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SIMPATIA DIEGO DE LOS CAMPOS

Diego de los Campos - Simpatia

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Catálogo para a exposição 'Simpatia', com obras do artista Diego de los Campos. Realização: SESC SC. Design gráfico: Paula Albuquerque.

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simpatiaDiEGO DE LOs CampOs

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Sesc – Serviço Social do Comércio

Presidência do Conselho Regional do Sesc/SCBruno Breithaupt

Direção Regional do Sesc/SCRoberto Anastácio Martins

Direção Administrativa e FinanceiraAdolfo Willian Oldemburgo

Direção de Programação SocialEduardo Makowiecki Júnior

Direção de Recursos HumanosInaldo de Souza

Assessoria de PlanejamentoSimone Karla da Rocha Batista

Assessoria de Comunicação e MarketingAdriana Cadore Borborema Gusmão

Programa de CulturaMaria Teresa Piccoli, Maristela Alves de Medeiros e Afonso Nilson Barbosa de Souza

ProduçãoPrograma de Cultura

CuradoriaFernando Boppré

Design do catálogoPaula Albuquerque

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simpatiaDiEGO DE LOs CampOs

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s/t [ fotografia 90 x 60 cm, 2010 ]

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Atenção: simpatia infalível para conquistar seu amor. Leia essa (se é que você já não

a conhece...): “Numa sexta-feira de Lua Crescente, após as 21 horas, despetale uma rosa vermelha

e escreva em cada uma delas, com espinho da própria rosa, o nome da pessoa amada. Após isso,

atire as pétalas em água corrente e espere o resultado”. Ao fazer uma simpatia, jogamos com

o improvável. Surge no instante em que a lógica racional não dá mais conta do real. Uma crise,

um fracasso, uma doença, um desamor: qualquer situação pode servir de pretexto para uma

simpatia que, em última instância, promete instaurar uma ficção no lugar de uma realidade

não desejada (afinal, o que é arte senão, em parte, este esforço insano ao longo dos séculos?).

Geralmente, o corpo é o objeto central de uma simpatia. Quem faz uma simpatia deseja alterar

a relação de seu próprio corpo com a realidade, seja para o bem, seja para o mal (como ocor-

re nas sempre úteis mandingas). Para tanto, é preciso seguir à risca uma espécie de livro de

receitas que fornece as instruções para uma sequência de ações muitas vezes desconexas. Diego

de los Campos se utilizou nestes vídeos do stop motion (técnica de animação cinematográfica

onde o modelo – no caso, o próprio artista – é fotografado quadro a quadro). Com humor,

leveza e despretensão, talvez as principais características da trajetória de Diego, surgem diante

de nossos olhos lances improváveis em torno de seu autorretrato que, a todo instante, flertam

com o apagamento da memória e identidade do próprio artista.

Fernando Boppré Curador

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Hace 4 dias Adolfo Dúbio de Pasos salió a toda velocidad a su cuidad de origen. Eran solamente docientos

kilómetros que la ansiedad los hacian recorrer en una hora. Mas pasados 100 kilómetros sus ganas disminuyeron

así como su velocidad. - Si voy a 100 km/h, en una hora llego - pensó. Mas faltando solo 50 Km, Adolfo ya no sabía

si quería ir a su ciudad, entonces redució la velocidad a la mitad y pensó: - Si voy a 50 km/h, en una hora llego.

Faltando 25 km ya no tenia ganas de llegar a su maldita ciudad de origen. - Si voy a 25 km/h, en una hora llego -

pensó. Faltando 12 km bajó del auto y comenzó a correr pensando que si corria a 12km/h en una hora llegaba.

Poco tiempo después su paso iba quedando mas lento, siempre calculando en llegar en una hora. Hoy Adolfo

dió 3 pasos y se quedó estático sentado en el cordón de la vereda pensando ‘en una hora llego’.

Diego de los Campos

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Sobre como digerir uma lembrança [ vídeo stop motion, 15”, 2009 ]

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Pequena tentativa desvanecente [ vídeo stop motion e manipulação digital, 1’, 2010 ]

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Purgue [ vídeo stop motion, 1’, 2010 ]

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Isolador [ 4 fotografias 40 x 40 cm, 2011 ]

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Metamorfose niilista [ 5 fotografias 40 x 40 cm, 2011 ]

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s/t [ fotografia, 90 x 60 cm, 2011 ]

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Simpatia [ 2 instalações cinéticas, 2010 ]

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Conversar é a maneira mais antiga de se estabelecer o enten-dimento entre as pessoas. Os gregos conversavam, os romanos também. Do mesmo modo palavreavam os tupinambás, celtas. Os israelenses conversam. A cura pela fala configura o campo de ação da psicanálise, por exemplo. A mais recente enxurrada de redes sociais on-line é fonte inesgotável de “bate-papos”. As pessoas falam sobre a dor de existir no mesmo teclado que registram que a máquina de lavar entrou em pane.

Esta é a livre transcrição de uma conversa ocorrida ao lon-go de algumas tardes frescas do mês de janeiro de 2012. Decidimos nortear nosso diálogo em torno da exposição e de alguns temas nela presentes, sobretudo, o corpo e a morte. Optamos por focar nestes assuntos porque são amplamente vivenciados e discutidos por todos (ao contrário do suicídio, por exemplo, pouco comentado entre as pessoas e talvez por isso tão perturbador).

COnvErsa EntrE CuraDOr E artista

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Fernando: Afinal, todos morremos. Você está num universo, num país, numa cidade, numa comunidade, num corpo. Mas um dia esse espaço que conforma o sujeito, que oferece os limites objetivos e subjetivos da constituição de um “eu”, de um “nós”, terá seu fim. Será que, em última instância (por-que a morte, ao menos para nós, ocidentais, é sempre uma última instância), iniciarmos essa conversa sobre a morte não é um ponto de partida infantil? Sempre me espanto com a quantidade de artistas (por sinal, ótimos artistas) que passaram suas vidas dedicando-se a trabalhar alguma questão surgida lá na infância.

Diego de los Campos: Pois é, “Metamorfose niilista” tem algo sobre a morte.

F: Porque o teu corpo desaparece? É a única obra da exposi-ção em que ele desaparece completamente.

D: É, parece que ele sumiu, como um truque de mágica. Pen-so: que tipo de pensamento essa desaparição nos provoca? Qual sua relação com a morte? Creio que aqui o corpo não tem uma morte dualística, não há uma diferença entre a parte corporal e parte espiritual. Não há cadáver, então não há uma alma que foi pro céu.

F: E o niilismo? Onde ele entra nisso?

D: O niilismo é o pulo no vazio. E lá onde o corpo deveria cair não há nada. Eu penso assim a morte. Talvez por isso tenho a necessidade de produzir um tanto compulsivamen-te. Parar de fazer arte seria uma espécie de suicídio. Como Nietzsche pensava a morte? Algo como: “A ideia de suicí-dio é um poderoso consolo: ela ajuda a passar mais de uma noite ruim”.

F: De que sujeito você está falando nesta exposição?

D: Eu estou falando do sujeito como “auto-sujeito”, um autorretrato, auto-eu, e como estes são feitos e desfeitos.

F: Auto-ajuda?

D: Não! Sim! Auto-simpatias! Não sei o que falar sobre o sujeito, fala você.

F: Vamos pensar em corpo, ao invés de sujeito. Porque sujeito é algo muito abstrato, eu prefiro pensar em corpo até mesmo porque é algo mais sensual.

D: E mais plástico.

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F: É engraçado que ao mesmo tempo em que a arte nos dias de hoje reivindica uma relação com o corpo há todo um dis-curso teórico sobre o esquecimento, o desaparecimento. En-tão, há uma linha de trabalhos (que cada vez mais se torna meio aborrecedora) que utiliza a memória desse corpo que findou e dos objetos afetivos em torno desses corpos como base conceitual e material. Isso é meio paradoxal porque se fala mais sobre um corpo morto do que sobre um corpo vivo. É meio cristão. Sabe aquela coisa das igrejas terem sempre um Cristo Morto?

D: Em “Sem título” [retrato com fumaça] e também em “Pequena tentativa desvanecente” há um corpo como ideia, mas uma ideia em formação. Eu utilizo meu corpo e coloco um véu na frente dele [a fumaça]. Na verdade, o retrato nun-ca acontece. É como alguém que quer chegar a seu lugar de origem, mas nunca chega. Eu acho que é isso, tem sempre algo na frente, entre a lente e o meu rosto. Então a origem não está num lugar, e sim numa trajetória, num processo que nunca acaba.

F: Isso me lembra aquela história que você escreveu, sobre o Adolfo Dubio, uma personagem que nunca chega. Essa narra-tiva é a forma literária desse pensamento.

D: Pode ser, não havia pensado nisso.

F: Acho que há uma postura ética interessante em seu traba-lho que é se utilizar sempre de seu próprio corpo.

D: Trabalhar com o próprio corpo é muito prático. Não preci-so pedir autorização para ninguém. Acho que há uma espé-cie de cura com essas animações. Há uma lembrança que eu quero trabalhar.

F: Eu não posso deixar de perguntar: qual lembrança você quer trabalhar?

D: Isso não posso falar, e também não importa, pode ser qualquer lembrança. Há uma vontade real de querer sumir, desaparecer. Ou poder digerir, sintetizar, e - por que não? -, defecar e dar descarga nalgumas lembranças. O assunto, quando isto se transforma em obra, seria ver qual lembran-ça você, como espectador, colocaria nos vidrinhos que apa-recem na animação. Acho que isso é normal no ser huma-no. Querer ser invisível de tal modo que as pessoas não te reconheçam. Pode ser vantagem ou um pesadelo. Imagine você numa festa e as pessoas que você quer que te reco-nheçam não te vêem e vice-versa. Imagine andar na rua

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mais conhecida da cidade com um traje de gari: ninguém te reconhecerá.

F: Lamento informar, mas com essa exposição será meio difí-cil ficar invisível porque seu rosto está na berlinda.

D: O Twitter, o Facebook são espécies de narrativas contí-nuas dos sujeitos. É como se houvesse uma única e exten-sa história pessoal subjetiva sendo mostrada o tempo todo para as outras pessoas, a maioria indefinidas desconhecidas, nuvens.

F: A produção contínua e ininterrupta de fontes históricas. Isso ainda vai mudar o ofício do historiador. A diferença do teu trabalho para essa lógica “egoutópica” que se estabele-ceu nos dias de hoje é que você nos mostra um véu.

D: É a possibilidade de se esconder e de se mostrar ao mesmo tempo. O ego aqui está sendo secionado, desmontado, para ver que tem, o que não deixa de ser talvez uma autoegoutopia.

F: Por último, por que o título “Simpatia”?

D: Uma simpatia é uma fórmula pela qual, sem nenhuma

explicação lógica, você consegue alcançar um objetivo. É um pouco como o meu trabalho, que é um processo um tanto caótico, e não tem diretrizes racionais. Trabalho de forma intuitiva abusando do acaso. Digo que são as mãos que pensam. O conceito se esboça na feitura, mas só fica claro muito tempo depois. Parece que se defino a priori o que estou fazendo, já não tem sentido trabalhar para isso. Uso várias técnicas, o que ajuda no aspecto criativo do conjunto. Estas animações venho fazendo desde 2008. O projeto de exposição se dá à medida que consigo ter o número suficiente de obras que sigam um formato similar, neste caso o autorretrato. Mas voltando à simpatia, o títu-lo surgiu com o trabalho dos espelhos em ângulo que giram fazem inverter a imagem, ficando o reflexo da pessoa de cabeça para baixo. Vejo isto como uma tentativa de fazer o público protagonista do trabalho, fazer com que ele se sin-ta parte do processo, de uma transformação parecida a de que aparece nas animações. Não acredito nas superstições populares assim como não acredito em Deus e em espíri-tos. Porém, acho que no fazer artístico existe uma espécie de mística particular que se dá num nível muito pessoal, e reside nos significados que damos às formas, gestos ou movimentos com que trabalhamos.

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Exercício para comprimir pensamentos [ vídeo stop motion e manipulação digital, 49”, 2011 ]

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Configure sua máquina fotográfica na menor definição possível (VGA,

640 x 480 px), para fotos sem flash.

Coloque a câmera num tripé. Se não tiver tripé, fixe-a com fita crepe

numa superfície firme.

Tire um monte de fotografias. Para fazer um segundo de animação

precisamos de 10 fotografias, ou seja, 10 fps (10 frames per second,

10 quadros por segundo em português, sendo cada quadro uma foto-

grafia). Para fazer um minuto de animação, calculamos: 60 segundos

vezes 10 fps = 600 fotografias.

Tente começar com movimentos simples. O movimento linear de uma

pessoa se deslocando na frente da câmera pode ser feito de seguinte

forma:

a) enquadre a pessoa de corpo inteiro no canto direito da foto.

b) tire uma foto.

c) peça à pessoa para se deslocar 15cm para a esquerda do enquadra-

mento.

d) tire outra foto.

e) repita o procedimento até a pessoa sair de cena.

Se pedirmos à pessoa que sempre fique de pés juntos quando a foto-

grafamos, na animação parecerá que ela está se deslocando sem fazer

esforço. Se ela pular no momento em que é tirada a foto, na animação

parecerá que está voando. Se quiser que o movimento da pessoa seja

mais rápido então aumente a diferença do deslocamento entre foto e

foto, por exemplo a 30cm. Se quiser fazer um movimento de acelera-

ção, aumente a diferença de deslocamento gradualmente.

Quando ficar exausto de tirar tantas fotografias, passe-as para seu

computador numa pasta chamada, por exemplo, Stopmotion1 (a pri-

meira de muitas!).

Agora precisamos de um programa para juntar as fotos e transformá-las

num vídeo. Se você tiver Windows, o programa mais simples de utilizar

é o JPGVideo. Este programinha de 446 KB pode ser baixado de graça

na internet procurando por “jpgvideo.zip”. Descomprima o programa

e instale-o.

Abra o programa JPGVideo e clique em “Configure”. Em “JPG Directory”,

clicando nos 3 pontinhos procure pela pasta onde colocou o trilhão de

fotos, a Stopmotion1. Em “Output”, clicando nos 3 pontinhos, escolha

COmO fazEr um viDEO Em stOp mOtiOn

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Links

a mesma pasta. Mais para baixo, em “Frames per Second”, coloque 10.

Aperte em “OK”. Aperte em “Run”. Escolha o “Codec” para comprimir

o vídeo, por exemplo: “Microsoft Video 1”. Coloque 90 na barrinha

“Quality”. Aperte em “OK”. O programa vai juntar todas as suas fotos,

colocando-as em sequência para formar o vídeo. Se demorar muito,

cancele a operação e observe se na pasta onde colocou as fotos não

existem fotos em outras definições, como, por exemplo, aquelas que

tirou do aniversário da sua tia. Se for assim, coloque todas as fotos

que não estiverem em baixa resolução em outra pasta qualquer e tente

de novo com o JPGVideo.

Seguindo estes passos, o programa vai criar na pasta Stopmotion1

um aquivo de nome jpgvideo.avi. Se tudo der certo, dando um duplo

clique nele você verá sua animação, e com certeza vai achar que durou

pouco tempo e que tudo aconteceu muito rápido. A solução é fazer

outra animação tirando ainda mais fotos!

Para colocar créditos, trilha sonora ou efeitos especiais, você pode

usar o programa de edição de vídeo que vem com o Windows.

Coloque seu vídeo na internet e compartilhe com seu amigos. Tente

participar de festivais como o Animamundi ou o Festival do Minuto.

Sorte!

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09.

Se você já tiver experiência com programas de edição de

vídeo como o Sony Vegas ou o Première, antes de colocar

a sequência de fotografias na linha do tempo, configure

a duração em segundos ou em quadros de cada “Still”. Se

o vídeo estiver em 30 fps, cada “still” ocupará 3 quadros.

Se você tiver uma câmera profissional, configure-a para

tirar fotos em “M”, fixe o ISO num número determinado e

use o foco manual. Se achar a definição VGA muito baixa,

o máximo que se trabalha em vídeo é em Full HD (1920

x 1080 px).

Se sua câmera for Canon, pesquise sobre o programa

Magic Lantern e tente fazer um time lapse (google it!).

Para esclarecimento de dúvidas, ou para mostrar resulta-

dos felizes, envie um e-mail para:

[email protected].

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Alguns vídeos: http://www.youtube.com/diegodeloscampos

Site da exposição: http://diegodeloscampos.wordpress.com/simpatia-

-itinerante-sesc/

nOtas

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uma fOLha Em branCO para vOCE

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Realização