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Direito Educacional - A educação no século XXI

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  • Prefacio de DARCY RIBEIRO

    EDUCACIONAL E EDUCAO NO SCULO XXI

  • C D - R O M

    DIREITO EDUCACIONAL DA CRECHE POS-GRADUAO ELIAS D E OLIVEIRA M O T T A

    Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    e Legislao Conexa e Complementar:

    Texto e Comentarios

    Conceitos de Direito Educacional e de Educao

    Aspectos Histricos da Legislao Educacional

    Principios Bsicos Constitucionais e Legis

    Organizao e Funcionamiento da Educao Nacional

    Educao Bsica (Educao Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Medio) Educao de Jovens e Adultos

    Educao Profissional

    Educao Especial

    Educao Superior

    Educao a Distancia

    Profissionais da Educao

    Recursos para a Educao

    Educao e Integrao Continental no Sculo XXI

    Outros Temas

    O C D - R O M Direito Educacional: da Creche Ps-graduacao, do m e s m o autor deste livra, u m a apresentao didtica de urna sistematizao cientfica do Direito Educacional brasileiro, que poder ser til a todos os profissionais que atuam as reas da educao e do direito. Foi planejado para ser u m instrumento de educao a distancia, que facilita a pesquisa e a aprendizagem, por permitir u m a interatividade agradvel e harmnica, graas utilizao dos recursos da multimdia e da mais avanada tecnologa educacional. O s interessados podero adquiri-lo pelos telefones da C D - G R A F (061) 3401800 e 3496375, pelo fax (061)2730146, ou pelo crrelo eletrnico (email): [email protected]; D D G do telemarketing 0800611800; Internet: www.cd-graf.com.br

  • FICHA CATALOGRFICA

    Dados Internacionais de Catalogaco na Publicao (CIP)

    C D U 379.81 M O T T A , Elias de Oliveira, 1943 -Direito Educacional e educao no scalo XXI : c o m comentarios nova Lei

    de Diretrizes e Bases da Educao Nacional / Elias de Oliveira Motta; pre-facio de Darcy Ribeiro. - Brasilia: U N E S C O , 1997. 784 p.

    Bibliografa: p. 539 a 549 / 739 a 756 ISBN 1. Direito : Direito Educacional. 2. Direito educao 3. Educao -

    sculo XXI4. Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional. I. Brasil [Lei Darcy Ribeiro (1996)). II. Ttulo. III. Ttulo: Comentarios

    nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    C D D 37(81) (094)

    Copyright 1997 by Elias de Oliveira Motta

    Este livra est registrado sob o n 124.873, no Livro 194, folha 33, do Escritorio de Direitos Autorais da Fundao Biblioteca Nacional. Todos os direitos esto reservados desde o dia 18 de fevereiro de 1997. N e n h u m a parte deste livro poder ser reproduzida, sejam quais forem os meios ou processos empregados, sem a permisso, por escrito, d o autor. vedada tam-b m a incluso d o todo ou de qualquer parte desta obra e m qualquer sistema de processamento de dados. O s infratores estaro sujeitos as penalidades previstas as Leis n 5.988, de 14 de dezembro de 1973, en 6.895, de 17dedezembrodel980. Aviolaodos direitos autorais punvel c o m o crime pelo Cdigo Penal (recluso de u m a quatro anos), podendo haver, t ambm, multa, busca e apreenso e indenizaes diversas.

  • SNTESE DO CURRICULUM VITAE DO AUTOR

    Elias de Oliveira Motta, natural de Franca - SR Consultor Legislativo do Senado Federal,

    Bacharel e m Direito, c o m trinta anos de exerccio da advocada; Licenciado e m Historia pela

    UNESP, c o m varias pesquisas e trabalhos publicados.

    educador, c o m cursos de especializao e m Planejamento Educacional e Doutorado e m Sociologa da Educaco pela Universidade de Paris - Sorbonne; com larga experiencia tanto

    na rea pblica quanto na iniciativa privada.

    Foi Professor de Historia da Educaco, Sociologa da Educaco, Teora da Historia do Brasil,

    Evoluo do Pensamento Filosfico, Introduo Historia, tica Profissional, Sociologa da Administrao e Processo Decisorio, na Universidade Federal do Cear, da Universidade

    Catlica de Brasilia, da Associaco de Ensino Unificado do Distrito Federal - A E U D F e da

    Unio Pioneira de Integraco Social - UPIS.

    Foi t ambm Diretor do Curso de Pedagoga da Universidade Catlica de Brasilia; Coordena-

    dor Pedaggico do Colegio Marista de Brasilia; Diretor e proprietrio do Colegio Tcnico de

    Comercio Padre Champagnat, de Fortaleza; Assessor Tcnico do M E C , Secretario Municipal

    de Educaco e Cultura de Maranguape - C E ; Secretario de Estado para Representao de

    Mato Grosso do Sul no Distrito Federal, Assessor da Assemblia Nacional Constituinte, Coor-

    denador do Doutorado e m Gesto Governamental e Poltica de Integraco da Amrica Latina

    e do Caribe da Universidade Latino-Americana e do Caribe.

    Foi ainda Diretor da revista Poltica, da Fundaco Milton Campos , Presidente da Associaco

    Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento-DF e Coordenador do Centro Nacional de D e -

    senvolvimento Organizacional.

    consultor na rea de Desenvolv ment de Recursos H u m a n o s e-consultor jurdico na rea educacional e de Processo Legislativo; Coordenador de diversos cursos de ps-graduaco e

    conferencista.

  • TRABALHOS PUBLICADOS PELO AUTOR

    A Educao a Distancia na Nova LDB, in A Nova LDB; Urna Lei de Esperana. Brasilia: Universa, Universidade Catlica de Brasilia, 1998. p. 99 a 132.

    LDB: Quadro Comparativo entre o Substitutivo do Senado, o Projeto da Cmara e a Legislao Wgenfe.Braslia: in Carta, n 16, 1996. p.105 a 346.

    Educao: o Desafio do Ano 2000 (organizador e revisor). Brasilia: Senado Federal, 1992.

    A Constituio em Testes. Brasilia: Tecnofiscum, 1989. 268 p.

    Direitos e Garantas Individuais e o Estado Democrtico. Brasilia: Senado Federal, 1988. 54 p.

    Catlogo Biogrfico dos Senadores Brasileiros: de 1826 a 7986.(pesquisador e revisor). Brasilia: Senado Federal, 1986. 4 v.

    Subsidios para a Elaborao de um Programa de Governo para o Distrito Federal. Brasilia: Comit JK, 1985 .74 p.

    Sociologa da Administrao: Textos Bsicos. Brasilia: IDR/GDF, 1982. 106 p.

    As Eleies de 1978 em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Brasilia: F M C , 1979. 43 p.

    Metodologa para o Ensino Superior. Brasilia: ESAP/ECT,1978. 331 p.

    Estudos de Casos sobre Etnocentrismo e tica Profissional. Brasilia: C E N D E O R , 1976. 6p.

    Pr-Teste. Brasilia: Universidade Catlica de Brasilia, 1975. 25 p.

    Educao e Desenvolvimento. Fortaleza: EMATER, 1972. 15 p.

    Jos Honorio Rodrigues; Vida e Historia. Fortaleza: Inst. de Antropologa, 1971. 22 p.

    Le Brsil: de la Dcouverte Jusqu' la Moiti duXIXe. Sicle. Paris: IRFED, 1969. 32 p.

    Neo-Historia, Historiografa e Verdade. Crato: Itaitera, 1968. p. 207 a 215.

  • SUMARIO

    Oferecimento 15

    Agradecimentos 17

    Apresentao do Autor 21

    Prefacio do Senador Darcy Ribeiro 27

    Apresentao do Livro pelo Representante da Unesco no Brasil, Jorge Werthein 37

    01 . Introduo: importancia, oportunidade, objetivos e estrutura deste livro 39

    02.Conceitos Bsicos 45

    2.1. O Direito: Seu Conceito e sua Metodologa 45

    2.2. Direito Educacional: Conceituao, Fontes, Evoluo, Comprovao de sua

    Existencia e Metodologa 51

    2.3. Lei: Conceito, Criterios e Importancia de urna Correta Interpretao 71

    2.4. Educao: Seu Conceito e a Importancia da Legislao d o Ensino 75

    2.5. Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional: Significado de Diretrizes e

    Bases e Estrutura da Lei Darcy Ribeiro 91

    2.6. Legislao Conexa, Normas Complementares e Jurisprudencia: Conceituao

    eExemplos 97

    03. Aspectos Histricos da Legislao Educacional Brasileira 99

    3.1. Comentarios Iniciis-. Importancia do Conhecimento da Historia e da

    Educao para a evoluo 99

    3.2. Sntese Histrica da Legislao Educacional Brasileira e Contexto n o qual

    foi Elaborada a L D B 103

  • 04 . Disposies Constitucionais Vigentes Sobre Educao 153

    4.1. Comentarios Iniciis: mtodos de interpretaoes 153

    4.2. Comentarios aos Principios e Normas Constitucionais 155

    4.2.1 O Contedo Poltico Norteador da Educao Nacional 155

    4.2.2. A Educao c o m o u m Direito Social 156

    4.2.3 Competencia para Legislar sobre Educao 158

    4.2.4. Competencia C o m u m 158

    4.2.5. Competencia Concorrente para legislar 159

    4.2.6. Interveno nos Estados e Municipios 160

    4.2.7. Competencia dos Municipios 161

    4.2.8. Vedao de Instituio de Impostes para as Instituioes Educacionais

    s e m Fins Lucrativos 162

    4.2.9. A Pesquisa e o Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico 163

    4.2.10. Produo e Programao Educativas as Emissoras de Radio e

    Televiso 164

    4.2.11. A Educao, Finalidades e Conceituao c o m o Direito de Todos e

    Dever d o Estado e da Familia 165

    4.2.12. Principios Bsicos 171

    4.2.13. Autonoma das Universidades 176

    4.2.14. Dever do Estado com a Educao 180

    4.2.15. Atuao da Livre Iniciativa na Educao 186

    4.2.16. Currculos e Contedos Mnimos 191

    4.2.17. Organizao dos Sistemas de Ensino 194

    4.2.18. Aplicaes mnimas e m educao 197

    4.2.19. Recursos Pblicos 200

    4.2.20. Plano Nacional de Educao 201

    4.2.21. Fundo de Manuteno e Desenvolvimento d o Ensino Fundamental

    e de Valorizao do Magisterio 204

  • 5. L D B : Texto e comentarios 211

    5.1. Ttulo I : D a Educao 211

    5.2. Ttulo II: D o s Principise Fins da Educao 217

    5.3. Ttulo III: D o Direito Educao e d o Deverde Educar 223

    5.4. Ttulo IV: D a Organizao da Educao Nacional 239

    5.5. Ttulo V: D o s Nveis e das Modalidades de Educao e Ensino 287

    5.5.1. Captulo I: D a Composio dos Nveis Escolares 287

    5.5.1.1. Educao Bsica: u m todo articulado objetivando a maturidade intelectual, profissional e pessoal 287

    5.5.1.2. Prioridade para a Educao Bsica 287

    5.5.1.3. O Nivel Superior da Educao Escolar 288

    5.5.2. Captulo II: D a Educao Bsica 290

    5.5.2.1. Seo I: Das Disposies Grais 290

    5.5.2.2. Seo II: D a Educao Infantil 301

    5.5.2.3. Seo III: D o Ensino Fundamental 317

    5.5.2.4. Seo IV: D o Ensino Medio 335

    5.5.2.5. Seo V: D a Educao de Jovens e Adultos 342

    5.5.3. Captulo III: D a Educao Profissional 348

    5.5.4. Captulo IV: Da Educao Superior 358

    5.5.5. Captulo V: Da Educao Especial 400

    5.6. Ttulo VI: Dos Profissionais da Educao 417

    5.7. Ttulo Vil: D o s Recursos Para a Educao 433

    5.8. Ttulo VIII: Das Disposies Gerais 451

    5.8.1. Educao Indgena 451

    5.8.2. Educao a Distancia 457

    5.8.3. Novas Experiencias de Educao 479

    5.8.4. Estgios 483

    5.8.5. Ensino Militar 485

    5.8.6. Assuntos Gerais 486

  • 5.9. Ttulo IX: Das Disposies Transitorias 489

    5.9.1. Dcada da Educao 489

    5.9.2. Prazos para a Adaptao L D B 493

    5.9.3. Controversias 495

    5.9.4 Vigencia da L D B e Revogao da Iegislao anterior 496

    06. Comentarios Finis: Educao e Integrao Continental no SculoXXI 499

    6.1. Educao e Integrao Continental 499

    6.2. Importancia da Educao no Terceiro Milenio 527

    6.3. Comentarios Finis 537

    07. Bibliografa 539

    08.Legislao Conexa e C o m p l e m e n t a r vigente at a poca d a publicao

    destelivro 551

    8.1. Observaoes 551

    8.2. Leis Conexas 552

    09. Anexo II: Normas para a Educao Especial no Sistema de Ensino de Santa

    Catarina 735

    10. A n e x o III: Bibliografa Especfica para a Educao Especial 739

    11. ndice 757

  • FAZEMOS NOSSAS ESTAS PALAVRAS, COMO UMA HOMENAGEM AO PRECURSOR DO DIREITO

    EDUCACIONAL BRASILEIRO

    DR. RENATO ALBERTO TEODORO DI DIO:

    " O direito-dever da educaco no de carter facultativo mas de natureza imperativa. De um lado, o indivi-duo pode exigir que o Estado o eduque. De outro, o Estado pode exigir que o individuo seja educado. Assm como o direito educaco corolario do direito vida, da mesma forma a educao irrenuncivel tanto quanto o a vida. crime tentar suicidarse. Deixar de educarse um suicidio moral. E isso porque, sem desenvolver suas potencialidades, o ser humano impede a ecloso de sua vida em toda a plenitude. Sem

    aprimorar suas virtualidades espirituais, o individuo sufoca em si o que tem de mais elevado, matando o que tem de humano para subsistir apenas como animal. Continua como ser vivo, conservando o gnero, mas

    perece como hrnern, eliminando a diferena especfica."

    (DI D I O , R e n a t o Alberto T e o d o r o -Contribuiao sistematizaao do Direito Educacional.

    T a u b a t : I m p r e n s a Universitria/Universidade d e T a u b a t . 1 9 8 2 . p . 9 1 . )

    -13-

  • OFERECIMENTO

    Ofereo este livra

    a todos os profissionais de educao do Brasil, especialmente Irma So Francisco de Assis,

    porque aprend, quando ainda criana, aos nove anos de idade, c o m ela, que era minha tia, freir e professora, e que muito influenciou minha vida, que toda profisso sempre u m a misso, pois, qualquer que seja, pode e deve ser exercida tanto e m funo de u m a realizao pessoal, quanto e m beneficio de outras pessoas ou da sociedade c o m o u m todo.

    Hoje, compreendo melhor o que ela quera dizer quando m e transmitiu, por palavras e pelo seu exemplo, esses ensinamentos. Entendo que o exerccio de u m a profisso (nao importa qual seja, desde que desenvolvida c o m conscincia do que se , se faz e se pretende c o m ele) que d verdadeiro sentido nossa existencia, evitando que a vida se resuma a u m vazio inexplicvel, angustiante e destruidor.

    Graas a essa tia, exemplo extraordinario de educadora, comecei a respeitar e a admirar a todos os que fizeram de suas vidas u m a dedicao formao e ao desenvolvimento de seus semelhantes, tanto c o m o pessoas humanas, quanto c o m o profissionais.

    Ela, alm de conhecer b e m o seu oficio, assume a tarefa de lecionar para centenas de enan-cas, todos os anos, c o m o u m dever para c o m o seu prximo, e o faz c o m alegra, amor, carinho e maestra.

    Dedico-lhe, pois, este livro, certo de que este tributo u m a justa homenagem a todos os profissionais de educao deste Pas que, apesar dos mseros salarios e da desvalorizao da profisso, ainda conseguem executar, c o m prazer, a sua honrosa, digna e permanente mis-sao.

    Ofereo-o, t a m b m ,

    a Voce, prezado leitor ou cara leitora,

    esperando que, de alguma forma, ele possa ser-lhe til.

    Brasilia - DF, fevereiro de 1997.

    Elias de Oliveira Motta

    - 15

  • AGRADECIMENTOS ESPECIIS

    A o escrever u m livro sobre educaco, nao poderia deixar de agradecer aos maiores educa-dores de minha vida, Elias Motta, m e u pai, e A n a de Oliveira Motta, minha m e , pois a formaao de bero que eles m e deram foi mais importante para mim do que qualquer ensinamento adquirido nos bancos escolares.

    C o m eles aprend valores e principios que cultivo at hoje e que levaram-me a ter urna m e n -talidade positiva e construtiva e m qualquer situao e a assumir urna atitude de viver de b e m c o m a vida e e m harmona com as outras pessoas, sempre amando tudo o que tenho e que fao, e procurando ser melhor a cada da, o que m e faz, permanentemente, feliz. Obligado, meus queridos e inesquecveis pais.

    A o m e s m o tempo, agradeo a todos os m e u s ex-prof essores, na pessoa de u m deles, m e u mestre de Direito Constitucional, Professor Alfredo Palermo, ex-Deputado Federal e ex-Diretor da Faculdade de Direito de Franca (SP), b e m como do Instituto de Historia da UNESP, pois ele representa bem a extraordinaria gerao de bons professores que tive. Ele e os Professores Valeriano G o m e s do Nascimento (Introduao Ciencia do Direito) e Nassin Salomo (Prtica Jurdica), com seus comentarios sobre Moral, Justia e Direito, e suas crti-cas legislao brasileira e Constituio de 1946, levaram-me deciso de m e dedicar, na rea do Direito, nao s aplicaco das leis c o m o Advogado, mas a interpret-las para sugerir modificaoes e participar na elaborao legislativa. Graas a esta influencia e minha deci-so e determinao, dei a minha contribuio para a elaborao e a aprovao de varias novas leis e para a alterao de outras e da propria Constituio Federal, seja como Assessor da Assemblia Nacional Constituinte ( 1987/88), seja c o m o Consultor Legislativo do Senado Federal; inclusive para a elaborao do Substitutivo Darcy Ribeiro, que se transformou na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educaco Nacional.

    Aos m e u s queridos filhos Marx A m a r o Motta, Naiana A m a r o Motta e Elias de Oli-veira Motta Jnior. Por mais que nos possamos, por estudos e pela prtica as escolas, entender de educaco, quando nos deparamos corn a realidade da educaco de nossos prprios filhos, muitas vezes acertamos, mas, as vezes, tambm erramos. Contudo, urna coisa certa: sempre aprendemos. Corn meus amados filhos, aprend muito e anda tenho muito a aprender.

    - 17-

  • minha querida esposa, Denise Avelar Amndola. C o m o minha melhor amiga, e co-mungando com meus pensamentos, ela compreendeu e aceitou meu sonho de escrever este livro, o quai exigiu a dedicao de muitas horas de nossas vidas. C o m o Diretora de Escola, bacharel e m Direito, e Professora licenciada e m Pedagoga e e m Portugus/Francs, ela cola-borou c o m sugestes e fez u m meticuloso trabalho de pesquisa e m meus primeiros curricu-los e e m recortes antigos de ornais de Franca para, com sua sensibilidade, selecionar os dados que incluiu na 'Apresentaao do Autor".

    Aps mais do que amigos Jacqueline Amndola Presotto, Dicides Presotto Neto e Marcelo Presotto, filhos de Denise, c o m os quais, aprend que o amor paternal pode ir bem alm dos prprios filhos e pode dar como retomo u m amor filial profundamente enriquecedor.

    A o s amigos que colaboraram para a feitura desta obra.

    Amigos sabem elogiar, criticar, lembrar, sugerir, comentar, refletir conosco, alertar, comple-mentar, colaborar e muito mais, tudo na hora certa e sem m e d o da verdade; e confirmam que a fraternidade universal foi, e continua sendo u m dos maiores valores cultivados pelos seres humanos.

    A edio desta obra contou com a ajuda valiosa de diversos amigos, mas, os que sao no-meados a seguir deram contribuico especial:

    A d o Ari Copetti Martins resolveu varios problemas que tive com o computador;

    Alude Soares Jnior incentivou nosso trabalho, sugeriu mudanas no captulo da Educa-co Especial que enriqueceram o seu contedo e apresentou-nos outros importantes subsi-dios;

    Berenice de Sousa Otero fez a reviso do captulo sobre educao a distancia, com a competencia c o m que faz as revises de muitos trabalhos do Ncleo Social da Consultoria Legislativa do Senado Federal, e suas observaoes nos foram de grande valor;

    Cndido Alberto Costa G o m e s , meu colega da Consultoria Legislativa do Senado e grande educador deste Pas, m e s m o sem condioes de 1er a obra toda, fez crticas constitutivas aos primeiros captulos e ofereceu sugestes que melhoraram a qualidade deles,-

    -18-

  • Celio C u n h a e Dulce Borges, ambos da U N E S C O , empenharam-se para que tivssemos o apoio daquela instituio e para que este livro fosse coeditado;

    Edilenice Passos, c o m o bibliotecria, que aprend a admirar na Biblioteca do Senado Fede-

    ral, fez a reviso da bibliografa geral que apresentamos no final deste livro;

    Ester Correia d a Costa Garcia, Secretaria da U L A C , que t ambm nos deu sua colabora-

    co;

    Ferucci Bilich, Decano de Pesquisa da U L A C , fez comentarios teis reviso final;

    Honorio Tomelin, Diretor Executivo da U N A , abriu-me as portas dessa importante organi-

    zao educacional mineira, a qual assumiu a responsabilidade financeira pela primeira edi-

    co deste livro;

    Jos Otvio Tomelin e Mario Tomelin ofereceram-me importantes dados - o primeiro, sobre a rede privada de ensino superior; o segundo, sobre a educao superior na Amrica

    Latina;

    Maria de Jesus, colega da Consultoria Legislativa, cuja reviso de varios captulos pemnitiu-nos u m aperfeioamento da redao;

    Yugo Okida, m e m b r o do Conselho Nacional de Educao, foi o responsvel pela pesquisa e seleo de toda a legislaco complementar vigente, que apresentamos no final deste livro,

    e contribuiu c o m sugestes sobre o ensino superior.

    A todos esses amigos, colaboradores e educadores, apresento meus sinceros agradecimen-

    tos.

    Brasilia - DF, fevereiro de 1996.

    Elias de Oliveira Motta

    - 1 9 -

  • APRESENTACO DO AUTOR

    Falar sobre o Elias no tarefa fcil nem m e s m o para mim, que o conheo desde os tempos de estudante e que, c o m o sua companheira, vivo c o m ele urna vida onde reina urna palavra mgica: amor.

    Descrev-lo e m poucas palavras difcil, devido sua viso abrangente da realidade e da historia e sua capacidade de transcender o momento , levando sua mente a trazer para o presente as perspectivas de dcadas futuras.

    assim o Elias: criativo, novador, capaz de realizar sonhos e m que acredita.

    U m aspecto seu que vem permanecendo c o m o urna constante de sua vida e do quai m e record b e m que ele, desde a nossa poca de estudantes, na U N E S R sempre teve u m profundo senso de justia, que o ajuda a analisar os fatos c o m imparcialidade e a abracar grandes ideis c o m paixo.

    Esses e outros aspectos to positivos de sua personalidade, somados sua extraordinaria formao intelectual, que procurarei resumir a seguir, deram-nos esta novadora obra, urna contribuio para que os educadores e pessoas que se dedicam rea educacional e jurdica tenham urna viso mais abrangente da Educao e do Direito Educacional.

    Apesar de no ter cursado Pedagoga, nem no ensino mdio, n e m no universitario, fatos ocorridos e m sua vida estudantil e profissional guiaram-no a urna profunda vivencia e a u m a autodidaxia e m Educao. Essa realidade acabou levando-o a u m a verdadeira paixo pela rea e a dedicar a ela todos os seus cursos de pos-graduao.

    Sua dedicao Educao foi-se aprofundando a cada novo engajamento, c o m o estudante ou c o m o profissional. C o m efeito, no final da dcada de 1950, sendo Presidente do Gremio Estudantil Castro Alves, no Instituto Francano de Ensino, e da Academia Literaria Paulo Setbal, do Colegio Champagnat de Franca - SR e, depois, c o m o Presidente da Unio dos Estudantes Secundarios de Franca - UESF, viu-se obligado a estudar a legislao relacionada c o m o ensino no Brasil, para melhor defender os intresses dos estudantes da regio onde ele nasceu e se formou e para poder participar dos debates e m torno do projeto de lei que, pouco tempo depois, transformou-se na Lei n 4.024, de 20 de dezembro de 1961, mais conhecida c o m o Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional ou, simplesmente, L D B .

    C o m o universitario, na primeira metade da dcada de 60, estudou mais detalhadamente a L D B e algumas normas complementares do Poder Executivo, para b e m representar os alunos da Faculdade de Filosofa, Ciencias e Letras de Franca (UNESP) na Congregao daquela

    -21 -

  • instituio e para poder fundamentar a defesa de uma reforma universitaria (urna das majo-res pregaes da Unio Nacional de Estudantes e da Unio Estadual de Estudantes, entida-des que ele representava na regio de Ribeiro Preto - SP).

    E m 1963 e 1964, como u m dos dirigentes voluntarios do Movimento de Cultura Popular de Franca - SR foi escolhido c o m o Coordenador do Curso de Alfabetizaco de Adultos pelo Mtodo Paulo FREIR, o que o tornou, naquela poca, u m especialista no assunto e o levou, a convite do Movimento de Educaco de Base - M E B , a proferir varias palestras, pelo Nor-deste d o Brasil, e m 1995, sobre "Possibilidades de Adaptaco do Sistema Paulo Freir pelo M E B " . Por esse fato, ficou ele conhecido, naquela Regio, c o m o algum que entenda de Educaco e, ao se formar, recebeu varios convites para trabalhar por l, o que o fez alterar bastante sua vida e se dedicar, efetivamente, Educaco. C o m efeito, e m 1967, assumiu o cargo de Secretario de Educaco e Cultura do Municipio de Maranguape, no Estado do Cea-r, e o de responsvel pela criao e coordenao do setor de Historia da Universidade Federal do Cear, e m Fortaleza, onde ministrou alguns cursos e proferiu, e m 1968, diversas palestras sobre Filosofa da Educaco, Historia da Educaco e Educaco e Desenvolvimento.

    N o final de 1968, com u m a bolsa do Centro Internacional de Estgios da Franca, fez, por sugesto do expert da U N E S C O Jean DUVIGNOT, u m estgio sobre Planejamento Educacio-nal e Mudana Social no IRFED (Instituto do Padre Lebret, e m Paris) e u m curso de especia-lizaco na m e s m a rea, tendo, dentre seus professores, Le Than KOI, Eron A L E N C A R , Marcos G U E R R A , Francisco Witaker FERREIRA, H . MARCHISIO, L. T H O R E , A . C O M B A Z e J. M E R L O .

    E m 1968, 1969 e 1970, na Universidade de Paris, na Sorbonne, alm do curso de doutorado e m Sociologa da Educaco, teve oportunidade de participar de alguns debates sobre "Edu-caco e Poder - Metodologa das Ciencias Sociais e da Sociologa da Cultura", nos semina-rios do Professor Pierre B O U R D I E U e sobre "Problemas e Mtodos da Historia - U m a Reviso da Historia da Amrica Latina", nos seminarios do Professor R. R O M A N O , b e m c o m o de apresentar u m a "Sntese da Historia da Legislaco Educacional Brasileira" e m u m dos semi-narios sobre " U m a Colocao e m Perspectiva Histrica da Sociologa e da Psicologa Social", do Professor Fernand B R A U D E L , o que o obrigou a fazer u m a atualizaco de seus estudos da Historia do Brasil e da legislaco educacional brasileira, inclusive da Lei n 5.540, de 1968, e de varios decretos, decretos-lei e pareceres do Conselho Federal de Educaco. Este traba-Iho, atualizado, transformou-se, posteriormente, e m u m curso de "Principios de Direito Apli-cados Educaco", ministrado por ele para tcnicos e assessores do M E C , e m Brasilia.

    A o retornar ao Brasil, c o m o professor do Curso de Pedagoga da Universidade Federal do Cear e colega de trabalho do Prof. Valnir C H A G A S , membro do grupo de trabalho (GT) insti-tuido pelo Governo Federal para elaborar o anteprojeto que, posteriormente, se transformou na Lei de Diretrizes e Bases para o Ensino de Io e 2 o Graus (Lei n 5.692, de 11 de agosto de 1971 ), teve Elias o privilegio de ser u m dos primeiros a conhecer o relatrio daquele GT, o que lhe deu a oportunidade de estudar e entender bem nao s a nova Iei, mas tambm o seu espirito.

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  • Esse conhecimento e dominio dos dispositivos da LDB e a leitura de pareceres do Conselho Federal de Educaco permitiram-lhe atender o convite da Secretaria de Educao do Estado do Rio Grande do Norte, e m 1972, para treinar os supervisores e demais tcnicos e m educao e dirigentes daquela secretaria para a implantao da reforma do ensino naquele Estado.

    Ainda e m Fortaleza, e m 1971, por insistencia de alguns amigos, associou-se a eles e adquiriu o Colegio Tcnico de Comercio Padre Champagnat, criado pelos Irmos Maristas. C o m o diretor desse Colegio, que tinha cursos desde o pr-primrio at o pr-universitrio, e que recebeu c o m menos de 350 alunos, teve a experiencia gratificante de transform-lo radical-mente. Selecionou alguns dos melhores professores do Cear e, aps u m ano apenas, o nmero de matrculas j passava de 2.200, o que o obrigou a abrir urna filial. E o Colegio ganhou, e m 1972, a honrosa classificao de " O Melhor Colegio do Cear", dado pela TV Tupi - Canal 2 de Fortaleza, e m concurso com a participao das maiores e melhores escolas daquele Estado.

    N o segundo semestre de 1972, foi nomeado pelo Ministro Jarbas PASSARINHO para integrar o quadro de assessores tcnicos do M E C , o que enriqueceu sobremaneira sua experiencia na rea educacional.

    E m 1973, foi convidado por dirigentes da Unio Brasiliense de Educao e Cultura - U B E C , para ser u m dos fundadores da Universidade Catlica de Brasia, tendo sido responsvel, e m 1974, pela organizao do curriculo e do corpo docente do Curso de Pedagoga, que coorde-nou por dois anos, e onde lecionou Sociologa e Sociologa da Educao. T a m b m e m 1974, assumindo a Coordenao Pedaggica do Colegio Marista de Brasilia, u m dos mais impor-tantes estabelecimentos de ensino da Capital da Repblica, ajudou na sua reestruturao, at a implantao do 2 o grau.

    E m 1976, foi u m dos idealizadores, e coordenador executivo por alguns anos, do Centro Nacional de Desenvolvimento Organizacional da Faculdade de Ciencias Econmicas e So-ciais da Unio Pioneira de Integrao Social - UPIS, tendo organizado mais de urna centena de cursos de pos-graduao (aperfeioamento e especializao), e treinamentos para o de-senvolvimento de recursos humanos de rgos pblicos e empresas de varias partes do Brasil, m a s especialmente de Brasilia. Apaixonou-se, ento, de tal forma pela rea de treina-mento que ajudou a organizar a Associao Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento -A B T D , tendo sido Presidente da entidade na Capital Federal.

    A o m e s m o tempo, de 1974 a 1979, alm de lecionar Historia da Educao para alunos do Curso de Pedagoga da Associao de Ensino Unificado do Distrito Federal - AEUDF, desen-volveu algumas pesquisas sobre necessidades de treinamento (inclusive u m levantamento nacional das necessidades de treinamento do pessoal civil do Ministerio do Exrcito) e u m trabalho de assessoramento tcnico-legislativo para deputados federis, incluindo a elabo-rao de pronunciamentos, projetos, pareceres e emendas, grande parte dos quais se referia a assuntos da rea educacional.

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  • A partir de 1979, iniciou u m trabalho no Senado Federal, preparando minutas de pronuncia-mentos e, principalmente, sugestes de proposies para alteraoes na Iegislao brasileira, muitas delas para a rea de educao.

    E m 1982, por concurso pblico de provas e ttulos, ingressou no quadro de Pessoal do Sena-do Federal e passou a dedicar-se, c o m o assessor legislativo, a trabalhos sobre educao e sobre o Distrito Federal - DF, tendo sido, tambm, assessor da Presidencia daquela Casa do Congresso Nacional, no perodo e m que foi Presidente o Senador Jos FRAGELLI.

    C o m a criao da Cmara Legislativa do DF e a extino da Comisso do Distrito Federal do Senado, voltou-se, exclusivamente, para o estudo de materias relacionadas corn a educa-o.

    E m 1993, aprovado o Projeto de Lei n 1.258, de 1988, da Cmara do Deputados, fixando as diretrizes e bases da educao nacional, foi ele encaminhado para o Senado Federal, onde recebeu o n 101/93 e centenas de emendas. C o m o Consultor Legislativo do Senado, Elias participou da elaborao das minutas de muitas dessas emendas, b e m c o m o de outras para aperfeioamento de outro projeto de lei apresentado, antes, pelo Senador Darcy RIBEIRO (PL n 67, de 1962).

    Assessorando a Comisso de Educao e Desporto do Senado e seu Presidente, Elias teve a oportunidade de sugerir estrategias polticas para apreciaco da materia pela Comisso e tambm pelo Plenrio daquela Casa do Congresso Nacional, bem c o m o a de assistir a todas as audiencias pblicas e reunies as quais o projeto de LDB e as emendas e requerimentos sobre ele apresentados fora m apreciados e votados.

    Alm disso, teve a feliz chance de, com os demais consultores legislativos da rea de Educa-o do Senado, assessorar o Senador Darcy Ribeiro na elaborao de seus pareceres sobre o PL n 101, de 1993, para as Comisses de Educao e Desporto e de Constituio, Justia e Cidadania, ambos aprovados.

    Finalmente, participou tambm do assessoramento ao Senador Darcy RIBEIRO as etapas finis de elaborao, discusso e votao do seu Projeto Substitutivo, que veio a ser aprova-do pelo Plenrio do Senado Federal e devolvido Cmara dos Deputados.

    Tendo preparado u m quadro comparativo entre a Iegislao vigente e os projetos da Cmara e do Senado, publicado pela revista Carta, teve a satisfaao de v-lo utilizado por deputados e pela Secretaria-Geral da Mesa da Cmara, quando da votao da materia e m Plenrio. C o m urna edico de 5.500 exemplares, esse trabalho serviu de base para as discusses do I Con-gresso Nacional de Educao, realizado e m Belo Horizonte de 31 de julho a 3 de agosto de 1996.

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  • Por solicitaao das lideranas do PFL e do PPB, teve tambm a oportunidade de oferecer sugestes para o relatrio elaborado pelo Deputado Jos Jorge e para apresentao de re-querimentos de destaque na votao final, no Plenrio da Cmara, quando foi aprovado, definitivamente, corn poucas alteraes, o projeto do Senador Darcy RIBEIRO.

    C o m essa experiencia, que o colocou a par das posioes e intences dos legisladores que aprovaram a Lei n 9.394, de 1996, credenciou-se ele para escrever este livro e mostrar u m pouco do espirito da lei, objetivando facilitar a sua interpretao e a sua aplicao.

    Tenho certeza de que este manual ser muito til para a implantao da disciplina Direito Educacional nos curriculos tanto dos cursos de Direito quanto dos de Pedagoga, e ser urna contribuio efetiva para o desenvolvimento educacional brasileiro.

    Brasilia, 5 de fevereiro de 1997.

    Denise Avelar Amndola

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  • PREFACIO

    SENADOR DARCY RIBEIRO

    A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional - LDB, aprovada aps oito anos de debates profundos no Congresso Nacional e de ampia participaao de todos os segmentos que atuam na rea educacional, u m documento enxuto que reflete b e m a realidade educa-cional brasileira. , tambm, u m instrumento fundamental de mudana de nossa sociedade, pois, pela sua abertura para o novo, permitir, na prtica, com urna correta interpretao de seu texto e urna rpida adaptao de nossos sistemas educacionais, que a nao enfrente o ritmo acelerado das mudanas que viro e m todos os setores e que influenciarlo a vida de todas as pessoas, quer elas queiram, quer nao.

    Nos prximos dois anos, escolas pblicas e particulares de todos os nveis, b e m c o m o os diversos rgos dos sistemas de ensino devero adaptar-se as exigencias da nova LDB.

    Lidando c o m temas e problemas da educao brasileira desde a dcada de 50, lutando ao lado de Ansio Teixeira e m defesa de urna escola pblica gratuita e de qualidade, e tendo sido Ministro de Estado da Educao, e m 1961, e fundador de algumas universidades, sinto-me e m condices para afirmar que a L D B que o Congresso Nacional acaba de aprovar urna boa lei.

    Tive a honra e a satisfao de trabalhar na sua elaborao, c o m o Relator, e m sua etapa final de discusso no Senado Federal. Ela l chegou c o m 298 dispositivos que faziam do projeto urna camisa de fora para as escolas e u m tratado geral de "desejabilidades", que consagrava o pssimo sistema educacional que veio da Velha Repblica e que n e m a ditadura militar nem os Governos mais recentes conseguiram modificar.

    A o assumira Relatoria, consegu o apoio da maioria dos Senadores para aperfeico-lo e, para tal, contei c o m a colaborao da Consultoria Legislativa do Senado Federal, da qual partici-pa o autor deste livro, o Professor Elias de Oliveira Motta. Pude, ento, colocar e m discusso u m projeto enxuto, com apenas 91 artigos, objetivando liberar os sistemas de ensino e as escolas para implantarem estruturas educacionais e currculos mais atualizados e democr-ticos.

    Assim, a Lei que foi aprovada valoriza realmente os profissionais da educao que trabalham diariamente as escolas, pois devolve a eles, b e m c o m o aos estudantes, aos Estados e aos Municipios, o direito de conceberem e definirem a educao deste Pas, ou seja, a capacida-de de participar, efetivamente, do planejamento e da execuo do que os estudantes deve-ro aprender e, lgicamente, do que deve ser ensinado.

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  • A o participar de todo o processo legislativo que resultou na nova L D B , o Prof. Elias perce-beu, por u m lado, que o trabalho de interpretao e aplicao desta Lei poderia ser facilitado se as pessoas que convivem c o m os problemas educacionais tivessem e m m o s u m livro gerado por urna anlise prtica, e ao m e s m o tempo reflexiva, de cada u m dos assuntos que nela sao abordados. Foi, pois, c o m este objetivo, que ele escreveu este livro.

    Graas sua slida formao acadmica e sua rica experiencia as reas educacional, jurdica e legislativa, tendo sido, inclusive, Assessor Tcnico do M E C e Assessor da Assem-blia Nacional Constituinte, o Professor Elias, c o m o Consultor Legislativo do Senado Fede-ral, deu tambm sua contribuio para a elaborao do nosso Projeto Substitutivo, o quai acabou sendo aprovado c o m o a nova L D B . Conhece ele, portante, o espirito da L D B , quali-dade fundamental para q u e m quer fazer urna correta interpretao da Lei.

    Este livro de Direito Educacional tern o objetivo de colocar as mos de advogados, pedagogos, autoridades, diretores de escolas, professores, estudantes e pessoas interessa-das e m conhecer melhor a legislao do ensino brasileiro ou que tenham que aplic-la no dia a dia, urna obra comentada sobre nossa Lei de Diretrizes e Bases da Educao, c o m anlises abrangendo aspectos histricos, filosficos, pedaggicos e jurdicos.

    urna obra que, aps a apresentaco dos dispositivos constitucionais sobre educao e dos captulos do novo texto legal, faz a anlise de cada u m deles e m sua totalidade e abrangncia, procurando complementar informaes, esclarecer aspectos mais complicados ou obscuros e, as vezes, at exemplificar, ou reportar a outras leis conexas, para que os comentarios, primeiro, pudessem ser realmente teis e facilitassem ao leitor a interpretao do contedo legal; segundo, oferecessem explicaes para urna reflexo mais profunda e ajudassem, na prtica, para a resoluo e superao de problemas educacionais.

    Trata-se, portante, nao s de urna divulgao comentada do texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, para atender aos interesses de quem deseja ou precisa consul-tar seus dispositivos, mas , tambm, de u m instrumento, conscientemente preparado, para aumentar a capacitao tcnica e intelectual das pessoas que necessitam conhecer, inter-pretar e aplicar, corretamente, a L D B , ou que querem estudar os principios do Direito Educa-cional brasileiro.

    Comea deixando claro os conceitos de Educao, de Direito, de Direito Educacional, de Lei, de Lei de Diretrizes e Bases e outros, para, logo e m seguida, nos oferecer urna sntese da Historia da Legislao Educacional Brasileira e da propria L D B vigente. A seguir, acrescenta as disposices constitucionais vigentes sobre educao, tecendo comentarios sobre cada urna dlas, para, depois, analisar todos os captulos da LDB, oferecendo importantes dados estatsticos sobre a realidade educacional brasileira e interpretando cada dispositivo, c o m os mais diversos temas que sao tratados na Lei, como: educao bsica, educao infantil,

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  • ensino fundamental, ensino medio, educao de jovens e adultos, educao profissional, educao especial, educao superior, educao a distancia, ensino militar, novas experien-cias de educao, dcada da educao e outras. Alm dessa anlise abrangente, o autor aborda aspectos fundamentis para a integrao da Amrica Latina e do Caribe na rea educacional e desenha perspectivas para a educao do terceiro milenio.

    , portanto, u m importante livro que temos o prazer de recomendar para todos os profis-sionais da educao deste Pas.

    Brasilia, fevereiro de 1996.

    D A R C Y RIBEIRO

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  • D a esquerda para a direita-. Marcelo Ottoni de Castro, Elias de Oliveira Motta, Cndido Alberto Gomes, Consultores Legislativos do Senado Federal,

    com o Senador Darcy Ribeiro e sea Assessor, Celso Ramos de Medeiros, logo aps a aprovao da L D B , no Plenrio do Senado

  • Senador Darcy Ribeiro, no dia da aprovao de seu projeto de L D B , na Comisso de Educao do Senado Federal, ladeado, esquerda, por Cndido Alberto Gomes e Celso Ramos de

    Medeiros-, direita, por 7fiereza Martha de S Teixeira, Elias de Oliveira Motta e o Senador ]os Roberto Anuda

  • Senador Darcy Ribeiro, no caf, ao lado do Plenrio do Senado, reunido com os lderes dos diversos partidos, para as negociares finis e acertos para a votao dos destaques,

    aps o que foi aprovado seu Projeto de L D B , no Senado Federal. Sentados, da esquerda para a direita:

    Senador Valmir Campelo, Senadora Ermlia Femandes, Senador Darcy Ribeiro, Senador Romeu Turna, Senador ]os Roberto Arruda, Senador Eduardo Suplicy e

    Senador \ader Barbalho, com representantes do M E C e Assessores.

  • APRESENTAAO DO LIVRO JORGE WERTHEIN

    Para o processo de interao generalizado que hoje vivemos, a sntese interpretativa da realidade e da legislao educacional brasileira apresentada no livro "Direito Educacional e Educao no Sculo XXI" - nas suas diferentes facetas filosficas, ticas, de economa poltica e de sociologa - tem urna atualidade que merece ser assinalada. C o m efeito, no momen to e m que a Le de Diretrizes e Bases da Educao e os Parmetros Curriculares N a -cionais sao publicados e esto sendo implementados, este livro acrescenta u m carter his-trico a esses referenciais, bsicos e m qualquer processo de avaliao, comparativa ou nao.

    A o considerar o Direito instruo e educao dentro de suas perspectivas histricas e no mbito mais grai dos Direitos Humanos , o processo globalizado de interao e de integrao do momento atual torna-se mais justo e equilibrado.

    C o m o processo irreversvel, a integrao impe desafios variados e novadores educao que ultrapassam naturalmente o mbito de leis nacionais. A recomposio da historia edu-cacional particular do Brasil e o resgate do presente c o m o urna viso do m u n d o a ser tida e m considerao indicam que, para alm do "aprender a aprender", do "aprender a fazer" e do "aprender a viver e m c o m u m " , a Educao para o Sculo XXI deve certamente reforar o "aprender a ser", dentro de urna realidade e m permanente mudana.

    C o m o observatorio mundial da educao, a U N E S C O publicou e m 1996 a obra "Educao-. um tesouro a descobrir"1, sistematizando os principis eixos da educao no momento atual e traando as principis orientaes para a educao do sculo XXI. U m dos aspectos mais salientes nessa obra a afirmao cada vez mais forte de que, primeiro, a educao para todos; segundo, o individuo deve exigir que o eduquem; terceiro, a sociedade deve exigir que o individuo seja educado.

    Ora, essas constataes chaves constituem a coluna vertebral deste manual que, ao m e s m o tempo que nos torna mais inteligentes e mais cultos, nos incita a outras e mais aprofundados questionamentos. assim u m texto de referencia bsico. Ningum poder, a partir de agora, escrever sobre educao e particularmente sobre educao brasileira, sem se referir a este livro e aos mltiplos esclarecimentos que traz; ningum poder doravante estudar a ao

    1 Texto preparado pela Comisso Internacional da U N E S C O de Educao para o Sculo XXI, presidida por ]acaues Delors.

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  • educativa sem mostrar c o m o ela atravessa as historias - econmica, religiosa, social e polti-ca de qualquer nao - e constantemente atravessada por elas. A educao, agente de reproduo, tambm agente de emancipaco.

    A o lanar-se numa obra de tal magnitude, o Professor Elias de Oliveira Motta soube mostrar que o pesquisador que nao poupou esforos - muitas vezes fastidiosos - de coletar dados e manusear arquivos, para nos trazer esta soma de informaes inditas, que fazem deste manual u m texto indispensvel.

    Brasilia, novembro de 1997. Jorge Werthein

    Representante da Unesco no Brasil Coordenador da Cooperao U N E S C O / M E R C O S U L

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  • 1. INTRODUCO: IMPORTANCIA, OPORTUNIDADE, OBJETIVOS E ESTRUTURA DO LIVRO

    l.l.INTRODUO

    Graas a urna formao de bero enrgica e privilegiada, aprend, muito cedo na vida, que, por mais simples e humilde que seja o ser humano, ele pode, agindo c o m dignidade, c o m disciplina e c o m respeito a si m e s m o e aos outros, ser urna pessoa melhor a cada da e, no mnimo pelo seu exemplo, contribuir para melhorar este m u n d o e as pessoas que nele vivem.

    Posteriormente, compreendi que, quando se tem conscincia de que se pode fazer algo para facilitar a vida dos outros e edificar o hrnern, tem-se tambm o dever de agir neste sentido2. Por isso e por ter, ao longo de minha vida, adquirido experiencia e alguns conhecimentos jurdicos, pedaggicos, sociolgicos e filosficos sobre educao, senti-me na obrigao de transmiti-los a quem pudesse intressa r-se pela materia.

    Da o porqu de m e u empenho e m escrever esta obra. Espero que ela seja til a estudantes e profissionais das reas de educao e de direito.

    1.2. IMPORTANCIA E OPORTUNIDADE

    Consciente da importancia de se estabelecer, c o m urgencia, novos paradigmas e termos de referencia da rea educacional para u m m u n d o e m mudana e e m processo de integrao, b e m c o m o para a formulaco de u m direito e de urna tica para todos, consubstanciados as recomendaes, experiencias e publicaes da O N U , especialmente da U N E S C O , e aplic-veis aos diversos sistemas scio-economico-culturais, de forma a possibilitar a correta inter-pretao de principios e conceitos universais sobre educao e a facilitar a sua adequada aplicao realidade latino-americana, procurei oferecer urna contribuio para as mudan-as que se fazem necessrias na rea educacional, escrevendo este livro (Direito Educacio-nal e Educao no Secuto XXI) e produzindo u m C D - R o m (Direito Educacional: da Creche Ps-graduaco), que fossem b e m alm de simples comentarios sobre dispositivos legis.

    C o m a vigencia da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, a educao pode, de-ve e vai mudar no Brasil; e este livro torna-se oportuno na medida e m que pretende ser urna colaborao para tal mudana, por servir c o m o instrumento de preparao e de motivao para urna participao efetiva no processo histrico de transformao da rea educacional.

    2 E I N S T E I N , Albert dizia q u e "Urnas cem vezes por dia digo a mim mesmo que minha vida interior e exterior depende do trabalho de outros fiomens, vivos e morios, e que eu devo me esforar para dar na medida em que recebi e que anda recebo'. Apud Gestos de Bondade-, urna coletneaao acaso I os editores de Conari Press. Tr. \fera Palma. S a o Paulo: Agora, 1995. p . 58.

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  • A importancia deste trabalho est, pois, tanto no volume de informaes e de conhecimen-tos que coloca disposio dos interessados nessa mudana, quanto as anlises prospectivas e nos comentarios que traa sobre cada alinea, cada inciso, cada pargrafo, cada artigo e cada captulo da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, ou Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, mais conhecida c o m o Lei Darcy Ribeiro ou L D B .

    1.3. OBJETIVOS Este livro, alm de ser urna decorrncia da vontade de transmitir a experiencia e a viso de educador e de advogado que adquir ao longo dos anos, urna colaborao para a concretizao das recomendaces da U N E S C O sobre educao para todos, eliminaco das discriminaes e integrao do conhecimento.

    U m de seus objetivos divulgar o texto da L D B e o direito educao, b e m c o m o servir c o m o manual de Direito Educacional, que poder, inclusive, ser utilizado c o m o livro didtico nos cursos de Direito e de Pedagoga, e como instrumento para consulta e treinamento de especialistas e m educao e de juristas.

    Utilizando urna metodologa cientfica e fazendo urna anlise crtica de valor dos dados esta-tsticos e das leis vigentes, busquei tambm outro objetivo na redao deste livro. Foi o de sistematizar o Direito Educacional brasileiro e elaborar u m sntese interpretativa da realida-de, dos principios constitucionais e da legislao educacional do Brasil, procurando ser fiel ao espirito c o m que foi elaborada a L D B e utilizando diferentes aspectos das Ciencias Jurdi-cas, da Filosofa da Educao, da tica, da Historia da Educao, da Economa Poltica e da Sociologa da Educao, sob bases universais.

    Tive ainda c o m o objetivo destacar tanto o papel do conjunto de normas constitucionais e legis que regem a educao, quanto a importancia de sua correta interpretao, para que a ao dos educadores se volte realmente para a aplicao da lustia, para o progresso econ-mico e para o desenvolvimento humano.

    1.4. PBLICO ALVO Trata-se, portante, de urna obra de Direito Educacional, destinada a dirigentes polticos, cientistas, educadores, tcnicos e legisladores, que poder servir t ambm de termo de refe-rencia para o trabalho de diretores de escolas, advogados, juzes, membros do Ministerio Pblico, autoridades e funcionarios dos sistemas educacionais, dirigentes de servios de aprendizagem e de instituies mantenedoras de estabelecimentos privados de ensino, pro-fesares, lderes estudantis e estudantes e m geral, principalmente alunos dos cursos de Di-reito e de Pedagoga.

    Seu contedo poder ser de grande utilidade para pessoas interessadas e m conhecer m e -lhor tanto os principios constitucionais sobre educao, quanto a legislao do ensino bra-

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  • sileiro e o Direito Educacional c o m o u m novo ramo das Ciencias Jurdicas, ou que tenham de aplic-lo no exercicio de suas profisses ou para garantir o seu direito educao ou o de terceiros.

    u m trabalho util tambm para pais ou responsveis por estudantes, b e m c o m o para diri-gentes sindicis e de entidades de classe ou de associaoes comunitarias e, principalmente, para pessoas que participant da gesto democrtica das escolas pblicas.

    1.5. ESTRUTURACO DA OBRA E SNTESE DE SEU CONTEDO E m termos de metodologa, o livro comea c o m alguns conceitos bsicos (como o de direito, o de lei, o de educao e outras), para propiciar urna melhor compreenso do contedo do Direito Educacional e da materia contida na Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional. Quanto ao Direito Educacional c o m o disciplina autnoma, aps sua conceituao, faz-se a sua diferenciao da Legislao do Ensino e do direito educao; d-se urna viso de suas origens e bases histricas; e comprova-se a sua existencia c o m base nos seguintes criterios: a) extenso da materia; b) doutrinas homogneas e peculiares; c) principios tpicos da rea educacional; d) jurisprudencia e fontes doutrinrias; e e) mtodos prprios.

    A seguir, h u m apanhado histrico de toda a legislao educacional brasileira e urna apre-sentao e comentarios dos principios e normas constitucionais sobre educao, para se dar maior fundamentao ao proprio Direito Educacional. Dados estatsticos resultantes de pesquisas diversas tambm foram acrescentados para propiciar urna viso da realidade da educao brasileira. O texto completo da nova L D B , ento, apresentado e interpretado, seguindo a propria sistematizao da Lei, c o m comentarios filosficos, pedaggicos, socio-lgicos e jurdicos de cada u m de seus dispositivos.

    A o final, sao analisados temas c o m o educao e integrao continental e importancia da educao no sculo XXI. Temas mais especficos da rea pedaggica, c o m o avaliao, recu-perao, ano letivo, carga horaria, responsabilidade dos pais, das escolas e dos municipios sao tambm abordados.

    A o final do livro, alm da bibliografa, esto anexadas a legislao conexa (que dispe sobre: Conselho Nacional de Educao - C N E ; eleio dos dirigentes de instituies de ensino superior; mensalidades escolares; crdito educativo etc) e a legislao complementar (de-cretos, portaras ministeriais, resolues e pareceres do Conselho Federal de Educao e do Conselho Nacional de Educao etc) que continuaram vigentes aps a entrada e m vigor da Lei n 9.394, de 1996.

    Devido minha formao jurdica, os comentarios aos dispositivos da L D B tm c o m o ponto de partida os ideis de Liberdade e de Justia, o culto legalidade e o respeito Constitui-o.

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  • C o m o educador, ressaltei o valor da fraternidade, da solidariedade humana, e a necessidade urgente de mudanas e m nossos sistemas educacionais, consciente de que a educao , cada vez mais, elemento decisivo na vida nacional para eliminao da ignorancia do povo, superao dos complexos coloniais, repudio aos preconceitos e privilegios que conduzem discriminao, e para o desenvolvimento de urna nao evoluda tecnolgicamente, compe-titiva e unida na defesa de seus intresses maiores e na construco da integrao e coopera-co internacionais c o m respeito as peculiaridades de cada cultura.

    1.6. OBSERVACES DO AUTOR SOBRE SEU PROPRIO LIVRO E m relao a u m livro, no se pode dar, c o m o se costuma fazer c o m eletrodomsticos, qual-quer garanta contra falhas e defeitos, nem m e s m o para urna s de suas frases, porque, infelizmente, ningum perfeito. Reconheo que, como hrnern, e, portante, por definio, u m ser perfectvel, posso ter cometido algumas falhas, principalmente devido abrangncia do assunto abordado. Por isso, preciso ser honesto e alertar o leitor para alguns aspectos (fora outras que poder descobrir por si proprio) que m e fazem correr o risco de ser criticado at m e s m o na parte introdutria deste livro. Sao eles:

    1 ) a m o tanto a vida e a educao, que no quis produzir u m trabalho estritamente cientfi-co, totalmente isento de paixes e imparcial. C o m o todo apaixonado, acabei defenden-do as idias que a m o . Fiz u m livro eivado nao de preconceitos, mas de conceitos, valores e principios nos quais acredito e pelos quais sempre lutei;

    2) a sistematizao do Direito Educacional que fiz pode e deve ser alterada, complementada e aprofundada por juristas e educadores. Parti de alguns paradigmas que, apesar de no-vos, j esto e m mudana, j que o m u n d o est evoluindo a cada instante e, j se sabe, no existem sistemas totalmente confiveis. Tildo pode ser aperfeioado. Espero que, e m breve, tenhamos novas legislaes conexas e complementares lei que comentamos e, tambm, que ela propria venha a ser mudada e que outras autores elaborem urna sistematizao b e m melhor do que esta;

    3) logo, o leitor vai perceber que este livro, apesar de redigido e m linguagem didtica, nao to claro e simples quanto seria desejvel, mas n e m m e s m o a nossa vida o . No verdade? E este livro muito parecido c o m minha vida. N o entanto, para dar materia urna interatividade mais agradvel e harmonica, e para garantir urna fundamentao psico-pedaggica mais adequada, utilizei os recursos da multimdia e produzi, c o m urna equipe de alto nivel, u m C D - R o m , que, para os estudiosos da materia, tambm poder ser impor-tante instrumento de pesquisa e de treinamento a distancia, intitulado Direito Educacional: da Creche Ps-graduao;

    4) neste livro, podero ser encontradas varias sugestes bibliogrficas para u m aprofunda-mento. Alias, sobre isso, quando fui ao apartamento do Senador Darcy Ribeiro, e m Brasilia, para pedir-lhe que prefaciasse este livro, salientei que nao se tratava de urna obra c o m -

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  • pleta e q u e ainda iria redigir a introduo e aperfeioar alguns captulos. Ele, ento, m e disse: " E existe alguma obra acabada? Expresse seu pensamento, indique urna boa bibliografa, coloque um ponto final e pronto. Mande para a editora logo. Depois voce escreve outro com os detalhes que ficarem faltando neste." Foi o que fiz;

    5) h, tambm, neste livro, muitas idias que podem ser consideradas por muitos c o m o ingenuas. C o m efeito, poder-se- dizer que h muita pureza e idealismo no que escrevi. Nao tenho como contestar, porque sou u m ingenuo consciente. Apesar de j ter apanina-do muito na vida, ainda acredito na educao e na humanidade. Acho at que as pessoas tem dignidade e misses (que cada urna que quer sua realizao escolhe) e que cada ser humano merece considerao, crena e respeito. Qualquer leitor perceber logo que acredito e m u m mundo sem fronteiras e na possibilidade de os direitos humanos virem a ser efetivamente respeitados algum dia, e, at, que o direito educao poder tornar-se urna realidade;

    6) fiz u m livro que nao de ataque, nem de oposio. urna mensagem de esperana no futuro, porque nao sou contra novas idias, n e m negativista. Sou u m eterno sonhador. Procuro encarar a realidade c o m otimismo, pois, e m primeiro lugar, acredito e m m i m m e s m o e, e m segundo lugar, considero as demais pessoas c o m o semelhantes a m i m . A c h o q u e elas p o d e m aprender, c o m tudo e c o m todos, a todo instante, e s nao melho-raro, c o m o profissionais e c o m o pessoas humanas , a cada dia, se decidirem nao mais se educar. A educao continuada ou permanente imprescindvel nos dias atuais, pois o sucesso no m u n d o d o sculo XXI nao ser de q u e m sabe muito, m a s , sim, de q u e m sabe aprender.

    Por ter sido honesto comigo m e s m o e c o m q u e m le este livro, concluo, manifestando tanto m e u desejo de que ele possa ser-lhe util, quanto minha esperana de que o leitor t a m b m ser honesto comigo e enviar-me- suas crticas e sugestes, para que, c o m sua ajuda, possa eu reescrever este livro a fim de que a nova edio agrade-lhe mais e seja mais profunda, mais completa e mais til ao desenvolvimento educacional brasileiro.

    Desde j, cumprimento-o pelo seu interesse pelo tema deste livro e agradeo as cartas que m e forem enviadas, pois elas podero ser o c o m e o de u m a nova amizade e da reviso deste livro. M e u endereo: e-mail: m o t t a @ a d m a s s . s e n a d o . g o v . b r ; o u Dr. Elias d e Oliveira Motta S Q N 309, Bloco O , Apto. 508 - C E P 70.755-150 Brasilia - DF.

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  • 2. CONCEITOS BSICOS

    2 .1 .0 DIREITO: SEU CONCEITO E S U A M E T O D O L O G A

    2.1.1. C o m o comear a sistematizao do Direito Educacional?

    Urna audaciosa e atualizada corrente preconizada inicialmente por Renato Aberto Teodoro DI DIO e continuada por varios educadores e juristas brasileiros de renome nacional, dfen-de, coerentemente, a existencia do Direito Educacional c o m o u m ramo au tnomo do Direito e propugna pela sua sistematizao.

    Filiando-nos a essa corrente, procuramos, neste trabalho, fazer urna sistematizao cientfi-ca e didtica d o Direito Educacional, levando e m conta que ela deve "comear pelo enunciado de alguns principios fundamentis da educao, em que se havero de inspirar as leis que regem a materia esua aplicao"3.

    N o entanto, antes m e s m o de apresentar os principios pedaggicos, constitucionais e legis que inspiraram a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional e todo o Direito E d u -cacional, consideramos da maior importancia sintetizar, e m captulo especial, a evoluo histrica de nossa legislao educacional, e comear esta sistematizao comentando al-guns conceitos de fundamental importancia, c o m o o de direito, o de Iei, o de lei de diretrizes e bases, o de normas complementares, o de legislao conexa e o de jurisprudencia, b e m c o m o o de educao (englobando o ensino, a aprendizagem e a educao propriamente dita). Outros conceitos do c a m p o pedaggico sero enunciados nos prprios comentarios dos dispositivos legis, c o m o o de educao escolar, o de avaliaco, o de recuperao, o de universidade, o de autonoma universitaria etc.

    2.1.2. O Conceito de Direito

    O conceito m o d e r n o de Direito nao se atm apenas ao sentido objetivo d o Direito Positivo, que o enfoca c o m o o conjunto de normas estabelecidas pelo poder poltico, c o m base e m fatos e valores, para regular determinadas materias e relaces. O Direito t a m b m a ciencia que estuda, "estabelece e sistematiza as normas necessrias para assegurar o equilibrio das funes do organismo social, a cujos membros sao coercitivamente impostas pelo poder pblico"*. Pode ainda o Direi-

    ' DI DIO, Renato Alberto Teodoro - Contribuico sistematizao do Direito Educacional. Taubat: Ed. Imprensa Universitaria/ Universidade de Taubat. 1982. p. 26.

    4 N U N E S , Pedro - Dicionrio de Tecnologa \urdica. 3a ed., Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1956, p.365.

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  • to ser entendido c o m o prerrogativa individual (de cada pessoa) o u social (de todos os m e m -bros da sociedade)5.

    O direito, e m urna sociedade democrtica, a base da o r d e m social. Da o conceito popular d e direito c o m o *lei e ordem, isto , um conjunto de regras obrigatrias que garante a convivencia social graas ao estabelecimento de limites aao de cada um de seus membros6.

    2.1.3. O Direito c o m o padro objetivo do justo N o sabio ensinamento d o jurista brasileiro D a l m o d e Abreu D A L L A R I "o Direito o padro obje-tivo do justo, eis a primeira idia fundamental. Todos os individuos, em qualquer meio social, possuem um senso de justia e proferem julgamentos, de aprovao ou reprovao, perante cada jato da vida social. Dessa forma, atravs da expresso livre e espontnea dos membros de um grupo social, vo-se revelando os procedi-mentos que a generalidade considera justos. Esses procedimentos, convertidos em normas jurdicas funda-mentis, constituem um padro objetivo de justia. Ass/m, pois, o Direito autntico nao mera expresso da preferencia de alguns grupos, mas o reflexo do sentimento generalizado de ]ustia. E m consequncia, perante qualquer situao de conflito nao se pode nem se deve procurar um criterio individual e subjetivo do justo, porque j existe um padro objetivo, representado pelo Direito. O Direito, padro objetivo do justo, multo mais do que urna simples forma. Esta outra idia fundamental, estreitamente ligada que foi enunciada anteriormente. Expressando juzo de valor, resultante do sentimento generalizado de justia, mesmo quando aparentemente s cuidem de formalidades - porque essas formalidades sao o caminho para objetivos maiores - as regras jurdicas sempre tem contedo, que, com mam ou menor aproximaco, se vincula aos valores fundamentis da convivencia humana. Por tal motivo, nao basta que as regras, na sua elaborao ou na sua aplicao, atendam a exigencias lgicas ou filosficas, se estiverem desligadas da realidade. Alm disso, para que o Direito no seja um enunciado meramente formal, preciso que tenha eficacia"7.

    2.1.4. Objetivos do Direito O Direito, objetivando s e m p r e a aplicao da justia e a garanta das liberdades f u n d a m e n -tis d o hrnern para q u e este possa conviver e m harmona c o m os outros h o m e n s , a base sobre a qual as m o d e r n a s sociedades d e v e m se organizar e se desenvolver, pois, c o m o consta-

    5 S a o muitos os trabalhos publicados e m lingua portuguesa sobre o conceito de Direito. Fora os profissionais de educa-

    c a o q u e desejam ter u m a viso mais ampia d o conceito do Direito, sugerimos a leitura de alguns manuais d o s cursos d e Direito, c o m o :

    a) R E A L E , Miguel - Lies preliminares de direito. 21 a ed., Sao Paulo: Saraiva, 1994. 384 p . b) M O N T O R O , Andr Franco - Introducto Ciencia do Direito. 23 a ed. Sao Paulo: Revista d o s Tribunais. 1995. 6 2 0 p . c) N A D E R , Paulo - Mroduo ao estudo do Direito. 13a ed. Rio de Janeiro: Forense. 1996. 506 p. d) BETIOLI, Antonio Bento - Mroduo ao Direito-, lies de propedutica jurdica. 4 a ed. Sao Paulo: Letras e Letras. 1996.

    446 p. e) C H R I S T O F A R I , Victos Emanuel - Mroduo ao estudo do Direito-, principios bsicos. 2 a ed. Canoas : Ed. da U L B R A .

    1995. 168 p. 0 DINIZ, Maria Helena - Compendio de Mroduo Ciencia do Direito. 8 a ed. Sao Paulo: Saraiva. 1995. 536 p.

    6 R E A L E , Miguel- Lies preliminares de direito. 21 a ed., So Paulo: Saraiva, 1994. p . 1.

    7 D A L L A R I , D a l m o d e Abreu - O Renascer do Direito. 2 a ed. Sao Paulo: Saraiva, 1980, p. 44.

    -46 -

  • tou o ex-Presidente da S u p r e m a Corte Norte-Americana, Earl W A R R E N , "a historia tem demons-trado que onde a lei prevalece, a liberdade individual do Hrnern tem sido forte e grande o progresso. Onde a lei fraca ou inexistente, o caos e o medo imperam e o progresso humano destruido ou retardado"8.

    O Direito deve existir, portanto, e m funo d a sociedade, isto , e m defesa d a harmona social para possibilitar o desenvolvimento individual e coletivo. N a o pode , pois, o Direito ser desligado d a realidade, c o m o urna fico cientfica e m e r a m e n t e literaria - pois ele nao tem, por si s, existencia - m a s t a m b m nao p o d e se resumir e m urna simples copia da realidade social. A sua causa material sao as relaces sociais, o que torna a sociedade tanto rea de interesse e de atuao d o Direito, quanto sua fonte criadora, o que destaca o papel d e legislar c o m o sendo u m servio da maior importancia. C o m o ensina Paulo N A D E R "semelhan-te ao trabalho de um sismgrafo, que acusa as vibraoes havidas no solo, o legislador deve estar sensvel as mudanas sociais, registrando, as leis e nos cdigos, o novo Direito. Atento aos reclamos e imperativos do povo, o legislador deve captar a vontade coletiva e transport-la para os cdigos. Assim formulado, o Direito nao produto exclusivo da experiencia, nem conquista absoluta da raido. O povo nao seu nico autor e o legislador nao extrai exclusivamente de sua raido os modelos de conduta. O concurso dos dois fatores indispensvel concreo do Direito. Este pensamento confirmado por Edgar B O D E N H E I M E R , quando afirma que 'seria unilateral a afirmao de que s a raido ou s a experiencia como tal nos deveriam guiar na administraao da justia' . N o presente, o Direito nao representa somente instrumento de disciplinamento social. A sua misso no , como no passado, apenas a de garantir a segurana do hrnern, a sua vida, liberdade e patrimonio. A sua meta mais ampia, a de promover o bem comum, que implica justia, segurana, bem estar e progresso. O Direito, na atualidade, um fator decisivo para a avano social, hlm de garantir o hrnern, favorece o desenvolvimento da ciencia, da tecnologa, da produo das riquezas, o progres-so das comunicaoes, a elevaao do nivel cultural do povo, promovendo ainda aformao de urna conscincia nacional"9.

    2.1.5. Importancia das constituices, dos cdigos e das leis

    Escrevendo sobre o Direito e a sociedade brasileira, Pinto F E R R E I R A ressalta que "o culto legalidade e o respeito Constituido, cada dia que se passa, sero elementos decisivos da vida pblica nacional, de urna nao que progride e se desenvolve, que perde os seus complexos coloniais, que desconjunta a sua velha armadura de preconceitos e de privilegios, na desenvoltura de urna autntica aliana do progresso social com a liberdade"l0.

    Da a importancia das constituices, dos cdigos e das leis q u e constituem o Direito Positi-vo , pois eles tanto fixam as linhas grais da organizao social e da convivencia h u m a n a , quanto fornecem os subsidios essenciais para a soluco d o s conflitos jurdicos que p o s s a m ocorrer n a vida das organizaes e d o s individuos.

    " Apud N A D E R , Paulo - Mroduao ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 1996. p.33. ' N A D E R , Paulo - Mroduao ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Forense, 1996. p.32. 10

    FERREIRA, Pinto- Curso de Direito Constitucional. 5a ed., Sao Paulo: Saraiva, 1991. p. 663.

    -47-

  • 2.1.6. Tridmensionalidade do Direito

    0 Direito, neste contexto ampio, envolve trs fatores fundamentis, que se constituem no ncleo de seu conceito e que interagem de forma indissocivel e sistmica, formando o que Miguel R E A L E ' ' denominou de tridmensionalidade d o Direito: 1 ) os fatos , que sao as relaes sociais responsveis pela dinmica da historia (da historia

    de qualquer individuo, de grupos, de naoes ou da propria humanidade); 2) as normas de conduta humana impostas pelo Estado, ou seja, a legislao, cujo cumpri-

    mento pode ser exigido por ele coercitivamente; e 3) os valores humanos, especialmente a justia, que deve estar no embasamento da lei e

    que justifica a sua aplicao.

    2.1.7. Principal fonte do direito no Brasil

    Este u m conceito que se aplica perfeitamente Repblica Federativa do Brasil, que u m pas de Direito positivo e escrito, no quai a lei a principal fonte d o Direito.

    2.1.8. A metodologia empirico-indutiva

    N o entanto, importante ressaltar que h naoes que adotam u m sistema jurdico diferente do nosso, o da common law, que se baseia no Direito Consuetudinario e que tem c o m o fonte fundamental a jurisprudencia. Nesses casos, o caminho para se estabelecer o direito , c o m o b e m resumiu Edivaldo M . B O A V E N T U R A , c o m base e m Benjamin C A R D O Z O , o "raciocinio indutivo, emprico e experimental, acompanhano o precedente e retirando de casos julgados as suas aplicaes"n, c o m o ocorre nos Estados Unidos da Amrica do Norte e na Inglaterra, por exemplo. Nesses pases, o estudo d o Direito, e de qualquer u m dos seus ramos, inclusive o Direito Educacio-nal, baseia-se na case law, e, lgicamente, na metodologia emprico-indutiva.

    2.1.9. A metodologia terico-dedutiva

    N o Brasil, a metodologia terico-dedutiva aplica-se mais adequadamente. C o m efeito, o es-tudo d o Direito, entre nos, parte de conceitos bsicos e de principios fundamentis, que se constituem e m enunciados tericos, capazes de levar a u m enquadramento do fato na nor-m a grai ou especfica.

    11 R E A L E , Miguel - Uces preliminares de direito. 21a ed., Sao Paulo: Saraiva, 1994. p. 65.

    12 B O A V E N T U R A , Edivaldo M . - ' U m ensaio de Sistemalizao do Direito Educacional", in Revista de \nfortnacdo Legislativa. Brasilia:

    Senado Federal. 1996, julho a setembro, A n o 33, n 131. p. 32.

    -48-

  • 2.1.10. O mtodo do Direito Educacional brasileiro e seus enfoques tericos

    Adotamos, c o m o base deste trabalho e do proprio Direito Educacional, o mtodo terico-dedutivo, explicitando, e m primeiro lugar, conceitos bsicos, a comear pelos conceitos de direito educacional e de educao Depois, apresentamos e analisamos principios constitu-cionais e legis, sem esquecer seus aspectos histricos, e procuramos, a seguir, sistematizar 0 estudo das normas legis, seguindo a propria estrutura da Lei de Diretrizes e Bases da Educao, facilitando tanto o entendimento de seu texto (pela tipologa legal), quanto a tipicidade de fatos decorrentes do relacionamento entre as partes envolvidas nos processos de ensino e de aprendizagem.

    Adotando, assim, a metodologa terico-dedutiva, nao nos esquecemos dos ensinamentos dos diversos enfoques tericos utilizados as Ciencias Sociais, especialmente as Ciencias Polticas, o que nos levou a aproveitar partes importantes de cada u m deles c o m o a seguir expomos: 1 ) o enfoque institucionalista enfatiza a importancia das instituies e das normas que as

    regem. E m funo da propria natureza do Direito Educacional, que possui instituies slidas e tradicionais, b e m c o m o regras legis b e m definidas, tal enfoque foi utilizado c o m o bsico para a sistematizaco que fizemos, a qual partiu da propria estrutura da LDB;

    2) o enfoque culturalista destaca as crenas, os valores, os principios, os conceitos e as idias c o m o ponto de partida para a anlise cientfica. N o Direito Educacional, por ter-m o s adotado o mtodo terico-dedutivo, esse enfoque marcou todo o inicio de nosso trabalho. A seguir, apresentamos os principios universais e constitucionais da rea edu-cacional e do campo do Direito, que inspiraram nossos legisladores na elaborao da L D B , e que nos serviram de guia para a interpretaao de seus dispositivos;

    3) o enfoque estruturalista, que possui duas vertentes predominantes, a marxista e a liberal, privilegia, c o m o base dos estudos cientficos, as estruturas scio-economicas. eviden-te a influencia das estruturas scio-economicas na evoluco tanto da Educao quanto do Direito, m a s este u m enfoque mais apropriado para os estudos de Sociologa da Educao e de Economa da Educao. M e s m o assim, e m algumas anlises que fizemos da realidade educacional, nao nos esquecemos da importancia das estruturas scio-eco-nmicas para urna melhor compreenso dos objetivos das disposices legis e para tra-armos parmetros prospectivos e m relao evoluo do funcionamento dos sistemas educacionais e de suas estruturas organizacionais, bem c o m o das perspectivas de m u -danas na legislao;

    -49-

  • 4) o enfoque no processo poltico ressalta o papel dos autores ou sujeitos histricos, da participao das organizaes representativas dos diversos segmentos da sociedade, das estrategias adotadas e das negociaces realizadas, b e m c o m o a interao destes fatores predominantemente polticos. A o abordarmos os aspectos histricos da legisla-o educacional brasileira, utilizamos bastante esse enfoque e ressaltamos, muitas ve-zes, o papel desenvolvido por diversas lideranas poltico-partidarias e sindicis. Estas, na primeira etapa de discusso do Projeto de Lei da Cmara dos Deputados, conseguiram imprimir-lhe, inclusive, toda urna conotao corporativista, que foi alterada c o m o Substitutivo do Senador Darcy R1BEIRO. Alias, a atuao de Darcy RIBEIRO, e m m o m e n -tos cruciais para a definio das estrategias de votao e da coluna dorsal da L D B , foi decisiva. Fizemos questo de destacar tambm a participao do proprio Ministro da Educaco, de varios polticos e de representativas lideranas nacionais as varias etapas de elaborao da L D B .

    E m sntese, mesclamos todos estes enfoques, dando a cada u m , dependendo do captulo e da materia nele abordada, a nfase que nos pareceu mais adequada para a sua melhor c o m -preenso e para urna apresentao mais didtica, sem fugir ao rigor cientfico do mtodo terico-dedutivo.

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  • 2.2. DIREITO E D U C A C I O N A L

    2.2.1. Delimitar para libertar

    Miguel R E A L E , seguindo os clssicos ensinamentos de K A N T , ensinava que "o Direito delimita para libertar" e que nao se deveria pensar que, na ordem jurdica, exista o objetivo de se levantar barreiras para cercear a atividade individual13. Nesta tentativa de esboar o concei-to de Direito Educacional, seguimos esse ensinamento filosfico. N a o pretendemos traar barreiras, m a s abrir portas para que os pensadores das reas jurdica, educacional e adminis-trativa, c o m a postura de criatividade que deve ser caracterstica de todo b o m profissional, aperfeioem nossas concluses e enunciados, pois, "no campo das ciencias sociais, nao podemos alimentar Husoes no sentido de extremado rigor terminolgico, mas nem por isso nos faltam estruturas conceituais ajustveis complexa e matizada conduta humana" H.

    2.2.2. O Conceito de Direito Educacional

    D o conceito de Direito, p o d e m o s abstrair tres formas de enfocar o conceito de Direito Edu-cacional:

    1) o conjunto de normas reguladoras dos relacionamentos entre as partes envolvidas no processo ensino-aprendizagem;

    2) a faculdade atribuida a todo ser humano e que se constitu na prerrogativa de aprender, de ensinar e de se aperfeioar,- e

    3) o ramo da ciencia jurdica especializado na rea educacional.

    2.2.3. Diferena entre Legislaco do Ensino e Direito Educacional

    N o primeiro sentido, temos urna pltora de normas que vo desde leis federis, estaduais e municipals at pareceres do Conselho Nacional de Educao, decretos do Poder Executivo, portaras ministeriais, estatutos e regimentos das escolas, que constituem a conhecida e tradicional disciplina Legislaco do Ensino, a quai parte integrante, m a s restrita, d o Direito Educacional, pois nao inclu n e m a unidade doutrinria, n e m a sistematizao de principios, n e m tampouco a metodologa que estrutura u m corpo jurdico pleno.

    N a o h, portante, c o m o confundir Legislaco do Ensino c o m Direito Educacional: enquanto aquela se limita ao estudo do conjunto de normas sobre educao, este tem u m c a m p o muito mais abrangente e "pode ser entendido como um conjunto de tcnicas, regras e instrumentos jurdicos sistematizados que objetivam disciplinar o comportamento humano relacionado educao"15, c o m o o conceituou Alvaro M E L O F1LHO.

    13 Cf. R E A L E , Miguel - lies preliminares de direito. 21a ed., So Paulo: Saraiva, 1994. p. 64.

    14 \d. \bid. p, 64.

    15 M E L FILHO, Alvaro - 'Direito Educacional: aspectos tericos e prlicos", in Mensagem. Fortaleza, n 8 (n especial sobre

    Direito Educacional). 982/1983, p. 54.

    -51 -

  • 2.2.4. Diferena entre o direito subjetivo educao e o Direito Educacional

    N a segunda acepo d o termo, h t a m b m evidente limitaco, u m a vez que se resume n o direito subjetivo educao ou instruo, assunto que trataremos mais especficamente nos captulos relacionados c o m os artigos da Constituio Federal e da nova Lei de Diretri-zes e Bases da Educao Nacional, que definiram a educao c o m o u m direito de todos. N a o se confunde o Direito Educacional c o m o direito instruo. Este est contido naquele e nos direitos h u m a n o s , b e m c o m o n o texto constitucional. O direito instruo, enunciado na Declaraco Universal dos Direitos d o Hrnern, o "preceito que assegura a todo ser humano instruo gratuita, pelo menos nos graus elementares, em carter obrigatrio-, instruo tcnico-profissional acessvei, e instruo superior baseaa no mrito"'6.

    2.2.5. O Direito Educacional como disciplina autnoma

    V a m o s nos deter aqui mais n o terceiro conceito, u m a vez que ele engloba os demais e p o d e ser considerado c o m o u m a disciplina, nos cunculos tanto dos cursos d e Direito, quanto dos da rea educacional, especialmente d o curso de Administrao Escolar, o u c o m o u m a espe-cializao n o c a m p o da ps-graduaco.

    C o m o disciplina autnoma, o Direito Educacional muito recente, sendo este livro u m dos primeiros manuais para os cursos de Direito e de Pedagoga, que permite u m a real introdu-o ampia materia que ele, apesar de novo, j comporta.17

    O Direito Educacional o resultado natural, e m primeiro lugar, da evoluo da educao na poca contempornea e, e m segundo lugar, d o desenvolvimento da ciencias jurdicas, pois, c o m o diz Paulo N A D E R , " A rvore jurdica, a cada dia que passa, tomase mais densa, com o surgimento de novos ramos que, em permanente adequao as transformaes sociais, espealizamse em sub-ramos"l8. Assim, o Direito, ao m e s m o t empo e m que exige u m a disciplina ampia que permita u m enfoque sistmico de sua totalidade, c o m o a Introduo Ciencia d o Direito, comporta u m grande n m e r o de disciplinas voltadas, cada u m a dlas, para cada u m dos r amos que o c o m p e m .

    Antes de se dividir e m ramos, o Direito comporta u m a diviso maior de seu tronco e m duas classes: a d o Direito Pblico e a d o Direito Privado, as quais se subdividem e m disciplinas. O Direito Educacional a disciplina que se constitu no mais novo r a m o d o Direito e que t em objetivos tanto jurdicos quanto pedaggicos. Por ter c o m o pai o Direito e c o m o m e a

    16 S IDOU, J.M. Othon - Didonrio urdico, 3 a ed., Rio de Janeiro: Forense Universitaria, 1995, p.251.

    17 Antes de encaminharmos este livro para a grfica, tomamos conhecimento de que o Prof. Edivaldo M . B O A V E N T U R A

    havia publicado u m importante livro, entitulado Educao Brasileira e o Direito, m a s nao tivemos a oportunidade de l-lo para tecermos aqui alguns comentarios.

    18 Cf. N A D E R , Paulo - Mroduo ao estudo o direito. Rio de Janeiro: Forense, 1996. p.2.

    -52-

  • Educao e por ser o caula de a m b o s , teve a sorte de poder beber as fontes mais puras e recentes da teora, da pesquisa e d o mtodo cientfico, dessas duas ciencias e t a m b m da Filosofa, da Historia e da Sociologa.

    Para se entender melhor esta terceira concepo d o Direito Educacional, b o m relembrar os ensinamentos d e Alvaro M E L FILHO: "anda nesse plano terico, ao invs de questionar-se sobre as autonomas legislativa e cientfica do direito educacional, deve-se registrar que, pela simples razo de nao poder existir urna jornada jurdica independente da totalidade do sistema jurdico, a autonoma de qualquer ramo do Direito sempre e nicamente didtica, investigndose os ejeitos jurdicos resultantes da incidencia de determinado nmero de normas jurdicas, objetivndose descubrirse a concatenando lgica que as rene num grupo orgnico e que une este grupo totalidade do sistema jurdicoi9." Alias, este t a m b m o pensamento d e Miguel R E A L E , que, e m relao as diversas disciplinas jurdicas, diz ser ne-cessrio estud-las no seu conjunto unitario, pois n e n h u m a dlas tem sentido isoladamen-te, independentemente das demais20.

    A esse respeito, foi muito feliz a analoga feita por DI DIO, o qual assim sintetizou o assunto: "quem fizer um retrospecto, convencerse-, desde logo, da tendencia multiplicadora dos setores do Direito, como se, de urna unidade inicial, se desprendessem, em conseqencia de urna fora centrfuga, fragmentos que iro girar em tomo da rbita. E a analoga procede porque, se, de um lado, o desligarse do ncleo central representa o momento da autonoma, o 'girar em torno' significa o momento da dependencia. Uesse sentido, cada ramo do Direito que se erige em nova disciplina evidencia principios peculiares, mas nem por isso perde as caractersticas que o vinculam ao estudo mais ampio de que se originou"'21.

    Considera-se c o m o u m ramo d o Direito (ou urna disciplina jurdica autnoma), c o m o ensina o jurista Celso Antonio Bandeira de M E L L O , aquele que possui u m conjunto sistematizado de principios e normas que o diferenciam das demais ramificaes d o Direito e que lhe do identidade propria22.

    o caso d o Direito Educacional, c o m o qual ocorre, hoje, o que aconteceu, h algumas dcadas, c o m o Direito d o Trabalho. D a m e s m a forma c o m o o Direito Educacional ainda tratado por muitos c o m o mera legislao d o ensino, legislao da educao, legislao edu-cacional, o Direito do Trabalho era considerado simplesmente c o m o "legislao trabalhista", "legislao operada", "legislao industrial" e "legislao social", as quais, c o m o b e m sintetizou Arnaldo S U S S E K I N D , e ram apenas u m conjunto emprico de disposies legis e reglamentares,

    " M E L FILHO, Alvaro - op. cit. p. 54. 20

    Cf. R E A L E , Miguel - LiSes preliminares de direito. 2Ia ed., So Paulo: Saraiva, 1994. p.6. 21

    Dl DIO, Renato Alberto Teodoro - Contribuio sistematizao do Direito Educacional. Taubat: Ed. Imprensa Universitaria/ Universidade de Taubat. 1982

    22 M E L L O , Celso Antonio Bandeira de - Curso de Direito Administrativo, 7 a ed. Sao Paulo, Malheiros, 1995, p. 23. Esse autor assim sintetiza essa materia: "Diz-se que h urna disciplina jurdica autnoma quando corresponde a u m conjunto sistematizado de principios e normas que lhe do identidade, diferenciando-a das demais ramificaes do Direito."

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  • que integravam os cdigos e leis civis e comerciis e nao possuam qualquer autonomia e m relao aos demais ramos d o Direito, n e m representavam urn sistema orgnico c o m unidade doutrinria e principios peculiares23.

    Pensamento semelhante foi emitido por outro grande jurista da rea do Direito d o Trabalho, Orlando G O M E S : o qual ressaltou a controversia entre os que adotavam a expresso Direito d o Trabalho e os que preferiam cham-lo Legislao Trabalhista, e defendeu o reconheci-men to da autonomia d o novo r amo das Ciencias Jurdicas, justificando a existencia d o Direi-to do Trabalho c o m o urna disciplina que ordena, sistematiza e explica as regras que informam a relao d e trabalho, a qual nao podia mais ser considerada c o m simples regras o u leis24.

    Outro respeitado Jurista, C E S A R I N O JNIOR, analisando a evoluo da legislao trabalhista, salienta que chegou u m m o m e n t o e m que se justificou a preferencia pelo termo Direito do Trabalho, porque a coleo de dispositivos legis a respeito havia se transformado e m u m complexo orgnico de principios e normas, cuja autonomia foi se assentando naturalmen-te25.

    Continuando essa m e s m a linha de raciocinio, m a s referindo-se ao Direito Educacional, Edivaldo M . B O A V E N T U F A nos d a seguinte lico: "o Direito Educacional, como disciplina nova que , nao pode ser visto e estudado to somente dentro dos limites da legislao. Muito ao contrario, deve ser tratado luz das diretrizes que lastreiam a educao e os principios que informam todo o ordenamento jurdico. Tanto no caso das relaes de trabalho como nos relacionamentos da educao, 'legislao seria apenas um corpo sem alma', continua Sussekind, 'urna coleo de leis esparsas e no uni sistema jurdico dotado de unidade doutrinria e precisos objetivos, o que contrara urna inquestionvel realidade"26.

    2.2.6. O Direito Educacional como parte do Direito positivo, como ciencia e c o m o sistema de preceitos

    Esta argumentao nos leva a concluir que o Direito Educacional parte do Direito positivo, pois compreende u m conjunto de leis (normas escritas e aprovadas pelo poder poltico) que regulam o setor de Educao; m a s t a m b m a ciencia que conceitua os principios e estuda, sistematiza e elucida as normas que regulam as relaes da rea educacional e que formam u m sistema ordenado de preceitos fundamentados nos criterios de universalidade, eqidade e justia.

    C o m efeito, o Direito Educacional formado, principalmente, por u m conjunto de normas dispositivas (que dispe sobre conceitos e principios), prescritivas (que prescrevem c o m o

    23 Cf. S U S S E K I N D , Arna\do et a\.-Institutes de Direito do Trabalho. Rio de Janeiro: Freitas Bastos. 1957. p. 104.

    24 Cf. G O M E S , Orlando - Direito do Trabalho: estudos. Salvador. 1954. p. 31-32.

    25 Cf. C E S A R I N O JNIOR, A . R - Direito social brasilero. 6 o ed. Sao Paulo. Saraiva. 1970. v. 1, p. 6.

    26 B O A V E N T U R A , Edivaldo M . - " U m ensaio de Sistemataao do Direito Educacional", in Revista de [nformao Legislativa. Brasilia: Senado Federal. 1996, julho a setembro. A n o 33, n 131. p. 46.

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  • deve ser orientada a conduta dos poderes pblicos e das pessoas fsicas e jurdicas, dando-lhes diretivas coerentes para as relaes de ensino-aprendizagem) e imperativas (que im-p e m limites liberdade, proibies, deveres e obrigaoes), constituindo-se, pois, de m o d o irrefutvel, c o m o u m autntico novo ramo do Direito.

    Assim, do ponto de vista do Direito positivo, nao h c o m o negar a existencia do Direito Educacional Brasileiro, pois existe todo u m ordenamento normativo coativo especfico da rea educacional, d o qual a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional urna especie de cdigo, secundado por leis conexas e normas complementares, todas lastreadas e m urna seo especial da Constituio Federal, onde se encontram os seus principios bsicos.

    O Direito Educacional Brasileiro est, pois, ordenado e m u m conjunto de normas legis es-critas que regulam as formas de instituio, organizao, manuteno e desenvolvimento d o ensino, b e m c o m o as condutas humanas diretamente relacionadas c o m os processos educativos tanto no seio das familias, quanto as organizaes governamentais e as insti-tuies mantidas pela livre iniciativa.

    2.2.7. Origens do Direito Educacional

    Se entendemos por Direito clssico o que emana diretamente das fontes fornecidas pelo Direito R o m a n o , o Direito Educacional nao u m Direito clssico, n e m m e s m o u m Direito histrico (no sentido de antigo), m a s , sim, u m Direito civilizado, isto , que s veio a ser definido e aplicado pelos povos civilizados mais recentes (principalmente da Idade Contem-pornea). Inicialmente, era mais costumeiro ou consuetudinario, isto , nao escrito e se resuma a principios grais.

    D a Antigidade at a poca da Revoluo Francesa, nao apareca as constitutes, referen-cias expressas a aspectos do Direito Educacional. E m 1791, no prembulo da Constitui-o Francesa, previa-se, entre os chamados "socorros pblicos", a atribuio do Estado de educar menores abandonados. N o corpo dessa Carta, constava t a m b m a criao e a orga-nizao da instruo pblica, objetivando oferecer, gratuitamente, o denominado "ensino indispensvel", para que ele se tornasse c o m u m a todos os cidados27.

    N a Constituio Brasileira de 1824, nos incisos 32 e 33 do art. 179, determinava-se que "a instruo primaria gratuita para todos os cidados" e previa-se a criao de "colegios e universidades, onde sero ensinados os elementos das ciencias, belas artes e artes".

    Somente e m 1917, na Constituio mexicana, que o Direito Educacional comea a tomar corpo e tem seus principios e normas grais incluidos nos dispositivos constitucionais de

    27 Cf. T C I T O , Caio - "Educao, Cultura e Tecnologa na Constituio", in A Constituio Brasileira de I988: tnterpretaces. Rio de Janeiro: Forense Universitaria, 1988, p. 416

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  • forma mais ampia. Dois anos aps a revoluo russa de 1917, surge urna nova constituio na qual constam principios norteadores da educao na Russia. N o m e s m o ano, na Alema-nha, c o m a Constituio de Weimar (Arts. 142 a 150), sao incluidas entre as normas constitu-cionais a gratuidade do ensino primario e profissional; a facultatividade do ensino religioso e a liberdade de atuaco da livre iniciativa no campo do ensino. Nossa Constituio de 1934 sofreu influencia notoria da Carta de Weimar.

    2.2.8. Bases histricas