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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 4.ª edição / 2010 Otávio Augusto Reis de Sousa Ricardo José das Mercês Carneiro Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

4.ª edição / 2010

Otávio Augusto Reis de SousaRicardo José das Mercês Carneiro

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© 2005-2010 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

S729 Sousa, Otávio Augusto Reis de. / Direito Processual do Trabalho. / Otávio Augusto Reis de Sousa. Ricardo José das Mercês Carneiro. 4. ed. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2010. 204 p.

ISBN: 978-85-

1. Direito Processual do Trabalho. 2. Direito do Trabalho. I. Título. II. Car-neiro, Ricardo José das Mercês.

CDD 331.16

Todos os direitos reservados.

IESDE Brasil S.A.Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482

CEP: 80730-200 – Batel – Curitiba – PR0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

Atualizado até outubro de 2009.

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SUMÁRIO

Estrutura e organização da Justiça do Trabalho

9 Breve histórico da Justiça do Trabalho no Brasil

11 Organização da Justiça do Trabalho – composição de seus órgãos

18 Garantias e proibições do juiz do Trabalho (garantias funcionais da magistratura de independência e de imparcialidade)

19 Órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho

20 Ministério Público do Trabalho

Jurisdição e competência27 Noções gerais de jurisdição

27 Jurisdição graciosa (voluntária) e contenciosa

28 Outras noções de jurisdição, seus princípios e características

28 Princípios fundamentais da jurisdição

29 Características da jurisdição

30 Conflito de competência (CLT, arts. 803 a 811 c/c CPC, art. 115)

32 Competência

33 Competência em razão da matéria

36 Competência em razão das pessoas

39 Competência em razão do lugar

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SUMÁRIO

41 Competência funcional

43 Competência absoluta e relativa

Princípios do processo, atos, termos e prazos

47 Autonomia do Processo do Trabalho

47 Visão geral dos princípios do Processo do Trabalho

48 Princípios em espécie

54 Atos, termos e prazos processuais

59 Decadência

60 Comunicação dos atos processuais

62 Defeitos dos atos processuais

63 Princípios relacionados com as nulidades no Processo do Trabalho

63 Espécies de defeitos dos atos processuais e suas consequências

Teoria geral da ação trabalhista67 Conceito de ação

68 Elementos da ação

68 Condições da ação

70 Processo, procedimento e pressupostos processuais; partes, representação e substituição; procuradores e terceiros

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SUMÁRIO

Dissídios individuais I85 Petição inicial

Dissídios individuais II97 Antecipação da tutela no Processo do Trabalho

98 Roteiro esquemático da audiência trabalhista

99 Resposta do réu

111 Litiscontestação

Prova113 Teoria geral das provas aplicáveis

ao Processo do Trabalho

115 Ônus da prova

Ritos procedimentais especiais: sumaríssimo e de alçada

141 Rito sumaríssimo

144 Rito de alçada

Sentença, coisa julgada e recursos149 São atos do juiz as sentenças, as decisões

interlocutórias e os despachos

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SUMÁRIO

158 Coisa julgada

161 Teoria geral dos recursos

169 Modalidades de recursos no Processo do Trabalho

Execução trabalhista e ações especiais

185 Introdução

185 Liquidação de sentença (CLT, art. 879; CPC, arts. 475-A a 475-H)

186 Processo de execução trabalhista (CLT, arts. 876 a 893; Lei 6.830/80; CPC)

192 Ação rescisória na Justiça do Trabalho

194 Ações civis admissíveis no Processo Trabalhista

Referências 199

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Doutor em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Membro da Academia Nacional de Direito do Trabalho (ANDT). Professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Juiz do Trabalho da 20.ª Região.

Especialista em Direito Constitucional Processual pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Membro do Instituto de Direito do Trabalho de Sergipe. Professor da Graduação e Pós-Graduação em Direito da Universidade Tiradentes-SE (Unit). Procurador do Trabalho da 20.ª Região.

1 Publicado na Revista do TST, v. 67, n. 4, p. 15-27, out./dez. 2001.

Estrutura e organização da Justiça do Trabalho

Otávio Augusto Reis de Sousa*

Ricardo José das Mercês Carneiro**

Breve histórico da Justiça do Trabalho no BrasilA maioria dos países é dotada de organismos especiais, ora administrativos, ora

judiciais, para a solução dos litígios trabalhistas.

Em trabalho sobre a história e as perspectivas da Justiça do Trabalho1, o profes-sor Arnaldo Süssekind já aduzia que, em estudo submetido em novembro de 1994 ao Conselho de Administração da Organização Internacional do Trabalho (OIT), foram destacados os tribunais trabalhistas da Alemanha, Áustria, Brasil, Costa Rica, Espanha, Finlândia, França, Hungria, México, Cingapura, Turquia e Uruguai.

Há países que não possuem jurisdição especial para os dissídios trabalhistas, como Itália e Holanda, nos quais as demandas são julgadas em tribunais ordinários. Entretanto, neles funcionam juízes especializados em Direito do Trabalho.

No Brasil, seria impensável cogitar qualquer órgão especializado para julgar demandas trabalhistas antes de 1888, ano em que formalmente foi abolido o trabalho escravo no Brasil. Com o fim da escravidão e com a proclamação da República, concomi-tantemente com a chegada dos imigrantes europeus, que assumiram postos de trabalho principalmente no setor rural, alguns dos pilares nos quais se edificava o Direito do Trabalho europeu começaram a ser lançados em terras brasileiras.

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Nesse sentido, em 1907, no plano formal, foram criados os Conselhos Perma-nentes de Conciliação e Arbitragem2, que jamais foram implantados, mas tal fato consti-tuiu o primeiro marco legislativo brasileiro, a nossa primeira tentativa de criar um órgão especializado em julgar demandas trabalhistas. Era uma reação do Brasil para provar que o embrião de país não estava imune às influências humanistas europeias.

Sendo nossa economia de país emergente eminentemente rural, foi natural que em 1922 surgissem os primeiros Tribunais Rurais em São Paulo, para julgar deman-das trabalhistas referentes àquele setor produtivo. Era uma instância administrativa, não existindo até aquele momento instância trabalhista de caráter judicial. Apesar da nomenclatura, funcionava com uma composição semelhante à de uma Junta de Conci-liação e Julgamento e não de um tribunal, como concebemos hoje.

A criação da Justiça do Trabalho se deu com a Constituição Federal (CF) de 1934, tendo em conta que as Juntas de Conciliação e Julgamento, instituídas pelo Decreto Legislativo 22.132, de 25 de novembro de 1932, proferiam decisões que valiam apenas como títulos suscetíveis de execução na Justiça Comum, cujas instâncias reexaminavam os fundamentos da condenação. A estrutura dessas Juntas de Conciliação e Julgamento era composta de um juiz-presidente (preferencialmente advogado) e dois vogais clas-sistas, um representando a categoria econômica e outro a categoria profissional. No mesmo ano de 1932, um pouco antes, foram criadas as Comissões Mistas de Concilia-ção, com o objetivo de dirimir conflitos coletivos, sendo estas presididas por pessoas de experiência e notória capacidade moral e intelectual. Desde já, registre-se que todos esses órgãos permaneciam vinculados ao Poder Executivo, sem autonomia adminis-trativa ou jurisdicional, constituindo verdadeiros anexos ao Ministério do Trabalho. Como particularidade, em uma época em que se buscava apoio estatal para fortalecer os sindicatos recém-criados – a partir de um modelo imposto e não de conquista social –, somente os empregados sindicalizados tinham acesso a ambos os órgãos.

Ressalte-se que, apesar de a Justiça do Trabalho ter sido instituída com a CF de 1934, aquela não era órgão do Poder Judiciário. Outorgada a Carta Constitucional de 1937, a Justiça do Trabalho continuava sendo órgão administrativo, não fazendo parte do Poder Judiciário. Embora nessa Constituição não se verifiquem avanços significati-vos em relação à Justiça do Trabalho brasileira, vale lembrar que na mensagem dirigida à nação para justificar o fechamento do Congresso Nacional, foi mencionada a resis-tência do Legislativo à aprovação de projeto de lei referente à competência normativa da Justiça do Trabalho.

2 Implantados pela Lei 1.637, de 5 de novembro de 1907, que previa uma composição paritária.

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O Decreto-Lei 1.237, de 2 de maio de 1939, organizou a Justiça do Trabalho. A partir dessa data, as decisões da Justiça do Trabalho poderiam ser executadas no pró-prio processo, sem necessidade de ingresso na Justiça Comum.

Finalmente, com a CF de 1946, mais especificamente no artigo 94, V, a Justiça do Trabalho passou a integrar o Poder Judiciário da União, tendo em sua composição o Tri-bunal Superior do Trabalho (TST) – que substituía o Conselho Nacional do Trabalho –, os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) – que substituíam os Conselhos Regionais do Trabalho – e as Juntas de Conciliação e Julgamento.

A Carta de 1967 fixou constitucionalmente o número de ministros do TST, tendo mantido o poder normativo da Justiça do Trabalho e a composição paritária de seus órgãos, criando, outrossim, a figura hoje conhecida como quinto constitucional, de modo a garantir o acesso a membros do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da advocacia, em proporções definidas, aos TRTs, bem como fixou o ingresso de membros oriundos daquelas instituições no TST.

A Lei Fundamental de 1988, que será paulatinamente apreciada ao longo desta obra, conservou todas essas normas, ampliou a competência da Justiça do Trabalho, conservando o vetusto poder normativo dos tribunais.

A Emenda Constitucional (EC) 24, de 9 de dezembro de 1999, extinguiu a repre-sentação classista, transformando as Juntas de Conciliação e Julgamento em Varas do Trabalho.

Por último, a EC 45/2004 trouxe profundas inovações ao criar o Conselho da Justiça do Trabalho que, vinculado ao TST, exerce a supervisão administrativa e finan-ceira dos vários TRTs, dotadas suas decisões de caráter vinculante. Ainda, procedeu à recomposição do número de Ministros do TST para 27 e eliminou a exigência de que haja pelo menos um TRT por Estado. Previu, ainda, a possibilidade dos TRTs atuarem por meio de câmaras descentralizadas, aproximando-os do jurisdicionado, bem como cogitou a Justiça Itinerante.

A estrutura da Justiça do Trabalho brasileira, hoje, compreende mais de 1 000 Varas do Trabalho, espalhadas por 24 TRTs, tendo como órgão de cúpula o TST.

Organização da Justiça do Trabalho – composição de seus órgãos

A Justiça obreira sofreu modificações estruturais recentes pela EC 24/99, e tam-bém pela cognominada Reforma do Poder Judiciário (EC 45/2004).

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Antes de detalhar essa estrutura, cumpre afirmar que a Justiça do Trabalho no Brasil apresentava, até a EC 45/2004, dentre suas notas características – cada dia mais escassas –, competência normativa. O poder normativo foi atingido pela EC 45/2004, que na prática o transformou em arbitragem, pois, quanto a dissídios coletivos de natu-reza econômica, somente se faculta recorrer ao Judiciário havendo comum acordo, pelo que vislumbramos verdadeira arbitragem facultativa, de tipo oficial. Ressalvou-se ape-nas o dissídio coletivo de greve (CF, art. 114, §3.º). O TST, todavia, entende que persiste o poder normativo, exigindo-se, agora, além de tentativa de negociação, como novidade, comum acordo.

Tema que será abordado em outra oportunidade com maior detalhamento, a competência normativa é uma atribuição sui generis, para muitos legiferante, da Justiça do Trabalho brasileira, que pode decidir condições e regras de trabalho, impondo-se aos suscitantes em dissídios coletivos, dentro do limite dos pedidos. Revela, ao que nos parece, imprópria interferência do Estado, travestido de Estado-juiz, nas relações coleti-vas de trabalho, sem paralelo moderno nos demais países do globo.

Tribunal Superior do Trabalho

É um órgão que tem sua origem na Constituição de 1946, quando a Justiça do Trabalho passou a integrar o Poder Judiciário, tendo como antecedente o Conselho Nacional do Trabalho que, conforme já explicitado, era atrelado ao Poder Executivo.

Após o advento da EC 24/99, sua composição passou a ser de 17 ministros3, em substituição à sua composição anterior, que era de 27 ministros, sendo à época 17 toga-dos e vitalícios e 10 classistas temporários. A EC 45/2004 recompõe o TST, que agora conta, uma vez mais, com 27 ministros.

Seus membros são escolhidos entre brasileiros (natos ou naturalizados) com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo Presidente da República, após aprova-ção do Senado Federal (CF, art. 52, III, “a”), tratando-se, pois, de ato administrativo complexo.

Processo de escolha

Dentre os 27 ministros, temos egressos da magistratura trabalhista e um quinto é oriundo do MPT e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

3 Antes da EC 24/99, de acordo com o texto original da CF de 1988, sua composição era de 27 mem bros, sendo 17 togados vitalí-cios e 10 classistas temporá rios, com representação paritária de empregados e empregadores.

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Em se tratando daqueles provenientes dos TRTs, os ministros do TST elaboram lista tríplice, que é encaminhada ao Presidente da República para escolha e nomeação, após aprovação pelo Senado.4

Já os que têm origem no MPT e na classe advocatícia, as respectivas classes apre-sentam listas sêxtuplas ao TST, que as transformarão em tríplices, encaminhando-as, em seguida, ao Presidente da República para escolha e nomeação após aprovação do Senado.5

Finalidade, estrutura, funcionamento e competência do TST (Lei 7.701/88 e Regimento Interno do TST)

O TST é órgão de jurisdição nacional, que tem sua competência definida na Lei 7.701/88 e no Regimento Interno do TST (RITST), conforme ditames gerais estabele-cidos pela CF.

Sua principal função é uniformizar a jurisprudência trabalhista. É um tribu-nal que julga recursos de revista, recursos ordinários e agravos de instrumento contra decisões dos TRTs, e dissídios coletivos de categorias organizadas em âmbito nacional, como bancários, aeronautas, aeroviários, petroleiros, entre outros.6 Aprecia, ainda, den-tre outras ações, mandados de segurança, embargos opostos a suas decisões e ações rescisórias.

A estrutura básica do TST é composta dos seguintes órgãos: Tribunal Pleno, Seções Especializadas em Dissídios Individuais (SDI 1 e 2), Seção de Dissídios Coleti-vos (SDC) e Turmas.

A EC 45/2004 vincula ao TST também o Conselho da Justiça do Trabalho, que exerce a supervisão administrativo-financeira dos órgãos de grau inferior, e cujas deci-sões têm caráter vinculante.

Pleno – órgão composto por todos os ministros, tendo atribuição, dentre outras, de dar posse aos membros eleitos para os cargos de direção e aos ministros nomeados para o Tribunal. No pleno são votadas as súmulas do TST.

SDI-1 – consolida a jurisprudência do TST em demandas individuais que che-gam ao conhecimento do Tribunal em grau de recurso.

SDI-2 – também restrita à uniformização de jurisprudência em matéria oriunda de reclamação individual, consolida a jurisprudência do TST nos temas que são de sua

4 A EC 45/2004 não cogita expressamente a lista trípli ce, como fazia a redação anterior da CF de 1988.

5 Idem à nota anterior.

6 Vide restrições ao ajuizamento do dissídio coletivo pela EC 45/2004 (CF, art. 114, §2.º) à qual aludimos anteriormente.

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

competência originária, a exemplo de mandado de segurança, ação rescisória, ação cau-telar etc.

A competência das SDIs está prevista no artigo 3.º da Lei 7.701/88 e no artigo 73 do RITST.

SDC – tem por missão sedimentar a jurisprudência do TST em matéria de dis-sídios coletivos.

A jurisprudência uniformizada pelas Seções de Dissídios Individuais e Coletivos recebe o nome de orientação jurisprudencial. Há, entretanto, ainda em vigência, alguns precedentes normativos exclusivamente na SDC, oriundos do período anterior à imple-mentação das orientações jurisprudenciais.

Turmas – são compostas por três ministros, devendo funcionar com o quorum integral. Sua competência está definida no artigo 5.º da Lei 7.701/88 e no artigo 74 do RITST.

Reuniões do TST

As reuniões do TST são fixadas em dias previamente determinados pelo pre-sidente, podendo sempre convocar sessões extraordinárias (CLT, art. 700), desde que comunicadas aos membros do Tribunal com antecedência mínima de 24 horas (CLT, art. 701, §1.º).

As sessões serão realizadas em dias úteis, durante os períodos de 1.º de fevereiro a 1.º de julho, e de 1.º de agosto a 19 de dezembro de cada ano. As sessões públicas serão realizadas das 14 às 17 horas, admitindo prorrogação pelo presidente (CLT, art. 701, caput).

Deve-se frisar que a EC 45/2004 proibiu as sessões administrativas secretas nos tribunais, dando transparência ao Poder Judiciário, pelo que ficam prejudicados os dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que as previam (CLT, art. 701, §2.º).

Tribunais Regionais do Trabalho

Da mesma forma que o TST, a origem dos TRTs ocorre em 1946, quando a Justiça do Trabalho passou a integrar o Poder Judiciário. Os TRTs vieram em substituição aos Conselhos Regionais do Trabalho, criados em 1939.

Nos termos da CF, em sua redação original, estava garantida a existência de pelo menos um TRT por Estado da Federação e no Distrito Federal (CF, art. 112), redação

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que foi modificada pela EC 45/2004; assim, hoje não mais existe tal exigência, sendo possível cogitar mesmo a extinção de tribunais menores, exigindo simples lei federal. Dizia-se pelo menos um TRT, visto que já existem dois TRTs no Estado de São Paulo. A EC 45/2004 permite a criação de câmaras avançadas dos tribunais, e determina insta-lação da Justiça Itinerante nos limites de cada TRT, fixando em sete o número mínimo de juízes. Ausente modificação da nomenclatura dos juízes dos TRTs (EC 45/2004), aos quais o Constituinte não estendeu o título honorífico de desembargador, o qual, todavia, tem sido adotado pelos TRTs.

Hoje, por força de previsão infraconstitucional (CLT, art. 674), o território brasi-leiro foi dividido em 24 regiões.

Observe-se que os TRTs da 8.a, 10.a, 11.a e 14.a regiões têm sede, respectiva-mente, em Belém, Brasília, Manaus e Porto Velho.

Composição

A composição de cada TRT é definida em lei federal.

A composição do quadro de juízes do TRT observa a proporção de quatro quintos de juízes oriundos da Magistratura Trabalhista de 1.º grau, e um quinto oriundos do MPT e da OAB.

Entre os juízes oriundos da carreira da magistratura, a promoção ao TRT respec-tivo se dará por antiguidade e merecimento.

Em se tratando de promoção por antiguidade, a rejeição do juiz mais antigo somente poderá se dar pelo voto de dois terços dos membros do tribunal, assegurada ampla defesa e contraditório (EC 45/2004) e em sessão pública. Já na que se dá por merecimento, será obrigatória a promoção do juiz do Trabalho que figure por três vezes consecutivas ou cinco alternadas na lista de merecimento.

A escolha dos membros oriundos do quinto constitucional dar-se-á de forma semelhante no TST, devendo as respectivas classes apresentar listas sêxtuplas ao TRT, que as transformará em tríplices, encaminhando-as, em seguida, ao Presidente da Repú-blica para escolha e nomeação.

Estrutura e funcionamento dos TRTs

Existe ao menos um órgão obrigatório em todos os TRTs, chamado Pleno. Este, para funcionar, necessita da presença da maioria absoluta dos juízes do tribunal, além do presidente da corte, que, em regra, preside a sessão sem direito a voto. Sua composi-ção é feita pela integralidade dos juízes do tribunal.

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Alguns tribunais menores, com composição de oito juízes, que é, v.g., o caso de Sergipe (20.a região) somente funcionam em suas composições plenas (CLT, art. 672, caput).

Outros tribunais, além do Pleno, subdividem-se em outros órgãos chamados de Turmas Julgadoras ou simplesmente Turmas (CLT, art. 672, §1.º).

Nos tribunais maiores, é facultada a criação de Órgão Especial, que após a EC 45/2004 será composto por metade dos juízes mais antigos, e terá como novidade a eleição dos membros (metade) remanescentes, SDI e em SDC, atribuições que nos tri-bunais menores são exercidas pelo Tribunal Pleno.

Em regra, nos tribunais maiores, há o presidente, o vice-presidente, o corregedor e o vice-corregedor, como quatro figuras distintas. Em outros regionais de menor porte, o presidente acumula a função de corregedor ou, em outros casos, essa é atribuição da vice-presidência, tratando-se de matéria regimental, que pode ensejar tratamento diverso em cada corte trabalhista.

O presidente do tribunal somente terá direito a voto de desempate nos processos que exigirem essa intervenção, bem como manifestar-se-á com voto nas questões sobre constitucionalidade de leis ou de atos do Poder Público. Também nas sessões adminis-trativas, o juiz-presidente terá direito a voto (CLT, art. 672, §3.º). Em regra, nas demais questões, apenas presidirá a sessão, desempenhando outras atribuições administrati-vas, a exemplo da representação do tribunal sempre que se fizer necessária.

Competência

A competência de cada TRT é definida em lei federal. No plano da competência absoluta (material, funcional e em razão das pessoas), não há distinção entre os TRTs. Há, por razões de ordem lógica e de política judiciária, distinção no que tange à com-petência territorial, de modo que cada qual julgará nos limites de sua região que, em alguns casos, compreende mais de um Estado da Federação (8.a, 10.a, 11.a e 14.a regiões) e, em outros, compreende parte de um Estado, como a 2.a e a 15.a regiões, caso especí-fico em que as lides de extensão estadual, por força de lei federal, serão julgadas pelo TRT com sede na cidade de São Paulo (2.a região).

Em regra, os TRTs julgam recursos ordinários de decisões de Varas do Trabalho, agravos de instrumento, ações ordinárias (dissídios coletivos cuja extensão da lide não ultrapasse sua esfera de jurisdição, mandados de segurança, ações rescisórias de deci-sões suas ou das Varas do Trabalho etc.)

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No mais, algumas particularidades da competência dos TRTs, a despeito das disposições do artigo 678, I e II, da CLT, estão dispostos nos respectivos regimentos internos, desde que essa disciplina não se choque com os comandos constitucionais e infraconstitucionais.

Varas do Trabalho

Desde o advento da EC 24/99, os órgãos de base da Justiça do Trabalho são as Varas do Trabalho, compostas por juízes singulares.

Como se sabe, esses órgãos vieram em substituição às Juntas de Conciliação e Julgamento, órgãos colegiados, formados por um juiz-presidente togado e dois juízes classistas temporários, representantes dos empregados e dos empregadores.

Hoje, com o fim da representação classista, a feição das Varas do Trabalho em mui-to se assemelha à das Varas Cíveis, sendo formadas por um juízo monocrático, singular, que tanto pode ser o juiz titular da Vara do Trabalho quanto o juiz do Trabalho substituto.

O ingresso dos juízes nas Varas do Trabalho dá-se após aprovação em concurso de provas e títulos para provimento de cargo de juiz do Trabalho substituto, realizado pelo próprio TRT e válido exclusivamente para as vagas existentes no âmbito de sua região. O ingresso dos juízes foi atingido pela EC 45/2004, ao exigir, como requisito adicional, três anos de atividade jurídica.

O ingresso por meio de concurso público dá-se no cargo inicial da carreira (juiz do Trabalho substituto), e o certame compreende cinco fases, sendo uma prova objetiva, uma subjetiva, a terceira prática, a quarta oral e a quinta e última de títulos, tendo cará-ter apenas classificatório.

Tal qual se processa no TRT, o procedimento de promoções respeita os regra-mentos apontados anteriormente (merecimento e antiguidade), com os temperamentos da tão falada EC 45/2004.

A promoção a que nos referimos, ainda no âmbito das Varas do Trabalho, é para o cargo de juiz titular de Vara do Trabalho.

Competência

Em linhas gerais, as Varas do Trabalho julgam apenas dissídios individuais. Sua jurisdição é local, abrangendo um ou alguns municípios.

A competência das Varas do Trabalho é definida em leis esparsas, que criam regras de competência absoluta, bem como na lei federal que a cria e suas posteriores alterações,

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com destaque para a delimitação de sua esfera de atuação no campo territorial. Sobre esse tema, com as devidas adaptações, posto que o texto original trata de Juntas de Concilia-ção e Julgamento, os artigos 652, 653 e 659 da CLT trazem as atribuições das Varas.

Juízes de direito

Apesar de se tratar de aspecto cada vez mais residual na Justiça obreira, em vir-tude de a Justiça do Trabalho ainda não cobrir todo o território nacional, permanece hoje, em caráter subsidiário, o juiz de direito, da comarca (ou município) não contemplada pela atuação de uma das Varas da Justiça do Trabalho, responsável, nos termos da lei, até que surja a Vara do Trabalho respectiva7, pela competência em matéria trabalhista.

Garantias e proibições do juiz do Trabalho (garantias funcionais da magistratura de independência e de imparcialidade)

Garantias de independência

Vitaliciedade (CF, art. 95, I) – pode ser obtida após dois anos de efetivo exer-cício da magistratura trabalhista, subordinada hoje à frequência aos cursos das Escolas Nacionais de Magistratura (EC 45/2004), ou ao tomar posse, se o ingresso se der dire-tamente nos Tribunais Trabalhistas (TRTs ou TST). Derivado dessa garantia, o afasta-mento somente poderá se dar mediante sentença transitada em julgado ou por vontade própria do Magistrado, nos casos de vacância (provisória) ou exoneração.

Ressalte-se que até a aquisição da garantia, o magistrado poderá perder o cargo por deliberação do tribunal trabalhista ao qual estiver vinculado (CF, art. 93, X).

Distingue-se da estabilidade, em razão de a perda do cargo apenas estar autori-zada mediante sentença transitada em julgado, enquanto que na estabilidade o processo administrativo é meio idôneo para a perda do cargo (CF, art. 41, §1.º).

A vitaliciedade não obsta a aposentadoria compulsória por interesse público (CF, art. 93, VIII) aos 70 anos, ou por invalidez comprovada (CF, art. 93, VI) e ainda a dispo-nibilidade, esta pelo voto de dois terços dos membros do respectivo tribunal assegurada a ampla defesa ou pelo Conselho Nacional de Justiça (EC 45/2004).

Inamovibilidade – refere-se à permanência do juiz do Trabalho no cargo para o qual foi nomeado, não podendo o tribunal ou o governo designar-lhe outra localidade,

7 Súmula 10 do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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salvo quando se tratar de remoção por interesse público, por voto de maioria absoluta de membros do tribunal ou decisão do Conselho Nacional de Justiça (EC 45/2004), assegurada a ampla defesa.

Irredutibilidade de vencimentos – visa conferir independência econômica ao magistrado, mas não se trata de garantia do valor real dos vencimentos, e sim mera garantia de que não haja redução de seu valor nominal. Não podem os vencimentos serem diminuídos nem em virtude de medida geral.

Proibições (garantias de imparcialidade) – exercer outro cargo ou função, ainda que em disponibilidade, salvo uma de magistério; dedicar-se a atividade político-partidá-ria; não se pode tirar proveito econômico do processo (v.g., receber e repartir custas); não se pode receber subvenções de pessoas físicas ou jurídicas e não se pode exercer a advocacia no juízo ou tribunal no qual atuou antes de decorridos três anos (EC 45/2004).

Órgãos auxiliares da Justiça do TrabalhoOs órgãos da Justiça do Trabalho são a secretaria, o distribuidor, a contadoria e

o oficial de justiça avaliador.

Secretaria

Cada Vara do Trabalho terá uma secretaria (CLT, art. 710), dirigida por um chefe (diretor de secretaria), indicado pelo presidente do TRT. O termo secretaria, na esfera trabalhista, deve ser tomado como equivalente ao cartório da Justiça Comum. Sua com-petência e de seus chefes estão descritas nos artigos 711 e 712 da CLT.

Como bem informa Sergio Pinto Martins (2005, p. 115), na Justiça do Trabalho não existe escrivão, mas diretor de secretaria. Este a dirige, preparando os despachos para o juiz, cumprindo as determinações deste: “O ato de secretariar as audiências da Vara é delegado pelo Diretor a outro funcionário, que é o datilógrafo da audiência.”

Também os TRTs terão uma secretaria dirigida por um secretário (chamado secretário judiciário). A competência da secretaria e de seus secretários está descrita nos artigos 719 e 720 da CLT.

Distribuidor

Esse órgão só se justifica quando houver mais de uma Vara do Trabalho, para a distribuição equitativa dos processos que ingressam no tribunal. Nos TRTs também há distribuidor, cuja finalidade é distribuir de forma equânime os processos que dão entrada nos tribunais. Sua competência está discriminada nos artigos 713 e 714 da CLT.

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Oficial de justiça avaliador

Conforme o artigo 721 da CLT, tem por função a realização dos atos decorrentes da execução dos julgados da Vara do Trabalho e dos TRTs, que lhes forem remetidos pelos respectivos presidentes.

Como particularidade, ressalte-se que na Justiça Federal Comum bem como na especializada trabalhista, o oficial de justiça acumula a atribuição de cumprir manda-dos com a de avaliar bens, especialmente para fins de penhora, não sendo necessária a figura do perito avaliador.

Além disso, os oficiais de justiça farão as citações das execuções, as notificações de testemunhas, das partes etc. Seu prazo para cumprimento dos mandados é de nove dias (CLT, art. 721, §2.º), e para avaliação é de dez dias contados da penhora, prazo que na prática não é utilizado, posto que, com a juntada do mandado de penhora cumprido, o bem já vem avaliado.

Salvo a existência de central de distribuição de mandados, cada oficial de justiça funcionará perante uma Vara do Trabalho (CLT, art. 721, §1.º).

Ministério Público do Trabalho

Noções gerais e natureza jurídica do Ministério Público

A CF de 1988 dedica um capítulo às funções essenciais à Justiça, e nele inclui quatro modalidades de advocacia, a saber: advocacia da sociedade, atribuída ao Ministé-rio Público (MP); advocacia dos necessitados, Defensoria Pública; advocacia do Estado conferida à Advocacia da União e às Procuradorias do Estado; advocacia privada, pelos profissionais liberais e advogados-empregados.

Ocupa, em verdade, posição sui generis no quadro das funções estatais, posto que, se sua atuação não envolve atividades legislativas nem jurisdicionais, suas princi-pais funções institucionais têm natureza administrativa, pautada fundamentalmente na promoção da execução das leis, o que faz ser mais próprio situá-lo como órgão do Poder Executivo. Deve, por uma questão até de conveniência, estar constitucionalmente distinto e independente do Poder Executivo. Todavia, exerce uma posição diferenciada porque a ele não se vincula hierarquicamente, posto que goza de autonomia, incluindo a financeira. De mais a mais, o simples fato de o constituinte ter situado o MP topogra-ficamente em capítulo à parte na CF, ou o fato de denominá-lo Poder do Estado, não o transforma em “quarto poder”.

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Conceito (CF, art. 127)

É função do MP ativar o Poder Judiciário, retirando-o da inércia, atuando como advogado da sociedade nas questões que haja interesse individual indisponível ou cole-tivo, no patrocínio desinteressado de interesse público primário.

O artigo 127 da CF o define, levando em conta que é:

Instituição permanente ■ – nenhuma norma infraconstitucional pode abolir os poderes conferidos à instituição. É um dos órgãos pelos quais o Estado manifesta a soberania.

Essencial à função jurisdicional do Estado ■ – norma legal expressa exige sua intervenção; atua quando o interesse público justificar; atuação também junto ao Poder Legislativo, não só perante o Poder Executivo.

Defesa da ordem pública ■ – custos legais e órgão agente; ordem jurídica (complexo de regras, diretrizes e princípios ditados pelo Poder Público) com o intuito de manter a ordem jurídica, política, econômica e social.

Regime democrático ■ – O MP é o guardião da democracia; para sua emissão não pode estar subordinado a um regime totalitário. Só atinge sua função última em regimes democráticos, pois aí o cumprimento da lei é condição para a liberdade das pessoas.

Interesses sociais e individuais indisponíveis ■ – interesse público primário (destinatário é o bem geral, a coletividade, a sociedade ou o indivíduo que necessitar da proteção especial do Estado). São os interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.

No mesmo artigo estão enumerados os princípios institucionais, a seguir dis-postos:

Unidade ■ – seus membros integram um só órgão, sob a direção de um só chefe. Só há unidade entre membros de um mesmo ramo do MP.

Indivisibilidade ■ – os membros do MP podem ser substituídos uns pelos outros, sem que haja alteração subjetiva na relação jurídica processual da qual participe a instituição. Só é possível onde haja unidade.

Independência funcional ■ – não se pode impor um procedimento funcional a um membro do MP, salvo recomendação sem caráter normativo ou vincu-lativo. Sob o aspecto administrativo, entretanto, seus membros devem acatar decisões dos órgãos administrativos superiores.

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Composição e organização do MP brasileiro. MP dos Estados e da União. Ramificações

Na forma do artigo 128 da CF, o MP abrange dois grandes gêneros, a saber:

Ministério Público da União (MPU). ■

Ministério Público Estadual (MPE). ■

O MPU compreende o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Tra-balho, o Ministério Público Militar e o Ministério Público do Distrito Federal e Terri-tórios.

Traçadas essas linhas gerais, passemos ao exame mais detalhado do MPT, que é nosso objeto de estudo.

Lei Complementar 75/93

Ingresso e carreira

O MPT realiza concurso de âmbito nacional para o preenchimento dos cargos de procurador do Trabalho.

A carreira compreende três cargos, a saber: procurador do Trabalho; procurador regional do Trabalho e sub-procurador geral do Trabalho, respectivamente do cargo inicial para o final do quadro.

Em nível nacional, o chefe do MPT é o Procurador-Geral do Trabalho, cujo man-dato é de dois anos, permitida uma recondução. O Procurador-Geral do Trabalho é nomeado pelo Procurador-Geral da República, dentre integrantes da instituição, com mais de 35 anos de idade e de cinco anos de carreira (LC 75/93, art. 88).

Em âmbito regional, a chefia é exercida pelo procurador-chefe de cada Procura-doria Regional do Trabalho, nos termos do artigo 91, VI, da Lei Complementar (LC) 75/93, sendo escolhido preferencialmente entre os procuradores regionais do Trabalho lotados naquela unidade, podendo ser excepcionalmente um procurador do Trabalho, desde que não haja procurador regional do Trabalho na respectiva Procuradoria-Geral.

Atribuições (CF, art. 129 c/c LC 75/93, art. 83)

Em síntese e para fins didáticos, as atribuições do MPT podem ser subdivididas em três gêneros:

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Curador à lide ■ – quando o órgão do MPT atua na curatela dos interesses de incapaz sem representante legal, incapaz com colidência de interesses com seu representante legal, réu preso, réu revel citado por edital; sendo, em síntese, curador de incapazes nas lides que envolvam seus interesses.

Custos legis ■ nas causas de interesses públicos – também chamado de órgão interveniente. Nessa qualidade, o órgão do MPT atua na fiscalização da apli-cação da lei nos processos que envolvem interesse público primário ou secun-dário, objetivando sua preservação, já que a Advocacia Pública é responsável pela tutela desse interesse. Essa atuação se dá por força de lei ou pela natureza dos interesses envolvidos.

Órgão agente ■ – quando atua como parte em processo judicial, seja figurando na condição de autor ou de réu, permanecendo com suas prerrogativas, tendo em vista que, até quando provoca o Judiciário, o MP atua na tutela do interesse da sociedade.

Atuação da Defensoria Pública na Justiça do Trabalho

A LC 80/94 organiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios, prescreve normas gerais para sua organização nos Estados e dá outras pro-vidências. Com essa lei, foi possível organizar a Defensoria, inclusive garantindo a todos aqueles que já exerciam a atividade antes da CF de 1988 os direitos inerentes ao cargo. Mas, com a lei, veio a discriminação das atribuições do defensor público, ficando de fora a atuação trabalhista. Tal exclusão se justifica no campo doutrinário pela figura do jus postulandi, que exclui a obrigatoriedade de representação técnica por advogado habilitado, tendo em vista que os empregados e empregadores necessitados têm direito a patrocinar pessoal e diretamente suas causas na Justiça obreira (CLT, art. 791) bem como pelo fato de ser responsabilidade sindical a assistência da respectiva categoria, conforme dicção da Lei 5.584/70, combinada com o artigo 592, I, “a”, da CLT, que traça como objetivo dos sindicatos de empregados a assistência jurídica subsidiada pelo imposto sindical.

Advocacia trabalhista

O artigo 133 da CF declara a indispensabilidade do advogado para a adminis-tração da Justiça. Notável a contribuição da advocacia trabalhista para a sedimentação do Direito do Trabalho, e mesmo para que se pudesse firmar o Judiciário trabalhista enquanto ramo do Poder Judiciário. Deve-se frisar, todavia, que a aludida indispensabili-

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

dade, segundo entende o Supremo Tribunal Federal (STF) em nada elide o jus postulandi nos casos em que o legislador o concedeu, v.g., nas lides trabalhistas. Assim, em acordo com a jurisprudência, persiste o direito da parte de postular em juízo desassistida de advogado, mesmo após a Carta de 1988.

Pontos nevrálgicos da organização judiciária

A pletora de relações jurídicas que enfrentamos no dia-a-dia tem feito crescer vertiginosamente o número de conflitos a reclamar pela solução jurisdicional, asso-berbando o Judiciário, que não tem respondido com a agilidade esperada aos reclamos sociais. Nesse diapasão, são pontos recentes de discussão: a estrutura da Justiça do Trabalho, notadamente a deficiência do aparato judicial e o reduzido número de juízes e servidores, mormente em razão das novas competências (CF, art. 114); os excessos de lei e de medidas provisórias inovando o ordenamento legal, não raro de forma incons-titucional; a complexidade crescente das regras processuais – infinidade de recursos e possibilidades de retardar a marcha processual e escassa utilização das formas auto-compositivas (cultura desfavorável à mediação e à arbitragem), quiçá a ser revista, mor-mente em dissídios coletivos de natureza econômica a partir da EC 45/2004.

História do Trabalho, do Direito do Trabalho e da Justiça do Trabalho, de Amauri Mas-caro Nascimento et al., editora LTr.

Direito e Processo do Trabalho, de Otávio Augusto Reis de Sousa, editora Forense.

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