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Prof. Dr. José Antônio Tietzmann e Silva - Todos os direitos reservados
Direito internacional público
Aula 02 Prof. Dr. José Antônio Tietzmann e
Silva
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Plano de aula
• Gênese do DIP – Evolução histórica do DIP – O DIP e o direito interno
• Dualismo e monismo
– Fundamento do DIP • Doutrinas voluntarista, objetivista, p.s.s.
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Onde e quando surge o DIP?
• Tratado de paz entre o rei dos Hititas e Ramsés II (1280-1272 a.C.)
• Em Roma: “acordos” com os ocupados; normas específicas para estrangeiros (jus gentium)
• Idade média/feudalismo: tratados celebrados sob a égide da Igreja – respeito continental
• Cidades-Estado italianas e suas relações internacionais
• Grandes navegações (Tordesilhas, 1494) • Guerra dos 30 anos – paz de Westfália (1648)
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Grandes marcos da história e da contemporaneidade do DIP
• 1648 – Tratados de Westfália (Münster e Osnabrück)
• 1815 – Congresso de Viena • 1919 – Tratado de Versailles • 1945 – ONU • 1948 – DUDH • 1972 – Estocolmo • 2012 – Conferência Rio + 20
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Os tratados de Westfália e o DIP
• Tratados de Münster e de Osnabrück – Põem fim à Guerra dos Trinta Anos – Princípio da igualdade formal entre Estados
• Cada Estado adota sua religião (Tratado de Augsburgo, 1555)
• Não ingerência nos assuntos internos: regra absoluta de DIP
– Territorialidade do Direito interno • Território é elemento fundamental do Estado
– O conceito de neutralidade na guerra – Estabelecimento das bases para o equilíbrio europeu
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O Congresso de Viena e o DIP
– Segundo grande marco do DIP – Fim das guerras napoleônicas (1815) – Restabelece equilíbrio europeu
• Sistema multilateral de cooperação política e econômica na Europa
– Princípios de DIP • Liberdade de navegação rios internacionais • Vedado o tráfico de escravos • Regras de diplomacia
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O tratado de Versalhes (1)1919 – põe fim à 1ª GM
• Préambule Partie I - Pacte de la Société des Nations (1 à 26) Partie II - Frontières d'Allemagne (27 à 30) Partie III - Clauses politiques européennes (31 à 117) Partie IV - Droits et intérêts allemands hors de l'Allemagne (118 à 158) Partie V - Clauses militaires, navales et aériennes (159 à 213) Partie VI - Prisonniers de guerre et sépultures (214 à 226) Partie VII - Sanctions (227 à 230) Partie VIII - Réparations (231 à 247) Partie IX - Clauses financières (248 à 263) Partie X - Clauses économiques (264 à 312) Partie XI - Navigation aérienne (art. 313 à 320) Partie XII - Ports, voies d'eau et voies ferrées (art. 321 à 386) Partie XIII - Travail (387 à 427) Partie XIV - Garanties d'exécution (428 à 433) Partie XV - Clauses diverses (434 à 440) Protocole
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O tratado de Versalhes (2)
– Ponto de partida para o atual DIP – Direito internacional de cooperação – Cria a SDN
• Institucionaliza relações internacionais para evitar a guerra
• DIP deve ser observado nas RI • pacta sunt servanda + reciprocidade • Estabelece jurisdição internacional para solucionar
conflitos entre Estados (submissão voluntária)
Em termos práticos – suspende a guerra até 1939
(Humilhação da Alemanha)
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DIP contemporâneo• Organização das Nações Unidas, 1945
– OEA, 1948; Cons. Europa, 1949 • DUDH, 1948
– PIDCP, PIDESC, 1966; sistemas regionais… • Meio ambiente
– Estocolmo, 1972; Rio, 1992; Johanesburgo, 2002; Rio+20, Assembleia Ambiental da ONU, COP 21, 2015…
• Comércio internacional – GATT, 1947; OMC, 1994 – Integração regional (UE, Mercosul, Nafta, Acordo
Transpacífico…) • OI’s • ONGs internacionais
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Que balanço? Que perspectivas?
Um direito efetivo? Eficaz? A soberania dos Estados e o DIP.
As diferenças políticas, culturais, históricas... - - -
O DIP como “tábua de salvação”? ½ ambiente, com. internacional, DH, diplomacia...
Os indivíduos no cenário das RI’s
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Como se relacionamo DIP e o direito interno?
• Prevalecem um sobre o outro? – DIP – Direito interno
• Monismo – Confusão entre um e outro
• Dualismo – Separação entre um e outro
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Dualismo
• DIP e d. interno não se tocam • Não há impactos do DIP no interno e v. versa • Necessidade de “recepção” do DIP • Tratados: relações apenas interestatais • O DIP existe para o Estado, e não o Estado para o
DIP • Uma norma de DIP não pode revogar norma
interna • Norma interna pode revogar norma de DIP
Direito interno
DIP
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DIP
Monismo
• Unicidade entre normas – Internas e internacionais
• Harmonia entre sistemas • Em caso de conflito de normas:
– Monismo internacionalista • DIP prima sobre direito interno
– Monismo nacionalista • DIP é consequência do direito interno
Direito interno
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No Brasil (1)
• Dualismo radical • Edição de lei para que tratado entre em vigor no
País.
• Dualismo moderado • Não há necessidade de lei – procedimento complexo.
• Monismo radical • Primazia do tratado sobre a ordem jurídica interna.
• Monismo moderado • Equiparação do tratado à lei. • Controle de constitucionalidade. • Lex posteriori derogat lex priori.
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No Brasil (2)– Min. Carlos Britto, RE 349.703/RS, j. 03.12.2008
• Desde a adesão do Brasil ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e à Convenção Americana sobre Direitos Humanos, não há mais base legal para prisão civil do depositário infiel, pois esses diplomas internacionais estão abaixo da Constituição, porém acima da legislação interna.
– Tratados internacionais de DH pós EC 45/2004 • Min. Celso Mello, HC 96772/SP: As convenções
internacionais de DH têm hierarquia constitucional • Min. Cezar Peluso, RE 466343/SP: É ilícita a prisão
civil de depositário infiel, pois a CF/88 deve ser interpretada nesse sentido à luz da Conv. Americana de Direitos Humanos
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No Brasil (3)• Med. Cautelar em ADIN (ADI 1480 MC) Min Celso de Mello, j.
04/09/1997. – No sistema jurídico brasileiro, os atos internacionais não dispõem de primazia
hierárquica sobre as normas de direito interno. A eventual precedência dos t r a t a d o s o u c o n v e n ç õ e s i n t e r n a c i o n a i s s o b r e a s r e g r a s infraconstitucionais de direito interno somente se justificará quando a situação de antinomia com o ordenamento doméstico impuser, para a solução do conflito, a aplicação alternativa do critério cronológico ("lex posterior derogat priori") ou, quando cabível, do critério da especialidade.
– HC 82.424, Tribunal Pleno, Rel. Min. Moreira Alves, rel. para Acórdão Min. Maurício Corrêa, j. 17/09/2003, DJ 19/03/2004.
– 2. Os direitos humanos, na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, são analisados sob o enfoque de que “em matéria de direitos humanos, a interpretação jurídica há de considerar, necessariamente, as regras e cláusulas do direito interno e do direito internacional, cujas prescrições tutelares se revelam – na interconexão normativa que se estabelece entre tais ordens jurídicas – elementos de proteção vocacionados a reforçar a imperatividade do direito constitucionalmente garantido”
No Brasil (4)
• A necessidade de reorientação do STF: Min. Gilmar Mendes, RE 466.342-1/SP: A tese da legalidade ordinária, permitindo ao Brasil descumprir unilateralmente acordo internacional, vai de encontro aos princípios fixados pela Convenção de Viena de 1969 – Art. 27: Nenhum Estado pode invocar as disposições de seu
direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado.
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DIP – Fundamentos 1
Por que a sociedade internacional se submete ao DIP?
sociedade internacional que se relaciona (sociedade, e não comunidade internacional)
mantença de uma ordem internacional
ausência de hierarquia entre Estados
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DIP – Fundamentos 2doutrina voluntarista
consentimento como base da submissão não se reconhece a superioridade das normas internacionais
(dualismo) autoregulação do Estado – checks and balances
doutrina objetivista existência de normas e princípios superiores
(monismo internacionalista) fundamento no direito natural
doutrina pacta sunt servanda Estado deve respeitar e cumprir sua palavra “norma superior”, fundada no direito natural
sentimento de justiça arts. 26, 53 e 64, Convenção de Viena (1969)*
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O princípio pacta sunt servanda
Art. 26, Convenção de Viena, 1969 Todo tratado em vigor obriga as partes e
deve ser cumprido por elas de boa-fé.
Teorias das RI’s: realismo
• o sistema internacional é anárquico, os Estados se relacionam apenas por meio de seu respectivo consentimento
• os Estados se preocupam apenas com sua sobrevivência
• as normas de DIP são um sintoma, e não uma causa, do comportamento dos Estados
Teorias das RI’s: institucionalismo
• o sistema internacional é anárquico, os Estados se relacionam apenas por meio de seu respectivo consentimento
• os Estados se preocupam apenas com sua sobrevivência
• …mas os Estados podem cooperar, com o apoio de instituições, as quais colaboram com a segurança das relações interestatais
Teorias das RI’s: liberalismo
• Os Estados se comportam diferentemente no cenário internacional, segundo suas características internas
• vg. Estados democráticos são menos suscetíveis de guerrear entre si
• os atores não-estatais são os principais atores do cenário internacional
• os Estados representam interesses domésticos, aos quais servem
Teorias das RI’s: construtivismo
• os “fatores objetivos” do cenário internacional (arsenais, poder político/econômico, a ação dos atores nao estatais…) são analisados sob vários prismas, para que se chegue a conclusoes • vg. se tanto o Reino Unido como a
China ou a Rússia possuem arsenais nucleares, quem será considerado “inimigo” pelos EUA?