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Livro: Repensando a Didática
Ilma Passos (coordenação)
DIDÁTICA: SUAS RELAÇÕES,
SEUS PRESSUPOSTOS
Olga Teixeira Damis
EDUCAÇÃO ESCOLAR
Desde os JESUÍTAS até hoje,um longo caminho foi percorridopela prática da educação escolarna busca de uma organização doprocesso de ensinar-aprenderatravés da relação professor-aluno.
EDUCAÇÃO ESCOLAR
A ESCOLA como direito de todos sópassou a existir, aproximadamente,há dois séculos atrás. Nasce danecessidade de se organizar umaforma de transmitir o saber que ahumanidade sistematizou ao longo desua existência.
EDUCAÇÃO ESCOLAR
Na sociedade antiga e medieval, a escolacomo instituição pública deresponsabilidade do Estado, praticamentenão existiu. A educação sistemática eraprivilégio de alguns (nobres ou senhores) ecumpria a função conservadora dainstituição social, desenvolvendo etransmitindo concepções de mundoadequadas a manutenção da realidade.
REFLEXÃO PEDAGÓGICA
SOCRATES, PLATÃO, ARISTÓTELES, naantiguidade, e SANTO TOMÁS DE AQUINO,na idade média:
Desenvolver no homem sua essência ideal deforma a atender as necessidades que asjustificam.
O homem a ser desenvolvido era o que compunhaa classe de homens livres.
REFLEXÃO PEDAGÓGICA
PLATÃO: a educação deve proporcionar aocorpo e a alma toda a perfeição e beleza de quesão suscetíveis.
ARISTÓTELES: a educação deve moldar amatéria com a energia do sentido contido nanoção de forma humana.
SANTO TOMÁS DE AQUINO: a educaçãodeve ser uma atividade em virtude da qual osdons potenciais se tornam realidade atual.
REFLEXÃO PEDAGÓGICA
Para conduzir o educando ao ideal demoral, de formação de caráter, dehábitos, do domínio das paixões, dajustiça, do desenvolvimento intelectual,físico e artístico, foi utilizada uma práticapedagógica baseada em dogmas naautoridade do mestre e na disciplina.
O ADVENTO DO CAPITALISMO
A burguesia necessita desenvolver umnovo homem que pudesse contribuir paratransformar, através do trabalho, asantigas relações sociais predominantes.
A educação passa a ser
um direito de todos.
Didática Magna – COMÊNIO - 1957
COMÊNIO: elabora uma proposta de reforma da escolae do ensino e lança a base para uma pedagogia queprioriza a “arte de ensinar” por ele chamado de“Didática”.
“A proa e a prosa da nossa Didática seráinvestigar e descobrir o método segundo o qual osprofessores ensinem menos e os estudantesaprendam mais; nas escolas, haja menos barulho,menos enfado, menos trabalho inútil, e, aocontrário, haja mais reconhecimento, maisatrativo e mais sólido progresso”(...)
A DIDÁTICA
- Nos cursos de formação de professores,
se constitui como a disciplina que trata dos
meios dos processos e das técnicas de
ensino.
- Nos últimos tempos, muitos educadoreslevantaram questionamentos sobre acompreensão entre a relação dadidática com a prática social.
CRÍTICAS A DIDÁTICA
O objeto de estudo da Didática nãopode continuar atendendo àsnecessidades do capitalismo quandodesvincula o como, do para quê e opara quem ensinar, afastando oensino de suas finalidades sociais.
CRÍTICAS A DIDÁTICA
O ensino da “arte de ensinar” para ser críticonão pode se restringir aos meios desvinculadosdos fins sociais da educação escolar.
A Didática pode contribuir paratransformar a prática pedagógica daescola à medida em que desenvolve umacompreensão articulada entre seu conteúdode ensino e a prática social, enquantopressuposto e enquanto finalidade daeducação.
O professor do século XXI
Um educador para o século XXI: Quem é esse
educador? Como capacitá-lo? Que conhecimentos e
aptidões serão necessários à sua formação? Que adulto
queremos formar com a participação desse educador?
A educação é uma extraordinária força cultural que
está em perene estado de invenção e reinvenção social. De
fato, de tempos em tempos, sobretudo diante de ciclos
históricos, como a atual transição de séculos e de milênios ,
a sociedade busca redefinir os pressupostos, os objetivos,
os conteúdos e as metodologias da educação. E faz parte
integrante dessa busca traçar o perfil do educador ideal, e,
consequentemente, perguntar que tipo de cidadão
queremos formar com esse educador.
À medida que as sociedades foram se tornando cada
vez mais complexas, as funções de agentes educadores foi
passando à esfera de agências sociais especializadas - as
escolas. A educação passou, então, a ser tarefa quase que
exclusiva da escola e de seus professores.
Com a educação escolar, portanto, esvazia-se quase
completamente o papel educacional formal da família e de
tantas outras agências da sociedade, e nasce a educação de
base pedagógica - planejada e organizada, com estrutura e
funcionamento definidos, inclusive por força de lei, como
acontece entre nós, no Brasil.
Toda sociedade humana é educacional, mas nem toda
sociedade humana é educativa. Educacional é gênero,
educativo é espécie. A família, os grupos etários, a mídia e
todas as agência sociais, quer deliberadamente ou não,
passam valores, hábitos, costumes e até mesmo
conhecimentos. São, portanto, agências educacionais. Mas
serão educativas apenas se contribuírem para a formação da
pessoa - criança, adolescente, adulto - em conformidade
com os valores universais de verdadeiro, belo e bom, tanto
no plano individual como no social.
Se pretendemos que no século XXI a sociedade
humana conte com um sistema educacional que seja
educativo, com vistas à educação para a cidadania plena e
para o desenvolvimento ecologicamente auto-sustentável
do planeta, o educador desse novo século deverá estar
ciente dos pressupostos da educação, a saber:
pressupostos fundamentais e pressupostos instrumentais -
aquelas pré-condições para que se dê o processo
educacional como prática pedagógica.
Pressupostos fundamentais: Supõe-se que: - a
humanidade seja capaz de operar a felicidade; -
seja positiva a imagem do homem que vai ser
formado; - a pessoa humana seja perfectível; - a
pessoa humana esteja capacitada para a
liberdade; - a pessoa humana esteja capacitada
para a responsabilidade.
Pressupostos instrumentais: Supõe-se que: - a
educação seja um processo dialógico; - a
finalidade da educação seja fundamentada; - as
estruturas escolares sejam adequadas; - os
conteúdos escolares estejam de acordo com a
verdade; - a avaliação escolar não seja
tendenciosa; - quem ensina seja capaz de
ensinar; - quem ensina tenha vontade de ensinar;
- a mensagem coletiva possa ser criticamente
processada e individualizada por cada educando;
- a motivação do educando seja real; - a
competência adquirida seja realizada na prática; -
a educação não seja manipulação; - a virtude
possa ser ensinada pela vivência.
O século XXI, pelas características que presenciamos,
não poderá tolerar um educador, qualquer que seja a
modalidade e o nível de ensino de sua atuação profissional,
que não tenha sólida cultura geral, sobretudo de arte, filosofia,
história, geografia e economia, e que tenha, senão conteúdo,
pelo menos ótima compreensão sobre o papel e as
implicações da ciência e da tecnologia.
Por fim, a formação do educador só estará completa
com a compreensão e o desenvolvimento de valores éticos,
individuais e sociais, que digam respeito: à proteção e à
promoção da vida, humana e não-humana; aos ideais de vida
comunitária cooperativa, nos âmbitos local, regional, nacional
e internacional; à interação e relação social que seja pacífica
e solidária, sem discriminações e intolerâncias de qualquer
espécie; e ao equilíbrio entre desenvolvimento sócio-
econômico e cultural e preservação ambiental.
O HOMEM A SER FORMADO NO SÉCULO XXI
Um dos fenômenos mais insidiosos e preocupantes
dos últimos 20 anos, no mundo todo, mas que se manifesta
mais acentuadamente no homem ocidental, é o do declínio
da sensibilidade a respeito do significado de se ser humano.
Trata-se de fenômeno psicossocial e cultural que permeia
todas as dimensões da sociedade, e que tem origem no
nosso cotidiano, nas pequenas coisas, como modos de falar,
vestir e agir, mas que atinge as relações humanas em geral
e alcança todas as instituições e organizações sociais.
De fato, basta lembrarmos de demonstrações
aparentemente banais dos ambientes escolares, em nome
de uma pseudoinformalidade, e que se tornam cada vez
mais comuns, como o professor e o aluno que se dirigem um
ao outro em linguagem vulgar e até mesmo chula, para
termos uma ideia do estado de decadência a que chegou o
que foi e que deveria continuar a ser a sagrada relação
educador-educando. E o mesmo poder-se-ia falar sobre as
relações entre mães, pais e filhos; entre políticos e seus
eleitores; entre governantes e governados; e assim por
diante.
A degradação ambiental, a falta de equilíbrio e
harmonia entre os poderes constituídos, a intolerância
étnica, religiosa, sexual, social e a constante tensão entre
grupos locais, regionais, nacionais e internacionais são
apenas expressões maiores da perda de sensibilidade que
grande parte da população humana manifesta diante dos
atributos humanos universais de verdadeiro, belo e bom.
Dado esse quadro do nosso tempo, não é de
admirar, portanto, que um número crescente de indivíduos e
grupos sociais venha agora exibindo insensibilidade ao
sofrimento humano. É a barbárie - a desumanização
absoluta.
Que homem queremos formar para o século XXI?
Queremos um homem que reaja diante da barbárie, e que
lute, pacificamente, para reverter o processo de
desumanização que nos assalta e assombra. Não cabem
aqui, portanto, de um ponto de vista educacional,
considerações sobre conhecimentos e aptidões a serem
adquiridos por esse homem que se quer formar; cabem, tão
somente, considerações valorativas: há que se almejar,
permanentemente, o verdadeiro, o belo e o bom.
Entender isso é entender que o homem que a
educação deve pretender formar para o século XXI é o
cidadão livre, mas com responsabilidade - alguém que seja
capaz de resgatar, individual e socialmente, a dignidade da
cidadania plena, numa sociedade justa e solidária, e a
possibilidade de um planeta pacífico, harmônico e
ecologicamente auto-sustentável.
Se se pretende que a Terra sobreviva e a
humanidade retome sua trajetória de ascensão, teremos,
todos, que ser educadores e educandos, ao mesmo tempo,
permanentemente, numa sociedade educativa. Há escolhas
a fazer da parte de cada indivíduo e de cada grupo social. A
tarefa crucial da educação no século XXI será contribuir
para que homens e mulheres, pelo menos a grande
maioria, cada um no âmbito de suas capacidades e esfera
de responsabilidade, escolha o verdadeiro, o belo e o bom.
A crise da humanidade nesta transição secular é
valorativa, unicamente valorativa. Daí a ênfase no universo
valorativo humano e na revolução que nele terá que se
operar se quisermos nos desviar de uma rota de
canibalização e suicídio. Focos de barbárie sempre
existiram e certamente sempre existirão; mas o mundo não
foi e nem terá que ser sempre bárbaro.
Você, que é professor, mais que isso, que é educador
e um profissional da Educação, precisa fazer a sua parte na
construção do cidadão deste século. Seu aluno de hoje é o
cidadão do futuro,que vai, inclusive,cuidar de você, na sua
terceira idade. Já pensou sobre isto? Como você está
educando o cidadão que vai gerenciar o mundo por e para
você?
É preciso pensar em algumas palavras básicas para o
nosso trabalho: responsabilidade, compromisso, disciplina. É
preciso ser firme, mas não ser rude. Você, professor, é o
exemplo, o modelo a ser seguido pelo seu aluno.
Pense nisso!
Oficina
• Em dupla, vocês colocarão dois
desafios para o professor do século
XXI;
• 1 sugestão para aulas mais
dinâmicas e lúdicas para os alunos
deste século.
O professor do século XXI
• Formação contínua;
• Aberto ao novo e às mudanças (novas tecnologias);
• Estar preparado para trabalhar com uma geração
totalmente digital;
• Trazer o lúdico e o concreto para a sala de aula;
• Estar ciente de que a leitura é o caminho para a
escrita;
• Seduzir o aluno para o universo mágico da leitura /
literatura;
• Investir em seu letramento e praticá-lo para ser
exemplo;
• Meu aluno é o cidadão de hoje ou o de amanhã;
• Existem coisas que não se compram: respeito, valor,
ética, cidadania.