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Equipe Técnica: Atualização: Março/2005 Capa: Ciro Moraes Rótulo: Christiano Duhy Locução: Renata Gueiros Gravação: Grave Estúdio Edição: Bruno Sette e Marcos André Conteúdo: Patrícia Lopes e Bruno Sette Produção: CD+/Nordeste Digital Line S/A Revisão: Paulo Sette e Bruno Sette Distribuição: Sette Informações On-Line Ltda AudioJus “Todos os direitos reservados a AUDIOJUS - Sette Informações On- Line Ltda, CNPJ: 05.729.886/0001-2. Proibida reprodução, execução pública e locação desautorizadas pelas penas da lei ©.” “Esse material faz parte do Curso em Áudio: Lei 8.112/90 da AudioJus e não pode ser comercializado separadamente” w.audiojus.com.br 1 LEI 8.112/90 w.audiojus.com.br 2 CAPÍTULO 1 4 CAPÍTULO 2 5 SUMÁRIO DISPOSIÇÕES GERAIS _ 4 SUBSTITUIÇÃO 5 NOMEAÇÃO 6 REVERSÃO 9 SUBSTITUIÇÃO 1 2 CAPÍTULO 3 1 3

Direito Administrativo - Lei 8.112

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Tudo sobre Direito Administrativo

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Equipe Tcnica:

Atualizao: Maro/2005 Capa: Ciro Moraes Rtulo: Christiano Duhy Locuo: Renata Gueiros Gravao: Grave Estdio Edio: Bruno Sette e Marcos Andr Contedo: Patrcia Lopes e Bruno Sette Produo: CD+/Nordeste Digital Line S/A Reviso: Paulo Sette e Bruno Sette

Distribuio: Sette Informaes On-Line Ltda AudioJus

Todos os direitos reservados a AUDIOJUS - Sette Informaes On- Line Ltda, CNPJ: 05.729.886/0001-2. Proibida reproduo, execuo pblica e locao desautorizadas pelas penas da lei .

Esse material faz parte do Curso em udio: Lei 8.112/90 da AudioJus e no pode ser comercializado separadamente w.audiojus.com.br 1

LEI 8.112/90

w.audiojus.com.br 2

CAPTULO 14

CAPTULO 25

SUMRIO DISPOSIES GERAIS _ 4

SUBSTITUIO5

NOMEAO6

REVERSO9

SUBSTITUIO12

CAPTULO 313

DOS DIREITOS E VANTAGENS13

DO VENCIMENTO E DA REMUNERAO13

FRIAS17

LICENAS17

CONCESSES20

TEMPO DE SERVIO20

FORMAS DE PROVIMENTO, VACNCIA, REMOO, REDISTRIBUIO E READAPTAO _ 9 REINTEGRAO _ 10 RECONDUO _ 10 VACNCIA _ 10 REMOO _ 1 REDISTRIBUIO _ 1 VANTAGENS _ 15 AFASTAMENTOS _ 19 DIREITO DE PETIO _ 21

CAPTULO 423

DO REGIME DISCIPLINAR23

ACUMULAO DE CARGOS23

CAPTULO 528

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR28

LEI 8.112/90

w.audiojus.com.br 3

PROCESSO DISCIPLINAR29

CAPTULO 632

SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR32

CAPTULO 1 Lei 8.112/90 DISPOSIES GERAIS w.audiojus.com.br 4

CAPTULO 1 DISPOSIES GERAIS

A lei 812 foi promulgada em 1 de dezembro de 1990 e veio integrar os preceitos contidos no art. 37 e incisos da Constituio Federal com relao ao regime jurdico dos servidores pblicos civis da Unio, das autarquias e das fundaes pblicas federais.

Diz o art. 1 da Lei que a mesma instituiu o regime jurdico nico dos servidores pblicos da Unio, porm, atualmente, no mais se pode falar em regime jurdico nico uma vez que a Emenda Constitucional n. 19 de 1998 extinguiu o regime jurdico nico para os servidores pblicos civis da Unio, dos Estados, Distrito Federal e Municpios.

Cada uma dessas esferas de Governo pode adotar qualquer dos regimes jurdicos existentes: regime estatutrio ou regime celetista. Pode, ainda, haver adoo concomitante de regimes distintos dentro de uma mesma unidade polticoadministrativa. Assim, por exemplo, pode um Estado adotar para um de seus rgos o regime estatutrio e para outro rgo o regime celetista, desde que determine em lei para quais cargos e carreiras funcionais vigora cada regime.

Com o propsito de instrumentalizar a contratao de servidores para os quadros funcionais da Unio atravs de outro regime, foi editada a lei n. 9.962/0 que disciplina o regime de emprego pblico na administrao federal.

Diz o art. 2 da Lei 8112: Para os efeitos desta Lei, servidor a pessoa legalmente investida em cargo pblico. Assim, servidor pblico aquele ocupante de cargo pblico seja este cargo efetivo ou em comisso. Esta a definio restrita de servidor pblico.

Distingue a Doutrina a expresso servidor pblico em sentido amplo e em sentido estrito. Servidor pblico em sentido amplo abrange qualquer servidor que tenha vnculo administrativo ou empregatcio com a administrao pblica direta ou indireta. A redao do art. 2 da Lei esclarece que a expresso servidor est sendo empregada em sentido estrito, ou seja, servidor aquele que presta servio no mbito da Administrao Pblica sujeito a regime estatutrio e ocupante de cargo pblico.

Diz o art. 3: Cargo pblico o conjunto de atribuies e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Pargrafo nico. Os cargos pblicos, acessveis a todos os brasileiros, so criados por lei, com denominao prpria e vencimento pago pelos cofres pblicos, para provimento em carter efetivo ou em comisso.

Cargo em provimento de carter efetivo aquele que acessvel atravs de concurso pblico e que tem existncia permanente nos quadros da instituio.

Cargo em comisso, segundo Hely Lopes, o que s admite provimento em carter provisrio. Destina-se s funes de confiana do superior hierrquico. A instituio de tais cargos permanente, mas seu desempenho sempre precrio, pois quem os exerce no adquire direito continuidade da funo.

Todo cargo, emprego ou funo dentro da estrutura da administrao pblica deve ter previso e criao legal, pois a legalidade foi prevista no caput do art. 37, da Constituio Federal, como um princpio basilar da Administrao Pblica.

Apesar de estar expresso no texto do art. 3, da lei 8112, que os cargos so acessveis a brasileiros, com o advento da EC n. 19/98, alterando a redao do inciso I, art. 37, da CF, houve previso de que os cargos, empregos e funes pblicas tambm so acessveis aos estrangeiros na forma da lei. idntico ao que j ocorre com professores, tcnicos e cientistas estrangeiros que ingressam em universidades e instituies de pesquisa cientfica, de acordo com o que disciplina a lei n. 9.515/97.

CAPTULO 2 Lei 8.112/90 FORMAS DE PROVIMENTO, VACNCIA, REMOO, REDISTRIBUIO E SUBSTITUIO w.audiojus.com.br 5

CAPTULO 2 FORMAS DE PROVIMENTO, VACNCIA, REMOO, REDISTRIBUIO E SUBSTITUIO

So requisitos para a investidura em cargo pblico:

- a nacionalidade brasileira; - a quitao com as obrigaes militares e eleitorais;

- o nvel de escolaridade exigido para o exerccio do cargo;

- a idade mnima de 18 anos;

- aptido fsica e mental.

Estes so os requisitos mnimos, que sero sempre exigveis, porm, as atribuies do cargo podem justificar a exigncia de outros requisitos estabelecidos em lei.

A nacionalidade brasileira abrange tanto a nacionalidade originria quanto a derivada. Abrange, com isso, brasileiros naturalizados e portugueses equiparados. Estas classes somente no podem ter acesso aos cargos previstos no art. 12, 3 da Constituio Federal: Presidente da Repblica, Vice-presidente da Repblica, presidente da Cmara dos deputados, presidente do senado federal, ministro do STF, carreira diplomtica, oficial das foras armadas, e ministro de Estado de Defesa. Tambm no podem ter assento nas seis cadeiras do Conselho da Repblica reservadas a brasileiros natos.

s pessoas portadoras de deficincia assegurado o direito de se inscrever em concurso pblico para provimento de cargo cujas atribuies sejam compatveis com a deficincia de que so portadoras; para tais pessoas sero reservadas at 20% das vagas oferecidas no concurso. Esse o percentual mximo previsto pela legislao federal ao regular o que determina o inciso VIII, art. 5, da Constituio Federal.

O percentual mnimo veio a ser estipulado pelo Decreto n. 3298/9 que em seu art. 37, 1 afirma: O candidato portador de deficincia, em razo da necessria igualdade de condies, concorrer a todas as vagas, sendo reservado no mnimo o percentual de cinco por cento em face da classificao obtida.

A investidura em cargo pblico ocorre com a posse. Para que haja a posse o servidor deve ser provido no cargo pblico. Provimento o ato pelo qual o servidor pblico investido no exerccio de cargo, emprego ou funo. As formas de provimento previstas na lei 8112 so: - nomeao;

- promoo;

- readaptao;

- reverso;

- aproveitamento;

- reintegrao;

- reconduo.

A doutrina classifica o provimento em originrio e derivado. Segundo Maria

Sylvia Di Pietro provimento originrio o que vincula inicialmente o servidor ao cargo, emprego ou funo; pode ser tanto a nomeao como a contratao, dependendo do regime jurdico de que se trate. Provimento derivado o que depende de um vnculo

CAPTULO 2 Lei 8.112/90 FORMAS DE PROVIMENTO, VACNCIA, REMOO, REDISTRIBUIO E SUBSTITUIO w.audiojus.com.br 6 anterior do servidor com a Administrao. No mbito federal provimento derivado: promoo, readaptao, reverso, aproveitamento, reintegrao e reconduo.

A nomeao a forma de investidura pela qual o servidor ingressa nos quadros funcionais da administrao pblica na forma efetiva ou em comisso. A nomeao ser em carter efetivo quando se tratar de cargo isolado de provimento permanente ou de provimento em carreira.

A nomeao se dar em comisso para cargos de confiana vagos, inclusive na condio de interino. O servidor que ocupe um cargo de confiana, ou um cargo especial, poder ser nomeado para ter exerccio interinamente, ou seja, provisoriamente em outro cargo de confiana, sem prejuzo das atribuies do que atualmente ocupa, hiptese em que dever optar pela remunerao de um deles durante o perodo da interinidade.

A nomeao para cargo efetivo ou para cargo de carreira apenas poder se dar com a aprovao em concurso de provas ou de provas e ttulos, onde devem ser obedecidas a classificao e o prazo de validade do concurso.

Do concurso pblico. O concurso pode ser de provas ou de provas e ttulos, podendo ser realizado em duas etapas. O prazo de validade do concurso de at dois anos prorrogveis uma vez por igual perodo.

Vale ressaltar que as redaes do art. 12 da lei 8112, e do inciso I do art. 37 da CF so claras em relao ao perodo de validade do concurso, portanto, o concurso pode ter prazo de validade inferior a dois anos. Assim, pode haver concurso com prazo de validade de 6 meses.

O concurso pblico regido pelas regras contidas em seu edital, o qual fixar o prazo de validade e as condies do mesmo. O edital dever ser publicado no Dirio Oficial da Unio e em jornal de grande circulao. No pode o edital, sob pretexto de ser o instrumento hbil a ditar as condies para o concurso, conter disposies que contrariem o ordenamento legal ou estabelecer critrios discriminatrios que no estejam previstos em lei. Assim, ilegal e inconstitucional por afrontar o princpio da isonomia condio estabelecida em edital no sentido de que somente mulheres podero prestar concurso pblico para odontlogo em rgo pblico.

No se deve abrir novo concurso enquanto no houver expirado o prazo do mesmo ou ainda houver candidato aprovado no concurso anterior. Sobre esse assunto diz o inciso IV, do art. 37, da CF que durante o prazo improrrogvel previsto no edital de convocao, aquele aprovado em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos ser convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego na carreira.

Posse e Exerccio. J foi visto que a investidura em cargo pblico se d com a posse. A posse nada mais do que a assinatura em termo prprio no qual devem constar as atribuies, os deveres, as responsabilidades e os direitos ao cargo ocupado. O termo da posse no pode ser alterado unilateralmente por qualquer das partes, seja pelo servidor ou pela Administrao Pblica.

Em regra, a posse deve ocorrer no prazo de 30 dias contados da publicao do ato de provimento. A posse poder se dar mediante procurao especfica. No ato da posse o servidor apresentar declarao de bens e valores que constituem seu patrimnio e declarao quanto ao exerccio ou no de outro cargo, emprego ou funo pblica.

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A posse apenas se d na modalidade de provimento por nomeao. Caso se deixe escoar o prazo para a posse a conseqncia a de que o ato de provimento ser tornado sem efeito.

requisito para a posse a prvia inspeo mdica com a finalidade de atestar estar o servidor no gozo da aptido fsica e mental para o exerccio do cargo.

No se deve confundir posse no cargo com exerccio no cargo. O exerccio o efetivo desempenho das atribuies do cargo pblico ou da funo de confiana. A conseqncia para aquele que no entra em exerccio no prazo a exonerao do cargo em se tratando de servidor que ingressa em cargo efetivo. Para os que foram empossados em funo de confiana tornado sem efeito o ato de sua designao.

O prazo para entrar em exerccio de 15 dias contados da data da posse.

Para aqueles que entram em exerccio titularizando funo de confiana esta data coincide com a publicao do ato de designao, salvo quando o servidor estiver afastado ou licenciado hiptese em que a data do exerccio recair no primeiro dia til aps o trmino do impedimento. Neste caso, a data para o exerccio no poder exceder a trinta dias da data da publicao do ato de designao.

Jornada de Trabalho. A durao mxima da jornada de trabalho do servidor de 40 horas semanais, sendo esta limitada pelo nmero de horas dirias trabalhadas cujo mnimo de 6 horas dirias e o mximo de 8 horas dirias.

O tempo dirio da jornada de trabalho, por sua vez, ser limitado em razo das atribuies pertinentes aos respectivos cargos. Leis especiais, por outro lado, podem estabelecer jornada de trabalho diferenciada. Esta ressalva foi adicionada lei para permitir o exerccio concomitante de cargo em comisso com um dos cargos efetivos que o servidor acumule licitamente.

Estgio probatrio. O estgio probatrio se destina a apurar se o servidor pblico aprovado para cargo efetivo est apto eficientemente a exercer as atribuies do cargo para o qual fora aprovado em teste puramente terico. Destina-se, portanto, a avaliar o desempenho, a capacidade e aptido do servidor e auferir se o mesmo tem as atribuies que interessam Administrao Pblica.

Segundo o art. 20 da Lei 8.112/90 sero objetos de avaliao para o desempenho do cargo: - assiduidade;

- disciplina;

- capacidade de iniciativa

- produtividade

- responsabilidade

O estgio probatrio ter durao de trs anos, o que equivale dizer a 36 meses, e no mais 24 meses como prev a redao do art. 20 da lei dos servidores, parcialmente revogado pela previso do prazo mais elstico no art. 41 da Constituio Federal.

O servidor que estiver em estgio probatrio para cargo efetivo poder exercer quaisquer cargos de provimento em comisso ou funes de direo, chefia ou assessoramento no rgo ou entidade em que estiver lotado.

Sero concedidas aos servidores em estgio probatrio apenas as seguintes licenas e afastamentos: - por motivo de doena em pessoa da famlia;

- por motivo de afastamento do cnjuge ou companheiro;

- para o servio militar;

- para a atividade poltica;

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- para investidura em mandato federal, estadual ou distrital; - para investidura em mandato de prefeito, sendo-lhe facultado optar pela sua remunerao; - para investidura em mandato de vereador, podendo perceber as vantagens de seu cargo, sem prejuzo da remunerao do cargo eletivo, caso haja compatibilidade de horrios; - para estudo ou misso oficial, com autorizao do Presidente da

Repblica, Presidente dos rgos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal; - para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere; - para participar de curso de formao decorrente em aprovao para outro cargo na Administrao Pblica Federal.

O estgio probatrio ficar suspenso voltando a correr pelo que resta a partir do trmino do impedimento nos seguintes casos: - licena concedida ao servidor em virtude de doena do cnjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padrasto, da madrasta e enteado ou dependente que viva s suas expensas; - licena para acompanhar cnjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do territrio nacional, para o exterior ou para o exerccio de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo; - licena durante o perodo que mediar entre a sua escolha em conveno partidria, como candidato a cargo eletivo, e vspera do registro de sua candidatura perante a Justia Eleitoral; - afastamento para participao em curso de formao.

O servidor no aprovado no estgio probatrio ser exonerado de seu cargo, contudo se for estvel na administrao pblica, ser reconduzido ao cargo anteriormente ocupado. Se seu antigo cargo j estiver provido, o servidor ser aproveitado em outro cargo que tenha atribuies e vencimentos compatveis com o anteriormente ocupado.

ATENO: se durante o estgio probatrio o servidor cometer falta funcional poder ser DEMITIDO.

Estabilidade: aps a aprovao em estgio probatrio cumprido num perodo de trs anos de efetivo exerccio, o servidor adquirir a estabilidade. A Constituio Federal, por seu turno, elencou mais um requisito para a aquisio da estabilidade, no pargrafo quarto de seu artigo 41, prevendo como condio obrigatria para a aquisio da estabilidade avaliao especial de desempenho por comisso instituda para essa finalidade.

A EC n. 19/98 aumentou as hipteses trazidas na lei 8112 para perda de cargo dos servidores, quais sejam: - sentena judicial transitada em julgado;

- processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;

- procedimento de avaliao peridica de desempenho, na forma da lei complementar, assegurada ampla defesa; - quando as despesas totais com pessoal excederem: 1) no caso da Unio, a cinqenta por cento da receita corrente lquida;

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2) nos casos dos Estados, Distrito Federal e Municpios, a sessenta por cento da receita corrente lquida.

ATENO: antes de exonerar servidores estveis, a Unio, os Estados e os Municpios adotaro as seguintes providncias: 1) reduo em pelo menos 20% das despesas com cargos em comisso e funes de confiana; 2) exonerao dos admitidos na Administrao direta, autrquica e fundacional sem concurso pblico.

Readaptao a investidura de servidor j pertencente ao quadro de pessoal da Administrao Pblica em um cargo de atribuies compatveis com a limitao que tenha sofrido em sua capacidade fsica ou mental verificada em inspeo mdica. Se, no entanto, em virtude da alterao na capacidade fsica ou mental o servidor se tornar incapaz, este ser aposentado.

A prpria lei 8112, no entanto, tenta preservar a permanncia do servidor em atividade evitando sua aposentadoria precoce. Prescreve o 2 do art. 24 da lei que a readaptao ser efetivada em cargo de atribuies afins, respeitada a habilitao exigida, nvel de escolaridade e equivalncia de vencimentos e, na hiptese de inexistncia de cargo vago, o servidor exercer suas atribuies como excedente, at a ocorrncia de vaga.

Reverso a modalidade de investidura do servidor j aposentado. Porm, nem todo servidor aposentado poder reverter ao quadro de pessoal da Administrao Pblica. A lei elenca hipteses em que a reverso possvel. 1) Poder reverter ao cargo o servidor aposentado por invalidez desde que junta mdica oficial declare que no mais existem os motivos que ensejaram a aposentadoria; 2) Poder reverter o servidor aposentado no interesse da

Administrao desde que: tenha solicitado a reverso; sua aposentadoria tenha sido voluntria; tenha sido estvel quando em atividade; a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores solicitao da reverso; e que haja cargo vago.

Nas duas hipteses a reverso vai se dar no mesmo cargo em que o servidor se aposentou ou no cargo resultante da transformao daquele. O tempo em que o servidor estiver em exerccio ser considerado para a concesso de aposentadoria. Esta regra tem importante destaque nas hipteses em que a aposentadoria voluntria tenha se dado com tempo inferior ao estabelecido para a aposentadoria integral.

Quando houver reverso por ter havido cessao da invalidez, o servidor exercer suas atribuies como excedente na hiptese de j estar provido o cargo originrio.

Com relao aos servidores que reverteram em razo do interesse da administrao tero seus proventos de aposentadoria substitudos pela remunerao do cargo que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de natureza pessoal que percebia anteriormente aposentadoria.

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A reintegrao a reinvestidura do servidor estvel no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua transformao, quando invalidada a sua demisso por deciso administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens.

Tendo ocorrido a extino do cargo que se ocupava, o servidor ficar em disponibilidade, com remunerao proporcional ao tempo de servio, tendo garantida a possibilidade de voltar atividade em cargo com atribuies e remuneraes compatveis com as que recebia.

Tendo havido o provimento do cargo do reintegrado, o eventual ocupante da vaga, se estvel, ser reconduzido ao cargo de origem, sem direito indenizao, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remunerao proporcional ao tempo de servio.

Reconduo o retorno do servidor estvel ao cargo anteriormente ocupado.

Acontece em duas hipteses: 1) Quando o servidor for considerado inabilitado em estgio probatrio relativo a outro cargo; 2) Quando tiver ocorrido a reintegrao do anterior ocupante do cargo exercido pelo reconduzido.

Caso o cargo original do servidor reconduzido j esteja provido, ele ser aproveitado em outro com atribuies e remunerao compatveis com o cargo que exercia.

Ressalta-se que nas hipteses em que o servidor for aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade, ser tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a disponibilidade se o servidor no entrar em exerccio no prazo legal, salvo se o motivo tiver sido doena comprovada por junta mdica oficial.

Vacncia significa que determinado cargo na estrutura da administrao pblica federal encontra-se vago. A lei 8112 elenca os motivos ensejadores da vacncia de um cargo pblico. So eles: - exonerao;

- demisso;

- promoo;

- readaptao;

- aposentadoria;

- posse em outro cargo inacumulvel;

- falecimento

A exonerao e a demisso so formas de desinvestidura do cargo pblico.

A demisso punio por falta grave e tem como destinatrio o servidor pblico ocupante de cargo efetivo. Ao que ocupa cargo em comisso a denominao prpria para a desinvestidura destituio.

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A exonerao o desligamento de determinado cargo a pedido do servidor ou de ofcio a interesse da Administrao. A exonerao de ofcio ocorre em duas hipteses: 1) quando no satisfeitas as condies do estgio probatrio; 2) quando tendo tomado posse o servidor no entrar em exerccio.

Os cargos em comisso so de livre nomeao e exonerao. A exonerao nesses casos pode se dar a juzo da autoridade competente ou a pedido do prprio servidor. Aqueles que exercem funo de confiana perdem-na atravs da dispensa.

A remoo o deslocamento do servidor no mbito do mesmo quadro, com ou sem mudana de sede. Assim, por exemplo, entende-se como remoo o deslocamento de um servidor do Tribunal Regional Eleitoral de determinado Estadomembro que sai do interior para ser lotado na capital. Observao: o termo lotao aqui utilizado pode ser enquadrado na classificao apresentada pelo Prof. Hely Lopes como lotao nominal ou supletiva, ou seja, corresponde distribuio nominal dos servidores para cada repartio a fim de preencher vagas no quadro funcional.

Pela lei 8112 a remoo tem trs modalidades. Pode acontecer: - de ofcio, no interesse da Administrao;

- a pedido, a critrio da Administrao;

- a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da Administrao.

Esta ltima modalidade excepcional posto que ocorre revelia do interesse pblico, desta forma elencou a lei trs hipteses em que a remoo independentemente do interesse da Administrao pode ocorrer: 1) para acompanhar cnjuge ou companheiro, tambm servidor pblico civil ou militar, de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, que foi deslocado no interesse da Administrao; 2) por motivo de sade do servidor, cnjuge, companheiro ou dependente que viva s suas expensas e conste do seu assentamento funcional, condicionada comprovao por junta mdica oficial; 3) em virtude de processo seletivo promovido, na hiptese em que o nmero de interessados for superior ao nmero de vagas, de acordo com normas preestabelecidas pelo rgo ou entidade em que aqueles estejam lotados. Nessa hiptese diz-se que houve abertura de concurso interno. Esta espcie de remoo foi acrescentada pela lei n. 9527/97 que alterou substancialmente a lei 8112 em vrios outros aspectos, nesse caso, para garantir a igualdade de oportunidade para todos os interessados.

Diferentemente do que ocorre na remoo, a redistribuio implica no deslocamento do cargo de provimento efetivo para outro rgo ou entidade do mesmo Poder, estando o cargo vago ou ocupado no mbito do quadro geral de pessoal. A redistribuio sempre acontecer no interesse da administrao.

CAPTULO 2 Lei 8.112/90 FORMAS DE PROVIMENTO, VACNCIA, REMOO, REDISTRIBUIO E SUBSTITUIO w.audiojus.com.br 12

A substituio consiste na previso de substitutos para servidores investidos em cargo ou funo de direo ou chefia e para os ocupantes de cargo de natureza especial. Os substitutos so indicados de acordo com o que determina o regimento interno ou, no havendo regras com relao substituio, os substitutos sero previamente designados pelo dirigente mximo do rgo ou entidade. A substituio ocorrer nas hipteses de afastamento, impedimento legal ou regulamentar do titular, bem como no caso de vacncia do cargo.

CAPTULO 3 Lei 8.112/90 DOS DIREITOS E VANTAGENS w.audiojus.com.br 13

CAPTULO 3 DOS DIREITOS E VANTAGENS

A Constituio Federal prev vrios direitos aos ocupantes de cargos pblicos.

Um dos mais importantes a possibilidade de adquirir-se a estabilidade.

No art. 39, 3, a Constituio prev que aos servidores pblicos se aplicam as seguintes vantagens previstas para os trabalhadores urbanos e rurais quando tratou dos Direitos Sociais: - salrio-mnimo;

- garantia de salrio nunca inferior ao mnimo, para os que percebem remunerao varivel; - dcimo terceiro salrio;

- remunerao do trabalho noturno superior ao diurno;

- salrio-famlia;

- durao do trabalho normal;

- repouso semanal remunerado;

- remunerao de servio extraordinrio;

- frias com adicional de ;

- licena gestante por 120 dias;

- licena paternidade, nos termos da lei (a lei 8112 prev ser de cinco dias a licena-paternidade); - proteo do mercado de trabalho da mulher;

- reduo dos riscos inerentes ao trabalho;

- proibio de diferenas salariais, de exerccio de funes e de critrio de admisso por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

Segundo a Prof. Maria Sylvia Di Pietro coexistem dentro da Administrao

Pblica dois sistemas remuneratrios, quais sejam: o sistema de vencimentos ou remunerao e o sistema de subsdios, este ltimo introduzido pela EC n.19/98. O sistema de vencimentos aplicvel aos servidores em geral, o caso do tratado na presente lei 8112 que o regula no mbito dos servidores da Unio. Compe-se de parte fixa estabelecida por lei, correspondente contraprestao dos servios prestados no exerccio do cargo e de parte varivel, composta por vantagens pecunirias de variada natureza. O sistema de subsdios vigora para agentes pblicos de alto escalo e corresponde retribuio de parcela nica, no sendo possvel a percepo de vantagens pecunirias variveis.

A lei 8112 diferencia vencimento de remunerao. Vencimento a retribuio pecuniria pelo exerccio de cargo pblico, com valor fixado em lei. Remunerao o vencimento do cargo efetivo acrescido das vantagens pecunirias permanentes estabelecidas em lei. A garantia constitucional de que ao servidor assegurado retribuio pecuniria no inferior ao salrio-mnimo est relacionada ao vencimento.

O art. 41 da lei, em seu 3 diz que o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens de carter permanente irredutvel. A interpretao dessa norma deve ser feita em conjunto com a regra do art.37, inciso XV, da Constituio Federal, o qual consagra a regra da irredutibilidade de vencimentos e subsdios com as seguintes ressalvas: - do teto remuneratrio da Administrao Pblica, ou seja, o que exceder do teto estabelecido na Constituio no poder ser devido ao servidor pblico;

CAPTULO 3 Lei 8.112/90 DOS DIREITOS E VANTAGENS w.audiojus.com.br 14

- imposto de renda geral, universal e progressivo, na forma da lei.

O teto remuneratria da Administrao Pblica previsto no inciso XI do art. 37 da Constituio Federal nos seguintes termos:

A remunerao e o subsdio dos ocupantes de cargos, funes e empregos pblicos da administrao direta, autrquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes polticos e os proventos, penses ou outra espcie remuneratria, percebidos cumulativamente ou no, includas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, no podero exceder o subsdio mensal, em espcie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municpios, o subsdio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsdio mensal do Governador no mbito do Poder Executivo, o subsdio dos Deputados Estaduais e Distritais no mbito do Poder Legislativo e o subsdio dos Desembargadores do Tribunal de Justia, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centsimos por cento do subsdio mensal, em espcie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no mbito do Poder Judicirio, aplicvel este limite aos membros do Ministrio Pblico, aos Procuradores e aos Defensores Pblicos.

Significa dizer que o art. 42 da lei 8112 e seu pargrafo nico, encontram-se tacitamente revogados, pois o texto constitucional expresso em incluir no teto vantagens de qualquer natureza sendo elas pessoais ou no.

Desconto no vencimento: o servidor perder a remunerao do dia em que faltar ao servio injustificadamente; caso falte justificadamente em virtude de caso fortuito ou fora maior, as faltas podero ser compensadas a critrio da chefia imediata, alm de que os referidos dias sero contados como de efetivo exerccio. O servidor tambm perder parcela da remunerao diria, proporcionalmente, aos atrasos, ausncias justificadas e sadas antecipadas, salvo na hiptese de compensao de horrios at o ms subseqente da ocorrncia.

Dvidas com o errio: o servidor em dbito com o errio, que for demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou disponibilidade cassada, ter o prazo de sessenta dias para quitar o dbito. A no quitao do dbito no prazo previsto implicar sua inscrio em dvida ativa.

Natureza alimentar dos vencimentos: o art. 48 da lei 8112 consagra que o vencimento, a remunerao e o provento no sero objetos de arresto, seqestro ou penhora, exceto nos casos de prestao de alimentos resultante de deciso judicial. Isso significa dizer que a remunerao ou vencimento tem carter alimentar em relao ao servidor e seus dependentes, posto que apenas a prestao alimentcia, assim declarada judicialmente, capaz de autorizar medida restritiva sobre os crditos remuneratrios.

Desconto sobre a remunerao: nenhum desconto deve incidir sobre a remunerao do servidor, salvo por determinao judicial ou por imposio legal. O decreto n. 4961/2004 trouxe as hipteses de desconto na remunerao do servidor pblico civil da Unio. Este ato normativo prev, por exemplo, o desconto de contribuio para o plano de seguridade social do servidor pblico, contribuio para plano de sade de entidade fechada de previdncia, amortizao de financiamento de imveis, entre outros.

CAPTULO 3 Lei 8.112/90 DOS DIREITOS E VANTAGENS w.audiojus.com.br 15

As vantagens previstas na lei 8112 consubstanciam-se em: - indenizaes;

- gratificaes; e,

- adicionais

As gratificaes e adicionais podem incorporar-se aos vencimentos ou proventos desde que haja previso legal para tanto e desde que sejam cumpridas todas as condies impostas pela lei. As indenizaes, por sua vez, no se incorporam ao vencimento ou provento para qualquer efeito.

Indenizaes: so trs as indenizaes previstas na lei 8112: 1) Ajuda de custo; 2) Dirias; 3) Transporte.

Os valores das indenizaes e as condies para concesso sero estabelecidas por Regulamento em todos os casos.

Ajuda de custo: destina-se a custear as despesas de instalao do servidor, e esta transferncia importar em mudana de domiclio em carter permanente. Dentre as despesas custeadas pela Administrao Pblica esto aquelas relativas ao transporte do servidor e de sua famlia, compreendendo passagens, bagagem e bens pessoais. Apesar do valor da ajuda de custo vir a ser determinado em Regulamento, no poder exceder a 3 meses de remunerao do servidor. Fica vedado o pagamento em dobro desta indenizao no caso de ser o cnjuge do servidor transferido para aquela sede.

Dirias: so indenizaes pagas ao servidor que se deslocar de forma eventual ou transitria para outro ponto do territrio nacional ou para o exterior, no cumprimento de suas atribuies. Se, no entanto, esse deslocamento for exigncia permanente do cargo, o servidor no far jus a dirias.

As despesas que visam ser indenizveis por dirias so: pousada, alimentao e locomoo. A quantidade de dirias a receber equivalente a quantidade de dias de afastamento havendo pernoite fora da sede. Caso no haja pernoite, ser devida pela metade.

Indenizao por transporte: concedida ao servidor que realizar despesas com a utilizao de meio prprio de locomoo para a execuo de servios externos, por fora das atribuies fora do cargo, conforme se dispuser em regulamento.

ATENO: o servidor que receber ajuda de custo e NO se apresentar na nova sede no prazo de 30 DIAS fica obrigado a restitu-la. O servidor que receber diria e no se deslocar da sede, por qualquer motivo, deve restituir a diria em at 5 dias.

Gratificaes: A lei 8112 foi alterada na parte em que tratava da gratificao em virtude do exerccio de funo de confiana. Atualmente tal gratificao denominada na lei como retribuio pelo exerccio de funo de direo, chefia e assessoramento. Subsiste, no entanto, a gratificao natalina.

CAPTULO 3 Lei 8.112/90 DOS DIREITOS E VANTAGENS w.audiojus.com.br 16

Gratificao natalina: corresponde ao pagamento do dcimo terceiro salrio assegurado pela Constituio Federal. Gratificao natalina o acrscimo de 1/12 de remunerao por ms de exerccio no respectivo ano de seu pagamento, fazendo jus desta gratificao no ms de dezembro. Para fins de gratificao natalina considerado ms a frao igual ou superior a 15 dias de efetivo exerccio.

Retribuio pelo exerccio de funo de direo, chefia e assessoramento: devida pelo exerccio de servidores ocupantes de cargo efetivo, mas que tambm desempenhem alguma funo de direo, chefia ou assessoramento, ou que ocupem cargo de provimento em comisso ou de natureza especial.

Adicionais: segundo Hely Lopes Meirelles adicionais so vantagens pecunirias que a Administrao concede aos servidores em razo do tempo de exerccio ou em face da natureza peculiar da funo que exige conhecimentos especializados ou um regime prprio de trabalho. A medida provisria n. 2245-45 de 2001 revogou o adicional por tempo de servio mencionado na clssica definio do saudoso mestre em Direito Administrativo.

So adicionais previstos na lei 8112: - de insalubridade, periculosidade e atividades penosas;

- por servio extraordinrio;

- noturno;

- de frias.

Adicionais de Insalubridade, Periculosidade ou atividades penosas: estes adicionais so devidos sobre o vencimento do cargo efetivo quando os servidores trabalhem, com habitualidade:

Em locais insalubres, em contato permanente com substncias txicas, radioativas Adicional de Insalubridade;

Com risco de vida Adicional de Periculosidade;

Servindo em zonas de fronteira ou em localidades cujas condies de vida o justifiquem Adicional de atividades penosas

O servidor no poder perceber concomitantemente os adicionais de insalubridade e periculosidade, deve optar por um deles. Eliminadas as causas ensejadoras da insalubridade e da periculosidade cessam os direitos de perceber os adicionais.

Na concesso dos adicionais de atividades penosas, de insalubridade e de periculosidade, sero observadas as situaes estabelecidas em legislao especfica.

Adicional por servio extraordinrio: servio extraordinrio aquele prestado fora da jornada normal de atividades. remunerado com acrscimo de 50% em relao hora normal de trabalho. O servio extraordinrio apenas ser permitido para atender a situaes excepcionais e temporrias, respeitando-se o limite mximo de 2 horas extraordinrias por jornada.

Adicional noturno: o adicional noturno devido pelos servios prestados em horrio compreendido entre 2 horas de um dia e 5 horas do dia seguinte. A vantagem ser de 25% sobre o valor-hora do vencimento, ressaltando-se que a hora para efeitos desse adicional tem a durao de cinqenta e dois minutos e trinta segundos.

Adicional de frias: o servidor tem o direito de perceber, por ocasio das frias, um adicional correspondente a 1/3 da remunerao. Exercendo, o servidor,

CAPTULO 3 Lei 8.112/90 DOS DIREITOS E VANTAGENS w.audiojus.com.br 17 funo de direo, chefia ou assessoramento, ou ocupando cargo em comisso, a respectiva vantagem ser considerada no clculo do adicional de frias.

O servidor pblico da Unio tem direito a trinta dias de frias, aps o perodo aquisitivo de doze meses de exerccio da atividade, podendo as frias serem parceladas em trs etapas se assim for requerido pelo servidor e se houver interesse da Administrao.

As frias podem, ainda, ser acumuladas at o mximo de dois perodos, no caso de haver necessidade do servio ou se de outra forma estabelecer legislao especfica. Qualquer falta ao servio no pode ser considerada como gozo do perodo de frias. O pagamento da remunerao para o perodo de frias ser efetuado at dois dias antes do incio das mesmas.

O servidor que for exonerado de cargo efetivo ou em comisso ter direito a indenizao relativa ao perodo de frias na proporo de um doze avos por ms de exerccio efetivo, sendo considerado ms a frao superior a quatorze dias.

As frias somente podero ser interrompidas: - por motivo de calamidade pblica;

- por comoo interna;

- por convocao para jri;

- pelo servio militar ou eleitoral;

- por necessidade do servio declarada pela autoridade mxima do rgo ou entidade.

Licena a concesso de um perodo em que o servidor ficar afastado do exerccio de seu cargo com ou sem percepo da remunerao. A lei 8112 prev as seguintes licenas: - por motivo de doena em pessoa da famlia;

- por motivo de afastamento do cnjuge ou companheiro;

- para o servio militar;

- para atividade poltica;

- para capacitao;

- para tratar de interesses particulares;

- para desempenho de mandato classista.

A licena concedida dentro de 60 dias do trmino de outra da mesma espcie ser considerada como prorrogao.

Licena por motivo de doena em pessoa da famlia concedida ao servidor para prestar assistncia a cnjuge ou companheiro, aos pais, filhos, padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva s suas expensas e conste de seu assentamento funcional, por motivo de doena destes comprovada por junta mdica oficial. Esta licena apenas concedida se a assistncia do servidor for indispensvel e se esta no puder ser prestada concomitantemente com o exerccio do cargo, inclusive mediante compensao de horrios a critrio da chefia.

CAPTULO 3 Lei 8.112/90 DOS DIREITOS E VANTAGENS

A licena ser concedida sem prejuzo da remunerao do cargo efetivo, at trinta dias, podendo ser prorrogada por at trinta dias, mediante parecer de junta mdica oficial e excedendo estes prazos, sem remunerao, por at 90 dias.

Licena por motivo de afastamento do cnjuge poder ser concedida ao servidor para acompanhar cnjuge ou companheiro que foi deslocado para outro ponto do territrio nacional, para o exterior ou para o exerccio de mandato eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo. A licena ser por prazo indeterminado e sem remunerao.

No deslocamento de servidor cujo cnjuge ou companheiro tambm seja servidor pblico, civil ou militar, de qualquer dos Poderes da unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, poder haver exerccio provisrio deste em rgo ou entidade da Administrao Federal direta, autrquica ou fundacional, desde que para o exerccio de atividade compatvel com o seu cargo.

Licena para o servio militar licena concedida ao servidor convocado para o servio militar. Essa licena concedida na forma e nas condies previstas em legislao especfica. Concludo o servio militar, o servidor ter at 30 dias sem remunerao para reassumir o exerccio do cargo.

concedida Licena para atividade poltica:

Do perodo que mediar entre a escolha do servidor em conveno partidria, como candidato a cargo eletivo, e a vspera do registro de sua candidatura perante a Justia Eleitoral o servidor ter licena sem remunerao;

Do dia imediato do registro de sua candidatura perante a Justia

Eleitoral at o dcimo dia seguinte ao do pleito o servidor ser afastado do cargo e funes de direo, chefia, assessoramento, arrecadao ou fiscalizao se candidato a cargo eletivo na localidade onde as desempenhe;

Do registro da candidatura at o dcimo dia seguinte ao da eleio o servidor far jus a licena, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo perodo de trs meses.

Licena para capacitao: a cada cinco anos de efetivo exerccio, o servidor poder, no interesse da Administrao, afastar-se do exerccio do cargo efetivo, com a respectiva remunerao em at trs meses, para participar de curso de capacitao profissional. Este perodo no acumulvel.

Licena para tratar de interesses particulares: a critrio da Administrao, podero ser concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde que no esteja em estgio probatrio, licenas para o trato de assuntos particulares pelo prazo de at trs anos consecutivos, sem remunerao. A licena pode ser interrompida a qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse do servio.

Licena para desempenho de mandato classista: assegurado ao servidor o direito licena sem remunerao para o desempenho de mandato em confederao, federao, associao de classe de mbito nacional, sindicato representativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profisso, sendo este perodo considerado de efetivo exerccio, exceto para efeito de promoo por merecimento, conforme o que for

CAPTULO 3 Lei 8.112/90 DOS DIREITOS E VANTAGENS w.audiojus.com.br 19 disposto em Regulamento. A licena ter durao igual do mandato, podendo ser prorrogada, no caso de reeleio, e por uma nica vez.

Afastamento para servir a outro rgo ou entidade: o servidor poder ser cedido para ter exerccio em outro rgo ou entidade dos Poderes da Unio, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municpios, para o exerccio de cargo em comisso ou funo de confiana ou nas casos previstos em lei especfica. Quando a cesso se der para rgos ou entidades de qualquer Poder dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municpios, o nus da remunerao ser do rgo ou entidade cessionria, ou seja, daquela que recebe o servidor, mantido o nus para o cedente nos demais casos. A cesso ser feita mediante portaria publicada no Dirio Oficial da Unio.

Afastamento para exerccio de mandato eletivo:

O servidor que for investido em mandato federal, estadual ou distrital ficar afastado do cargo ou funo.

O servidor que for investido em mandato de Prefeito ficar afastado do cargo ou funo, sendo-lhe facultado optar pela sua remunerao

O servidor que for investido no mandato de vereador havendo compatibilidade de horrios, perceber as vantagens de seu cargo ou funo, sem prejuzo da remunerao do cargo eletivo, e, no havendo compatibilidade, ser afastado do cargo ou funo, podendo optar pela sua remunerao.

Em qualquer caso que exija o afastamento para o exerccio de mandato eletivo, o servidor contribuir para a seguridade social como se em exerccio estivesse e seu tempo de servio ser contado para todos os efeitos legais, exceto para promoo por merecimento.

ATENO: o servidor investido em mandato eletivo ou classista no poder ser removido ou redistribudo de ofcio para localidade diversa daquela onde exerce o mandato.

Afastamento para estudo ou misso no exterior: o servidor no poder ausentar-se do pas para estudo ou misso oficial, sem autorizao do Presidente da Repblica, Presidente dos rgos do Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal Federal.

Em caso de ausncia, esta no poder exceder a 4 anos, e finda a misso ou estudo, somente decorrido igual perodo, ser permitida nova ausncia. Esta regra tambm incide no caso do servidor pretender sua exonerao ou licena para tratar de interesse particular, aps ter ficado ausente para misso ou estudo no exterior, salvo se houver ressarcimento da despesa havida com seu afastamento.

As regras deste afastamento no se aplicam aos servidores de carreira diplomtica.

O afastamento de servidor para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere dar-se- com perda total da remunerao.

CAPTULO 3 Lei 8.112/90 DOS DIREITOS E VANTAGENS w.audiojus.com.br 20

Concesses so as hipteses em que o servidor pode ausentar-se do servio sem qualquer prejuzo, seja para contagem de tempo de servio, para disponibilidade ou para promoo por merecimento. As hipteses de concesses na Lei 8112 so:

- um dia, para doao de sangue;

- dois dias, para se alistar como eleitor;

- oito dias consecutivos em razo do casamento;

- oito dias consecutivos em razo do falecimento do cnjuge, companheiro, pais, padrasto ou madrasta, filhos, enteados, menor sob sua guarda ou tutela e irmos;

- horrio especial ao servidor estudante, quando comprovada a incompatibilidade entre o horrio escolar e o da repartio;

- horrio especial ao servidor portador de deficincia, bem como ao servidor que tenha cnjuge, filho ou dependente portador de deficincia fsica quando comprovada, em ambos os casos, a necessidade por junta mdica oficial;

- garantia de matrcula em instituio de ensino congnere, em qualquer poca, independentemente de vaga, ao servidor estudante, ou a seu cnjuge ou companheiro, filhos, enteados que vivam em sua companhia e menores sob sua guarda, quando o servidor mudar de sede no interesse da Administrao.

A contagem do tempo de servio imprescindvel para o clculo de aposentadoria, disponibilidade, promoo entre outras benesses a que tem direito o servidor pblico.

Assim, o tempo em que o servidor pblico federal passa em exerccio contado para todos os efeitos; inclui-se neste cmputo o tempo prestado s Foras Armadas. A apurao do tempo de servio ser feita em dias, que sero convertidos em anos, considerado o ano como de trezentos e sessenta e cinco dias.

So considerados, por exemplo, como de efetivo exerccio: - as ausncias para doar sangue, alistar-se eleitor, casar e em virtude de falecimento de parente; - frias;

- exerccio de cargo em comisso ou equivalente, em rgo ou entidade dos Poderes da Unio, dos Estados, Municpios e Distrito Federal; - participao em programa de treinamento;

- misso ou estudo no exterior;

- licena gestante, adotante e paternidade;

- licena para tratamento da prpria sade at o limite de 24 meses; entre outros.

CAPTULO 3 Lei 8.112/90 DOS DIREITOS E VANTAGENS w.audiojus.com.br 21

So considerados como de efetivo exerccio, porm no para efeitos de promoo por merecimento: - o desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal e distrital, e - o desempenho de mandato classista.

So considerados apenas para efeito de aposentadoria e disponibilidade, por exemplo: - o tempo de servio pblico prestado aos Estados, Municpios e Distrito

Federal; - o tempo de servio em atividade privada, vinculada Previdncia

Social; - licena para tratamento de pessoa na famlia do servidor, entre outros.

ATENO: vedada a contagem cumulativa de tempo de servio prestado concomitantemente em mais de um cargo ou funo de rgo ou entidade dos Poderes da Unio, Estado, Distrito Federal e Municpios, autarquia, fundao pblica, sociedade de economia mista e empresa pblica.

O direito de petio assegurado na lei 8112, nos arts. 104 e seguintes, no equivalente ao previsto no art. 5, inciso XXXIV, da Constituio Federal. O direito de petio constitucional tem por objetivo a total acessibilidade de todas as pessoas autorizando-as a peticionar a qualquer autoridade pblica de qualquer dos Poderes, inclusive Ministrio Pblico, para denunciar ato ilegal ou abusivo.

O direito de petio dos servidores civis da Unio consubstancia-se no direito de requerer dos Poderes Pblicos em defesa de direito ou interesse legtimo. Assim, se um servidor observa que um dos seus direitos consagrado na presente lei lhe est sendo negado, pode peticionar autoridade competente para decidir sobre seu direito, sendo este pedido encaminhado por intermdio da autoridade a que estiver imediatamente subordinado o requerente.

autoridade que expediu o ato controvertido ou quela que proferiu a primeira deciso, cabe pedido de reconsiderao, no podendo ser este renovado.

Cabe recurso: 1) Do indeferimento do pedido de reconsiderao; 2) Das decises sobre os recursos sucessivamente interpostos.

Os recursos tambm sero encaminhados por intermdio da autoridade a que estiver imediatamente subordinado o requerente e ter como destinatrio a autoridade imediatamente superior que tiver expedido o ato ou proferido a deciso, e assim ser feito sucessivamente em escala ascendente, sempre que houver uma autoridade superior.

O prazo para se interpor o pedido de reconsiderao ou de recurso de 30 dias a contar da publicao ou da cincia, pelo interessado, da deciso recorrida.

A autoridade competente poder receber o recurso com efeito suspensivo, o que significa dizer que ao receber o recurso poder suspender os efeitos ou eficcia do ato que est sendo objeto de recurso.

Se for provido o recurso ou o pedido de reconsiderao, os efeitos da deciso retroagiro data do ato impugnado. Todos os efeitos e atos que forem conseqentes

CAPTULO 3 Lei 8.112/90 DOS DIREITOS E VANTAGENS w.audiojus.com.br 2 ao ato impugnado sero atingidos e invalidados desde a data em que fora proferido o ato impugnado ou desrespeitado o direito do servidor. Em outras palavras, a deciso produz efeitos ex tunc.

H dois prazos prescricionais referentes ao direito de petio: 1) Prescreve em cinco anos as pretenses quanto aos atos de demisso e de cassao de aposentadoria ou disponibilidade, ou as pretenses que derivem de interesse patrimonial e de crditos resultantes das relaes de trabalho. 2) Prescreve em 120 dias qualquer outra pretenso, salvo quando prazo diverso for fixado em lei.

O prazo prescricional comea a correr da data da publicao do ato impugnado ou da data da cincia do interessado quando o ato no for publicado.

O pedido de reconsiderao e o recurso, quando interpostos, se cabveis, interrompem a prescrio, ou seja, feito o pedido de reconsiderao, por exemplo, o prazo prescricional voltar a correr do incio.

Mesmo que a Administrao Pblica pretenda relevar a prescrio, no poder faz-lo, posto que a prescrio matria de ordem pblica, indisponvel. No entanto, se o ato objeto do recurso ou pedido ilegal, a Administrao Pblica dever rev-lo a qualquer tempo.

CAPTULO 4 Lei 8.112/90 DO REGIME DISCIPLINAR w.audiojus.com.br 23

CAPTULO 4 DO REGIME DISCIPLINAR

A lei 8112 prev os deveres que devem ser observados pelos servidores federais no exerccio de cargo efetivo ou funo, bem como pelos servidores nomeados para cargos em comisso.

Os principais deveres do servidor so: - ser leal s instituies a que servir;

- cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;

- levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver cincia em razo do cargo; - zelar pela economia do material e a conservao do patrimnio pblico;

- manter conduta compatvel com a moralidade administrativa;

- ser assduo e pontual ao servio, entre outros importantes deveres.

A Constituio Federal no art. 37, inciso XVI probe a acumulao de cargos pblicos. Excepcionalmente, no entanto, prev, ainda, este mesmo inciso que em determinadas hipteses permitida a acumulao remunerada de cargos pblicos. So elas: 1) A de dois cargos de professores; 2) A de um cargo de professor com outro de tcnico ou cientfico; 3) A de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de sade, com profisses regulamentadas.

Para que seja possvel a acumulao desses cargos deve haver compatibilidade de horrios e que a remunerao recebida nos dois cargos no exceda o teto previsto no inciso XI, do mesmo art. 37 da Constituio Federal.

A proibio de acumular estendida a empregos e funes e abrange autarquias, empresas pblicas, sociedades de economia mista, suas subsidirias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder pblico.

A proibio para a acumulao estende-se, ainda, percepo de vencimento do cargo ou emprego com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remuneraes forem acumulveis na atividade.

Caso o servidor que j acumule licitamente dois cargos efetivos vier a ser nomeado para um cargo em comisso deve se afastar de ambos os cargos efetivos, salvo se houver compatibilidade de horrio e local com o exerccio de UM deles.

A acumulao ilegal de cargos, empregos ou funes pblicas ato infracional disciplinar cometido pelo servidor passvel de aplicao da pena de demisso. Detectada a acumulao ilegal de cargos, empregos ou funo o servidor ser NOTIFICADO, por intermdio de sua chefia imediata, pela autoridade que tiver tido cincia da irregularidade, para que apresente opo por um dos cargos, no prazo improrrogvel de dez dias, contando-se esse prazo da data da cincia da notificao. Se o servidor se mantiver omisso ser instaurado processo administrativo disciplinar adotando-se o procedimento sumrio.

Instaurado o processo administrativo disciplinar se o servidor fizer a opo por um dos cargos at o ltimo dia de prazo para a defesa, presumir-se- sua boa-f, no

CAPTULO 4 Lei 8.112/90 DO REGIME DISCIPLINAR w.audiojus.com.br 24 lhe sendo nenhuma penalidade imposta e convertendo-se, a opo, automaticamente, em pedido de exonerao do outro cargo.

Caracterizada a acumulao ilegal e provada a m-f, pela no opo do servidor a um dos cargos, ser aplicada a pena de demisso, destituio (se estiver acumulando ilegalmente cargos em comisso) ou cassao de aposentadoria ou disponibilidade em relao a todos os cargos, empregos ou funes pblicas em regime de acumulao ilegal.

O servidor ao executar irregularmente suas atribuies poder responder civil, penal e administrativamente.

No art. 37, 6, da Constituio Federal foi consagrada a responsabilidade objetiva do Estado. A responsabilidade objetiva traz para a Administrao Pblica a obrigao de indenizar danos que seus agentes causem a terceiros no exerccio de suas funes. A incidncia da responsabilidade objetiva para o Estado no exime o servidor de responder por suas aes quando prejudicar terceiros com culpa ou dolo.

A responsabilidade civil do servidor deriva de dano causado ao errio ou a terceiro se para isso o servidor tenha agido ou se omitido de forma intencional caracterizando o dolo ou de forma desidiosa ou negligente o que caracteriza a culpa.

Tendo causado dolosamente prejuzo ao errio, o servidor indenizar o prejuzo no prazo mximo de trinta dias podendo parcelar o dbito desde que cada parcela no seja inferior a 10% da remunerao do mesmo. Se causar danos a terceiros responder o servidor perante a Fazenda Pblica em ao regressiva movida por este.

A obrigao de reparar o dano transfere-se aos sucessores do servidor at o limite do valor da herana recebida.

A responsabilidade penal surge do cometimento de atos que consubstanciam contraveno ou infrao penal ligadas ao exerccio das atribuies do servidor.

A responsabilidade administrativa advm de condutas imprprias do servidor no desempenho de suas funes que esteja em desacordo com os princpios e regras que norteiam a Administrao Pblica.

Pode, o servidor, ao praticar um nico ato ser punido civil, penal e administrativamente. Podem as penas cumular-se, portanto. Elas so independentes entre si, pois pode o servidor no ser condenado civilmente se sua conduta no causar danos, isso no o isentar da responsabilidade penal ou administrativa. Em que pese a independncia entre as sanes, h hipteses em que a deciso em uma das esferas influenciar as demais: se na esfera penal o servidor for absolvido em virtude da inexistncia do fato, ou se o servidor for absolvido porque o ato no foi de sua autoria, no poder ele ser sancionado administrativamente; se na esfera penal o agente for condenado, a obrigao de reparar o dano civil se torna certa, fazendo coisa julgada, ou seja, havendo condenao no processo penal, no h necessidade de haver condenao em processo civil para que seja exigvel a reparao do dano.

Existem uma sria de atitudes que so proibidas aos servidores. O descumprimento de qualquer dessas proibies levar a aplicao de uma sano ao

CAPTULO 4 Lei 8.112/90 DO REGIME DISCIPLINAR w.audiojus.com.br 25 servidor aps procedimento administrativo, seja sindicncia ou processo disciplinar, onde so assegurados ao servidor o contraditrio e a ampla defesa.

As penalidades que podem ser aplicadas aos servidores so: 1) Advertncia; 2) Suspenso; 3) Demisso; 4) Cassao de aposentadoria ou disponibilidade; 5) Destituio de cargo em comisso; 6) Destituio de funo comissionada.

Ao se aplicar qualquer das penalidades sero levadas em conta a natureza e a gravidade da infrao cometida, os danos que dela provierem para o servio pblico, as circunstncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais.

Todo ato atravs do qual for imposta uma sano ao servidor dever ser motivado. O ato dever mencionar, sempre, o fundamento legal e a causa da sano disciplinar.

Pena de advertncia: a pena de advertncia ser aplicada por escrito. Cabe aplicao da pena de advertncia nos casos de violao das seguintes proibies: - ausentar-se do servio durante o expediente, sem prvia autorizao do chefe imediato; - retirar, sem prvia anuncia da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartio; - recusar f a documentos pblicos;

- opor resistncia injustificada a andamento de documento e processo ou execuo de servio; - promover manifestao de apreo ou desapreo no recinto da repartio; - cometer pessoa estranha repartio, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuio que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associao profissional ou sindical ou a partido poltico; - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou funo de confiana, cnjuge, companheiro ou parente at o segundo grau civil; - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado. Tambm fica passvel de receber pena de advertncia o servidor que no observar o dever funcional previsto em lei, regulamentao ou norma interna, que no justifique imposio de penalidade mais grave.

Pena de suspenso: a suspenso aplicada em caso de reincidncia das faltas punidas com advertncia e de violao das demais proibies que no tipifiquem infrao sujeita a penalidade de demisso, como, por exemplo, cometer a outro servidor atribuies estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situaes de emergncia e transitrias.

A aplicao da pena de suspenso no pode exceder a 90 dias. Essa quantidade determinada pela autoridade competente a depender da gravidade do ato e de suas conseqncias. A lei 8112 prev, no entanto, limite menor de at 15 dias, para o servidor que se recusar a ser submetido inspeo mdica determinada

CAPTULO 4 Lei 8.112/90 DO REGIME DISCIPLINAR w.audiojus.com.br 26 pela autoridade competente, contudo cumprindo a determinao do exame cessaro os efeitos da penalidade, tornando invlida a continuidade da pena.

Quando houver convenincia para o servio, a penalidade de suspenso poder ser convertida em multa, na base de 50% por dia de vencimento ou remunerao, ficando o servidor obrigado a permanecer em servio.

ATENO: a penalidade de suspenso no prazo de cinco anos ter seu registro cancelado se o servidor, nesse perodo, no houver praticado nova infrao disciplinar. Esse prazo reduzido para trs anos nos casos de pena de advertncia.

Pena de demisso: a pena de demisso uma das mais graves a serem aplicadas como sano falta disciplinar do servidor. As causas que autorizam sua aplicao traduzem em quase todas as hipteses uma conduta irresponsvel, ilegal ou imoral por parte do servidor.

Autoriza a aplicao da pena de demisso a violao das seguintes proibies: - valer-se de cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da funo pbica; - participar de gerncia ou administrao de empresa privada ou sociedade civil; - exercer o comrcio exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditrio; - atuar, como procurador ou intermedirio, junto a reparties pblicas, salvo quando se tratar de benefcios previdencirios ou assistenciais de parentes at o segundo grau, e de cnjuge ou companheiro; - receber propina, comisso, presente ou vantagem de qualquer espcie, em razo de suas atribuies; - aceitar comisso, emprego ou penso de estado estrangeiro;

- praticar usura sobre qualquer de suas formas;

- proceder de forma desidiosa;

- utilizar pessoal ou recursos materiais da repartio em servios ou atividades particulares.

Tambm so causas de demisso segundo a lei 8112: - a prtica de crime contra a administrao pblica, esses crimes so os tipificados nos arts. 312 a 326 do Cdigo Penal; - abandono de cargo, que a ausncia intencional do servidor ao servio por trinta dias consecutivos; - inassiduidade habitual, que se configura com a falta ao servio, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o perodo de doze meses; - a prtica de improbidade administrativa, cuja disciplina encontra-se na lei n. 8429/92; - incontinncia pblica e conduta escandalosa na repartio;

- insubordinao grave em servio;

- ofensa fsica, em servio, a servidor ou particular, salvo em legtima defesa prpria ou de outrem; - aplicao irregular de dinheiros pblicos;

- revelao de segredo do qual se apropriou em razo do cargo;

- leso aos cofres pblicos e dilapidao do patrimnio nacional;

- corrupo;

- acumulao ilegal de cargos, empregos ou funes pblicas.

CAPTULO 4 Lei 8.112/90 DO REGIME DISCIPLINAR w.audiojus.com.br 27

Pena de cassao de aposentadoria e disponibilidade: esta penalidade ser aplicada quando, apesar de j aposentado ou em disponibilidade, o servidor tiver praticado, em atividade, falta punvel com a demisso que no estiver prescrita.

Pena de destituio de cargo em comisso: esta pena aplicada para o servidor que no ocupante de cargo efetivo e se dar sempre que este servidor cometer infrao sujeita s penalidades de suspenso e de demisso. Caso o servidor tenha cometida infrao porm antes desta ser descoberta tenha se exonerado do cargo, o ato de exonerao ser convertido em destituio de cargo em comisso.

Demais efeitos das sanes disciplinares: determinadas condutas inadequadas por parte do servidor, em virtude de sua gravidade, pode vir a acarretar outras conseqncias que sero somadas s eventuais penas aplicadas. Assim, se o servidor for demitido ou destitudo do cargo em comisso por ter praticado ato de improbidade administrativa, aplicado irregularmente dinheiros pblicos, lesado os cofres pblicos, dilapidado patrimnio nacional e praticado ato de corrupo, ficar com seus bens indisponveis e dever ressarcir ao errio o prejuzo que tenha causado, alm de ficar impossibilitado de retornar definitivamente ao servio pblico federal. Fica impossibilitado, tambm, de retornar ao servio pblico aquele que praticou crime contra a administrao pblica.

Da mesma forma, o servidor que for demitido ou destitudo de cargo em comisso em virtude de valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da funo pblica e que atuar como procurador ou intermedirio junto a reparties pblicas ficar incompatibilizado de nova investidura em cargo pblico federal pelo prazo de cinco anos.

Prescrio da ao disciplinar: a prescrio relativa aplicao de pena disciplinar comea a correr da data em que se tornou conhecido o fato. O prazo prescricional ficar interrompido caso haja abertura de sindicncia ou instaurao de processo disciplinar, voltando o prazo a correr em sua integralidade a partir do dia em que cessar sua interrupo.

A ao disciplinar prescrever: 1) em cinco anos, quanto s infraes punveis com demisso, cassao de aposentadoria ou disponibilidade e destituio de cargo em comisso; 2) em dois anos, quanto suspenso; 3) em cento e oitenta dias, quanto advertncia.

ATENO: se, no entanto, uma infrao disciplinar tambm considerada crime, o prazo para a prescrio da ao disciplinar ser aquele previsto na lei penal.

CAPTULO 5 Lei 8.112/90 PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR w.audiojus.com.br 28

CAPTULO 5 PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

O processo administrativo disciplinar uma espcie de processo administrativo de fim especfico. Objetiva a investigao de infrao disciplinar cometida por servidor pblico com a aplicao da respectiva sano para o ato infracional.

Segundo Maria Sylvia Di Pietro o sistema adotado no ordenamento nacional para a represso disciplinar foi o sistema misto ou de jurisdicionalizao moderada. Por este sistema determinados rgos intervm de forma opinativa no processo, sendo a pena aplicada pelo superior hierrquico que tem certo grau de discricionariedade na verificao dos fatos e na escolha da pena aplicvel.

O processo disciplinar regido pelo princpio da oficialidade, ou seja, pode ele ser iniciado por iniciativa da prpria Administrao, a qual tambm o impulsionar at a deciso final e aplicao da pena. O processo administrativo disciplinar tambm pode ser iniciado por provocao do administrado.

Importantes princpios que esto presentes no processo disciplinar e que so assegurados na lei 8112 em obedincia ao direito fundamental elencado no inciso LV, do art. 5, da Constituio Federal, so os princpios do contraditrio e da ampla defesa. Estes no esto presentes apenas na fase de defesa. Desde a instaurao do processo disciplinar o servidor investigado tem a oportunidade de acompanhar todo o procedimento e de se manifestar com relao s provas colhidas.

A lei 8112 prev como instrumentos de aplicao de penalidades funcionais o processo disciplinar e a sindicncia. Deve-se ressaltar que existe um rito sumrio para o processo disciplinar o qual regulamentado pela prpria lei 8112 nos arts. 133 e 140.

A autoridade que primeiro tomar conhecimento acerca de irregularidade no servio pblico tem a obrigao de promover sua apurao imediata, assegurando ao acusado ampla defesa. A omisso da autoridade com relao a esta obrigao pode configurar ilcito penal. A apurao pode ser promovida por autoridade de rgo ou entidade diverso daquela em que tenha ocorrido a irregularidade, desde que tenha competncia para isto.

As denncias sobre irregularidade sero objeto de apurao, devem ser feitas por escrito e conter a identificao e o endereo do denunciante. Caso o fato narrado no configurar, de forma evidente, infrao disciplinar ou ilcito penal, a denncia deve ser arquivada por falta de objeto.

O legislador preferiu escolher um rito mais clere nos casos de investigao de acumulao ilegal de cargos e de demisso por inassiduidade habitual e abandono de cargo.

A primeira fase deste rito a INSTAURAO, que dever conter a indicao de autoria, com o nome e matrcula do servidor e da materialidade com a descrio completa da situao de acumulao proibida. No caso de abandono a materialidade se configura com a indicao precisa do perodo de ausncia intencional do servidor ao servio por prazo superior a trinta dias. No caso de inassiduidade, a materialidade provada com a indicao dos dias de falta sem causa justificada, por perodo igual ou superior a sessenta dias, interpoladamente, durante o perodo de doze meses. A segunda fase denominada INSTRUO SUMRIA e compreende:

CAPTULO 5 Lei 8.112/90 PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR w.audiojus.com.br 29

Indiciao, lavrada por comisso composta por dois servidores estveis, em at trs dias aps a data de sua constituio. Nesta etapa se promove a citao pessoal do servidor indiciado;

Defesa, que dever ser apresentada na forma escrita em cinco dias;

Relatrio que deve ser conclusivo quanto inocncia ou responsabilidade do servidor. Nele se deve resumir as peas principais dos autos, opinar sobre a licitude ou no do ato praticado pelo servidor, indicar o respectivo dispositivo legal e remet-lo autoridade instauradora para conseqente julgamento.

A terceira fase a do JULGAMENTO. O julgamento deve ser proferido no prazo de cinco dias contados do recebimento do processo pela autoridade instauradora.

O prazo para a concluso do processo administrativo disciplinar submetido ao rito sumrio no deve exceder trinta dias, contados da data da publicao do ato que constituir a comisso, admitida a sua prorrogao por at quinze dias, quando as circunstncias o exigirem.

So aplicveis, subsidiariamente, as normas contidas no Ttulo do Processo Administrativo Disciplinar.

Segundo Jos Cretella Jnior a sindicncia o meio sumrio de que se utiliza a Administrao do Brasil para, sigilosa ou publicamente, com indiciados ou no, proceder apurao de ocorrncias anmalas no servio pblico, as quais, confirmadas, fornecero elementos concretos para a imediata abertura de processo administrativo contra o funcionrio pblico responsvel. Este conceito entende sindicncia como uma espcie de inqurito pelo qual a administrao se robustece de provas contra o servidor infrator. Contudo, a lei 8112 d significao mais abrangente para a sindicncia.

Pela lei a sindicncia o meio adequado para aplicao de penas de advertncia ou suspenso de at 30 dias. Dela pode resultar, tambm, ou o arquivamento do processo ou a instaurao de processo disciplinar.

O processo disciplinar o instrumento destinado a apurar responsabilidade de servidor por infrao praticada no exerccio de suas atribuies do cargo em que se encontre investido. O processo disciplinar ser conduzido por uma Comisso composta de trs servidores estveis (com o fim de garantir a imparcialidade) designados pela autoridade competente, sendo o presidente da comisso ocupante de cargo ou de escolaridade de mesmo nvel, ou de nvel superior, ao do indiciado. A Comisso exercer suas atividades com independncia e imparcialidade, assegurado o sigilo necessrio elucidao do fato ou exigido pelo interesse da administrao.

No poder participar da comisso cnjuge, companheiro ou parente do acusado, consangneo ou afim, em linha reta ou colateral, at o terceiro grau (o que inclui alm dos ascendentes e descendentes, irmos, cunhados, tios e sobrinhos).

CAPTULO 5 Lei 8.112/90 PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR w.audiojus.com.br 30

O processo disciplinar se desenvolve em trs fases distintas: 1) instaurao, com a publicao do ato que constituir a comisso; 2) inqurito administrativo, que compreende instruo, defesa e relatrio; 3) julgamento.

O prazo para a concluso do processo disciplinar no exceder sessenta dias, contados da publicao do ato que constitui a comisso. admitida prorrogao por igual perodo quando as circunstancias autorizarem.

Inqurito administrativo: o inqurito administrativo obedecer ao princpio do contraditrio, assegurada ao acusado a ampla defesa, com a utilizao dos meios e recursos admitidos em direito. Caso o processo tenha sido precedido de sindicncia esta integrar os autos como pea informativa.

Na fase do inqurito, a comisso promover a tomada de depoimentos, acareaes, investigaes e diligncias cabveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessrio, a tcnicos e peritos, de modo a permitir a completa elucidao dos fatos.

O servidor poder acompanhar todo o processo, desde essa fase inicial, pessoalmente ou por intermdio de advogado, podendo, inclusive, produzir provas, arrolar e reinquirir testemunhas. O presidente da comisso, no entanto, tem liberdade em analisar tais pedidos, podendo deneg-los quando os considerar impertinentes, meramente protelatrios ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fatos. caso de pedido impertinente requerer a produo de prova pericial quando a comprovao do fato independer de percia.

As testemunhas sero intimadas por mandado para depor. Caso a testemunha seja servidor pblico, a expedio do mandado ser comunicada ao chefe da repartio, com a indicao do dia e hora marcados para a inquirio.

O depoimento prestado oralmente e reduzido a termo, no podendo a testemunha traz-lo por escrito.

Caso haja testemunhos contraditrios ou que se infirmem, poder ser feita a acareao entre os depoentes, ou seja, sero inquiridos frente a frente para que se facilite a descoberta da realidade dos fatos.

Somente aps a inquirio das testemunhas que o acusado ser interrogado.

Se houver mais de um acusado, cada um ser ouvido separadamente e sempre que divergirem suas declaraes, haver acareao entre eles.

A lei 8112 prev a possibilidade de instaurao incidente de sanidade mental sempre que ocorrer dvidas sobre a sanidade mental do acusado. Nesta hiptese, o acusado ser submetido a exame mdico por junta oficial em que esteja presente pelo menos um mdico psiquiatra.

Aps a produo das provas, haver a tipificao da infrao, sendo o acusado indiciado por sua prtica com especificao dos fatos a ele imputados e das respectivas provas.

O indiciado ser, ento, citado para apresentar defesa em dez dias. Quando houver mais de um indiciado o prazo ser comum e de 20 dias. O prazo para defesa pode, ainda, ser prorrogado em dobro, quando houver diligncias consideradas indispensveis.

Se o indiciado estiver em lugar incerto e no sabido ele ser citado por edital publicado no Dirio Oficial da Unio e em jornal de grande circulao do ltimo domiclio conhecido do indiciado. O prazo para a defesa ser de 15 dias.

Se o indiciado no apresentar defesa, aps ter sido regularmente citado, ser considerado revel, caso em que se abrir novo prazo para apresentao de defesa. A

CAPTULO 5 Lei 8.112/90 PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR w.audiojus.com.br 31 apresentao da defesa ser feita, neste caso, por defensor dativo nomeado pela autoridade instauradora. Este defensor ser um servidor ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nvel, ou ter nvel de escolaridade igual ou superior ao do indiciado.

Aps a defesa a comisso ir apresentar relatrio conclusivo a respeito da inocncia ou da responsabilidade do indiciado, indicando o dispositivo legal ou regulamentar transgredido, e de todas as circunstncias agravantes e atenuantes.

O processo disciplinar, com o relatrio, remetido autoridade instauradora para julgamento.

Julgamento: a autoridade julgadora dever proferir sua deciso no prazo de 20 dias. Se a penalidade a ser aplicada exceder a competncia da autoridade julgadora, esta dever encaminhar o processo para aquela competente para aplicao da sano, conforme o disposto no art. 141 da lei 8112, tendo esta o mesmo prazo para emitir sua deciso.

Se a comisso reconhecer a inocncia do indiciado, a autoridade deve arquivar o processo, salvo se esta deciso for flagrantemente contrria s provas dos autos. Quando o relatrio da comisso contrariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poder, motivadamente, agravar a penalidade proposta, abrand-la ou isentar o servidor de responsabilidade.

Se a autoridade verificar vcio insanvel, anular total ou parcialmente o processo e constituir outra comisso para instaurao de novo processo.

Extinta a punibilidade pela prescrio, a autoridade julgadora determinar o registro do fato nos assentamentos individuais do servidor.

O servidor que responder a processo disciplinar s poder ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, aps a concluso do processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada.

Reviso do processo: o processo disciplinar poder ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofcio, quando alegados fatos novos ou circunstncias suscetveis de justificar a inocncia do punido ou a inadequao da penalidade aplicada. A alegao de injustia da penalidade no constitui fundamento para a reviso, esta requer elementos no apreciados no processo originrio.

O pedido de reviso pode ser feito pelo prprio sancionado, por qualquer pessoa da famlia em caso de falecimento, ausncia ou desaparecimento do servidor e por seu curador nos casos de incapacidade mental.

O requerimento de reviso do processo ser dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se autorizar a reviso, encaminhar o pedido ao dirigente do rgo ou entidade onde se originou a processo disciplinar.

Ser constituda comisso revisora que tomar providncias semelhantes a da comisso de processo disciplinar. A comisso revisora ter sessenta dias para a concluso dos trabalhos.

O julgamento deve ser proferido pela autoridade que aplicou a penalidade. O julgamento dever ser proferido em 20 dias, podendo a autoridade determinar diligncias.

Julgada procedente a reviso, ser declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em relao destituio do cargo em comisso, que ser convertida em exonerao. Da reviso do processo no poder resultar agravamento da penalidade.

CAPTULO 6 Lei 8.112/90 SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR w.audiojus.com.br 32

CAPTULO 6 SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR

A Lei 8112 prev que a Unio manter Plano de Seguridade Social para o servidor e sua famlia. O servidor destinatrio destes benefcios aquele ocupante de cargo efetivo, pois o servidor que ocupante apenas de cargo em comisso no ter direito a eles, com exceo de assistncia sade. Os ocupantes exclusivamente de cargo em comisso passaram, no entanto com a EC n. 20/98 a fazer parte do regime geral de previdncia social.

O plano de seguridade social visa a dar cobertura aos riscos a que esto sujeitos o servidor e sua famlia, e compreende um conjunto de benefcios e aes que atendam s seguintes finalidades:

1) Garantir meios de subsistncia nos eventos de doena, invalidez, velhice, acidente em servio, inatividade, falecimento e recluso;

2) Proteo maternidade, adoo e paternidade; 3) Assistncia sade. Os benefcios do plano de seguridade social compreendem:

quanto ao servidor: - aposentadoria;

- auxlio-natalidade;

- salrio-famlia;

- licena para tratamento de sade;

- licena gestante, adotante e licena-paternidade;

- licena por acidente em servio;

- assistncia sade;

- garantia de condies individuais e ambientais de trabalho satisfatrias.

quanto ao dependente: - penso vitalcia e temporria;

- auxlio-funeral;

- auxlio-recluso;

- assistncia sade.

O recebimento indevido de benefcios havidos por fraude, dolo ou m-f, implicar devoluo ao errio do total auferido, sem prejuzo da ao penal cabvel.

A regra mais recente que trata dos proventos da aposentadoria encontra-se na Constituio Federal uma vez que o regime previdencirio dos servidores tem passado por reformas constitucionais recentes com as EC n. 20/98 e 41/2003. O art. 40 da Constituio estabelece que a aposentadoria poder ser:

CAPTULO 6 Lei 8.112/90 SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR Por invalidez permanente, caso em que se dar com proventos proporcionais ao tempo de servio, exceto se decorrente de acidente em servio, molstia profissional, doena grave, contagiosa ou incurvel, na forma da lei;

Compulsria, aos setenta anos de idade com proventos proporcionais ao tempo de servio;

Voluntria, que depende da conjugao de quatro requisitos para proventos integrais: 1) Tempo mnimo de dez anos de servio pblico; 2) Cinco anos de tempo de servio no cargo em que se dar a aposentadoria; 3) Idade mnima: 60 anos de idade, se homem, 5, se mulher - para proventos integrais; e 65 anos, se homem, e 60 se mulher para proventos proporcionais; 4) Tempo de contribuio: 35 anos, se homem e 30, se mulher.

queles que exercem funes de magistrio na educao infantil e no ensino fundamental e mdio, tero os requisitos de idade e de tempo de contribuio reduzidos em cinco anos.

A aposentadoria compulsria ser automtica, e declarada por ato, com vigncia a partir do dia imediato quele em que o servidor atingir a idade-mnima de permanncia no servio ativo. H uma presuno absoluta da incapacidade do servidor nesses casos.

A aposentadoria por invalidez ser precedida de licena para tratamento de sade, por perodo no excedente a 24 meses.

As regras do art. 189 e pargrafo nico, da lei em estudo, restaram prejudicadas com a ltima reforma da previdncia (EC n. 41/2003). O pargrafo oitavo do art. 40, da Constituio Federal, desvinculou o reajustamento dos benefcios sempre que se modificar a remunerao dos servidores em atividade, alm de no mais trazer a previso de que sero estendidos aos servidores inativos qualquer benefcio ou vantagem posteriormente concedida ao servidor em atividade.

Por morte do servidor, os dependentes fazem jus a uma penso mensal de valor correspondente ao da respectiva remunerao ou provento, a partir da data do bito. Contudo a EC n. 41/2003 modificou tal regra. Assim como os proventos da aposentadoria, a previso constitucional de que a penso no mais se equipare remunerao que o servidor tinha em atividade, ficando limitada ao teto de R$ 2.40,0, acrescido de 70% da parcela excedente a este limite. Este clculo foi previsto pela Constituio sobre a totalidade dos proventos daquele aposentado data do bito e sobre o valor da totalidade da remunerao do servidor em atividade na data do bito. A disposio da lei 8112 continua em pleno vigor para aqueles que tenham direito adquirido at a entrada da vigncia da EC n. 41/2003.

As penses distinguem-se, quanto natureza, em vitalcias e temporrias.

A penso vitalcia composta de cota ou cotas permanentes, que somente se extinguem ou revertem com a morte de seus beneficirios. A penso temporria

CAPTULO 6 Lei 8.112/90 SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR w.audiojus.com.br 34 composta de cota ou cotas que podem se extinguir ou reverter por motivo de morte, cessao de invalidez ou maioridade do beneficirio.

So beneficirios de penso vitalcia:

a) O cnjuge; b) A pessoa desquitada, separada judicialmente ou divorciada, com percepo de penso alimentcia; c) O companheiro ou companheira designado que comprove unio estvel como entidade familiar; d) A me e o pai que comprovem dependncia econmica do servidor; e) A pessoa designada, maior de 60 anos e a pessoa portadora de deficincia, que vivam sob a dependncia econmica do servidor;

So beneficirios de penso temporria:

a) Os filhos, ou enteados, at 21 anos de idade, ou, se invlidos, enquanto durar a invalidez; b) O menor sob guarda ou tutela at 21 anos de idade; c) O irmo rfo, at 21 anos, e o invlido, enquanto durar a invalidez, que comprovem dependncia econmica do servidor; d) A pessoa designada que viva na dependncia econmica do servidor, at 21 anos, ou, se invlida, enquanto durar a invalidez.

A penso ser concedida integralmente ao titular da penso vitalcia, exceto se existirem beneficirios da penso temporria. Ocorrendo habilitao de vrios titulares penso vitalcia, o seu valor ser distribudo em partes iguais entre os beneficirios habilitados. Ocorrendo habilitao s penses vitalcia e temporria, metade do valor caber ao titular ou titulares da penso vitalcia, sendo a outra metade rateada em partes iguais, entre os titulares da penso temporria. Ocorrendo habilitao somente penso temporria, o valor integral da penso ser rateado, em partes iguais, entre os que se habilitarem.

A penso poder ser requerida a qualquer tempo, prescrevendo to-somente as prestaes exigveis h mais de 5 anos.

No faz jus penso o beneficirio condenado pela prtica de crime doloso que tenha resultado a morte do servidor.

A lei 8112 prev ainda, ser possvel a concesso de penso provisria em virtude da morte presumida do servidor, a qual, se concedida, ser automaticamente cancelada caso o servidor reaparea.

Acarreta perda da qualidade de beneficirio: 1) O seu falecimento; 2) A anulao do casamento, quando a deciso ocorrer aps a concesso da penso ao cnjuge; 3) A cessao de invalidez, em se tratando de beneficirio invlido; 4) O implemento dos 21 anos de idade do filho, irmo rfo ou pessoa designada; 5) A acumulao irregular de penso; 6) A renncia expressa.

Diz a lei 8112 em seu art. 224 que As penses sero automaticamente atualizadas na mesma data e na mesma proporo dos reajustes dos vencimentos dos servidores, aplicando-se o disposto no pargrafo nico do art. 189. Pela redao

CAPTULO 6 Lei 8.112/90 SEGURIDADE SOCIAL DO SERVIDOR w.audiojus.com.br 35 do pargrafo nico do art.189 com interpretao aplicvel aos proventos, estes sero acrescidos de quaisquer benefcios ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores em atividade. Contudo a EC n. 41/03 modificou a redao do pargrafo oitavo, do art. 40 da Constituio Federal, que possua redao semelhante a do pargrafo nico do art. 189. A nova redao apenas assegura o reajustamento dos benefcios para preservar-lhes, em carter permanente, o valor real, conforme critrios estabelecidos em lei. Devem ser respeitados, no entanto, o direito adquirido dos servidores ativos, aposentados e pensionistas que j haviam, at a entrada da EC n. 41/2003, completados os requisitos anteriores para o recebimento dos benefcios.

Ressalvado o direito de opo, vedada a percepo cumulativa de mais de duas penses.