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DIREITOS HUMANOS

Professor: Mateus Silveira

1. DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS

1ª Dimensão ou Geração Protege os direitos civis e políticos individuais: liberdade, vida,

segurança e propriedade.

2ª Dimensão ou Geração Protege os direitos econômicos, sociais, culturais e trabalhistas,

saúde, educação e habitação.

3ª Dimensão ou Geração Também conhecida como “princípio da solidariedade”, protege os

direitos difusos: meio ambiente, paz, patrimônio histórico e cultural,

desenvolvimento e consumidor.

2. A TUTELA INTERNACIONAL DA PESSOA HUMANA E SEUS TRÊS EIXOS DE PROTEÇÃO

• Direito internacional dos direitos humanos: proteção do ser humano em todos os aspectos,

englobando direitos civis e políticos, direitos sociais, econômicos, culturais e os direitos

transindividuais.

• Direito internacional dos refugiados: age na proteção do refugiado, desde a saída do seu local

de residência, concessão do refúgio e seu eventual término.

• Direito internacional humanitário: foca na proteção do ser humano na situação específica dos

conflitos armados (internacionais ou não internacionais – guerras civis).

2.1 Direito Internacional Humanitário

É também conhecido como o direito internacional da guerra, pois precede a própria formação

do direito internacional dos direitos humanos. Surge a partir da iniciativa do suíço Henri Dunant que,

após presenciar o massacre e a desumana situação de feridos na Batalha de Solferino (1859),

ocorrida em solo italiano, decide criar a Cruz Vermelha e iniciar uma campanha internacional para a

proteção dos militares feridos e doentes.

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Com o sucesso obtido na sua empreitada em 1864 foi aprovada a primeira Convenção de

Genebra. À 1º Convenção de Genebra, sucederam-se diversas outras:

a) Segunda Convenção de Genebra – 1907, que visou a proteção de feridos, enfermos e

náufragos das forças armadas do mar;

b) Terceira Convenção de Genebra – 1929, que instituiu regime jurídico e proteção dos

prisioneiros de guerra;

c) Quarta Convenção de Genebra – 1949, que revisou as convenções anteriores e acrescentou

a proteção em relação aos civis, inclusive em territórios ocupados.

Às Convenções de Genebra, seguiram-se três protocolos:

Assim, o Direito Humanitário não visa impedir a guerra, mas tão somente regulamentar o uso

da força e da violência uma vez que o conflito armado é deflagrado.

Princípios de Direito Internacional Humanitário:

Princípio da Humanidade De acordo com esse princípio, a dignidade humana deve ser preservada

por mais precária e gravosa que seja a situação;

Princípio da Necessidade Os bens civis devem ser respeitados e não podem ser alvos de ataques

e retaliações;

Protocolo I, de 1977: proteção das vítrimas dos conflitos armados

internacionais (conflitos contra dominação colonial, ocupação

estrangeira ou regimes racistas, etc).

Protocolo II, de 1977: proteção de vítimas em conflitos armados não internacionais (guerras

civis).

Protocolo III, de 2007: adiciona o emblema do cristal vermelho ao lado da cruz vermelha e do crescente vermelho.

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Princípio da

Proporcionalidade

As partes devem utilizar de seus recursos bélicos de forma

proporcional a superar e vencer a parte adversa, rejeitando-se um

malefício superior aos ganhos militares pretendidos.

O COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA (CICV)

A principal entidade responsável pelo monitoramento do cumprimento do direito internacional

humanitário pelos Estados é o CICV, em realidade, uma organização independente e não-

governamental cujo status e prerrogativas são reconhecidos nas próprias Convenções de Genebra.

O CICV visa defender e amparar as vítimas de guerras e catástrofes naturais, além de auxiliar

no contato com familiares e na busca por desaparecidos.

Embora não prevejam um órgão internacional voltado para aplicação de sanções, os tratados

que compõem o direito internacional humanitário podem ser invocados perante a CIJ e o TPI.

Deste modo, o desenvolvimento do direito internacional humanitário é considerado como um

dos precedentes históricos para a internacionalização dos direitos humanos.

2.2 Direito Internacional dos Refugiados

O direito internacional dos refugiados também decorre de um “Convenção de Genebra”, que,

a não ser pelo nome, não se identifica com aquelas relacionadas ao direito internacional humanitário.

O principal instrumento do direito internacional dos refugiados é a Convenção das Nações

Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, adotada em 28/07/1951 e com vigência a partir de

22/04/1954.

Essa Convenção definia o que se compreendia como refugiado e ao mesmo tempo estipulava

regras para a sua proteção e a concessão de asilo político pelos Estados-membros. Contudo, ela

possuía uma grave limitação de tempo: somente se aplicava aos refugiados em relação a eventos

ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951. A esse condicionamento denominou-se “reserva temporal”.

Após um período de discussões internacionais, foi elaborado o Protocolo relativo ao Estatuto

dos Refugiados que entrou em vigor em outubro de 1967.

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Com esse protocolo, deixaram de existir limitações geográficas e temporais para o

reconhecimento do status de refugiado a determinadas categorias de pessoas, buscando-se agora

conferir efetiva proteção a todos aqueles que se deslocam em razão de uma crise política.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) foi criado em 1949

e é órgão integrante do Sistema da ONU responsável por garantir e assegurar aos refugiados a

observância dos seus direitos e por monitorar e acompanhar os movimentos de refugiados no globo.

No Brasil, o direito dos refugiados foi regulamentado pela Lei nº 9.474/1997, que também

criou o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), órgão colegiado vinculado ao Ministério da

Justiça.

De acordo com o art. 1º dessa lei, será reconhecido como refugiado todo indivíduo que:

Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que:

I - devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião,

nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país de

nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país;

II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência

habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias

descritas no inciso anterior;

III - devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar

seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.

Art. 2º Os efeitos da condição dos refugiados serão extensivos ao cônjuge, aos

ascendentes e descendentes, assim como aos demais membros do grupo familiar

RefugiadoÉ todo o indivíduo que, em decorrência de fundados temores de

perseguição, seja relacionado a sua raça, religião, nacionalidade,

associação a determinado grupo social ou opinião política e também por

fenômenos ambientais, encontra-se fora de seu país de origem e que,

por causa dos ditos temores, não pode ou não quer regressar a ele.

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que do refugiado dependerem economicamente, desde que se encontrem em

território nacional.

Art. 6º, da Lei nº 9.474/97 - O refugiado terá direito, nos termos da Convenção sobre o Estatuto

dos Refugiados de 1951, a cédula de identidade comprobatória de sua condição jurídica, carteira de

trabalho e documento de viagem.

Asilo Político (Lei nº 13.445/17)

Art. 27. O asilo político, que constitui ato discricionário do

Estado, poderá ser diplomático ou territorial e será outorgado

como instrumento de proteção à pessoa.

Parágrafo único. Regulamento disporá sobre as condições para a concessão e a manutenção

de asilo.

Art. 28. Não se concederá asilo a quem tenha cometido crime de genocídio, crime contra a

humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos do Estatuto de Roma do Tribunal

Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto no 4.388, de 25 de setembro de 2002.

Art. 29. A saída do asilado do País sem prévia comunicação implica renúncia ao asilo.

3. HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS

3.1 Antiguidade Oriental (período entre os séculos VIII e II a.C)

É o primeiro passo rumo à afirmação dos direitos humanos, com a emergência de vários

filósofos de influência até os dias de hoje (Zaratustra, Buda, Confúcio, Dêutero-Isaías), cujo ponto

em comum foi a adoção de códigos de comportamento baseados no amor e respeito ao outro.

• Antigo Egito: reconhecimento de direitos de indivíduos na codificação de Menes (3100-2850

a.C);

O direito dos refugiados visa defender o ser humano em uma de suas condições mais

fragilizadas: quando encontra-se desvinculado de sua terra natal e em ameaça de violência

(seja física, psicológica ou econômica) caso a ela retorne.

O asilo político é princípio das

Relações Internacionais da República

Federativa do Brasil (art. 4º, X, da CF).

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• Suméria antiga: Código de Hammurabi, na Babilônia (1792-1750 a.C) – 1º código de normas

de condutas, preceituando esboços de direitos dos indivíduos, consolidando os costumes e

estendendo a lei a todos os súditos do império.

3.2 Cilindro de Ciro (539, AC, Babilônia)

Em 539 a.C., os exércitos de Ciro, O Grande, o primeiro rei da antiga Pérsia, conquistaram a

cidade da Babilônia. Mas foram as suas ações posteriores que marcaram um avanço muito

importante para o Homem. Ciro libertou os escravos, declarou que todas as pessoas tinham o direito

de escolher a sua própria religião, e estabeleceu a igualdade racial. Estes e outros decretos foram

registados num cilindro de argila na língua acádica em escrita cuneiforme.

O Cilindro de Ciro como é hoje conhecido, foi descoberto em 1879 e a ONU traduziu o seu

conteúdo em 1971 para todas as suas línguas oficiais. O Cilindro de Ciro é considerado a primeira

declaração de direitos humanos, ao permitir que os povos exilados na Babilônia regressassem à suas

terras de origem.

3.3 Magna Carta (1215, Inglaterra)

A Magna Carta é um documento de 1215 que limitou o poder dos monarcas de Inglaterra.

Com este documento os monarcas tiveram que renunciar a certos direitos, respeitar determinados

procedimentos legais, bem como reconhecer que a vontade do rei estaria sujeita à lei. Impediu assim

o exercício do poder absoluto pelos monarcas e é amplamente visto como um dos documentos legais

mais importantes no desenvolvimento da democracia moderna.

A Magna Carta consagra, entre outros, o direito de todos os cidadãos livres possuírem e

herdarem propriedade e serem protegidos de impostos excessivos; o direito das viúvas que possuíam

propriedade a decidir não voltar a casar; o estabelecimento dos princípios processuais e a igualdade

perante a lei e o direito da igreja de estar livre da interferência do governo. Contém ainda provisões

que proíbem o suborno e a má conduta oficial.

Considera-se que a Magna Carta é o primeiro capítulo de um longo processo histórico que

levaria ao surgimento do constitucionalismo.

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3.4 Petição de Direito (1628, Inglaterra)

A petição de Direito é um documento produzido pelo Parlamento Inglês em resposta à

situação que o país atravessava: o Rei Carlos I, perante a rejeição do Parlamento em financiar a sua

política exterior, exigia empréstimos forçados, aquartelava as tropas nas casas dos súbditos como

medida econômica e impressionava os seus opositores políticos. Estas políticas produziram no

Parlamento uma hostilidade ao Rei e ao Duque de Buckingham, levando a redação da Petição de

Direito que se baseia em estatutos e cartas anteriores e que afirma quatro princípios:

3.5 Declaração de Independência dos EUA (1776)

A Declaração da Independência dos Estados Unidos da América foi o documento no qual, as

treze Colônias na América do Norte declararam a sua independência da Grã-Bretanha e onde

justificam este ato. Esta declaração foi aprovada pelo Congresso dos EUA no dia 4 de julho de 1776,

dia que ainda hoje se celebra como o Dia da Independência dos EUA.

Filosoficamente, a Declaração acentuou dois temas: os direitos individuais e o direito de

revolução. Estas ideias tornaram–se largamente apoiadas pelos americanos e também se difundiram

internacionalmente, influenciando em particular a Revolução Francesa. Inspirou ainda documentos

de direitos humanos em todo o mundo.

Princípios

Nenhum tributo pode ser imposto sem o consentimento do Parlamento.

Nenhum súdito pode ser encarcerado sem motivo demonstrado (a reafirmação do

direito de habeas corpus).

Nenhum soldado pode ser aquartelado nas casas dos cidadãos.

A Lei Marcial não pode ser usada em tempo de paz.