dimencionamento biodigestor

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REVISTA CIENTFICA ELET RNICA DE AGRONOMIA PERIODICIDADE SEMESTRAL ANO I NMERO 2 DEZEMBRO DE 2002 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Dimensionamento de Biodigestor para Gerao de Energia Alternativa

Mariliz H. ARRUDAFaculdade de Agronomia e Engenharia Florestal de Gara FAEF Graduandos do programa de iniciao cientfica do curso de Engenharia Florestal

Lcio de P. AMARALFaculdade de Agronomia e Engenharia Florestal de Gara FAEF Graduandos do programa de iniciao cientfica do curso de Engenharia Florestal

Odair P.J. PIRESFaculdade de Agronomia e Engenharia Florestal de Gara FAEF Graduandos do programa de iniciao cientfica do curso de Engenharia Florestal

BARUFI, Charles R.V.

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Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal de Gara FAEF Docente

RESUMO

O dimensionamento sobre energia alternativa gerada pelo biodogestor foi dividido em etapa de elaborao do projeto e etapa de construo do prottipo. Na elaborao do projeto foi feito o levantamento bibliogrfico sobre Biodigestores, ressaltando o processo de produo de Biogs. Os materiais envolvidos, os produtos finais e o impacto ambiental causado pela sua utilizao, foram tambm considerados nesta etapa. Em ambas as etapas, constam os clculos da produo esperada de gs, bem como os materiais utilizados e mtodos de montagem e segurana de um Biodigestor. Foi objetivo deste trabalho discutir todo o processo de elaborao de um projeto com bom rendimento e de baixo custo. Palavras chave: GERAO, BIODIGESTOR, BIOGS.

SUMMARY

The issue about alternative energy, its divided in: elaboration and building the prototype. In the elaboration of the project was done the bibliographic about biodigestor putting in fact the process of biogas. The causes and effects in this process were analyzed too. In the two stages the calculation of the security of a biodigestor were included. In this project we will discuss about the elaboration in the building stage. KEYWORDS: GERATION, BIODIGESTOR, BIOGAS.

1. INTRODUO

O aproveitamento de restos de natureza orgnica (animal e vegetal) feito geralmente por meio de estrumeiras e cmaras de fermentao. O Biodigestor dar melhor destino a estes materiais, no s para a obteno de gs de forma bastante econmica como tambm para a produo de adubo orgnico de real valor para a fertilizao do solo. (SEIXAS, J.; FOLLE, S.; MACHETTI, D.) O Biogs produzido pelo Biodigestor obtido atravs da fermentao bacteriana anaerbica. Com esse processo biolgico se obtm energia sem gasto de energia, portanto, no final do processo o saldo de 100%. (ALVES, J.L.H; PAULA, J.E.). Pode-se usar para esse tipo de fermentao, dejeto humano, esterco bovino, suno, eqino, caprino, de aves, esgoto domstico, vinhoto, plantas herbceas, rejeitos agrcolas e capim em geral. Nesse sentido as bactrias agem em silncio em favor do progresso e conforto da humanidade produzindo energia, fertilizando o solo e evitando a contaminao da gua e do solo. (ALVES, J.L.H; PAULA, J.E.).

2. MATERIAL E MTODOS

A decomposio bacteriana de matria orgnica sob condies anaerbias feita em 3 fases: HIDRLISE ENZIMTICA; FASE CIDA; FASE METAGNICA. Na fase de Hidrlise Enzimtica as bactrias liberam no meio as enzimas extracelulares que iro promover a hidrlise de partculas (quebra de partculas no meio aquoso), transformando molculas grandes em menores e mais solveis. Na fase cida as bactrias produtoras de cidos transformam molculas de protenas, gorduras e carboidratos em cidos (cido lctico e cido butlico), etanol, hidrognio, amnia e dixido de carbono, entre outros. Na fase Metagnica as bactrias metanognicas atuam sobre o hidrognio e o dixido de carbono transformando-os em CH4 (metano). Esta fase limita a velocidade da cadeia de reaes devida principalmente formao de microbolhas de CH4 e CO2 em torno da bactria metanognica isolando-a do contato direto com a mistura, razo pela qual a agitao prtica recomendvel, atravs de movimentos giratrios do gasmetro ou com ps no digestor. O Biogs consta basicamente de: GS METANO (CH4) em torno de 50 a 60%; GS CARBNICO (CO2) em torno de 35 a 40%; HIDROGNIO (H2) em torno de 1 a 3%; OXIGNIO (O2) em torno de 0.5 a 1%; GASES DIVERSOS em torno de 1 a 5% Sendo o gs carbnico incombustvel, com sua eliminao atravs da dissoluo em gua, possvel a obteno de um Biogs com cerca de 95% de metano de poder calorfico de cerca de 8500 Kcal/m.

O Biogs, contudo s se torna combustvel eficiente quando o teor de metano for superior ao de CO2. uma fonte de energia de mltipla utilizao: e aquecedor de gua, geladeiras, m fogo, calefao, iluminao, veculos de grande e pequeno porte, grupos geradores, embarcaes, etc. Sua eficincia economicamente vivel. Como exemplo prtico um veculo de 70 HP roda 15 Km com 1m de Biogs, e uma famlia de cinco pessoas fazendo trs refeies por dia consome apenas 1m de Biogs. O metano um gs muito antidetonante, portanto, capaz de suportar nos motores uma relao volumtrica bem mais elevada do que as melhores gasolinas. Facilmente inflamvel produz uma chama pouco visvel, e no caso de vazamento, a tendncia escapar para cima (menos denso que o ar). Quando desprende de alguma cavidade subterrnea, inflama-se com grande facilidade em contato com o ar, causando exploses muito violentas, denominado grisu; tambm ocorre em pntanos (da seu nome, gs dos pntanos), devido ao apodrecimento de vegetais.(FELTRE, R.) Condies necessrias para uma fermentao tima: IMPERMEABILIDADE AO AR:

Nenhuma das atividades biolgicas (reproduo, metabolismo, etc.) dos microorganismos exigem oxignio, que em cuja presena so eles de fato, muito sensveis. A decomposio de matria orgnica na presena de O2 produz CO2 (dixido de carbono), e na ausncia do ar (O2) produz CH4 (metano). Portanto o Biodigestor deve ser perfeitamente vedado para a produo no ser inibida. TEMPERATURA ADEQUADA:

30C, qualquer mudana brusca que a exceda afeta a produo. NUTRIENTES ESSENCIAIS:

Nitrognio, sais orgnicos e principalmente Carbono. A relao Carbono/Nitrognio (C/N) deve ser mantida entre 20:1 e 30:1. TEOR DE GUA:

Deve situar normalmente em torno de 90% do peso contedo total (1:1 ou 1:1,5). Tanto o excesso quanto a falta so prejudiciais. SUBSTNCIAS PREJUDICIAIS:

NaCl, Cu, Cr, NH3, K, Mg, Ni. So elementos conciliveis se mantidas abaixo de certas concentraes. TEMPO DE RETENO:

35 a 45 dias em geral. Processos de segurana na montagem do Biodigestor e na produo: - Uso do MANMETRO: utilizado para medir a presso interna, calcular a quantidade aproximada de gs armazenado e zelar pela segurana contra alta presso. - No colocar fertilizantes fosfatados, sob condies de ausncia de ar (pressurizado) esse material pode produzir fosfina, txico e cujo contato letal. - Na utilizao de Biogs para queima, acende-se primeiro o fsforo para depois abrir a vlvula. A Produo:

A produo do metano, a partir da biomassa, comea a se processar depois de 20 dias, vai aumentando at chegar ao mximo na terceira semana quando comea a decrescer lentamente durante o perodo de fermentao de cerca de 90 dias. Para no ocupar o Biodigestor nas fases de produo mnima, na prtica costumase dimension-lo para um perodo de produo de 5 a 6 semanas. Em experincias realizadas na Frana e na Alemanha, verificou-se que a produo diria para 1m de cmara de fermentao de cerca de 0.6m de gs. Para melhor produo de Biogs, o material utilizado deve apresentar certa relao Carbono/Nitrognio (C/N) em torno de 30, ou seja, 30 vezes mais carbono do que nitrognio. Havendo excesso de carbono, o que ocorre quando se usa muito material celulsico, principalmente serragem, o Biogs tende a possuir elevado teor de CO2 e pouco metano. O mesmo ocorre se a matria-prima muito rica em nitrogenados (urina, sangue, etc.). Consideraes favorveis ao uso de Biodigestor: O Brasil dispe de condies climticas favorveis para explorar a imensa energia produzida pelos Biodigestores (o Biogs) e deixar de utilizar o gs de bujo e o combustvel lquido (querosene, gasolina e diesel) para o meio rural e urbano. Com isso, o Brasil reduziria uma significativa parcela de importao de derivados do petrleo. Fazendo um paralelo ao que ocorreu na China at dezembro de 1979, que dos 7,2 milhes de biodigestores instalados, o valor energtico foi equivalente a 5 ITAIPS ou 48 milhes de toneladas de carvo mineral. Alm da produo de Biogs para a utilizao de seu alto poder energtico, os resduos da biodigesto apresentam alta qualidade para o uso como fertilizante agrcola pois h o aumento no teor de nitrognio e demais nutrientes em conseqncia da perda de carbono, diminuio da relao C/N da matria orgnica o que melhora as condies do material para fins agrcolas, maiores facilidades de imobilizao do biofertilizante pelos microorganismos do solo, devido ao material j se encontrar em grau avanado de decomposio, o que aumenta a sua eficincia e solubilizao parcial de alguns nutrientes, poupa as matas da retirada de lenha, reduz custo de transporte e poluio pr hidrocarbonetos vindos do petrleo. A queima No emprego do Biogs como combustvel (transformao da energia do gs em energia trmica como o caso), deve-se estabelecer entre este e o ar, uma relao que permita a combusto integral. Quando esta se d, a chama forte, de colorao azul claro e o gs emite um assobio. Se a chama tremer h insuficincia de ar e combusto incompleta. Se for curta, amarela e piscante, indica Biogs insuficiente e ar excessivo. Quanto ao impacto ambiental: A mudana no ambiente desfavorvel ao uso de Biodigestores na produo de gases nocivos com sua queima.

No caso da queima completa do metano a equao d-se pr: CH4 + 2 O2 2 H2O + CO2 No produzindo gases txicos a no ser o CO2 que contribui beneficamente na manuteno da temeperatura global mas que em grandes quantidades altera o Efeito Estufa, resultando num aquecimento excessivo da Terra. J na combusto incompleta do metano a equao d-se pr: CH4 + O2 CO + H2O Esse fenmeno ocorre na carncia de comburente, no caso o O2. Nessa situao produz-se monxido de carbono (CO) que um gs venenoso que em contato com o sangue aceptado pr ele no lugar do oxignio. O CO liga-se a hemoglobina entrando no processo de hematose (trocas gasosas), causando a morte de indivduos pr asfixia. Isso alm da fuligem que entra no sistema respiratrio causando danos ao mesmo. Tambm os lquidos residuais, dependendo do material que foi degradado podem contaminar a gua de mananciais.

3. RESULTADOS E DISCUSSES

Este trabalho em sua fase prtica tem como objetivo a construo de um BIODIGESTOR em pequenas propores, seu abastecimento e a consequente produo d e Biogs. O Biogs produzido ser revertido e sua utilizao ser na transformao para Energia Trmica produzida pela sua queima. So necessrios os seguintes materiais: 2 tambores de 200L (0.2m) 1 vlvula manomtrica 1 vlvula de esfera pol. 1 vlvula de esfera pol. 6m de mangueira de fogo 1 funil para alimentao da cmara de fermentao 1 manmetro 6 abraadeiras para mangueira pol. Em um tambor de 200 L ( 0,2m) faz-se dois orifcios de 3 na regio inferior lateral, um com um cano que ultrapasse a altura mdia do tambor, destinado para o abastcimento com biomassa ( deve-se ter uma tampa vedante na ponta do cano) e outro com uma vlvula de esfera " , destinado retirada do material decomposto, estando os dois em nvel;

Na regio superior lateral do tambor, faz-se um orifcio com uma vlvula esfrica de " , destinada ao alvio de presso no momento de abastecimento da cmara de fermentao; Na regio superior do tambor instalada uma vlvula manomtrica com a finalidade de se regular a presso interna do sistema. Nesta vlvula conectada uma mangueira de " que tambm conectada outro tambor de 200 L (0,2m), que tr funo de reservatrio de gs; Na regio superior do tambor- reservatrio instalado um manmetro para que se tone possvel o controle da presso interna do reservatrio. Ainda neste instalada uma vlvula esfrica de " com uma mangueira. Na extremidade desta instalado um queimador, que servir como fonte de calor ou de luz (lampio).

Volume do Reservatrio de Biogs: Altura: 0,83 m (h) Dimetro: 0,58 m (raio= 0,29m) V= R. h V= 3,14. (0.29).0,83 V= 0,219 m No Digestor: Metade do volume do digestor ser ocupado pela biomassa, portanto, um tambor de 0,2m ter aproximadamente 0,1m de material. O outro 1m ser ocupado com Biogs processado pela biomassa. Considerando: 1m de biomassa produz 30m de CH4. Portanto: 1m-------30m 0,1 -------- x x = 3m ( no digestor) Pr isso a utilizao de um reservatrio de Biogs de 0,2m que somados com o 0,1m do gasmetro ter capacidade de armazenar essa quantidade de gs. (0,3m). Essa quantidade de gs produzido (3m) suficiente para abastecer uma cozinha (dependendo do queimador) pr 4 horas, visto que ele gasta de 0,32 a 0,63 m/h , ou lmpadas do tipo camisinha (1), que consome 0,08 m/ hora pr aproximadamente 37,5 horas. Um veculo de 70 HP rodaria 45 Km com esses mesmos 3 m. Direcionamento do gs para a utilizao em motores, Energia Eltrica: O uso do Biogs como combustvel para motores necessita de alguns cuidados, como pr exemplo: A partida do motor pode ser feita primeiramente com gasolina at que o mesmo

trabalhe normalmente, o que se consegue abrindo gradualmente a vlvula do gs e ao mesmo tempo ajustando a entrada de ar.

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O motor poder comear a funcionar diretamente com o gs sem ajuda da gasolina,

neste caso se retiraro os dispositivos de entrada de gasolina e a bia do carburador. Sero necessrios ajustes para que a mquina trabalhe normalmente. A admisso do

Biogs feita atravs da tubulao de gasolina.

4. CONCLUSES

O consumo em mdia : Motor comum gasolina: 0,45m/HP/h Motor diesel com alimentao comum: 0,32m/HP/h Ligado diretamente ponta do virabrequim vai um gerador que pode ser: alternador automotivo ou dnamo. Produzindo assim Energia Eltrica. A noo de que melhor possuir um grande biodigestor do que um pequeno deve, pois, ser combatida. Naturalmente o volume do digestor no dever ser to pequeno que a produo de gs seja insuficiente e as necessidades no sejam atendidas. O sucesso de um Biodigestor depende de dua operao e no de seu tamanho.

5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

ALVES, J.L.H.; PAULA, J.E.; Madeiras nativas, anatomia, dendrologia, dendometria, produo e uso. Fundao Mokiti Okada- MOA FELTRE, R.; Fundamentos da Qumica. So Paulo: Moderna, 1996. PEREIRA, M.F.; Construes Rurais Nobel. . SEIXAS, J.; FOLLE, S.; MACHETTI, D.; Construo e Funcionamento de Biodigestores. Embrapa, 1980.