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  1 http://www.euvoupassar.com.br  Eu Vou Passar   – e você?  Al e xan d re Ná p o le s – Dire itos Huma n o s [ Au la 011até 02 0] C ur so de Dir eitos Hum a nos  CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (CORTE IDH) Submissão à jurisdição da Corte (art.62):  o Estado deve declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial , a competência da Corte. OBS: O Estado brasileiro reconheceu a competência jurisdicional da Corte IDH por prazo indeterminado, em dezembro de 1998, por meio do Decreto Legislativo nº89/98. Quem pode acessar: apenas a Comissão e os Estados-partes da OEA (que expressamente reconhecerem a jurisdição da Corte). O indivíduo depende da Comissão para que seu caso seja apreciado pela Corte. Casos Contenciosos do Brasil: 5 casos. Sendo 4 condenações e 1 absolvição (Caso Nogueira de Carvalho, 2006, arquivado por falta de provas). Caso Gomes Lund (Guerrilha do Araguaia) -Última decisão da Corte contra o Brasil (24/11/2010). O Tribunal concluiu que o Estado brasileiro é responsável pela não apuração e punição de detenções arbitrárias, torturas e desaparecimentos forçados de 62 pessoas, entre 1972 e 1974. A Corte considerou que a Lei de Anistia (Lei 6.683/79) não podem impedir a investigação e a sanção de graves violações de dh. CUIDADO: O STF, na ADPF 153, entendeu que Lei da Anistia tem validade.

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    Alexandre Npoles Direitos Humanos [Aula 011 at 020] Curso de Direitos Humanos

    CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS (CORTE IDH)

    Submisso jurisdio da Corte (art.62): o Estado deve declarar que reconhece como obrigatria, de pleno direito e sem conveno especial, a competncia da Corte.

    OBS: O Estado brasileiro reconheceu a competncia jurisdicional da Corte IDH por prazo indeterminado, em dezembro de 1998, por meio do Decreto Legislativo n89/98.

    Quem pode acessar: apenas a Comisso e os Estados-partes da OEA (que expressamente reconhecerem a jurisdio da Corte). O indivduo depende da Comisso para que seu caso seja apreciado pela Corte.

    Casos Contenciosos do Brasil: 5 casos. Sendo 4 condenaes e 1 absolvio (Caso Nogueira de Carvalho, 2006, arquivado por falta de provas).

    Caso Gomes Lund (Guerrilha do Araguaia) -ltima deciso da Corte contra o Brasil (24/11/2010). O Tribunal concluiu que o Estado brasileiro responsvel pela no apurao e punio de detenes arbitrrias, torturas e desaparecimentos forados de 62 pessoas, entre 1972 e 1974. A Corte considerou que a Lei de Anistia (Lei 6.683/79) no podem impedir a investigao e a sano de graves violaes de dh.

    CUIDADO: O STF, na ADPF 153, entendeu que Lei da Anistia tem validade.

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    SISTEMA EUROPEU DE PROTEO AOS DH

    O Sistema Europeu de DH est vinculado ao Conselho da Europa, fundado em 1949 e sediado em Estrasburgo (Frana).

    CUIDADO: Conselho da Europa diferente do Conselho Europeu e do Conselho da Unio Europeia EU, seno vejamos:

    1) Conselho da Europa o rgo que coordena o sistema europeu de dh. 2) Conselho Europeu o rgo que rene os chefes de Estado dos pases da UE. Ele

    decide sobre as prioridades polticas gerais da EU, no tendo poderes legislativos. 3) Conselho da UE Exerce juntamente com o Parlamento Europeu o poder legislativo

    da UE.

    Base legal do sistema: Conveno para a Proteo dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais ou Conveno Europeia de DH, de 1950.

    Foram criados aps a Conveno 13 protocolos adicionais, acrescentando

    novos direitos e liberdades e reestruturando o sistema operacional europeu.

    ATENO: A Conveno originalmente s tratava de direitos civis e polticos, no abordando os DHESCs e os direitos difusos. Somente com o protocolo n 1 que direito instruo (educao) foi previsto. Em 1961 essa Conveno foi complementada pela Carta Social Europeia que trouxe os diretos sociais.

    A Carta de Direitos Fundamentais da UE (2000) prev a proteo de direitos sociais e difusos. Entretanto, a Carta no faz parte do sistema europeu de dh, pois foi elaborada pela UE, estrutura organizacional distinta do Conselho da Europa.

    rgo de monitoramento: Inicialmente era a Comisso e a Corte Europeias de DH. A Comisso encerrou suas atividades em 1998, com a edio do protocolo n 11. Hoje a tutela dos direitos humanos feita exclusivamente pela Corte.

    Composio da Corte: formada por um nmero de juzes equivalente ao nmero de Estados partes da Conveno. Mandato de 6 anos. Os juzes so independentes, no atuando em nome de seu Estado de origem.

    Sede: Estrasburgo, na Frana.

    Competncia: contenciosa e consultiva.

    Quem pode acessar: Diferentemente da Corte interamericana, na Europeia o indivduo pode acessar diretamente (jus standi).

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    CUIDADO: No confunda a Corte Europeia de DH com o Tribunal de Justia da Unio Europeia. Este o supremo tribunal da UE e tem sede em Luxemburgo.

    O Sistema africano gerido atualmente pela Unio Africana (UA), rgo criado em 11 de julho de 2000. A UA substituiu a Organizao da Unidade Africana, esta criada em 1963.

    Base legal do Sistema: Carta Africana de Direitos Humanos e dos Povos (ou Carta de Banjul), criada em 1981, mas s entrou em vigor em 1986.

    Legados da Carta:

    1) previso de direito civis e polticos, DHESC e difusos; 2) previso de valores tribais; 3) previso de direitos e de deveres dos indivduos africanos; 4) a afirmao conceitual dos direitos dos povos como dh.

    rgos de monitoramento: Comisso de DH e Tribunal Africano de Justia e DH.

    A Comisso de DH

    Composio: 11 Comissrios eleitos pela Assembleia da UA.

    Sede: Banjul, na Gbia.

    Competncia: promoo e proteo dos dh e interpretao da Carta.

    Quem pode acessar: poder receber peties interestatais e peties que no emanam de Estados partes.

    Tribunal Africano de Justia e DH

    Nasce a partir de 2008 da fuso entre o Tribunal de Justia Africano e o Tribunal Africano dos direitos do homem e dos povos.

    Composio: 11 juzes oriundos dos Estados Membros da UA.

    Sede: No existe uma sede permanente. At 2007 estava em Adis Abeba, na Etipia, mas agora est em sede provisria no Arusha, na Repblica Unida da Tanznia.

    Competncia: Contenciosa e consultiva.

    Quem pode acessar: Estados signatrios do Protocolo, a Comisso Africana, indivduos e ongs com status de observador junto da Comisso Africana.

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    TRIBUNAL INTERNACIONAL

    Aps o fim da 2 Guerra Mundial os vencedores do conflito (os Aliados) instituram Tribunais para punir os graves crimes cometidos durante a guerra.

    Tribunal de Nuremberg - funcionou de 20/11/1945 a 01/10/1946 com o objetivo de julgar os dirigentes do nazismo.

    Tribunal de Tquio - conhecido como Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente, funcionou de 03/05/1946 a 12/11/1948 com o objetivo de julgar os lderes do Imprio do Japo pelos crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

    Tribunal Penal Internacional da Ex-Iugoslvia - estabelecido em 25/05/1993 pela Resoluo 827 do CSNU, tem sede em Haia, Pases Baixos. Foi a primeira Corte Internacional de guerra criada pela ONU para julgar genocdio, crimes de guerra, e crimes contra a humanidade. Tem o objetivo de julgar pessoas que cometeram crimes durante as Guerras iugoslavas que ocasionou na fragmentao em diversos Estados da ex-Iugoslvia.

    Ainda est em atividade. A pena mxima que pode impor a priso perptua. Ainda est julgando Ratko Mladic, ex-comandante srvio-bsnio responsvel por 100.000 mortos na Bsnia.

    Tribunal Penal Internacional para Ruanda - criado em novembro de 1994 pela Resoluo 955 do Conselho de Segurana da ONU para julgamento dos responsveis (pessoas fsicas) por crimes de genocdio, de guerra e contra a humanidade perpetrados entre 01/01/1994 e 31/12/1994, durante a guerra civil ocorrida no territrio de Ruanda (Utus x Tutsis).

    Em dezembro de 2008, o Tribunal condenou priso perptua os trs principais dirigentes do governo de etnia hutu que massacrou 800 mil tutsis em 1994.

    OBS: Todos esses Tribunais foram temporrios e surgiram com uma finalidade especfica (ad hoc).

    O TPI ou Corte Penal Internacional - o primeiro tribunal penal internacional permanente, possuindo personalidade jurdica internacional. Foi aprovado por 120 votos favorveis, 7 contrrios e 21 abstenes, no mbito da Conferncia de Roma em 17/07/1998, mas somente entrou em vigou em 1 de julho de 2002, por meio do Estatuto de Roma.

    Sede: Haia, Pases Baixos.

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    Autonomia e independncia - TPI no depende da AGNU nem do CSNU, assim um rgo independente e autnomo. Tem relao com a ONU por meio de acordo (art. 2).

    Jurisdio penal complementar possui jurisdies adicional s nacionais, assim, o TPI s exercer jurisdio quando o Estado Parte for falho ou omisso na realizao da justia.

    Exerccio da Jurisdio Somente o Estado que expressamente ratificou o Estatuto de Roma estar submetido jurisdio do TPI

    OBS: No cabe reservas na ratificao do Estatuto. (Art. 120).

    Competncia: julgar indivduos e no Estados.

    Competncia Ratione Temporis - o TPI s ter competncia sobre crimes ocorridos aps a entrada em vigor do Estatuto, 01/07/2002 (art. 11)

    No retroatividade ratione personae nenhuma pessoa ser considerada criminalmente responsvel por conduta anterior entrada em vigor do presente Estatuto (art. 24).

    Maioridade penal - TPI somente se aplica aos maiores de 18 anos (art. 26).

    Princpio da igualdade perante a lei no h qualquer privilgio ou imunidade para julgamento dos altos cargos, h irrelevncia da qualidade oficial (art. 27).

    TPI julga somente os crimes (art. 5):

    1) genocdios Ex: Homicdio de membros do grupo, impedir nascimentos no seio do grupo; e transferncia, fora, de crianas do grupo para outro grupo.

    2) de guerra Ex: Homicdio; Extermnio; Escravido; Tortura; qualquer forma de violncia no campo sexual de gravidade.

    3) contra a humanidade Ex: Homicdio doloso; Tortura; Tomada de refns; Utilizar veneno ou armas envenenadas.

    4) de agresso - foi o nico que no foi regulamentado pelo Estatuto de Roma.

    Imprescritibilidade Os crimes no prescrevem (art. 29)

    Acionamento do TPI Os Estados parte, Conselho de Segurana ou Promotoria do TPI de ofcio podem acionar o TPI.

    Recorribilidade da sentena cabvel para o Juzo de Recursos (art. 81).

    Pena aplicveis Em regra a pena mx. de 30 anos de recluso. Ainda possvel aplicar pena de multa e perda dos bens adquiridos com produto do crime. Excepcionalmente, quando justificada pela extrema gravidade crime e as circunstncias

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    pessoais do condenado, possvel a priso perptua. No cabvel a pena de morte. (art. 77)

    Dever de cooperao- os Estados Partes devero cooperar com o Tribunal nas fases do inqurito e no procedimento contra crimes da competncia deste (art. 86).

    Priso preventiva o TPI poder solicitar em caso de urgncia (art. 92).

    O Brasil aceitou a jurisdio sendo promulgado, em 26/09/2002, o Dec. Pres. 4388. Aps a EC 45/2004, adentrou no 4, art 5, da CF.

    ATENO: O Tribunal Penal Internacional (TPI) diferente do Tribunal Internacional de Justia (TIJ), tambm com sede na Haia. A principal diferena que o TPI julga indivduos, o TIJ julga Estados.

    Questo polmica do TPI:

    possvel o Brasil entregar um nacional ao TPI, uma vez que o art. 5, LI, CF veda a extradio de brasileiro natos ou naturalizados?

    H conflito aparente, pois no se pode confundir entrega com extradio. A entrega decorre da relao ente o Estado e um rgo internacional. J a extradio ocorre nas relaes entre dois Estados. Assim, no h incompatibilidade entre a CF e o Estatuto, j que a CF veda apenas a extradio.

    A PROTEO DOS DIREITOS HUMANOS NA CF/88

    A CF/88 apresenta nova topografia constitucional, uma vez que seus primeiros captulos possuem avanado rol de direitos e garantias fundamentais considerados clusula ptrea. As constituies anteriores enfatizavam temas voltados estrutura e funcionamento do Estado.

    CF/88 tambm inova ao incluir na seara dos direitos e garantias fundamentais, alm dos direitos civis e polticos, os direitos sociais (Cap. II, Ttulo II). Anteriormente as normas relativas a tais direitos encontravam-se dispersa no mbito da ordem econmica social. Assim, encontra-se latente o respeito ao princpio da indivisibilidade e interdependncia dos dhs.

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    Constituies outorgadas:

    1824 (Imprio);

    1937 (Repblica Nova);

    1967 e 1969 (Ditadura Militar).

    Constituies promulgadas:

    1891 (Repblica Velha);

    1988946 (Repblica Nova);

    1988 (Redemocratizao).

    Principais artigos a serem estudados da CF/88:

    1 ao 4 (Princpios fundamentais);

    5 ao 16 (Direitos e Garantias Fundamentais);

    231 230 (Da famlia, da criana, do adolescente e do idoso);

    231 e 232 (Dos ndios).

    Por meio desses dispositivos percebe-se a cristalina inteno da CF/88 de afirmar e destacar os valores da dignidade e do bem-estar da pessoa humana. Sendo assim, a dignidade humana apresenta-se como o verbo ncleo de todo nosso ordenamento jurdico.

    Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos:

    I - a soberania;

    II - a cidadania;

    III - a dignidade da pessoa humana;

    IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

    V - o pluralismo poltico.

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    Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil:

    I - construir uma sociedade livre, justa e solidria;

    II - garantir o desenvolvimento nacional;

    III - erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

    IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminao.

    Art. 4 A Repblica Federativa do Brasil rege-se nas suas relaes internacionais pelos seguintes princpios:

    I - independncia nacional;

    II - prevalncia dos direitos humanos;

    III - autodeterminao dos povos;

    IV - no-interveno;

    V - igualdade entre os Estados;

    VI - defesa da paz;

    VII - soluo pacfica dos conflitos;

    VIII - repdio ao terrorismo e ao racismo;

    IX - cooperao entre os povos para o progresso da humanidade;

    X - concesso de asilo poltico.

    ASILO POLTICO X REFGIO: REFGIO- h risco liberdade ou vida da pessoa em seu pas, por motivos de raa, religio, nacionalidade, ou em virtude de violao generalizada de direitos humanos. Quem concede o refgio o CONARE (Comit Nacional para os Refugiados), conforme o art. 12, I, da Lei 9474/97. Em regra, ofertado coletivamente para um grupo de pessoas. ASILO - h uma perseguio poltico-criminal da pessoa em seu Estado. Quem o concede o Ministro da Justia. O asilo normalmente ofertado individualmente.

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    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes.

    OBS: STF (HC 94016 MC/SP) estende tais direitos e garantias aos estrangeiros no residentes (turista), aos aptridas e s pessoas jurdicas.

    Informativo 502 do STF: o fato de o paciente ostentar a condio jurdica de estrangeiro e de no possuir domiclio no Brasil no lhe inibe, s por si, o acesso aos instrumentos processuais de tutela da liberdade nem lhe subtrai, por tais razes, o direito de ver respeitadas, pelo Poder Pblico, as prerrogativas de ordem jurdica e as garantias de ndole constitucional que o ordenamento positivo brasileiro confere e assegura a qualquer pessoa que sofra persecuo penal instaurada pelo Estado (STF, HC 94016 MC/SP, rel. Min. Celso de Mello, j. 7/4/2008).

    ANLISE DO ART. 5

    Direito vida

    A vida um valor tico histrico que o Estado deve assegurar. o mais fundamental direito tutelado pelo ordenamento jurdico.

    Segundo Luiz Fachin, o direito vida "condio essencial de possibilidade dos outros direitos. Desenvolve-se a a concepo da supremacia da vida humana e que, para ser entendida como vida, necessariamente deve ser digna".

    Dentre as manifestaes do direito vida, decorre o direito de permanecer vivo, o direito a uma vida digna e o direito integridade fsica.

    Na rbita internacional o direito vida amplamente protegido: DUDH (art. 3), CADH (art. 4), Conveno dos Direitos da Criana (art6.1)etc.

    Pena de morte proibida, salvo nas hipteses de estado de guerra (art. 5, XLVII, a, CF).

    Segundo o art 4, da CADH, e art.6, do PIDCP, a pena de morte s poder ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentena final de tribunal competente e em conformidade com a lei que estabelea tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. No se estender sua aplicao a delitos aos quais no se aplique atualmente.

    No se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.

    No se aplica a delitos polticos, nem a delitos comuns conexos com delitos polticos.

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    No se aplica a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetrao do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplic-la a mulher em estado de gravidez.

    Toda pessoa condenada morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutao da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. No se pode executar a pena enquanto o pedido estiver pendente de deciso.

    Temas polmicos:

    a) Aborto de anencfalos O STF, na ADPF n 54, descriminalizou o aborto de feto anencfalo, entendendo que essa situao est compreendida como causa de excludente de ilicitude (art. 128, I,CP - aborto necessrio), por ser comprovado que a gestao de feto anencfalo perigosa sade da gestante.

    Segundo o Ministro Gilmar Mendes "a anencefalia dever ser atestada por, no mnimo, dois laudos com diagnsticos produzidos por mdicos distintos e segundo tcnicas de exames atuais e suficientemente seguras.

    OBS: Segundo o CP, art. 128, o aborto no punido em duas situaes:

    I. quando no h outro meio de salvar a vida da me (aborto necessrio ou teraputico);

    II. quando a gravidez resultante de estupro, caso em que se requer o consentimento da gestante, porque a inteno proteger a sade psquica dela.

    b) Clulas tronco O STF, na ADI 3510, decidiu que as pesquisas com clulas-tronco embrionrias no violam o direito vida, tampouco a dignidade da pessoa humana. Para a maioria da Corte, o artigo 5 da Lei de Biossegurana (11.105/2005 ) no merece reparo. Para a Ministra Ellen Gracie o pr-embrio no acolhido no seu ninho natural de desenvolvimento, o tero, no se classifica como pessoa (...) tambm no se enquadra na condio de nascituro, pois a este, a prpria denominao o esclarece bem, se pressupe a possibilidade, a probabilidade de vir a nascer.

    ATENO: Em regra os DHs podem ser relativizados para se harmonizar a outros valores coexistentes na ordem jurdica. Assim, no se afirmam como direitos absolutos, como ocorre, por exemplo, com o direito vida que pode ser relativizado nos casos de legtima defesa ou de pena de morte. Cuidado, pois os direitos proibio de tortura e de escravido no so passveis de serem relativizados , consoante dispe a Conveno conta a Tortura da ONU.

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    Princpio da igualdade (caput e inciso II) H duas dimenses: 1) a igualdade formal - Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza; 2) a igualdade material a lei deve tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades.

    A CF em diversos momentos estabelece as desigualdades materiais, ex: art. 5, L (presidirias sero asseguradas condies para que possam permanecer com seus filhos durante o perodo de amamentao); art. 7, XVIII (Licena maternidade 120 dias) e XIX (licena paternidade 5 dias).

    Proibio da tortura (inciso III) ningum ser submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.

    considerado crime inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia (art. 5, XLIII), juntamente com o trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins; o terrorismo; e os crimes hediondos.

    ATENO: O crime de tortura prescreve, nos moldes do art. 109 do Cdigo Penal. Os nicos crimes imprescritveis so o racismo (art. 5, XLII) e a ao de grupos armados civis ou militares contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico (art. 5, XLIV).

    Conceito de Tortura (Lei 9.455/97) - constranger algum com emprego de violncia ou grave ameaa, causando-lhe sofrimento fsico ou mental:

    a) com o fim de obter informao, declarao ou confisso da vtima ou de terceira pessoa;

    b) para provocar ao ou omisso de natureza criminosa;

    c) em razo de discriminao racial ou religiosa.

    Ainda constitui tortura submeter algum, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violncia ou grave ameaa, a intenso sofrimento fsico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de carter preventivo.

    O Brasil, em 1991, ratificou a Conveno contra a Tortura e outros tratamentos ou penas cruis, desumanos ou degradantes da ONU.

    O art. 1 da Conveno faz uma ressalva ao Crime de Tortura: No ser tortura as dores ou sofrimentos que sejam consequncia unicamente de sanes legtimas, ou que sejam inerentes a tais sanes ou delas decorram.

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    Liberdade de manifestao do pensamento (IV, V) - livre a manifestao do pensamento, sendo vedado o anonimato. Se resultar em dano a outrem o exerccio desse direito, assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indenizao por dano material, moral ou imagem.

    Liberdade de conscincia, crena e culto (VI a VIII) O Brasil um pas leigo, laico e no confessional, ou seja, no existe qualquer religio oficial da Repblica Federativa do Brasil.

    inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas liturgias.

    Ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa ou de convico filosfica ou poltica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigao legal a todos imposta (ex: servio militar obrigatrio) e recusar-se a cumprir prestao alternativa, fixada em lei.

    assegurada, nos termos da lei, a prestao de assistncia religiosa nas entidades civis e militares de internao coletiva.

    Liberdade de atividade intelectual, artstica, cientfica ou de comunicao (IX) livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cientfica e de comunicao, independentemente de censura ou licena.

    A manifestao do pensamento, a criao, a expresso e a informao, sob qualquer forma, processo ou veculo no sofrero qualquer restrio (art. 220, CF).

    vedada toda e qualquer censura de natureza poltica, ideolgica e artstica (2, art. 220, CF). Porm, a lei federal ir regular as diverses e espetculos pblicos, cabendo ao Poder Pblico informar sobre a natureza deles, as faixas etrias a que no se recomendem, locais e horrios em que sua apresentao se mostre inadequada.

    Se no exerccio desses direitos houver violao intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, ser assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao.

    Inviolabilidade domiciliar (XI) - a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo: 1) flagrante delito, desastre, prestar socorro - durante o dia (6h s 18h) ou a noite, independente de determinao judicial;

    2) por determinao judicial - somente durante o dia.

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    OBS: O conceito de casa ou domiclio para a CF/88 bem mais abrangente do que o conceito de domiclio do Direito Civil. considerado casa: oficinas, garagem, quarto de hotel, escritrio, trailler etc.

    Sigilo de correspondncia e comunicaes (XII) - inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal ou instruo processual penal.

    OBS 1: Nas hipteses de estado de defesa e de stio os sigilos de correspondncia e das comunicaes telegrficas e telefnicas podero ser restringidos (arts. 136, 1, e 139 CF).

    OBS 2: Em 2009 o Estado brasileiro foi condenado pela Corte IDH (caso Escher e outros) pela Polcia Militar do Paran ter realizado interceptao e monitoramento ilegal de linhas telefnicas de lderes de movimentos sociais.

    Liberdade de profisso (XIII) - livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer.

    OBS 1: Esse dispositivo norma constitucional de eficcia contida, ou seja, lei infraconstitucional ir limitar o seu alcance fixando requisitos para seu exerccio (ex: Exame de ordem da OAB - RE 603.583 do STF).

    OBS 2: Diploma para jornalista - O Plenrio do STF entendeu no ser necessrio diploma de curso superior para o exerccio da profisso de jornalista (RE 511.961).

    Conselho profissional de jornalismo O STF declarou a impossibilidade do Estado criar uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalizao desse tipo de profisso por sua estreita vinculao ao pleno exerccio das liberdades de expresso e de informao (RE 511.961).

    Liberdade de informao (XIV e XXXIII) - assegurado a todos o acesso informao e resguardado o sigilo da fonte, quando necessrio ao exerccio profissional.

    Lei de acesso informao (12.527/2011) - Todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado.

    OBS: Lei de Imprensa (Lei 5.250/1967 )- O Plenrio do STF, declarou como no recepcionado pela CF/88. Logo, no cabe ao Estado definir previamente o que pode ou o que no pode ser dito por indivduos e jornalistas (ADPF 130).

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    Liberdade de locomoo (XV e LXI) - livre a locomoo no territrio nacional em tempo de paz (salvo em estado de defesa e de stio), podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.

    Direito de reunio (XVI) - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao pblico, independentemente de autorizao, desde que no frustrem outra reunio anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prvio aviso autoridade competente.

    O direito de reunio poder ser restringido em estado de defesa (art. 136, 1, a, CF) ou suspenso no estado de stio (art. 139, IV, CF).

    Marcha da maconha - O STF entendeu que a defesa, em espaos pblicos, da legalizao das drogas ou de proposta abolicionista a outro tipo penal, no significa ilcito penal, mas, ao contrrio, representa o exerccio legtimo do direito livre manifestao do pensamento, propiciada pelo exerccio do direito de reunio (ADPF 187/DF).

    Direito de associao (XVII ao XXI) Tal direito est intrinsecamente ligado aos preceitos constitucionais de proteo da dignidade da pessoa, de livre iniciativa, da autonomia da vontade e da liberdade de expresso. Por isso, a criao de associaes e de cooperativas independem de autorizao, sendo vedada a interferncia estatal em seu funcionamento.

    ATENO: Mesmo no estado de stio e de defesa este direito no ser restringido ou suspenso.

    garantido esse direito para fins lcitos, vedada a de carter paramilitar.

    Ningum poder ser compelido a associar-se ou a permanecer associado.

    As associaes s podero ser dissolvidas por deciso judicial transitada em julgado. A suspenso das atividades somente ser por deciso judicial, mas poder ser cautelarmente.

    CUIDADO: Apenas as associaes que persigam fins ilcitos podero ser compulsoriamente dissolvidas ou suspensas, havendo, assim, limitao a atuao judicial.

    Direito propriedade (XXII ao XXVI) A CF de 1988 no garante a propriedade em si mesma, mas como instrumento de proteo de valores fundamentais. Assim, a propriedade atender sua funo social, nos termos do art. 5, XXIII, c/c art. 182, 2, e art. 186 da CF.

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    Esse direito no se revela absoluto, j que a propriedade poder ser desapropriada por necessidade ou utilidade pblica, ou por interesse social.

    A CF previu a supremacia do interesse coletivo sobre o individual. Nesse sentido, assegurou o mecanismo da desapropriao.

    Forma de indenizao da desapropriao:

    1) em dinheiro, como regra, (art. 5, XXIV, CF);

    2) com ttulos da dvida pblica nas hipteses de desapropriao-sano, pelo Municpio (art. 182, 4, III, CF),

    3) com ttulos da dvida agrria, decorrente da desapropriao-sano, pela Unio, nos casos de reforma agrria (art. 184 e 185 da CF).

    A pequena propriedade rural (um mdulo fiscal -5 a 110 hectares), desde que trabalhada pela famlia, impenhorvel para pagamento de dbitos decorrentes de sua atividade produtiva (art. 5, XXVI, CF).

    Direitos dos presos (XLIX, L, LXII, LXIII e LXIV) - assegurado aos presos o respeito integridade fsica e moral.

    ATENO 1: S lcito o uso de algemas em casos de resistncia e de fundado receio de fuga ou de perigo integridade fsica prpria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da priso ou do ato processual a que se refere, sem prejuzo da responsabilidade civil do Estado. (Smula Vinculante 11.)

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