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Direito Administrativo Aula 4 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º andar – Tel.: (21) 2223-1327 1 Conheça nossa loja online: www.enfaseonline.com.br Assuntos tratados: 1º Horário. Controle da Administração Pública / Introdução / Classificação / Quanto ao aspecto controlado ou classificação quanto ao objeto ou quanto a natureza do controle / Quanto ao momento do controle / Quanto ao fundamento do controle / Instrumentos de controle 2º Horário. Recursos administrativos em espécie / Revisão do processo / Recurso hierárquico 3º Horário. Prazos de prescrição administrativa / Controle em espécie / Prescrição das ações judiciais contra a Fazenda 1º horário 1. Controle da Administração Pública 1.1. Introdução O controle do Estado em lato sensu abrange duas situações: controle político e controle administrativo. O controle político é o sistema de freios e contrapesos (checks and balances) de um poder sobre o outro, cujo objetivo é estabilizar as relações democráticas. Exemplo: Presidente da República veta projeto de lei aprovado pelo Congresso. O controle administrativo recai sobre agentes, órgãos e sobre instituições administrativas objetivando garantir que a função administrativa seja realizada de forma adequada. José dos Santos Carvalho Filho entende que os fundamentos do controle administrativo são a legalidade, pois a Administração deve atender os fundamentos da lei e princípios das políticas públicas, isto é, o poder da Administração em estabelecer metas e objetivos, com objetivo de concretizar interesse público. O controle administrativo é o conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos por meio dos quais se exerce o poder de fiscalização e de revisão da atividade administrativa, em qualquer das esferas de poder. A natureza jurídica do controle administrativo tem natureza de princípio fundamental da Administração, conforme art. 6º, I a V do Decreto Lei nº 200/67.

Direito Administrativo - 04

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Direito Administrativo - 04

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  • Direito Administrativo Aula 4

    O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.

    Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2 andar Tel.: (21) 2223-1327 1 Conhea nossa loja online: www.enfaseonline.com.br

    Assuntos tratados:

    1 Horrio.

    Controle da Administrao Pblica / Introduo / Classificao / Quanto ao

    aspecto controlado ou classificao quanto ao objeto ou quanto a natureza do

    controle / Quanto ao momento do controle / Quanto ao fundamento do

    controle / Instrumentos de controle

    2 Horrio.

    Recursos administrativos em espcie / Reviso do processo / Recurso

    hierrquico

    3 Horrio.

    Prazos de prescrio administrativa / Controle em espcie / Prescrio das

    aes judiciais contra a Fazenda

    1 horrio

    1. Controle da Administrao Pblica

    1.1. Introduo

    O controle do Estado em lato sensu abrange duas situaes: controle poltico e

    controle administrativo.

    O controle poltico o sistema de freios e contrapesos (checks and balances) de

    um poder sobre o outro, cujo objetivo estabilizar as relaes democrticas. Exemplo:

    Presidente da Repblica veta projeto de lei aprovado pelo Congresso.

    O controle administrativo recai sobre agentes, rgos e sobre instituies

    administrativas objetivando garantir que a funo administrativa seja realizada de

    forma adequada.

    Jos dos Santos Carvalho Filho entende que os fundamentos do controle

    administrativo so a legalidade, pois a Administrao deve atender os fundamentos da

    lei e princpios das polticas pblicas, isto , o poder da Administrao em estabelecer

    metas e objetivos, com objetivo de concretizar interesse pblico.

    O controle administrativo o conjunto de mecanismos jurdicos e

    administrativos por meio dos quais se exerce o poder de fiscalizao e de reviso da

    atividade administrativa, em qualquer das esferas de poder.

    A natureza jurdica do controle administrativo tem natureza de princpio

    fundamental da Administrao, conforme art. 6, I a V do Decreto Lei n 200/67.

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    Art. 6 As atividades da Administrao Federal obedecero aos seguintes

    princpios fundamentais:

    I - Planejamento.

    II - Coordenao.

    III - Descentralizao.

    IV - Delegao de Competncia.

    V - Controle.

    O Decreto Lei n 200/67 se aplica todas as esferas da federao, pois a noo

    de gesto de direitos traz a necessidade de prestao de contas.

    1.2. Classificao

    1.2.1. Quanto ao rgo ou quanto a extenso do controle

    a. controle interno aquele realizado no mbito do mesmo poder. Ele no

    precisa de previso legal, pois o art. 74 da CRFB j o prev.

    Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio mantero, de forma

    integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

    I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execuo dos

    programas de governo e dos oramentos da Unio;

    II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto eficcia e eficincia,

    da gesto oramentria, financeira e patrimonial nos rgos e entidades da

    administrao federal, bem como da aplicao de recursos pblicos por entidades

    de direito privado;

    III - exercer o controle das operaes de crdito, avais e garantias, bem como dos

    direitos e haveres da Unio;

    IV - apoiar o controle externo no exerccio de sua misso institucional.

    1 - Os responsveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de

    qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela daro cincia ao Tribunal de Contas

    da Unio, sob pena de responsabilidade solidria.

    2 - Qualquer cidado, partido poltico, associao ou sindicato parte legtima

    para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal

    de Contas da Unio.

    b. controle externo ou heterocontrole realizado por um poder em face a

    atos praticados por outro. Exemplo: controle do Poder Judicirio sobre atos praticados

    pelo Poder Executivo.

    H divergncia doutrinria no que se refere ao da Administrao Direta sobre a

    Indireta. Para alguns doutrinadores seria hiptese de controle externo. Celso Antnio

    Bandeira de Melo e outros dizem que o controle interno exercido no mbito de um

    mesmo poder. Desse modo, haveria o controle efetuado por rgo da administrao

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    (controle interno) ou controle efetuado da Administrao sobre a Administrao

    indireta (controle interno exterior).

    Controle popular tem relao com o princpio da publicidade, porque os

    interesses geridos so da prpria populao.

    Exemplo1: Lei n 4.878/65 traz o controle mediante petio.

    Exemplo2: art. 14 e 22 da Lei n 8.429/92.

    Art. 14. Qualquer pessoa poder representar autoridade administrativa

    competente para que seja instaurada investigao destinada a apurar a prtica de

    ato de improbidade.

    Art. 22. Para apurar qualquer ilcito previsto nesta lei, o Ministrio Pblico, de

    ofcio, a requerimento de autoridade administrativa ou mediante representao

    formulada de acordo com o disposto no art. 14, poder requisitar a instaurao de

    inqurito policial ou procedimento administrativo.

    Exemplo3: Art. 31, 3 da CRFB.

    Art. 31. A fiscalizao do Municpio ser exercida pelo Poder Legislativo Municipal,

    mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder

    Executivo Municipal, na forma da lei. [...]

    3 - As contas dos Municpios ficaro, durante sessenta dias, anualmente,

    disposio de qualquer contribuinte, para exame e apreciao, o qual poder

    questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.

    O controle popular pode se manifestar de duas formas: controle natural e

    controle institucional.

    O controle natural exercido diretamente pela comunidade atravs da atuao

    de indivduos ou de associaes, fundaes. O controle popular institucional, por sua

    vez, exercido por instituies pblicas com essa finalidade. Exemplo: MP.

    1.2.2. Quanto ao aspecto controlado ou classificao quanto ao objeto ou

    quanto a natureza do controle

    possvel o controle de legalidade e o controle de mrito.

    O controle de legalidade pode ser realizado por qualquer dos poderes,

    conforme smula n 346 do STF e art. 5, XXXV da CRFB.

    Smula n 346 / STF - A administrao pblica pode declarar a nulidade dos seus

    prprios atos.

    Art. 5, [...] XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou

    ameaa a direito;

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    O controle de legalidade ir confirmar ou invalidar o ato. Exemplo: A

    Administrao pode declarar a nulidade de seus prprios atos atravs da autotutela.

    O princpio da legalidade passa por duas releituras. A primeira releitura do

    princpio da legalidade vem daqueles que defendem a noo de juridicidade. A ideia da

    juridicidade traduz a necessidade de que o ato atenda no s a lei, mas tambm a

    norma supralegal (Constituio) e a todas as normas infralegais incidentes na espcie

    (portarias, instrues normativas, etc.), ou seja, BLOCO DE LEGALIDADE.

    A segunda releitura vem daqueles que aceitam ideia de legitimidade. A

    concepo clssica que o ato administrativo no pode violar a lei, desde que de

    acordo com o texto de lei. A legitimidade exige conotao valorativa, isto , no basta

    a vinculao com a regra, mas deve haver conformidade com todo conjunto normativo

    de princpios que incide na espcie.

    O controle de mrito consiste no controle de convenincia e oportunidade.

    Prevalece o princpio da separao dos poderes, somente a Administrao pode

    controlar seus prprios atos, com relao ao mrito. Ele privativo da Administrao e

    no se sujeita a sindicabilidade ao Poder Judicirio.

    O administrador possui uma margem de escolha e poder adotar o ato A ou B.

    O Poder Judicirio no pode adentrar na esfera de discrionariedade. Todavia, o Poder

    Judicirio pode julgar a legalidade dos atos discricionrios, para verificar se o Executivo

    atuou dentro ou fora de seus limites.

    O controle de polticas pblicas a priori s cabvel quando ultrapassar os

    limites dos atos discricionrios.

    ADPF 45 STF

    No obstante a formulao e a execuo de polticas pblicas dependam de

    opes polticas a cargo daqueles que, por delegao popular, receberam

    investidura em mandato eletivo, cumpre reconhecer que no se revela absoluta,

    nesse domnio, a liberdade de conformao do legislador, nem a de atuao do

    Poder Executivo. que, se tais Poderes do Estado agirem de modo irrazovel ou

    procederem com a clara inteno de neutralizar, comprometendo-a, a eficcia dos

    direitos sociais, econmicos e culturais, afetando, como decorrncia causal de

    uma injustificvel inrcia estatal ou de um abusivo comportamento

    governamental, aquele ncleo intangvel consubstanciador de um conjunto

    irredutvel de condies mnimas necessrias a uma existncia digna e essenciais

    prpria sobrevivncia do indivduo, a, ento, justificar-se-, como

    precedentemente j enfatizado - e at mesmo por razes fundadas em um

    imperativo tico-jurdico -, a possibilidade de interveno do Poder Judicirio, em

    ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruio lhes haja sido

    injustamente recusada pelo Estado.

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    O STF no julgamento da ADPF 45 reconheceu a possibilidade do Poder

    Judicirio controlar os limites da discricionariedade, com base nos princpios da

    razoabilidade e proporcionalidade. Observando os seguintes requisitos:

    a. atuao irrazovel do administrador (controle de razoabilidade);

    b. atuao com clara inteno de neutralizar os direitos previsto na CRFB

    comprometendo-a, a eficcia dos direitos sociais, econmicos e culturais, atravs de

    injustificvel inrcia estatal ou abuso comportamento governamental;

    c. o Poder Judicirio poder controlar os atos do Executivo, no que tange

    polticas pblicas quando houver ofensa ao ncleo intangvel (mnimo existencial).

    1.2.3. Quanto ao momento do controle

    a. controle prvio - antes da prtica do ato;

    b. controle concomitante controle realizado a medida que o ato praticado;

    c. controle subsequente aps a prtica do ato.

    1.2.4. Quanto ao fundamento do controle

    O controle dividido: controle hierrquico e controle finalstico.

    Controle hierrquico (ou controle por subordinao) se desenvolve dentro de

    relao de hierarquia, escalonamento.

    O controle finalstico (ou controle por vinculao) ocorre fora da relao de

    hierarquia. Administrao direta controla atos da administrao indireta. A

    possibilidade de reviso restrita, pois h mera vinculao. O controlador somente

    poder agir dentro de objetivos.

    O art. 19 do Decreto Lei n 200/67 contm impropriedade legislativa e trata dos

    dois tipos de controle.

    Art . 19. Todo e qualquer rgo da Administrao Federal, direta ou indireta, est

    sujeito superviso do Ministro de Estado competente, excetuados unicamente os

    rgos mencionados no art. 32, que esto submetidos superviso direta do

    Presidente da Repblica.

    1.3. Instrumentos de controle

    A. Direito de petio

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    O direito de petio democrtico. Ele pode ser exercido de forma individual

    ou coletivo e poder tutelar direito prprio ou de terceiro. Dispensa a comprovao de

    leso ao interesse do peticionrio.

    O STF decidiu pela inconstitucionalidade da garantia de instncia, nos termos

    da smula vinculante n 21.

    Smula vinculante n 21 - inconstitucional a exigncia de depsito ou

    arrolamento prvios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso

    administrativo.

    O contedo da smula vinculante reproduz a smula n 373 do STJ.

    Smula n 373 / STJ - ilegtima a exigncia de depsito prvio para admissibilidade de recurso administrativo.

    B. Controle ministerial

    O controle ministerial aquele exercido pelos Ministros de Estado sobre

    aqueles entes que esto vinculados a sua pasta.

    2 horrio

    C. Recursos administrativos

    Recurso administrativo poder ser incidental ou deflagrador. Ser incidental

    ocorrendo no bojo de um processo, vide os art. 56 a 65 da Lei n 9.784.

    A tramitao do processo administrativo permeada pelo princpio da

    publicidade e princpio do formalismo. No existe uma regra geral sobre o

    processamento desses recursos, mas as lacunas sero preenchidas com fundamento

    nesses princpios.

    O recurso administrativo tem natureza jurdica de meio formal de impugnao

    de atos e comportamentos administrativos. Dispensa interesse prprio e no

    necessria a presena de advogado, conforme smula vinculante n 5.

    Smula vinculante n 5 - A falta de defesa tcnica por advogado no processo

    administrativo disciplinar no ofende a constituio.

    O efeito do recurso administrativo como regra geral meramente devolutivo,

    em razo da presuno da legitimidade dos atos administrativos,

    Existem excees:

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    a. art. 109, I da Lei n 8.666/93 nos recursos contra a habilitao ou inabilitao

    do licitante possuem efeito suspensivo.

    Art. 109. Dos atos da Administrao decorrentes da aplicao desta Lei cabem: I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias teis a contar da intimao do ato ou da

    lavratura da ata, nos casos de: a) habilitao ou inabilitao do licitante; b) julgamento das propostas; c) anulao ou revogao da licitao; d) indeferimento do pedido de inscrio em registro cadastral, sua alterao ou

    cancelamento; e) resciso do contrato, a que se refere o inciso I do art. 79 desta Lei; f) aplicao das penas de advertncia, suspenso temporria ou de multa;

    b. o administrador pode deferir efeito suspensivo de ofcio, em razo do

    princpio da autotutela notando alta probabilidade daquele direito pleiteado atravs

    do recurso;

    c. utilizao do MS nos recursos com efeito suspensivo, o art. 5, I da Lei n

    12.016/09.

    Art. 5o No se conceder mandado de segurana quando se tratar:

    I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,

    independentemente de cauo;

    S estar inviabilizado o MS quando o recurso administrativo com efeito

    suspensivo for efetivamente manejado e os efeitos forem suspensos.

    O efeito devolutivo ir refletir na prescrio.

    A autoridade que praticou o ato, e a autoridade de rejeitou o recurso devem

    fundamentar seus atos, em nome do dever especfico de fundamentao.

    No mbito do processo administrativo, aplica-se a vedao da reformatio in

    pejus ou princpio da no reformatio in pejus, ou seja, a vedao da piora da situao do

    recorrente quando apenas ele apresenta recurso.

    A primeira corrente, corrente clssica, diz que a non reformatio no se aplica ao

    processo administrativo, pois a Administrao est vinculada a legalidade,

    indisponibilidade do interesse pblico e principalmente o dever de autotutela. Ela est

    expressamente prevista no art. 64, pargrafo nico da Lei n 9.784/99.

    Art. 64. O rgo competente para decidir o recurso poder confirmar, modificar,

    anular ou revogar, total ou parcialmente, a deciso recorrida, se a matria for de

    sua competncia. Pargrafo nico. Se da aplicao do disposto neste artigo puder decorrer gravame

    situao do recorrente, este dever ser cientificado para que formule suas

    alegaes antes da deciso.

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    RMS 21981

    ADMINISTRATIVO - FUNCIONAMENTO DOS BANCOS - EXIGNCIAS CONTIDAS EM

    LEI ESTADUAL E MUNICIPAL - LEGALIDADE.

    1. A jurisprudncia do STF e do STJ reconheceu como possvel lei estadual e

    municipal fazerem exigncias quanto ao funcionamento das agncias bancrias,

    em tudo que no houver interferncia com a atividade financeira do

    estabelecimento (precedentes).

    2. Leis estadual e municipal cuja arguio de inconstitucionalidade no logrou

    xito perante o Tribunal de Justia do Estado do RJ.

    3. Em processo administrativo no se observa o princpio da "non reformatio in

    pejus" como corolrio do poder de auto tutela da administrao, traduzido no

    princpio de que a administrao pode anular os seus prprios atos. As excees

    devem vir expressas em lei.

    4. Recurso ordinrio desprovido.

    A segunda corrente, diz que se aplica a non reformatio in pejus. Pelo princpio

    do tantum devolutum quantum appellattum a instncia superior s pode decidir de

    acordo com o que lhe foi apresentado e pelo o princpio da ampla defesa, porque se h

    ameaa ao recorrente nico haver desestmulo a utilizao constitucional daquele

    direito. Essa corrente foi encampada em alguns julgados recentes.

    RMS 3252 / RS

    ADMINISTRATIVO. SERVENTUARIO DE CARTORIO. PENA ADMINISTRATIVA.

    REFORMATIO IN PEJUS. MANDADO DE SEGURANA. PODER DISCIPLINAR DA

    ADMINISTRAO E PODER PUNITIVO DO ESTADO-SOCIEDADE. DIFERENAS E

    APROXIMAES. IMPOSSIBILIDADE, EM AMBAS AS HIPOTESES, DE SE APLICAR

    PENA NO MAIS CONTEMPLADA PELA LEI E AGRAVAR A SITUAO DO

    DISCIPLINADO. RECURSO ORDINARIO CONHECIDO E PROVIDO.

    I - O IMPETRANTE/RECORRENTE, QUE E ESCRIVO DA 3A. VARA DA COMARCA

    GAUCHA DE GRAVATAI, FOI PUNIDO COM A PENA DE 10 DIAS DE SUSPENSO

    PELO JUIZ DIRETOR DO FORO QUE, 'UNO ACTO', TRANSFORMOU A PENALIDADE

    EM PENA PECUNIARIA. FOI INTERPOSTO RECURSO, O QUAL NO FOI CONHECIDO.

    O ORGO RECURSAL (CORREGEDOR-GERAL), POREM, ATRAVES DE SUBTERFUGIO,

    VOLTOU, DE OFICIO, A PENALIDADE ANTIGA, JA NO MAIS CONTEMPLADA PELA

    LEGISLAO.

    II - O "PODER DISCIPLINAR", PROPRIO DO ESTADO-ADMINISTRAO, NO PODE

    SER EFETIVAMENTE CONFUNDIDO COM O "PODER PUNITIVO" PENAL, INERENTE

    AO ESTADO-SOCIEDADE. A PUNIO DO ULTIMO SE FAZ ATRAVES DO PODER

    JUDICIARIO; JA A DO PRIMEIRO, POR MEIO DE ORGOS DA PROPRIA

    ADMINISTRAO. AMBOS, POREM, NO ADMITEM A 'REFORMATIO IN PEJUS', E

    MUITO MENOS A APLICAO DE PENA NO MAIS CONTEMPLADA PELA LEI.

    III - RECURSO ORDINARIO CONHECIDO E PROVIDO.

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    MS 10950 / DF

    MANDADO DE SEGURANA. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PBLICO. PENAS DE

    SUSPENSO E DEMISSO. BIS IN IDEM E REFORMATIO IN PEJUS. OCORRNCIA.

    VEDAO. SMULA 19/STF. PARECERES GQ-177 E GQ-183, DA ADVOCACIA-GERAL

    DA UNIO. ILEGALIDADE.

    1. A Terceira Seo do STJ firmou compreenso no sentido de que, nos termos do

    disposto na Lei n 8.112/1990, o Processo Administrativo Disciplinar somente

    poder ser anulado quando constatada a ocorrncia de vcio insanvel (art. 169,

    caput), ou revisto, quando apresentados fatos novos ou circunstncias suscetveis

    de justificar a inocncia do servidor punido ou a inadequao da penalidade

    aplicada (art. 174, caput), sendo certo que a nova reprimenda no poder ser

    mais gravosa (art. 182, pargrafo nico).

    2. Precedentes: MS 13.341/DF, Rel. Min. HAROLDO RODRIGUES

    (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), TERCEIRA SEO, j. 22/6/2011, DJe

    4/8/2011; Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEO, j. 13/5/2009, DJe

    4/6/2009.

    3. Nos referidos julgados, ficou consignado: "So ilegais os Pareceres GQ-177 e

    GQ-183, da Advocacia-Geral da Unio, segundo os quais, caracterizada uma das

    infraes disciplinares previstas no art. 132 da Lei 8.112/1990, se torna

    compulsria a aplicao da pena de demisso, porquanto contrariam o disposto

    no art. 128 da Lei 8.112/1990, que reflete, no plano legal, os princpios da

    individualizao da pena, da proporcionalidade e da razoabilidade" (MS

    13.523/DF).

    4. Na hiptese, a nota tcnica da CGU, encaminhada Ministra do Meio Ambiente

    (autoridade coatora) pelo Ministro do Controle e da Transparncia, no indicou

    vcio insanvel que fosse apto a anular o PAD em questo, detendo-se, apenas, no

    mrito das imputaes feitas ao servidor, e na inadequao da penalidade

    aplicada (suspenso) aos pareceres GQ-177 e GQ-183 da AGU.

    5. Mesmo assim, o processo foi parcialmente anulado, o que ensejou nova

    punio, consistente de demisso, incorrendo-se em bis in idem, vedado, na seara

    administrativa, pela Smula 19/STF, que dispe: " inadmissvel segunda punio

    de servidor pblico, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira".

    6. Alm disso, no foi trazido fato novo ou circunstncia relevante para o

    abrandamento da pena, mas, ao contrrio, a situao do servidor foi agravada,

    apesar da proibio da reformatio in pejus.

    7. Revela-se patente a ofensa ao devido processo legal, que gera a nulidade do

    rejulgamento do PAD, bem assim da segunda apenao imposta ao impetrante.

    8. Segurana concedida.

    Como regra geral no cabe o esgotamento da via administrativa para ingresso

    no Judicirio, salvo justia desportiva, nos termos do art. 217 da CRFB.

    Art. 217, [...] 1 - O Poder Judicirio s admitir aes relativas disciplina e s

    competies desportivas aps esgotarem-se as instncias da justia desportiva,

    regulada em lei.

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    O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.

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    Com a criao da smula vinculante, a Lei n 11.417/06 trouxe a necessidade

    do exaurimento das vias administrativas. A deciso judicial ou do ato administrativo

    que contrariar enunciado de smula vinculante, negar-lhe vigncia ou aplic-lo

    indevidamente caber reclamao ao Supremo Tribunal Federal.

    Art. 7 [...] 1o Contra omisso ou ato da administrao pblica, o uso da

    reclamao s ser admitido aps esgotamento das vias administrativas.

    A coisa julgada administrativa idntica a precluso administrativa. A coisa

    julgada administrativa no tem a final enforcing power, ou seja, poder de decidir com

    carter de definitividade.

    1.3. Recursos administrativos em espcie

    A. Representao administrativa.

    um mecanismo atravs do qual sero denunciadas irregularidades,

    ilegalidades e condutas abusivas oriundas das pessoas da Administrao. Qualquer

    pessoa pode se valer da representao administrativa para denuncia-la.

    Diferencia-se do direito de petio que busca a proteo de direito prprio ou

    de terceiro. A representao uma denncia solene de uma situao de

    irregularidade.

    B. Reclamao administrativa

    A reclamao administrativa possui previso no Decreto n 20.910/32. O

    administrado ou o particular ir deduzir pretenso perante a administrao pblica

    para obter direito ou situao que lhe seja favorvel.

    A reclamao diferente da representao. Na reclamao, o recorrente ser

    interessado direto e na representao poder ser qualquer pessoa.

    A relao tem prazo de 1 (um) ano, salvo previso especial, conforme art. 6 do

    Decreto .

    Art. 6 O direito reclamao administrativa, que no tiver prazo fixado em

    disposio de lei para ser formulada, prescreve em um ano a contar da data do

    ato ou fato do qual a mesma se originar.

    A administrao tem poder de autotutela, desse modo verificando a existncia

    de erro, ela poder alterar o ato no benefcio do recorrente.

    O art. 4 do Decreto admite situao especial em caso de apurao de dvida da

    Fazenda Pblica.

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    Art. 4 No corre a prescrio durante a demora que, no estudo, ao

    reconhecimento ou no pagamento da dvida, considerada lquida, tiverem as

    reparties ou funcionrios encarregados de estudar e apur-la. Pargrafo nico. A suspenso da prescrio, neste caso, verificar-se- pela

    entrada do requerimento do titular do direito ou do credor nos livros ou protocolos

    das reparties pblicas, com designao do dia, ms e ano.

    A reclamao administrativa diferente da reclamao da Lei n 11.417

    quando ato contrariar enunciado de smula vinculante (seara jurisdicional).

    C. Pedido de reconsiderao

    o instrumento para prpria autoridade que emitiu o ato rever o ato que

    emitiu.

    O pedido de reconsiderao pode ser usado uma nica vez.

    No existe lei especfica que regulamente o pedido de reconsiderao.

    Exemplo1: art. 106 da Lei n 8.112/90.

    Art. 106. Cabe pedido de reconsiderao autoridade que houver expedido o ato ou

    proferido a primeira deciso, no podendo ser renovado. (Vide Lei n 12.300, de 2010)

    Pargrafo nico. O requerimento e o pedido de reconsiderao de que tratam os

    artigos anteriores devero ser despachados no prazo de 5 (cinco) dias e decididos

    dentro de 30 (trinta) dias.

    Exemplo2: Art. 109, III da Lei n 8.666/93.

    Art. 109. Dos atos da Administrao decorrentes da aplicao desta Lei cabem:

    III - pedido de reconsiderao, de deciso de Ministro de Estado, ou Secretrio

    Estadual ou Municipal, conforme o caso, na hiptese do 4o do art. 87 desta Lei,

    no prazo de 10 (dez) dias teis da intimao do ato.

    A doutrina entende que o pedido de reconsiderao sempre cabvel, ainda

    que no haja previso legal.

    Jos dos Santos, a seu turno, considera que o prazo do pedido de

    reconsiderao deve ser o mesmo da reclamao, por analogia, 1 (um) ano.

    O pedido de reconsiderao no suspende nem interrompe a prescrio, nem

    suspende os prazos para o mandado de segurana, conforme smula n 430 do STF.

    Smula n 430 / STF - Pedido de reconsiderao na via administrativa no

    interrompe o prazo para o mandado de segurana.

    1.4. Reviso do processo

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    Os requisitos da reviso so:

    a. fato novo.

    b. circunstncia que justifique a inocncia do servidor ou particular

    c. inadequao da pena aplicada

    1.5. Recurso hierrquico

    Recurso hierrquico pode ser prprio ou imprprio.

    O recurso hierrquico prprio apresentado para autoridade superior aquela

    que decidiu e revela a relao hierarquia. No necessria disposio legal especfica.

    Fundamentos do recurso hierrquico prprio:

    a. Sistema de hierarquia orgnica;

    b. Direito de petio;

    c. garantia do contraditrio e da ampla defesa.

    Celso Antonio Bandeira de Melo e Maria Sylvia Zanella Di Pietro destacam o art.

    56 a 64 da Lei n 9.784/99.

    Na Administrao Pblica federal, pela Lei n 9.784/99 h trs instncias.

    Recurso hierrquico imprprio no se desenvolve em uma relao de

    hierarquia. Haver vinculao. Para parte da doutrina, Jos dos Santos Carvalho Filho,

    o recurso hierrquico imprprio somente poderia ser apresentado, se houver previso

    em lei.

    Por outro lado, o Parecer da AGU n AC 051, encampado por Maria Sylvia

    Zanella Di Pietro, defende a tese de que o recurso imprprio sempre caber em nome

    do direito de petio, para que ele adote as providncias, em nome da hierarquia em

    Poder Executivo e no topo estaria a Presidncia da Repblica.

    PORTO DE SALVADOR. THC2. DECISO DA ANTAQ. AGNCIA REGULADORA.

    CONHECIMENTO E PROVIMENTO DE RECURSO HIERRQUICO IMPRPRIO PELO

    MINISTRIO DOS TRANSPORTES. SUPERVISO MINISTERIAL. INSTRUMENTOS.

    REVISO ADMINISTRATIVA. LIMITAES. I - -O Presidente da Repblica, por

    motivo relevante de intersse pblico, poder avocar e decidir qualquer assunto

    na esfera da Administrao Federal- (DL n 200/67, art. 170). II - Esto sujeitas

    reviso ministerial, de ofcio ou por provocao dos interessados, inclusive pela

    apresentao de recurso hierrquico imprprio, as decises das agncias

    reguladoras referentes s suas atividades administrativas ou que ultrapassem os

    limites de suas competncias materiais definidas em lei ou regulamento, ou,

    ainda, violem as polticas pblicas definidas para o setor regulado pela

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    Administrao direta. III - Excepcionalmente, por ausente o instrumento da reviso

    administrativa ministerial, no pode ser provido recurso hierrquico imprprio

    dirigido aos Ministrios supervisores contra as decises das agncias reguladoras

    adotadas finalisticamente no estrito mbito de suas competncias regulatrias

    previstas em lei e que estejam adequadas s polticas pblicas definidas para o

    setor. IV - No caso em anlise, a deciso adotada pela ANTAQ deve ser mantida,

    porque afeta sua rea de competncia finalstica, sendo incabvel, no presente

    caso, o provimento de recurso hierrquico imprprio para a reviso da deciso da

    Agncia pelo Ministrio dos Transportes, restando sem efeito a aprovao

    ministerial do Parecer CONJUR/MT n 244/2005. V - A coordenao das

    Procuradorias Federais junto s agncias reguladoras pelas Consultorias Jurdicas

    dos Ministrios no se estende s decises adotadas por essas entidades da

    Administrao indireta quando referentes s competncias regulatrias desses

    entes especificadas em lei, porque, para tanto, decorreria do poder de reviso

    ministerial, o qual, se excepcionalmente ausente nas circunstncias esclarecidas

    precedentemente, afasta tambm as competncias das Consultorias Jurdicas. O

    mesmo ocorre em relao vinculao das agncias reguladoras aos pareceres

    ministeriais, no estando elas obrigadas a rever suas decises para lhes dar

    cumprimento, de forma tambm excepcional, desde que nesse mesmo mbito de

    sua atuao regulatria. VI - Havendo disputa entre os Ministrios e as agncias

    reguladoras quanto fixao de suas competncias, ou mesmo divergncia de

    atribuies entre uma agncia reguladora e outra entidade da Administrao

    indireta, a questo deve ser submetida Advocacia-Geral da Unio. VII - As

    orientaes normativas da AGU vinculam as agncias reguladoras. VIII - As

    agncias reguladoras devem adotar todas as providncias para que, exceo dos

    casos previstos em lei, nenhum agente que no integre a carreira de Procurador

    Federal exera quaisquer das atribuies previstas no artigo 37 da MP n 2.229-

    43/2001.

    Isso fica evidenciada nas agncias reguladoras. Elas deveriam ser

    independentes e no poderiam sofrer ingerncia externa.

    3 horrio

    1.6. Prazos de prescrio administrativa

    a. perda de prazo para o administrado para que ele recorra.

    Exemplo1: no caso de reclamao o prazo de 1 ano. Exemplo2: perda do prazo

    administrativo em mbito federal, art. 59 da Lei n 9.784/99.

    Art. 59. Salvo disposio legal especfica, de dez dias o prazo para interposio

    de recurso administrativo, contado a partir da cincia ou divulgao oficial da

    deciso recorrida.

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    b. perda do prazo para exerccio da autotutela administrativa. Prazo

    quinquenal, salvo m-f (art. 54 da lei 9.784/99).

    Art. 54. O direito da Administrao de anular os atos administrativos de que

    decorram efeitos favorveis para os destinatrios decai em cinco anos, contados

    da data em que foram praticados, salvo comprovada m-f.

    c. perda do prazo para exerccio do poder disciplinar funcional.

    Poder de polcia Lei n 9.873/99 traz o prazo para exerccio do poder de polcia

    de 5 anos da prtica do ou no caso de infrao permanente, do dia que tiver cessado.

    Art. 1o Prescreve em cinco anos a ao punitiva da Administrao Pblica Federal,

    direta e indireta, no exerccio do poder de polcia, objetivando apurar infrao

    legislao em vigor, contados da data da prtica do ato ou, no caso de infrao

    permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado.

    Se tambm consistir infrao penal, aplica-se o prazo da lei criminal.

    Art. 1, [...] 2o Quando o fato objeto da ao punitiva da Administrao

    tambm constituir crime, a prescrio reger-se- pelo prazo previsto na lei penal.

    Prazo para exerccio do poder disciplinar funcional. No mbito da Unio, Lei n

    8.112/90, o prazo varivel de acordo com a infrao cometido, vide art. 142.

    Art. 142. A ao disciplinar prescrever: I - em 5 (cinco) anos, quanto s infraes punveis com demisso, cassao de

    aposentadoria ou disponibilidade e destituio de cargo em comisso; II - em 2 (dois) anos, quanto suspenso; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto advertncia. 1o O prazo de prescrio comea a correr da data em que o fato se tornou

    conhecido. 2o Os prazos de prescrio previstos na lei penal aplicam-se s infraes

    disciplinares capituladas tambm como crime. 3o A abertura de sindicncia ou a instaurao de processo disciplinar interrompe

    a prescrio, at a deciso final proferida por autoridade competente. 4o Interrompido o curso da prescrio, o prazo comear a correr a partir do dia

    em que cessar a interrupo.

    Alguns doutrinadores, Maria Sylvia Zanella Di Pietro, colocam como prescrio

    administrativa toda situao que o ato no pode ser alterado. Exemplo: atos

    vinculados

    Diante ausncia de previso legal do prazo prescricional parte da doutrina,

    Prof. Regis Fernandes de Oliveira, entende que no haveria prazo. Isso traria

    insegurana. Outra parte da doutrina, aplica o prazo geral de 5 anos do Decreto

    20.910, por analogia.

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    No h prazo para situaes dos vcios insanveis acometem atos inexistentes,

    porque no corre prazo para manifestao da Administrao, que pode afastar o ato a

    qualquer tempo.

    1.7. Controle em espcie

    A. Controle legislativo

    O controle legislativo pode ser poltico ou administrativo.

    O Legislativo no exerccio do controle administrativo conta com auxlio do

    Tribunal de Contas, conforme art. 70 e 71 da CRFB. Esse controle envolve rea

    contbil, financeira, operacional e outras.

    Art. 70. A fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e

    patrimonial da Unio e das entidades da administrao direta e indireta, quanto

    legalidade, legitimidade, economicidade, aplicao das subvenes e renncia de

    receitas, ser exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo

    sistema de controle interno de cada Poder.

    Pargrafo nico. Prestar contas qualquer pessoa fsica ou jurdica, pblica ou

    privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e

    valores pblicos ou pelos quais a Unio responda, ou que, em nome desta, assuma

    obrigaes de natureza pecuniria.(Redao dada pela Emenda Constitucional n

    19, de 1998)

    Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, ser exercido com o

    auxlio do Tribunal de Contas da Unio, ao qual compete:

    I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da Repblica,

    mediante parecer prvio que dever ser elaborado em sessenta dias a contar de

    seu recebimento;

    II - julgar as contas dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens

    e valores pblicos da administrao direta e indireta, includas as fundaes e

    sociedades institudas e mantidas pelo Poder Pblico federal, e as contas daqueles

    que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuzo

    ao errio pblico;

    III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admisso de pessoal, a

    qualquer ttulo, na administrao direta e indireta, includas as fundaes

    institudas e mantidas pelo Poder Pblico, excetuadas as nomeaes para cargo

    de provimento em comisso, bem como a das concesses de aposentadorias,

    reformas e penses, ressalvadas as melhorias posteriores que no alterem o

    fundamento legal do ato concessrio;

    IV - realizar, por iniciativa prpria, da Cmara dos Deputados, do Senado Federal,

    de Comisso tcnica ou de inqurito, inspees e auditorias de natureza contbil,

    financeira, oramentria, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas

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    dos Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio, e demais entidades referidas no

    inciso II;

    V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital

    social a Unio participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado

    constitutivo;

    VI - fiscalizar a aplicao de quaisquer recursos repassados pela Unio mediante

    convnio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congneres, a Estado, ao Distrito

    Federal ou a Municpio;

    VII - prestar as informaes solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de

    suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comisses, sobre a fiscalizao

    contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial e sobre resultados

    de auditorias e inspees realizadas;

    VIII - aplicar aos responsveis, em caso de ilegalidade de despesa ou

    irregularidade de contas, as sanes previstas em lei, que estabelecer, entre

    outras cominaes, multa proporcional ao dano causado ao errio;

    IX - assinar prazo para que o rgo ou entidade adote as providncias necessrias

    ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;

    X - sustar, se no atendido, a execuo do ato impugnado, comunicando a deciso

    Cmara dos Deputados e ao Senado Federal;

    XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

    1 - No caso de contrato, o ato de sustao ser adotado diretamente pelo

    Congresso Nacional, que solicitar, de imediato, ao Poder Executivo as medidas

    cabveis.

    2 - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias,

    no efetivar as medidas previstas no pargrafo anterior, o Tribunal decidir a

    respeito.

    3 - As decises do Tribunal de que resulte imputao de dbito ou multa tero

    eficcia de ttulo executivo.

    4 - O Tribunal encaminhar ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente,

    relatrio de suas atividades.

    O Tribunal de Contas no pode fazer controle abstrato, porm pode apreciar a

    constitucionalidade de lei e ato do poder pblico, consoante smula n 347 do STF.

    Smula n 347 / STF - O Tribunal de Contas, no exerccio de suas atribuies, pode

    apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder pblico.

    O Tribunal de Contas no pode rever decises transitadas em julgado,

    consoante smula vinculante n 3.

    MS 28150 STF

    DECISO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. INTEGRAL OPONIBILIDADE DESSE

    ATO ESTATAL AO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO. CONSEQENTE

    IMPOSSIBILIDADE DE DESCONSTITUIO, NA VIA ADMINISTRATIVA, DA

    AUTORIDADE DA COISA JULGADA. EXISTNCIA, AINDA, NO CASO, DE OUTRO

    FUNDAMENTO CONSTITUCIONALMENTE RELEVANTE: O PRINCPIO DA

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    SEGURANA JURDICA. A BOA-F E A PROTEO DA CONFIANA COMO

    PROJEES ESPECFICAS DO POSTULADO DA SEGURANA JURDICA. MAGISTRIO

    DA DOUTRINA. SITUAO DE FATO J CONSOLIDADA NO PASSADO QUE DEVE

    SER MANTIDA EM RESPEITO BOA-F E CONFIANA DO ADMINISTRADO,

    INCLUSIVE DO SERVIDOR PBLICO. NECESSIDADE DE PRESERVAO, EM TAL

    CONTEXTO, DAS SITUAES CONSTITUDAS NO MBITO DA ADMINISTRAO

    PBLICA. PRECEDENTES. DELIBERAO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIO QUE

    IMPLICA SUPRESSO DE PARCELA DOS PROVENTOS DO SERVIDOR PBLICO.

    CARTER ESSENCIALMENTE ALIMENTAR DO ESTIPNDIO FUNCIONAL.

    PRECEDENTES. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA

    Smula vinculante n 3 - Nos processos perante o tribunal de contas da unio

    asseguram-se o contraditrio e a ampla defesa quando da deciso puder resultar

    anulao ou revogao de ato administrativo que beneficie o interessado,

    excetuada a apreciao da legalidade do ato de concesso inicial de

    aposentadoria, reforma e penso.

    Art. 71, 1 da CRFB diferente do que ocorre por ato administrao, em caso

    de contrato o ato de sustao ser adotado pelo Congresso nacional.

    B. Controle judicial dos atos administrativos

    a. No Brasil, adota-se o sistema de jurisdio nica, ou sistema do monoplio

    da jurisdio ou sistema ingls. As funes de julgar e administrar so realizados por

    entes diversos.

    b. O sistema da administrao-juiz as funes de administrar e julgar esto

    aglutinada no mesmo rgo.

    c. Sistema da jurisdio dual, dupla, contencioso administrativo ou sistema

    francs. Esse sistema congrega duas ordens jurisdicionais. Contempla o contencioso

    administrativo.

    O Poder Judicirio vai conhecer e julgar em carter definitivo as lides nas quais

    a administrao no for parte, quando for parte ser julgada pela prpria

    administrao, pelo contencioso administrativo.

    No Brasil, o sistema do contencioso administrativo foi adotado durante o

    Imprio. Houve tentativa de retorno durante o regime militar

    O controle de Poder Judicirio sobre Poder Executivo ser de legalidade.

    Os atos discricionrios so aqueles em que h para o Administrador margem de

    escolha, mas se o administrador foge a esfera da discricionariedade, o Judicirio atua

    afastando o ato por ilegalidade.

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    O Poder Judicirio pode analisar os motivos. No existe invaso de mrito

    quando o Poder Judicirio analisa a existncia dos motivos. Se os motivos no

    existirem ou forem falsos o ato pode ser afastado por ilegalidade.

    * Teoria do desvio de poder quando autoridade usou do poder discricionrio

    para atingir bem distinto. O ato ser ilegal e afastado.

    * Teoria dos motivos determinantes quando a administrao indicar os

    motivos que levaram a edio de ato, quando o Judicirio verificar que os motivos no

    existem poder afast-lo.

    * Noes imprecisas ou conceitos abertos - so expresses genricas para

    tratar do motivo e finalidade. Exemplo: moralidade, ordem pblica. Apesar de noo

    imprecisa elas podem ser determinadas em algumas situaes. Elementos objetivos

    extrados da experincia, diante do caso concreto.

    * Atos polticos - so aqueles atos que tem forte conotao poltica.

    A constituio de 1937 definia ato poltico como aquele que dizia respeito aos

    interesses superiores da nao.

    Hoje, o Poder Judicirio sempre poder realizar o exame de ato poltico diante

    leso de interesse individual ou coletivo, art. 5, XXXV da CRFB.

    * Atos interna corporis - so atos que regem o funcionamento dos atos

    pblicos.

    Eles no esto sujeitos ao controle pelo Poder Judicirio, a priori, mas sempre

    que exorbitarem o contedo administrativo lesando direito individual ou coletivo.

    H dois casos importantes de controle do Poder Judicirio sobre ato

    administrativo.

    a. Art. 37, VII da CRFB versa sobre o direito de greve dos servidores pblicos

    que no foi editada lei especfica. O STF apreciou o tema no MI 670, 708, 712.

    Desse modo, enquanto no houver lei especial, aplica-se a Lei n 7.783/89 (lei

    geral de greve na iniciativa privada). Adotou-se a teoria concretista geral e se afastou a

    sndrome de inefetividade das normas constitucionais.

    2. Art. 40, 4 da CRFB. Aposentadoria dos servidores pblicos. O STF decidiu

    no MI 721, 795 e 797. A aposentadoria de servidores nessas situaes deve ser

    regulada pela Lei n 8.213//91 que versa sobre o Regime Geral de Previdncia Social.

    1.8. Prescrio das aes judiciais contra a Fazenda

    Art. 1 do decreto n 20910/32

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    Art. 1 As dvidas passivas da Unio, dos Estados e dos Municpios, bem assim

    todo e qualquer direito ou ao contra a Fazenda federal, estadual ou municipal,

    seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato

    ou fato do qual se originarem.

    O Decreto-Lei n 4.597/92 estendeu a aplicao desse Decreto s dvidas

    passivas de autarquias.

    O art. 1 se aplica apenas aos direitos pessoais. Para proteo de direitos reais

    se aplica, o prazo de 10 anos do art. 205 do CC.

    Art. 205. A prescrio ocorre em dez anos, quando a lei no lhe haja fixado prazo

    menor.

    Com o CC/02 houve reduo de prazos. Exemplo: art. 206, 3, V do CC prazo

    de 3 anos.

    Art. 206. Prescreve: [...]

    3o Em trs anos: [...]

    V - a pretenso de reparao civil;

    O prazo da Fazenda era maior que o prazo geral. A doutrina passou a defender

    que o prazo foi reduzido para 3 (trs) anos, pois o prazo da Fazenda no poderia ser

    maior. Art. 10 do Decreto 20910.

    Art. 10. O disposto nos artigos anteriores no altera as prescries de menor

    prazo, constantes das leis e regulamentos, as quais ficam subordinadas s

    mesmas regras.

    REsp 1251993

    ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVRSIA

    (ARTIGO 543-C DO CPC). RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. AO

    INDENIZATRIA. PRESCRIO. PRAZO QUINQUENAL (ART. 1 DO DECRETO

    20.910/32) X PRAZO TRIENAL (ART. 206, 3, V, DO CC). PREVALNCIA DA LEI

    ESPECIAL. ORIENTAO PACIFICADA NO MBITO DO STJ. RECURSO ESPECIAL NO

    PROVIDO.

    1. A controvrsia do presente recurso especial, submetido sistemtica do art.

    543-C do CPC e da Res. STJ n 8/2008, est limitada ao prazo prescricional em ao

    indenizatria ajuizada contra a Fazenda Pblica, em face da aparente antinomia

    do prazo trienal (art. 206, 3, V, do Cdigo Civil) e o prazo quinquenal (art. 1 do

    Decreto 20.910/32).

    2. O tema analisado no presente caso no estava pacificado, visto que o prazo

    prescricional nas aes indenizatrias contra a Fazenda Pblica era defendido de

    maneira antagnica nos mbitos doutrinrio e jurisprudencial. Efetivamente, as

    Turmas de Direito Pblico desta Corte Superior divergiam sobre o tema, pois

    existem julgados de ambos os rgos julgadores no sentido da aplicao do prazo

    prescricional trienal previsto no Cdigo Civil de 2002 nas aes indenizatrias

  • Direito Administrativo Aula 4

    O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementao do estudo em livros doutrinrios e na jurisprudncia dos Tribunais.

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    ajuizadas contra a Fazenda Pblica. Nesse sentido, o seguintes precedentes: REsp

    1.238.260/PB, 2 Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 5.5.2011;

    REsp 1.217.933/RS, 2 Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 25.4.2011; REsp

    1.182.973/PR, 2 Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 10.2.2011; REsp

    1.066.063/RS, 1 Turma, Rel. Min. Francisco Falco, DJe de 17.11.2008; EREspsim

    1.066.063/RS, 1 Seo, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 22/10/2009). A tese

    do prazo prescricional trienal tambm defendida no mbito doutrinrio, dentre

    outros renomados doutrinadores: Jos dos Santos Carvalho Filho ("Manual de

    Direito Administrativo", 24 Ed., Rio de Janeiro: Editora Lumen Jris, 2011, pgs.

    529/530) e Leonardo Jos Carneiro da Cunha ("A Fazenda Pblica em Juzo", 8 ed,

    So Paulo: Dialtica, 2010, pgs. 88/90).

    3. Entretanto, no obstante os judiciosos entendimentos apontados, o atual e

    consolidado entendimento deste Tribunal Superior sobre o tema no sentido da

    aplicao do prazo prescricional quinquenal - previsto do Decreto 20.910/32 - nas

    aes indenizatrias ajuizadas contra a Fazenda Pblica, em detrimento do prazo

    trienal contido do Cdigo Civil de 2002.

    4. O principal fundamento que autoriza tal afirmao decorre da natureza especial

    do Decreto 20.910/32, que regula a prescrio, seja qual for a sua natureza, das

    pretenses formuladas contra a Fazenda Pblica, ao contrrio da disposio

    prevista no Cdigo Civil, norma geral que regula o tema de maneira genrica, a

    qual no altera o carter especial da legislao, muito menos capaz de

    determinar a sua revogao. Sobre o tema: Rui Stoco ("Tratado de

    Responsabilidade Civil". Editora Revista dos Tribunais, 7 Ed. So Paulo, 2007;

    pgs. 207/208) e Lucas Rocha Furtado ("Curso de Direito Administrativo". Editora

    Frum, 2 Ed. - Belo Horizonte, 2010; pg. 1042).

    5. A previso contida no art. 10 do Decreto 20.910/32, por si s, no autoriza a

    afirmao de que o prazo prescricional nas aes indenizatrias contra a Fazenda

    Pblica foi reduzido pelo Cdigo Civil de 2002, a qual deve ser interpretada pelos

    critrios histrico e hermenutico. Nesse sentido: Maral Justen Filho ("Curso de

    Direito Administrativo". Editora Saraiva, 5 Ed. - So Paulo, 2010; pgs.

    1.296/1.299).

    6. Sobre o tema, os recentes julgados desta Corte Superior: AgRg no AREsp

    69.696/SE, 1 Turma, Rel. Min. Benedito Gonalves, DJe de 21.8.2012; AgRg nos

    EREsp 1.200.764/AC, 1 Seo, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe de 6.6.2012;

    AgRg no REsp 1.195.013/AP, 1 Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de

    23.5.2012; Resp 1.236.599/RR, 2 Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de

    21.5.2012; AgRg no AREsp 131.894/GO, 2 Turma, Rel. Min. Humberto Martins,

    Dje de 26.4.2012; AgRg no AREsp 34.053/RS, 1 Turma, Rel. Min. Napoleo Nunes

    Maia Filho, DJe de 21.5.2012; AgRg no AREsp 36.517/RJ, 2 Turma, Rel. Min.

    Herman Benjamin, DJe de 23.2.2012; EREsp 1.081.885/RR, 1 Seo, Rel. Min.

    Hamilton Carvalhido, DJe de 1.2.2011.

    7. No caso concreto, a Corte a quo, ao julgar recurso contra sentena que

    reconheceu prazo trienal em ao indenizatria ajuizada por particular em face do

    Municpio, corretamente reformou a sentena para aplicar a prescrio

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    quinquenal prevista no Decreto 20.910/32, em manifesta sintonia com o

    entendimento desta Corte Superior sobre o tema.

    8. Recurso especial no provido. Acrdo submetido ao regime do artigo 543-C, do

    CPC, e da Resoluo STJ 08/2008.

    As aes de ressarcimento so imprescritveis, consoante art. 37, 5 da CRFB.

    Prescrio da ao e prescrio das prestaes. Prescrio da ao h situao

    em que h a perda da possibilidade de formular pretenso contra a Fazenda Pblica.

    Prescrio das prestaes o ato lesivo permanece intocado, mas perde o direito de

    pedir as mais antigas.

    Toda vez que a Administrao adotar conduta comissiva, com o decurso do

    prazo quinquenal haver a prescrio da ao. A contagem comea com a

    manifestao do Estado, perda do fundo do direito.

    Conduta omissiva do estado, o decurso do prazo s atinge cada uma das

    prestaes, mas o direito vai permanecer intocado, o fundo do direito permanece

    intacto.

    Vide smula n 85 do STJ e smula n 443 do STF.

    Smula n 85 / STJ - Nas relaes jurdicas de trato sucessivo em que a Fazenda

    Pblica figure como devedora, quando no tiver sido negado o prprio direito

    reclamado, a prescrio atinge apenas as prestaes vencidas antes do

    qinqnio anterior propositura da ao

    Smula n 443 / STF - A prescrio das prestaes anteriores ao perodo previsto

    em lei no ocorre, quando no tiver sido negado, antes daquele prazo, o prprio

    direito reclamado, ou a situao jurdica de que ele resulta.