16
Direito Civil I ProfªAline Ribeiro de Freitas Pessoa Jurídica 1 - Conceito A pessoa jurídica não é algo de físico e palpável, que pode ser tocado como é o homem, pessoa natural. É preciso que se explique por que e como o Direito reconhece personalidade com efeitos amplos a certas entidades, cuja "realidade" é, desse modo, admitida. Assim, a existência da pessoa jurídica e a natureza destas organizações que o Direito trata como "pessoas", são identificadas, igualmente pelo Código Civil. Pessoa Jurídica é o ente incorpóreo, que como as pessoas físicas, pode ser sujeito de direitos, adquirindo patrimônio autônomo e exercendo direitos em nome próprio. São entidades a que a lei empresta personalidade, isto é, são seres que atuam na vida jurídica, com personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem, capazes de serem sujeitos de direitos e obrigações na ordem civil. ( Silvio Rodrigues) São associações ou instituições para a realização de um fum e reconhecidas pela ordem como sujeitos de direitos. ( Washington de Barros) Pessoa Jurídica é a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa à concepção d certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e de obrigações.(Maria Helena Diniz) No Brasil, Alemanha, Espanha e Itália se usa a expressão “pessoa jurídica”, em Portugal, “pessoa coletiva”, na França “pessoa moral”. 1.2 Constituição da Pessoa Jurídica Consoante o art. 45 e 985 código civil, que estabelece regras a respeito do nascimento das pessoas jurídicas: 1

Direito Civil I - Pessoas Jurídica

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Direito Civil I - Pessoas Jurídica

Direito Civil IProfªAline Ribeiro de Freitas

Pessoa Jurídica

1 - Conceito

A pessoa jurídica não é algo de físico e palpável, que pode ser tocado como é o homem, pessoa natural. É preciso que se explique por que e como o Direito reconhece personalidade com efeitos amplos a certas entidades, cuja "realidade" é, desse modo, admitida.

Assim, a existência da pessoa jurídica e a natureza destas organizações que o Direito trata como "pessoas", são identificadas, igualmente pelo Código Civil.

Pessoa Jurídica é o ente incorpóreo, que como as pessoas físicas, pode ser sujeito de direitos, adquirindo patrimônio autônomo e exercendo direitos em nome próprio.

São entidades a que a lei empresta personalidade, isto é, são seres que atuam na vida jurídica, com personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem, capazes de serem sujeitos de direitos e obrigações na ordem civil. ( Silvio Rodrigues)

São associações ou instituições para a realização de um fum e reconhecidas pela ordem como sujeitos de direitos. ( Washington de Barros)

Pessoa Jurídica é a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa à concepção d certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e de obrigações.(Maria Helena Diniz)

No Brasil, Alemanha, Espanha e Itália se usa a expressão “pessoa jurídica”, em Portugal, “pessoa coletiva”, na França “pessoa moral”.

1.2 Constituição da Pessoa Jurídica

Consoante o art. 45 e 985 código civil, que estabelece regras a respeito do nascimento das

pessoas jurídicas: 

Art.45 começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato construtivo no respectivo registro, precedida quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato construtivo.Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo contado prazo da publicação e sua inscrição no registro. Art. 985. a sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (art-45 e 1150). 

           A lei diz que registra-se o ato constitutivo, ou seja, o contrato social ou o estatuto à junta comercial (registro público de empresa) ou ao cartório de pessoa jurídica. O CC denomina a sociedade que não foi registrada de sociedade despersonificada, de maneira que os sócios respondem pessoal e ilimitadamente pelas dívidas sociais (Art. 986 e ss).

1

Page 2: Direito Civil I - Pessoas Jurídica

Pessoa jurídica de direito publico: existência decorre da lei. A pessoa jurídica de direito publico tem seu inicio com fatos históricos, constituição, lei especial e tratados internacionais.

Já as pessoas jurídicas de direito privado são criadas por normas de natureza privada. Sua existência legal (personalidade), ou seja, sua criação e extinção, ocorre pela lei.

Entretanto, o que importa é termos em mente, que legalmente a pessoa juridica inicia-se com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro.

1.3 Requisitos para existência da Pessoa Jurídica

São as normas ou atos jurídicos que tornam as pessoas jurídicas existentes do ponto de vista legal, e permitem, que elas possam realizar todos os atos que não lhes sejam vedados pela lei. Assim, as pessoas jurídicas, em seu próprio nome, poderão abrir contas correntes, contrair empréstimos etc

vontade humana - “affectio” - se materializa no ATO DE CONSTITUIÇÃO que se denomina Estatuto (associações sem fins lucrativos), Contrato Social (sociedades civis ou mercantis) e Escritura Pública ou Testamento (fundações).

Observância das Condições Legais

- Registro - o ato constitutivo deve ser levado a Registro para que comece, então, a existência legal da pessoa jurídica de Direito Privado. Antes do Registro, não passará de mera “sociedade de fato”.

A pessoa jurídica passa a ter existência legal a partir do registro(art 45 CC). O registro tem natureza constitutiva

Art. 46. O registro declarará:I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.

O art 1150 estabelece as Juntas Comerciais( Lei 8934/94) deve promover o registro dos atos constitutivos do empresário e da sociedade empresaria: e do Registro Civil de Pessoas Jurídicas, o registro da sociedade simples.

- Autorização do Governo - algumas pessoas jurídicas precisam de AUTORIZAÇÃO DO GOVERNO para existir. Ex.: seguradoras, factoring, financeiras, bancos, administradoras de consórcio, etc.

Bancos para se constituírem legalmente necessitam além do registro em cartório de uma autorização específica do Banco Central, é algo excepcional, a regra é que a pessoa jurídica se constitui com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. Algumas exigem para a sua constituição e funcionamento, autorização ou aprovação especial do poder executivo. Segundo Caio Mário a falta dessa autorização gera a inexistência da pessoa jurídica.

Liciedade de seus objetivos - art 69 CC

2 - Natureza Jurídica

2

Page 3: Direito Civil I - Pessoas Jurídica

Varias teorias foram elaboradas no intuito de justifica e esclarecer a sua existência em razão de sua capacidade de direito:

Corrente negativista defendida por Planiol e Ihering: esta corrente negava existência à pessoa jurídica, ou seja, rejeitava a condição de sujeito de direito à pessoa jurídica. Chegavam ao ponto de dizer que elas eram condomínio ou que eram apenas um grupo de pessoas físicas reunidas.

Corrente afirmativista: afirma a existência da pessoa jurídica. Subdivide-se em três teorias:

a) Teoria da ficção: Savigny foi o grande defensor dessa teoria. Para esta teoria, a pessoa jurídica teria existência ideal ou abstrata, sem existência social, sendo uma criação da técnica jurídica. Por ser muito abstrata, não respondia a muitas questões, já que acreditava que todas elas eram meras criações do direito. segundo a qual tudo não passava de ficção criada pela lei. Não se pode aceitar esta concepção, que, por ser abstrata, não corresponde a realidade, pois se o Estado é pessoa jurídica e se se conclui que ele é ficção legal ou doutrinaria, o direito que dele também emana o será.

b) Teoria da Equiparação ( Winsheid e Brinz): a pessoa jurídica é um patrimônio equiparando-se no seu tratamento jurídico as pessoas naturais. Essa teoria é inaceitável, porque eleva os bens a categoria de sujeitos de direitos e obrigações, confundindo pessoas com coisas.

c) Teoria da realidade objetiva ou Orgânica ( Gierke e Zitelmann). Esta segunda teoria, de natureza organicista, sociológica, sustentava que a pessoa jurídica não teria mera existência ideal, sendo um grupo ou núcleo social, real, como os indivíduos. Defendida por Clóvis Beviláqua e Lacerda de Almeida. Entretanto essa concepção recai na ficção quando afirma que a pessoa jurídica tem vontade própria, porque o fenômeno volitivo é peculiar do ser humano, não ao ente coletivo.

d) Teoria da realidade técnica ou das Instituições ( Hauriou, adotada pelo Código Civil Brasileiro). Para esta teoria, a pessoa jurídica teria atuação social, na qualidade de sujeito de direito com existência real, muito embora a sua personalidade fosse criada pela técnica jurídica (conferida pelo direito). A personalidade jurídica é um atributo que a ordem jurídica estatal outorga a entes que o merecem. Essa teoria é a que melhor atende a essência da pessoa jurídica, por estabelecer, com propriedade que a pessoa jurídica é uma realidade jurídica.

3 - Classificação

3.1 Quanto à nacionalidade: nacionais ou estrangeiras

Tal classificação da-se tendo em vista sua articulação, subordinação à ordem jurídica que lhe conferiu personalidade, sem se ater, em regra, à nacionalidade dos membros que a compõem e a origem do controle financeiro( LICC, art 11, CF. arts 172§ 1º e 222, CC arts. 1126 a 1411)

3.2 Quanto à função ou órbita de sua atuação: Direito Público ou Direito Privado

Conforme o artigo 40 do Código Civil de 2002, as pessoas jurídicas (admitidas pelo Direito brasileiro) são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.

3.2.1Pessoas jurídicas de Direito Público

 a) EXTERNO ( CC, art 42)

3

Page 4: Direito Civil I - Pessoas Jurídica

Reguladas pelo direito internacional público. São os Estados nacionais( nações estrangeiras), união aduaneira( Mercosul, etc), Santa Sé e organismos internacionais (ONU, OEA, União Européia, Mercosul etc).

Eles se constituem e se extinguem geralmente mediante fatos históricos (guerras, revoluções, etc).

b) INTERNO

* O próprio poder público (administração direta) em suas manifestações (União, Estados, Municípios, Distrito Federal)Os órgãos descentralizados (administração indireta) criados por lei, com personalidade jurídica própria, para desempenhar funções especiais de serviço público.Autarquias e Fundações de direito público.

O art. 41 do Código Civil de 2002 estabelece: 

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:I - a União;II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;III - os Municípios;IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005)V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.

a) União, que designa a nação brasileira. O Estado é a pessoa jurídica de direito publico por excelência; é a nação politicamente organizada. Nos Estados de organização federativa, desdobra-se a pessoa jurídica, como entre nós, em estado federados e municípios.

b) Estados Federados: se regem pela Constituição e pelas Leis que adotarem. Cada estado federado possui autonomia administrativa, competência e autoridade na seara legislativa, executiva e judiciária, decidindo sobre negócios locais.

A personalidade jurídica do Estado federado surge da Carta magna, que enumera suas atribuições, reconhecendo seus direitos e prerrogativas.

c) O Distrito Federal: é a capital da União. É um município equiparado ao Estado Federado por ser a sede da União, tendo administração, autoridades próprias e lei atinentes aos serviços locais. . É regido por sua Lei Orgânica própria (art. 32, CF).

d) Territórios:

e) Municípios : assim como as demais Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno, são entidades político-administrativas, tem autonomia (política, administrativa e financeira), sendo também como entidades estatais, componentes da estrutura federativa.

f) Autarquia é “uma pessoa jurídica de direito publico, integrante da administração indireta, criada por lei para desempenhar funções que, despida de caráter econômico, sejam próprias e típicas do Estado” ( Jose dos Santos Carvalho Filho, 2003, p.27)

Exemplos de autarquias: INSS, IBAMA, INCRA.

**Grandes partes dos doutrinadores entendem que aqui se enquadram as agencias reguladoras

4

Page 5: Direito Civil I - Pessoas Jurídica

Apenas para ilustrar, a Universidade de São Paulo é uma autarquia. É um serviço público do Estado, mas organizado como se fosse um ente particular, com a descentralização e a autonomia indispensáveis a uma entidade dessa natureza.

A USP não tem suas despesas discriminadas no orçamento geral do Estado, porquanto recebe uma dotação maciça única, que é, depois, aplicada por seus órgãos de administração, estando previstas em lei, assim como nos demais casos, a sua forma de controle e fiscalização, é exercida pelo Tribunal de Contas do Estado.

g) Associações Publicas - Lei 11.107/06 “ dispõe sobre as normas gerais de contratação de consórcios publicos e da outras providencias”, prevê que o consorcio publico será criado contratualmente pela união dos entes da federação sob a forma de pessoa jurídica de direito privado ou pela associação publica.** Há questionamento acerca da inclusão das fundações publicas neste item pela própria natureza jurídica das fundações que alguns entedem ser de direito privado e outros de direito publico.

h)as demais entidades de caráter público criadas por lei: Fundações Públicas (ex: Fundação Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência) que surgem quando a lei individualiza

3.2.3 Pessoas jurídicas de Direito Privado

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:I - as associações;II - as sociedades;III - as fundações.IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.

O rol do art 44 não é taxativo, conforme determina o Enunciado 144 do CJF

São as associações, as sociedades, as fundações particulares, as entidades paraestatais (sociedades de economia mista), empresas privadas e empresas públicas, os partidos políticos e as ONGs (organizações da sociedade civil de interesse público).

a)Sociedades:

b) Partidos Políticos: pessoa jurídica de direito privado caracterizada pela união de pessoas com a finalidade específica de exercer a atividade política. Não tem fins lucrativos

Os partidos Políticos são estudado pelo Direito eleitoral, estando regulados por lei própria ( Lei 9096/95)

5

Page 6: Direito Civil I - Pessoas Jurídica

Devem ter seus atos registrados no Registro Civil de Pessoas Jurídicas(art 114, Lei 9096/95), devendo todavia registrar-se junto ao TSE para que possa exercer direitos eleitorais.

c) Organizações religiosas (Art 44, § 1ºCC)

Essa pessoa jurídica não esta disciplinada do Código Civil de 2002, e de acordo com o art 2031, parágrafo unico fica dispensadas de a ele se adequar

Prevalece em relação as associações religiosa o que for previsto nos seus atos contitutivos, não podendo criar disposições incompatíveis com o sistema jurídico, notadamente a Carta Magna.

O Enunciado 142 do CJF afirma que”

O Enunciado 143 do CJF diz que>

d) Associações

LEI N o   9.790, DE 23 DE MARÇO DE 1999. Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências.

e) Fundações de direito privado: as fundações resultam da afetação de um patrimônio, por testamento ou escritura pública, que faz o seu instituidor, especificando o fim para o qual se destina.

OBS1: PESSOA JURÍDICA “SUI GENERIS”:• Sindicatos: PJ de direito privado; registrados no CRPJ e Ministério do Trabalho;Art. 8º - CF (é livre a associação profissional ou sindical).• Cooperativas: são regidas pela Lei nº 5.764; Tem natureza jurídica própria, fiscalizadas pelas Delegacias Regionais do Trabalho e Ministério Público do Trabalho; Registradas na Junta Comercial.

OBS 2: PESSOA JURÍDICA DE COOPERAÇÃO GOVERNAMENTAL:

• AS DE SERVIÇOS SOCIAIS: elas são de direito privado, criadas por lei, registradas no CRPJ, seus recursos normalmente são repassados pelo INSS e fiscalizadas pelo TCU.

- SESI (Serviço Social da Indústria)- SESC (Serviço Social do Comércio)- SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial)- SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial)- SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)- SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural)- SEST (Serviço Social de Transporte)- SENAT (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte)

3.3 Quanto a estrutura Interna

Quanto à estrutura interna: corporação (conjunto ou reunião de pessoas, tem como finalidade os seus sócios, tem finalidade interna) ou fundação (reunião de bens, têm objetivos externos, estabelecidos pelo seu fundador; p. ex.: Fundação Ayrton Senna).

3.3.1 Corporação (universitas personarum: conjunto ou reunião de pessoas)

Visam à realização de FINS INTERNOS, estabelecidos pelos sócios.

6

Page 7: Direito Civil I - Pessoas Jurídica

Os objetivos são voltados para o bem de seus membros. Existe Patrimônio, mas ele é elemento secundário, apenas um meio para a realização de um fim.

Constituem um acervo de bens, que recebe personalidade para a realização de fins determinados

Compõem-se de dois elementos: oPatrimônio

Fim (estabelecido pelo instituidor e não lucrativo)

Dividem-se em: a)Associações: não tem fins lucrativos, mas sim religiosos, esportivos, morais, culturais, recreativos (clubes). Ex.:

Times de futebol (ainda, porque a Lei Pelé ordenou que eles virassem empresas), ACM (Associação Cristã de Moços),

Apae.

b) Sociedades: podem ser civis ou comerciais. Elas visam lucro. As sociedades comerciais fabricam ou vendem bens

(produtos). As sociedades civis são prestadoras de serviço e geralmente são constituídas por profissionais da mesma área ou

profissão.

Constituem-se as associações a união de pessoas que se organizem para fim não econômico, não havendo entre associados direito e obrigações recíprocas, conforme art. 53.

Já as sociedades, como dispõe o art. 981, são constituídas por pessoas que tenham em vista realizar fins econômicos, obrigando-se a contribuir com bens ou serviços para alcançar os resultados a serem partilhados entre si.

Uma das inovações na nova Lei Civil de 2002 consta na disciplina autônoma da vida societária, destinando-lhe uma de suas partes especiais, à qual foi dada o nome de Direito de Empresa. Essa denominação se justifica porque nela se trata mais amplamente da "sociedade empresária" que pode ser comercial, industrial ou de prestação de serviços, sendo organizadas segundo um dos tipos previstos no Código.

Em regra é o conteúdo, ou tipo de atividade que dá qualificação jurídica a uma entidade e, não, a sua forma. Assim, por exemplo, se uma associação se organizar sob forma de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, que é tipicamente empresarial, será civil se visar, por exemplo, à satisfação de finalidades recreativas ou culturais. As associações caracterizam-se, de modo geral, pelo exercício de atividades de natureza cultural, comum a todos os membros da convivência, ou de atividades que exigem qualificação especifica nas quais o elemento pessoal é dominante. Na realidade, porém, varia, de País para País, e no decurso do tempo, dentro de um mesmo ordenamento, os critérios adotados pelo legislador para considerar civil este ou aquele tipo de entidade. Às vezes, é a tradição que matem no quadro das pessoas jurídicas civis entes que a rigor já reúnem todos os característicos de estrutura empresária.

Corporações ( universitas personarum ) - Conjunto ou reunião de pessoas.

Visam à realização de FINS INTERNOS, estabelecidos pelos sócios.

Os objetivos são voltados para o bem de seus membros.

Existe Patrimônio, mas ele é elemento secundário, apenas um meio para a realização de um fim.

7

Page 8: Direito Civil I - Pessoas Jurídica

Constituem um acervo de bens, que recebe personalidade para a realização de fins determinados

Compõem-se de dois elementos: o Patrimônioo Fim (estabelecido pelo instituidor e não lucrativo)

3.3.2 Fundação (universitas bonorum: reunião de bens)

O art. 62 estabelece: 

"Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destinam, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência."

          A fundação: recebe personalidade para a realização de FINS PRÉ-DETERMINADOS; têm objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor; o Patrimônio é o elemento essencial; Não visam lucro. São sempre civis.

Sua formação passa por 4 fases:

a) Dotação ou instituição - é a reserva de bens livres, com a indicação dos fins a que se destinam. Faz-se por escritura pública ou testamento.

b) Elaboração dos Estatutos – Pode ser direta ou própria (feita pelo próprio instituidor) ou fiduciária (feita por pessoa de sua inteira confiança, por ele designado). Caso não haja a elaboração do Estatuto, o Ministério Público poderá tomar a iniciativa de fazê-lo.

c) Aprovação dos Estatutos - São encaminhados ao Ministério Público, para aprovação. O objetivo deve ser LÍCITO e os bens suficientes.

d) Registro - Feito no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Só com ele começa a existência legal da Fundação.

Fundações de direito privado: as fundações resultam da afetação de um patrimônio, por testamento ou escritura pública, que faz o seu instituidor, especificando o fim para o qual se destina. É um patrimônio personificado (Art. 62). A fundação se personifica com o registro do seu ato constitutivo (estatuto). Por ato particular não é possível. Ela não pode gerar lucro para os seus administradores, ela persegue um ideal como as associações. Só pode ser constituída para fins morais, culturais, religiosos ou de assistência. A elaboração do estatuto pode ser feita diretamente pelo instituidor ou por um terceiro (elaboração fiduciária) ou supletivamente pelo MP (Art. 65). Quem aprova o estatuto da fundação é o MP, que além dessa função, tem o encargo de fiscalizar todas as fundações. O § 1º do Art. 66 deve ser visto com ressalva, uma vez que a fiscalização no DF deve ser feita pelo MPDFT. O Código Civil fala que quem fiscaliza é o MPF (parágrafo inconstitucional - existe uma ADI proposta pela CONAMP no sentido de declarar a inconstitucionalidade para fazer retornar a competência para o MPDFT, inclusive já com parecer favorável à procedência da ADI 2794). Cuidado com o Art. 67: cuida da alteração do estatuto. Às vezes a alteração não é unânime (2/3 de quorum), a minoria vencida pode impugnar a alteração do estatuto na forma do Art. 68 (10 dias – prazo decadencial). Requisitos para a criação: Dotação patrimonial (afetação de bens livres) escritura pública ou testamento (somente) estatuto aprovação do estatuto (pelo MP) registro civil do estatuto no cartório de pessoa jurídica. A fundação pública instituída pela União, estado ou município, na forma da lei, rege-se por preceitos próprios de direito administrativo.

As fundações podem atender a todas as modalidades de assistência, desde as destinadas à saúde até o desenvolvimento de fins científicos ou práticos. Como se vê, é extenso o campo de atuação das

8

Page 9: Direito Civil I - Pessoas Jurídica

fundações, que se caracterizam pela subordinação expressa de certo patrimônio à consecução de determinado fim.

A fundação é um dos tipos mais aperfeiçoados da técnica jurídica. Não se trata aqui de uma congregação de pessoas, mas de uma universalidade de bens, que se situa e se individualiza tão-somente em virtude dos fins a que está a serviço.

As fundações podem ser consideradas também sob o prisma genérico que discrimina o Direito em público e privado. Há fundações de Direito Público, assim como há fundações de Direito Privado, apesar da resistência que, às vezes, ate por motivos menos nobres, vem sendo oposta a esse entendimento.

Completando este assunto, importante que tenhamos noção de como surge uma sociedade, ou melhor, uma pessoa jurídica. Enquanto que a pessoa natural começa com o nascimento com a vida, dependendo, portanto, de mero fato natural, já as associações e sociedades dependem, para a sua existência plena no mundo do Direito, exigem certas formalidades que se chamam formalidades de registro.

As pessoas jurídicas, como entidades histórico-culturais que são, desde o seu nascimento,  até a sua extinção, vivem no Direito e em função dos fins que este protege.

É a razão pela qual, se a técnica jurídica as considera "entes jurídicos" distintos das pessoas naturais que as compõem, a doutrina mais recente vai abrindo exceções a esse princípio, a fim de que os sócios de má fé não aufiram proveitos ilícitos à sombra da personalidade social.

Vai prevalecendo cada vez mais o entendimento de que a personalidade, conferida às sociedades, não pode ser convertida em cobertura para enriquecimento ilícito, desviando as pessoas jurídicas de seus objetivos sociais. Reprimindo os "desvios da personalidade", evitar-se-á que os maliciosos dela usem em benefício próprio, fazendo crescer seu patrimônio pessoal. Nesse sentido tanto o Código do Consumidor como o Código Civil de 2002 já cominam sanções aos sócios infratores.

Características das Fundações Seus bens são inalienáveis e impenhoráveis, exceto c/ autorização judicial; Os Estatutos são sua Lei básica; Os administradores devem prestar conta ao Ministério Público; Não existe proprietário, nem titular, nem sócios;

Extinção das Fundações No caso de se tornarem nocivas (objetivo ilícito); caso se torne impossível sua manutenção; se vencer o prazo de sua existência; Uma vez extinta uma fundação, o destino do seu patrimônio será o previsto nos

estatutos. Caso os estatutos forem omissos, destinar-se-ão a outras fundações de fins semelhantes

SOCIEDADE

Representação da pessoa jurídica

Art. 47

Enunciado 145 do CJF conclui que o at 47 do CC “ não afasta a aplicação da teoria da aparência”.

9

Page 10: Direito Civil I - Pessoas Jurídica

Personalidade legal

A personalidade legal de uma pessoa jurídica, incluindo seus direitos, deveres, obrigações e ações, é separada de qualquer uma das outras pessoas físicas ou jurídicas que a compõem. Assim, a responsabilidade legal de uma pessoa jurídica não é necessariamente a responsabilidade legal de qualquer um de seus componentes. Por exemplo, um contrato assinado em nome de uma pessoa jurídica só afeta direitos e deveres da pessoa jurídica; não afeta os direitos e deveres pessoais das pessoas físicas que executaram o contrato em nome da entidade legal.

Extinção da Pessoa Jurídica:

De diferentes formas se extinguem as pessoas jurídicas de direito público e privado. As primeiras

terminam da mesma maneira como foram criadas, "Logo, extinguem-se pela ocorrência de fatos

históricos, por norma constitucional, lei especial ou tratados internacionais." (DINIZ, 1997, p.162)

          Quantos às pessoas jurídicas de direito privado:

— Convencional: seus sócio decidem assim, se reúnem e decidem por fim à empresa.

— Natural: morte de um dos sócios que impossibilita a continuação da empresa.

— Judicial: quando já se configurou um dos casos de extinção legal ou contratual, e os sócios

continuam com as atividades, obrigando um deles a ingressar em juízo contra isso.

— Administrativa: decorre da cassação da licença para as que exigem autorização do poder executivo

(bancos e seguradoras, por exemplo).

— Legal: ocorre qualquer dos casos previstos no art. 1399, do Código Civil: I - pelo implemento da

condição, a que foi subordinada a sua durabilidade, ou pelo vencimento do prazo estabelecido no

contrato; II - pela extinção do capital social, ou seu desfalque em quantidade tamanha que a

impossibilite de continuar; III - pela consecução do fim social, ou pela verificação de sua

inexeqüibilidade; IV - pela falência, incapacidade, ou morte de um dos sócios;.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURIDICA

há casos especiais em que a personalidade jurídica pode ser desconsiderada, possibilitando o juiz, em determinado processo judicial, a atingir o patrimônio dos sócios ou responsáveis pela pessoa jurídica: é a desconsideração da personalidade jurídica ("disregard of legal entity").

1.3 Surgimento da pessoa jurídica

A personificação da pessoa jurídica opera-se no momento do seu registro civil (art 45CC e art 985 CC)1.

1 . O art. 45 chega a ser até pedagógico no sentido de que dá uma noção, mais do que uma determinação ou preceito. Reza esse artigo:"Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, procedida, quando necessário, de

10

Page 11: Direito Civil I - Pessoas Jurídica

Bancos para se constituírem legalmente necessitam além do registro em cartório de uma autorização específica do Banco Central, é algo excepcional, a regra é que a pessoa jurídica se constitui com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. Algumas exigem para a sua constituição e funcionamento, autorização ou aprovação especial do poder executivo. Segundo Caio Mário a falta dessa autorização gera a inexistência da pessoa jurídica.

A lei diz que registra-se o ato constitutivo, ou seja, o contrato social ou o estatuto à junta comercial (registro público de empresa) ou ao cartório de pessoa jurídica. O CC denomina a sociedade que não foi registrada de sociedade despersonificada, de maneira que os sócios respondem pessoal e ilimitadamente pelas dívidas sociais (Art. 986 e ss).

Pessoa jurídica de direito publico: existência decorre da lei. A pessoa jurídica de direito publico tem seu inicio com fatos históricos, cenação constitucional, lei especial e tratados internacionais.

Já as pessoas jurídicas de direito privado são criadas por normas de natureza privada. Sua existência legal (personalidade), ou seja, sua criação e extinção, ocorre pela lei.

Domicilio da Pessoa Jurídica

Art 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:I - da União, o Distrito Federal;II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e

administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será

considerado domicílio para os atos nele praticados.§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da

pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.

autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo". 

11