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DIREÇÃO PREDOMINANTE E VELOCIDADE MÉDIA E MÁXIMA DO VENTO NO MUNICÍPIO DE CAMBARÁ-PR Eduardo Henrique Baltrusch de Gois 1 ; Marcio Massashiko Hasegawa² 1 Mestrando em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal Tecnológica do Paraná UTFPR, Campus Londrina. Link para o Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7180177874919333. Email: [email protected]. ² Prof. Doutor em Agronomia, Setor de Engenharia e Desenvolvimento Agrário, Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP, Campus Luiz Meneghel, Bandeirantes - PR, Link para o Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7408707673754694. Email: [email protected]. RESUMO O conhecimento da velocidade média, máxima e direção predominante dos ventos fornecem informações importantes para agricultura como: dimensionamento de quebra-ventos, orientação nos horários das pulverizações, na construção de granjas e estábulos entre outras aplicações. O objetivo deste trabalho foi determinar a velocidade média e máxima do vento na altitude de dois metros e da direção predominante no município de Cambará, Estado do Paraná. Foram utilizados dados obtidos no período de 1973 a 2010, em anemógrafo universal localizado a dez metros do solo, em uma estação agrometeorológica. Analisando os resultados obtidos por época do ano a dois metros de altura, observou-se que na primavera ocorreram as maiores velocidades médias do vento e no outono as menores velocidades médias do vento. A velocidade média anual do vento a dois metros de altitude foi de 2,02 m/s. A direção predominante do vento foi a sudeste (SE) com 35,5% das ocorrências anuais e frequência de ocorrência média mensal máxima no mês de abril 41,8% e mínima no mês de janeiro 26,5%. A segunda direção de maior ocorrência é leste (E) com 23,6% das ocorrências anuais, seguida pela direção nordeste (NE) com 8,6% das ocorrências anuais. PALAVRAS-CHAVE: estação agrometeorológica; anemógrafo; estações do ano. CHARACTERIZATION OF THE PREDOMINANT WIND DIRECTION AND AVERAGE AND MAXIMUM WIND SPEED IN THE TOWN OF CAMBARÁ-PR ABSTRACT Average and maximum wind speed and predominant wind direction knowledge give important information for agricultural purpose like: dimensioning windbreaks, orientation in spraying times, stables and fowl run construction among other applications. The objective of this work was to determine average, maximum wind speed and predominant wind direction at the two meter of altitude in the town of Cambará, Paraná. The daily wind speed data were collected from 1973 to 2010, through an universal anemograph installed at ten meters height, located in the Weather Station. The results for seasons of the year at two meter height, were the highest average wind speed for spring and the lowest average wind speed for autumn period. The annual average wind speed at meter height was 2,02 m/s. The predominant wind direction was southeast (SE) with 35,5% of annual frequency and the highest monthly average was in April with 41,8% following by January with the lowest monthly average

Direção do vento - Cambará-PR

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DIREÇÃO PREDOMINANTE E VELOCIDADE MÉDIA E MÁXIMA DO VENTO NO MUNICÍPIO DE CAMBARÁ-PR

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  • DIREO PREDOMINANTE E VELOCIDADE MDIA E MXIMA DO VENTO NO MUNICPIO DE CAMBAR-PR

    Eduardo Henrique Baltrusch de Gois1; Marcio Massashiko Hasegawa

    1 Mestrando em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal Tecnolgica do Paran UTFPR, Campus Londrina. Link para o Currculo Lattes:

    http://lattes.cnpq.br/7180177874919333. Email: [email protected].

    Prof. Doutor em Agronomia, Setor de Engenharia e Desenvolvimento Agrrio, Universidade Estadual do Norte do Paran - UENP, Campus Luiz Meneghel, Bandeirantes - PR,

    Link para o Currculo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7408707673754694. Email: [email protected].

    RESUMO

    O conhecimento da velocidade mdia, mxima e direo predominante dos ventos fornecem informaes importantes para agricultura como: dimensionamento de quebra-ventos, orientao nos horrios das pulverizaes, na construo de granjas e estbulos entre outras aplicaes. O objetivo deste trabalho foi determinar a velocidade mdia e mxima do vento na altitude de dois metros e da direo predominante no municpio de Cambar, Estado do Paran. Foram utilizados dados obtidos no perodo de 1973 a 2010, em anemgrafo universal localizado a dez metros do solo, em uma estao agrometeorolgica. Analisando os resultados obtidos por poca do ano a dois metros de altura, observou-se que na primavera ocorreram as maiores velocidades mdias do vento e no outono as menores velocidades mdias do vento. A velocidade mdia anual do vento a dois metros de altitude foi de 2,02 m/s. A direo predominante do vento foi a sudeste (SE) com 35,5% das ocorrncias anuais e frequncia de ocorrncia mdia mensal mxima no ms de abril 41,8% e mnima no ms de janeiro 26,5%. A segunda direo de maior ocorrncia leste (E) com 23,6% das ocorrncias anuais, seguida pela direo nordeste (NE) com 8,6% das ocorrncias anuais. PALAVRAS-CHAVE: estao agrometeorolgica; anemgrafo; estaes do ano.

    CHARACTERIZATION OF THE PREDOMINANT WIND DIRECTION AND AVERAGE AND

    MAXIMUM WIND SPEED IN THE TOWN OF CAMBAR-PR

    ABSTRACT

    Average and maximum wind speed and predominant wind direction knowledge give important information for agricultural purpose like: dimensioning windbreaks, orientation in spraying times, stables and fowl run construction among other applications. The objective of this work was to determine average, maximum wind speed and predominant wind direction at the two meter of altitude in the town of Cambar, Paran. The daily wind speed data were collected from 1973 to 2010, through an universal anemograph installed at ten meters height, located in the Weather Station. The results for seasons of the year at two meter height, were the highest average wind speed for spring and the lowest average wind speed for autumn period. The annual average wind speed at meter height was 2,02 m/s. The predominant wind direction was southeast (SE) with 35,5% of annual frequency and the highest monthly average was in April with 41,8% following by January with the lowest monthly average

  • 26,5%. East (E) was the second direction in annual frequency with 23,6%, following by northeast (NE) with 8,6%. KEYWORDS: weather station; anemograph; seasons of the year.

    1. INTRODUO

    De acordo com Ayoade (1998), a radiao solar provoca um aquecimento

    diferencial de pores de ar, criando os gradientes de presso, geradores dos ventos que

    ocorrem tanto em escala global (latitudes e ciclos dia-noite) quanto local (mar-terra, vale-

    montanha).

    A velocidade mdia anual do vento pode variar em mdia 10% de um ano para o

    outro, mas em alguns locais as variaes chegaram a 30% (PARK, 1979).

    A intensidade e a direo dos ventos so determinadas pela variao espacial e

    temporal do balano de energia na superfcie terrestre, que causa variaes no campo de

    presso atmosfrica, gerando os ventos. A direo dos ventos resultante da composio

    das foras atuantes (gradiente de presso, atrito, fora de Coriolis), mas o relevo

    predominante na regio tambm interfere na direo, prximo superfcie (PEREIRA et al.,

    2002).

    possvel predizer com significativa preciso o comportamento dos ventos em

    determinada localidade para certo perodo, com uma serie de dados histricos coletados (LE

    CHAPELLIER, 1981).

    Segundo Martins (1993), o conhecimento da direo predominante e das

    velocidades mdias dos ventos que ocorrem num local fornecem informaes importantes

    para o posicionamento de quebra ventos, orientaes na construo de estbulos,

    distribuio das diferentes culturas no campo e principalmente, no posicionamento e

    dimensionamento das torres para a utilizao desta fonte de energia natural.

    Estudos sobre a direo predominante do vento contribuem tambm para

    atividades como, a instalao de quebra-ventos para proteo de objetos (culturas, casas de

    vegetao, residncias, etc.), situados a barlavento dos efeitos danosos do vento; instalao

    de indstrias em reas urbanas, que fornecem conhecimento da direo predominante do

    vento, justifica-se pela necessidade de disperso de poluentes sem que estes atinjam reas

    residenciais prximas e para conforto trmico onde estudos aplicados arquitetura para

    projetos de construes ventiladas, com portas ou janelas voltadas ou no para a direo

    predominante do vento (GALVANI et al., 1999).

    Altas velocidades de vento ameaam a integridade de estruturas como linhas

    areas de transmisso de energia, telhados de edificaes, pontes, turbinas elicas,

    antenas difusoras, entre outras (GONALVES, 2007).

  • A velocidade do vento afeta indiretamente as culturas e dependendo da velocidade

    sua influncia pode ser positiva ou negativa (SENTELHAS, 2009).

    Segundo Munhoz e Garcia (2008), o vento uma das variveis meteorolgicas

    mais importantes, e uma das menos estudadas. Na agricultura conhecida a sua influncia

    na aplicao de agrotxicos e em estudos voltados propagao de doenas, polinizao e

    prticas com quebra-vento. Este elemento meteorolgico afeta o crescimento das plantas de

    vrias maneiras, dentre as quais podemos citar, a transpirao, absoro de gs carbnico

    e efeito mecnico sobre folhas e ramos, sendo que o resultado desta interao depende da

    espcie.

    O vento em velocidades baixas a moderadas contribui para renovao de gs

    carbnico e manuteno da transpirao das plantas (PEREIRA et al., 2002). J em

    velocidades extremas, o vento pode causar transpirao excessiva, levando ao fechamento

    dos estmatos, reduo no nmero de folhas e da rea foliar, causando assim uma queda

    repentina na fotossntese, alm de causar danos mecnicos, acamamento, queda de folhas,

    flores, frutos, galhos e troncos (SENTELHAS, 2009).

    Conforme o Censo Agropecurio de 2006, as culturas predominantes no municpio

    de Cambar so cana-de-acar, soja, milho, trigo, caf e mandioca, respectivamente em

    valor da produo (IBGE, 2006). As plantas frutferas tm baixa tolerncia aos ventos,

    principalmente quando esto em crescimento; na ocorrncia de ventos fortes, estes podem

    causar danos mecnicos e afetar seu desenvolvimento fisiolgico e de acordo com

    Conceio (1996), culturas no irrigadas tambm so sensveis aos ventos, principalmente

    os mais intensos, que geralmente ocorrem durante os perodos de baixos ndices

    pluviomtricos.

    Considerando a importncia do conhecimento da direo e velocidade

    predominante do vento local na altura de dois metros, condizente com a situao das

    culturas agrcolas, o objetivo deste trabalho foi caracterizar as velocidades mdia e mxima

    e a direo predominante dos ventos no municpio de Cambar-PR.

    2. MATERIAL E MTODOS

    Foram utilizados dados dirios da direo dos ventos coletados no perodo de 1973

    a 2010 na estao agrometeorolgica de Cambar, localizada na estao experimental do

    Instituto Agronmico do Paran (IAPAR) Cambar-PR (latitude 23 00 S, longitude 50 02

    W) e altitude 450 metros.

    Os dados foram obtidos em anemgrafo universal localizado a 10 metros do solo,

    com leituras dirias nos horrios: 09h00min, 15h00min e 21h00min.

    As converses das velocidades mdias dirias para altura de 2 metros foram por

  • meio da Equao 1, proposta por Pasquill (1949):

    (U2 / U1) = (Z2 / Z1)0,143 (1)

    Em que U2 e U1 so as velocidades para as alturas Z2 (2 m) e Z1 (10 m),

    respectivamente, sendo, portanto possvel simplificar a Equao 1, obtendo-se a Equao 2:

    U2=U10/1,26 (2)

    A direo predominante do vento foi caracterizada por anlise da frequncia das

    observaes dirias de cada ms do ano, utilizando-se a Equao 3:

    F(x)=n/N*100 (3)

    Onde, F - frequncia de ocorrncia do vento em determinada direo; (x) - direo

    do vento; n - nmero de horas em uma determinada direo; e N - nmero total de horas.

    As horas com direo indefinida foram contadas como de direo varivel (V).

    Quando a velocidade horria foi inferior a 0,2 metros por segundo, as horas

    correspondentes foram classificadas como de calmaria (C).

    3. RESULTADOS E DISCUSSO

    A Tabela 1 apresenta a velocidade mdia mensal do vento em metros por segundo

    a dez metros de altura do solo e convertidas a dois metros de altura do solo, durante o

    perodo de 1973 a 2010. Analisando os resultados obtidos na Tabela 1 e Figura 1, nota-se

    que a velocidade mdia a dez metros de altura do solo em mdia vinte por cento maior

    que a velocidade mdia a dois metros. Analisando por estao do ano, no perodo da

    primavera ocorreu a maior velocidade mdia (2,52 m/s) e no outono a menor velocidade

    mdia (1,67 m/s), corroborando com dados obtidos por Silva et al. (1997) para localidade de

    Pelotas-RS e Munhoz e Garcia (2008) para regio de Ituverava-SP, que observaram

    maiores velocidades na primavera e menores velocidades no outono.

    Na anlise dos dados mensais, o ms de outubro obteve a maior velocidade mdia

    (2,68 m/s), seguido dos meses de novembro (2,67 m/s) e setembro (2,58 m/s). J o ms de

    junho apresentou as menores velocidades mdias (1,55 m/s), seguido dos meses de

    fevereiro (1,64 m/s) e maio (1,64 m/s). Estas observaes esto em acordo com aquelas

    relatadas por Wagner et al. (1989), que utilizando dados do perodo de 1975 a 1986 a 10m

    de altura do solo, no municpio de Cambar-PR, obtiveram as maiores velocidades mdias

  • nos meses de outubro e novembro (3,5 m/s) e as menores velocidades mdias nos meses

    de maio e junho (2,0 m/s).

    A velocidade mdia anual do vento a 2,0 m de altura do solo foi de 2,02 m/s.

    Estudos de Caramori et al. (1986) que conduziram experimentos com plantas de caf,

    mostraram que velocidades de 2 a 3 m/s causaram decrscimos significativos no

    crescimento destas plantas. Considerando o mencionado a utilizao adequada de quebra-

    ventos no municpio de Cambar-PR poderia diminuir a incidncia de ventos prejudiciais a

    cultura do caf.

    No perodo de janeiro a agosto os ventos sopram com velocidades mdias

    inferiores mdia anual. J no perodo de setembro a dezembro os ventos sopram com

    velocidades mdias superiores mdia anual, sendo este comportamento semelhantes aos

    observados por Munhoz e Garcia (2008) para regio de Ituverava-SP, Tubelis e Nascimento

    (1992) para a cidade de Ribeiro Preto-SP e Tarifa e Armani (2000) para o municpio de So

    Paulo-SP.

    Tabela 1 - Velocidade mdia mensal do vento em (m/s) a 10 m de altitude e convertidas a 2m de

    altitude, para o municpio de Cambar-PR, durante o perodo de 1973 a 2010.

    Altitude Ms Mdia

    anual Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

    2 m 1,84 1,64 1,77 1,84 1,64 1,55 1,79 1,98 2,58 2,68 2,67 2,20 2,02

    10 m 2,32 2,07 2,23 2,31 2,06 1,95 2,26 2,49 3,25 3,38 3,36 2,77 2,54

    Figura 1 - Comparao entre a velocidade mdia mensal e anual do vento em m/s a 10 e 2 m de

  • altitude, para o municpio de Cambar-PR, durante o perodo de 1973 a 2010.

    Analisando a Tabela 2 a velocidade mxima mensal da serie foi registrada no ms

    de outubro (39,5 m/s), seguido de julho (37,5 m/s) e setembro (32,0 m/s).

    A velocidade mdia anual do vento a 2,0 m de altura do solo foi de 2,02 m/s.

    Estudos de Caramori et al. (1986) que conduziram experimentos com plantas de caf,

    mostraram que velocidades de 2 a 3 m/s causaram decrscimos significativos no

    crescimento destas plantas, sendo o caf uma planta de baixa tolerncia aos ventos.

    Segundo Camargo e Pereira (1994) os danos a cultura do caf podem ser diretos

    (mecnicos como fendilhamento das folhas e queda de folhas, gemas, frutos e flores) e

    indiretos (ecofisiolgicos como aumento da demanda hdrica) ambos causam perdas na

    produtividade.

    Segundo Volpe e Schoffel (2001) a ao de ventos fortes (14,5 a 17,0 m/s) causam

    nas culturas de soja e milho reduo de stand, acamamento, danos mecnicos (perda de

    rea fotossinttica) com consequentes perdas na produtividade, enquanto na cultura de

    cana-de-acar os ventos fortes causam tombamento que representa queda de

    produtividade de 10 a 20% principalmente em lavouras mecanizadas. Conforme a Tabela 2

    em todos os meses da serie ocorreram velocidades superiores a 14,5 m/s, podendo assim

    causar queda de produtividade nas principais culturas do municpio de Cambar-PR.

    Considerando o estudo mencionado a utilizao adequada de quebra-ventos no

    municpio de Cambar-PR, poderia diminuir a incidncia de ventos prejudiciais s culturas

    de caf e cana-de-acar, que so as mais prejudicadas pela ao dos ventos.

    Os sistemas de quebra-ventos variam em funo da direo do vento predominante

    ou do vento problema (Velocidade mxima e sua direo), disponibilidade financeira, mo-

    de-obra e terra (VOLPE E SCHOFFEL, 2001). Assim para que ocorra um dimensionamento

    adequado do quebra-vento necessrio saber o histrico de velocidades mximas e suas

    direes.

    Tabela 2 - Velocidade mxima mensal (VMM) em m/s a 10 m de altitude e sua direo, para o

    municpio de Cambar-PR, durante o perodo de 1973 a 2010.

    Ms Mdia

    Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

    VMM 32,0 24,0 25,9 30,9 30,0 27,2 37,5 28,8 26,9 39,5 31,6 31,1 30,5

    DP NE* NW SE NE NW NW SW W SW E W SW Direo do pico de VMM.

    * NE Nordeste, SE Sudeste, E Leste, W Oeste, SW Sudoeste e NW Noroeste.

    A Tabela 3 e Figura 2 apresentam a direo mdia mensal do vento em

    percentagem, durante o perodo de 1973 a 2010. Analisando os resultados obtidos, nota-se

  • a predominncia da direo sudeste (SE) em todos os meses no perodo analisado,

    corroborando com Galvani et al. (1999), que indicaram a predominncia de ventos de

    direo nordeste (NE), em Maring-PR, independente da sazonalidade. Entretanto,

    resultados obtidos por Silva et al. (1997), mostraram para Pelotas-RS, que a direo

    predominante do vento variou conforme a sazonalidade.

    Analisando os resultados obtidos na Tabela 3, nota-se que a direo sudeste (SE)

    foi predominante, e obteve 35,5% das ocorrncias anuais e frequncia de ocorrncia

    mdia mensal mxima no ms de abril de 41,8% e mnima no ms de janeiro de 26,5%. A

    segunda direo de maior ocorrncia leste (E) com 23,6% das ocorrncias anuais e

    frequncia de ocorrncia mdia mensal mxima no ms de janeiro de 25,5% e mnima no

    ms de maio de 21,2%. A terceira direo de maior ocorrncia a nordeste (NE) com 8,6%

    das ocorrncias anuais e frequncia de ocorrncia mdia mensal mxima no ms de

    fevereiro 11,2% e mnima no ms de outubro 7,0%. Discordando com resultados alcanados

    por Wagner et al. (1989) no que se refere direo de maior ocorrncia leste (E) e a de

    segunda maior ocorrncia sudeste (SE) para ventos predominantes em Cambar-PR.

    Porm houve concordncia na terceira direo de maior ocorrncia nordeste (NE) no estudo

    realizado pelos autores anteriormente citados, no perodo 1975 a 1986. As trs direes de

    maior ocorrncia mantiveram suas constncias em todos os meses do perodo analisado. As

    calmarias apresentaram 6,5% de ocorrncias anuais e pico de ocorrncia no ms de junho

    10,6% e mnima ocorrncia no ms de outubro 3,2%.

    Tabela 3 Direo mdia mensal do vento (%), para o municpio de Cambar-PR, no perodo de 1973

    a 2010.

    Ms N NE E SE S SW W NW V C

    Janeiro 8,2 10,8 25,5 26,5 3,2 2,7 7,2 8,0 1,9 6,0

    Fevereiro 7,5 11,2 22,4 28,4 3,7 3,2 6,6 7,0 2,0 8,1

    Maro 4,6 8,5 23,4 37,7 5,5 2,6 4,2 4,9 1,8 6,7

    Abril 3,9 7,4 22,1 41,8 5,4 2,5 3,7 4,3 1,4 7,4

    Maio 4,7 7,1 21,2 36,1 5,5 3,1 6,3 4,9 1,3 9,8

    Junho 5,0 8,5 22,3 33,6 4,8 2,7 5,9 5,5 1,1 10,6

    Julho 5,3 8,7 23,4 36,9 3,5 2,7 5,8 5,2 1,3 7,2

    Agosto 4,5 8,2 24,2 39,6 5,6 2,5 4,2 3,9 1,3 5,9

    Setembro 4,7 8,0 24,8 40,1 5,8 3,2 4,0 3,9 1,3 4,2

    Outubro 4,6 7,0 25,4 39,4 6,9 3,4 3,9 4,5 1,7 3,2

    Novembro 5,5 8,3 24,8 35,9 5,4 3,3 5,1 5,9 2,1 3,6

    Dezembro 6,9 10,2 24,0 29,5 4,3 3,0 7,4 7,7 2,0 5,1

    Mdia 5,5 8,6 23,6 35,5 5,0 2,9 5,4 5,5 1,6 6,5

  • Figura 2 Direo mdia mensal do vento (%), para o municpio de Cambar-PR, no perodo de 1973

    a 2010.

    Segundo Wagner et al. (1989), nos locais onde a direo sudeste (SE) foi

    predominante, a direo leste (E) foi a segunda mais frequente, assim a direo

  • predominante dos ventos no Estado do Paran se concentra nas direes NE, E e SE.

    Assim como resultados obtidos por Machado (1950) e Reis e Berlato (1972) mostraram que,

    para todas as regies climticas do Estado do Rio Grande do Sul, a direo predominante

    dos ventos se concentra tambm nas direes NE, E e SE.

    A predominncia das direes do quadrante leste, pode estar relacionada com os

    centros de alta presso dos Oceanos Atlntico e Pacfico, que originam ventos NE, E e SE

    (TUBELIS e NASCIMENTO, 1992).

    A direo sudeste (SE) foi predominante, alcanando 40,5% das ocorrncias anuais

    e frequncia de ocorrncia mdia mensal mxima no ms de outubro de 48,3% e mnima

    em fevereiro de 30,9%. A segunda direo de maior ocorrncia leste (E) com 23,9% das

    ocorrncias anuais e frequncia mxima no ms de junho de 27,2% e mnima em novembro

    de 20,9%. A terceira direo de maior ocorrncia a nordeste (NE) com 8,0% das

    ocorrncias anuais e frequncia mxima no ms de janeiro de 10,9% e mnima em outubro

    de 6,3%.

    As trs direes de maior ocorrncia mantiveram suas posies em todos os

    meses, com exceo do ms de dezembro em que a terceira direo predominante foi a

    noroeste (NW), com mdia mensal de 9,8%.

    Segundo Wagner et al. (1989), nos locais onde a direo sudeste (SE) foi

    predominante, a direo leste (E) foi a segunda mais frequente, assim a direo

    predominante dos ventos no Estado do Paran se concentra nas direes NE, E e SE. A

    predominncia destas direes, pode estar relacionada com os centros de alta presso dos

    Oceanos Atlntico e Pacfico, que originam ventos NE, E e SE (TUBELIS e NASCIMENTO,

    1992).

    4. CONCLUSES

    Diante dos resultados obtidos conclui-se que de janeiro a agosto os ventos sopram com

    intensidade inferior a mdia anual, sendo o ms de junho aquele com menor velocidade

    mdia. De setembro a dezembro os ventos sopram com intensidade superior a mdia anual,

    sendo o ms de outubro que apresenta a maior velocidade mdia. A direo predominante

    dos ventos sudeste (SE), seguida da direo leste (E) e nordeste (NE), apresentando

    estas constncias no decorrer dos meses e estaes do ano.

    AGRADECIMENTOS

    Ao Instituto Agronmico do Paran - IAPAR pelo fornecimento dos dados

    meteorolgicos utilizados no presente trabalho.

  • REFERNCIAS

    AYOADE, J. O. Introduo a climatologia para os trpicos. Rio de Janeiro: BCD, 1998.

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