Direito Penal 1 2011

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parte especial

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DIREITO PENAL N 1

DIREITO PENAL N 1

a) INTRODUO DA MATRIA:

O Cdigo Penal Brasileiro encontra-se dividido em uma Parte Geral ( at agora estudada ) e uma Parte Especial, cujo estudo inicia-se nesta fase.

Historicamente, a chamada Parte Especial precedeu a Parte Geral, ou seja, nas antigas codificaes a preocupao era somente em especificar as condutas a serem tipificadas e punidas.

Mas quais os objetivos dessa diviso?

"A misso da Parte Geral estabelecer as regras jurdicas referentes lei penal, ao crime, ao criminoso e s sanes penais, formando uma estrutura cientfico - jurdica a regular a incidncia legal dos tipos penais.

Parte Especial cabe, ento, precisar tecnicamente as figuras do crime, trazendo ainda certas regras jurdicas explicativas ou permissivas, a figurando por especiais razes de tcnica legislativa." ( Joo MESTIERI, Curso de Direito Criminal, p. 9. )

Obs.1 - importante anotar que no a topografia de uma norma na Parte Geral ou Especial que vai determinar sua natureza. Pode uma norma estar na parte especial e ter carter geral, sendo assim colocada por razes de tcnica legislativa.

Por exemplo: a expresso "casa" no art. 150, 4 e 5 CP ou a definio de "funcionrio pblico" no art. 327 CP.

Obs.2 - QUESTO ATUAL

A noo errnea dessa definio da natureza das normas gerou controvrsia sobre a aplicabilidade do "perdo judicial" aos crimes de Leses Corporais Culposas e Homicdio Culposo no trnsito ( arts. 302 e 303 CTB ). Isso porque o art. 291 CTB fala em aplicao das "normas gerais" do CP, sustentando alguns autores que o perdo judicial previsto nos artigos 121, 5 e 129, 8 CP seria norma da Parte Especial e, por isso, inaplicvel ao CTB uma vez vetado o art. 300 CTB que tratava do perdo judicial.

Na verdade, tratam-se de normas de carter geral, embora insertas na Parte Especial, podendo ser aplicadas ao CTB, inclusive pela anlise das razes do veto do art. 300 CTB. ( Obs. O assunto ser melhor desenvolvido quando tratarmos do homicdio culposo, ocasio em que apresentar-se-o trabalhos de autores referentes a ambos posicionamentos ).

b) ESTRUTURA DA PARTE ESPECIAL:

A Parte Especial compe-se basicamente dos "tipos penais" que constituem, em suma, descries de condutas punveis com seus elementos objetivos e subjetivos e ainda com estabelecimento da sano aplicvel em suas balizas mnima e mxima.

O tipo penal surge como uma garantia do indivduo, consubstanciada no Princpio da legalidade ou anterioridade ( art. 1 CP ) ( "Nullum crimen nulla poena sine praevia lege"). Nascido com as idias iluministas do sculo XVIII, determina os limites do poder estatal de punir ( Ver Cesare BECCARIA, Dos Delitos e das Penas.).

Assim, s pode haver crime, existente a previso legal anterior dessa conduta como lesiva e ainda estabelecendo-se pena.

Em tese, a Parte Especial inicia-se com a defesa dos bens jurdicos mais relevantes, caminhando em sentido decrescente de importncia ( Ex. Art. 121, bem jurdico tutelado - Vida ; Art. 129, bem jurdico tutelado - integridade fsica ).

Observe-se, porm, que certas reformas pontuais que tm sido implementadas cm grande insistncia pelo legislador, vm pervertendo essa lgica.

Por exemplo: hoje, o homicdio simples ( art. 121 CP ) que tutela a vida ( bem jurdico mais importante, sem o qual os demais sequer podem ser cogitados ) apenado com recluso de 6 a 20 anos. J a extorso mediante seqestro ( art. 159 CP ) ( bens jurdicos patrimnio e liberdade ), pela reforma imposta pela Lei 8072/90 ( Lei dos Crimes Hediondos ), apresenta pena mnima superior no "caput" - 8 a 15 anos - e at penas superiores no mximo cominado nas figuras qualificadas ( 1 e 2 - 12 a 20 anos e 16 a 24 anos ).

Outro exemplo o roubo de veculo automotor a ser transportado para outro Estado ou para o exterior ( Art. 157, 2, IV CP ), cuja pena pode chegar , no aumento mximo, a 6 a 15 anos, igualando na cominao mnima as penas para o ataque aos bens jurdicos "vida" e "patrimnio".