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Reportagem SEGUNDA-FEIRA, 25 DE JUNHO DE 2012 18• SAÚDE S.O.S Hospitais Falta de infraestrutura, médicos e investimentos na saúde geram uma consequência no setor de emergência do maior hospital do Oeste: atendimento em apenas quatro minutos. Reportagem especial do Diário do Iguaçu revela a falta de estrutura física e humana nos hospitais da região e a necessidade de mais recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos governos no setor que é o maior desafio do País REPORTAGEM: RAFAELA MENIN - COLABORAÇÃO: ALEX PACHECO E IVAN ANSOLIN - DIAGRAMAÇÃO E ARTE: ARIANE SILVA Cidade: Chapecó Fundação: 1986 Administração: Associação Hospitalar Lenoir Vargas Ferreira Abrangência: 111 municípios de Santa Catarina e 26 do Rio Grande do Sul e Paraná. Ao todo, 1,2 milhão de habitantes Corpo funcional: 928 colaboradores Corpo clínico: 199 profissionais médicos Leitos: 277 (17 UTI Geral e 10 UTI neonatal) Especialidades: alta complexidade em Neurocirurgia, Oncologia com Radioterapia e Quimioterapia, Ortopedia e Traumatologia, Gestante de Alto Risco, Urgência/Emergência, UTI Geral, UTI Neonatal, Captação e Transplante de Órgãos Rim e Córnea, Terapia Nutricional (Nutrição Enteral e Parenteral) e Banco de Olhos Internações 2011: 20.588 (56/dia) Internações 2011 (Chapecó): 12.341 (34/dia) Internações 2011 (outras cidades): 8.247 (22/dia) Internações 2012*: 8.297 (55/dia) Internações 2012* (Chapecó): 4.799 (32/dia) Internações 2012* (outras cidades): 3.498 (23/dia) Pronto Socorro 2011: 139.517 (382/ dia) Pronto Socorro 2012*: 44.074 (293/ dia) Traumatologia/ortopedia 2011: 28.272 (77/dia) Traumatologia/ortopedia 2012: 12.117 (81/dia) Raio-X 2011: 71.323 (195/dia) Raio-X 2012*: 26.072 (174/dia) Quimioterapia 2011: 28.272 (77/dia) Quimioterapia 2012*: 12.117 (81/ dia) Dificuldades: valores tabela SUS, estrutura física saturada, atendimento elevado no PS de pacientes que não apresentam situações de média ou alta complexidade. Ampliações: Um projeto é realizado pela Associação que mantém o hospital. O objetivo é construir, após a busca de recursos, 150 novos leitos onde hoje fica o estacionamento para os funcionários. *Nos primeiros cinco meses de 2012. Chapecó – “Para que lado correr primeiro?”, me olha e pergunta um dos sete técnicos de en- fermagem de plantão entre às 19h da última terça-feira (19) e às 7h de quarta-feira (20). Estou no Pronto Socorro (PS) do Hospital Regional do Oeste (HRO), em Chape- có, o maior hospital da re- gião. Mesmo antes de ter- minar a frase, o técnico já estava a vários passos distante de mim e já era requisitado por dezenas de pacientes que aguar- dam atendimento. Da meia-noite do dia 18 até à meia-noite do dia 19 de junho, 354 pessoas passa- ram pelo Setor de Emer- gência do HRO; quase 15 pessoas por hora. Re- sultado: uma média de 4 minutos de atendimento para cada paciente. Tempo, que se fosse levado em consideração e rigorosamente aplica- do a cada um que preci- sa de atendimento, teria impedido os médicos de avaliar e realizar exames em um bebê de apenas dois dias de vida. Ele foi encontrado abandonado em uma sacola, no bairro São Cristóvão, durante a tarde de terça-feira e foi levado até o HRO. A equi- pe do Diário do Iguaçu acompanhava o PS quan- do o bebê chegou. Os quatro minutos também não teriam sido suficientes para salvar a vida de um rapaz de 15 anos, baleado por volta das 20h30 e levado pelo Corpo de Bombeiros até o HRO; nem a vida de cinco suspeitos de ter o vírus da gripe A naque- le dia; e muito menos a vida do pai de Ana, que havia sofrido o sétimo Acidente Vascular Ce- rebral (AVC) há poucos dias e estava passando mal novamente naquela noite. “Viemos poucas vezes para a emergência do hospital: quando meu irmão descobriu um cân- cer, quando meu marido cortou a perna com um facão e nos últimos me- ses, quando meu pai so- freu estes AVC’s”, lembra ela. “Em todas as ocasi- ões, fomos rapidamente atendidos”, enfatiza. Rapidez que para An- tonio, 77 anos, não fun- cionou tão bem assim. Ele estava se sentindo fraco e foi levado pela nora até o PS às 18h. Ele passou pela sala de sinais vitais logo que chegou e foi colocado em uma cadeira de rodas. A con- sulta com o clínico geral foi três horas mais tarde e às 21h30, Antonio esta- va tomando um litro de soro. À 0h30, ele e a nora voltavam para a pensão onde estavam hospeda- dos há quatro dias; des- de quando Antonio fez as últimas sessões de qui- mio e radioterapia, para tentar curar o câncer no esôfago. “Ninguém vai deixar de ser atendido, mas existe prioridade de atendimento. Por isso to- dos passam pela sala de sinais vitais”, explica o presidente da Associação Hospitalar Lenoir Vargas Ferreira, que administra o hospital, Severino Tei- xeira da Silva Filho. O enfermeiro André Quinto, responsável pelo plantão das 13h às 19h da última terça-feira, também explica que “às 10h, 12h, 16h e 18h são os horários de pico na emergência. São os horá- rios que as pessoas estão indo e voltando do traba- lho e que chegam mui- tos casos de acidentes, a maioria envolvendo motocicletas”. Levando isso em consideração, há três meses, um segundo clínico geral foi incluso das 7h às 0h na emer- gência. Além dos dois, trabalham um enfermei- ro e sete técnicos de en- fermagem. Mais de 130 especialistas também estão sobreaviso durante os plantões. Especifica- mente no plantão da noi- te do dia 19 e madrugada do dia 20, foram chama- dos um ortopedista, neu- rologista, cirurgião pedi- átrico, entre outros. Ao total, 19 especialistas. ESPECIALIDADES Os quatro minutos para atendimento di- minuem quando outros dados são levados em consideração. No setor de emergência do HRO, há quatro leitos de UTI e 20 leitos improvisados para internação. Na noite do dia 19, um paciente esta- va na UTI e 13 na interna- ção no setor. Significado: os 277 leitos que são efeti- vamente para internação de pacientes, incluindo os 17 de UTI geral, estavam ocupados. “Estamos satu- rados. O hospital necessi- ta de investimento para ampliação”, enfatiza Tei- xeira Filho. Os números com- provam a preocupação do presidente. O setor de emergência atendeu 139.517 pessoas em 2011; média de 382 por dia. Em 2012, foram 44.074 nos primeiros cinco meses do ano ou 294 pacientes por dia. Enquanto a média de atendimentos caiu no setor de emergência, au- mentou na ortopedia e na quimioterapia. Em 2011, foram 12.457 atendidos no primeiro setor; média de 34 atendimentos por dia. Este ano, a média diária é de 37 procedimentos. Na quimioterapia foram 28.272 atendimentos ao todo no ano passado; 77 por dia. Este ano, são em média 81 atendimentos diários. “Há 25 anos, exis- tiam cerca de 170 leitos no Hospital Santo Antô- nio e eram criados 280 no HRO. Hoje, temos o HRO e 90 leitos em um hospital privado em Cha- pecó, com o dobro ou até triplo da população. E, na região, nos últimos 25 anos foram construídos o Hospital da Criança, em Chapecó, o hospital em Cidade: São Miguel do Oeste Fundação: 17 de janeiro de 2011 Administração: Hospital estadual administrado pela Fundação São Camilo Abrangência: 31 municípios do Extremo-oeste Verba mensal: R$ 2,3 milhões do Governo do Estado Atendimentos: Mais de 100 mil desde a fundação. Média de 500 pessoas por dia nas 19 especialidades Demanda especialidades: 180 atendimentos mensais na anestesista; 96 na cardiologia; 160 cirurgias gerais, 80 vasculares, 40 gastroenterologia, 65 na ginecologia; 132 na pediatra; 88 na urologia; 60 na área de otorrinolaringologia; 12 na bucomaxilofacial; 376 na oftalmologia; 600 na ortopedia e 100 em pneumologia. Maior demanda em especialidade: ortopedia, com uma média de 20 casos diários ou 600 por mês. Dificuldades: escassez de profissionais qualificados; atendimento elevado no PS de pacientes que não apresentam situações de média ou alta complexidade. Obs. O número equivale aos leitos disponíveis em cada hospital no município. Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimentos da Saúde (CNES) – Datasus. HOSPITAL REGIONAL DO EXTREMO-OESTE TEREZINHA GAIO BASSO HOSPITAL REGIONAL DO OESTE Hospitais públicos: estão sob gestão da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina e atendem somente SUS; Hospitais filantrópicos: são conveniados para atender no mínimo 60% de SUS; Hospitais privados: além de atender particular e convênios, são contratados para atender o SUS dentro das metas estabelecidas no contrato. 277 277 115 206 28 44 47 11 50 21 27 32 33 71 66 30 34 44 44 24 32 37 46 70 29 56 39 80 80 31 18 43 29 49 39 42 55 50 39 40 24 20 23 48 Hospitais no Oeste

Diário do iguaçu hospitais reportagem

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Reportagem segunda-feira, 25 de junho de 201218•

SAÚDE

S.O.S HospitaisFalta de infraestrutura, médicos e investimentos na saúde geram uma consequência no setor de emergência do maior hospital do Oeste: atendimento em apenas quatro minutos. Reportagem especial do Diário do Iguaçu revela a falta de estrutura física e humana nos hospitais da região e a necessidade de mais recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos governos no setor que é o maior desafio do País

RepoRtagem: Rafaela menin - ColaboRação: alex paCheCo e ivan ansolin - DiagRamação e aRte: aRiane silva

Cidade: Chapecófundação: 1986administração: associação hospitalar Lenoir Vargas ferreiraabrangência: 111 municípios de santa Catarina e 26 do rio grande do sul e Paraná. ao todo, 1,2 milhão de habitantesCorpo funcional: 928 colaboradoresCorpo clínico: 199 profissionais médicosLeitos: 277 (17 uTi geral e 10 uTi neonatal)especialidades: alta complexidade em neurocirurgia, oncologia com radioterapia e Quimioterapia, ortopedia e Traumatologia, gestante de alto risco, urgência/emergência, uTi geral, uTi neonatal, Captação e Transplante de Órgãos rim e Córnea, Terapia nutricional (nutrição enteral e Parenteral) e Banco de olhosinternações 2011: 20.588 (56/dia)internações 2011 (Chapecó): 12.341 (34/dia)internações 2011 (outras cidades): 8.247 (22/dia)internações 2012*: 8.297 (55/dia)internações 2012* (Chapecó): 4.799

(32/dia)internações 2012* (outras cidades): 3.498 (23/dia)Pronto socorro 2011: 139.517 (382/dia)Pronto socorro 2012*: 44.074 (293/dia)Traumatologia/ortopedia 2011: 28.272 (77/dia)Traumatologia/ortopedia 2012: 12.117 (81/dia)raio-X 2011: 71.323 (195/dia)raio-X 2012*: 26.072 (174/dia)Quimioterapia 2011: 28.272 (77/dia)Quimioterapia 2012*: 12.117 (81/dia)dificuldades: valores tabela sus, estrutura física saturada, atendimento elevado no Ps de pacientes que não apresentam situações de média ou alta complexidade.ampliações: um projeto é realizado pela associação que mantém o hospital. o objetivo é construir, após a busca de recursos, 150 novos leitos onde hoje fica o estacionamento para os funcionários.

*nos primeiros cinco meses de 2012.

Chapecó – “Para que lado correr primeiro?”, me olha e pergunta um dos sete técnicos de en-fermagem de plantão entre às 19h da última terça-feira (19) e às 7h de quarta-feira (20). Estou no Pronto Socorro (PS) do Hospital Regional do Oeste (HRO), em Chape-có, o maior hospital da re-gião. Mesmo antes de ter-minar a frase, o técnico já estava a vários passos distante de mim e já era requisitado por dezenas de pacientes que aguar-dam atendimento. Da meia-noite do dia 18 até à meia-noite do dia 19 de junho, 354 pessoas passa-ram pelo Setor de Emer-gência do HRO; quase 15 pessoas por hora. Re-sultado: uma média de 4 minutos de atendimento para cada paciente.

Tempo, que se fosse levado em consideração e rigorosamente aplica-do a cada um que preci-sa de atendimento, teria impedido os médicos de avaliar e realizar exames em um bebê de apenas dois dias de vida. Ele foi encontrado abandonado em uma sacola, no bairro São Cristóvão, durante a tarde de terça-feira e foi levado até o HRO. A equi-pe do Diário do Iguaçu acompanhava o PS quan-do o bebê chegou.

Os quatro minutos também não teriam sido suficientes para salvar a vida de um rapaz de 15

anos, baleado por volta das 20h30 e levado pelo Corpo de Bombeiros até o HRO; nem a vida de cinco suspeitos de ter o vírus da gripe A naque-le dia; e muito menos a vida do pai de Ana, que havia sofrido o sétimo Acidente Vascular Ce-rebral (AVC) há poucos dias e estava passando mal novamente naquela noite. “Viemos poucas vezes para a emergência do hospital: quando meu irmão descobriu um cân-cer, quando meu marido cortou a perna com um facão e nos últimos me-ses, quando meu pai so-freu estes AVC’s”, lembra ela. “Em todas as ocasi-ões, fomos rapidamente atendidos”, enfatiza.

Rapidez que para An-tonio, 77 anos, não fun-cionou tão bem assim. Ele estava se sentindo fraco e foi levado pela

nora até o PS às 18h. Ele passou pela sala de sinais vitais logo que chegou e foi colocado em uma cadeira de rodas. A con-sulta com o clínico geral foi três horas mais tarde e às 21h30, Antonio esta-va tomando um litro de soro. À 0h30, ele e a nora voltavam para a pensão onde estavam hospeda-dos há quatro dias; des-de quando Antonio fez as últimas sessões de qui-mio e radioterapia, para tentar curar o câncer no esôfago. “Ninguém vai deixar de ser atendido, mas existe prioridade de atendimento. Por isso to-dos passam pela sala de sinais vitais”, explica o presidente da Associação Hospitalar Lenoir Vargas Ferreira, que administra o hospital, Severino Tei-xeira da Silva Filho.

O enfermeiro André Quinto, responsável pelo

plantão das 13h às 19h da última terça-feira, também explica que “às 10h, 12h, 16h e 18h são os horários de pico na emergência. São os horá-rios que as pessoas estão indo e voltando do traba-lho e que chegam mui-tos casos de acidentes, a maioria envolvendo motocicletas”. Levando isso em consideração, há três meses, um segundo clínico geral foi incluso das 7h às 0h na emer-gência. Além dos dois, trabalham um enfermei-ro e sete técnicos de en-fermagem. Mais de 130 especialistas também estão sobreaviso durante os plantões. Especifica-mente no plantão da noi-te do dia 19 e madrugada do dia 20, foram chama-dos um ortopedista, neu-rologista, cirurgião pedi-átrico, entre outros. Ao total, 19 especialistas.

EspECIalIDaDEsOs quatro minutos

para atendimento di-minuem quando outros dados são levados em consideração. No setor de emergência do HRO, há quatro leitos de UTI e 20 leitos improvisados para internação. Na noite do dia 19, um paciente esta-va na UTI e 13 na interna-ção no setor. Significado: os 277 leitos que são efeti-vamente para internação de pacientes, incluindo os 17 de UTI geral, estavam ocupados. “Estamos satu-rados. O hospital necessi-ta de investimento para ampliação”, enfatiza Tei-xeira Filho.

Os números com-provam a preocupação do presidente. O setor de emergência atendeu 139.517 pessoas em 2011; média de 382 por dia. Em 2012, foram 44.074 nos primeiros cinco meses do

ano ou 294 pacientes por dia. Enquanto a média de atendimentos caiu no setor de emergência, au-mentou na ortopedia e na quimioterapia. Em 2011, foram 12.457 atendidos no primeiro setor; média de 34 atendimentos por dia. Este ano, a média diária é de 37 procedimentos. Na quimioterapia foram 28.272 atendimentos ao todo no ano passado; 77 por dia. Este ano, são em média 81 atendimentos diários.

“Há 25 anos, exis-tiam cerca de 170 leitos no Hospital Santo Antô-nio e eram criados 280 no HRO. Hoje, temos o HRO e 90 leitos em um hospital privado em Cha-pecó, com o dobro ou até triplo da população. E, na região, nos últimos 25 anos foram construídos o Hospital da Criança, em Chapecó, o hospital em

Cidade: são Miguel do oestefundação: 17 de janeiro de 2011administração: hospital estadual administrado pela fundação são Camiloabrangência: 31 municípios do extremo-oesteVerba mensal: r$ 2,3 milhões do governo do estadoatendimentos: Mais de 100 mil desde a fundação. Média de 500 pessoas por dia nas 19 especialidadesdemanda especialidades: 180 atendimentos mensais na anestesista; 96 na cardiologia; 160

cirurgias gerais, 80 vasculares, 40 gastroenterologia, 65 na ginecologia; 132 na pediatra; 88 na urologia; 60 na área de otorrinolaringologia; 12 na bucomaxilofacial; 376 na oftalmologia; 600 na ortopedia e 100 em pneumologia.Maior demanda em especialidade: ortopedia, com uma média de 20 casos diários ou 600 por mês.dificuldades: escassez de profissionais qualificados; atendimento elevado no Ps de pacientes que não apresentam situações de média ou alta complexidade.

Obs. O número equivale aos leitos disponíveis em cada hospital no município. Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimentos da Saúde (CNES) – Datasus.

Hospital Regional do extRemo-oesteteRezinHa gaio Basso

Hospital Regional do oeste

Hospitais públicos: estão sob gestão da secretaria de estado da saúde de santa Catarina e atendem somente sus;Hospitais filantrópicos: são conveniados para atender no mínimo 60% de sus;Hospitais privados: além de atender particular e convênios, são contratados para atender o sus dentro das metas estabelecidas no contrato.

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Hospitais no Oeste

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segunda-feira, 25 de junho de 2012 •19Reportagem

Hospitais em santa CataRina

total hospitais: 221públicos: 40 (19% do total)privados/filantrópicos: 181 (81% do total)Hospitais com atendimento sUs: 40 públicos (100%) e 163 (81%) privados/filantrópicostotal leitos: 15.191leitos públicos: 3.474 (23%)leitos privados/filantrópicos: 11.717 (77%)leitos privados/filantrópicos sUs: 7.891 (67%)total leitos Uti: 708leitos públicos Uti: 164 (23%)leitos privados/filantrópicos Uti: 544 (77%)leitos privados/filantrópicos Uti sUs: 366 (67%)Fonte: Ahesc/Fehoesc

Hospitais no gRande oeste*

total hospitais: 68 (31% do total do estado)públicos: 07 (17,5% do total do estado e 10% do oeste)privados/filantrópicos: 61 (34% do total do estado e 90% do oeste)total leitos: 3.194 (21% do total do estado)leitos públicos: 191 (5% do total do estado e 6% dos leitos do oeste)leitos privados: 678 (21% dos leitos do oeste)leitos filantrópicos: 2.325 (73% dos leitos do oeste)*Levantamento do Diário do Iguaçu, a partir dos dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos da Saúde (CNES) – Datasus

pReoCUpação: a taBela do sUs

o valor pago pelo sistema Único de saúde (sus) por cada procedimento hospitalar preocupa todos os administradores de hospitais e também a associação e a federação dos hospitais de santa Catarina, que representam 181 dos 221 hospitais no estado. “dos 181, 163 atendem o sus. eles são obrigados a atender recebendo muito menos do que realmente gastam”, enfatiza o diretor executivo da ahesc e fehoesc, Braz Vieira. no caso dos filantrópicos, no mínimo 60% dos atendimentos precisam ser via sus.no hospital regional são Paulo, em Xanxerê, o percentual é bem maior: 85%. “Praticamente todos os atendimentos são através do sus e a tabela está muito defasada”, afirma a diretora geral, irmã neusa L. Luiz. a diferença dos custeios vem de convênios com os municípios vizinhos e do governo do estado, que segundo a sdr de Xanxerê, firmou convênio de r$ 3,9 milhões este ano com o hrsP. em Chapecó, 92% dos atendimentos são do sus. “um cálculo mostra que o déficit fica em torno de r$ 900 mil por mês, entre o que o sus repassa e o que realmente gastamos com cada procedimento”, comenta o assessor jurídico do hro, Paulo gilberto Winter. no caso do hro, a diferença para pagamentos vem de doações e subvenções. em 2011, o hospital recebeu r$ 15,9 milhões; quase tudo do governo do estado. o sus repassou r$ 30,6 milhões, contra r$ 2,7 milhões de convênios, r$ 4,1 milhões de particulares e seguros e r$ 3,6 milhões de incentivos federais. a pesquisa realizada pelo diário do iguaçu revela que os últimos reajustes da tabela do sus foram em 2008. na época, 1.000 de um total de 8 mil procedimentos foram reajustados em média 30%. um dos principais itens foi o aumento de 32,4% concedido à consulta médica. alguns procedimentos tiveram o seu valor acrescido em 200%, de acordo com material publicado no portal do Ministério da saúde.reajustes que não são o suficiente de acordo com Vieira. “uma média dos 20 procedimentos mais realizados nos hospitais catarinenses mostra que o valor médio gasto é de r$ 1.043. o sus repassa em média r$ 310,67 para estes procedimentos”, exemplifica o diretor executivo da ahesc e fehoesc.

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São Miguel do Oeste e a ampliação do hospital em Xanxerê”. Esta é uma das explicações para o di-retor do HRO, Severino Teixeira Filho, na hora de entender o porquê da lota-ção atual dos hospitais da região, especialmente o Hospital Regional Oeste, em Chapecó.

proCEDênCIaCom 10 setores de alta

complexidade, o Hospi-tal Regional do Oeste atende 111 municípios de Santa Catarina e 26 do Rio Grande do Sul e Paraná. Ao todo, 1,2 mi-lhão de habitantes, pelas contas da Secretaria de Desenvolvimento Regio-nal de Chapecó. Referên-

cia comprovada com nú-meros. Em 2011, foram 12.341 (60%) internações de chapecoenses e 8.247 (40%) de pacientes vin-dos de outras cidades.

Este ano, até o final de maio, foram 4.799 (58%) internações de moradores de Chapecó e 3.498 (42%) de pessoas de fora da cidade. Já nos ambulatórios e no pron-to socorro, foram 138.846 (77%) atendimentos lo-cais no ano passado e 51.391 (23%) de fora. Este ano, nos primeiros cin-co meses, foram 43.429 (71%) de Chapecó e 17.659 de outras cidades (29%).

soluçõEsO diretor do HRO

afirma que a situação não vai mudar sem in-vestimentos. “A popu-lação só cresce”, enfatiza ele. “É preciso investir mais nos hospitais referên-cia. A saúde é cara e todos elegem a saúde como uma prioridade nas campanhas eleitorais, mas essa política precisa ser mantida de-pois, em todas as esferas”, acredita Teixeira Filho.

A diretora geral do Hospital Regional São Paulo, em Xanxerê, também concorda: “pre-cisamos estar atualiza-dos tecnologicamente e possuir uma estrutura moderna, para isso há necessidade urgente de maiores de investimen-tos, principalmente do

governo federal, tanto para os hospitais de pe-queno porte como para os de grande porte, pois todos possuem um pa-pel fundamental nas sua regiões”, afirma a Irmã Neusa L. Luiz.

Para o presidente do Fórum dos Pequenos Hospitais de Santa Cata-rina, Mauro De Nadal, a otimização dos hospitais menores pode contribuir para a demanda diminuir nos maiores. “Os peque-nos precisam ser me-lhor utilizados, receber algumas especialidades para conseguir cuidar ali mesmo da população da sua cidade e da microrre-gião”, acredita o também deputado estadual.

A ideia é debatida pe-los 12 deputados e pela Secretaria de Estado da Saúde, que compõem o Fórum. Nos próximos meses, deve ser apre-sentada uma ideia de incentivos financeiros aos pequenos hospitais,

a partir do cumprimento de metas. “90% destes pequenos hospitais estão com grandes problemas financeiros. Estamos pensando em alternati-vas que vão influenciar nos grandes também”, acredita De Nadal.

Hospital são FRanCisCo

Hospital Regional são paUlo

Cidade: Concórdiafundação: 1935administração: Beneficência Camiliana do sulabrangência: 500 mil habitantesVerba: sus, estado e Prefeitura de Concórdia gastos: folha de pagamento representa 33% dos gastos mensais; serviços médicos são 32%; 7% com suprimentos, material de trabalho, medicamentos e alimentação, e o restante são gastos com pagamento de água, luz, telefone e outras despesas. apenas 1% é g arantido para investimentos.Corpo clínico: 118 médicos e 529 profissionais, entre administrativo, enfermeiros e técnicos em enfermagemLeitos: 206 (três leitos na uTi neonatal, sete leitos na uTi infantil e nove leitos na uTi adulto)demanda especialidades: Mais de 30

especialidades, sendo que 31% dos atendimentos são referentes à especialidade médica; 39% relacionadas à cirúrgica; 16% na área obstétrica, 10% na pediátrica e 4% psiquiátrica. Maior demanda em especialidade: ortopedia, com implantação de prótese de quadril, cirurgias de coluna, joelho, braços e mão.exames e diagnósticos: 40 mil por mêsinternações: 130 por dia Pronto socorro: 120 atendimentos por diadesafios: hospital busca credenciamento junto ao Ministério da saúde para reativar o setor de oncologia, que por problemas financeiros acabou tendo as atividades suspensas. Tenta viabilizar também o cadastro para enxerto de ossos, transplante de córneas e cirurgias bariátrica, de acordo com o administrador edio rossett.

Cidade: Xanxerêfundação: 1974administração: associação educacional e Caritativa (assec), entidade das irmãs franciscanas Missionárias de Maria auxiliadoraabrangência: referência em urgência e emergência nos 17 municípios da aMai e referência em alta complexidade em cardiologia para 1,4 milhões de habitantes.Verba: sus, prefeituras da aMai e governo do estado, que segundo sdr, firmou convênio de r$ 3,9 milhões em 2012Leitos: 115 (11 uTi adulto, 9 neonatal e 3 pediátrica)especialidades: urgência e emergência; Centro Cirúrgico; Maternidade; uTi geral; uTi neonatal; serviços de alta complexidade em cardiologia. Consultas especializadas, M.a.P.a, holter, eletrocardiograma, Teste ergométrico, Cateterismo Cardíaco, angioplastia, implante de Marcapasso, ecocardiograma Trans-toracico e Trans-esofagico, Cirurgias Cardíacas. Maior demanda em especialidade: cardiologia (744 internações nos primeiros cinco meses de 2012. Total de 5 internações por dia)

Total de atendimentos (janeiro-maio 2011): 33.756 (225/dia)Total de atendimentos (janeiro- maio 2012): 32.816 (219/dia)internações (janeiro-maio 2011): 3.456 (23/dia)ocupações internação (junho 2011): 78%internações (janeiro-maio 2012): 3.715 (25/dia)ocupações internação (junho 2012): 96%Pronto atendimento (janeiro-21 junho 2011): 21.737 (145/dia)Pronto atendimento (janeiro-21 junho 2012): 17.334 (115/dia)raio-x paciente externo (janeiro-21 junho 2012): 5.806 (39/dia)raio-x paciente externo (janeiro-21 junho 2011): 5.186 (34/dia)dificuldades: falta de médicos especialistas e valores da tabela do susampliações: os 115 leitos devem passar para 220 com a ampliação. Parte dela termina até agosto e outra parte até o final do ano.

30

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12MaTOS COSTa

aRROiO TRinTa

gastos Com saúde

Brasil: 8,8% do PiB em 2009 (agência Brasil)santa Catarina: 1,3 bilhões ou 12,17% do orçamento em 2011 (secretaria de estado da saúde)