Upload
others
View
5
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 2 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Olá! Seja bem-vindo(a) à aula 2 do Mini Curso de Direito Penal – Elementos do crime.
Pelo portal do aluno você poderá acessar o conteúdo integral deste curso — aulas escritas e videoaulas —, bem como retirar suas dúvidas diretamente com o Professor da disciplina.
SUMÁRIO
INFORMAÇÕES INICIAIS ..................................................................................... 3
CONTEÚDO DA AULA 2 ....................................................................................... 4
1 Ilicitude .......................................................................................... 5
1.1 Estado de necessidade ............................................................... 6
1.1.1 Requisitos ......................................................................... 7
1.1.2 Formas ............................................................................. 9
1.1.3 Situações importantes ...................................................... 10
1.2 Legítima defesa ....................................................................... 11
1.2.1 Requisitos ....................................................................... 12
1.2.2 Formas ........................................................................... 13
1.2.3 Situações importantes ...................................................... 15
1.3 Estrito cumprimento de dever legal ............................................ 17
1.3.1 Requisitos ....................................................................... 17
1.3.2 Situações importantes ...................................................... 18
1.4 Exercício regular de direito ........................................................ 18
1.4.1 Requisitos ....................................................................... 19
1.4.2 Situações importantes ...................................................... 19
1.5 Consentimento do ofendido ....................................................... 20
ESQUEMAS E RESUMOS DA AULA ...................................................................... 21
QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................. 29
QUESTÕES – SEM COMENTÁRIOS ...................................................................... 42
GABARITO ...................................................................................................... 51
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 3 de 53 www.cdfconcursos.com.br
INFORMAÇÕES INICIAIS
Caso você deseje acompanhar as atualidades relacionadas ao estudo da
disciplina de Direito Penal, siga minhas mídias sociais:
www.instagram.com/prof.rodolfomenezes/
www.facebook.com/professorrodolfomenezes
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 4 de 53 www.cdfconcursos.com.br
CONTEÚDO DA AULA 2
Nesta aula, abordaremos a ilicitude e suas causas de exclusão,
enfatizando os temas mais exigidos nos editais dos concursos elaborados pelas
principais bancas examinadoras.
Padronização de siglas
- União, Estados, Distrito Federal e Municípios, respectivamente: U, E, DF e M.
- Emenda constitucional: EC.
- Constituição Federal de 1988: CF.
- Código Penal: CP.
- Código de Processo Penal: CPP.
- Código Penal Militar: CPM.
- Artigo: art.
- Supremo Tribunal Federal: STF.
- Superior Tribunal de Justiça: STJ.
- Combinado com: c.c.
- Inquérito Policial: IP.
- Legítima defesa: LD.
- Estado de necessidade: EN.
- Estrito cumprimento do dever legal: ECDL.
- Exercício regular do direito: ERD.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 5 de 53 www.cdfconcursos.com.br
1 Ilicitude
A ilicitude é a contradição entre a conduta típica e o ordenamento
jurídico. Por isso, somente será verificada a ilicitude de um fato típico.
Decorre da fase indiciária do tipo penal, para a qual uma conduta típica
a priori é ilícita, cabendo constatar, na verdade, se há uma causa de exclusão
da ilicitude, podendo ser legal (específica ou genéricas) ou supralegal. A doutrina
também as denomina de descriminantes ou justificantes.
As específicas são previstas para um crime determinado, como no art.
128 ou art. 156, §2º, ambos do CP.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Furto de coisa comum – art. 156
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede
a quota a que tem direito o agente.
As genéricas estão previstas no art. 23 do CP: estado de necessidade,
legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de
direito.
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Além das causas legais, é possível aplicar causas supralegais de exclusão
da ilicitude, porque não se tratam de normas penais incriminadoras e nem de
analogia in malam partem. Por exemplo, o consentimento do ofendido, em um
crime de dano (art. 163 do CP), afasta a ilicitude da conduta.
Vejamos as causas legais genéricas.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 6 de 53 www.cdfconcursos.com.br
1.1 Estado de necessidade
O estado de necessidade é uma conduta facultativa praticada para
proteger um direito próprio ou alheio, cujo sacrifício não era razoável, desde que
preencha os requisitos legais. Observe que há 2 bens jurídicos em perigo e a
proteção de 1 depende da lesão ao outro, cabendo uma escolha razoável.
O Código Penal adotou a teoria unitária, pois o bem protegido deve ser
de valor igual ou superior ao sacrificado, havendo sempre a exclusão da ilicitude.
Caso o bem sacrificado seja de valor maior do que o protegido, poderá
haver a causa de diminuição de pena prevista no art. 24, §2º, do CP: de 1/3 a
2/3.
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar
o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá
ser reduzida de um a dois terços.
Exemplo clássico da tábua (colete) da salvação. B e C estavam em um
cruzeiro quando houve o naufrágio do navio que os transportava. A deriva no
mar e com apenas uma tábua capaz de permitir flutuação de somente uma
pessoa, B agride C até a morte, visando permitir sua sobrevivência.
Importante registrar que, por ser uma causa excludente de ilicitude,
havendo concurso de pessoas, o estado de necessidade de um se estende aos
demais colaboradores.
Causa de exclusão da ilicitude
Concurso de pessoas
Estende-se para todos
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 7 de 53 www.cdfconcursos.com.br
1.1.1 Requisitos
Seguem os requisitos necessários para a aplicação do instituto.
Situação de perigo - perigo atual
- situação não provocada pela vontade dolosa do
agente.
- ameaça a direito próprio ou alheio
- inexistência de dever legal de enfrentar o perigo
Conduta lesiva - sacrifício inevitável.
- razoabilidade
Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante
a) perigo atual – “salvar de perigo atual”
A norma expressamente trata do perigo presente, que está ocorrendo.
Entretanto, também engloba o perigo iminente, que é o perigo real de dano. O
que deve ser afastado é o perigo remoto.
Ex. B invade uma casa para se proteger do ataque de um cão bravio.
Estamos diante de um perigo atual, que exclui a tipicidade do crime de violação
de domicílio.
Ex. B avistando um tornado em sua direção e ouvindo o noticiário que
confirma, invade um domicílio que tem abrigo contra tornados. Há um perigo
concreto e iminente, que também exclui a ilicitude da conduta.
b) situação não provocada pela vontade dolosa do agente – “que
não provocou por sua vontade”
O agente não pode provocar a situação e depois alegar estado de
necessidade.
Ex. B está dentro do cinema e provoca um incêndio dolosamente. Para
fugir, quebra o braço de outras duas pessoas. Como provocou dolosamente a
situação, não poderá haver a exclusão da ilicitude nas lesões corporais
provocadas durante a fuga.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 8 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Ex. B está fumando dentro do cinema e por descuido causa um incêndio.
Para fugir, quebra o braço de outras duas pessoas. Como provocou
culposamente a situação, poderá haver a exclusão da ilicitude nas lesões
corporais provocadas durante a fuga.
c) ameaça a direito próprio ou alheio – “direito próprio ou alheio”
Qualquer bem protegido pelo ordenamento jurídico e não necessita de
autorização do terceiro para a proteção do direito alheio.
d) inexistência de dever legal de enfrentar o perigo – §1º
Havendo obrigação legal de enfrentar o perigo e sendo possível, não
caberá estado de necessidade.
Além de ser expressamente previsto no §1º, deve ser lembrado o dever
jurídico de agir.
e) sacrifício inevitável – “nem podia de outro modo evitar”
Quando não houver outro meio de proteger o bem jurídico.
Desta forma, a lesão provocada pela conduta sempre deve ser a mínima
necessária.
Ex. na fuga do cinema, B viu outra porta mais próxima e tinha plenas
condições de chegar até lá. Mesmo assim resolve ir para aquela em que teve
que lesionar duas pessoas que também tentavam a salvação. Não será aplicado
o estado de necessidade.
f) razoabilidade – “cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se”
A conduta lesiva deve ser razoável em relação ao bem protegido.
Ex. B está dirigindo seu carro e um pedestre entra na frente
repentinamente. O motorista desvia e bate em outro carro. O dono do outro
carro sofre lesão corporal, enquanto o pedestre iria morrer se fosse atropelado.
A escolha foi razoável.
Da mesma forma, não se deve optar por matar alguém para proteger um
bem material.
O art. 24, §2º, do CP diz que, se não for razoável, poderá haver uma
diminuição de pena de 1/3 a 2/3.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 9 de 53 www.cdfconcursos.com.br
g) requisito subjetivo: conhecer a situação justificante
Para qualquer excludente de ilicitude, o autor deve saber que age com
esse propósito.
Ao contrário, se o agente quer cometer um crime e desconhece que age
em proteção de um direito próprio ou alheio de um perigo atual, responderá pelo
crime, pois tinha o dolo.
Ex. B sobe no muro e mata o cachorro do vizinho com um tiro, por ele
ter latido a noite inteira. Depois, descobre-se que naquele momento o cão estava
encurralando uma criança de 5 anos e iria estraçalha-la, mas B não sabia. A
intenção de B era produzir um dano (morte do cachorro) e não salvar o menino.
Aliás, ele nem viu o garoto.
Registre-se que está presente o direito da intenção e não do resultado,
pois a sua vontade não era a de se salvar, mas provocar um mal a outrem,
mesmo que haja uma incrível coincidência.
1.1.2 Formas
a.1) Agressivo
A agressão foi dirigida contra terceiro inocente; contra aquele que não
produziu a situação de perigo.
Ex. B, para se salvar do ataque de um cão, invade o domicílio de um
terceiro que não tem relação com a situação.
a.2) Defensivo
A agressão foi dirigida contra o provocador da situação de perigo.
Ex. B, para se salvar do incêndio no cinema, acaba pisoteando
(lesionando) uma pessoa que estava na plateia e também estava fugindo da
situação de perigo.
b.1) Próprio
Ato praticado para proteger direito do próprio autor.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 10 de 53 www.cdfconcursos.com.br
b.2) de Terceiro
Ato praticado para proteger direito de terceiro.
c.1) Real
A agressão foi para salvar um direito que sofria de um perigo real, sendo
uma forma de exclusão da ilicitude.
Exemplos anteriores.
c.2) Putativo
A situação de perigo é imaginária; não existiu de verdade, embora o
agente tinha convicção de sua existência e agiu com base nesta (art. 20, §1º,
do CP). Ou erra sobre os limites da justificante (art. 21 do CP).
É um erro, porque a justificante foi fundamentada em uma situação
inexistente, por equívoco na interpretação do contexto fático. Se este erro for
escusável (desculpável; qualquer homem médio cometeria o mesmo), excluirá
a culpabilidade. Se for inescusável (indesculpável), o agente responderá pelo
crime na modalidade culposa.
Ex. B e C estavam em um cruzeiro quando houve o naufrágio do navio
que os transportava. Quando ia pular do barco, B percebe que havia apenas um
colete salva-vidas, atacando e lesionando C, para pegar o colete. Depois,
verificasse que tinha um local próximo com diversos coletes. Se B não tinha
como saber destes outros coletes, exclusão da culpabilidade (desculpável). Se B
era marinheiro e sabia onde provavelmente teriam outros coletes, responderá
pelo resultado a título de culpa.
1.1.3 Situações importantes
a) Furto famélico
Exige prova convincente do preenchimento dos requisitos do art. 24 do
CP, devendo ser um recurso inevitável, uma ação extrema. Se a pessoa tem
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 11 de 53 www.cdfconcursos.com.br
condições de exercer um trabalho honesto, mas não o faz, não opera a
excludente.
b) Porte de armas
Não adianta alegar que transita por locais perigosos, pois isso seria o
motivo de solicitar autorização à autoridade competente para portar armas e
não uma causa de estado de necessidade.
c) Dificuldades econômicas
A maioria não admite a mera alegação de miserabilidade. Desemprego,
penúria, dificuldades financeiras não caracterizam a descriminante.
d) Estado de necessidade recíproco
É possível, desde que os agentes não tenham criado a situação de perigo.
Ex. durante um incêndio em um cinema, B e C se empurram, lesionando
um ao outro, para tentar correr para a única saída de emergência. Ambos agiram
em estado de necessidade.
1.2 Legítima defesa
Fundamenta-se na impossibilidade do Estado oferecer proteção a todos,
em todos os lugares e momentos. O agredido não é obrigado a fugir do agressor,
mesmo que possa.
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
É um fato praticado para repelir uma injusta agressão, devendo
preencher alguns requisitos, não podendo ser presumida (deve ser provada a
ocorrência).
Por fim, tem natureza jurídica de exclusão de ilicitude.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 12 de 53 www.cdfconcursos.com.br
1.2.1 Requisitos
Os requisitos dividem-se em:
Agressão - repele injusta agressão;
- atual ou iminente;
- a direito seu ou de outrem.
Reação - usando moderadamente dos meios necessários.
Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante
a) Injusta agressão
A agressão deve ser uma conduta humana, dolosa ou culposa, contrária
ao direito, podendo ser praticada até por um inimputável.
- A ação de um animal pode caracterizar estado de necessidade.
Entretanto, se estiver sendo instigado por alguém, pode gerar uma legítima
defesa contra esta pessoa, que usa o animal como um meio de execução.
- Não pode ser contra agressão justa. Ex. policial que detém um criminoso
com a intenção de prendê-lo. Não pode o criminoso alegar legítima defesa para
agredir o policial, alegando que está defendo seu direito à liberdade.
b) agressão atual ou iminente
Atual é a que está acontecendo, presente. Ex. B está sendo agredido por
C, com socos.
Iminente é a que está preste a ocorrer. Ex. B está sentado. C levanta e
diz que vai agredi-lo. B já pode agir em LD, pois o perigo é iminente.
Também, cabe registro, que não cabe LD contra atos pretéritos, pois a
injusta agressão já teria cessado.
c) a direito seu ou de outrem
A legítima defesa de outrem pode ser contra o próprio titular do bem
jurídico protegido. Ex. B imobiliza C e o leva para o hospital, pois ele estava
utilizando droga compulsivamente.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 13 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Pode ser, inclusive, direito de uma Pessoa Jurídica.
d) reação usando moderadamente os meios necessários
Dependerá dos meios que o agente tem a sua disposição, mas sempre
deverá ser o necessário para impedir a agressão injusta.
Ex. B, pequeno e fraco, será atacado por C, lutador de UFC. B tem apenas
um revólver a sua disposição para repelir a injusta agressão, caracterizando a
legítima defesa.
Se o agente reagir com meios desnecessários, estará caracterizado o
excesso na legítima defesa. Ex. B, pequeno e fraco, vai agredir C, lutador de
UFC. C pode se defender com as mãos com muita facilidade, mas utiliza uma
arma de fogo, dando um tiro na cabeça de B. O meio utilizado caracterizou um
excesso (art. 23, parágrafo único, do CP).
Exclusão de ilicitude - Art. 23 [...]
Excesso punível - Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste
artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo
Além de ser o necessário, o uso do meio deve ser moderado, deverá ser
proporcional.
1.2.2 Formas
a.1) Agressiva
É aquela em que a reação caracteriza um fato definido como crime ou
contravenção.
Ex. B, para se defender de uma injusta agressão, provoca lesão corporal
no agressor.
a.2) Defensiva
É aquela em que a reação se limita a cessar a agressão, sem constituir
um fato típico.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 14 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Ex. B se limita a imobilizar o agressor para não sofrer agressão, sem
lesioná-lo.
b) Própria ou de Terceiro
Dependerá de quem é o bem jurídico que está sendo protegido da
agressão.
Ex. B vê uma mulher sendo agredida e bate no agressor. Defendeu direito
de outrem (terceiro).
c.1) Real ou putativa
Putativa ou imaginária é aquela em que, por erro, o agente pensa que há
uma agressão a um bem jurídico e reage.
Ex. B está parado em um sinal vermelho, de madrugada, em local onde
ocorrem diversos roubos, quando alguém aparece repentinamente e bate no
vidro. B atira contra essa pessoa, mas ela queria apenas uma informação.
c.2) Subjetiva
É o excesso praticado na legítima defesa. Inicialmente, o agente age em
legítima defesa e faz cessar a agressão. Entretanto, por erro na análise da
situação concreta, supõe persistir a agressão injusta e excede na reação.
Legítima Defesa
Agressiva
A reaAção caracteriza um crime ou contravenção
Defensiva
A reação se limita a cessar a agressão, sem constituir um fato típico
Próprio Terceiro
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 15 de 53 www.cdfconcursos.com.br
1.2.3 Situações importantes
a) legítima defesa (LD) sucessiva
Possível.
Começa no excesso de legítima defesa exercido, provocando uma
legítima defesa contra esse excesso. Ex. B dá um tiro em C, porque este estava
armado e iria mata-lo. Aproxima-se, retira a arma de C e diz que irá terminar o
serviço: matar C. C reage, quebra o braço de B e toma a arma. Neste caso, a
reação de C foi uma legítima defesa sucessiva, pois a primeira ação de B (dar
um tiro em C) foi a legítima defesa inicial.
b) legítima defesa (LD) real contra legítima defesa (LD) putativa
Possível.
Ex. em uma rua escura, B enfia a mão no bolso para pegar o celular. C,
achando que B vai pegar uma arma para atirar nele, saca seu revólver e começa
a atirar (LD putativa). B para se defender dos tiros de C, pega sua pistola que
estava nas costas e atira em C (LD real).
c) legítima defesa (LD) putativa contra legítima defesa (LD) real
Possível.
Ex. B vê C com uma arma apontando para D. B reage e atira contra C,
para cessar a agressão contra D. Entretanto, descobre-se que, na verdade, C
Legítima defesaAgressão injusta
Legítima defesa contra o excesso
Excesso na LD
Agressão imaginária LD putativaLD real
contra a LD putativa
Agressão injusta LD realLD putativa
contra a LD putativa
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 16 de 53 www.cdfconcursos.com.br
estava se defendendo da injusta agressão de D. Assim, B agiu em legítima
defesa putativa contra C que estava realizando uma LD real.
d) legítima defesa (LD) real contra legítima defesa (LD) real
Não cabe a chamada LD recíproca.
Um dos requisitos é a agressão injusta.
Ex. B está sendo agredido por C. B vai se defender e agride C. B está
agindo em LD real contra C. Não pode C, que praticou a agressão injusta, alegar
que passou a agir em LD real.
Este mesmo raciocínio deve ser utilizado para todas as demais
excludentes de ilicitude reais, pois não haveria agressão injusta ao agir em
legítima defesa. Assim, não há LD real contra qualquer excludente de ilicitude.
Não cabe contra estado de necessidade, exercício regular do direito e
nem estrito cumprimento do dever legal.
e) legítima defesa (LD) real contra excludente de culpabilidade
real
Possível.
Embora o agente que está acobertado por uma excludente de
culpabilidade, como por exemplo inimputabilidade ou coação moral irresistível,
não comete crime (para a teoria tripartida), sua conduta é uma agressão injusta
sob o enfoque daquele que se defende.
Ex. B, sob coação moral irresistível, vai ao encontro de C para mata-lo.
C reage e acaba lesionando B. Neste caso, C agiu em LD de sua vida, pois a
agressão não deveria ser suportada, independentemente se B agiu sob uma
excludente de culpabilidade.
Agressão injusta LD real LD real
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 17 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Estado de Necessidade Legítima Defesa
Conflito entre bens jurídicos. Repulsa a uma agressão injusta.
Bem jurídico exposto ao perigo. Direito sofre uma agressão atual ou
iminente.
O perigo pode vir ou não de conduta
humana.
A agressão advém de conduta
humana.
A conduta defensiva pode ser dirigida
contra terceiro inocente.
A conduta defensiva somente pode ser
dirigida contra o agressor.
A agressão sofrida não precisa ser
injusta.
Ex. dois náufragos e 1 boia.
Nenhuma das agressões é injusta.
A agressão sofrida tem que ser
injusta.
1.3 Estrito cumprimento de dever legal
O direito não pode impor um comportamento e ao mesmo tempo
incriminar este comportamento; não pode ser contraditório. Por isso, tem
natureza jurídica de excludente de ilicitude.
O agente está cumprindo uma lei, por isso não pratica uma conduta ilícita.
É o caso dos servidores públicos no exercício de suas funções, que agem de
acordo com o ordenamento jurídico.
Ex. o oficial de justiça que realiza uma busca e apreensão determinada
judicialmente.
Ex. o policial que prende um criminoso em flagrante delito.
1.3.1 Requisitos
Os requisitos dividem-se em:
Estrito cumprimento - o agente deve manter-se nos limites da lei.
Dever legal - o dever deve ser previsto no ordenamento jurídico.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 18 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante.
O dever legal deve ser direta ou indiretamente derivado da lei, previsto
no ordenamento jurídico. Não está relacionado com deveres morais, sociais ou
religiosos.
Ex. Pode resultar de um decreto, lei, portaria, sentença judicial...
Ex. o carrasco, que executa a pena de morte, está cumprindo seu dever
legal. Não pode torturar o condenado, porque sairia do estrito cumprimento.
1.3.2 Situações importantes
a) há leis, como o Estatuto da OAB, que impõe o sigilo profissional.
Ex. o psicólogo/advogado/médico que é chamado para testemunhar
contra seus clientes, em assuntos relacionados as suas atividades profissionais,
não praticaram o crime de falso testemunho, pois estão amparados pelo estrito
cumprimento do dever legal (ECDL).
b) a excludente é aplicada a todos os envolvidos no cumprimento do
dever legal, sejam funcionários públicos ou particulares.
É a comunicabilidade do ECDL. Reconhecida para o autor, também será
estendida ao partícipe e todos os demais.
Ex. um policial, ao cumprir um mandado de busca e apreensão em uma
casa, solicita ajuda de um particular. Caso aconteça a aplicação desta
excludente, será para ambos.
c) quando um policial mata um criminoso em uma troca de tiros, ele não
agiu no ECDL, e sim em legítima defesa.
1.4 Exercício regular de direito
Também tem natureza de excludente de ilicitude e consiste no exercício
de uma prerrogativa conferida pelo ordenamento jurídico.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 19 de 53 www.cdfconcursos.com.br
A norma não pode permitir e ao mesmo tempo incriminar.
Ex. prisão em flagrante feita por particular. Ele não tem o dever, mas
pode exercer o direito previsto no direito penal.
Ex. lesões corporais ocorridas na prática de lutas permitidas no
ordenamento legal (boxe, artes marciais, UFC etc). Como são permitidas, aplica-
se esta justificante. Tanto as lesões previstas pelas regras do esporte, como
aquelas decorrentes do desdobramento natural e previsível do jogo, não
constituem fato típico. Estamos diante de um risco permitido e tolerado na
prática de determinados esportes.
Existem casos previstos para determinados crimes, veja.
Ex. art. 142, I do CP – não constitui injúria ou difamação punível.
Ex. art. 146, §3º, II - coação para evitar o suicídio
1.4.1 Requisitos
Os requisitos dividem-se em:
Exercício de direito - o agente pode exercer seu direito previsto no
ordenamento jurídico.
Regular - dentro dos limites da norma.
Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante.
O direito a ser exercido deve estar previsto em lei, não sendo possível
aplicar a justificante nos casos de direitos advindos dos costumes.
O agente deve exercer seu direito dentro dos limites estabelecidos no
ordenamento, para não haver excessos (art. 23, parágrafo único, CP).
1.4.2 Situações importantes
a) Ofendículos ou defesa mecânica predisposta
A colocação de aparelhos para proteção da propriedade e da vida é uma
forma de exercício regular do direito, desde que esteja dentro dos parâmetros
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 20 de 53 www.cdfconcursos.com.br
permitidos por lei.
Ex. colocação de caco de vidro no muro, concertina, cerca elétrica.
Observe que existe uma razoabilidade no emprego destes meios, como a
altura mínima de início, a voltagem da cerca elétrica e a instalação em pontos
visíveis.
A doutrina entende que ao ser acionado durante uma agressão ao bem
jurídico, caracterizar-se-á a legítima defesa.
Ao contrário, se forem colocados de forma oculta, passam a ser
armadilhas, caracterizando um excesso.
1.5 Consentimento do ofendido
Pode ser uma causa supralegal de exclusão da ilicitude, devendo atender
os requisitos abaixo.
Ex. fazer uma tatuagem. O consentimento retira o caráter criminoso da
lesão corporal. Deve ser válido, voluntário, bem jurídico disponível,
contemporâneo e emanado de alguém capaz.
a) consentimento deve ser válido
O consentimento dever ser emanado voluntária e livremente.
b) bem jurídico disponível
A pessoa deverá consentir nos casos em o bem é disponível, como o
patrimônio. A vida, por exemplo, é um bem indisponível, não podendo ser objeto
de consentimento.
c) contemporaneidade do consentimento
Também, deve ser prévio ou durante à prática da conduta, para não
caracterizar um perdão. Nunca depois.
d) capacidade de consentimento da vítima
Apenas os imputáveis podem consentir.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 21 de 53 www.cdfconcursos.com.br
ESQUEMAS E RESUMOS DA AULA
Ilicitude
Somente será verificada a ilicitude de um fato típico.
Fase indiciária do tipo penal.
Verificar se há uma causa de exclusão da ilicitude (descriminantes ou
justificantes).
1.1 Estado de necessidade
É uma conduta facultativa, praticada para proteger um direito próprio ou
alheio, cujo sacrifício não era razoável, desde que preencha os requisitos legais.
Causas de exclusão da ilicitude
legal
Genéricas
art. 23
Específica
previstas para um crime determinado, como no art. 128 ou art. 156, §2º, ambos do CP.
Supralegal
Por exemplo, o consentimento do ofendido, em um crime de
dano (art. 163 do CP)
Conduta típica
Ordenamento
jurídico
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 22 de 53 www.cdfconcursos.com.br
O CP adotou a teoria unitária, pois o bem protegido deve ser de valor igual
ou superior ao sacrificado, havendo sempre a exclusão da ilicitude.
Caso o bem sacrificado seja de valor maior do que o protegido, poderá
haver a causa de diminuição de pena prevista no art. 24, §2º, do CP: de 1/3 a
2/3.
Requisitos
Situação
de perigo
- perigo atual.
- situação não provocada pela vontade dolosa do agente.
- ameaça a direito próprio ou alheio.
- inexistência de dever legal de enfrentar o perigo.
Conduta lesiva - sacrifício inevitável.
- razoabilidade.
Requisito
subjetivo
- conhecimento da situação justificante.
Formas
Estado de Necessidade
Agressivo
Contra quem não produziu o resultado
Defensivo
Situação de perigo é imaginária; não existiu
de verdade
Próprio Terceiro
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 23 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Estado de necessidade putativo
A situação de perigo é imaginária; não existiu de verdade, embora o agente
tinha convicção de sua existência e agiu com base nesta (art. 20, §1º, do CP).
Ou erra sobre os limites da justificante (art. 21 do CP).
Erro >> justificante foi fundamentada em uma situação inexistente, por
equívoco na interpretação do contexto fático.
Ex. B e C estavam em um cruzeiro quando houve o naufrágio do navio que
os transportava. Quando ia pular do barco, B percebe que havia apenas um
colete salva-vidas, atacando e lesionando C, para pegar o colete. Depois,
verificasse que tinha um local próximo com diversos coletes. Se B não tinha
como saber destes outros coletes, exclusão da culpabilidade (desculpável). Se B
era marinheiro e sabia onde provavelmente teriam outros coletes, responderá
pelo resultado a título de culpa.
Legítima defesa
Fundamento: impossibilidade do Estado oferecer proteção a todos, em
todos os lugares e momentos.
O agredido não é obrigado a fugir do agressor.
É um fato praticado para repelir uma injusta agressão, devendo preencher
alguns requisitos, não podendo ser presumida (deve ser provada a ocorrência).
Estado de Necessidade
Real
Salvar um direito que sofria perigo real
Putativo
Situação de perigo é imaginária; não existiu de verdade
Erro
Escusável (desculpável; qualquer homem médio cometeria o mesmo).
excluirá a culpabilidade
Inescusável(indesculpável).
o agente responderá pelo crime na modalidade
culposa.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 24 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Requisitos
Agressão - repele injusta agressão;
- atual ou iminente;
- a direito seu ou de outrem.
Reação - usando moderadamente dos meios necessários.
Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante
Formas
Natureza jurídica
Exclusão da ilicitude
Legítima Defesa
Agressiva
reação caracteriza um crime ou contravenção
Defensiva
a reação se limita a cessar a agressão, sem constituir um fato típico
Próprio Terceiro
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 25 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Situações importantes
a) legítima defesa (LD) sucessiva
Possível.
b) legítima defesa (LD) real contra legítima defesa (LD) putativa
Possível.
c) legítima defesa (LD) putativa contra legítima defesa (LD) real
Possível.
d) legítima defesa (LD) real contra legítima defesa (LD) real
Não cabe a chamada LD recíproca.
Legítima Defesa
Real
Sofria agressão real
Putativa
Situação de perigo é imaginária; não existiu de
verdade
Subjetiva
É o excesso praticado na legítima defesa
Legítima defesaAgressão injusta
Legítima defesa contra o excesso
Excesso na LD
Agressão imaginária LD putativaLD real
contra a LD putativa
Agressão injusta LD realLD putativa
contra a LD putativa
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 26 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Um dos requisitos é a agressão injusta.
Este mesmo raciocínio deve ser utilizado para LD real contra todas as
demais excludentes de ilicitude reais, pois não haveria agressão injusta, após a
1ª LD real, a justificar uma legítima defesa.
Assim, não há LD real contra qualquer excludente de ilicitude.
Estrito cumprimento de dever legal (ECDL)
O direito não pode ser contraditório.
Natureza jurídica de excludente de ilicitude.
O agente está cumprindo uma lei, por isso não pratica uma conduta ilícita.
É o caso dos servidores públicos no exercício de suas funções, que agem de
acordo com o ordenamento jurídico.
Requisitos
Estrito cumprimento - o agente deve ser manter nos limites da lei.
Dever legal - o dever deve ser previsto no ordenamento jurídico.
Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante.
Agressão injusta LD real LD real
Estado de Necessidade Legítima Defesa
Conflito entre bens jurídicos. Repulsa a uma agressão injusta.
Bem jurídico exposto ao perigo. Direito sofre uma agressão atual ou
iminente.
O perigo pode vir ou não de conduta humana.
A agressão advém de conduta humana.
A conduta defensiva pode ser dirigida contra terceiro inocente.
A conduta defensiva somente pode ser dirigida contra o agressor.
A agressão sofrida não precisa ser
injusta. Ex. dois náufragos e 1 boia. Nenhuma
das agressões é injusta.
A agressão sofrida tem que ser
injusta.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 27 de 53 www.cdfconcursos.com.br
O dever legal deve ser direta ou indiretamente derivado da lei, previsto no
ordenamento jurídico. Não está relacionado com deveres morais, sociais ou
religiosos.
Exercício regular de direito
Natureza de excludente de ilicitude
Exercício de uma prerrogativa conferida pelo ordenamento jurídico.
A norma não pode permitir e ao mesmo tempo incriminar.
Existem casos previstos para determinados crimes, como:
Ex. art. 142, I do CP – não constitui injúria ou difamação punível.
Ex. art. 146, §3º, II - coação para evitar o suicídio.
Requisitos
Exercício de direito - o agente pode exercer seu direito revisto no ordenamento jurídico.
Regular - dentro dos limites da norma.
Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante.
O direito a ser exercido deve estar previsto em lei, não sendo possível
aplicar a justificante nos casos de direitos advindos dos costumes.
O agente deve exercer seu direito dentro dos limites estabelecidos no
ordenamento, para não haver excessos (art. 23, parágrafo único, CP).
Consentimento do ofendido
Pode ser uma causa supralegal de exclusão da ilicitude, devendo
atender os requisitos abaixo.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 28 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Requisitos
a) consentimento deve ser válido. O consentimento dever ser emanado voluntária e livremente.
b) bem jurídico disponível. A pessoa deverá consentir nos casos em o bem é disponível, como o patrimônio. A vida, por exemplo, é um bem indisponível, não podendo ser objeto de consentimento.
c) contemporaneidade do consentimento. Também, deve ser prévio ou durante à prática da conduta, para não caracterizar um perdão. Nunca depois.
d) capacidade de consentimento da vítima. Apenas os imputáveis podem consentir.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 29 de 53 www.cdfconcursos.com.br
QUESTÕES COMENTADAS
Escolhi 20 questões de diferentes bancas de concursos, sobre os assuntos
tratados na parte teórica desta aula, visando a compreensão de como os
examinadores preparam os enunciados sobre os temas e a forma mais adequada
de interpretar as assertivas.
Referem-se a cargos distintos, demonstrando que os assuntos são
cobrados nos diversos níveis de concursos. Algumas vezes com graus diferentes
de compreensão, mas com a mesma base de conhecimento.
Neste capítulo, as questões são comentadas, para auxiliar no
entendimento. Caso deseje resolver as questões sem acompanhar os
comentários, siga para o próximo capítulo, questões – sem comentários, e utilize
o gabarito para conferir as respostas.
Assim, chegou o momento para fixar o conteúdo da aula e treinar o que
foi aprendido.
“Sem treino, não há talento que faça milagre”
Germana Facundo
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 30 de 53 www.cdfconcursos.com.br
1 - 2019 - PC-ES - Assistente Social
Uma conduta ilícita é contrária ao direito. Porém pode haver conduta
típica que não seja ilícita, aparecendo as chamadas excludentes de
ilicitude. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.
A - Somente não será considerado crime quando o agente pratica o fato
em estado de necessidade e legítima defesa.
B - As excludentes de ilicitude são apenas as definidas em Lei,
especificamente determinadas pelo Código Penal, chamadas de
excludentes de ilicitude legais.
C - No estado de necessidade, aplica-se a excludente ainda que o sujeito
não tenha conhecimento de que age para salvar um bem jurídico próprio
ou alheio.
D - Pode agir em estado de necessidade aquele que possui o dever legal
de enfrentar o perigo.
E - São requisitos legais do estado de necessidade: perigo atual; ameaça
a direito próprio ou alheio; situação não causada voluntariamente pelo
sujeito; inexistência de dever legal de enfrentar o perigo.
Resposta: letra E.
Comentários:
A - o art. 23 do CP prevê 4 causas genéricas: estado de
necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou
exercício regular de direito.
B - além das causas legais, é possível aplicar causas supralegais
de exclusão da ilicitude, como o consentimento do ofendido.
C - o agente tem que ter consciência que está agindo em EN.
D – quem tem obrigação legal de enfrentar o perigo não pode
alegar EN.
2 - 2018 - PC-PR - Escrivão de Polícia (adapatada)
O Código Penal prevê um rol taxativo, portanto exaustivo, das causas
excludentes de ilicitude.
( ) Certo ( ) Errado
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 31 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Resposta: errado.
Comentários: além das causas legais, é possível aplicar causas
supralegais de exclusão da ilicitude, como o consentimento do
ofendido.
3 - 2018 - TCE-MG - Analista de Controle Externo - Direito
São causas excludentes de ilicitude
A - a embriaguez e a menoridade.
B - o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito.
C - a prescrição e o estado de necessidade.
D - o perdão judicial e a legítima defesa.
E - o estado de necessidade e a anistia.
Resposta: letra B.
Comentários: art. 23 do CP: EN, LD, ECDL e ERD.
4 - 2018 - SETRABES - Agente Sócio-Orientador
São causas excludentes de antijuricidade, exceto:
A - legítima defesa.
B - desistência voluntária.
C - estrito cumprimento de um dever legal.
D - estado de necessidade.
E - exercício regular de um direito.
Resposta: letra B.
Comentários: art. 23 do CP: EN, LD, ECDL e ERD.
5 - 2018 - MPE-PE - Técnico Ministerial - Administrativa
Não há crime quando o agente pratica o fato:
I. Em estado de necessidade.
II. Em estado de embriaguez culposa pelo álcool.
III. Em estrito cumprimento de dever legal.
IV. No exercício regular de direito.
V. Sob o efeito de emoção ou paixão.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 32 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Está correto o que se afirma APENAS em
A - I, II e III. B - I, IV e V. C - II, III e V.
D - II, IV e V. E - I, III e IV.
Resposta: letra E.
Comentários: os itens II e V estão ligados à culpabilidade,
devendo ser observado o art. 28, I e II, do CP.
“Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou
a paixão; II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
substância de efeitos análogos.”
6 - 2018 - Prefeitura de Caruaru - PE - Procurador do Município
NÃO há crime quando o agente pratica o fato
A - em decorrência da paixão.
B - sob violenta emoção.
C - em estado de embriaguez involuntária.
D - em estado de necessidade.
E - por erro sobre a ilicitude do fato.
Resposta: letra D.
Comentários: apenas a letra D é uma causa de exclusão da
ilicitude, prevista no art. 23 do CP: Não há crime quando o agente
pratica o fato: EN, LD, ECDL e ERD.
7 - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8
O agente que pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
exigir-se, age amparado por qual causa excludente de ilicitude?
A - Legítima defesa.
B - Estado de necessidade.
C - Estrito cumprimento de dever legal.
D - Exercício regular de direito.
E - Consentimento do ofendido.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 33 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Resposta: letra B.
Comentários: art. 24 do CP. Refere-se ao Estado de
Necessidade justificante.
8 - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
No Direito Penal brasileiro, o chamado estado de necessidade é
A - causa de agravamento da pena.
B - causa de exclusão de ilicitude.
C - quando o agente pratica o delito para satisfazer uma necessidade
pessoal.
D - causa de perdão judicial.
E - quando o agente atua em legítima defesa.
Resposta: letra B.
Comentários: o EN é uma causa de exclusão da ilicitude, com
previsão no art. 23 do CP.
9 - 2019 - Prefeitura de Teresina - PI - Guarda Civil Municipal
Imagine dois náufragos em alto mar disputando um único colete salva-
vidas, após um raio destruir totalmente o barco que utilizavam. Sobre
esta situação é correto afirmar que:
A - Nenhum deles pode invocar a legítima defesa contra o outro, mas
sim o estado de necessidade.
B - Caso um dos náufragos morra, o sobrevivente não cometerá crime
porque agiu no exercício regular de um direito.
C - Ocorrendo o falecimento de um deles, o sobrevivente responderá por
induzimento, instigação ou auxílio a suicídio.
D - O estrito cumprimento do dever legal é a única causa de exclusão de
ilicitude aplicada aos fatos, em caso de morte de um dos náufragos após
a disputa.
E - Eventual sobrevivente responderá pelo crime de homicídio culposo,
pois o raio causou o naufrágio.
Resposta: letra A.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 34 de 53 www.cdfconcursos.com.br
Comentários: não há injusta agressão e sim um fato praticado
em estado de necessidade, para salvar de perigo atual a vida, devendo
ser observado os requisitos constantes no art. 24 do CP.
10 - 2018 - SEFAZ-RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2
A respeito do estado de necessidade, assinale a opção correta.
A - O estado de necessidade recíproco não é aceito no direito brasileiro.
B - O Código Penal brasileiro admite o estado de necessidade exculpante
como causa excludente de ilicitude.
C - Considera-se em estado de necessidade aquele que ofende bem
jurídico de terceiros, ainda que haja outro modo de evitar a lesão.
D - Havendo mais de um agente, o estado de necessidade de um se
estende aos demais.
E - No estado de necessidade justificante, o bem jurídico sacrificado é
de maior valor que o bem jurídico preservado.
Resposta: letra D.
Comentários:
A - é possível estado de necessidade recíproco, desde que os
agentes não tenham criado a situação de perigo.
B – o EN exculpante é causa de exclusão da culpabilidade.
C – não caracteriza o EN se havia outro modo de evitar o perigo.
D – correta.
E – o EN justificante trata do sacrifício de bem jurídico de igual
ou menor valor. Se o bem sacrificado for de valor maior, poderá
caracterizar uma causa de diminuição de pena.
11 - 2018 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico Nível Superior - Bacharel
em Direito
Bruna é atacada a tiros desferidos por arma de fogo por Otávio, que não
logra acertar os dois primeiros tiros. Antes de desfechar o terceiro tiro,
Bruna saca de arma que carrega em sua bolsa com autorização legal e
vem a atingir Otávio, que veio a óbito. Nesse caso, pode ser assentado
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 35 de 53 www.cdfconcursos.com.br
que ficou caracterizado, nos termos do Código Penal, por parte de
Bruna:
A - exercício regular de direito
B - estado de necessidade
C - arrependimento eficaz
D - legítima defesa
Resposta: letra D.
Comentários: ela usou os meios necessários e quem estavam
ao seu alcance para repelir a injusta tentativa de homicídio, dentro dos
requisitos necessários para caracterizar tal conduta.
12 - 2018 - SEPLAG-SE - Guarda de Segurança do Sistema Prisional
Quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, age em:
A - legítima defesa.
B - estrito cumprimento de dever legal.
C - exercício regular de direito.
D - estado de necessidade.
E - obediência hierárquica.
Resposta: letra A.
Comentários: requisitos da LD previstos no art. 25 do CP.
13 - 2018 - DPE-MA - Defensor Público
A legítima defesa
A - é meio de exclusão da ilicitude em face de qualquer injusta agressão,
desde que os bens jurídicos atacados sejam o patrimônio, a vida ou a
integridade corporal.
B - é cabível ainda que o bem agredido esteja submetido a outra forma
de especial proteção, como o proprietário que ameaça o inquilino para
que preserve o imóvel.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 36 de 53 www.cdfconcursos.com.br
C - se legitima como forma de exclusão da antijuridicidade diante de
agressão injusta, entendida como aquela realizada mediante
comportamento do agressor que implique em crime doloso.
D - quando praticada em excesso, após cessada a agressão, implica em
punição na modalidade culposa.
E - exclui a antijuridicidade da conduta quando repele agressão injusta
que esteja ocorrendo ou em vias de ocorrer, desde que a ação defensiva
seja moderada e utilize os meios necessários.
Resposta: letra E.
Comentários:
A – não há seleção de bens jurídicos, podendo ser aplicada em
qualquer crime, desde que presentes os requisitos.
B – os meios devem ser moderados e necessários, ou seja, se
há outros meios possíveis no ordenamento jurídico, não pode o agente
alegar a LD. No caso, o proprietário deveria se socorrer no direito civil.
C – a injusta agressão pode ser caracterizada como crime
doloso ou culposo, como uma agressão decorrente de erro na avaliação
da situação fática.
D – o agente responderá pelo excesso doloso ou culposo. Art.
23, parágrafo único, do CP.
14 - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia
O Código Penal, no art. 23, elenca as causas gerais ou genéricas de
exclusão da ilicitude. Sobre tais excludentes, assinale a alternativa
correta.
A - Morador não aceita que funcionário público, cumprindo ordem de
juiz competente, adentre em sua residência para realizar busca e
apreensão. Se o funcionário autorizar o arrombamento da porta e a
entrada forçada, responderá pelo crime de violação de domicílio.
B - O estrito cumprimento do dever legal é perfeitamente compatível
com os crimes dolosos e culposos.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 37 de 53 www.cdfconcursos.com.br
C - Para a configuração do estado de necessidade, o bem jurídico deve
ser exposto a perigo atual ou iminente, não provocado voluntariamente
pelo agente.
D - O reconhecimento da legítima defesa pressupõe que seja
demonstrado que o agente agiu contra agressão injusta atual ou
iminente nos limites necessários para fazer cessar tal agressão.
E - Deve responder pelo crime de constrangimento ilegal aquele que não
sendo autoridade policial prender agente em flagrante delito.
Resposta: letra D.
Comentários:
A – o funcionário público não responderá por crime se agir
dentro dos requisitos da lei, pois age em ECDL.
B – ... com os crimes dolosos, pois a pessoa deve saber que age
em ECDL.
C – o art. 24 do CP fala apenas em perigo atual.
D – correta.
E – a prisão em flagrante facultativa pode ser realizada por
qualquer pessoa, sendo um exercício regular do direito.
15 - 2018 - PC-MA - Investigador de Polícia
Durante o cumprimento de um mandado de prisão a determinado
indivíduo, este atirou em um investigador policial, o qual, revidando,
atingiu fatalmente o agressor.
Nessa situação hipotética, a conduta do investigador configura
A - legítima defesa própria.
B - exercício regular de direito.
C - estrito cumprimento do dever legal.
D - homicídio doloso.
E - homicídio culposo.
Resposta: letra A.
Comentários: o investigador reagiu a uma injusta agressão
atual para proteger sua vida, caracterizando uma legítima defesa.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 38 de 53 www.cdfconcursos.com.br
16 - 2015 - Prefeitura de Belo Horizonte - MG - Guarda Municipal
“Tício veio a se desentender com determinado indivíduo, conhecido
como suposto traficante na cidade de Belo Horizonte, que o ameaçou de
morte na discussão. Sabendo que a referida pessoa tem fama de sempre
cumprir as ameaças que faz, dias após o entrevero, Tício o encontra em
local ermo e com baixa iluminação, momento em que percebe que o
indivíduo levou a mão à cintura, como se fosse sacar algum objeto. Sem
hesitar, ele empunha e dispara seu revólver, vindo a matar o sujeito.
Descobre depois que, na realidade, o traficante iria lhe dar de presente
uma Bíblia, pois sua intenção era tranquilizá-lo e dizer que fora
convertido à religião, não se envolvendo com qualquer prática ilícita.”
Sobre a situação hipotética em apreço, é correto afirmar que
A - amolda‐se ao conceito de legítima defesa de espécie putativa
(imaginária), posto que Tício, por erro, acreditava que seria agredido
injustamente.
B - amolda‐se ao conceito de legítima defesa de espécie autêntica (real),
uma vez que a conduta do traficante ensejou perigo que pode ser
repelido pelo agente.
C - trata‐se de descriminante putativa que afasta a antijuridicidade da
conduta perpetrada por Tício, ante ao estado de necessidade exculpante
do erro cometido.
D - trata‐se de descriminante putativa que afasta a antijuridicidade da
conduta perpetrada por Tício, ante ao estado de necessidade justificante
do erro cometido.
Resposta: letra A.
Comentários: Tício agiu em legítima defesa imaginária, pois a
situação concreta o levou a acreditar firmemente que sofreria uma
injusta agressão iminente contra sua vida. As condições levariam
qualquer pessoa a ter o mesmo pensamento.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 39 de 53 www.cdfconcursos.com.br
17 - 2015 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo - Conhecimentos
Gerais
No que diz respeito às causas de exclusão da ilicitude, é possível alegar
legítima defesa contra quem pratica conduta acobertada por uma
dirimente de culpabilidade, como, por exemplo, coação moral
irresistível.
( )Certo ( )Errado
Resposta: certo.
Comentários: em que pese o agente que age acobertado por
coação moral irresistível não cometer crime, a sua agressão é injusta
ao se olhar pelo foco do ofendido. Logo, ele poderá reagir em legítima
defesa.
18 - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
Em decorrência de um homicídio doloso praticado com o uso de arma de
fogo, policiais rodoviários federais foram comunicados de que o autor
do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja placa e
características foram informadas. O veículo foi abordado por policiais
rodoviários federais em um ponto de bloqueio montado cerca de 200 km
do local do delito e que os policiais acreditavam estar na rota de fuga
do homicida. Dada voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreendida
arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido
utilizada no crime.
Quanto ao sujeito ativo da prisão, o flagrante narrado é classificado
como obrigatório, hipótese em que a ação de prender e as eventuais
consequências físicas dela advindas em razão do uso da força se
encontram abrigadas pela excludente de ilicitude denominada exercício
regular de direito.
( ) Certo ( ) Errado
Resposta: errado.
Comentários: os policiais agem em estrito cumprimento do
dever legal, ao realizar uma prisão em flagrante, pois são obrigados
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 40 de 53 www.cdfconcursos.com.br
por lei, art. 301 do CPP.
19 - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia
O Código Penal (CP) trouxe, em seu conjunto de leis, a previsão das
excludentes de ilicitude, a saber: o estado de necessidade, a legítima
defesa e o estrito cumprimento de dever legal, além do exercício regular
do direito.
Em relação ao estrito cumprimento do dever legal, seguem-se seis
afirmações:
I - Para seu cumprimento, é indispensável o cumprimento do dever
legal;
II - Para seu cumprimento, é indispensável o cumprimento do dever
ético;
III - A prática da conduta deve ser promovida nos exatos termos da lei;
IV - A ordem da autoridade subsome a lei no cumprimento da ordem
emanada por funcionário público;
V - A boa-fé permite a extrapolação da lei para o cumprimento do dever;
VI - Hierarquia e autoridade pública são diplomas supralegais;
Marque a alternativa que contenha somente as afirmações corretas
acerca dos elementos caracterizadores do estrito cumprimento do dever
legal.
A - V e VI. B - II e III. C - I e III. D - I e VI.
E - I e IV.
Resposta: letra C.
Comentários: no ECDL, é indispensável o cumprimento do dever
dentro dos limites da lei.
20 - 2015 - PC-AC - Perito Criminal
Ângelo Asdrúbal, reconhecido mundialmente como notável lutador de
boxe, já tendo sido campeão brasileiro e vice-campeão mundial na
categoria de pesos médios ligeiros, em uma luta com Custódio na busca
pela indicação para disputa do cinturão de campeão, obedecendo
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 41 de 53 www.cdfconcursos.com.br
rigorosamente às regras do esporte lhe desfere diversos socos, os quais
vêm a causar lesões gravíssimas em seu adversário (Custódio),
ocasionando a morte. Analisando o caso proposto, pode-se afirmar que
Ângelo:
A - praticou lesões corporais culposas (culpa inconsciente).
B - praticou lesões corporais de natureza grave, em razão dos
ferimentos.
C - não será responsabilizado por ter agido em estrito cumprimento do
dever legal.
D - não será responsabilizado por ter agido em exercício regular de
direito.
E - praticou lesões corporais dolosas (dolo eventual).
Resposta: letra D.
Comentários: a luta foi realizada de acordo com os
regulamentos, estando os lutadores dentro do exercício regular do
direito. No nosso ordenamento jurídico, ele não tem a obrigação de
lutar, mas tem o direito de fazê-lo se alinhado as regras impostas.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 42 de 53 www.cdfconcursos.com.br
QUESTÕES – SEM COMENTÁRIOS
1 - 2019 - PC-ES - Assistente Social
Uma conduta ilícita é contrária ao direito. Porém pode haver conduta
típica que não seja ilícita, aparecendo as chamadas excludentes de
ilicitude. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.
A - Somente não será considerado crime quando o agente pratica o fato
em estado de necessidade e legítima defesa.
B - As excludentes de ilicitude são apenas as definidas em Lei,
especificamente determinadas pelo Código Penal, chamadas de
excludentes de ilicitude legais.
C - No estado de necessidade, aplica-se a excludente ainda que o sujeito
não tenha conhecimento de que age para salvar um bem jurídico próprio
ou alheio.
D - Pode agir em estado de necessidade aquele que possui o dever legal
de enfrentar o perigo.
E - São requisitos legais do estado de necessidade: perigo atual; ameaça
a direito próprio ou alheio; situação não causada voluntariamente pelo
sujeito; inexistência de dever legal de enfrentar o perigo.
2 - 2018 - PC-PR - Escrivão de Polícia (adapatada)
O Código Penal prevê um rol taxativo, portanto exaustivo, das causas
excludentes de ilicitude.
( ) Certo ( ) Errado
3 - 2018 - TCE-MG - Analista de Controle Externo - Direito
São causas excludentes de ilicitude
A - a embriaguez e a menoridade.
B - o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito.
C - a prescrição e o estado de necessidade.
D - o perdão judicial e a legítima defesa.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 43 de 53 www.cdfconcursos.com.br
E - o estado de necessidade e a anistia.
4 - 2018 - SETRABES - Agente Sócio-Orientador
São causas excludentes de antijuricidade, exceto:
A - legítima defesa.
B - desistência voluntária.
C - estrito cumprimento de um dever legal.
D - estado de necessidade.
E - exercício regular de um direito.
5 - 2018 - MPE-PE - Técnico Ministerial - Administrativa
Não há crime quando o agente pratica o fato:
I. Em estado de necessidade.
II. Em estado de embriaguez culposa pelo álcool.
III. Em estrito cumprimento de dever legal.
IV. No exercício regular de direito.
V. Sob o efeito de emoção ou paixão.
Está correto o que se afirma APENAS em
A - I, II e III. B - I, IV e V. C - II, III e V.
D - II, IV e V. E - I, III e IV.
6 - 2018 - Prefeitura de Caruaru - PE - Procurador do Município
NÃO há crime quando o agente pratica o fato
A - em decorrência da paixão.
B - sob violenta emoção.
C - em estado de embriaguez involuntária.
D - em estado de necessidade.
E - por erro sobre a ilicitude do fato.
7 - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8
O agente que pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 44 de 53 www.cdfconcursos.com.br
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
exigir-se, age amparado por qual causa excludente de ilicitude?
A - Legítima defesa.
B - Estado de necessidade.
C - Estrito cumprimento de dever legal.
D - Exercício regular de direito.
E - Consentimento do ofendido.
8 - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
No Direito Penal brasileiro, o chamado estado de necessidade é
A - causa de agravamento da pena.
B - causa de exclusão de ilicitude.
C - quando o agente pratica o delito para satisfazer uma necessidade
pessoal.
D - causa de perdão judicial.
E - quando o agente atua em legítima defesa.
9 - 2019 - Prefeitura de Teresina - PI - Guarda Civil Municipal
Imagine dois náufragos em alto mar disputando um único colete salva-
vidas, após um raio destruir totalmente o barco que utilizavam. Sobre
esta situação é correto afirmar que:
A - Nenhum deles pode invocar a legítima defesa contra o outro, mas
sim o estado de necessidade.
B - Caso um dos náufragos morra, o sobrevivente não cometerá crime
porque agiu no exercício regular de um direito.
C - Ocorrendo o falecimento de um deles, o sobrevivente responderá por
induzimento, instigação ou auxílio a suicídio.
D - O estrito cumprimento do dever legal é a única causa de exclusão de
ilicitude aplicada aos fatos, em caso de morte de um dos náufragos após
a disputa.
E - Eventual sobrevivente responderá pelo crime de homicídio culposo,
pois o raio causou o naufrágio.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 45 de 53 www.cdfconcursos.com.br
10 - 2018 - SEFAZ-RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2
A respeito do estado de necessidade, assinale a opção correta.
A - O estado de necessidade recíproco não é aceito no direito brasileiro.
B - O Código Penal brasileiro admite o estado de necessidade exculpante
como causa excludente de ilicitude.
C - Considera-se em estado de necessidade aquele que ofende bem
jurídico de terceiros, ainda que haja outro modo de evitar a lesão.
D - Havendo mais de um agente, o estado de necessidade de um se
estende aos demais.
E - No estado de necessidade justificante, o bem jurídico sacrificado é
de maior valor que o bem jurídico preservado.
11 - 2018 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico Nível Superior - Bacharel
em Direito
Bruna é atacada a tiros desferidos por arma de fogo por Otávio, que não
logra acertar os dois primeiros tiros. Antes de desfechar o terceiro tiro,
Bruna saca de arma que carrega em sua bolsa com autorização legal e
vem a atingir Otávio, que veio a óbito. Nesse caso, pode ser assentado
que ficou caracterizado, nos termos do Código Penal, por parte de
Bruna:
A - exercício regular de direito
B - estado de necessidade
C - arrependimento eficaz
D - legítima defesa
12 - 2018 - SEPLAG-SE - Guarda de Segurança do Sistema Prisional
Quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, age em:
A - legítima defesa.
B - estrito cumprimento de dever legal.
C - exercício regular de direito.
D - estado de necessidade.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 46 de 53 www.cdfconcursos.com.br
E - obediência hierárquica.
13 - 2018 - DPE-MA - Defensor Público
A legítima defesa
A - é meio de exclusão da ilicitude em face de qualquer injusta agressão,
desde que os bens jurídicos atacados sejam o patrimônio, a vida ou a
integridade corporal.
B - é cabível ainda que o bem agredido esteja submetido a outra forma
de especial proteção, como o proprietário que ameaça o inquilino para
que preserve o imóvel.
C - se legitima como forma de exclusão da antijuridicidade diante de
agressão injusta, entendida como aquela realizada mediante
comportamento do agressor que implique em crime doloso.
D - quando praticada em excesso, após cessada a agressão, implica em
punição na modalidade culposa.
E - exclui a antijuridicidade da conduta quando repele agressão injusta
que esteja ocorrendo ou em vias de ocorrer, desde que a ação defensiva
seja moderada e utilize os meios necessários.
14 - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia
O Código Penal, no art. 23, elenca as causas gerais ou genéricas de
exclusão da ilicitude. Sobre tais excludentes, assinale a alternativa
correta.
A - Morador não aceita que funcionário público, cumprindo ordem de
juiz competente, adentre em sua residência para realizar busca e
apreensão. Se o funcionário autorizar o arrombamento da porta e a
entrada forçada, responderá pelo crime de violação de domicílio.
B - O estrito cumprimento do dever legal é perfeitamente compatível
com os crimes dolosos e culposos.
C - Para a configuração do estado de necessidade, o bem jurídico deve
ser exposto a perigo atual ou iminente, não provocado voluntariamente
pelo agente.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 47 de 53 www.cdfconcursos.com.br
D - O reconhecimento da legítima defesa pressupõe que seja
demonstrado que o agente agiu contra agressão injusta atual ou
iminente nos limites necessários para fazer cessar tal agressão.
E - Deve responder pelo crime de constrangimento ilegal aquele que não
sendo autoridade policial prender agente em flagrante delito.
15 - 2018 - PC-MA - Investigador de Polícia
Durante o cumprimento de um mandado de prisão a determinado
indivíduo, este atirou em um investigador policial, o qual, revidando,
atingiu fatalmente o agressor.
Nessa situação hipotética, a conduta do investigador configura
A - legítima defesa própria.
B - exercício regular de direito.
C - estrito cumprimento do dever legal.
D - homicídio doloso.
E - homicídio culposo.
16 - 2015 - Prefeitura de Belo Horizonte - MG - Guarda Municipal
“Tício veio a se desentender com determinado indivíduo, conhecido
como suposto traficante na cidade de Belo Horizonte, que o ameaçou de
morte na discussão. Sabendo que a referida pessoa tem fama de sempre
cumprir as ameaças que faz, dias após o entrevero, Tício o encontra em
local ermo e com baixa iluminação, momento em que percebe que o
indivíduo levou a mão à cintura, como se fosse sacar algum objeto. Sem
hesitar, ele empunha e dispara seu revólver, vindo a matar o sujeito.
Descobre depois que, na realidade, o traficante iria lhe dar de presente
uma Bíblia, pois sua intenção era tranquilizá-lo e dizer que fora
convertido à religião, não se envolvendo com qualquer prática ilícita.”
Sobre a situação hipotética em apreço, é correto afirmar que
A - amolda‐se ao conceito de legítima defesa de espécie putativa
(imaginária), posto que Tício, por erro, acreditava que seria agredido
injustamente.
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 48 de 53 www.cdfconcursos.com.br
B - amolda‐se ao conceito de legítima defesa de espécie autêntica (real),
uma vez que a conduta do traficante ensejou perigo que pode ser
repelido pelo agente.
C - trata‐se de descriminante putativa que afasta a antijuridicidade da
conduta perpetrada por Tício, ante ao estado de necessidade exculpante
do erro cometido.
D - trata‐se de descriminante putativa que afasta a antijuridicidade da
conduta perpetrada por Tício, ante ao estado de necessidade justificante
do erro cometido.
17 - 2015 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo - Conhecimentos
Gerais
No que diz respeito às causas de exclusão da ilicitude, é possível alegar
legítima defesa contra quem pratica conduta acobertada por uma
dirimente de culpabilidade, como, por exemplo, coação moral
irresistível.
( )Certo ( )Errado
18 - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
Em decorrência de um homicídio doloso praticado com o uso de arma de
fogo, policiais rodoviários federais foram comunicados de que o autor
do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja placa e
características foram informadas. O veículo foi abordado por policiais
rodoviários federais em um ponto de bloqueio montado cerca de 200 km
do local do delito e que os policiais acreditavam estar na rota de fuga
do homicida. Dada voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreendida
arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido
utilizada no crime.
Quanto ao sujeito ativo da prisão, o flagrante narrado é classificado
como obrigatório, hipótese em que a ação de prender e as eventuais
consequências físicas dela advindas em razão do uso da força se
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 49 de 53 www.cdfconcursos.com.br
encontram abrigadas pela excludente de ilicitude denominada exercício
regular de direito.
( ) Certo ( ) Errado
19 - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia
O Código Penal (CP) trouxe, em seu conjunto de leis, a previsão das
excludentes de ilicitude, a saber: o estado de necessidade, a legítima
defesa e o estrito cumprimento de dever legal, além do exercício regular
do direito.
Em relação ao estrito cumprimento do dever legal, seguem-se seis
afirmações:
I - Para seu cumprimento, é indispensável o cumprimento do dever
legal;
II - Para seu cumprimento, é indispensável o cumprimento do dever
ético;
III - A prática da conduta deve ser promovida nos exatos termos da lei;
IV - A ordem da autoridade subsome a lei no cumprimento da ordem
emanada por funcionário público;
V - A boa-fé permite a extrapolação da lei para o cumprimento do dever;
VI - Hierarquia e autoridade pública são diplomas supralegais;
Marque a alternativa que contenha somente as afirmações corretas
acerca dos elementos caracterizadores do estrito cumprimento do dever
legal.
A - V e VI. B - II e III. C - I e III. D - I e VI.
E - I e IV.
20 - 2015 - PC-AC - Perito Criminal
Ângelo Asdrúbal, reconhecido mundialmente como notável lutador de
boxe, já tendo sido campeão brasileiro e vice-campeão mundial na
categoria de pesos médios ligeiros, em uma luta com Custódio na busca
pela indicação para disputa do cinturão de campeão, obedecendo
rigorosamente às regras do esporte lhe desfere diversos socos, os quais
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 50 de 53 www.cdfconcursos.com.br
vêm a causar lesões gravíssimas em seu adversário (Custódio),
ocasionando a morte. Analisando o caso proposto, pode-se afirmar que
Ângelo:
A - praticou lesões corporais culposas (culpa inconsciente).
B - praticou lesões corporais de natureza grave, em razão dos
ferimentos.
C - não será responsabilizado por ter agido em estrito cumprimento do
dever legal.
D - não será responsabilizado por ter agido em exercício regular de
direito.
E - praticou lesões corporais dolosas (dolo eventual).
Direito Penal
Mini Curso – Elementos do crime
Aula 2
Prof. Rodolfo Menezes 51 de 53 www.cdfconcursos.com.br
GABARITO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E E B B E D B B A D
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
D A E D A A C E C D
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
- - - - - - - - - -
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
- - - - - - - - - -
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
- - - - - - - - - -
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
- - - - - - - - - -
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
- - - - - - - - - -
71 72 73 74 75 76 77 78 79 90
- - - - - - - - - -
91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
- - - - - - - - - -
Compromisso, Dedicação e Foco
Terminamos a compreensão sobre a ilicitude e suas causas de
exclusão, criando um conhecimento sobre a disciplina que nos conduzirá
durante todo o percurso.
Esse aprendizado facilita o entendimento e a aplicação do Direito
Penal na sua essência, por isso são lembrados pelo examinador nos
concursos públicos.
Assim sendo, todos os pontos importantes foram tratados,
cabendo atenção e uma boa interpretação das questões no momento da
realização das provas.
Bons estudos e aguardo você na próxima aula!