5
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI - UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS CEJURPS CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO CIVIL DOCENTE: LUCIANA DE CARVALHO PAULO COELHO PERÍODO: 3º A - MATUTINO FRAUDE CONTRA CREDORES ACADÊMICOS: CLÁUDIA LUZ WERNER FABIANE DALGISA SOARES FABRICIA ULLER ISADORA HONORATO DE BRITTO MÁRCIO RIBEIRO BORGES MARLEY SANTOS DE OLIVEIRA NICOLAS PARAVISI

Direito Civil - Fraude Contra Credores

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Trabalho acadêmico sobre o instituto jurídico da fraude contra credores. Consoante dispõe o Código Civil brasileiro, um dos defeitos do negócio juridico.

Citation preview

  • UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI - UNIVALI

    CENTRO DE CINCIAS JURDICAS E SOCIAIS CEJURPS

    CURSO DE DIREITO

    DISCIPLINA: DIREITO CIVIL

    DOCENTE: LUCIANA DE CARVALHO PAULO COELHO

    PERODO: 3 A - MATUTINO

    FRAUDE CONTRA CREDORES

    ACADMICOS:

    CLUDIA LUZ WERNER

    FABIANE DALGISA SOARES

    FABRICIA ULLER

    ISADORA HONORATO DE BRITTO

    MRCIO RIBEIRO BORGES

    MARLEY SANTOS DE OLIVEIRA

    NICOLAS PARAVISI

  • FRAUDE CONTRA CREDORES

    Instituto jurdico com previso legal nos artigos 158 a 165 do Cdigo

    Civil, a fraude contra credores classificada pela doutrina no como vcio de

    consentimento, a par do que ocorre com outros defeitos do negcio jurdico,

    mas como vcio social.

    Para Gonalves (2012, p. 451), A fraude contra credores no conduz a

    um descompasso entre o ntimo querer do agente e a sua declarao. A

    vontade manifestada corresponde exatamente ao seu desejo. Mas

    exteriorizada com a inteno de prejudicar terceiros, ou seja, os credores. Por

    essa razo considerada vcio social.

    Os conceitos trazidos pela doutrina pesquisada consistem em parfrase

    dos artigos 158 e 159 do CC. Vejamos o apresentado por Gagliano (2010, p.

    421): A fraude contra credores (...) consiste no ato de alienao ou onerao

    de bens, assim como de remisso de dvida, praticado pelo devedor insolvente,

    ou beira da insolvncia, com o propsito de prejudicar credor preexistente,

    em virtude da diminuio experimentada pelo seu patrimnio.

    Analisando o conceito e o texto dos artigos 158 e 159, verifica-se, que

    em um primeiro momento, so trs os tipos de aes que realizadas por um

    credor j insolvente ou que por elas se torne insolvente, podem caracterizar a

    fraude contra credores:

    a) Transmisso gratuita de bens;

    b) Remisso de dvida;

    c) Alienao onerosa de bens, quando for notria a insolvncia ou

    houver motivo para que o adquirente a conhea, ou seja, quando h

    m-fe por parte do terceiro envolvido.

    Importante ressaltar que a anulao dos negcios jurdicos maculados

    pela fraude contra credores pode ser de iniciativa de credores quirografrios1

    ou daqueles cuja garantia se tornou insuficiente em face do ato dilapidatrio

    que se pretende anular. Outro ponto a ser assinalado o disposto no 2 do

    art. 158, segundo o qual apenas quem era credor no momento do negcio

    jurdico pode pleitear sua anulao.

    1 Aqueles que no possuem garantia relativa sua dvida.

  • Na sequncia, vale ressaltar que dois so os elementos constitutivos da

    fraude contra credores, o eventus damni e o consilium fraudis.

    O primeiro deles, de natureza objetiva, consiste na necessidade que tem

    o credor de provar que aquele negcio jurdico lhe causou prejuzo, teve como

    resultado uma maior dificuldade ou impossibilidade de pagamento da dvida

    que possua.

    O segundo, de natureza subjetiva, tem maior impacto nos casos de

    alienao onerosa previstos no art. 159 do CC, uma vez que se presume a

    ocorrncia de conluio fraudulento nos atos gratuitos de alienao do patrimnio

    de devedor insolvente, pelo que no primeiro caso deve ser provada a m-fe

    que acomete o negcio tido como fraudulento.

    Podendo, conforme art. 161 do CC, ser intentada contra o devedor

    insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulao considerada

    fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de m-f, a ao a

    ser ajuizada em caso de fraude contra credores conhecida como ao

    pauliana ou revocatria.

    Assim sendo, passa-se agora a apreciar algumas situaes especficas

    que podem ocorrer no contexto de uma ao pauliana.

    Uma delas, prevista no art. 160, a proteo ao terceiro de boa-f,

    aquele que adquire o bem de devedor insolvente sem saber de tal situao ou,

    ainda que o saiba, resolve adotar as medidas cabveis para que o negcio no

    venha a ser anulado. Nesse sentido, o Cdigo Civil prev que o adquirente

    pode depositar em juzo a quantia que seria paga ao insolvente, caso o valor

    do bem no negcio efetuado seja condizente com os preos correntes no

    mercado, ou a quantia que corresponda ao preo real, caso o negcio tenha

    sido realizado por preo inferior ao usualmente praticado.

    Outra previso referente boa-f dos contraentes de negcio que possa

    ser tido como eivado de fraude contra credores aquela do art. 164, CC, em

    que se presume a boa-f e a validade dos negcios indispensveis

    manuteno do estabelecimento ou subsistncia do devedor e de sua famlia.

    Ainda que seja ntida a possibilidade de surgimento de contrversias derivadas

    da aplicao desse preceito, verifica-se que ele tem como objetivo, alm de

    proteger a subsistncia do devedor e de seu grupo familiar, evitar a paralisao

  • das atividades comerciais do insolvente, o que acarretaria prejuzos ainda

    maiores a ele e a seus credores.

    No que se refere aos casos de m-fe, vale citar ainda o art. 163, que

    busca evitar que o devedor d garantias a um credor em detrimento dos outros,

    pelo que tais garantias tm presuno de fraude em relao aos direitos dos

    demais credores do insolvente.

    Deste modo, verifica-se que h uma tentativa de se evitar um cada um

    por si na busca pela percepo do crdito devido. Nesse sentido, o art. 162

    prev o chamado concurso de credores, ou seja, a reunio de todos aqueles

    que tenham habilitado seus crditos no processo para que se possa alcanar

    um resultado equitativo para todos aqueles que litigam contra o devedor. Tal

    artigo disciplina a obrigao do credor quirografrio que recebe do insolvente

    pagamento de dvida no vencida de repor a quantia percebida em favor do

    acervo sobre o qual ir se realizar o concurso.

    Portanto, conforme determina o art. 165, decretada a anulao do

    negcio jurdico, as vantagens resultantes tambm revertem em proveito do

    acervo, salvo quando os negcios tinham como nico objeto direitos

    preferenciais (hipoteca, penhor ou anticrese), situao em que apenas tais

    preferncias so anuladas.

    Por fim, vale ressaltar a insistncia da doutrina na diferenciao ente o

    instituto aqui estudado e outro com o qual este usualmente confundido, qual

    seja o da fraude contra a execuo, estando previsto este ltimo no art. 593 do

    Cdigo de Processo Civil e consistindo na alienao de bens pelo devedor

    aps sua citao em processo capaz de reduzi-lo insolvncia ou que seja

    fundado em direito real.

    Assim sendo, importante especificar as caractersticas distintas de

    ambos, evitando potenciais situaes em que se busque aplicar um em lugar

    do outro e auxiliando na fixao do contedo apresentado no presente

    trabalho.

    Inicialmente, registre-se que a fraude execuo um instituto de

    direito processual, uma questo incidente num processo executivo

    preexistente, que apreciada pelo juzo daquele feito em deciso interlocutria,

    ao passo que a fraude contra credores instituto do direito material, tendo de

    ser arguida em ao prpria.

  • Outra diferena est no fato de que a fraude contra credores atenta

    apenas contra o interesse do credor privado, ao passo que no outro instituto h

    frustrao tambm atuao do Estado, no caso por meio do Poder Judicirio,

    que diante dos atos praticados pelo devedor fica impedido de realizar os atos

    necessrios para a devida prestao jurisdicional, sendo portanto considerada

    ato atentatrio dignidade da Justia (art. 600, I, CPC). Deste modo, na fraude

    contra execuo, a m-f do insolvente sempre presumida, cabendo a ele

    ilidir tal presuno em juzo.

    Ademais, a decretao de fraude contra execuo importa na

    ineficcia do negcio realizado, enquanto a de fraude contra credores tem

    como resultado a anulao da alienao fraudulenta.