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Direito Penal Mini Curso – Elementos do crime Aula 2 Prof. Rodolfo Menezes

Direito Penal Mini Curso Elementos do crime Aula 2 Prof. Rodolfo … · 2019-10-30 · Direito Penal Mini Curso – Elementos do crime Aula 2 Prof. Rodolfo Menezes 2 de 53 Olá! Seja

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Olá! Seja bem-vindo(a) à aula 2 do Mini Curso de Direito Penal – Elementos do crime.

Pelo portal do aluno você poderá acessar o conteúdo integral deste curso — aulas escritas e videoaulas —, bem como retirar suas dúvidas diretamente com o Professor da disciplina.

SUMÁRIO

INFORMAÇÕES INICIAIS ..................................................................................... 3

CONTEÚDO DA AULA 2 ....................................................................................... 4

1 Ilicitude .......................................................................................... 5

1.1 Estado de necessidade ............................................................... 6

1.1.1 Requisitos ......................................................................... 7

1.1.2 Formas ............................................................................. 9

1.1.3 Situações importantes ...................................................... 10

1.2 Legítima defesa ....................................................................... 11

1.2.1 Requisitos ....................................................................... 12

1.2.2 Formas ........................................................................... 13

1.2.3 Situações importantes ...................................................... 15

1.3 Estrito cumprimento de dever legal ............................................ 17

1.3.1 Requisitos ....................................................................... 17

1.3.2 Situações importantes ...................................................... 18

1.4 Exercício regular de direito ........................................................ 18

1.4.1 Requisitos ....................................................................... 19

1.4.2 Situações importantes ...................................................... 19

1.5 Consentimento do ofendido ....................................................... 20

ESQUEMAS E RESUMOS DA AULA ...................................................................... 21

QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................. 29

QUESTÕES – SEM COMENTÁRIOS ...................................................................... 42

GABARITO ...................................................................................................... 51

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INFORMAÇÕES INICIAIS

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CONTEÚDO DA AULA 2

Nesta aula, abordaremos a ilicitude e suas causas de exclusão,

enfatizando os temas mais exigidos nos editais dos concursos elaborados pelas

principais bancas examinadoras.

Padronização de siglas

- União, Estados, Distrito Federal e Municípios, respectivamente: U, E, DF e M.

- Emenda constitucional: EC.

- Constituição Federal de 1988: CF.

- Código Penal: CP.

- Código de Processo Penal: CPP.

- Código Penal Militar: CPM.

- Artigo: art.

- Supremo Tribunal Federal: STF.

- Superior Tribunal de Justiça: STJ.

- Combinado com: c.c.

- Inquérito Policial: IP.

- Legítima defesa: LD.

- Estado de necessidade: EN.

- Estrito cumprimento do dever legal: ECDL.

- Exercício regular do direito: ERD.

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1 Ilicitude

A ilicitude é a contradição entre a conduta típica e o ordenamento

jurídico. Por isso, somente será verificada a ilicitude de um fato típico.

Decorre da fase indiciária do tipo penal, para a qual uma conduta típica

a priori é ilícita, cabendo constatar, na verdade, se há uma causa de exclusão

da ilicitude, podendo ser legal (específica ou genéricas) ou supralegal. A doutrina

também as denomina de descriminantes ou justificantes.

As específicas são previstas para um crime determinado, como no art.

128 ou art. 156, §2º, ambos do CP.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:

Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento

da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

Furto de coisa comum – art. 156

§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede

a quota a que tem direito o agente.

As genéricas estão previstas no art. 23 do CP: estado de necessidade,

legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de

direito.

Exclusão de ilicitude

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade;

II - em legítima defesa;

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Além das causas legais, é possível aplicar causas supralegais de exclusão

da ilicitude, porque não se tratam de normas penais incriminadoras e nem de

analogia in malam partem. Por exemplo, o consentimento do ofendido, em um

crime de dano (art. 163 do CP), afasta a ilicitude da conduta.

Vejamos as causas legais genéricas.

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1.1 Estado de necessidade

O estado de necessidade é uma conduta facultativa praticada para

proteger um direito próprio ou alheio, cujo sacrifício não era razoável, desde que

preencha os requisitos legais. Observe que há 2 bens jurídicos em perigo e a

proteção de 1 depende da lesão ao outro, cabendo uma escolha razoável.

O Código Penal adotou a teoria unitária, pois o bem protegido deve ser

de valor igual ou superior ao sacrificado, havendo sempre a exclusão da ilicitude.

Caso o bem sacrificado seja de valor maior do que o protegido, poderá

haver a causa de diminuição de pena prevista no art. 24, §2º, do CP: de 1/3 a

2/3.

Estado de necessidade

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de

perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,

direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-

se.

§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar

o perigo.

§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá

ser reduzida de um a dois terços.

Exemplo clássico da tábua (colete) da salvação. B e C estavam em um

cruzeiro quando houve o naufrágio do navio que os transportava. A deriva no

mar e com apenas uma tábua capaz de permitir flutuação de somente uma

pessoa, B agride C até a morte, visando permitir sua sobrevivência.

Importante registrar que, por ser uma causa excludente de ilicitude,

havendo concurso de pessoas, o estado de necessidade de um se estende aos

demais colaboradores.

Causa de exclusão da ilicitude

Concurso de pessoas

Estende-se para todos

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1.1.1 Requisitos

Seguem os requisitos necessários para a aplicação do instituto.

Situação de perigo - perigo atual

- situação não provocada pela vontade dolosa do

agente.

- ameaça a direito próprio ou alheio

- inexistência de dever legal de enfrentar o perigo

Conduta lesiva - sacrifício inevitável.

- razoabilidade

Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante

a) perigo atual – “salvar de perigo atual”

A norma expressamente trata do perigo presente, que está ocorrendo.

Entretanto, também engloba o perigo iminente, que é o perigo real de dano. O

que deve ser afastado é o perigo remoto.

Ex. B invade uma casa para se proteger do ataque de um cão bravio.

Estamos diante de um perigo atual, que exclui a tipicidade do crime de violação

de domicílio.

Ex. B avistando um tornado em sua direção e ouvindo o noticiário que

confirma, invade um domicílio que tem abrigo contra tornados. Há um perigo

concreto e iminente, que também exclui a ilicitude da conduta.

b) situação não provocada pela vontade dolosa do agente – “que

não provocou por sua vontade”

O agente não pode provocar a situação e depois alegar estado de

necessidade.

Ex. B está dentro do cinema e provoca um incêndio dolosamente. Para

fugir, quebra o braço de outras duas pessoas. Como provocou dolosamente a

situação, não poderá haver a exclusão da ilicitude nas lesões corporais

provocadas durante a fuga.

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Ex. B está fumando dentro do cinema e por descuido causa um incêndio.

Para fugir, quebra o braço de outras duas pessoas. Como provocou

culposamente a situação, poderá haver a exclusão da ilicitude nas lesões

corporais provocadas durante a fuga.

c) ameaça a direito próprio ou alheio – “direito próprio ou alheio”

Qualquer bem protegido pelo ordenamento jurídico e não necessita de

autorização do terceiro para a proteção do direito alheio.

d) inexistência de dever legal de enfrentar o perigo – §1º

Havendo obrigação legal de enfrentar o perigo e sendo possível, não

caberá estado de necessidade.

Além de ser expressamente previsto no §1º, deve ser lembrado o dever

jurídico de agir.

e) sacrifício inevitável – “nem podia de outro modo evitar”

Quando não houver outro meio de proteger o bem jurídico.

Desta forma, a lesão provocada pela conduta sempre deve ser a mínima

necessária.

Ex. na fuga do cinema, B viu outra porta mais próxima e tinha plenas

condições de chegar até lá. Mesmo assim resolve ir para aquela em que teve

que lesionar duas pessoas que também tentavam a salvação. Não será aplicado

o estado de necessidade.

f) razoabilidade – “cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era

razoável exigir-se”

A conduta lesiva deve ser razoável em relação ao bem protegido.

Ex. B está dirigindo seu carro e um pedestre entra na frente

repentinamente. O motorista desvia e bate em outro carro. O dono do outro

carro sofre lesão corporal, enquanto o pedestre iria morrer se fosse atropelado.

A escolha foi razoável.

Da mesma forma, não se deve optar por matar alguém para proteger um

bem material.

O art. 24, §2º, do CP diz que, se não for razoável, poderá haver uma

diminuição de pena de 1/3 a 2/3.

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g) requisito subjetivo: conhecer a situação justificante

Para qualquer excludente de ilicitude, o autor deve saber que age com

esse propósito.

Ao contrário, se o agente quer cometer um crime e desconhece que age

em proteção de um direito próprio ou alheio de um perigo atual, responderá pelo

crime, pois tinha o dolo.

Ex. B sobe no muro e mata o cachorro do vizinho com um tiro, por ele

ter latido a noite inteira. Depois, descobre-se que naquele momento o cão estava

encurralando uma criança de 5 anos e iria estraçalha-la, mas B não sabia. A

intenção de B era produzir um dano (morte do cachorro) e não salvar o menino.

Aliás, ele nem viu o garoto.

Registre-se que está presente o direito da intenção e não do resultado,

pois a sua vontade não era a de se salvar, mas provocar um mal a outrem,

mesmo que haja uma incrível coincidência.

1.1.2 Formas

a.1) Agressivo

A agressão foi dirigida contra terceiro inocente; contra aquele que não

produziu a situação de perigo.

Ex. B, para se salvar do ataque de um cão, invade o domicílio de um

terceiro que não tem relação com a situação.

a.2) Defensivo

A agressão foi dirigida contra o provocador da situação de perigo.

Ex. B, para se salvar do incêndio no cinema, acaba pisoteando

(lesionando) uma pessoa que estava na plateia e também estava fugindo da

situação de perigo.

b.1) Próprio

Ato praticado para proteger direito do próprio autor.

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b.2) de Terceiro

Ato praticado para proteger direito de terceiro.

c.1) Real

A agressão foi para salvar um direito que sofria de um perigo real, sendo

uma forma de exclusão da ilicitude.

Exemplos anteriores.

c.2) Putativo

A situação de perigo é imaginária; não existiu de verdade, embora o

agente tinha convicção de sua existência e agiu com base nesta (art. 20, §1º,

do CP). Ou erra sobre os limites da justificante (art. 21 do CP).

É um erro, porque a justificante foi fundamentada em uma situação

inexistente, por equívoco na interpretação do contexto fático. Se este erro for

escusável (desculpável; qualquer homem médio cometeria o mesmo), excluirá

a culpabilidade. Se for inescusável (indesculpável), o agente responderá pelo

crime na modalidade culposa.

Ex. B e C estavam em um cruzeiro quando houve o naufrágio do navio

que os transportava. Quando ia pular do barco, B percebe que havia apenas um

colete salva-vidas, atacando e lesionando C, para pegar o colete. Depois,

verificasse que tinha um local próximo com diversos coletes. Se B não tinha

como saber destes outros coletes, exclusão da culpabilidade (desculpável). Se B

era marinheiro e sabia onde provavelmente teriam outros coletes, responderá

pelo resultado a título de culpa.

1.1.3 Situações importantes

a) Furto famélico

Exige prova convincente do preenchimento dos requisitos do art. 24 do

CP, devendo ser um recurso inevitável, uma ação extrema. Se a pessoa tem

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condições de exercer um trabalho honesto, mas não o faz, não opera a

excludente.

b) Porte de armas

Não adianta alegar que transita por locais perigosos, pois isso seria o

motivo de solicitar autorização à autoridade competente para portar armas e

não uma causa de estado de necessidade.

c) Dificuldades econômicas

A maioria não admite a mera alegação de miserabilidade. Desemprego,

penúria, dificuldades financeiras não caracterizam a descriminante.

d) Estado de necessidade recíproco

É possível, desde que os agentes não tenham criado a situação de perigo.

Ex. durante um incêndio em um cinema, B e C se empurram, lesionando

um ao outro, para tentar correr para a única saída de emergência. Ambos agiram

em estado de necessidade.

1.2 Legítima defesa

Fundamenta-se na impossibilidade do Estado oferecer proteção a todos,

em todos os lugares e momentos. O agredido não é obrigado a fugir do agressor,

mesmo que possa.

Legítima defesa

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios

necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.

É um fato praticado para repelir uma injusta agressão, devendo

preencher alguns requisitos, não podendo ser presumida (deve ser provada a

ocorrência).

Por fim, tem natureza jurídica de exclusão de ilicitude.

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1.2.1 Requisitos

Os requisitos dividem-se em:

Agressão - repele injusta agressão;

- atual ou iminente;

- a direito seu ou de outrem.

Reação - usando moderadamente dos meios necessários.

Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante

a) Injusta agressão

A agressão deve ser uma conduta humana, dolosa ou culposa, contrária

ao direito, podendo ser praticada até por um inimputável.

- A ação de um animal pode caracterizar estado de necessidade.

Entretanto, se estiver sendo instigado por alguém, pode gerar uma legítima

defesa contra esta pessoa, que usa o animal como um meio de execução.

- Não pode ser contra agressão justa. Ex. policial que detém um criminoso

com a intenção de prendê-lo. Não pode o criminoso alegar legítima defesa para

agredir o policial, alegando que está defendo seu direito à liberdade.

b) agressão atual ou iminente

Atual é a que está acontecendo, presente. Ex. B está sendo agredido por

C, com socos.

Iminente é a que está preste a ocorrer. Ex. B está sentado. C levanta e

diz que vai agredi-lo. B já pode agir em LD, pois o perigo é iminente.

Também, cabe registro, que não cabe LD contra atos pretéritos, pois a

injusta agressão já teria cessado.

c) a direito seu ou de outrem

A legítima defesa de outrem pode ser contra o próprio titular do bem

jurídico protegido. Ex. B imobiliza C e o leva para o hospital, pois ele estava

utilizando droga compulsivamente.

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Pode ser, inclusive, direito de uma Pessoa Jurídica.

d) reação usando moderadamente os meios necessários

Dependerá dos meios que o agente tem a sua disposição, mas sempre

deverá ser o necessário para impedir a agressão injusta.

Ex. B, pequeno e fraco, será atacado por C, lutador de UFC. B tem apenas

um revólver a sua disposição para repelir a injusta agressão, caracterizando a

legítima defesa.

Se o agente reagir com meios desnecessários, estará caracterizado o

excesso na legítima defesa. Ex. B, pequeno e fraco, vai agredir C, lutador de

UFC. C pode se defender com as mãos com muita facilidade, mas utiliza uma

arma de fogo, dando um tiro na cabeça de B. O meio utilizado caracterizou um

excesso (art. 23, parágrafo único, do CP).

Exclusão de ilicitude - Art. 23 [...]

Excesso punível - Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste

artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo

Além de ser o necessário, o uso do meio deve ser moderado, deverá ser

proporcional.

1.2.2 Formas

a.1) Agressiva

É aquela em que a reação caracteriza um fato definido como crime ou

contravenção.

Ex. B, para se defender de uma injusta agressão, provoca lesão corporal

no agressor.

a.2) Defensiva

É aquela em que a reação se limita a cessar a agressão, sem constituir

um fato típico.

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Ex. B se limita a imobilizar o agressor para não sofrer agressão, sem

lesioná-lo.

b) Própria ou de Terceiro

Dependerá de quem é o bem jurídico que está sendo protegido da

agressão.

Ex. B vê uma mulher sendo agredida e bate no agressor. Defendeu direito

de outrem (terceiro).

c.1) Real ou putativa

Putativa ou imaginária é aquela em que, por erro, o agente pensa que há

uma agressão a um bem jurídico e reage.

Ex. B está parado em um sinal vermelho, de madrugada, em local onde

ocorrem diversos roubos, quando alguém aparece repentinamente e bate no

vidro. B atira contra essa pessoa, mas ela queria apenas uma informação.

c.2) Subjetiva

É o excesso praticado na legítima defesa. Inicialmente, o agente age em

legítima defesa e faz cessar a agressão. Entretanto, por erro na análise da

situação concreta, supõe persistir a agressão injusta e excede na reação.

Legítima Defesa

Agressiva

A reaAção caracteriza um crime ou contravenção

Defensiva

A reação se limita a cessar a agressão, sem constituir um fato típico

Próprio Terceiro

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1.2.3 Situações importantes

a) legítima defesa (LD) sucessiva

Possível.

Começa no excesso de legítima defesa exercido, provocando uma

legítima defesa contra esse excesso. Ex. B dá um tiro em C, porque este estava

armado e iria mata-lo. Aproxima-se, retira a arma de C e diz que irá terminar o

serviço: matar C. C reage, quebra o braço de B e toma a arma. Neste caso, a

reação de C foi uma legítima defesa sucessiva, pois a primeira ação de B (dar

um tiro em C) foi a legítima defesa inicial.

b) legítima defesa (LD) real contra legítima defesa (LD) putativa

Possível.

Ex. em uma rua escura, B enfia a mão no bolso para pegar o celular. C,

achando que B vai pegar uma arma para atirar nele, saca seu revólver e começa

a atirar (LD putativa). B para se defender dos tiros de C, pega sua pistola que

estava nas costas e atira em C (LD real).

c) legítima defesa (LD) putativa contra legítima defesa (LD) real

Possível.

Ex. B vê C com uma arma apontando para D. B reage e atira contra C,

para cessar a agressão contra D. Entretanto, descobre-se que, na verdade, C

Legítima defesaAgressão injusta

Legítima defesa contra o excesso

Excesso na LD

Agressão imaginária LD putativaLD real

contra a LD putativa

Agressão injusta LD realLD putativa

contra a LD putativa

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estava se defendendo da injusta agressão de D. Assim, B agiu em legítima

defesa putativa contra C que estava realizando uma LD real.

d) legítima defesa (LD) real contra legítima defesa (LD) real

Não cabe a chamada LD recíproca.

Um dos requisitos é a agressão injusta.

Ex. B está sendo agredido por C. B vai se defender e agride C. B está

agindo em LD real contra C. Não pode C, que praticou a agressão injusta, alegar

que passou a agir em LD real.

Este mesmo raciocínio deve ser utilizado para todas as demais

excludentes de ilicitude reais, pois não haveria agressão injusta ao agir em

legítima defesa. Assim, não há LD real contra qualquer excludente de ilicitude.

Não cabe contra estado de necessidade, exercício regular do direito e

nem estrito cumprimento do dever legal.

e) legítima defesa (LD) real contra excludente de culpabilidade

real

Possível.

Embora o agente que está acobertado por uma excludente de

culpabilidade, como por exemplo inimputabilidade ou coação moral irresistível,

não comete crime (para a teoria tripartida), sua conduta é uma agressão injusta

sob o enfoque daquele que se defende.

Ex. B, sob coação moral irresistível, vai ao encontro de C para mata-lo.

C reage e acaba lesionando B. Neste caso, C agiu em LD de sua vida, pois a

agressão não deveria ser suportada, independentemente se B agiu sob uma

excludente de culpabilidade.

Agressão injusta LD real LD real

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Estado de Necessidade Legítima Defesa

Conflito entre bens jurídicos. Repulsa a uma agressão injusta.

Bem jurídico exposto ao perigo. Direito sofre uma agressão atual ou

iminente.

O perigo pode vir ou não de conduta

humana.

A agressão advém de conduta

humana.

A conduta defensiva pode ser dirigida

contra terceiro inocente.

A conduta defensiva somente pode ser

dirigida contra o agressor.

A agressão sofrida não precisa ser

injusta.

Ex. dois náufragos e 1 boia.

Nenhuma das agressões é injusta.

A agressão sofrida tem que ser

injusta.

1.3 Estrito cumprimento de dever legal

O direito não pode impor um comportamento e ao mesmo tempo

incriminar este comportamento; não pode ser contraditório. Por isso, tem

natureza jurídica de excludente de ilicitude.

O agente está cumprindo uma lei, por isso não pratica uma conduta ilícita.

É o caso dos servidores públicos no exercício de suas funções, que agem de

acordo com o ordenamento jurídico.

Ex. o oficial de justiça que realiza uma busca e apreensão determinada

judicialmente.

Ex. o policial que prende um criminoso em flagrante delito.

1.3.1 Requisitos

Os requisitos dividem-se em:

Estrito cumprimento - o agente deve manter-se nos limites da lei.

Dever legal - o dever deve ser previsto no ordenamento jurídico.

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Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante.

O dever legal deve ser direta ou indiretamente derivado da lei, previsto

no ordenamento jurídico. Não está relacionado com deveres morais, sociais ou

religiosos.

Ex. Pode resultar de um decreto, lei, portaria, sentença judicial...

Ex. o carrasco, que executa a pena de morte, está cumprindo seu dever

legal. Não pode torturar o condenado, porque sairia do estrito cumprimento.

1.3.2 Situações importantes

a) há leis, como o Estatuto da OAB, que impõe o sigilo profissional.

Ex. o psicólogo/advogado/médico que é chamado para testemunhar

contra seus clientes, em assuntos relacionados as suas atividades profissionais,

não praticaram o crime de falso testemunho, pois estão amparados pelo estrito

cumprimento do dever legal (ECDL).

b) a excludente é aplicada a todos os envolvidos no cumprimento do

dever legal, sejam funcionários públicos ou particulares.

É a comunicabilidade do ECDL. Reconhecida para o autor, também será

estendida ao partícipe e todos os demais.

Ex. um policial, ao cumprir um mandado de busca e apreensão em uma

casa, solicita ajuda de um particular. Caso aconteça a aplicação desta

excludente, será para ambos.

c) quando um policial mata um criminoso em uma troca de tiros, ele não

agiu no ECDL, e sim em legítima defesa.

1.4 Exercício regular de direito

Também tem natureza de excludente de ilicitude e consiste no exercício

de uma prerrogativa conferida pelo ordenamento jurídico.

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A norma não pode permitir e ao mesmo tempo incriminar.

Ex. prisão em flagrante feita por particular. Ele não tem o dever, mas

pode exercer o direito previsto no direito penal.

Ex. lesões corporais ocorridas na prática de lutas permitidas no

ordenamento legal (boxe, artes marciais, UFC etc). Como são permitidas, aplica-

se esta justificante. Tanto as lesões previstas pelas regras do esporte, como

aquelas decorrentes do desdobramento natural e previsível do jogo, não

constituem fato típico. Estamos diante de um risco permitido e tolerado na

prática de determinados esportes.

Existem casos previstos para determinados crimes, veja.

Ex. art. 142, I do CP – não constitui injúria ou difamação punível.

Ex. art. 146, §3º, II - coação para evitar o suicídio

1.4.1 Requisitos

Os requisitos dividem-se em:

Exercício de direito - o agente pode exercer seu direito previsto no

ordenamento jurídico.

Regular - dentro dos limites da norma.

Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante.

O direito a ser exercido deve estar previsto em lei, não sendo possível

aplicar a justificante nos casos de direitos advindos dos costumes.

O agente deve exercer seu direito dentro dos limites estabelecidos no

ordenamento, para não haver excessos (art. 23, parágrafo único, CP).

1.4.2 Situações importantes

a) Ofendículos ou defesa mecânica predisposta

A colocação de aparelhos para proteção da propriedade e da vida é uma

forma de exercício regular do direito, desde que esteja dentro dos parâmetros

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permitidos por lei.

Ex. colocação de caco de vidro no muro, concertina, cerca elétrica.

Observe que existe uma razoabilidade no emprego destes meios, como a

altura mínima de início, a voltagem da cerca elétrica e a instalação em pontos

visíveis.

A doutrina entende que ao ser acionado durante uma agressão ao bem

jurídico, caracterizar-se-á a legítima defesa.

Ao contrário, se forem colocados de forma oculta, passam a ser

armadilhas, caracterizando um excesso.

1.5 Consentimento do ofendido

Pode ser uma causa supralegal de exclusão da ilicitude, devendo atender

os requisitos abaixo.

Ex. fazer uma tatuagem. O consentimento retira o caráter criminoso da

lesão corporal. Deve ser válido, voluntário, bem jurídico disponível,

contemporâneo e emanado de alguém capaz.

a) consentimento deve ser válido

O consentimento dever ser emanado voluntária e livremente.

b) bem jurídico disponível

A pessoa deverá consentir nos casos em o bem é disponível, como o

patrimônio. A vida, por exemplo, é um bem indisponível, não podendo ser objeto

de consentimento.

c) contemporaneidade do consentimento

Também, deve ser prévio ou durante à prática da conduta, para não

caracterizar um perdão. Nunca depois.

d) capacidade de consentimento da vítima

Apenas os imputáveis podem consentir.

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ESQUEMAS E RESUMOS DA AULA

Ilicitude

Somente será verificada a ilicitude de um fato típico.

Fase indiciária do tipo penal.

Verificar se há uma causa de exclusão da ilicitude (descriminantes ou

justificantes).

1.1 Estado de necessidade

É uma conduta facultativa, praticada para proteger um direito próprio ou

alheio, cujo sacrifício não era razoável, desde que preencha os requisitos legais.

Causas de exclusão da ilicitude

legal

Genéricas

art. 23

Específica

previstas para um crime determinado, como no art. 128 ou art. 156, §2º, ambos do CP.

Supralegal

Por exemplo, o consentimento do ofendido, em um crime de

dano (art. 163 do CP)

Conduta típica

Ordenamento

jurídico

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O CP adotou a teoria unitária, pois o bem protegido deve ser de valor igual

ou superior ao sacrificado, havendo sempre a exclusão da ilicitude.

Caso o bem sacrificado seja de valor maior do que o protegido, poderá

haver a causa de diminuição de pena prevista no art. 24, §2º, do CP: de 1/3 a

2/3.

Requisitos

Situação

de perigo

- perigo atual.

- situação não provocada pela vontade dolosa do agente.

- ameaça a direito próprio ou alheio.

- inexistência de dever legal de enfrentar o perigo.

Conduta lesiva - sacrifício inevitável.

- razoabilidade.

Requisito

subjetivo

- conhecimento da situação justificante.

Formas

Estado de Necessidade

Agressivo

Contra quem não produziu o resultado

Defensivo

Situação de perigo é imaginária; não existiu

de verdade

Próprio Terceiro

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Estado de necessidade putativo

A situação de perigo é imaginária; não existiu de verdade, embora o agente

tinha convicção de sua existência e agiu com base nesta (art. 20, §1º, do CP).

Ou erra sobre os limites da justificante (art. 21 do CP).

Erro >> justificante foi fundamentada em uma situação inexistente, por

equívoco na interpretação do contexto fático.

Ex. B e C estavam em um cruzeiro quando houve o naufrágio do navio que

os transportava. Quando ia pular do barco, B percebe que havia apenas um

colete salva-vidas, atacando e lesionando C, para pegar o colete. Depois,

verificasse que tinha um local próximo com diversos coletes. Se B não tinha

como saber destes outros coletes, exclusão da culpabilidade (desculpável). Se B

era marinheiro e sabia onde provavelmente teriam outros coletes, responderá

pelo resultado a título de culpa.

Legítima defesa

Fundamento: impossibilidade do Estado oferecer proteção a todos, em

todos os lugares e momentos.

O agredido não é obrigado a fugir do agressor.

É um fato praticado para repelir uma injusta agressão, devendo preencher

alguns requisitos, não podendo ser presumida (deve ser provada a ocorrência).

Estado de Necessidade

Real

Salvar um direito que sofria perigo real

Putativo

Situação de perigo é imaginária; não existiu de verdade

Erro

Escusável (desculpável; qualquer homem médio cometeria o mesmo).

excluirá a culpabilidade

Inescusável(indesculpável).

o agente responderá pelo crime na modalidade

culposa.

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Requisitos

Agressão - repele injusta agressão;

- atual ou iminente;

- a direito seu ou de outrem.

Reação - usando moderadamente dos meios necessários.

Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante

Formas

Natureza jurídica

Exclusão da ilicitude

Legítima Defesa

Agressiva

reação caracteriza um crime ou contravenção

Defensiva

a reação se limita a cessar a agressão, sem constituir um fato típico

Próprio Terceiro

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Situações importantes

a) legítima defesa (LD) sucessiva

Possível.

b) legítima defesa (LD) real contra legítima defesa (LD) putativa

Possível.

c) legítima defesa (LD) putativa contra legítima defesa (LD) real

Possível.

d) legítima defesa (LD) real contra legítima defesa (LD) real

Não cabe a chamada LD recíproca.

Legítima Defesa

Real

Sofria agressão real

Putativa

Situação de perigo é imaginária; não existiu de

verdade

Subjetiva

É o excesso praticado na legítima defesa

Legítima defesaAgressão injusta

Legítima defesa contra o excesso

Excesso na LD

Agressão imaginária LD putativaLD real

contra a LD putativa

Agressão injusta LD realLD putativa

contra a LD putativa

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Um dos requisitos é a agressão injusta.

Este mesmo raciocínio deve ser utilizado para LD real contra todas as

demais excludentes de ilicitude reais, pois não haveria agressão injusta, após a

1ª LD real, a justificar uma legítima defesa.

Assim, não há LD real contra qualquer excludente de ilicitude.

Estrito cumprimento de dever legal (ECDL)

O direito não pode ser contraditório.

Natureza jurídica de excludente de ilicitude.

O agente está cumprindo uma lei, por isso não pratica uma conduta ilícita.

É o caso dos servidores públicos no exercício de suas funções, que agem de

acordo com o ordenamento jurídico.

Requisitos

Estrito cumprimento - o agente deve ser manter nos limites da lei.

Dever legal - o dever deve ser previsto no ordenamento jurídico.

Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante.

Agressão injusta LD real LD real

Estado de Necessidade Legítima Defesa

Conflito entre bens jurídicos. Repulsa a uma agressão injusta.

Bem jurídico exposto ao perigo. Direito sofre uma agressão atual ou

iminente.

O perigo pode vir ou não de conduta humana.

A agressão advém de conduta humana.

A conduta defensiva pode ser dirigida contra terceiro inocente.

A conduta defensiva somente pode ser dirigida contra o agressor.

A agressão sofrida não precisa ser

injusta. Ex. dois náufragos e 1 boia. Nenhuma

das agressões é injusta.

A agressão sofrida tem que ser

injusta.

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O dever legal deve ser direta ou indiretamente derivado da lei, previsto no

ordenamento jurídico. Não está relacionado com deveres morais, sociais ou

religiosos.

Exercício regular de direito

Natureza de excludente de ilicitude

Exercício de uma prerrogativa conferida pelo ordenamento jurídico.

A norma não pode permitir e ao mesmo tempo incriminar.

Existem casos previstos para determinados crimes, como:

Ex. art. 142, I do CP – não constitui injúria ou difamação punível.

Ex. art. 146, §3º, II - coação para evitar o suicídio.

Requisitos

Exercício de direito - o agente pode exercer seu direito revisto no ordenamento jurídico.

Regular - dentro dos limites da norma.

Requisito subjetivo - conhecimento da situação justificante.

O direito a ser exercido deve estar previsto em lei, não sendo possível

aplicar a justificante nos casos de direitos advindos dos costumes.

O agente deve exercer seu direito dentro dos limites estabelecidos no

ordenamento, para não haver excessos (art. 23, parágrafo único, CP).

Consentimento do ofendido

Pode ser uma causa supralegal de exclusão da ilicitude, devendo

atender os requisitos abaixo.

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Requisitos

a) consentimento deve ser válido. O consentimento dever ser emanado voluntária e livremente.

b) bem jurídico disponível. A pessoa deverá consentir nos casos em o bem é disponível, como o patrimônio. A vida, por exemplo, é um bem indisponível, não podendo ser objeto de consentimento.

c) contemporaneidade do consentimento. Também, deve ser prévio ou durante à prática da conduta, para não caracterizar um perdão. Nunca depois.

d) capacidade de consentimento da vítima. Apenas os imputáveis podem consentir.

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QUESTÕES COMENTADAS

Escolhi 20 questões de diferentes bancas de concursos, sobre os assuntos

tratados na parte teórica desta aula, visando a compreensão de como os

examinadores preparam os enunciados sobre os temas e a forma mais adequada

de interpretar as assertivas.

Referem-se a cargos distintos, demonstrando que os assuntos são

cobrados nos diversos níveis de concursos. Algumas vezes com graus diferentes

de compreensão, mas com a mesma base de conhecimento.

Neste capítulo, as questões são comentadas, para auxiliar no

entendimento. Caso deseje resolver as questões sem acompanhar os

comentários, siga para o próximo capítulo, questões – sem comentários, e utilize

o gabarito para conferir as respostas.

Assim, chegou o momento para fixar o conteúdo da aula e treinar o que

foi aprendido.

“Sem treino, não há talento que faça milagre”

Germana Facundo

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1 - 2019 - PC-ES - Assistente Social

Uma conduta ilícita é contrária ao direito. Porém pode haver conduta

típica que não seja ilícita, aparecendo as chamadas excludentes de

ilicitude. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.

A - Somente não será considerado crime quando o agente pratica o fato

em estado de necessidade e legítima defesa.

B - As excludentes de ilicitude são apenas as definidas em Lei,

especificamente determinadas pelo Código Penal, chamadas de

excludentes de ilicitude legais.

C - No estado de necessidade, aplica-se a excludente ainda que o sujeito

não tenha conhecimento de que age para salvar um bem jurídico próprio

ou alheio.

D - Pode agir em estado de necessidade aquele que possui o dever legal

de enfrentar o perigo.

E - São requisitos legais do estado de necessidade: perigo atual; ameaça

a direito próprio ou alheio; situação não causada voluntariamente pelo

sujeito; inexistência de dever legal de enfrentar o perigo.

Resposta: letra E.

Comentários:

A - o art. 23 do CP prevê 4 causas genéricas: estado de

necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou

exercício regular de direito.

B - além das causas legais, é possível aplicar causas supralegais

de exclusão da ilicitude, como o consentimento do ofendido.

C - o agente tem que ter consciência que está agindo em EN.

D – quem tem obrigação legal de enfrentar o perigo não pode

alegar EN.

2 - 2018 - PC-PR - Escrivão de Polícia (adapatada)

O Código Penal prevê um rol taxativo, portanto exaustivo, das causas

excludentes de ilicitude.

( ) Certo ( ) Errado

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Resposta: errado.

Comentários: além das causas legais, é possível aplicar causas

supralegais de exclusão da ilicitude, como o consentimento do

ofendido.

3 - 2018 - TCE-MG - Analista de Controle Externo - Direito

São causas excludentes de ilicitude

A - a embriaguez e a menoridade.

B - o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito.

C - a prescrição e o estado de necessidade.

D - o perdão judicial e a legítima defesa.

E - o estado de necessidade e a anistia.

Resposta: letra B.

Comentários: art. 23 do CP: EN, LD, ECDL e ERD.

4 - 2018 - SETRABES - Agente Sócio-Orientador

São causas excludentes de antijuricidade, exceto:

A - legítima defesa.

B - desistência voluntária.

C - estrito cumprimento de um dever legal.

D - estado de necessidade.

E - exercício regular de um direito.

Resposta: letra B.

Comentários: art. 23 do CP: EN, LD, ECDL e ERD.

5 - 2018 - MPE-PE - Técnico Ministerial - Administrativa

Não há crime quando o agente pratica o fato:

I. Em estado de necessidade.

II. Em estado de embriaguez culposa pelo álcool.

III. Em estrito cumprimento de dever legal.

IV. No exercício regular de direito.

V. Sob o efeito de emoção ou paixão.

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Está correto o que se afirma APENAS em

A - I, II e III. B - I, IV e V. C - II, III e V.

D - II, IV e V. E - I, III e IV.

Resposta: letra E.

Comentários: os itens II e V estão ligados à culpabilidade,

devendo ser observado o art. 28, I e II, do CP.

“Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou

a paixão; II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou

substância de efeitos análogos.”

6 - 2018 - Prefeitura de Caruaru - PE - Procurador do Município

NÃO há crime quando o agente pratica o fato

A - em decorrência da paixão.

B - sob violenta emoção.

C - em estado de embriaguez involuntária.

D - em estado de necessidade.

E - por erro sobre a ilicitude do fato.

Resposta: letra D.

Comentários: apenas a letra D é uma causa de exclusão da

ilicitude, prevista no art. 23 do CP: Não há crime quando o agente

pratica o fato: EN, LD, ECDL e ERD.

7 - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8

O agente que pratica o fato para salvar de perigo atual, que não

provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito

próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável

exigir-se, age amparado por qual causa excludente de ilicitude?

A - Legítima defesa.

B - Estado de necessidade.

C - Estrito cumprimento de dever legal.

D - Exercício regular de direito.

E - Consentimento do ofendido.

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Resposta: letra B.

Comentários: art. 24 do CP. Refere-se ao Estado de

Necessidade justificante.

8 - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

No Direito Penal brasileiro, o chamado estado de necessidade é

A - causa de agravamento da pena.

B - causa de exclusão de ilicitude.

C - quando o agente pratica o delito para satisfazer uma necessidade

pessoal.

D - causa de perdão judicial.

E - quando o agente atua em legítima defesa.

Resposta: letra B.

Comentários: o EN é uma causa de exclusão da ilicitude, com

previsão no art. 23 do CP.

9 - 2019 - Prefeitura de Teresina - PI - Guarda Civil Municipal

Imagine dois náufragos em alto mar disputando um único colete salva-

vidas, após um raio destruir totalmente o barco que utilizavam. Sobre

esta situação é correto afirmar que:

A - Nenhum deles pode invocar a legítima defesa contra o outro, mas

sim o estado de necessidade.

B - Caso um dos náufragos morra, o sobrevivente não cometerá crime

porque agiu no exercício regular de um direito.

C - Ocorrendo o falecimento de um deles, o sobrevivente responderá por

induzimento, instigação ou auxílio a suicídio.

D - O estrito cumprimento do dever legal é a única causa de exclusão de

ilicitude aplicada aos fatos, em caso de morte de um dos náufragos após

a disputa.

E - Eventual sobrevivente responderá pelo crime de homicídio culposo,

pois o raio causou o naufrágio.

Resposta: letra A.

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Comentários: não há injusta agressão e sim um fato praticado

em estado de necessidade, para salvar de perigo atual a vida, devendo

ser observado os requisitos constantes no art. 24 do CP.

10 - 2018 - SEFAZ-RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2

A respeito do estado de necessidade, assinale a opção correta.

A - O estado de necessidade recíproco não é aceito no direito brasileiro.

B - O Código Penal brasileiro admite o estado de necessidade exculpante

como causa excludente de ilicitude.

C - Considera-se em estado de necessidade aquele que ofende bem

jurídico de terceiros, ainda que haja outro modo de evitar a lesão.

D - Havendo mais de um agente, o estado de necessidade de um se

estende aos demais.

E - No estado de necessidade justificante, o bem jurídico sacrificado é

de maior valor que o bem jurídico preservado.

Resposta: letra D.

Comentários:

A - é possível estado de necessidade recíproco, desde que os

agentes não tenham criado a situação de perigo.

B – o EN exculpante é causa de exclusão da culpabilidade.

C – não caracteriza o EN se havia outro modo de evitar o perigo.

D – correta.

E – o EN justificante trata do sacrifício de bem jurídico de igual

ou menor valor. Se o bem sacrificado for de valor maior, poderá

caracterizar uma causa de diminuição de pena.

11 - 2018 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico Nível Superior - Bacharel

em Direito

Bruna é atacada a tiros desferidos por arma de fogo por Otávio, que não

logra acertar os dois primeiros tiros. Antes de desfechar o terceiro tiro,

Bruna saca de arma que carrega em sua bolsa com autorização legal e

vem a atingir Otávio, que veio a óbito. Nesse caso, pode ser assentado

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que ficou caracterizado, nos termos do Código Penal, por parte de

Bruna:

A - exercício regular de direito

B - estado de necessidade

C - arrependimento eficaz

D - legítima defesa

Resposta: letra D.

Comentários: ela usou os meios necessários e quem estavam

ao seu alcance para repelir a injusta tentativa de homicídio, dentro dos

requisitos necessários para caracterizar tal conduta.

12 - 2018 - SEPLAG-SE - Guarda de Segurança do Sistema Prisional

Quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta

agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, age em:

A - legítima defesa.

B - estrito cumprimento de dever legal.

C - exercício regular de direito.

D - estado de necessidade.

E - obediência hierárquica.

Resposta: letra A.

Comentários: requisitos da LD previstos no art. 25 do CP.

13 - 2018 - DPE-MA - Defensor Público

A legítima defesa

A - é meio de exclusão da ilicitude em face de qualquer injusta agressão,

desde que os bens jurídicos atacados sejam o patrimônio, a vida ou a

integridade corporal.

B - é cabível ainda que o bem agredido esteja submetido a outra forma

de especial proteção, como o proprietário que ameaça o inquilino para

que preserve o imóvel.

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C - se legitima como forma de exclusão da antijuridicidade diante de

agressão injusta, entendida como aquela realizada mediante

comportamento do agressor que implique em crime doloso.

D - quando praticada em excesso, após cessada a agressão, implica em

punição na modalidade culposa.

E - exclui a antijuridicidade da conduta quando repele agressão injusta

que esteja ocorrendo ou em vias de ocorrer, desde que a ação defensiva

seja moderada e utilize os meios necessários.

Resposta: letra E.

Comentários:

A – não há seleção de bens jurídicos, podendo ser aplicada em

qualquer crime, desde que presentes os requisitos.

B – os meios devem ser moderados e necessários, ou seja, se

há outros meios possíveis no ordenamento jurídico, não pode o agente

alegar a LD. No caso, o proprietário deveria se socorrer no direito civil.

C – a injusta agressão pode ser caracterizada como crime

doloso ou culposo, como uma agressão decorrente de erro na avaliação

da situação fática.

D – o agente responderá pelo excesso doloso ou culposo. Art.

23, parágrafo único, do CP.

14 - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia

O Código Penal, no art. 23, elenca as causas gerais ou genéricas de

exclusão da ilicitude. Sobre tais excludentes, assinale a alternativa

correta.

A - Morador não aceita que funcionário público, cumprindo ordem de

juiz competente, adentre em sua residência para realizar busca e

apreensão. Se o funcionário autorizar o arrombamento da porta e a

entrada forçada, responderá pelo crime de violação de domicílio.

B - O estrito cumprimento do dever legal é perfeitamente compatível

com os crimes dolosos e culposos.

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C - Para a configuração do estado de necessidade, o bem jurídico deve

ser exposto a perigo atual ou iminente, não provocado voluntariamente

pelo agente.

D - O reconhecimento da legítima defesa pressupõe que seja

demonstrado que o agente agiu contra agressão injusta atual ou

iminente nos limites necessários para fazer cessar tal agressão.

E - Deve responder pelo crime de constrangimento ilegal aquele que não

sendo autoridade policial prender agente em flagrante delito.

Resposta: letra D.

Comentários:

A – o funcionário público não responderá por crime se agir

dentro dos requisitos da lei, pois age em ECDL.

B – ... com os crimes dolosos, pois a pessoa deve saber que age

em ECDL.

C – o art. 24 do CP fala apenas em perigo atual.

D – correta.

E – a prisão em flagrante facultativa pode ser realizada por

qualquer pessoa, sendo um exercício regular do direito.

15 - 2018 - PC-MA - Investigador de Polícia

Durante o cumprimento de um mandado de prisão a determinado

indivíduo, este atirou em um investigador policial, o qual, revidando,

atingiu fatalmente o agressor.

Nessa situação hipotética, a conduta do investigador configura

A - legítima defesa própria.

B - exercício regular de direito.

C - estrito cumprimento do dever legal.

D - homicídio doloso.

E - homicídio culposo.

Resposta: letra A.

Comentários: o investigador reagiu a uma injusta agressão

atual para proteger sua vida, caracterizando uma legítima defesa.

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16 - 2015 - Prefeitura de Belo Horizonte - MG - Guarda Municipal

“Tício veio a se desentender com determinado indivíduo, conhecido

como suposto traficante na cidade de Belo Horizonte, que o ameaçou de

morte na discussão. Sabendo que a referida pessoa tem fama de sempre

cumprir as ameaças que faz, dias após o entrevero, Tício o encontra em

local ermo e com baixa iluminação, momento em que percebe que o

indivíduo levou a mão à cintura, como se fosse sacar algum objeto. Sem

hesitar, ele empunha e dispara seu revólver, vindo a matar o sujeito.

Descobre depois que, na realidade, o traficante iria lhe dar de presente

uma Bíblia, pois sua intenção era tranquilizá-lo e dizer que fora

convertido à religião, não se envolvendo com qualquer prática ilícita.”

Sobre a situação hipotética em apreço, é correto afirmar que

A - amolda‐se ao conceito de legítima defesa de espécie putativa

(imaginária), posto que Tício, por erro, acreditava que seria agredido

injustamente.

B - amolda‐se ao conceito de legítima defesa de espécie autêntica (real),

uma vez que a conduta do traficante ensejou perigo que pode ser

repelido pelo agente.

C - trata‐se de descriminante putativa que afasta a antijuridicidade da

conduta perpetrada por Tício, ante ao estado de necessidade exculpante

do erro cometido.

D - trata‐se de descriminante putativa que afasta a antijuridicidade da

conduta perpetrada por Tício, ante ao estado de necessidade justificante

do erro cometido.

Resposta: letra A.

Comentários: Tício agiu em legítima defesa imaginária, pois a

situação concreta o levou a acreditar firmemente que sofreria uma

injusta agressão iminente contra sua vida. As condições levariam

qualquer pessoa a ter o mesmo pensamento.

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17 - 2015 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo - Conhecimentos

Gerais

No que diz respeito às causas de exclusão da ilicitude, é possível alegar

legítima defesa contra quem pratica conduta acobertada por uma

dirimente de culpabilidade, como, por exemplo, coação moral

irresistível.

( )Certo ( )Errado

Resposta: certo.

Comentários: em que pese o agente que age acobertado por

coação moral irresistível não cometer crime, a sua agressão é injusta

ao se olhar pelo foco do ofendido. Logo, ele poderá reagir em legítima

defesa.

18 - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal

Em decorrência de um homicídio doloso praticado com o uso de arma de

fogo, policiais rodoviários federais foram comunicados de que o autor

do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja placa e

características foram informadas. O veículo foi abordado por policiais

rodoviários federais em um ponto de bloqueio montado cerca de 200 km

do local do delito e que os policiais acreditavam estar na rota de fuga

do homicida. Dada voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreendida

arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido

utilizada no crime.

Quanto ao sujeito ativo da prisão, o flagrante narrado é classificado

como obrigatório, hipótese em que a ação de prender e as eventuais

consequências físicas dela advindas em razão do uso da força se

encontram abrigadas pela excludente de ilicitude denominada exercício

regular de direito.

( ) Certo ( ) Errado

Resposta: errado.

Comentários: os policiais agem em estrito cumprimento do

dever legal, ao realizar uma prisão em flagrante, pois são obrigados

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por lei, art. 301 do CPP.

19 - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia

O Código Penal (CP) trouxe, em seu conjunto de leis, a previsão das

excludentes de ilicitude, a saber: o estado de necessidade, a legítima

defesa e o estrito cumprimento de dever legal, além do exercício regular

do direito.

Em relação ao estrito cumprimento do dever legal, seguem-se seis

afirmações:

I - Para seu cumprimento, é indispensável o cumprimento do dever

legal;

II - Para seu cumprimento, é indispensável o cumprimento do dever

ético;

III - A prática da conduta deve ser promovida nos exatos termos da lei;

IV - A ordem da autoridade subsome a lei no cumprimento da ordem

emanada por funcionário público;

V - A boa-fé permite a extrapolação da lei para o cumprimento do dever;

VI - Hierarquia e autoridade pública são diplomas supralegais;

Marque a alternativa que contenha somente as afirmações corretas

acerca dos elementos caracterizadores do estrito cumprimento do dever

legal.

A - V e VI. B - II e III. C - I e III. D - I e VI.

E - I e IV.

Resposta: letra C.

Comentários: no ECDL, é indispensável o cumprimento do dever

dentro dos limites da lei.

20 - 2015 - PC-AC - Perito Criminal

Ângelo Asdrúbal, reconhecido mundialmente como notável lutador de

boxe, já tendo sido campeão brasileiro e vice-campeão mundial na

categoria de pesos médios ligeiros, em uma luta com Custódio na busca

pela indicação para disputa do cinturão de campeão, obedecendo

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rigorosamente às regras do esporte lhe desfere diversos socos, os quais

vêm a causar lesões gravíssimas em seu adversário (Custódio),

ocasionando a morte. Analisando o caso proposto, pode-se afirmar que

Ângelo:

A - praticou lesões corporais culposas (culpa inconsciente).

B - praticou lesões corporais de natureza grave, em razão dos

ferimentos.

C - não será responsabilizado por ter agido em estrito cumprimento do

dever legal.

D - não será responsabilizado por ter agido em exercício regular de

direito.

E - praticou lesões corporais dolosas (dolo eventual).

Resposta: letra D.

Comentários: a luta foi realizada de acordo com os

regulamentos, estando os lutadores dentro do exercício regular do

direito. No nosso ordenamento jurídico, ele não tem a obrigação de

lutar, mas tem o direito de fazê-lo se alinhado as regras impostas.

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QUESTÕES – SEM COMENTÁRIOS

1 - 2019 - PC-ES - Assistente Social

Uma conduta ilícita é contrária ao direito. Porém pode haver conduta

típica que não seja ilícita, aparecendo as chamadas excludentes de

ilicitude. Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta.

A - Somente não será considerado crime quando o agente pratica o fato

em estado de necessidade e legítima defesa.

B - As excludentes de ilicitude são apenas as definidas em Lei,

especificamente determinadas pelo Código Penal, chamadas de

excludentes de ilicitude legais.

C - No estado de necessidade, aplica-se a excludente ainda que o sujeito

não tenha conhecimento de que age para salvar um bem jurídico próprio

ou alheio.

D - Pode agir em estado de necessidade aquele que possui o dever legal

de enfrentar o perigo.

E - São requisitos legais do estado de necessidade: perigo atual; ameaça

a direito próprio ou alheio; situação não causada voluntariamente pelo

sujeito; inexistência de dever legal de enfrentar o perigo.

2 - 2018 - PC-PR - Escrivão de Polícia (adapatada)

O Código Penal prevê um rol taxativo, portanto exaustivo, das causas

excludentes de ilicitude.

( ) Certo ( ) Errado

3 - 2018 - TCE-MG - Analista de Controle Externo - Direito

São causas excludentes de ilicitude

A - a embriaguez e a menoridade.

B - o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito.

C - a prescrição e o estado de necessidade.

D - o perdão judicial e a legítima defesa.

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E - o estado de necessidade e a anistia.

4 - 2018 - SETRABES - Agente Sócio-Orientador

São causas excludentes de antijuricidade, exceto:

A - legítima defesa.

B - desistência voluntária.

C - estrito cumprimento de um dever legal.

D - estado de necessidade.

E - exercício regular de um direito.

5 - 2018 - MPE-PE - Técnico Ministerial - Administrativa

Não há crime quando o agente pratica o fato:

I. Em estado de necessidade.

II. Em estado de embriaguez culposa pelo álcool.

III. Em estrito cumprimento de dever legal.

IV. No exercício regular de direito.

V. Sob o efeito de emoção ou paixão.

Está correto o que se afirma APENAS em

A - I, II e III. B - I, IV e V. C - II, III e V.

D - II, IV e V. E - I, III e IV.

6 - 2018 - Prefeitura de Caruaru - PE - Procurador do Município

NÃO há crime quando o agente pratica o fato

A - em decorrência da paixão.

B - sob violenta emoção.

C - em estado de embriaguez involuntária.

D - em estado de necessidade.

E - por erro sobre a ilicitude do fato.

7 - 2019 - PC-ES - Perito Oficial Criminal - Área 8

O agente que pratica o fato para salvar de perigo atual, que não

provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito

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próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável

exigir-se, age amparado por qual causa excludente de ilicitude?

A - Legítima defesa.

B - Estado de necessidade.

C - Estrito cumprimento de dever legal.

D - Exercício regular de direito.

E - Consentimento do ofendido.

8 - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

No Direito Penal brasileiro, o chamado estado de necessidade é

A - causa de agravamento da pena.

B - causa de exclusão de ilicitude.

C - quando o agente pratica o delito para satisfazer uma necessidade

pessoal.

D - causa de perdão judicial.

E - quando o agente atua em legítima defesa.

9 - 2019 - Prefeitura de Teresina - PI - Guarda Civil Municipal

Imagine dois náufragos em alto mar disputando um único colete salva-

vidas, após um raio destruir totalmente o barco que utilizavam. Sobre

esta situação é correto afirmar que:

A - Nenhum deles pode invocar a legítima defesa contra o outro, mas

sim o estado de necessidade.

B - Caso um dos náufragos morra, o sobrevivente não cometerá crime

porque agiu no exercício regular de um direito.

C - Ocorrendo o falecimento de um deles, o sobrevivente responderá por

induzimento, instigação ou auxílio a suicídio.

D - O estrito cumprimento do dever legal é a única causa de exclusão de

ilicitude aplicada aos fatos, em caso de morte de um dos náufragos após

a disputa.

E - Eventual sobrevivente responderá pelo crime de homicídio culposo,

pois o raio causou o naufrágio.

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10 - 2018 - SEFAZ-RS - Técnico Tributário da Receita Estadual - Prova 2

A respeito do estado de necessidade, assinale a opção correta.

A - O estado de necessidade recíproco não é aceito no direito brasileiro.

B - O Código Penal brasileiro admite o estado de necessidade exculpante

como causa excludente de ilicitude.

C - Considera-se em estado de necessidade aquele que ofende bem

jurídico de terceiros, ainda que haja outro modo de evitar a lesão.

D - Havendo mais de um agente, o estado de necessidade de um se

estende aos demais.

E - No estado de necessidade justificante, o bem jurídico sacrificado é

de maior valor que o bem jurídico preservado.

11 - 2018 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico Nível Superior - Bacharel

em Direito

Bruna é atacada a tiros desferidos por arma de fogo por Otávio, que não

logra acertar os dois primeiros tiros. Antes de desfechar o terceiro tiro,

Bruna saca de arma que carrega em sua bolsa com autorização legal e

vem a atingir Otávio, que veio a óbito. Nesse caso, pode ser assentado

que ficou caracterizado, nos termos do Código Penal, por parte de

Bruna:

A - exercício regular de direito

B - estado de necessidade

C - arrependimento eficaz

D - legítima defesa

12 - 2018 - SEPLAG-SE - Guarda de Segurança do Sistema Prisional

Quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta

agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, age em:

A - legítima defesa.

B - estrito cumprimento de dever legal.

C - exercício regular de direito.

D - estado de necessidade.

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E - obediência hierárquica.

13 - 2018 - DPE-MA - Defensor Público

A legítima defesa

A - é meio de exclusão da ilicitude em face de qualquer injusta agressão,

desde que os bens jurídicos atacados sejam o patrimônio, a vida ou a

integridade corporal.

B - é cabível ainda que o bem agredido esteja submetido a outra forma

de especial proteção, como o proprietário que ameaça o inquilino para

que preserve o imóvel.

C - se legitima como forma de exclusão da antijuridicidade diante de

agressão injusta, entendida como aquela realizada mediante

comportamento do agressor que implique em crime doloso.

D - quando praticada em excesso, após cessada a agressão, implica em

punição na modalidade culposa.

E - exclui a antijuridicidade da conduta quando repele agressão injusta

que esteja ocorrendo ou em vias de ocorrer, desde que a ação defensiva

seja moderada e utilize os meios necessários.

14 - 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia

O Código Penal, no art. 23, elenca as causas gerais ou genéricas de

exclusão da ilicitude. Sobre tais excludentes, assinale a alternativa

correta.

A - Morador não aceita que funcionário público, cumprindo ordem de

juiz competente, adentre em sua residência para realizar busca e

apreensão. Se o funcionário autorizar o arrombamento da porta e a

entrada forçada, responderá pelo crime de violação de domicílio.

B - O estrito cumprimento do dever legal é perfeitamente compatível

com os crimes dolosos e culposos.

C - Para a configuração do estado de necessidade, o bem jurídico deve

ser exposto a perigo atual ou iminente, não provocado voluntariamente

pelo agente.

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D - O reconhecimento da legítima defesa pressupõe que seja

demonstrado que o agente agiu contra agressão injusta atual ou

iminente nos limites necessários para fazer cessar tal agressão.

E - Deve responder pelo crime de constrangimento ilegal aquele que não

sendo autoridade policial prender agente em flagrante delito.

15 - 2018 - PC-MA - Investigador de Polícia

Durante o cumprimento de um mandado de prisão a determinado

indivíduo, este atirou em um investigador policial, o qual, revidando,

atingiu fatalmente o agressor.

Nessa situação hipotética, a conduta do investigador configura

A - legítima defesa própria.

B - exercício regular de direito.

C - estrito cumprimento do dever legal.

D - homicídio doloso.

E - homicídio culposo.

16 - 2015 - Prefeitura de Belo Horizonte - MG - Guarda Municipal

“Tício veio a se desentender com determinado indivíduo, conhecido

como suposto traficante na cidade de Belo Horizonte, que o ameaçou de

morte na discussão. Sabendo que a referida pessoa tem fama de sempre

cumprir as ameaças que faz, dias após o entrevero, Tício o encontra em

local ermo e com baixa iluminação, momento em que percebe que o

indivíduo levou a mão à cintura, como se fosse sacar algum objeto. Sem

hesitar, ele empunha e dispara seu revólver, vindo a matar o sujeito.

Descobre depois que, na realidade, o traficante iria lhe dar de presente

uma Bíblia, pois sua intenção era tranquilizá-lo e dizer que fora

convertido à religião, não se envolvendo com qualquer prática ilícita.”

Sobre a situação hipotética em apreço, é correto afirmar que

A - amolda‐se ao conceito de legítima defesa de espécie putativa

(imaginária), posto que Tício, por erro, acreditava que seria agredido

injustamente.

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B - amolda‐se ao conceito de legítima defesa de espécie autêntica (real),

uma vez que a conduta do traficante ensejou perigo que pode ser

repelido pelo agente.

C - trata‐se de descriminante putativa que afasta a antijuridicidade da

conduta perpetrada por Tício, ante ao estado de necessidade exculpante

do erro cometido.

D - trata‐se de descriminante putativa que afasta a antijuridicidade da

conduta perpetrada por Tício, ante ao estado de necessidade justificante

do erro cometido.

17 - 2015 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo - Conhecimentos

Gerais

No que diz respeito às causas de exclusão da ilicitude, é possível alegar

legítima defesa contra quem pratica conduta acobertada por uma

dirimente de culpabilidade, como, por exemplo, coação moral

irresistível.

( )Certo ( )Errado

18 - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal

Em decorrência de um homicídio doloso praticado com o uso de arma de

fogo, policiais rodoviários federais foram comunicados de que o autor

do delito se evadira por rodovia federal em um veículo cuja placa e

características foram informadas. O veículo foi abordado por policiais

rodoviários federais em um ponto de bloqueio montado cerca de 200 km

do local do delito e que os policiais acreditavam estar na rota de fuga

do homicida. Dada voz de prisão ao condutor do veículo, foi apreendida

arma de fogo que estava em sua posse e que, supostamente, tinha sido

utilizada no crime.

Quanto ao sujeito ativo da prisão, o flagrante narrado é classificado

como obrigatório, hipótese em que a ação de prender e as eventuais

consequências físicas dela advindas em razão do uso da força se

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encontram abrigadas pela excludente de ilicitude denominada exercício

regular de direito.

( ) Certo ( ) Errado

19 - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia

O Código Penal (CP) trouxe, em seu conjunto de leis, a previsão das

excludentes de ilicitude, a saber: o estado de necessidade, a legítima

defesa e o estrito cumprimento de dever legal, além do exercício regular

do direito.

Em relação ao estrito cumprimento do dever legal, seguem-se seis

afirmações:

I - Para seu cumprimento, é indispensável o cumprimento do dever

legal;

II - Para seu cumprimento, é indispensável o cumprimento do dever

ético;

III - A prática da conduta deve ser promovida nos exatos termos da lei;

IV - A ordem da autoridade subsome a lei no cumprimento da ordem

emanada por funcionário público;

V - A boa-fé permite a extrapolação da lei para o cumprimento do dever;

VI - Hierarquia e autoridade pública são diplomas supralegais;

Marque a alternativa que contenha somente as afirmações corretas

acerca dos elementos caracterizadores do estrito cumprimento do dever

legal.

A - V e VI. B - II e III. C - I e III. D - I e VI.

E - I e IV.

20 - 2015 - PC-AC - Perito Criminal

Ângelo Asdrúbal, reconhecido mundialmente como notável lutador de

boxe, já tendo sido campeão brasileiro e vice-campeão mundial na

categoria de pesos médios ligeiros, em uma luta com Custódio na busca

pela indicação para disputa do cinturão de campeão, obedecendo

rigorosamente às regras do esporte lhe desfere diversos socos, os quais

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vêm a causar lesões gravíssimas em seu adversário (Custódio),

ocasionando a morte. Analisando o caso proposto, pode-se afirmar que

Ângelo:

A - praticou lesões corporais culposas (culpa inconsciente).

B - praticou lesões corporais de natureza grave, em razão dos

ferimentos.

C - não será responsabilizado por ter agido em estrito cumprimento do

dever legal.

D - não será responsabilizado por ter agido em exercício regular de

direito.

E - praticou lesões corporais dolosas (dolo eventual).

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GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

E E B B E D B B A D

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

D A E D A A C E C D

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

- - - - - - - - - -

31 32 33 34 35 36 37 38 39 40

- - - - - - - - - -

41 42 43 44 45 46 47 48 49 50

- - - - - - - - - -

51 52 53 54 55 56 57 58 59 60

- - - - - - - - - -

61 62 63 64 65 66 67 68 69 70

- - - - - - - - - -

71 72 73 74 75 76 77 78 79 90

- - - - - - - - - -

91 92 93 94 95 96 97 98 99 100

- - - - - - - - - -

Compromisso, Dedicação e Foco

Terminamos a compreensão sobre a ilicitude e suas causas de

exclusão, criando um conhecimento sobre a disciplina que nos conduzirá

durante todo o percurso.

Esse aprendizado facilita o entendimento e a aplicação do Direito

Penal na sua essência, por isso são lembrados pelo examinador nos

concursos públicos.

Assim sendo, todos os pontos importantes foram tratados,

cabendo atenção e uma boa interpretação das questões no momento da

realização das provas.

Bons estudos e aguardo você na próxima aula!

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