Upload
internet
View
111
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Direito Processual Civil IProf.MSc Valdenir Cardoso Aragão
Qual justiça?
Qual grau?
Qual comarca?
Qual juízo?
Qual juiz?
• 1.COMPETÊNCIA CIVIL
• Jurisdição – é o poder estatal de impor a solução de conflitos; é dizer o direito. A jurisdição é una.
• Competência – é a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada órgão, ou seja, e a medida da jurisdição.
Art. 86. As causas cíveis serão processadas e decididas, ou
simplesmente decididas, pelos órgãos jurisdicionais, nos limites de sua competência, ressalvada às partes a faculdade de instituírem juízo arbitral.
Princípio do Perpetuatio jurisdictionis.
Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.
Obs. O Princípio da Perpetuatio jurisdictionis acrescenta-se ao da estabilização do processo, a recomendar que para a garantia da firmeza do provimento jurisdicional e com vistas à pacificação social, que é a finalidade do processo civil, não se alterem no curso da demanda, os elementos do processo.
• 2.DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA
• A competência é regrada pelas normas constitucionais, leis
processuais e organização juridiciária. São divididas em:
• Especiais (Trabalhista, Eleitoral, Militar).
• Justiça Comum (Federal e Estadual).
Obs. Chama-se de competência residual tudo aquilo que não diz
respeito às justiças especiais e à federal, sendo portanto,
competência da justiça estadual.
3.COMPETÊNCIA INTERNACIONAL (Arts. 89 a 90, CPC)
- O Código de Processo Civil trata nos arts. 89 a 90, das causas que
pertencem à jurisdição brasileira, divide-se em concorrente ou
cumulativa e exclusiva.
• 3.1. Competência concorrente/cumulativa
O art. 88, CPC estabelece os casos em que os processos podem ser
demandados no Brasil, sem excluir a possibilidade da causa ser
julgada na justiça estrangeira em três situações:
- 1º) quando o domicílio do réu sendo fixado no Brasil, aqui deverá ter
andamento a causa a qual responder, porém tendo pluralidade de
domicílios, algum deles no exterior, lá poderá ser demandado.
- Obs. Pessoa jurídica que tenha aqui agência, filial ou sucursal, considera-
se domiciliada no Brasil.
- 2º) quando a justiça brasileira tiver que apreciar os processos cujas
obrigações que aqui devam ser cumpridas, não importando serem os
litigantes estrangeiros e domiciliados no exterior. Caso do réu resida no
exterior, o juiz brasileiro fará expedir carta rogatória citatória. Dessa
forma, a obrigação que deva ser cumprida no Brasil, poderá o credor aqui
demandar ou no país que o devedor estiver domiciliado.
- 3º) quando os casos em que a demanda tenham por fundamento fato ou ato ocorrido no Brasil. Ex.um contrato aqui celebrado ,mesmo que previsto para cumprimento em outro local.
• Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando:
• I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no
Brasil;
• II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
• III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil.
• Parágrafo único. Para o fim do disposto no no I, reputa-se domiciliada
no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou
sucursal.
• Obs. para que a decisão proferida em outro país tenha eficácia no
território brasileiro, a parte interessada dever requerer perante o STJ sua
homologação (EC 45/2004) (arts. 483 e 484, CPC-Homologação de
sentença estrangeira).
• Art. 483. A sentença proferida por tribunal estrangeiro não terá eficácia
no Brasil senão depois de homologada pelo Supremo Tribunal Federal.
• Parágrafo único. A homologação obedecerá ao que dispuser o Regimento
Interno do Supremo Tribunal Federal.
• Art. 484. A execução far-se-á por carta de sentença extraída dos autos da
homologação e obedecerá às regras estabelecidas para a execução da
sentença nacional da mesma natureza.
• 3.2. Competência exclusiva
• O art. 89, CPC refere que as ações que tenham por objeto imóveis e as
relativas a inventário e partilha de bens localizados no Brasil, somente
podem ser processadas pela justiça nacional.
• Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de
qualquer outra:
• I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
• II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o
autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território
nacional.
• *** é indiferente a nacionalidade do autor da herança, o local da sua morte
ou que tenha em algum momento residido no Brasil.
• *** para fixação da jurisdição brasileira é suficiente que haja bens aqui
presentes, os demais deverão ser objeto de processo no país onde
estiverem estabelecidos.
• Ex. um americano deixa bens no Brasil e nos EUA, somente interessa a
justiça brasileira os bens aqui localizados.
• Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz
litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça
da mesma causa e das que Ihe são conexas.(comum objeto ou causa de
pedir).
4. COMPETÊNCIA INTERNA
É aquela que é exercida por diversos órgãos jurisdicionais com atuação no território nacional.
• 4.1. Critérios determinativos da competência:
• a) Critério objetivo de distribuição da competência:
• - é o critério que distribui a competência em razão do valor da causa, em
razão da matéria e em razão da pessoa.
• - valor da causa (ratione valore) – determinado pelo valor do pedido.
• ( Ex. JEC-40 SM- Lei 9.099/95)-Competência relativa.
• - razão da matéria (ratione materiae) – natureza da relação que se
discute. (Ex. civil, criminal, trabalhista, ...)-Competência absoluta.
• - razão da pessoa (ratione personae) – em razão do sujeito do processo.
• (Ex. art.100, I, II, III, CPC - art. 102, I e art 109, I, CF)-Competência absoluta.
• b) Critério funcional – art. 93, CPC:
• - o legislador identifica as diversas funções que devem ser exercidas
em um processo (ouvir testemunhas, receber petições, expedir
mandados). Portanto, quando o legislador distribui as funções que
devem ser exercidas no processo, estamos diante de uma
competência funcional, que é absoluta.
• Art. 93. Regem a competência dos tribunais as normas da
Constituição da República e de organização judiciária. A competência
funcional dos juízes de primeiro grau é disciplinada neste Código.
• b.1.) Competência funcional horizontal:
• - a distribuição das funções pode se dar no mesmo nível de jurisdição.• Ex. • juiz----------------------jurí-------------------juiz• *** o juiz recebe a PI, o júri condena, o juiz dosa a pena.
• b.2.) Competência funcional vertical ou por hierarquia:
• - a distribuição da competência funcional ocorre entre níveis, entre
instâncias.• Ex. • TJ - 2º grau de jurisdição – julga a causa em recurso• |• Juiz – 1º grau de jurisdição – julga a causa
• c) Critério territorial – art. 94, CPC
• - é aquela que vai dizer onde o processo vai tramitar, isto é, define em que
território será proposta a demanda.
• - regra geral, a ação é proposta no domicílio do réu.
• Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.
• § 1o Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles.
• § 2o Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado onde for encontrado ou no foro do domicílio do autor.
• § 3o Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
• § 4o Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
• Obs. Foro, Fórum, juízo e juizForo – circunscrição . Ex. STF e STJ em todo território nacional.Fórum – prédioJuízo – Vara Cíveis(Vara de família, de falência, ...), Varas Criminais.A demanda é dirigida ao juízo, não ao juiz.
• - Justiça estadual• * comarcas = cidades * distritos = bairros• - Justiça federal• * regiões = 5 regiões TRF . Ex. 4º Região do TRF compreende os
estados de PR, SC, e RS• * seção judiciária = cada Estado possui a sua. Ex. Seção Judiciária do
RS• * sub-seções = cidades. Ex. Sub-seção de Rio Grande
• Obs. Regras básicas para competência territorial - domicílio do réu – art. 94, CPC – ações pessoais (dar, fazer e não
fazer/obrigações) e ações reais mobiliárias.• - foro da situação da coisa – art. 95, CPC – ações reais imóveis
(propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova) Ex. usucapião, ações possessórias
• Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o
foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.
• - nos demais casos de ações reais imobiliárias (Ex. hipoteca ou usufruto),
pode o autor optar pelo foro de localização da coisa ou de domicílio do réu.
• 4.2.Foros especiais
• 4.2.1.Foro da sucessão hereditária – art. 96, CPC
• Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
• Parágrafo único. É, porém, competente o foro:
• I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo;
• II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em lugares diferentes.
• 4.2.2.Foro competente nas ações contra o ausente – art. 97, CPC.
• Art. 97. As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último domicílio, que é também o competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.
• 4.2.3.Foro competente nas ações contra o incapaz – art. 98, CPC.
• Art. 98. A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do
domicílio de seu representante.
• 4.2.4.Foro competente da União e dos Territórios – art. 99, CPC.
• Art. 99. O foro da Capital do Estado ou do Território é competente:• I - para as causas em que a União for autora, ré ou interveniente;• II - para as causas em que o Território for autor, réu ou interveniente.• Parágrafo único. Correndo o processo perante outro juiz, serão os
autos remetidos ao juiz competente da Capital do Estado ou Território, tanto que neles intervenha uma das entidades mencionadas neste artigo.
• Obs. O art.99, que trata do foro especial da União, deve ser entendido em harmonia com o art. 109, §1º, §2º e §3º da CF.
4.3.Foro ratione personae :(art. 100, CPC) Art. 100. É competente o foro: 4.3.1. Separação judicial, divórcio, anulação de casamento e
alimentos - a mulher terá foro privilegiado, o foro competente será o da
residência da mulher, inclui-se a união estável. Também será o foro competente aquele que pede alimentos, no domicílio do alimentando. (art. 100, inc. I e II).
I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento;
II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;
4.3.2. Anulação de títulos ao portador
- no domicílio do devedor, ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos.
III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos;
4.3.3. Pessoas jurídicas de direito privado - quando for o réu pessoa jurídica de direito privado: * no local de sua sede, isto é, no local no qual funciona sua diretoria e
administração; * no local onde a obrigação deve ser cumprida. IV - do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica; b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obrigações que
ela contraiu; c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for
ré a sociedade, que carece de personalidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se
Ihe exigir o cumprimento;
V - do lugar do ato ou fato:
a) para a ação de reparação do dano;
b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de
negócios alheios.
Obs. Ação de reparação de dano – será competente o foro domicílio
do autor ou do fato, permitindo ampla escolha por parte do lesado.
IMPORTANTE: Art. 100. Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido
em razão de delito ou acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato.
4.3.4. Foro de eleição – art. 111, CPC.
Art. 111. A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por convenção das partes; mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações.
§ 1o O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico.
§ 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
Obs. Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção(art.304), a incompetência relativa.
Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu. (Lei 11.280/06)
***– art. 51 do CDC – Relações de consumo