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1 Direito Penal Breve Resumo Baseada na doutrina do Rogério Greco RELAÇÃO DE CAUSALIDADE ART. 13 CP Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. § O resultado, de que depende da existência do crime, somente é imputável a QUEM LHE DEU CAUSA. § Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Omissão incube a : a) Tenha por lei a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado; ; QUAL TEORIA ADOTA O CÓDIGO PENAL ¿ Adota-se a teoria Conditio Sine Qua Non( “sem a/o qual não pode deixar de ser”.), ou seja considera causa aquilo sem o qual o resultado nunca ocorreria.

Direito Penal - RELAÇÃO DE CAUSALIDADE + CLASSIFICAÇÃO

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Direito Penal

Breve Resumo

Baseada na doutrina do Rogério Greco

RELAÇÃO DE CAUSALIDADE

ART. 13 CP

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

§ O resultado, de que depende da existência do crime, somente é imputável a QUEM LHE DEU CAUSA.§ Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Omissão incube a :

a) Tenha por lei a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância

b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;

c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado;

;

"o resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido." ( Rogério Greco)

QUAL TEORIA ADOTA O CÓDIGO PENAL ¿

Adota-se a teoria Conditio Sine Qua Non(“sem a/o qual não pode deixar de ser”.), ou seja considera causa aquilo sem o qual o resultado nunca ocorreria.

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Este Art. Esta incompleto no Código Penal, se segue a teoria do Thyrén

A interpretação literal do Art. 13 , gera o chamado regresso do infinito.

TEORIA DE ELIMINAÇÃO HIPOTÉTICA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS DE THYRÉN

Exemplo:

(O cara já esta na merda e o agente ainda vai piorar a situação)

† O cara esta quase morrendo, e chega algum agente sabendo dessa situação pratica uma conduta que o leve a morte, ele ira responder de forma imputável)

§ O agente é imputável (incriminado) , quando ele modifica o resultado, agilizando-o , interferindo no acontecimento dos fatos, mesmo que o resultado não seja modificado, a parte dele foi alterada.

Exemplo: O sujeito esta no penhasco pendurando no precipício e um determinado agente escuta o grito de socorro, se aproximando, o agente ver que é o seu desafeto que esta nessa situação, o agente balança o penhasco, e a vitima vem ao óbito.

Consequência: Independente do agente ter balançado o penhasco ou não , a vítima iria morrer, PORÉM o agente agilizou, antecipou a sua morte, IRA RESPONDER PELO RESULTADO A QUE DEU CAUSA, OU SEJA PELO DELITO DE HOMICÍDIO.

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Exemplo de quando não se altera o Resultado:

Suponhamos que A se dirigiu até um comércio de armas, para adquirir um revólver com intenção de matar B , e o mata.

Consequência:

Se o agente adquiriu legalmente o revólver utilizando na pratica da infração penal, não há como responsabilizar o proprietário da casa de comércio, em que a arma fora vendida e entregue àquele.

Se interrompendo a cadeia causal , uma vez que não houve dolo ou culpa na conduta do proprietário da casa de armas ao vender ao agente o revólver por ele utilizado como instrumento do crime.

Portanto o Art. 13 do CP iria se modificar :

“ Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, como ocorreu”

Concluindo: O agente não deve interferir na cadeia causal ,sob pena de responder pelo resultado , mesmo que este , sem a sua colaboração, fosse considerando inevitável.

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Teoria da Imputação Objetiva

(Jackobs e Róxin)

╠ Trata-se da teoria que busca enriquecer a relação de causalidade e também evitar o regresso ao infinito.

Não é muito bem aplicada na prática embora respeitada pela doutrina.

╠ Preconiza que não haverá imputação do resultado se o agente, com sua conduta, não tiver criado ou nem mesmo aumentado o risco já existente.

Exemplo: O sujeito esta no penhasco pendurando no precipício e um determinado agente escuta o grito de socorro, se aproximando, o agente ver que é o seu desafeto que esta nessa situação, o agente balança o penhasco, e a vitima vem ao óbito.

Consequência: O agente não será imputado em sua conduta, pois o resultado já apresentava risco eminente (notável).

O FATO TÍPICO É COMPOSTO POR:

Conduta Resultado Nexo de Causalidade Tipicidade Penal (formal / conglobante)

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§ O Nexo de causalidade é o elemento que une a conduta ao resultado naturalístico necessário a configuração do crime.

§ Se não houver nexo de causalidade entre o resultado e a conduta do agente não haverá relação de causalidade e tal resultado não poderá ser atribuído ao agente, visto não ter sido ele o seu causador.

Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.

Crime material: produz resultado e exige-se a ocorrência resultado para sua consumação. Quando este não é atingido, estaremos diante da tentativa.

Crime formal: produz resultado, mas independentemente do resultado há crime. Há tentativa.

Crime de mera conduta: não produz resultado algum (exemplos: invasão de domicílio, desobediência).

O Caput do Art. 13 não se refere aos crimes de mera conduta, mas apenas aos crimes materiais cuja existência depende da ocorrência do resultado natural.

ESPÉCIES DE CAUSA

Sempre analisar: qual a verdadeira causa da morte ¿

§ Quando falamos em causas absolutamente independentes preexistentes, concomitantes e supervenientes estamos querendo dizer ;

§ Que essas causas preexistiam, ocorreram numa relação de simultaneidade ou surgiram posteriormente à conduta do agente.

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As causas podem ser:

Absolutamente Independente , se localiza no caput do Art. 13 Relativamente Independente, se localiza no Art. 13,§ 1

Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido

§ 1º. A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.

Causa Absolutamente Independente: (o agente não é imputado (incriminado), porém responde por dolo ou conatus – tentativa de homicídio)

É a causa que teria acontecido, vindo a produzir o resultado, mesmo se não tivesse havido qualquer conduta por parte do agente. (Rogério Greco)

§ A real morte ou lesão da vitima não é a conduta do agente§ O agente praticando o crime ou não , a pessoa iria morrer ou ser lesionada, de qualquer jeito”

Se classificam em:

o Preexistente: Ocorreu antes da conduta do agente

Ex: A dispara contra o peito de B e este vem a falecer, não em virtude do disparo, mas em virtude de ter ingerido veneno para se suicidar. B morreu envenenado.

Observações:

Não podemos considerar a conduta de A como a causadora do evento morte

 A somente responderá por seu dolo, ou seja, como não conseguiu alcançar o resultado em virtude de acontecimento alheio à sua vontade, responderá por tentativa de homicídio.

 EX. João atira em Maria e está NÁO morre em consequëncia dos tiros, mas de um envenenamento provocado por Marcos no dia anterior.

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o Concomitante: Ocorre simultaneamente à conduta do agente (ATUA NO MESMO TEMPO DA CONDUTA)

Ex: A fere B no mesmo momento em que este vem a falecer exclusivamente por força de um colapso cardíaco

A e B, sem saberem um a intenção do outro, desejam matar C e atiram contra ele no exato momento. Se ambos os disparos o atingem, mas somente o de A vem a atingir seu coração, fazendo-o falecer, enquanto o de B atinge C no braço,

Observação:

§ B responderá por tentativa de homicídio seguido de morte (responde pelo dolo) e A responde por homicídio seguido de morte.

o Superveniente: A causa ocorre posteriormente a conduta do agente, e com ela não guarda relação de dependência alguma. (ATUAM APÓS A CONDUTA)

Ex: A atira em B no peito. Logo após o tiro, o prédio no qual se encontravam vem a desabar. B morre em virtude do desabamento, e não em virtude do tiro.

A responderá somente por seu dolo, por tentativa de homicídio.

Se usarmos o método hipotético de eliminação de Thyrén, suprimindo a conduta de A, e mesmo assim verificarmos que o resultado ocorreria, a conduta de A não foi causadora do resultado.

A causa preexistente, concomitante ou superveniente, que por si só, produz o resultado, sendo absolutamente independente, não pode ser imputada ao sujeito.

ROMPEM TOTALMENTE O NEXO CAUSAL E O AGENTE SOMENTE RESPONDE PELOS ATOS PRATICADOS ATÉ ENTÃO.

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Causa Relativamente Independente:

É a causa que somente tem a possibilidade de produzir o resultado se for conjugada com a conduta do agente. A ausência de qualquer uma delas faz com que o resultado seja modificado.

A vitima morre ou é lesionada , devido a DUAS CAUSAS que são consideradas produtoras do resultado (Rogério Greco) *uma do agente e alguma influência da própria vitima.

o Causa Preexistente Relativamente Independente:

Já existia antes do comportamento do agente e, quando com ele conjugada numa relação de complexidade, produz o resultado.

Ex: João, querendo causar a morte de Paulo e sabendo que ele é hemofílico , desfira um golpe de faca nele., o golpe embora recebido em uma região não letal , faz com que João não suporte e venha a falecer .

Consequência:

Se o agente queria a morte da vítima irá responder pelo resultado , a título de homicídio doloso .

Se embora sabendo da condição hemofílico , o agente só almejava causar lesões na vitima responderá por lesão corporal seguido de morte

(§3º do art. 129 CP) Uma vez que o resultado morte encontrava-se no seu campo de previsibilidade , embora por ele não tenha sido querido ou assumido.

Contudo, se o agente desconhecia a hemofilia da vítima, não poderá ser responsabilizado pelo resultado morte, uma vez que estaria sendo responsabilizado objetivamente.

Se queria ferir a vítima, agredindo-a com um soco na região do tórax e esta, em razão de sua particular condição de hemofílica , vem a falecer devido a eclosão de um processo interno de hemorragia, o agente só poderá ser responsabilizado pelo delito de lesões corporais simples.

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o Causa Concomitante Relativamente Independente: (ao mesmo tempo)

Ex: A desfecha um tiro em B , no exato instante em que este está sofrendo um colapso cardíaco, provando-se que a lesão contribuiu para a eclosão do êxito letal. (Damásio)

Observações: A vítima não teria sofrido um enfarte se o agente não tivesse disparado em sua direção, LOGO ...

A conduta do agente e o colapso cardíaco são , conjuntamente causadores do resultado da morte , razão pela qual o agente responderá pelo delito de homicídio doloso consumado.

o Causa Superveniente Relativamente Independente:

Ocorrida posteriormente à conduta do agente, e que com ela tenha ligação.

AGENTE JAMAIS RESPONDERÁ PELO RESULTADO, MAS SOMENTE PELA TENTATIVA. ART. 13 PAR. 1ª DO CP.

╠ O Código Penal §1º do Art. 13, ao tratar das causas supervenientes relativamente independentes disse que estas somente poderiam excluir a imputação , por si só, produzissem o resultado.

Significado da expressão por si só’ -> Exclui a linha de desdobramento físico, fazendo que o agente somente responda pelos atos já praticados.

Em uma conduta sofre mais de um risco.

Ex: Se alguém ferir o dedo mínimo de uma pessoa com um canivete enferrujado, utilizado pelas pessoas do campo como instrumento necessário para “picar fumo” e , por não receber a higienização adequada, vier a contrair tétano e falecer, será que pudemos imputar o resultado morte ao agente ¿

Obs: O tétano se encontra na linha do desdobramento físico de uma lesão produzida por um instrumento cortante. * Responderá somente pelo dolo

Portanto:

As causas preexistentes e concomitantes relativamente independentes , fazem com que o agente responda pelo resultado.

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Já as causas supervenientes relativamente independentes têm uma particularidade:

O resultado somente poderá ser imputado ao agente se estiver na mesma linha de desdobramento natural da ação ; caso contrário , quando a causa superveniente relativamente independente , por si só , vier a produzir o resultado, pelo fato de não se encontrar na mesma linha de desdobramento físico , o agente só responderá pelo seu dolo.

Fato Típico

Conduta:

Toda ação ou omissão consciente ou voluntária, dolosa ou culposa, dirigida a uma finalidade. (teoria finalista*o dolo e a culpa estão dentro da conduta)

Resultado: Naturalístico- Modificação do mundo exterior provocado pela conduta.

Nexo de causalidade: Entre a conduta e o resultado.

Elemento Subjetivo: Dolo Culpa

Tipicidade: Formal Conglobante

Para essas correntes, crime se define como :

1º Corrente

Tipicidade Formal: Crime é a subsunção, encaixe do fato (conduta) na norma.

*É a simples adequação do agente da conduta do agente ao tipo penal. Ou seja, consiste em saber se aquele comportamento que ele praticou, encontra previsão, adequação em um tipo penal incriminador.

2º Corrente

Tipicidade Material: É a efetiva lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado.

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*É a lesão ou perigo de lesão que a conduta do agente causa ao bem jurídico, para isso deve-se analisar o princípio da adequação social (welzel) e da Insignificância (Roxin)

3º Corrente

Tipicidade Conglobante: é a junção de –> TF + TM + TG

Para existir a tipicidade conglobante, é necessário que:

a) A conduta do agente seja antinormativa (conduta humana que contraria a norma)b) Que haja tipicidade material, que seja lesionado ou ameaçado um bem jurídico ( ou seja que ocorra

um resultado naturalístico)

A tipicidade conglobante ...

Surge quando comprovado no caso concreto que a conduta praticada pelo agente é considerada antinormativa, isto é, CONTRARIA A NORMA PENAL, e não imposta e fomentada por ela.

Porém Zafaroni , afirma que :

Aquele que age por estrito cumprimento de dever legal, ou em exercício regular do Direito, se quer pratica fato típico (crime) e se quer sua conduta é antinormativa.

Ex: O Carrasco, cometeu um homicídio, esta previsto no Art. 121CP

(que é matar alguém) se encaixando no fato a norma = TIPICIDADE FORMAL, o condenado é fatalmente lesionado = TIPICIDADE MATERIAL pergunta-se , ele cometeu Tipicidade Conglobante ¿

Respondendo friamente, sem analisar os fatos SIM, pois sua conduta teve a tipicidade formal que é prevista na lei, a tipicidade material, que é o resultado naturalístico e a tipicidade conglobante, pois no caso houve a conduta antinormativa que contraria a norma.

Porém:

Quando uma conduta que estiver previsto no tipo penal é praticada pela imposição do Estado, sendo cumprida por:

1) Estrito comprimento de dever legal.2) Exercício Regular do Direito

Recai sobre excludente de ilicitude, que se encontra no Art. 23 CP

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Portanto a real resposta do exemplo seria que , O CARRASCO NÃO IRIA RESPONDER PELO FATO TIPICO POIS ELE ESTAVA A MANDO DO ESTADO, prestado serviço de estrito cumprimento de dever legal.

Zafaroni entende que deveriam excluir tipicidade , pois não configuram atos antinormativos.

APLICAÇÃO DA NORMA A CONDUTA (tipicidade formal)+ RESULTADO NATURALISTICO (tipicidade material) + ANTINORMATIVA (conduta que segue a direção contra a norma)

ILICITUDE / ANTIJURICIDADE

Permite a pratica de fato típico, o fato continua sendo típico , mas o Estado passa permiti-lo em exceção

Excludente de Ilicitude

Se localiza no Art. 23 CP

Estado de Necessidade – Art. 24Atua em estado de necessidade quem pratica o fato típico , para salvar de um perigo atual que não provocou voluntariamente ( não provocado pela pessoa), um direito próprio ou alheio cujo o sacrifício não seria razoável.

Requisitos:

1. Perigo Atual(enchente, terremoto, tsunami)

2. A situação de perigo não pode ter sido provocada pelo agente *voluntariamente

3. Não há estado de necessidade em perigo eminente, SOMENTE ATUAL.

4. Não posso salvar um bem menor, do que estou sacrificando ; Proporcionalidade entre bens , o bem que eu salvo, tem que ser maior ou no mínimo igual ao bem que sacrifico no estado de necessidade.

Ex: Não posso matar uma pessoa, para salvar minha mala, mas posso matar um pessoa para me salvar, pois o bem que salvo é igual o bem que sacrifico no estado de necessidade.

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Legítima Defesa – Art. 25Pratica o fato típico para repelir (afastar) uma injusta agressão atual, ou iminente a direito próprio ou alheio, usando moderadamente os meios necessários.

*Não pratica por maldade, vingança . Pratica para afastar uma injusta agressão atual ou eminente a direito próprio ou de terceiro;

Requisitos:

1. Tem que ser agredido * furto, estuprar2. Agressão Injusta

3. Agressão que esta acontecendo, ATUAL ou estar prestes a acontecer IMINENTE.

*Não posso me defender uma agressão passada, se não seria legitima vingança e isso não é aceito no Direito Brasileiro.

4. Proporcionalidade, deve haver moderação usando a força necessária para impedir a situação, caso ao contrário ocorrera excesso.

*Se vierem me agredir com um tapa na cara, não me leva o direito de descarrega minha arma e da um tiro na cabeça do sujeito.

5. Subjetivo ,consciência de estar em legitima defesa.

*Quero matar meu desafeto, atiro nele e por acaso vejo que naquele momento ele iria estuprar um cidadão, nessa situação eu não iria responder por legitima defesa.

Estado de Necessidade Legítima DefesaConflito entre vários BJ diante de uma situação de perigo.

Ameaça ou Ataque a um BJ

O perigo decorre do fato humano, animal ou da natureza (não tem destinatário certo)

Agressão humana (tem destinatário certo)

Os interesses em conflito são legítimos. Os interesses do agressor são ilegítimos.

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Estrito Cumprimento do dever legal – Art. 23,III

Age em E.C.D.L, quem pratica o fato, obedecendo um dever de ofício , para assegurar o cumprimento da lei, não pode haver excessos, o agente tem que consciência que age no E.C.D.L

*O Policial não tem o DIREITO, mas sim o DEVER.

Exercício Regular de um Direito.

Age quem pratica o fato exercendo uma atividade autorizada pelo Estado, os cidadãos possuem autorização para agir.

Hipóteses:

Atuação Pro magistratu: Situações que o Estado não pode estar presente para evitar a lesão ao bem BJ ou recompor a ordem pública. Neste caso se tem autorização para agir evitando a lesão do BJ ou proporcionar a recomposição da ordem.

Dever de Educar: É o dever der educação, exercício do poder familiar (ex: castigos, ainda que físico dos pais para com os filhos, sempre dentro da razoabilidade e proporcionalidade e visando a educação.

Requisitos Indispensáveis:

- Indispensabilidade: é a impossibilidade de recurso útil aos meios coercitivos normais para evitar a inutilização prática de direitos.

- Proporcionalidade: Evitar Excessos

- Ciência da situação de fato justificante

Consentimento do Ofendido

Conceito: Renúncia do titular do direito tutelado a essa mesma tutela. Causa supralegal de exclusão de ilicitude.

*o individuo aceita a lesão corporal de leve.

Requisitos: ( para o consentimento do ofendido operar como causa supralegal de exclusão da ilicitude) :

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a) O dissentimento não pode integrar i tipo, pois se o dissentimento (não querer) integra o tipo, o consentimento exclui o próprio tipo penal.

b) O ofendido deve ser capaz

c) O consentimento deve ser válido ou seja livre e consciente

d) O bem deve ser disponível

e) O bem deve ser próprio. Não pode consentir na lesão de BJ alheio

f) O consentimento tem que ser antes ou durante a execução. Se for depois, o crime esta consumado ( nesse caso poderá renuncia ou perdão, excluindo a punibilidade)

g) O consentimento tem que ser expresso, todavia, é cada vez mais crescente a doutrina que vem admitindo o consentimento tácito.

(*Arram ...)

QUAL A NATUREZA JURÍDICA DOS OFENDÍCULOS ¿

Há 4 posicionamentos:

1º Corrente – Prevalece a Doutrina.

O ofendículo , enquanto não acionado, configura exercício regular de um direito. Se acionado ( há lesão ou perigo de lesão ao patrimônio) , configura legitima defesa (repelindo a agressão ao patrimônio)

2º Corrente

O Ofendículo , acionado ou não, configura exercício regular de um Direito.

3º Corrente

O Ofendículo , acionado ou não, configura legitima defesa.

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4º Corrente

Diferencia ofendículo de defesa mecânica predisposta. O ofendículo é aquele facilmente percebido.

Já a defesa mecânica predisposta é um aparato oculto. O ofendículo configura um caso de exercício regular de um Direito, enquanto o aparato oculto configura legitima defesa.

Teoria Geral do Crime: Classificação dos crimes.

Fonte:

http://cadernoparaconcurseiros.blogspot.com.br/2011/12/teoria-geral-do-crime-classificacao-dos.htmlhttp://escritorioadvassociados.blogspot.com.br/2009/05/especies-de-tentativa.html

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES

A classificação dos crimes pode ser legal ou doutrinária. Legal é o nome atribuído ao delito pela lei. É também chamada derubrica marginal. Doutrinária é o nome dado pelos estudiosos do Direito às infrações penais. É o objeto de estudo do presente tópico.

Segundo a doutrina, as classificações podem utilizar alguns critérios:

1. QUANTO À QUALIDADE DO SUJEITO ATIVO:

a) Crimes comuns ou gerais: são aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa, não se exigindo condição especial[1]. Ex: homicídio.

Crimes próprios ou especiais: são aqueles em que o tipo penal exige uma situação fática ou jurídica diferenciada por parte do sujeito ativo[2]. Admitem coautoria a participação. Ex: peculato, somente praticado por funcionário público.

Os crimes próprios podem ser divididos em puros, que são aqueles cuja ausência da qualidade especial do sujeito ativo leva à atipicidade do fato; e impuros, cuja ausência da elementar diferenciada desclassifica o delito.

c) Crimes de mão própria, de atuação pessoal ou de conduta infungível: são aqueles que somente podem ser praticados pela pessoa expressamente indicada no tipo penal. Ex: falso testemunho. Apenas admitem participação, não aceitando coautoria, pois não de delega a prática da conduta infracional a terceira pessoa.

2. QUANTO À ESTRUTURA DA CONDUTA DELINEADA PELO TIPO PENAL:

a) Crime simples: é aquele que se amolda em um único tipo penal. Ex: furto.

b) Crime complexo: resulta da união de dois ou mais tipos penais. Ex: roubo (furto + ameaça; furto + lesão corporal).

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3. QUANTO A RELAÇÃO ENTRE A CONDUTA E O RESULTADO NATURALÍSTICO:

a) Crimes materiais ou causais: são aqueles em que o tipo penal aloja em seu interior uma conduta e um resultado necessário, cuja consumação reclama esse resultado. Ex: homicídio (necessita da morte).

b) Crimes formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado: o tipo penal contém em seu bojo uma conduta e um resultado naturalístico, mas este último é desnecessário para a consumação. Ex: extorsão mediante seqüestro (não necessita a efetiva vantagem sobre a extorsão), ameaça, extorsão.

   STJ. Súmula 96. O Crime de extorsão consuma-se, independentemente da obtenção da vantagem indevida.

c) Crimes de mera conduta ou de simples atividade: o tipo penal se limita a descrever uma conduta sem resultado algum. Ex: Ato obsceno.

5. QUANTO AO MOMENTO EM QUE SE CONSUMA O CRIME:

a) Crime instantâneo ou de estado: a consumação se verifica em um momento determinado, não se prolonga no tempo. Ex: furto.

b) Crime permanente: a consumação se prolonga no tempo, por vontade do agente. O ordenamento jurídico é agredido reiteradamente.

Subdividem-se em: necessariamente permanentes, que exige, para a consumação, a manutenção da ação contrária ao Direito por tempo relevante, v.g., sequestro; e eventualmente permanentes, que são crimes instantâneos, mas a ofensa ao bem jurídico tutelado se prolonga no tempo, v.g., furto de energia elétrica.]

b) Crime instantâneo de efeitos permanentes: os efeitos de delito subsistem após a consumação, independentemente da vontade do agente. Ex: bigamia, homicídio.

d) Crime a prazo: a consumação exige a fluência de determinado período. Ex: seqüestro em que a privação de liberdade dura mais de quinze dias (CP, art. 148, §1º, III).

6. QUANTO AO NÚMERO DE AGENTES ENVOLVIDOS:

a) Crimes unissubjetivos, unilaterais, monossubjetivos ou de concurso eventual: são praticados por um único agente,admitindo-se concurso. Ex: homicídio.

b) Crimes plurissubjetivos, plurilaterais ou de concurso necessário: o tipo penal reclama a pluralidade de agentes, que podem ser coautores ou partícipes.

Esses crimes subdividem-se em: (1) crimes bilaterais (ou de encontro), onde o tipo penal reclama dois agentes cujas condutas tendem a se encontrar, ex: bigamia; (2) crimes coletivos (ou de convergência), onde o tipo penal reclama a existência de três ou mais agentes, ex: rixa (condutas contrapostas) ou quadrilha ou bando (condutas paralelas).

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   Não se deve confundir os crimes plurissubjetivos com os crimes de participação necessária. Estes podem ser praticados por uma única pessoa, não obstante o tipo penal reclame a participação necessária de outra pessoa, que atua como sujeito passivo e não é punido, ex: rufianismo, CP, art. 230.

c) Crimes eventualmente coletivos: são aqueles em que, não obstante o seu caráter unilateral, a diversidade de agentes atua como causa de majoração da pena. Ex: furto qualificado.

6. QUANTO AO NÚMERO DE VÍTIMAS:

a) Crime de subjetividade passiva única: tipo penal tem uma única vítima. Ex: estupro.

b) Crimes de dupla subjetividade passiva: o tipo penal prevê a existência de duas ou mais vítimas. Ex: violação de correspondência (remetente e destinatário).

7. QUANTO AO GRAU DE INTENSIDADE DO RESULTADO:

a) Crime de dano ou de lesão: a consumação somente se efetiva com a lesão do bem jurídico tutelado. Ex: lesões corporais.

b) Crime de perigo: consumam-se com a mera exposição do bem jurídico tutelado a uma situação de perigo.

Subdividem-se em: crime de perigo abstrato (basta a prática da conduta, havendo presunção juris et de jure de exposição a perigo de dano, ex: tráfico de drogas),

de perigo concreto (consuma-se com a efetiva comprovação da exposição a perigo, ex: crime de perido para a vida ou saúde de outrem, art. 132),

de perigo individual (atinge uma pessoa ou um determinado número de pessoas, ex: perigo de contágio venéreo),

de perigo comum ou coletivo (o perigo já está ocorrendo, ex: abandono de incapaz), de perigo iminente (o perigo está prestes a ocorrer) e de perigo futuro ou mediato (o perigo se projeta para o futuro, ex: porte ilegal de arma).

7. QUANTO AO NÚMERO DE ATOS EXECUTÓRIOS QUE INTEGRAM A CONDUTA:

a) Crime unissubsistente:

A conduta se revela mediante um único ato de execução, capaz, por si só, de produzir a consumação. Não admite tentativa. Ex: crimes contra a honra praticados com o emprego da palavra.

b) Crime plurissubsistente: a conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, que devem somar-se para produzir a consumação. Ex: homicídio praticado com golpes de faca.

8. COM RELAÇÃO À FORMA COMO É PRATICADO O CRIME:

a) Crime comissivo ou de ação: é praticado mediante conduta positiva. Ex: roubo.

b) Crime omissivo ou de omissão: cometido por meio de uma conduta negativa, uma inação. Subdividem-se em:

  Crime omissivo próprio ou puro:

a omissão está contida no tipo penal, prevendo a conduta negativa como forma de praticar o delito. Não há dever jurídico de agir, portanto, qualquer pessoa que se encontre na posição indicada pelo tipo penal responderá apenas pela omissão, e não pelo resultado naturalístico. Ex: omissão de socorro, art. 135.

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  Crime omissivo impróprio, espúrio ou comissivo por omissão:

o tipo penal aloja uma conduta positiva, e o agente, que tem o dever jurídico de evitar o resultado, realiza uma conduta negativa, respondendo penalmente pelo resultado naturalístico. Ex: mãe que mata filho por não amamentá-lo.

  Crime omissivo por comissão: nesse caso, há uma ação provocadora da omissão. Grande parte da doutrina não reconhece essa categoria de delito.

  Crime omissivo "quase-impróprio": essa classificação, ignorada pelo direito penal pátrio, diz respeito à omissão que não produz lesão ao bem jurídico, mas apenas um perigo de lesão, abstrato ou concreto.

c) Crime de conduta mista: o tipo penal é composto de duas fases distintas, uma inicial positiva e outra final, omissiva. Ex: apropriação de coisa achada e omissão em devolvê-la (CP, art. 169, parágrafo único, inciso II).

9. QUANTO AO MODO DE EXECUÇÃO:

a) Crime de forma livre: admitem qualquer meio de execução. Ex: ameaça, art. 147.

b) Crime de forma vinculada: somente pode ser praticado através dos meios indicados pelo tipo penal. Ex: perigo de contágio venéreo (CP, art. 130).

11. QUANTO AO NÚMERO DE BENS JURÍDICOS ATINGIDOS:

a) Crimes mono-ofensivos: ofendem a um único bem jurídico. Ex: furto (viola o patrimônio).

b) Crimes pluriofensivos: atingem dois ou mais bens jurídicos. Ex: latrocínio (vida e patrimônio).

12. QUANTO À EXISTÊNCIA AUTÔNOMA DO CRIME:

a) Crimes principais: aqueles que possuem existência autônoma, independendo da prática de crime anterior. Ex: estupro.

b) Crimes acessórios, de fusão ou parasitários: dependem da prática de crime anterior para a sua existência. Ex: receptação (CP, art. 180).

      Segundo o Código Penal, a extinção da punibilidade do crime principal não se estende ao acessório (CP, art. 108).

13. QUANTO À NECESSIDADE DE EXAME DE CORPO DE DELITO COMO PROVA:

a) Crime transeunte ou de fato transitório: são aqueles que não deixam vestígios materiais. Ex: ameaça, calúnia, desacato. Nesse caso, não se realiza perícia.

b) Crime não transeunte ou de fato permanente: deixam vestígios materiais. Ex: homicídio. Nesse caso, a falta de exame de corpo de delito acarreta a nulidade da ação penal.

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14. QUANTO AO LOCAL EM QUE O CRIME É PRATICADO:

a) Crimes à distância: são aqueles em que conduta e resultado ocorrem em países diversos. Ante a adoção da teoria da ubiqüidade quanto ao lugar do crime, a conduta ou o resultado ocorrendo em território nacional, aplica-se a legislação penal pátria.

b) Crimes plurilocais: a conduta e o resultado se desenvolvem em comarcas diversas, sediadas no mesmo país. Nesse caso, opera-se a teoria do resultado adotada pelo CPP, em seu art. 70, como competência para aplicação da lei penal.

c) Crimes em trânsito: somente uma parte da conduta ocorre em outro país, sem lesionar ou expor a perigo bem jurídicos das pessoas que nele vivem. Ex: Argentino envia carta com ofensa a americano, e a carta passa por território brasileiro.

15. QUANTO AO VÍNCULO EXISTENTE ENTRE OS CRIMES:

a) Crimes independentes: não apresentam nenhuma ligação com outros delitos.

b) Crimes conexos: ocorre uma ligação dos delitos entre si. Essa conexão pode ser penal ou processual. A conexão penal, que nos interessa, divide-se em:

  Conexão teleológica ou ideológica: o crime é praticado para assegurar a execução de outro delito.

  Conexão consequencial ou causal: o crime é cometido na seqüência de outro, para assegurar a impunidade, ocultação ou vantagem de outro delito.

Essas duas espécies possuem previsão legal, servindo como agravantes do crime (em caso de homicídio, servem como qualificadoras), CP, art. 61.

  Conexão ocasional: o crime é praticado como conseqüência da ocasião, proporcionada pela prática do crime antecedente. Ex: estupro praticado após o roubo. Trata-se de criação doutrinária, sem amparo legal.

16. QUANTO À LIBERDADE PARA INICIAR A AÇÃO PENAL:

a) Crimes condicionados: a inauguração da persecução penal depende de uma condição objetiva de procedibilidade. A legislação expressamente indica essa hipótese.

b) Crimes incondicionados: a instauração da persecução penal é livre, podendo o Estado iniciá-la sem nenhuma autorização.

No direito penal e processual penal em nosso ordenamento pátrio é que, quando o tipo penal estabelecer espécie de crime condicionado, ou seja, que dependerá de condição objetiva de procedibilidade para a instauração da ação penal, ele mesmo expressamente o indicará. Não havendo menção expressa a respeito, aplica-se a regra geral de crime

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incondicionado, ou seja, a ação penal será pública incondicionada, não requerendo nenhuma condição para que o Estado inicie a persecução penal.

17. Quanto a tentativa:

1 – Tentativa perfeita

A tentativa perfeita é denominada ainda pela doutrina mais abalizada de “tentativa acabada”, ou ainda de “crime falho”.

Neste caso o agente utiliza todos os meios executórios que intenta, mas, por circunstância alheia a sua vontade não assiste o crime consumar.

Exemplo clássico na doutrina nacional é do agente que dispara toda munição disponível em sua arma contra a vítima com a intenção de matá-la, sendo que esta, mesmo após os disparos não vem a óbito.

2 – Tentativa imperfeita

A tentativa perfeita ainda é denominada pela doutrina majoritária de “tentativa inacabada”.

Neste caso o agente é impedido de seguir com seus atos de execução por circunstâncias alheias a sua vontade, sendo que tinha outros meios para prosseguir.

Exemplo clássico na doutrina é o caso do agente que, com a intenção de matar atira contra a vítima, sendo que, é interrompida sua ação por uma prisão em flagrante com a vítima ainda viva, sendo que ainda contava com mais munições em sua arma não deflagradas.

3 – Tentativa branca

Ainda chamada de “tentativa incruenta” pelos doutrinadores. Consiste na tentativa do crime em que não resta quaisquer lesões/ferimentos na vítima.

Um exemplo é o agente que intenta matar a vítima efetuando contra esta diversos disparos de arma de fogo, restando todos eles infrutíferos pela ineficácia total de pontaria, assim, a vítima não sofre qualquer tipo de lesão.

A denominação “incruenta” vem de crueldade, ou seja, tentativa não cruel, PIS dela não restam ferimentos na vítima.

Com relação a primeira denominação, qual seja, “tentativa branca” é justificada pela falta de sangue, ou seja, da tentativa que não resta lesão não há sangue, tendo sido denominada de branca. A referida é questão debatida entre alguns doutrinadores que divergem da mesma, visto que, nem toda lesão resta sangue, o que em nosso entendimento é certeiro.

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4 – Tentativa vermelha

Também denominada de “tentativa cruenta”, ou seja, aquela que deixa ferimentos ou lesões. Exemplo nos manuais é o caso do agente que, com a intenção de matar dispara tiros de arma de fogo contra vítima, a atingindo, e, por circunstâncias alheias a sua vontade é impedido de prosseguir na execução, tendo a última restado ferimentos, mas sobrevivido.

A denominação “cruenta” vem de crueldade, pois da tentativa resta lesões na vítima.

Com relação a denominação “vermelha” deriva de sangue, observando-se a mesma crítica alçada no item anterior, visto que nem toda lesão, necessariamente, produz sangue.

5 – Tentativa inidônea

Também é denominada como “tentativa inadequada”.

É a tentativa do crime que resta impossível, consoante do artigo 17 do Código Penal. Exemplo a doutrina é o caso do agente que utiliza de arma de brinquedo com o intuito de tirar a vida da vítima, o que, em qualquer momento se mostra possível, por ineficácia total do objeto utilizado para tanto.

6 – Tentativa abandonada

Consiste na tentativa de crime nos casos verificados de desistência voluntária e arrependimento eficaz, consoante do artigo 15 do Código Penal. Neste caso, em particular, se mostra que a interrupção se da por livre vontade e consciente do agente, e não por circunstâncias alheias a sua vontade.

7 – Tentativa qualificada

Consiste na tentativa que se perfaz um crime consumado.

Um exemplo é a tentativa de homicídio em que a vítima sobrevive, lhe restando lesões decorrentes da violência que lhe foi empregada. Neste caso não há um homicídio consumado, mas sim há um crime de lesão corporal consumado.

18. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES:

Crime gratuito: é o crime praticado sem motivo conhecido. Não se confunde com motivo fútil, pois neste há motivação, porém, desproporcional ao crime praticado.

Crime de ímpeto: é o cometido sem premeditação, como decorrência da reação emocional repentina.

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Crime exaurido: é aquele que o agente, após alcançada a consumação, insiste em agredir o bem jurídico já ferido. Não constitui novo crime, mas apenas no desdobramento da conduta perfeita e acabada.

Crime de circulação: é o praticado em veículo automotor, a título de dolo ou culpa.

Crime de atentado ou de empreendimento: é aquele que a lei pune igualmente o delito consumado e sua forma tentada. Ex: CP, art. 352 – “evadir-se, ou tentar evadir-se...”.

Crime de opinião ou de palavra: cometido com excesso abusivo na manifestação do pensamento, seja pela forma escrita ou verbal.

Crime multitudinário: é aquele praticado pela multidão, em tumulto. A lei não define o que seria multidão, assim, analisa-se o caso concreto. No direito canônico, exigia-se, no mínimo, 40 pessoas.

Crime vago: é aquele em que o sujeito passivo é destituído de personalidade jurídica, como a família, sociedade, etc.

Crime internacional: aquele que o Brasil, por tratado ou convenção devidamente incorporado ao ordenamento pátrio, se comprometeu a punir. Ex: CP, art. 231 – tráfico de pessoas.

Crime de mera suspeita, sem ação ou mera posição: o agente não realiza a conduta, mas é punido pela suspeitadespertada em seu modo de agir[3]. Não encontrou amparo em nossa doutrina. De forma temerária, exemplifica-se a contravenção penal do art. 25 – posse de instrumento usual na prática de furto.

Crime inominado: é aquele que ofende regra ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal, embora não definido como infração penal. Não é aceito por ferir o princípio da reserva legal[4].

Crime habitual: é o que se consuma com a prática reiterada e uniforme de vários atos que revelam um indesejável estilo de vida do agente. Ex: CP, art. 282 – medicina ilegal.

Crime profissional: é o crime habitual cometido com finalidade lucrativa. Ex: CP, art. 230 – rufianismo.

Quase-crime: na verdade, não há crime. É o nome doutrinário do crime impossível e da participação impunível.

Crime subsidiário: é o que somente se verifica se o fato não constituir crime mais grave. Ex: CP, art. 163 – crime de dano. Nelson Hungria o chama “soldado de reserva”.

Crime hediondo: é todo delito que se enquadra no art. 1º da Lei 8.072/1990, na forma consumada ou tentada. Adoção do critério legal.

Crime de expressão: é o que se caracteriza pela existência de um processo intelectivo interno do autor. Ex: CP, art. 342 – falso testemunho.

Crime de intenção: é aquele que o agente quer e persegue o resultado que não precisa ser alcançado para a sua consumação. Ex: CP, art. 159 – extorsão mediante seqüestro.

Crime de tendência ou de atitude pessoal: é aquele que a atitude pessoal e a tendência interna do agente delimitam a tipicidade ou não da conduta praticada. Ex: toque do ginecologista.

Crime mutilado de dois atos ou tipos imperfeitos de dois atos: é aquele que o sujeito pratica o delito com a finalidade para obter um benefício posterior. Ex: falsidade para cometer outro crime.

Crime de ação violenta: é o cometido mediante o emprego de violência ou grave ameaça. Ex: roubo.

Crime de ação astuciosa: é o praticado por meio de fraude, engodo. Ex: estelionato.

Crime falho: é a denominação doutrinária da tentativa perfeita ou acabada. O agente esgota os meios executórios, mas a consumação não se dá por circunstancias alheias à sua vontade.

Crime putativo, imaginário ou erroneamente suposto: aquele onde o agente acredita ter realmente praticado um crime, mas na verdade, houve um indiferente penal. Trata-se de um não-crime por erro de tipo, erro de proibição ou por obra de agente provocador.

Crime remetido: é o que se verifica quando o tipo penal faz referencia a outro crime, que passa a integrá-lo. Ex: CP, art. 304 – fazer uso de documento falso.

Crime de responsabilidade: dividem-se em próprios (crimes comuns ou especiais) e impróprios (infrações administrativas), que redundam em sanções políticas.

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Crime obstáculo: é aquele que retrata atos preparatórios, mas foram tipificados como crimes autônomos pelo legislador. Ex: CP, art. 288 – quadrilha ou bando.

Crime progressivo: é aquele que enseja sucessivas violações a bens jurídicos, de maneira gradativa, até chegar ao mais grave. Observa-se, nesse caso, o princípio da consunção, havendo a absorção do menos grave pelo mais grave[5]. ex: lesão corporal e homicídio.

Progressão criminosa: verifica-se com a mutação do dolo do agente, que, inicialmente, desejava o delito menos grave, mas, após a sua consumação, decide progredir na conduta, praticando o mais grave. Também aplica-se o princípio da consunção.

Crime de impressão: são aqueles que provocam determinado estado de ânimo, de impressão na vítima. Subdividem-se emcrimes de inteligência (praticados mediante o engano), crimes de vontade (recaem na vontade da vítima quanto à sua autodeterminação) ou crimes de sentimento (incidem nas faculdades emocionais da vítima).

Crimes militares: são os tipificados pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei 1.001/1969). Subdividem-se em próprios[6](exclusivamente militares, ex: deserção) e impróprios (previstos tanto no CPM quanto no CP, ex: furto). Há também os crimes militares em tempo de paz (CPM, art. 9º) e os crimes militares em tempo de guerra (CPM, art. 10).

Crimes falimentares: são os tipificados pela Lei de falências (Lei 11.101/2005).

Crimes funcionais ou delicta in officio: são aqueles que o tipo penal exige seja o autor funcionário público. Dividem-se empróprios (cuja condição funcional é indispensável para a tipicidade do ato) e impróprios (se ausente a qualificação funcional, desclassifica-se para outro delito).

[1] Fala-se em crimes bicomuns, que são aqueles que não exigem qualquer condição especial, tanto para quem os pratica quanto para quem seja o sujeito passivo.[2] Existem, ainda, os crimes bipróprios, que exigem condição especial tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo,v.g., infanticídio.[3] Esse conceito foi idealizado por Vicenzo Manzini, na Itália.[4] Idealizado pelo uruguaio Salvagno Campos.[5] Nesses casos, os delitos menos graves, absorvidos pelo delito de maior monta, são chamados de crimes de ação de passagem.[6] Há entendimentos na doutrina afirmando que crime militar próprio seria aquele cuja ação penal somente possa recair sobre um militar.