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DIREITO PREVIDENCIÁRIO Flávia Cristina 09.02.2009 1) SEGURIDADE SOCIAL A Previdência é um braço da seguridade – art. 194, caput, da CF. Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. OBS.: Educação não faz parte da seguridade social. O que diferencia a previdência dos outros ramos é que ela é um sistema contributivo – ela só funcionará para quem pagar. Assistência e saúde não são contributivos; não se precisa pagar para ter acesso á saúde pública ou à assistência social. Saúde – Lei 8080/90, art. 196 e seguintes da CF. É para todo mundo, sem precisar comprovar nada. O acesso à saúde independe de pagamento e é irrestrito, inclusive para os estrangeiros que não residem no país. A saúde é administrada pelo SUS – Sistema Único de Saúde, vinculado ao Ministério da Saúde. Este órgão não guarda qualquer relação com o INSS ou com a previdência social. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada (art. 199, CF/88). As instituições privadas poderão participar de forma complementar ao sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, DIREITO PREVIDENCIÁRIO 1

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Flávia Cristina

09.02.2009

1) SEGURIDADE SOCIAL

A Previdência é um braço da seguridade – art. 194, caput, da CF.

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

OBS.: Educação não faz parte da seguridade social.

O que diferencia a previdência dos outros ramos é que ela é um sistema contributivo – ela só funcionará para quem pagar. Assistência e saúde não são contributivos; não se precisa pagar para ter acesso á saúde pública ou à assistência social.

Saúde – Lei 8080/90, art. 196 e seguintes da CF. É para todo mundo, sem precisar comprovar nada. O acesso à saúde independe de pagamento e é irrestrito, inclusive para os estrangeiros que não residem no país. A saúde é administrada pelo SUS – Sistema Único de Saúde, vinculado ao Ministério da Saúde. Este órgão não guarda qualquer relação com o INSS ou com a previdência social.

A assistência à saúde é livre à iniciativa privada (art. 199, CF/88). As instituições privadas poderão participar de forma complementar ao sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

É proibido, no entanto, a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos (podem participar do SUS, mas não recebem qualquer espécie de incentivo com recursos públicos).

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Há a priorização das ações de caráter preventivo da saúde.

Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação, delegando à Lei Federal a regulamentação da matéria.

Assistência social – lei 8742/93 (LOAS), art. 203 e seguintes da CF. Não é qualquer um que terá acesso à assistência social, mesmo não se exigindo contribuições. Deve-se comprovar a necessidade para receber benefícios da assistência social. Independe de contribuição. Aqui, o requisito básico é a necessidade do assistido.

A Assistência Social garante o benefício de um salário mínimo ao idoso/e ou deficiente que comprovem não possui meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. Os benefícios assistenciais pecuniários são devidos somente aos brasileiros e estrangeiros naturalizados e domiciliados no Brasil que não estejam cobertos pela previdência social do país de origem.

Para obter o beneficio de um salário mínimo, o requisitante não pode ter condições financeiras satisfatórias para a sua manutenção. Por outro lado, para ser beneficiado pelos serviços assistenciais, a situação não está relacionada com os rendimentos. Uma mulher rica pode, teoricamente, sentir-se necessitada de informações a respeito de sua gestação.

A Previdência social está regulada nos arts. 201 e 202 da CF, Leis 8212 e 8213, de 1991.

1.1) PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE

Aplicáveis aos 3 ramos da seguridade. Estão previstos no art. 194, parágrafo único, da CF.

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos (PRINCÍPIOS):

I - universalidade da cobertura e do atendimento;

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

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IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;

V - eqüidade na forma de participação no custeio;

VI - diversidade da base de financiamento;

VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

1.1.1) Princípio da solidariedade ou solidarismo

Ele não está previsto expressamente na CF. O sistema é solidário. A seguridade social será custeada por todos; o custeio é feito de forma solidária. Não se recebe tudo que se paga à seguridade; as pessoas pagam e nem sempre terão de volta o que pagou.

Estes princípio é a base da seguridade social. A solidariedade do sistema previdenciário obriga contribuintes a verterem parte de seu patrimônio para o sustento do regime protetivo, mesmo que nunca tenham a oportunidade de usufruir dos benefícios e serviços oferecidos. É o que ocorre com o aposentado do RGPS que retorna ao trabalho, contribuindo da mesma forma que qualquer segurado, sem ter, entretanto, direito aos mesmos benefícios. A solidariedade justifica também a situação do segurado que recolheu durante 25 anos suas contribuições previdenciárias, tendo falecido sem deixar dependente e sem jamais ter se beneficiado de qualquer das prestações disponibilizadas.

É um princípio aplicável mais à previdência do que á saúde ou à assistência.

1.1.2) Princípio da universalidade e da cobertura do atendimento

A universalidade de cobertura é também chamada de universalidade objetiva; a universalidade de atendimento é também chamada de universalidade subjetiva.

O legislador deve, ao fazer uma lei sobre a seguridade social, cobrir todos os riscos sociais – universalidade de cobertura. Risco social é um evento futuro e incerto e que independem da vontade do segurado. Mas mesmo sem depender de sua vontade, além de o afetar, afetará também a sociedade. Ex.: salário-maternidade cobre o evento maternidade. Alguns autores estão trocando o termo “risco” por “necessidade”. Na prática, o legislador não consegue cobrir todos os riscos sociais.

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É outro objetivo do legislador cobrir todos os riscos, atendendo todas as pessoas – universalidade de atendimento.

As necessidades não inúmeras, mas os recursos são finitos. Não dá para arcar com todas as necessidades e atender todas as defesas.

1.1.3) Princípio da seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços

Seletividade – quando o legislador não cobrir todos os riscos sociais, deve ele selecionar os riscos mais relevantes.

Distributividade na prestação – o legislador não conseguirá atender a todos; logo, deve-se distribuir os benefícios àqueles que mais necessitam.

Seletividade na prestação dos benefícios e serviços implica que tais prestações sejam fornecidas apenas a quem realmente necessitar, desde que se enquadre nas situações que a lei definir. Somente poderão usufruir do auxílio-doença, por exemplo, os segurados que se encontrarem em situação de incapacidade temporária para o trabalho.

Tal princípio é melhor aplicável à previdência e à assistência social.

OBS.: não confundir com o princípio anterior: a cobertura é universal, entretanto, para fazer jus a um benefício ou serviço, o segurado deve enquadrar-se nas situações seletivas definidas pelo legislador.

1.1.4) Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais

Deve-se tratar os trabalhadores urbanos e rurais da mesma forma. Terão os mesmos benefícios e serviços disponibilizados ao segurados urbanos. Não significa que tudo que o urbano receber também será destinado ao rural – não significa que os benefícios terão o mesmo valor. Os cálculos serão feitos da mesma forma.

1.1.5) Irredutibilidade do valor dos benefícios

Valor nominal – é o valor de face, é o que está escrito (o número). Valor real – é o valor definitivo, o valor referente ao poder aquisitivo. O princípio refere-se ao valor nominal – este é irredutível.

A preservação do valor real do benefício, que busca assegurar o seu reajustamento, preservando, em caráter permanente, o seu poder aquisitivo é

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também, indubitavelmente garantido pelo texto constitucional, não estando, contudo, inserido como um dos objetivos da seguridade social (art. 194, parágrafo único). O art. 201, parágrafo 4º da CF expressamente afirma que é assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.

Atualmente, o índice que é utilizado como parâmetro para os reajustes dos benefícios do RGPS é o INPC calculado pelo IBGE, levando-se em conta o rendimento das famílias que possuem renda entre um e oito salários mínimos, sendo o chefe assalariado.

A partir da MP 316, convertida na Lei 11340/2006, o INPC passou a estar previsto no corpo da Lei 8213/91 (art. 41-A), com a seguinte redação: “O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo, com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, apurado pela Fundação Instituto de Geografia e Estatística – IBGE”.

A própria CF veda, expressamente, a qualquer espécie de vinculação ao salário mínimo, no art. 7º, IV, ao garantir o “salário mínimo fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”.

1.1.6) Princípio da diversidade da base de financiamento

Várias bases para o financiamento. O financiamento da seguridade advém de várias pessoas (diversidade subjetiva), bem como de várias atividades (diversidade objetiva).

O objetivo deste ordenamento é diminuir o risco financeiro do sistema protetivo. Quanto maior o número de fontes de recursos, menor será o risco de a seguridade sofrer, inesperadamente, grande perda financeira.

1.1.7) Princípio da equidade na forma de participação de custeio

Quem ganha mais, paga mais, quem ganha menos, paga menos.

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Para se definir a participação no custeio da seguridade scial, levar-se-á em consideração a capacidade de cada contribuinte. As contribuições sociais devem ser criadas, atentando-se para este princípio, que satisfaz os três grupos da seguridade social.

1.1.8) Princípio do caráter democrático e descentralizado da administração

Gestão quadripartite – os entes que fazem parte desta gestão – trabalhadores, empregadores, aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

Ver-se-á agora apenas a previdência social.

2) REGIMES PREVIDENCIÁRIOS BRASILEIROS

Considera-se regime de previdência social aquele que ofereça aos segurados, no mínimo, os benefícios de aposentadoria e pensão por morte.

Do ponto de vista financeiro, os regimes de previdência social podem ser financiados de duas formas: repartição simples ou capitalização.

Repartição simples – as contribuições são depositadas em um fundo único. Os recursos são, então, distribuídos a quem deles necessitar. Está alinhado ao princípio da solidariedade. Os regimes previdenciários públicos são organizados com base da repartição simples.

Regime de capitalização – é aquele em que as contribuições são investidas pelos administradores, sendo os rendimentos utilizados para concessão de futuros benefícios aos segurados, de acordo com a contribuição feita por cada um. A previdência privada utiliza-se desta técnica de custeio.

Há os regimes principais e os regimes complementares. Os principais possuem participação compulsória. Os complementares possuem participação facultativa.

Os principais podem ser divididos em 2 grupos:

Do setor público – pessoas que trabalham no setor público;

o Civil

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União – RPPS – Regime Próprio da Previdência Social. Na verdade, todos os entes estatais possuem um RPPS (quanto aos municípios, nem todos o tem).

Estados

DF

Municípios

o Militar

Do setor privado – pessoas que trabalham no setor privado – RGPS – Regime Geral da Previdência Social – é o do INSS. É regime de repartição simples e de benefício definido. Depois de todas as alterações quanto à atual Secretaria da Receita Federal do Brasil, o INSS passou a ser responsável, unicamente, pela administração dos benefícios previdenciários, enquanto à SRFB compete as atividades correlacionadas a arrecadação, fiscalização e cobrança de tributos previdenciários, além dos tributos de competência da antiga Receita Federal. Com isso, a administração de todos os tributos federais passou a ser exercida por um único ente. OBS.: Tal regime é do setor privado porque são filiados as pessoas que trabalham no setor privado, todavia, trata-se de um regime público de previdência social, pois é organizado pelo Estado.

Art. 40 da CF trata do RPPS

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

Art. 195 da CF trata do RGPS

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

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OBS.1: No RGPS não se tributa os aposentados; já no RPPS federal, tributar-se-á os aposentados.

Obs.2: Municípios que não possuem RPPS, cairá no RGPS.

Quanto à previdência complementar, ela se divide em:

Oficial – elas estão sendo criadas. A EC 41 modificou o sistema dos servidores públicos, trazendo o fim da paridade (toda vez que os ativos têm aumento, os inativos também terão direito ao aumento - acabou) e da integralidade (quando aposentar, receberá o mesmo valor da remuneração – acabou). Tal regime servirá para complementar o valor da aposentadoria recebida. Ela ainda não foi instituída, dependendo de lei ordinária de iniciativa do Poder Executivo de cada ente federativo. Quando tal regime for criado, será gerenciado por entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes, planos de benefícios, apenas na modalidade de contribuição definitiva.

o União

o Estados

o DF

o Municípios

Privada – é organizado de forma autônoma em relação ao RGPS e baseia-se na constituição de reservas que garantam o benefício contratado. Deve ser regulamentando por Lei Complementar (LC 108 e 109, todas de 2001)

o Aberta – são as vendidas nos bancos; todos podem se filiar.

o Fechada – só podem participar pessoas de determinadas empresas ou categorias. Não é qualquer um que pode participar.

Ex.: Delegado da PF contribui para o regime próprio por ser servidor federal, e, se der aulas numa instituição privada, também deverá contribuir para o RPGS (os dois regimes são de participação obrigatória).

O mínimo de benefícios que o um regime deve oferecer é aposentadorias e pensões.

2.1) Apresentação das prestações previdenciárias do RGPS

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Posteriormente, ver-se-á especificamente cada uma das prestações.

Estas prestações subdividem em:

Serviços - à disposição de segurados e dependentes. Inclui:

o O serviço social, (é serviço da previdência social, e não da assistência social).

Art. 88 da Lei 8213/91. Compete ao Serviço Social esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade.

§ 1º Será dada prioridade aos segurados em benefício por incapacidade temporária e atenção especial aos aposentados e pensionistas.

§ 2º Para assegurar o efetivo atendimento dos usuários serão utilizadas intervenção técnica, assistência de natureza jurídica, ajuda material, recursos sociais, intercâmbio com empresas e pesquisa social, inclusive mediante celebração de convênios, acordos ou contratos.

§ 3º O Serviço Social terá como diretriz a participação do beneficiário na implementação e no fortalecimento da política previdenciária, em articulação com as associações e entidades de classe.

§ 4º O Serviço Social, considerando a universalização da Previdência Social, prestará assessoramento técnico aos Estados e Municípios na elaboração e implantação de suas propostas de trabalho.

o A habilitação e reabilitação profissional e social –

Art. 89. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a (re)educação e de (re)adaptação profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive.

Parágrafo único. A reabilitação profissional compreende:

a) o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para locomoção quando a perda ou redução da capacidade funcional puder ser

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atenuada por seu uso e dos equipamentos necessários à habilitação e reabilitação social e profissional;

b) a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior, desgastados pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário;

c) o transporte do acidentado do trabalho, quando necessário,

OBS.1: Quanto a este serviço, o aposentado também terá o direito de usufruir.

OBS.2: A reabilitação não tem o dever de achar emprego pra ninguém.

Benefícios –

o Pensão por morte – todos recebem

o Auxílio-reclusão – o segurado deve ganhar um limite (quem ganha até R$ 710,08). Deve ser baixa-renda. Não é todo mundo que receberá tal benefício

o Aposentadoria por tempo de contribuição – não é aposentadoria por tempo de serviço. Se for um homem, 35 anos de contribuição, mulher – 30 anos. Não há idade mínima no RGPS, apenas no RPPS. Aqui, não importará a idade do segurado, apenas o tempo de contribuição. Se for professor de ensino infantil, fundamental e médio, poderá reduzir 5 anos. No RPPS chamam tal especificidade de aposentadoria especial do professor.

o Aposentadoria especial – trabalho em condições especiais. Aposentará com 15, 20 ou 25 anos de contribuição. O tempo aqui não é diferente para homens ou mulheres.

o Aposentadoria por idade – como o sistema é contributivo, deverá, além da idade, ter um determinado número de contribuição. Hurbano – 65 anos; Hrural – 60 anos; Murbana – 60 anos; Mrural – 55 anos. Não há redução da idade para o professor. A redução na aposentadoria por idade é para o trabalhador rural.

o Aposentadoria por invalidez – deve ter uma incapacidade total e permanente (não pode estar apto a nenhuma outra atividade), todavia, ***o Judiciário vem admitindo exceções, verificando a instrução escolar do segurado, idade e qual a lesão ocorrida (as provas de concurso ainda não estão trazendo tal entendimento). Não se trata de invalidez vitalícia (o termo

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“permanente” não é usado corretamente, pois o sujeito se submeterá a perícias, e pode sim, depois de um tempo, o segurado estar apto a trabalhar);

o Auxílio-doença – o segurado deverá estar incapacitado temporariamente;

o Auxílio -acidente – redução da capacidade;

o Salário-família – não é benefício do dependente;

o Salário-maternidade

Embora no texto constitucional haja previsão expressa de que a previdência deve proteger o trabalhador em situação de desemprego involuntário, o benefício governamental fornecido nesta situação – seguro-desemprego – é administrado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, não fazendo parte dos benefícios previdenciários. Ocorre que este benefício é tipicamente previdenciário e, de fato, deveria ser oferecido pela previdência social, entretanto, devido a razões políticas, sua administração passou para o Ministério do Trabalho.

HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL

HISTÓRICO MUNDIAL

ANO FATO OCORRIDO

1601 Lei dos Pobres, na Inglaterra, com caráter assistencial;

1893 Criação do auxílio-doença, na Alemanha;

1884 Criação da cobertura para acidentes de trabalho, na Alemanha;

1889 Criação do seguro de invalidez

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e velhice, na Alemanha;

1917*** Constituição Mexicana, considerada a primeira a estruturar uma previdência social;

1919*** Constituição Alemã de Weimar;

1935 Social Security Act, criando a previdência dos EUA;

1942*** Plano Beveridge, na Inglaterra, que uniu os três ramos da seguridade: saúde, assistência social e previdência social.

HISTÓRICO BRASILEIRO

ANO FATO OCORRIDO

1553 Santa Casa dos Santos prestava serviços assistenciais;

1835 Montepio Geral, primeira entidade de previdência privada;

1891 Constituição estabeleceu aposentadoria por invalidez

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para os servidores públicos;

1919 Seguro obrigatório de acidentes de trabalho;

1923*** Lei Eloy Chaves, criando as CAP´s das empresas ferroviárias. Marco da previdência brasileira – 24 de janeiro (aniversário da Previdência).

Década de 20 Ampliação das CAP´s para várias outras empresas;

Década de 30 Fusão das CAP´s por empresas em IAP´s por categoria profissionais;

1942 Criação da Legião Brasileira da Assistência Social – LBA;

1946*** Constituição utiliza a expressão “previdência social”, garantindo a proteção aos eventos de doença, invalidez, velhice e morte;

1949 Regulamento Geral das CAP´s remanescentes;

1960 Criação do Ministério do

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Trabalho e da Previdência Social e aprovação do LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social;

1967 Criação do INPS com a unificação dos IAP´s;

1971 FUNRURAL, estendendo os direitos previdenciários aos rurais;

1972 Direitos previdenciários dos empregados domésticos;

1977 Instituição do SINPAS, integrando as áreas de saúde, assistência social e previdência social;

1988*** Constituição utilizou, pela primeira vez, a expressão seguridade social abrangendo as áreas de saúde, assistência e previdência social;

1990*** Criação do INSS, a partir da fusão do INPS com o IAPAS;

2004 Criação da Secretaria da Receita Previdenciária – SRP órgão responsável pela arrecadação, cobrança e fiscalização das contribuições

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previdenciárias, vinculado ao Ministério da Previdência Social;

2005*** Criação da Secretaria da Receita Federal do Brasil – SRFB vinculada ao Ministério da Fazenda, resultado da fusão da SRP com a Secretaria da Receita Federal.

19/11/2005*** A MP 258 de 2005 perdeu a eficácia, já que não foi apreciada pelo Congresso Nacional no prazo constitucionalmente estabelecido, voltando a existir a SRP e a SRF;

16/03/2007*** Criada a SRFB definitivamente, criando o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (Lei 11457/2007)

3) ART. 201 DA CF E SEUS PARÁGRAFOS

3.1) PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS), CAPUT DO ART. 201

A)Princípio da contributividade

A Previdência Social é contributiva (se alguém não contribui, não participará da previdência).

B) Princípio da obrigatoriedade da filiação

A filiação é o vínculo que se estabelece entre o segurado e a previdência – é dela que nascem direitos e obrigações recíprocas. As pessoas que exercem

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atividade remunerada já estarão filiadas ao RGPS (desde que a atividade seja vinculada ao Regime Geral) – que são os segurados obrigatórios.

C) Manutenção do equilíbrio financeiro e atuarial

Não se pode gastar mais do que ganha (equilíbrio financeiro). O equilíbrio atuarial diz respeito às estatísticas de expectativa de vida dos contribuintes, tempo de contribuição de acordo com a idade do segurado etc.

OBS.1: seguro-desemprego (III, do art. 201 da CF) – há divergências quanto a ser um benefício da Previdência Social ou não (quem defende ser benefício da previdência, baseia-se neste inciso III do art. 201 da CF). Prevalece que ele não é um benefício desemprego (sustentam que há uma autarquia previdenciária – INSS – e este administra benefícios previdenciários, não cuidando de tal instituto – trabalho de competência da CEF).

OBS.2: INSS – Instituto Nacional do Seguro Social (e não da Seguridade Social).

3.2) PARÁGRAFO PRIMEIRO – CRITÉRIOS DIFERENCIADORES PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS

§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

Há exceções: a) atividades exercidas sob condições especiais; b) segurados portadores de deficiência – não existe lei regulamentando isto ainda – necessita de lei complementar. Alguns autores passaram a defender uma posição interessante: a lei complementar não é só para os portadores de deficiência e também para os que exercem atividades sob condições especiais já que a exigência encontra-se ao final do parágrafo – entendimento minoritário.

3.3) PARÁGRAGO SEGUNDO – BENEFÍCIO INFERIOR AO MÍNIMO

§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Há benefícios com valor mensal inferior ao salário mínimo – são aqueles que não substituem o salário do contribuinte, ex.: salário-família,

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auxílio-acidente, auxílio-reclusão no caso de o segurado pagar apenas uma contribuição e o benefício ser desdobrado aos dependentes (o benefício não é menor que o mínimo, mas está sendo dividido de acordo com o número de dependentes).

OBS.1: Dec 6765/2009 – modificou os valores máximos da Previdência Social, modificando, por tabela, o salário-família – teto da previdência =R$ 3218,90

OBS.2: qual o valor máximo de benefícios? R: É o teto previdenciário (ver a nova modificação). Exceções: 1ª) salário-maternidade – se a mulher recebia 20 mil reais de salário, receberá também este valor de salário-maternidade. Todavia, mesmo sendo pago acima do teto previdenciário, não poderá ser pago acima do que ganha o Ministro do STF – art. 248 da CF.

Art. 248. Os benefícios pagos, a qualquer título, pelo órgão responsável pelo regime geral de previdência social, ainda que à conta do Tesouro Nacional, e os não sujeitos ao limite máximo de valor fixado para os benefícios concedidos por esse regime observarão os limites fixados no art. 37, XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

2ª) Grande invalidez – o aposentado por invalidez quando precisa do auxílio de uma terceira pessoa para sobreviver –ganhará 25% a mais do valor do benefício, mesmo superando o teto.

3.4) PARÁGRAFO TERCEIRO – ATUALIZAÇÃO DO SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO

§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

O salário de contribuição servirá como base de cálculo para chegar ao valor que deverá ser pago a título de contribuição. Serve também para o cálculo de benefícios (alguns benefícios não precisarão de seu uso, como o salário-maternidade, salário-família).

OBS.: salário de contribuição não é igual a salário.

O índice que se usará para atualizar será o que a lei disser que deve ser aplicado – índice legal - “...na forma da lei.” – hoje é o INPC.

3.4) PARÁGRAFO QUARTO – REAJUSTE DOS BENEFÍCIOS

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§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Todo ano os benefícios são reajustados. Não se utiliza o índice mais favorável ao segurado, e sim o índice legal – o definido em lei.

A irredutibilidade é uma abstenção (não-fazer) – não se pode reduzir o valor nominal dos benefícios – se alguém ganha 1000 reais, ele não poderá ganhar 999 reais posteriormente. Todavia, deve-se reajustar os benefícios para preservar também o valor real (o que se garante é a preservação do valor real, mas não se assegura uma índice certo para isso, apenas o definido em lei, pois, preservar o valor real é reajustar segundo os índices definidos em lei). Não se garante o número de salários-mínimos que já recebia, pois o salário-mínimo pode ser reajustado em “X”, mas o salário de contribuição pode ser reajustado em valor “X-1”(deve-se lembrar que os benefícios que substituam o salário mínimo não podem ter valor menor que este).

3.5) PARÁGRAFO QUINTO – VEDAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DE SEGURADO DO REGIME PRÓPRIO COMO FACULTATIVO NO RGPS

§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

É diferente da pessoa que exerce atividade remunerada no RGPS e ao mesmo tempo exerce atividade remunerada no RPPS – será segurado obrigatório nos dois regimes.

3.6) PARÁGRAFO SEXTO – GRATIFICAÇÃO NATALINA

§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Quem recebe LOAS não tem direito a 13º salário.

Ler art. 28, parágrafo 7º, da lei 8212/91.

3.7) PARÁGRAFO SÉTIMO – REQUISITOS PARA A APOSENTADORIA

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§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

O inciso I trata da aposentadoria por tempo de contribuição. O inciso II trata da aposentadoria por idade – não há cumulação desses dois requisitos!!!

3.8 ) PARÁGRAFO OITAVO – APOSENTADORIA DO PROFESSOR

§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Trata-se da aposentadoria por tempo de contribuição (aposentar-se-á com 5 anos a menos). Somente professor do ensino infantil, fundamental e médio.

Na aposentadoria por idade, o professor não terá tal redução (apenas o trabalhador rural terá tal direito de redução na aposentadoria por de idade).

3.9) PARÁGRAFO NONO – CONTAGEM RECÍPROCA

§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

3.10) PARÁGRAFO DEZ – ACIDENTE DE TRABALHO

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§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Ainda não existe lei regulamentando tal assunto.

3.11) PARÁGRAFO ONZE – GANHOS HABITUAIS TRIBUTADOS

§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Há verbas que não serão tributadas (não consideradas para efeito de salário de contribuição) – art. 28, parágrafo 9º, da lei 8212/91 – verbas indenizatórias.

Assim, para chegar ao SC do empregado, retirar-se-á as verbas não tributárias, verificará o teto da previdência (limitar ao teto) e verificará a alíquota a ser imposta. Para a empresa, não há teto, usando uma alíquota base (20%), pagando bem mais do que o empregado, a título de SC. Ex.: se o empregado ganha R$ 18.000,00 de salário, contribuirá apenas em cima dos R$ 3218,90. Já a empresa, contribuirá em cima dos R$ 18.000,00.

3.12) PARÁGRAFO DOZE E TREZE – SISTEMA ESPECIAL DE INCLUSÃO PREVIDENCIÁRIA

§ 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

§ 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)

LC 123/2006 – Estatuto de microempresa e empresa de pequeno porte – o segurado facultativo, que contribui normalmente com alíquota de 20%, se aderir ao Plano de Previdência Simplificado (PSP), passará a pagar em cima do salário mínimo e contribuirá com alíquota de 11%, tendo benefícios no valor de 1 salário mínimo e também não terá direito à aposentadoria por tempo de contribuição – tal sistema é facultativo.

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O contribuinte individual também poderá aderir a tal PSP, desde que preste serviço a pessoas físicas. Passará a contribuir com os mesmos requisitos acima ditos.

Tal plano da LC não está bem de acordo com o parágrafo 2º do art. 201 da CF, pois, a CF fala somente do trabalhador baixa renda e do doméstico, e a lei fala do facultativo (que inclui o doméstico, mas também arrola o estudante, dentre outros) – a lei pode aumentar o rol constitucional, só não pode reduzir.

4) BENEFICIÁRIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Beneficiários são os segurados e os dependentes. Segurado é o que contribui. Dependente é o que não contribui.

Dentro dos segurados, há os:

Facultativos – não exercem atividade remunerada. Não existe segurado facultativo em outro regime; apenas no RGPS – fundamento: universalidade da cobertura e do atendimento. Ele deve ter, no mínimo, 16 anos.

Obrigatórios – exercem atividade remunerada. São os maiores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz (que se permite o início das atividades a partir dos 14 anos), que exercem qualquer tipo de atividade remunerada lícita que os vinculem, obrigatoriamente, ao sistema previdenciário. Estes são subdivididos (todos contribuem – característica comum):

o Empregado

o Empregado doméstico

o Contribuinte individual

o Trabalhador avulso

o Segurado especial

Nem todo mundo que contribui é segurado, ex.: empresas (elas apenas contribuem).

Quanto aos dependentes, eles são divididos em classes:

1ª classe

2ª classe

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3ª classe

Antigamente existia uma 4ª classe – classe da pessoa designada.

4.1) SEGURADOS

Segurado, obrigatório e facultativo, para o RGPS, tem, no mínimo, 16 anos. O judiciário, volta e meia, aceita o trabalho pelo o menor de 16 anos.

Os segurados, obrigatório e facultativo, devem ser pessoas físicas.

4.1.1) Segurado facultativo

Deve ter no mínimo 16 anos. Ele contribui porque quer - art. 11 do Dec 3048/99. Ele não pode participar de regime próprio. Trata-se de um rol exemplificativo.

Ele não poderá ter regime próprio, pois se tiver, não poderá contribuir como segurado facultativo.

A filiação na qualidade de segurado facultativo gera efeito somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo retroagir e não permitindo o pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição. Após a inscrição, o segurado facultativo somente poderá recolher contribuições em atraso, quando não tiver ocorrido perda da qualidade de segurado.

OBS.: É possível ser segurado obrigatório e facultativo ao mesmo tempo? Não. O que pode acontecer é a pessoa ter um regime próprio, estar afastada sem vencimentos - poderá contribuir no RGPS como facultativo enquanto estiver nessa condição.

Art. 11.  É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório da previdência social.

§ 1º Podem filiar-se facultativamente, entre outros:

I - a dona-de-casa;

II - o síndico de condomínio, quando não remunerado – o remunerado é contribuinte individual;

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III - o estudante;

IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior;

V - aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social; - desempregado

VI - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei n º 8.069, de 13 de julho de 1990, quando não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;

VII - o bolsista e o estagiário que prestam serviços à empresa de acordo com a Lei n º 6.494, de 1977 – se estiver em desacordo, será considerado empregado

VIII - o bolsista que se dedique em tempo integral à pesquisa, curso de especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;

IX - o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; e

X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional.

4.1.2) Segurados obrigatórios

Segurados obrigatórios – art. 12 da lei 8212/91; art. 11 da lei 8213/91 e no art. 9º do Dec. 3048/99.

A) Empregado

Não é o mesmo do Direito do Trabalho (não tem o mesmo conceito). O Direito Previdenciário dá um conceito mais amplo à figura do empregado. Art. 11, I e alíneas, da Lei 8213/91:

Aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado – o fato de ser um trabalho não eventual não significa que precisa existir uma alta freqüência;

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Aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas – não pode ser um trabalho superior a 3 meses, prorrogável – art. 9º do RPS;

O brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;

O brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;

O brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio - ex.: brasileiro que trabalha para a União na ONU;

O brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional;

O servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais. (Incluída pela Lei nº 8.647, de 1993) – ele não tem cargo efetivo. Não é o que exerce função de confiança (pois este precisa ter o cargo efetivo). Assim, ele não cai no regime próprio, e sim no RGPS;

O empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

O exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004) – o texto da alínea h é o mesmo da alínea j. O que está valendo é a alínea j. O STF declarou a inconstitucionalidade da alínea h do art. 12 da Lei 8212/91 via controle difuso (por isso que precisou de resolução do Senado Federal). Tanto na 8212 (art. 11) como na 8213 (art. 11) as alíneas h e j possuem a mesma redação e o STF apenas declarou a inconstitucionalidade da alínea h na Lei 8212, mas acaba atingindo a Lei 8213. Um vereador que não tiver regime próprio cairá no RGPS, na qualidade de segurado obrigatório empregado (e o município seria o empregador). Com isso, o município terá de contribuir para o INSS, como se fosse uma empresa;

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O Decreto 3048/99 amplia o conceito de empregados em seu art. 9º, não se encontrando na Lei 8213/91:

 O brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior com maioria do capital votante pertencente a empresa constituída sob as leis brasileiras, que tenha sede e administração no País e cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou de entidade de direito público interno;

O brasileiro civil que presta serviços à União no exterior, em repartições governamentais brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliar local de que tratam os arts. 56 e 57 da Lei no 11.440, de 29 de dezembro de 2006, este desde que, em razão de proibição legal, não possa filiar-se ao sistema previdenciário local; (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

O bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresa, em desacordo com a Lei no 11.788, de 25 de setembro de 2008; (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008). – se prestarem serviço de acordo com a lei do estágio, serão considerados segurados facultativos;

O servidor do Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja amparado por regime próprio de previdência social;

O servidor contratado pela União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal;

o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante de emprego público – pessoas que trabalham nas empresas públicas e sociedades de economia mista;

o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, em conformidade com a Lei n º 8.935, de 18 de novembro de 1994.

B) Empregado doméstico

Art. 11, II, da Lei 8213/91 - aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos.

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Trabalhar no âmbito residencial não quer dizer que o sujeito precisa trabalhar dentro de casa, ex.: jardineiro, motorista, o caseiro do sítio etc.

Deve ele trabalhar em atividades sem fins lucrativos (os empregadores que não podem ter fins lucrativos com a atividade da empregada doméstica). Se a patroa usar a atividade da empregada doméstica para fins lucrativos, a patroa passará a ser uma contribuinte individual (equiparada à empresa), e a empregada doméstica passará a ser empregada

Art. 15 da Lei 8212/91. Considera-se:

II - empregador doméstico - a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico.

Parágrafo único. Equipara-se a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999).

C) Contribuinte individual

Art. 11, V, da Lei 8213/91. É a classe residual – dentro deles, há pessoas muito diferentes. Normalmente, funciona assim: se não há como enquadrar como empregado, empregado doméstico ou segurado especial, será ele considerado um contribuinte individual! Ele não possui vínculo empregatício.

 A pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 9o e 10 deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008) -

A pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

O ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; (Redação dada pela Lei nº 10.403, de 8.1.2002) - é o padre, o pastor, o rabino, as freiras etc.;

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O brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) – comparação desta alínea com a alínea e do inciso I (que trata dos empregados) – no inciso I o brasileiro trabalha para a União em organismo oficial, no exterior; já o no inciso II, o brasileiro trabalha para o organismo oficial do qual o Brasil é membro efetivo;

O titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) – o diretor empregado é empregado! Não basta ser sócio; deve trabalhar, recebendo remuneração. Quanto ao síndico, deve ele também receber remuneração, pois, se não recebê-la, poderá ser segurado facultativo. OBS.: O síndico que recebe remuneração indireta (os que não pagam taxas, etc.) deverá contribuir como contribuinte individual;

Quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) – é o que trabalha por conta;

        h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não; (Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) – é o que trabalha por conta,

O Dec. 3048 dá uma incrementada – art. 9, parágrafo 15:

§ 15.  Enquadram-se nas situações previstas nas alíneas "j" e "l" do inciso V do caput, entre outros: (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

I - o condutor autônomo de veículo rodoviário, assim considerado aquele que exerce atividade profissional sem vínculo empregatício, quando proprietário, co-proprietário ou promitente comprador de um só veículo;

II - aquele que exerce atividade de auxiliar de condutor autônomo de veículo rodoviário, em automóvel cedido em regime de colaboração, nos termos da Lei n º 6.094, de 30 de agosto de 1974 ; - é o cobrador de ônibus;

III - aquele que, pessoalmente, por conta própria e a seu risco, exerce pequena atividade comercial em via pública ou de porta em porta, como

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comerciante ambulante, nos termos da Lei n º 6.586, de 6 de novembro de 1978; - é o camelô

IV - o trabalhador associado a cooperativa que, nessa qualidade, presta serviços a terceiros;

V - o membro de conselho fiscal de sociedade por ações;

VI - aquele que presta serviço de natureza não contínua, por conta própria, a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, sem fins lucrativos – é a diarista;

VII - o notário ou tabelião e o oficial de registros ou registrador, titular de cartório, que detêm a delegação do exercício da atividade notarial e de registro, não remunerados pelos cofres públicos, admitidos a partir de 21 de novembro de 1994;

VIII - aquele que, na condição de pequeno feirante, compra para revenda produtos hortifrutigranjeiros ou assemelhados;

IX - a pessoa física que edifica obra de construção civil;

X - o médico residente de que trata a Lei n º 6.932, de 7 de julho de 1981 . (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003)

XI - o pescador que trabalha em regime de parceria, meação ou arrendamento, em embarcação com mais de seis toneladas de arqueação bruta, ressalvado o disposto no inciso III do § 14; (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

XII - o incorporador de que trata o art. 29 da Lei n º 4.591, de 16 de dezembro de 1964.

XIII - o bolsista da Fundação Habitacional do Exército contratado em conformidade com a Lei n º 6.855, de 18 de novembro de 1980 ; e (Incluído pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

XIV - o árbitro e seus auxiliares que atuam em conformidade com a Lei n º 9.615, de 24 de março de 1998.(Incluído pelo Decreto nº 3.265, de 1999)

XV - o membro de conselho tutelar de que trata o art. 132 da Lei n º 8.069, de 13 de julho de 1990, quando remunerado; (Incluído pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

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XVI - o interventor, o liquidante, o administrador especial e o diretor fiscal de instituição financeira de que trata o § 6º do art. 201. (Incluído pelo Decreto nº 4.032, de 2001)

D) Trabalhador avulso

Art. 11, VI, da Lei 8213/91 - quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos no Regulamento (Dec. 3048/99). Não se confunde com o trabalhador temporário (que é empregado).

No Decreto, encontra-se no art. 9º, VI

VI - como trabalhador avulso - aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão-de-obra, nos termos da Lei n º 8.630, de 25 de fevereiro de 1993 , ou do sindicato da categoria, assim considerados:

a) o trabalhador que exerce atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e conserto de carga, vigilância de embarcação e bloco (bloco é limpeza);

b) o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério;

c) o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios);

d) o amarrador de embarcação – é quem amarra carga;

e) o ensacador de café, cacau, sal e similares;

f) o trabalhador na indústria de extração de sal;

g) o carregador de bagagem em porto;

h) o prático de barra em porto;

i) o guindasteiro; e

j) o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos; e

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E) Segurado Especial

É o único que possui definição na CF/88 – art. 195, parágrafo 8º

§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

A Lei 11718/2008 alterou significativamente o enquadramento do segurado especial. A contrario sensu, a CF admitiria que os segurados especiais se utilizem de empregados não permanentes.

Art. 11, VII, da Lei 8213/91 - a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele (nem precisa mais morar no imóvel rural) que, individualmente (ou trabalha sozinho) ou em regime de economia familiar*, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:

produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) – se for mais de 4 módulos fiscais passará a ser contribuinte individual;

de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de vida; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

pescador artesanal ou a este assemelhado (um marisqueiro, por ex.) que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008.

*§ 1o  Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria

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subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008) – não pode confundir com regime de subsistência (este é o regime que a pessoa planta e come, não vendendo sua produção).

Principais alterações na figura do segurado especial:

1º) Antigamente, ele não podia ter empregados. Hoje, ele pode ter empregados, por prazo determinado, desde que à razão no máximo 120 pessoas/dia no ano civil (pode ter um empregado só e este poderá trabalhar por 120 dias. Se quiser 120 funcionários, poderá trabalhar por apenas 1 dia). Tal período pode ser corrido ou intercalado.

2º) Não descaracteriza o segurado especial se ele quiser explorar atividade turística, por no máximo 120 dias ao ano

3º) Outorgar, via meação ou comodato, até 50 % da propriedade, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade;

4º) No período da entre-safra ou defeso, poderá exercer outra atividade remunerada por, no máximo, 120 dias;

5º) Exercer mandato de vereador ;

6º) Exercer atividade artística, desde que ganhe menos do que um salário-mínimo;

Há mais coisas – ler na lei!

OBS.1: Todo aquele que exercer concomitantemente mais de uma atividade remunerada, é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma dessas atividades.

OBS.2: O aposentado que voltar a exercer atividade remunerada continuará obrigado a contribuir, não sobre a aposentadoria, mas sim sobre sua remuneração. Voltará como segurado obrigatório.

4.2) DEPENDENTES

Quais as prestações previdenciárias recebidas pelos dependentes? R.: Pensão por morte, auxílio reclusão (são os benefícios), serviço social, habilitação e reabilitação profissional.

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Eles são divididos em classes (1ª, 2ª e 3ª). A 4ª classe, como já dito, não existe mais.

Súmula 4 do JEF – não há direito adquirido, na condição de dependente, pessoa designada, quando o falecimento do segurado deu-se após o advento da Lei 9032/95.

Art. 16 da Lei 8213/91 – dispõe sobre os dependentes.

4.2.1) 1ª classe

Cônjuge ou companheiro(a);

Filhos menores;

Filhos inválidos.

É conhecida como classe preferencial (possui preferência sobre as demais). Se por acaso alguém morre deixando pessoas das 3 classes, o pessoal da 1ª é quem receberá o benefício.

Eles possuem presunção de dependência econômica.

A) Cônjuge

Art. 111 do RPS. O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, que recebia pensão de alimentos, receberá a pensão em igualdade de condições com os demais dependentes referidos no inciso I do art. 16.

Cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebiam pensão de alimentos é considerado de 1ª classe.

B) Companheiro

§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da Constituição Federal.

Não cabe no concubinato impuro – pessoa casada e mantém amante ou largou e não se separou e iniciou a vida com outra. STJ – concubina impura não há direito a prestações previdenciárias.

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Companheiro homossexual: também tem direito às prestações, administrativamente. Ação Civil Pública 2000.71.00.009347-0 da terceira vara federal de Porto Alegre/RS.

C) Filhos menores de 21 anos não emancipados

Nada interfere com a nova alteração da maioridade civil (18 anos).

Se por um acaso o filho se casar, não será mais dependente para fins previdenciários. Exceção: se ele colar grau em curso superior, continuará dependente

Há os equiparados a filhos. São os tutelados e enteados, mas para isso, é preciso existir uma declaração do segurado e também de comprovação da dependência econômica – art. 16, parágrafo 2º, da Lei 8213/91 (uma pessoa da 1ª classe que precisa comprovar – exceção à regra da presunção de dependência da 1ª classe).

§ 2º .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

OBS.1: Menor sob guarda – O INSS não reconhece a dependência deste, pois havia muitas fraudes no passado. Mas a jurisprudência vem reconhecendo tal relação de dependência referente ao menor sob guarda.

OBS.2: Filho até 24 anos na universidade – não é dependente. Para o INSS, se fez 21 anos, não é mais dependente. Nem o judiciário vem admitindo tal relação.

Súmula 37 do JEF - A PENSAO POR MORTE DEVIDA AO FILHO ATÉ OS 21 ANOS DE IDADE, NÃO SE PRORROGA PELA DEPENDENCIA EM RAZAO DE ESTUDO EM UNIVERSIDADE

D) Filhos inválidos

A interdição não é suficiente, por si só, para declarar aquele filho como inválido.

A invalidez pode ser a física, a mental, a adquirida etc.

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Page 34: DIREITO PREVIDENCIÁRIOO

Art. 115 do RPS. O dependente menor de idade que se invalidar antes de completar vinte e um anos deverá ser submetido a exame médico-pericial, não se extinguindo a respectiva cota se confirmada a invalidez.

Se o filho se tornar inválido após os 21 anos (limite para ser dependente), o benefício não será reaberto. Se o filho com 17 anos, por ex, se tornar inválido, o benefício continuará.

Art. 109 do RPS. O pensionista inválido está obrigado, independentemente de sua idade e sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos.

4.2.2) 2ª classe

Pai e mãe.

Precisam comprovar dependência econômica

Art. 22.  A inscrição do dependente do segurado será promovida quando do requerimento do benefício a que tiver direito, mediante a apresentação dos seguintes documentos: (Redação dada pelo Decreto nº 4.079, de 2002)

II - pais - certidão de nascimento do segurado e documentos de identidade dos mesmos; e

Só receberão se não tiver nenhum dependente de 1ª classe (classe preferencial).

O INSS não pode deixar de pagar para a 2ª ou 3ª classe a pretexto de esperar alguém da 1ª classe requerer o benefício. Caso aparecer alguém da 1ª classe depois de já estar pagando para a 2ª classe, o INSS deixará de pagar para os pais e pagará para a criança ou cônjuge, não precisando aqueles devolverem os valores já recebidos, salvo má-fé.

OBS.: Dá para receber mais de 1 pensão? R.: Sendo a pensão de 2 maridos falecidos, não dará para cumular. Mas uma dependência sendo do cônjuge falecido e outra do filho falecido, dará cumular as pensões.

Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é permitido o recebimento conjunto dos seguintes benefícios da Previdência Social:

I - aposentadoria e auxílio-doença;

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II - mais de uma aposentadoria; (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

III - aposentadoria e abono de permanência em serviço;

IV - salário-maternidade e auxílio-doença; (Incluído dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

V - mais de um auxílio-acidente; (Incluído dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

VI - mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa. (Incluído dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxílio-acidente. (Incluído dada pela Lei nº 9.032, de 1995)

4.2.3) 3ª classe

Irmãos menores e inválidos.

É formada pelos irmãos menores de 21 anos não emancipados ou inválidos de qualquer idade.

Para o irmão receber, não poderá existir ninguém de 1ª classe ou 2 classe.

Esta classe precisa comprovar a dependência econômica.

Ser ou não dependente, é matéria que precisa ser prevista em lei, não podendo acrescentar nem excluir ninguém nestas 3 classes.

4.2.4) Regras

1. A ordem de vocação é determinada no momento do evento gerador (pensão por morte, o evento gerador é a morte);

2. Classe superior exclui classe inferior. Um benefício de dependente jamais será divida entre pessoas de classes distintas;

3. Dependentes de mesma classe concorrem entre si;

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4. O benefício não pode ser inferior ao salário mínimo, mas as vezes tal pensão (o que mais ocorre) pode ser dividida entre os dependentes de mesma classe;

5. Quando um dependente perde tal condição, sua quota (sua parte acresce ao demais);

6. Extinta a primeira classe. Extinto o benefício. O benefício não passa de classe para classe.

4.3) FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO

São coisas distintas. Quando se fala em segurados, filiação significa o vínculo jurídico – é dela que nasce direitos e obrigações (dever de pagar as contribuições e direito de reparar o vício). Inscrição é a formalização do vínculo (é a formalização da filiação). Pode ocorrer filiação e inscrição em momentos distintos.

A filiação do segurado obrigatório se dá com o exercício da atividade remunerada. A inscrição dar-se-á no final do mês ao verificar o pagamento deste ao INSS, via empregador ou por ele mesmo. A filiação do segurado facultativo se dá com a inscrição e com o 1º recolhimento.

Ex.: professor começa a trabalhar numa escola. A noite ele sofre infarto e morre – a família receberá pensão. O sujeito estava filiado mesmo não tendo recolhido nenhuma vez (mesmo que sua inscrição não tenha sido efetuada).

OBS.1: Aposentado que volta a trabalhar terá de contribuir, pois será segurado obrigatório. Poderá receber tais benefícios (pois já recebe a aposentadoria): salário-família e salário-maternidade e nenhum outro mais.

OBS.2: Desaposentação – aposentação é a mesma coisa que aposentadoria. Desaposentação, então, é a desfazimento da aposentadoria; o sujeito quer a devolução do tempo contribuído para contribuir para outro benefício. O sujeito quer a devolução do seu tempo para conseguir outro benefício – o INSS não pemite tal instituto.

Art. 181-B.  As aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas pela previdência social, na forma deste Regulamento, são irreversíveis e irrenunciáveis.(Incluído pelo Decreto nº 3.265, de 1999) – aposentou, está aposentado! Quanto à aposentadoria por invalidez, esta é reversível.

Parágrafo único.  O segurado pode desistir do seu pedido de aposentadoria desde que manifeste esta intenção e requeira o

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arquivamento definitivo do pedido antes da ocorrência do primeiro de um dos seguintes atos: (Redação dada pelo Decreto nº 6.208, de 2007)

I - recebimento do primeiro pagamento do benefício; ou (Incluído pelo Decreto nº 6.208, de 2007)

II - saque do respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou do Programa de Integração Social. (Incluído pelo Decreto nº 6.208, de 2007)

O Judiciário vem aceitando o instituto da desaposentação – ver no livro. Discute-se se devolve o dinheiro ou não. Os juízes, na maioria das vezes, não deferem tal devolução.

5) MANUTENÇÃO, PERDA E RESTABELECIMENTO DA QUALIDADE DO SEGURADO

Ter qualidade de segurado é estar seguro. Como se faz para ser segurado? Precisa contribuir. Há exceção: período de graça – período em que a pessoa, sem pagar, mantém a qualidade de segurado. Ter qualidade de segurado é importante, mas não é tudo (não é o suficiente para receber os benefícios).

Art. 15 da Lei 8213/91 – período de graça:

Pessoa em gozo de benefício – sem limite de prazo. Continua sendo segurado enquanto estiver recebendo benefício;

Segurado acometido de doença de segregação compulsória – precisa ficar isolado obrigatoriamente – por 12 meses após acabar o isolamento;

Segurado detido ou recluso – por 12 meses após o livramento, Não é todo preso que sai da prisão que terá 12 meses de qualidade de segurado. Ele só manterá tal qualidade se tiver adquirido tal qualidade (foi preso como segurado; na prisão adquiriu a qualidade de segurado). A fuga da prisão também vale para fins de início da contagem do prazo;

Até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;

Até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar;

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Segurado facultativo – mantém a qualidade de segurado por 6 meses após a sua última contribuição. Se ele pagou uma contribuição a cada 6 meses, ele manteve a sua qualidade de segurado (quando ele ia perder a qualidade de segurado, ia lá e pagava mais uma contribuição). Neste caso, seu tempo de contribuição foi de 8 contribuições – demorará para se aposentar.

OBS.1: Pessoa vem pagando as contribuições; no meio recebeu AD ou AI, parando de contribuir, pois está recebendo o benefício. Recebe alta, voltando a trabalhar. Futuramente, quando for pedir aposentadoria, o período contribuído contará para tempo de contribuição.

OBS.2: Período de graça se conta em meses.

OBS.3: Período de graça é diferente de tempo de contribuição.

Art. 15, § 1º, da lei 8213/91. O prazo do inciso II (segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração); será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.

Quem tem até 120 contribuições, terá 12 meses de PG; quem tem mais de 120 contribuições, terá 24 meses de PG.

Art. 15, § 2º, da Lei 8213/91. Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

Ex.: Se a pessoa foi ou no MTrabalho e recebeu ou não o seguro desemprego, sua situação mudará. Quem tiver de 120 contribuições, terá 12 meses de qualidade de segurado quando perder o emprego, mas se recebeu o seguro desemprego ou foi no MTrabalho, terá 24 meses de qualidade de segurado.

6) CARÊNCIA

Carência é o número mínimo de contribuições indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício.

Auxílio-doença

o Nenhuma contribuição - a cobrança ou não da carência depende do evento causador da incapacidade (um acidente que a causa ou porque sofre

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de uma doença profissional ou do trabalho ou doença grave – art. 151 da Lei 8213/91);

o Carência de 12 contribuições – se não for nenhuma dessas situações acima demonstradas;

Aposentadoria por invalidez

o Nenhuma contribuição - a cobrança ou não da carência depende do evento causador da incapacidade (um acidente que a causa ou porque sofre de uma doença profissional ou do trabalho ou doença grave – art. 151 da Lei 8213/91);

o Carência de 12 contribuições – se não for nenhuma dessas situações acima demonstradas;

Aposentadoria por tempo de contribuição – 180 contribuições;

Aposentadoria especial – 180 contribuições;

Aposentadoria por idade – 180 contribuições;

OBS.: Art. 142 da Lei 8213/91 – tabela de conversão dessas 3 aposentadorias.

Salário maternidade – dependerá do tipo de segurada:

o Segurada empregada, segurada empregada doméstica, trabalhadora avulsa – não há carência. Pode-se, então contratar uma pessoa já grávida de 8 meses e não ter contribuída nada; terá direito ao salário-maternidade (a empresa antecipa o benefício à empregada e a Previdência repassa o gasto à empresa);

o Contribuinte individual, segurada facultativa – 10 contribuições. A cada mês antecipado de gravidez, antecipa-se 1 mês de contribuição: 9 meses carência de 10 contribuições; 8 meses 9 contribuições. OBS.: Segurada Especial – deve comprovar 10 meses de exercício da atividade (não se fala em contribuição);

Auxílio-acidente, pensão por morte, salário-família, auxílio-reclusão – não exige contribuição.

OBS.: Art. 24, parágrafo único, da Lei 8213/91

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Parágrafo único. Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido.  (Vide Medida Provisória nº 242, de 2005)

Ex.: “A” no seu primeiro emprego trabalhou 50 meses (teve 50 contribuições). Perdeu o emprego começa a correr o período de graça 24 meses (pois recebeu o seguro desemprego). Passou os 24 meses e “A” perdeu a qualidade de segurado, pois encerrou o período de graça (P.S.: hoje se paga salário-maternidade no período de graça – antes não era). Conseguindo um emprego e pagando uma contribuição, já adquirirá novamente a qualidade de segurado. Acidentou-se, precisando ficar 100 dias engessado terá direito ao auxílio-doença (pois foi decorrente de acidente, não precisando de carência). Se caso não se acidentou, voltando a trabalhar, contribuiu 3 meses (tem, até o momento, 53 contribuições quanto ao tempo de contribuição). Mas para efeitos de carência, tem apenas 3. Pagou a quarta contribuição tempo de contribuição: 54; para efeitos de carência: 54 (???) aplica-se o parágrafo único do art. 24 da Lei 8213/91 “A”contribui 1/3 do número de contribuições exigíveis para a carência deste benefício (que é o auxílio-doença). Se tal sujeito, ao contrair a doença ou lesão no momento em que estava sem trabalhar e se instaurou a incapacidade, não conseguirá o benefício do AD ou AI quando retornar a trabalhar – trata-se de doença preexistente (art. 42, parágrafo 2º, da lei 8213/91). OBS.: O direito que a pessoa tem ao contribuir 1/3 é poder contar aqueles valores já contribuídos, mas se estes forem ainda insuficientes, o sujeito não terá direito ao benefício.

Lei 10666/03 – art. 3º:

Art. 3o A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das aposentadorias por tempo de contribuição e especial.

7) SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO, SALÁRIO DE BENEFÍCIO, FATOR PREVIDENCIÁRIO E RENDA MENSAL INICIAL

O Salário de contribuição possui 2 grandes utilidades: a) cálculo do valor da contribuição; b) cálculo de alguns benefícios.

Dentro da remuneração do sujeito terá verbas que não serão consideradas para o salário de contribuição.

Não integram o SC - art. 28, parágrafo 9º, da Lei 8212/91:

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Page 41: DIREITO PREVIDENCIÁRIOO

§ 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).  

a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o salário-maternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).

b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973;

c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976;

d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).

e) as importâncias: (Alínea alterada e itens de 1 a 5 acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10.12.97

1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias;

2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço-FGTS;

3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT;

4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973;

5. recebidas a título de incentivo à demissão;

6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).

7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).

8. recebidas a título de licença-prêmio indenizada; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).

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Page 42: DIREITO PREVIDENCIÁRIOO

9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).

f) a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria;

g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).

h) as diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinqüenta por cento) da remuneração mensal;

i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977;

j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica;

l) o abono do Programa de Integração Social-PIS e do Programa de Assistência ao Servidor Público-PASEP; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)

m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)

n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxílio-doença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)

o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).

p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)

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Page 43: DIREITO PREVIDENCIÁRIOO

q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico-hospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)

r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)

s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)

t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).

u) a importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)

v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)

x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)

§ 10. Considera-se salário-de-contribuição, para o segurado empregado e trabalhador avulso, na condição prevista no § 5º do art. 12, a remuneração efetivamente auferida na entidade sindical ou empresa de origem. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)

O teto previdenciário, hoje, é de R$ 3218,90. O SC, então, não pode ser pago acima desse valor.

O SC serve também para o cálculo dos benefícios mais importantes.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

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Page 44: DIREITO PREVIDENCIÁRIOO

***Cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição – exemplo

MULHER –

30 anos – Tempo de Contribuição

46 anos – Idade (para aposentadoria por tempo de contribuição não há limite para idades - já pode aposentar);

Ela tem 360 contribuições – (12 meses x 30 anos) – no cálculo, o 13º salário não entra.

Para calcular o benefício, não se usa o SC, mas sim o Salário de Benefício.

Deve-se atualizar o SC segundo o índice previsto em lei.

Deve-se escolher 80% dos maiores salários de contribuição.

(80% de 360 = 288 contribuições ela tem as 360 contribuições, mas só se usará essas 288 contribuições).

Com essas 288 contribuições, far-se-á uma média aritmética – soma as 288 contribuições e divide pelo mesmo número (288), ex.: a soma das 288 contribuições deu 1000; deve-se dividir tal valor por 288 (1000/288).

No caso da aposentadoria, deve-se multiplicar essa média aritmética e multiplicar pelo fator previdenciário (coeficiente atuarial). O resultado desta multiplicação é o salário de benefício.

Ainda não se sabe o quanto receberá como aposentadoria. Deverá o salário de benefício ser multiplicado por uma alíquota (percentual). No caso da aposentadoria por tempo de contribuição, o porcentual é de 100% do salário de benefício. Assim, saberá o RMI – Renda Mensal Inicial. Quando ele é concedido, ele se chama RMI (primeiro benefício); depois, será chamado simplesmente de benefício.

OBS.: Revisão de benefício – cálculo do RMI errado.

Reajuste de benefício – reajuste no benefício já concedido.

Se o fator previdenciário for, no mínimo, igual a 1, não terá problemas. Se o FP for menor que 1, o sujeito terá problemas com o seu salário de benefício. Ele nasce de uma fórmula:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

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Page 45: DIREITO PREVIDENCIÁRIOO

Onde:

f = fator previdenciário;

Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria;

Tc = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria;

Id = idade no momento da aposentadoria;

a= alíquota de contribuição correspondente a 0,31.

É muito difícil dar 1 no FP. Mais do que 1, é mais difícil ainda. Há quem queira que o FP seja extinto.

O FP é facultativo na aposentadoria por idade. É obrigatório na aposentadoria por tempo de contribuição. Foi criado pela lei 9876/99.

A fórmula foi usada para calcular O FP de um homem não-professor. Para resolver as distorções, deverá: a) mulher não-professora – soma 5 anos no tempo de contribuição dela; b) homem professor – soma 5 anos no tempo de contribuição dele; c) mulher professora – soma 10 anos no tempo de contribuição dela.

***Cálculo da aposentadoria especial – exemplo

MULHER -

15 anos - Tempo de contribuição

46 anos - idade

24 anos - trabalho especial

Teve 180 salários de contribuição; atualiza conforme o índice e escolhe os 80% dos maiores SC 144 SC. Faz a média aritmética (soma dos 144 / 144). Não tem FP. Multiplica por 100%: RMI.

***Cálculo da aposentadoria por invalidez – exemplo

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Page 46: DIREITO PREVIDENCIÁRIOO

Pessoa tem 10 contribuições apenas e sofre acidente – não tem carência.

Média aritmética dos 80% maiores SC: 8 SC.

Faz a média aritmética (soma dos 8 / 8).

O resultado já é o SB. Não tem FP.

Multiplica por 100%: RMI

***Cálculo do auxílio-doença – exemplo

Mesma coisa, só muda o percentual: 91%.

***Cálculo da aposentadoria por idade – exemplo

MULHER: 192 Contribuições

60 anos

Usará o FP quando for benéfico para o segurado (quando o FP for maior que 1). Se der menos do que 1, não usará o FP.

O resto é a mesma coisa.

O resultado da média aritmética dos 80% dos > SC já será o SB quando não usar o FP.

Percentual: 70% + 1% para cada grupo de 12 contribuições até o máximo de 100%. Quantos grupos de 12 contribuições esta mulher tem? R.: 192/12: 16; logo: 70% (que é fixo) + 16% = 86%.

***Cálculo do auxílio-acidente - exemplo

Percentual de 50%. Do resto, é a mesma coisa.

***Cálculo do salário-família-exemplo

É um valor fixo. Não precisa de tal cálculo.

OBS.1: Antes da lei 9876/99, não usava os 80% dos maiores salários de contribuição de todo o período contributivo. Era feita média aritmética dos 36 últimos salários de contribuição.

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Page 47: DIREITO PREVIDENCIÁRIOO

OBS.2: Art. 29, parágrafo 5º, da Lei 8213/91 – fala dos benefícios por incapacidade. Se no período base de cálculo o segurado receber benefício por incapacidade (AD ou AI), contar-se-á tal período como tempo de contribuição, usando os salários-de-benefícios já recebidos como salário-de-contribuição. Deve isto ocorrer desde que isto tenha ocorrido e tenha recebido tais benefícios entre períodos de atividade (art. 60, III, do RPS) – (trabalhava --- incapacitou-se --- voltou a trabalhar).

OBS.3: Se tal benefício por incapacidade (art. 60, IX, do RPS) foi recebido em razão de acidente de trabalho, tal tempo em que recebeu o benefício será contado automaticamente como tempo de contribuição (sempre precisar voltar a trabalhar).

OBS.4: Se no período básico de cálculo não existir salário-de-contribuição, o valor do benefício é salário-mínimo.

OBS.5: Projeto de lei 3299/2008 – visa extinguir o fator previdenciário.

OBS.6: Art. 34, I, da Lei 8213/91 – a empresa tem a responsabilidade de descontar de seu empregado e repassar ao INSS a devida contribuição. A responsabilidade é da empresa; logo, o segurado empregado e trabalhador avulso não terão de pagar novamente – presumir-se-á que houve o desconto do SC e seu repasse, tanto é que o INSS pagará o benefício devido a tais segurados, devendo a empresa ser cobrada posteriormente, podendo responder até criminalmente pela ausência de repasse das contribuições. Quanto ao empregado doméstico, a responsabilidade de recolhimento é do empregador doméstico, mas este segurado não tem presunção de desconto, devendo comprovar o recolhimento.

8) BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE

8.1) LOAS – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL

Fundamento legal: está previsto no art. 203, V, da CF. Trata-se de um benefício assistencial. Previsto também na lei 8742/93 (é a LOAS – o benefício é chamado pelo nome da lei).

Tal benefício também é conhecido como benefício de prestação continuada (BPC). Também é chamado de amparo social/assistencial/constitucional.

Beneficiários: o idoso ou o deficiente.

O idoso precisa ter 65 anos (a lei fala em 70 anos, mas a idade é de 65 anos). No Estatuto do Idoso, no art. 34, fala em idade de 65 anos. O deficiente

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pode ser físico, mental, lesões hereditárias ou adquiridas etc. Precisará passar pela perícia.

Súmula do JEF – 29 – ler.

Estrangeiro terá direito a LOAS desde que naturalizado (há uma incorreção, pois estrangeiro naturalizado não seria mais estrangeiro, mas é assim que a lei traz) e domiciliado no Brasil e não seja amparado pelo país de origem.

Índio também pode receber LOAS.

Os sem-teto possuem direito a LOAS, desde que idoso ou deficiente.

Valor: O valor do LOAS é equivalente a 1 salário-mínimo, sem décimo terceiro. Não se fala em carência para benefícios assistenciais (não se trata de benefício previdenciário).

O beneficiário não pode estar recebendo benefício público (como o salário-família) e não pode também estar filiado à Regime de Previdência Social.

Súmula 11 do JEF – ler!

É possível pagar LOAS para duas pessoas da mesma família, desde que as duas se enquadrem nos requisitos.

Conceito de família: Entende-se como família, para fins de recebimento de LOAS, o conjunto de pessoas elencadas como dependentes pela lei (as 3 classes de dependentes – art. 16 da Lei 8213/91). Tais pessoas precisam viver sob o mesmo teto.

Início/término do pagamento: inicia com a apresentação dos documentos. Termina com a morte do beneficiário. LOAS não institui pensão por morte – trata-se de instituto personalíssimo.

8.2) BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS PAGOS AOS DEPENDENTES

8.2.1) Pensão por morte

Fundamentação legal: Art. 74 a 79 da Lei 8213/91 e art. 105 a 115 do Dec 3048/99.

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Qualquer tipo de segurado pode deixar pensão por morte aos seus dependentes (qualquer um, desde que obedecido as regras de dependentes).

Carência: Não tem.

Pressupostos básicos: Exige-se, todavia, a qualidade de segurado.

Valor da pensão por morte: Dependerá se estava ou não aposentado (qualquer aposentadoria). Se o segurado já estava aposentado, o valor será no valor de 100% do valor da aposentadoria (e não do salário-de-benefício). Se o segurado não estava aposentado, o INSS faz de conta que, no dia em que o segurado morreu, ele se aposentou por invalidez e concede tal valor aos beneficiários.

Início do pagamento da PM: A família tem até 30 dias da data do óbito para receber a partir do óbito. Se perder os 30 dias da data do óbito, receberá a partir da data do requerimento. No caso de morte presumida, conta-se a partir da decisão judicial.

OBS.: Não se leva em consideração o AD que eventualmente estiver sendo pago.

8.2.2) Auxílio-reclusão

Fundamentação legal: art. 80 da lei 8213.91; art. 116 a 119 do RPS.

Beneficiários: dependentes de segurado baixa renda (STF – resolveu a polêmica quanto a quem seria o’ baixa renda”.

Não precisa se tratar de prisão definitiva para que se conceda AR.

O semi-aberto também dá direito ao auxílio –reclusão.

OBS.: Menor internado – se for baixa renda, seus dependentes serão beneficiados pelo AR (mesmo caso daquele que cumpre medida se segurança).

Se o segurado preso estiver recebendo remuneração da empresa ou se estiver recebendo AD, ou aposentadoria, a família não ganhará AR.

Valor do AR: Se ele for aposentado não será pago AR aos beneficiários. Faz de conta que ele se aposentou por invalidez na data do recolhimento da prisão.

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Início do pagamento do benefício: conta-se da data do recolhimento à prisão, se apresentado o pedido até 30 dias desse prazo. Perdendo os 30 dias, conta-se partir da data do requerimento.

Término do pagamento do benefício: o benefício só acaba quando cessada todas as cotas. O benefício é suspenso quando o segurado sai da prisão (em qualquer situação: situação de fuga ou porque saiu legalmente).

OBS.: prisão civil – não dá direito ao auxílio-reclusão.

8.3) BENEFÍCIOS DOS SEGURADOS

8.3.1) Salário-família

Fundamentação legal: art. 65 a 70 da Lei 8213/91 e art. 81 a 92 do RPS.

Beneficiários: apenas o empregado e o trabalhador avulso (ambos precisam ser baixa renda). OBS.: Empregado doméstico não ganha salário-família.

Carência: não tem carência.

Pressupostos básicos para se pagar o SF: além da qualidade de segurado, precisa estar em atividade, ou seja, salário-família não é pago no período de graça!

Precisa ter filho ou equiparado menores de 14 anos. Para receber SF é preciso apresentar carteira de vacinação para filhos de até 6 anos de idade. Acima disso, precisa comprovar a freqüência em escola.

É pago por reembolso – a empresa adianta e depois o INSS a reembolsa. Por isso que a empresa precisa guardar tais documentos.

Valor: o valor é por filho. Se os dois forem empregados ou avulsos e baixa-renda, os dois receberão. Existem 2 faixas de SF:

R$ 25,66 – se o segurado ganha até R$ 500,40;

R$ 18,08 - se o segurado ganha até R$ 500,41 até R$ 752,12.

Tais valores são por filho. Se os dois pais se enquadram nos requisitos, os dois receberão tais valores.

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Page 51: DIREITO PREVIDENCIÁRIOO

Início: com a apresentação dos documentos (certidão de nascimento, atestado de vacina etc.).

Término: há situações: a) quando o segurado morre – ninguém mais recebe salário-família; b) segurado deixa de ser baixa-renda; c) quando deixa a atividade remunerada (quando perde o emprego).

OBS.: As cotas de SF não serão incorporadas, para qualquer efeito, ao salário ou ao benefício.

8.3.2) Aposentadoria por tempo de contribuição

Fundamentação legal: arts. 52 a 56 da Lei 8213/91 e no RPS, arts. 56 a 63.

Beneficiários: os segurados (qualquer um). Exceção: aqueles que optaram pelo plano simplificado de previdência.

Requisitos básicos:

Tempo de contribuição – HOMEM – 35 anos; MULHER – 30 anos. Se forem professores do ensino infantil, fundamental ou médio, o tempo é reduzido em 5 anos (HOMEM – 30 anos; MULHER – 25 anos);

Carência – 180 contribuições ou tabela do art. 142 da lei 8213/91 (regra de transição);

RMI: 100% do salário-de-benefício.

Início do pagamento do benefícios: se for empregado ou doméstico – se houve desligamento (parou de trabalhar), esta pessoa tem 90 dias do desligamento para receber do desligamento. Se perder os 90 dias, receberá do requerimento. Para os demais segurados – sempre da data do requerimento.

Término: com a morte do segurado. Se tiver dependente, este benefício institui pensão por morte. Posicionamento jurisprudencial que vem crescendo – cabe desaposentação, mas deve devolver o que já recebeu.

8.3.3) Aposentadoria especial

Fundamentação legal: art. 57 e 58 da Lei 8213/91 e no RPS, arts. 64 a 70.

Beneficiários: o empregado, o trabalhador avulso e o contribuinte individual desde que cooperado.

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O sujeito trabalha em situações especiais, logo, aposentar-se-á com 15, 20 ou 25 anos de contribuição, a depender das situações do Anexo IV do RPS. A empresa emitirá um formulário chamado PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário – que comprovará ou não se é caso de enquadrar numa daquelas atividades.

A pessoa precisa trabalhar o tempo todo nesta atividade especial para se aposentar especialmente (pode trabalhar em mais de uma dessas atividades, mas desde que não saia delas). Ex.: pessoa que trabalha numa dessas atividades especiais, depois trabalha num trabalho comum até se aposentar – não receberá aposentadoria especial (far-se-á uma conversão de tempo especial) – tabela de conversão de tempo especial para tempo comum – art. 70 do RPS. Tabela de conversão de tempo especial para tempo especial – art. 66 do RPS.

Art. 3º da Lei 10666 – a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão de aposentadoria especial e por tempo de contribuição.

Carência: 180 contribuições ou regra de transição (tabela do art. 142 da Lei 8213/91).

Não tem Fator Previdenciário.

Início do pagamento do benefício: para o empregado, é a mesma tabela feita acima (tem 90 dias para solicitar, a contar do desligamento; passando os 90 dias, receberá a partir do requerimento). Para os demais segurados (avulso ou contribuinte individual cooperado), recebe a partir do requerimento.

Término: com a morte, instituindo pensão por morte. Também cessa quando o segurado volta a uma atividade especial.

8.3.4) Aposentadoria por idade

Fundamento legal: arts. 48 a 51 da Lei 8213 e 51 a 55 do RPS.

Beneficiários: todos os segurados. HOMEM – 65 anos; MULHER – 60 anos. Rurais – HOMEM – 60 anos; MULHER – 55 anos.

Carência: 180 contribuições ou tabela de transição.

RMI: 70% + 1% a cada grupo de 12 contribuições até o máximo de 100% do SB.

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Page 53: DIREITO PREVIDENCIÁRIOO

Início do recebimento: para o empregado e o doméstico – se houver desligamento da empresa – tem 90 dias pra pedir; depois dos 90 dias, recebe a partir do requerimento. Para os demais segurados – recebe do requerimento.

Término do recebimento do benefício: com a morte. Gera pensa por morte.

OBS.: Dentro do regime geral há uma aposentadoria compulsória. Trata-se de aposentadoria requerida pela empresa quando o segurado completa 70 anos de idade, quando homem, e 65 anos de idade, quando mulher, desde que preenchida a carência.

8.3.5) Aposentadoria por invalidez

Fundamento legal: arts. 42 a 43 da Lei 8213/91 e arts. 43 a 50 do RPS.

Beneficiário: qualquer segurado (até o facultativo). A incapacidade, em princípio, não será revertida – insuscetível de reabilitação. Se para ficar bom o segurado tiver que fazer transfusão de sangue ou cirurgia, ele não será obrigado a isto se submeter.

Art. 42, parágrafo 2º, da Lei 8213/91 – que já tem doença preexistente, não receberá AI, salvo se já possuía a doença, mas não estava incapaz e posteriormente a incapacidade progrediu.

É pré-requisito receber o auxílio-doença? R.: Não.

Carência: dependerá do evento causador da incapacidade: a) se adveio de um acidente, doença profissional ou do trabalho – não haverá carência; b) se adveio de uma doença grave (art. 151 da lei 8213) – não haverá carência; c) outros eventos – 12 contribuições.

RMI: 100% do SB (grande invalidez : + 25% do benefício).

Início do recebimento: A pessoa pode estar ou não no gozo de auxílio-doença. Se estiver recebendo AD, receberá AI a partir do término do AD. Se não estiver recebendo AD: empregados receberão a partir do 16º dia de afastamento das atividades (até o 15º dia quem paga é a empresa). Se entre o afastamento e o pedido decorrerem mais de 30 dias, receberá da data do requerimento. Para os demais segurados, ter-se-á duas situações: ou é a partir da data da incapacidade ou a partir da data do requerimento, se foi solicitado o benefício após 30 dias do afastamento.

Término desta aposentadoria: morte (gera pensão por morte), quando retorna ao trabalho, quando recupera a capacidade. Esses dois últimos

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Page 54: DIREITO PREVIDENCIÁRIOO

parecem a mesma coisa, mas quando o sujeito retorna ao trabalho e a previdência descobre o benefício cessa de imediato, inclusive o INSS poderá cobrar os benefícios pago quando se estava trabalhando e aposentado; caso o sujeito consiga retornar ao trabalho depois.

Para os demais segurados: mais o número de meses igual ao número de anos de duração da aposentadoria por invalidez ou da aposentadoria por invalidez + o auxílio doença.

8.3.6) Auxílio-doença

Fundamentação legal: art. 59 a 64 da lei 8213/91 e arts. 71 a 80 do RPS.

Beneficiários: todos os segurados.

Requisitos básicos: precisa estar incapaz temporariamente e não ter doença pré-existente, exceto se houver o agravamento ou progressão da mesma.

Carência: depende do evento causador da incapacidade. Se vem de uma doença do trabalho ou profissional ou de acidente não terá carência. Se vem de uma doença grave (art. 151 da Lei 8213/91) não tem carência. Em outras situações (por exclusão) terá carência (igual as regras da AI).

RMI: 91% do SB.

Início do pagamento: igual ao AI (ver no livro).

Término: Morte. Pode gerar pensão por morte. Também cessa com a recuperação. Cessa também com o início do AI.

OBS.: É possível processamento de ofício – sem que a pessoa tenha requerido, o INSS pode dar o benefício ao incapacitado.

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