro de partilha quandoo “de cujus” não possui CPF
Há um formal de Partilha Judicial, feito no ano de 1990, no qual o “de cujus” não tinha CPF,
encaminhado somente nesta data para o Registro de Imóveis, que recusou o registro pelo fato do
“de cujus” não possuir o CPF.
O interessado foi na Receita Federal, que informou que somente efetuará o cadastro (CPF do
falecido), se o Registro de Imóveis fizer um requerimento pedindo à Receita Federal esta providên-
cia;
Fui ao Registro de Imóveis que informou que não faz este tipo de requerimento, sugerindo que
eu faça um pedido judicial, o herdeiro levou à Receita, a nota de devolução do cartório de registro,
onde consta esta exigência, e de nada adiantou.
Pergunta: Qual o procedimento a adotar?
BDI Responde: No site da Receita: http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientação/tributaria/
declaracoes-e-demonstrativos/doi declaracao-sobre-operacoes-imobiliarias/perguntas-e-respostas.
Na parte “Perguntas e Respostas”, diz o procedimento a ser feito no caso de “Espólio sem CPF”
Perguntas e Respostas nº 71 e 72:
“71 – Nos casos de espólio, quando o “de cujus” não possuir número de inscrição no CPF, deve-
se informar na DOI o número de inscrição no CPF do inventariante, meeiro ou herdeiro?
R: Não. O interessado deve procurar uma unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil
para solicitar a inscrição no CPF do falecido. Para saber a documentação necessária a ser apresen-
tada acesse o sítio da RFB, opção “Serviços para o Cidadão”, “Cadastros”, “Inscrição no CPF”.
72 – Como preencher a DOI se os transmitentes, numa operação realizada em decorrência de
adjudicação compulsória, de acordo com o título anterior não possuem número de inscrição no CPF,
pois adquiriram o imóvel por herança em 1956, sendo que à época não era exigida qualificação das
partes, o que passou a ser em 1976, por força do art. 176 da Lei nº 6.015, de 1973?
R: O interessado deve procurar uma Unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil para
solicitar a inscrição do falecido. Para saber a documentação necessária a ser apresentada acesse o
sítio da RFB (http://www.receita.fazenda.gov.br, opção “Serviços para o Cidadão”, “Cadastros”,
“Inscrição no CPF”).”
28 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Assuntos Cartorários
Se por qualquer razão não seja possível realizar a inscrição no CPF, a outra saída será propor
uma ação judicial para a obtenção do CPF, existe ainda a possibilidade do registro de escritura sem
CPF do vendedor, conforme acordão abaixo:
“Tribunal de Justiça de São Paulo, Conselho Superior da Magistratura:
Carta de Adjudicação. Promitente vendedor – falecimento. CPF/MF – ausência. Registro – possi-
bilidade. Especialidade Subjetiva – flexibilização.
Princípio da Especialidade Subjetiva pode ser flexibilizado quando for impossível o cumprimento
de exigência pelo interessado. O Conselho Superior da Magistratura do Estado de São Paulo (CSMSP)
julgou a Apelação Cível nº 0039080-79.2011.8.26.0100, onde se afastou a exigência da apresenta-
ção de CPF/MF do promitente vendedor falecido para o registro de carta de adjudicação, tendo em
vista a impossibilidade de seu cumprimento pelo interessado. O recurso, julgado provido por una-
nimidade, teve como Relator do acórdão o Desembargador José Renato Nalini.
Trata-se de recurso interposto em face de decisão proferida pelo juízo a quo, julgando proceden-
te a dúvida suscitada pelo Oficial Registrador, que qualificou negativamente carta de adjudicação
apresentada pela interessada, sob fundamento de violação ao princípio da especialidade subjetiva,
condicionando o registro à prévia informação do CPF/MF do promitente vendedor. A interessada
argumentou que o compromisso de compra e venda foi celebrado no dia 09/08/1957, enquanto a
lei que instituiu o CPF foi promulgada em 1968. Ademais, o proprietário do imóvel, francês, já
faleceu e não foram localizados sucessores vivos, tampouco há inventário em andamento. Após a
dúvida ser julgada procedente, a recorrente argumentou, entre outras coisas, que o princípio da
especialidade subjetiva deve ser mitigado; que ao tempo da celebração do compromisso de compra
e venda o proprietário já era viúvo; que não há notícia de descendentes; que ele não está inscrito
no CPF e que a exigência é impossível de ser cumprida.
Ao julgar o caso, o Relator entendeu que a exigência, embora prevista no art. 176, § 1º, III, 2,
‘a’ da Lei nº 6.015/73, deve ser flexibilizada, permitindo o ingresso do título no Registro de Imó-
veis. Isso porque, o proprietário não está inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da
Fazenda e seu falecimento ocorreu em 09/02/1969, em Avallon, França, embora, ainda que no
tempo do falecimento do proprietário a inscrição no CPF já fosse legalmente prevista e, principal-
mente por força do princípio tempus regit actum, tivesse, à época da apresentação do título para
registro, caráter obrigatório. Além disso, ainda que se permita a inscrição no CPF/MF de pessoa
física falecida, não é razoável exigir tal medida da interessada, uma vez que ela não tem legitimi-
dade para tanto.
Destaca-se, por oportuno, o seguinte trecho do decisum:
“A especialidade subjetiva, se, na hipótese, valorada com excessivo rigor, levará, em desprestígio
da razoabilidade, até porque a exigência não pode ser satisfeita pela interessada, ao enfraqueci-
mento do princípio da segurança jurídica, o que é um contrassenso.”
Fonte: IRIB
292ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Assuntos Cartorários
Ausência de abertura da matrícula ede regularização do loteamento nãoimpedem a transferência do imóvel
Comentário do BDI: Trata-se de Ação de Obrigação de Fazer para que seja concedida a
escritura definitiva de um imóvel.
Os compradores declararam terem adquirido o imóvel e quitado o preço, sem que lhes fosse
entregue a escritura pública do imóvel.
A imobiliária alegou que está impedida de permitir a escritura porque está pendente com a
prefeitura; que os compradores estavam cientes da irregularidade do loteamento à época da
aquisição. Afirmou que não está se opondo, mas está impedida de fazê-la.
O Tribunal verificou que a ausência de abertura da matrícula e de regularização do loteamento
não impedem a transferência da propriedade do imóvel.
É certo que os compradores deverão aguardar a regularização do loteamento, mas a expecta-
tiva do registro, está assegurada.
O problema de ordem administrativa em que se encontra a imobiliária poderá ser corrigida
mediante a apresentação dos documentos necessários, e assim, posteriormente, determinar a
escritura definitiva.
Portanto, a imobiliária foi condenada ao pagamento das custas processuais e ficou determina-
do e concedido para o comprador a outorga da escritura definitiva do imóvel, em 30 dias.
Ementa: Ação de obrigação de fazer. Sentença de procedência para, diante da quitação, de-
terminar a outorga da escritura definitiva do imóvel objeto da lide. Recurso redistribuído pela
Resolução nº 737/2016 e Portaria nº 02/2017. Apela a ré sustentando impossibilidade jurídica do
pedido e carência da ação. A apelante estaria impedida de outorgar escritura do imóvel porquanto
pendente a regularização perante a Prefeitura; há ação civil pública visando a regularização fundiária
do empreendimento; os autores estavam cientes da irregularidade do loteamento à época da
aquisição; diz não se opor à outorga da escritura, mas que está impedida de procedê-la.
Descabimento. Reconhecida a possibilidade jurídica do pedido e afastada a alegação de carência
da ação. Para a propositura da ação de adjudicação compulsória é necessário a existência do
compromisso e a prova da quitação. Ausência de abertura de matrícula e regularização do lote
não afastam o direito de transferência da propriedade. Óbice de natureza administrativa que pode
ser corrigido em momento posterior. É certo que os interessados deverão aguardar a regulariza-
ção do loteamento, mas a expectativa do registro, quando possível, já está assegurada. Recurso
improvido.
Dados da Decisão: TJSP - Agravo In terno n° 0004938-24.2013.8.26.0506 – Relator: James
Siano - Data do julgamento: 12.3.2018
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
30 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Corretagem
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Comissão do corretor: Quando o compradorpode exigir a devolução e a prescrição
Kênio de Souza Pereira*
Diante do aumento do nú-mero de compradores que
pleiteiam a rescisão do con-
trato de promessa de comprae venda de imóveis, é cada
vez maior o número os pedi-
dos de restituição da comis-são de corretagem paga pelo
adquirente que foi induzido a
assumir essa despesa pelaconstrutora ou incorporadora
que, como vendedora tem o
dever legal de arcar com opagamento do corretor de
imóvel que ela contratou. Ob-
viamente, se o corretor estáprestando serviço no estande
da construtora ou se ela esti-
pula que somente determina-da imobiliária ou corretor pro-
moverá a intermediação, está
caracterizado que quem con-tratou a corretagem foi o
construtor, nos termos dos
artigos 722 e 723 do CódigoCivil.
O corretor de imóveis ex-
periente respeita a Lei 6.530/
78, que regulamenta a suaprofissão e o Código de Ética,
pois não aceita participar do
conluio montado pelo constru-tor que procura camuflar a ile-
galidade mediante a confecção
de um falso contrato de pres-tação de serviços, pois é evi-
dente que não tem como um
comprador que nunca tinhavisto antes o corretor de imó-
veis declarar que o contratou
para intermediar a venda doapartamento. A norma legal
que regulamenta a corretagem
determina o dever de o corre-tor contratar seus serviços pre-
viamente. Portanto, fere a lei
o corretor que na verdade játrabalha para o construtor, que
lhe orienta em como promo-
ver a venda, assinar o contra-to de prestação de serviços
posteriormente, alegando que
foi contratado pelo adquirenteque nunca tinha visto antes. Tal
manobra configura o crime de
Estelionato previsto no artigo
171 do Código Penal.Importante esclarecer que
o corretor que observa a lei e
age com lealdade, o que con-siste na maioria da classe, não
corre o risco de perder sua co-
missão ou de ter que devolvê-la em decorrência de falhas por
parte da construtora que atra-
sou a entrega da obra ou queprovocou a rompimento do
negócio.
Todavia, se o corretor acei-ta participar da mentira e age
de maneira a convencer o
adquirente a assinar um con-trato dizendo que este o con-
tratou, para que a construto-
ra reduza o imposto de rendadela, ao retirar do valor do
apartamento a quantia devi-
da de comissão, ele, como in-termediário, atrai para si o ris-
co de ter que devolver a co-
missão caso o negócio venhaa ser rescindido.
Constatam-se milhares de
casos de incorporadoras e
312ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Corretagem○
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construtoras que não cumpri-
ram o prazo de entrega, sen-do notório que a grande mai-
oria dos processos judiciais de
rescisão foram provocadospela vendedora. Ao requerer
a rescisão, o adquirente re-
quer a devolução de tudo quepagou, devidamente corrigido
e caso tenha quitado a comis-
são, a qual faz parte do preçodo imóvel, terá o direito de re-
querer a sua devolução.
Adquirente deveagir com celeridade
É importante que seja ob-
servado que a prescrição paraa cobrança da comissão paga
ao corretor é trienal.O Superior Tribunal de Jus-
tiça (STJ), no julgamento do
Recurso Especial nº 1.551.956-SP, para fins de fixação do
parâmetro em recurso repe-
titivo, fixou a seguinte tese:“Incidência da prescrição
trienal sobre a pretensão de
restituição dos valores pagosa título de comissão de corre-
tagem ou de serviço de assis-
tência técnico-imobiliária(SATI), ou atividade congê-
nere (art. 206, § 3º, IV, CC)”.
Houve a fixação da aplica-
ção da prescrição trienal, ou
seja, de três anos para recla-mar eventual ilegalidade e plei-
tear devolução de quantia
paga à título de comissão decorretagem no caso de o com-
prador ter sido induzido a pa-
gar essa despesa que é sem-pre de quem vende, especial-
mente no caso de o adquirente
ter conhecido o corretor noestande de vendas da constru-
tora.
Corretor tem o dever deverificar segurança da
transaçãoEsse prazo também é apli-
cável aos casos em que o cor-
retor de imóveis realizou atransação de um imóvel irre-
gular, quando ele deveria ter
verificado previamente a do-cumentação e não o fez, ca-
racterizando negligência e
inobservância do Código deÉtica do Corretor de Imóveis
e do artigo 723 do Código Ci-
vil que determina: “O corre-tor é obrigado a executar a
mediação com diligência e
prudência, e a prestar ao cli-ente, espontaneamente, to-
das as informações sobre o
andamento do negócio. Pará-
grafo único. Sob pena de res-
ponder por perdas e danos, ocorretor prestará ao cliente
todos os esclarecimentos
acerca da segurança ou do ris-co do negócio, das alterações
de valores e de outros fatores
que possam influir nos resul-tados da incumbência”.
Dessa maneira, caso o cor-
retor tenha recebido a comis-são, mas a transação tenha
sido frustrada, por falhas que
poderiam ter sido alertadaspelo corretor ou por este ter
vendido unidade na planta
sem a obrigatória incorpora-ção registrada no Ofício de
Registro de Imóveis – o queconfigura ilícito penal –, po-
derá o adquirente exigir a de-
volução da comissão que porventura tenha pago ao corre-
tor. A ninguém é dado o di-
reito de ser remunerado porserviço realizado de maneira
incompetente e ilegal, sendo
importante os corretores agi-rem de maneira profissional,
evitando intermediar qualquer
transação que tenha proble-mas legais ou que possa com-
prometer a sua imagem e
honradez.
* O autor é Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG. Conselheiro da Câma-
ra do Mercado Imobiliário de MG e do Secovi-MG. Professor da pós-graduação da Escola Supe-
rior de Advocacia da OAB-MG (ESA-OAB). Diretor da Caixa Imobiliária Netimóveis.
32 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
PosseO registro de propriedade não é suficiente paraa comprovação da posse em ação possessória
Comentário do BDI: Trata-se de Ação de reintegração de posse de um imóvel que estava
desocupado em um condomínio.
O condomínio procurou os responsáveis pelo imóvel para resolverem os problemas causados
pela desocupação, mas não obteve êxito.
O síndico, na época, se disponibilizou a arcar integralmente com as despesas de reparo, manu-
tenção, limpeza e pagamento das cotas condominiais, imitindo-se na posse, assumindo a respon-
sabilidade pelo imóvel, proposta que foi aceita por todos os condôminos, passando a residir com
a sua família, situação que perdurou por 13 anos, quando fora surpreendido por um Oficial de
Justiça, com um mandado de despejo.
Uma empresa de engenharia apresentou-se como proprietária do imóvel, dizendo que tomou
ciência de que o síndico estaria residindo no local e consequentemente fez a notificação de deso-
cupação e que lhe seja devolvida a sua posse, pois tem o registro do imóvel.
O Tribunal determinou que a empresa de engenharia teria que comprovar os requisitos legais,
de acordo com o art. 561, do Código de Processo Civil, que diz:
“Incube ao autor prova:
I – sua posse;
II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III – a data da turbação ou do esbulho;
IV – a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse,
na ação de reintegração.”
Contudo, a empresa de engenharia não comprovou que tinha a posse anterior sobre o imóvel,
tampouco a comprovação de esbulho (invasão) ou da data em que este teria ocorrido, sendo que
o Registro do Imóvel, por si só, não é suficiente para a comprovação da posse sobre o imóvel.
Portanto, foi determinado que a posse do imóvel seja devolvida ao síndico.
Ementa: Processo Civil. Agravo de Instrumento. Ação de Reintegração de Posse. Liminar con-
cedida. Insurgência da parte demandada. Imóvel abandonado. Ocupação ostensiva há mais de 13
(treze) anos. Inexistência de prova de posse anterior. O registro de propriedade não é suficiente
para comprovação da posse. Ausência dos requisitos do art. 561 do CPC/2015. Impossibilidade de
concessão de liminar possessória. Recurso conhecido e provido. Decisão recorrida desconstituída
no tocante ao deferimento da liminar de reintegração de posse.
Dados da Decisão: TJCE – Agravo de Instrumento nº 0622936-35.2017.8.06.0000 – Relatora:
Helena Lúcia Soares – Data do julgamento: 2.2.2018
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
332ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Penhora
Devedor que vendeu seu imóvel no cursodo processo de penhora cometeu ato
atentatório à dignidade da justiça
Comentário do BDI: Trata-se de Ação de Execução e Penhora de um imóvel.
O devedor, para que seu imóvel não fosse penhorado, vendeu-o no curso do cumprimento da
sentença do processo de execução. Alegou que o imóvel é o único bem e que reside com a família.O credor apresentou a dívida e solicitou o pagamento de R$ 211.785,45 (duzentos e onze mil
setecentos e oitenta e cinco reais e quarenta centavos), e indicou à penhora o bem imóvel.
Por não conseguir fazer a penhora via on line, o credor informou ao juízo de primeiro grau sobrea venda do imóvel pelo devedor, e que consequentemente foi bloqueado pelo juiz.
O juiz observou a existência de má-fé do devedor ao vender o imóvel “no curso de processo de
execução”, motivo pelo qual aplicou a multa por ato atentatório à dignidade da justiça, com funda-mento no art. 600 do CPC.
A propósito, o art. 1º da Lei nº 8.009, de 29 de março de 1990, estabelece que “o imóvel
residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquertipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges
ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas
nesta lei’’.Ocorre que o devedor não comprovou que o imóvel enquadrava-se nas condições acima descri-
tas, de forma que o seu imóvel não pode ser considerado impenhorável.
Portanto, o devedor foi condenado a pagar o percentual de 10% sobre o valor do débito atualiza-do, em decorrência da venda de bem imóvel no curso do cumprimento de sentença.
Ementa: Direito Processual Civil. Agravo de Instrumento. Cumprimento de sentença. Aplicação
de multa por ato atentatório à dignidade da justiça. Alienação de imóvel durante o curso da execu-ção. Fundamentação idônea. Recurso conhecido e desprovido. Decisão mantida.
Dados da Decisão: TJCE – Agravo de Instrumento n° 0624708-04.2015.8.06.0000 – Relator:
Heráclito Vieira de Souza Neto – Data do julgamento: 31.1.2018Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
34 2ª quinzena - Abril 2018 – nº 8
Shopping Center
Shopping center ressarcirá R$ 405.000,00 paraa proprietária que teve a sua loja incendiada
Comentário do BDI: Trata-se de uma ação de Ressarcimento por danos materiais, decorrentesde um incêndio em uma loja dentro de um shopping center.
A proprietária da loja atingida pelo incêndio abriu uma ação contra o shopping center para quelhe fossem ressarcidos os valores dos danos.
A companhia de seguros do shopping center afirmou que a mesma não possui qualquer respon-sabilidade pelo incêndio que atingiu a loja. Disse que todas as medidas de combate ao incêndioestavam operantes, tanto que foram utilizadas pelo Corpo de Bombeiros.
O Tribunal verificou que a responsabilidade do shopping center é incontestável, pois possui odever de garantir a perfeita conservação e funcionamento do prédio comercial, como a perfeitafuncionalidade dos equipamentos de segurança e combate ao incêndio, visando, sobretudo, preser-var a integralidade das lojas locatárias, bem como a segurança do local e consumidor.
Assim, foi julgado procedente o pedido para condenar o shopping center a pagar a importânciade R$ 405.000,00, para a proprietária da loja pelos danos causados.
Ementa: Responsabilidade Civil - Ação regressiva - Seguro empresarial - Incêndio ocorrido noShopping Plaza Sul - Preliminar de cerceamento de defesa afastada - Existência nos autos de laudopericial realizado pela Secretaria da Segurança Pública - Superintendência da Polícia Técnico-Cien-tífica, na época dos fatos (maio de 2011) a afastar a necessidade de nova perícia técnica seis anosapós o sinistro - Laudo que, embora não pôde identificar com precisão o local onde se originou oincêndio, foi claro em apontar falha no sistema de combate a incêndio do Shopping, fato quecontribuiu para o agravamento do sinistro - Em razão da qualidade de empreendimento comercialque a mesma explora, calcada na busca do lucro, com locação de lojas e prestação de serviços,possuí o dever de garantir a perfeita conservação e funcionamento do prédio comercial, principal-mente na parte estrutural do empreendimento, tais como perfeita funcionalidade dos equipamentosde segurança e combate ao incêndio instalado (hidrante e sprinklers), que, in casu, estavaminoperantes, visando, sobretudo, preservar a integralidade das lojas locatárias, bem como a segu-rança do local e consumidor - Nexo causal estabelecido - Responsabilidade, por tal falha, reconhe-cida - Sentença mantida Recursos improvidos.
Dados da Decisão: TJSP – Apelação nº 0176329-38.2012.8.26.0100 – Relator: Salles Rossi –Data do julgamento: 28.2.2018.
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIAMESES
FGV % IBGE % FIPE %
IGP-M IGP/DI IPC-DI IPA-EP-DI INCC-DI INPC IPC-A IPC
Mar. 0,0147 (-) 0,3777 0,4742 (-) 0,7827 0,1574 0,3201 0,2499 0,1359
Abr. (-) 1,0956 (-) 1,2427 0,1247 (-) 1,9596 (-) 0,0238 0,0800 0,1400 0,6069
Mai. (-) 0,9319 (-) 0,5124 0,5179 (-) 1,1021 0,6339 0,3601 0,3100 (-) 0,0488
Jun. (-) 0,6663 (-) 0,9609 (-) 0,3224 (-) 1,5340 0,9311 (-) 0,2999 (-) 0,2300 0,0510
Jul. (-) 0,7161 (-) 0,2953 0,3778 (-) 0,6672 0,3047 0,1699 0,2401 (-) 0,0125
Ago. 0,0958 0,2387 0,1344 0,2596 0,3560 (-) 0,0300 0,1899 0,0967
Set. 0,4682 0,6188 (-) 0,0217 0,9738 0,0626 (-) 0,0200 0,1599 0,0184
Out. 0,1965 0,0976 0,3265 (-) 0,0300 0,3080 0,3700 0,4201 0,3224
Nov. 0,5243 0,8020 0,3587 1,0648 0,3108 0,1801 0,2801 0,2889
Dez/2017 0,8873 0,7413 0,2120 1,0670 0,0731 0,2600 0,4400 0,5483
Jan./2018 0,7550 0,5765 0,6861 0,5797 0,3089 0,2300 0,2900 0,4629
Fev. 0,0732 0,1537 0,1672 0,1531 0,1276 0,1800 0,3200 (-) 0,4166
Mar. 0,6351 0,0032
MESESTR (¹) POUPANÇA (¹) SALÁRIO-MÍNIMO DÓLAR - R$ (2)
% % R$ COMERCIAL PARALELO
Abr. 0,0000 0,5000 937,00 3,1150 3,3000
Mai. 0,0764 0,5768 937,00 3,1540 3,3200
Jun. 0,0536 0,5539 937,00 3,2480 3,4500
Jul. 0,0623 0,5626 937,00 3,3140 3,4600
Ago. 0,0509 0,5512 937,00 3,1190 3,3100
Set. 0,0000 0,5000 937,00 3,1490 3,3200
Out. 0,0000 0,5000 937,00 3,1680 3,3400
Nov. 0,0000 0,5000 937,00 3,2730 3,3900
Dez. 0,0000 0,5000 937,00 3,2720 3,4000
Jan/2018 0,0000 0,5000 954,00 3,3150 3,4800
Fev. 0,0000 0,5000 954,00 3,1810 3,3200
Mar. 0,0000 0,5000 954,00 3,2440 3,3700
Abr. 0,0000 0,5000 954,00 3,3010 3,4600
1. TR e Poupança - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês, a ser creditado trinta dias após.2. Dólar - Cotações do último dia útil do mês.
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – A partir de Abril/2015
Base de Cálculo (R$)
Até 1.903,98
De 1.903,99 até 2.826,65
De 2.826,66 até 3.751,05
De 3.751,06 até 4.664,68
Acima de 4.664,68
Alíquota (%)
Isento
7,5
15
22,5
27,5
Parcela a Deduzir (R$)
—
142,80
354,80
636,13
869,36
DEDUÇÕES:
a) R$ 189,59 por dependente;
b) Pensão alimentícia integral;
c) R$ 1.903,98 para aposentados, pensionistas e transferidos para a
reserva remunerada que tenham 65 anos de idade ou mais;
d) Contribuição à Previdência Social.
COEFICIENTES ANUAIS – ACUMULADOS ATÉ O MÊS ANTERIOR (3)
Reajuste em Jan./2018 Reajuste em Fev./2018 Reajuste em Mar./2018 Reajuste em Abr./2018Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual
IGP-M/FGV 0,9948 IGP-M/FGV 0,9959 IGP-M/FGV 0,9958 IGP-M/FGV 1,0020
IGP-DI/FGV 0,9958 IGP-DI/FGV 0,9972 IGP-DI/FGV 0,9981 IGP-DI/FGV
IPC-DI/FGV 1,0323 IPC-DI/FGV 1,0322 IPC-DI/FGV 1,0307 IPC-DI/FGV
INPC/IBGE 1,0207 INPC/IBGE 1,0187 INPC/IBGE 1,0181 INPC/IBGE
IPC-A/IBGE 1,0295 IPC-A/IBGE 1,0286 IPC-A/IBGE 1,0284 IPC-A/IBGE
IPC/FIPE 1,0227 IPC/FIPE 1,0241 IPC/FIPE 1,0207 IPC/FIPE 1,0193
3. Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado. Índices completos no site: www.diariodasleis.com.br.