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2 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Adriana C. de Paula GonçalvesAdriano Hermida MaiaAlexandre Berthe PintoAngelo Volpi NetoAntonio Artêncio FilhoArnon VelmovitskyBernardo César CouraBruno Medeiros BastosCarlos Roberto TavarnaroDaniel Alcântara Nastri CerveiraDaphnis Citti de LauroEderson BlancoEduardo Vasconcelos de MoraesEzequiel FrandolosoFelipe Leonardo RodriguesFellipe DuarteFelícia Ayako Harada
Francisco dos Santos Dias BlochFrank Wendell ChossaniGeraldo Beire SimõesGustavo de Ávila RajãoJaques BushatskyJosé Flávio Bueno FischerJosé Hildor LealJoão Pedro Lamana PaivaKiyoshi HaradaKênio de Souza PereiraLorena Lucena TôrresLucas Bento SampaioLucas Daniel Medeiros CezarLuiz Antonio Scavone JuniorLuiz Ribeiro O. N. Costa JuniorLuís Ramon AlvaresMarcelo Manhães de Almeida
Michel Rosenthal WagnerMiguel ZaimMário Cerveira FilhoOlivar VitalePaloma PricilaPaulo Caldas PaesPérecles RegesRenato SavyRodrigo Alves ZaparoliRodrigo KarpatSamuel Luiz AraújoSuéllen Rodrigues VianaSylvio Campos Lindenberg FilhoSylvio CapanemaSérgio JacominoThales Pontes BatistaWendell Salomão
Colaboradores:
Direção: Dominique Pierre FagaJornalista Responsável:Julio Cesar Borges Baiz, MTB nº 42073ISSN: 1982-4599
Conselho Editorial:Heronides Dantas de FigueiredoMauricio Francisco LeiteNathan Leocata MachadoRebecca Fascina [email protected]
DIÁRIO DAS LEIS LTDA.CNPJ(MF) 47.381.850/0001-40R. Nossa Sra. Imac. Conceição, 166, Conj 9 - 1ºAndar - 06190-100 - Osasco - SP11 3673-3155 - www.diariodasleis.com.brAdministração: 11 [email protected]: 11 3673-3801 / [email protected]ão: Gráfica Mais MNota BDI: Proibida a reprodução total ou parcial.Os artigos assinados não refletem necessariamentea opinião da direção do Diário das Leis.
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32ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
SumárioAlteração do Condomínio: Unificação de dois condomínios .............................................. 22
Antena de Celular: Crimes em condomínio praticados por síndicos e condôminos ................ 14
Benfeitorias no Imóvel: Ao possuidor de má-fé serão indenizáveis somente ás benfeitorias
necessárias .............................................................................................................. 27
Corretagem: Comissão do corretor de imóveis. Quem paga? ............................................. 29
Exoneração do Fiador: Fiador responde pelos débitos locatícios se não notificar o locador
sobre a sua prévia exoneração .................................................................................... 12
Financiamento Imobiliário: O SAC - Sistema de Amortização Constante nos
Financiamentos Imobiliários........................................................................................ 24
Imóvel Impenhorável: É impenhorável a pequena propriedade rural trabalhada pela
entidade familiar ....................................................................................................... 23
Licença Ambiental: Imobiliária que pretendia construir shopping center foi multada em
R$ 100 mil por falta de licença ambiental ..................................................................... 28
Locação Escola/Hospital: Dicas sobre o aluguel de imóveis para escolas e hospitais .......... 9
Pagamento de Franquia: De quem é a responsabilidade. Do proprietário ou do
condomínio? ............................................................................................................. 19
Prazo de Locação: Contrato de locação com menos de 30 meses impede o locador de
retomar o imóvel do locatário ..................................................................................... 13
Recisão Contratual: Compradores perderam a posse e não serão ressarcidos pelo valor do
sinal ........................................................................................................................ 7
Renovação do AVCB: De quem é a responsabilidade. Do locador ou do locatário? ............... 13
Sinistro de Incêndio: Imóvel danificado por incêndio deverá ser restaurado pois oferece
risco de desabamento ................................................................................................ 34
Soma da Posse: Entenda quando é possível para fins de usucapião ................................... 32
Time-Sharing: É válida a penhora sobre a integralidade de imóvel submetido a time-sharing
ou a multipropriedade? .............................................................................................. 5
IPTU em Imóvel na Planta: A armadilha do IPTU em imóveis adquiridos na planta............. 20
Tributos: Tribunal Superior confirmou a decadência do tributo ITCD na ação de cobrança ..... 28
Vazamento em Tubulação: Concessionária realizou obras e terá que ressarcir proprietário
por rachaduras em imóvel .......................................................................................... 31
Índices de Correção Monetária ................................................................................... 35
52ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Time-Sharing
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É válida a penhora sobre a integralidadede imóvel submetido a time-sharing
ou a multipropriedade?
Antonio Vinicius Silva*
De acordo com a doutrina
autorizada, a multipropriedade
ou time-sharing, genericamen-te, designa uma relação jurídi-
ca de aproveitamento econô-
mico de coisa móvel ou imóvelrepartida em unidades fixas de
tempo, permitindo que diver-
sos titulares possam fazer usodela com exclusividade cada
um a seu turno de maneira
perpétua ou não. Tal modalida-de vem sendo bastante difun-
dida na esfera imobiliária, na
qual o titular divide o bem,como que em condomínio em
propriedade espaço temporal,
onde cada proprietário temuma escritura que será regis-
trada a aquisição de uma fra-
ção do imóvel, podendo usu-fruí-la apenas durante determi-
nado período. Trata-se de uma
criação oriunda nos EstadosUnidos na década de 1960 que
apesar de ter popularizado no
Brasil, carece de normatização.Análise jurisprudencialNo Recurso Especial de nº
1.546.165 – SP do Rel. Min.Ricardo Villas Bôas Cueva, Rel.
Min. João Otávio de Noronha,
(info nº 589). A Terceira Tur-
ma do Tribunal Superior de
Justiça decidiu, por maioria,
que a multipropriedade imobi-liária tem natureza jurídica de
direito real e, na hipótese de
penhora do imóvel objeto decom-partilhamento (time-
sharing), o coproprietário pode
se valer de embargos de ter-ceiro para proteger sua fração
ideal, afastando a penhora so-
bre a totalidade do imóvel.Em voto vencedor, o Min.
João Otávio Noronha apresen-
tou entendimento divergenteque foi acompanhado pela
maioria da turma, afirmando
que a natureza jurídica damultipropriedade imobiliária
que detém as faculdades de
uso, gozo e disposição sobrefração ideal do bem, ainda que
objeto de compartilhamento
pelos multiproprietários de es-paço e turnos fixos de tempo
é mais compatível com a de
um direito real. Ainda sim as-sinalou que não há óbice na
Lei Civil nem qualquer referên-
cia à invia-bilidade de se con-sagrarem novos direitos reais
e que “em circunstâncias como
a dos autos, nas quais se veri-
fica a superação da legislação
em vigor pelos fatos sociais,
não pode inibir o julgador de,adequando sua interpretação
a recentes e mutuantes rela-
ções jurídicas, prestar arequerida tutela jurisdicional a
que a parte interessada faz
jus”.Vejamos objeto de análise:
Processual Civil e Civil. Re-
curso Especial. Embargos deterceiro. Multipropriedade imo-
biliária (time-sharing). Nature-
za jurídica de direito real. Uni-dades fixas de tempo. Uso ex-
clusivo e perpétuo durante cer-
to período anual. Parte idealdo multiproprietário. Penhora.
Insubsistência. Recurso Espe-
cial conhecido e provido.1. O sistema time-sharing
ou multipropriedade imobiliá-
ria, conforme ensina GustavoTepedino, é uma espécie de
condomínio relativo a locais de
lazer no qual se divide o apro-veitamento econômico de bem
imóvel (casa, chalé, aparta-
mento) entre os cotitulares emunidades fixas de tempo, as-
segurando-se a cada um o uso
exclusivo e perpétuo durante
6 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Time-Sharing
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certo período do ano.
2. Extremamente acobertadapor princípios que encerram os
direitos reais, a multipropriedade
imobiliária, nada obstante terfeição obrigacional aferida por
muitos, detém forte liame com
o instituto da propriedade, senão for sua própria expressão,
como já vem proclamando a
doutrina contemporânea, inclu-sive num contexto de não se
reprimir a autonomia da vonta-
de nem a liberdade contratualdiante da preponderância da
tipicidade dos direitos reais e do
sistema de numerus clausus.3. No contexto do Código Ci-
vil de 2002, não há óbice a se
dotar o instituto da multipro-priedade imobiliária de caráter
real, especialmente sob a ótica
da taxatividade e imutabilidadedos direitos reais inscritos no
art. 1.225.
4. O vigente diploma, se-guindo os ditames do estatuto
civil anterior, não traz nenhu-
ma vedação nem faz referên-cia à inviabilidade de consagrar
novos direitos reais. Além dis-
so, com os atributos dos direi-tos reais se harmoniza o novel
instituto, que, circunscrito a
um vínculo jurídico de aprovei-tamento econômico e de ime-
diata aderência ao imóvel, de-
tém as faculdades de uso, gozoe disposição sobre fração ideal
do bem, ainda que objeto de
compartilhamento pelos multi-proprietários de espaço e tur-
nos fixos de tempo.
ConclusãoConforme o exposto, não é
válido a penhora integral de imó-
vel submetido a time-sharing oua multipropriedade, por configu-
rar natureza jurídica de direito
real, podendo os coproprietáriosmanejar os embargos de tercei-
ro para proteger sua fração ide-
al, afastando a penhora sobre atotalidade do imóvel.
* O autor é Advogado em Salvador, BA. Graduado em Direito e Relações Internacionais, comMBA em Política Estratégica e em Gestão da Política Estratégica. Nomeado membro colaborador
da Comissão de Direitos das Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil na Seção da
Bahia.
72ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Recisão Contratual
Compradores perderam a posse e não serãoressarcidos pelo valor do sinal
Comentário do BDI: Trata-se de uma Ação de Conhecimento objetivando a rescisão do contra-to de compra e venda firmado entre uma companhia de saneamento ambiental e os promitentes
compradores.
Os promitentes compradores adquiriram 14 imóveis da Companhia de Saneamento Ambiental,comprometendo-se ao pagamento, à vista, de 5% do valor pactuado, a título de sinal, ficando o
restante para ser pago em 6 parcelas mensais e consecutivas, bem como a obrigação de edificar os
imóveis adquiridos.A companhia alegou que os promitentes compradores não pagaram as parcelas devidas e deixa-
ram de cumprir com a obrigação de construir os imóveis, que era no prazo de 70 meses. Alegou
ainda, que os promitentes compradores venderam os direitos sobre os imóveis a terceiros, desres-peitando assim a cláusula do contrato. Pediram pela rescisão do contrato de compra e venda e
reparação dos danos causados com as despesas na venda dos imóveis.
Os promitentes compradores se defenderam dizendo que a companhia perdeu o prazo para fazertais cobranças. Sustentaram que não se encontram em inadimplência, diante da prescrição da
pretensão de cobrança das parcelas inadimplidas. Pediram pela restituição do sinal que pagaram na
aquisição dos imóveis.O Tribunal verificou que é indiscutível o fato de que os promitentes compradores promoveram
tão somente o pagamento do sinal, deixando de pagar as demais prestações mensais pactuadas. Os
contratos firmados entre as partes abarcam a cláusula resolutiva expressa, nos seguintes termos:“V) - A falta de pagamento de três (03) prestações consecutivas ou seis (06) alternadas implicará
na resolução do presente instrumento, de pleno direito, independentemente de interpelação judicial
ou extrajudicial, ou, a critério da outorgante vendedora, será exigido o cumprimento da obriga-
8 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Recisão Contratual
ção... VII) - Na hipótese de distrato ou rescisão judicial da presente escritura, pelo inadimplemento
das condições constantes deste instrumento e do edital licitatório, os outorgados compradores
perderão em favor da outorgante vendedora a importância paga como entrada inicial constante da
Cláusula Segunda do presente ajuste, valor este que será à época devidamente atualizado.”
Portanto, houve a rescisão contratual compactuada entre as partes e consequentemente a perda
do sinal pago pelos promitentes compradores, bem como, a determinação da companhia na posse
dos imóveis.
Ementa: Civil e Processual Civil. Ação de Conhecimento. Contrato de compra e venda de imó-
veis. Falta de pagamento. Prescrição da pretensão de cobrança das parcelas inadimplidas. Reco-
nhecimento. Irrelevância para fins de resolução do negócio jurídico. Perda da quantia paga a título
de sinal. Consequência da aplicação da cláusula resolutiva expressa. 1. A prescrição da pretensão
de cobrança das parcelas do contrato de compra e venda de imóveis não tem o condão de afetar o
direito à rescisão do negócio jurídico em decorrência do inadimplemento contratual. 2. Havendo
previsão de cláusula resolutiva expressa, em caso de inadimplemento da obrigação de pagamento
das parcelas pactuadas, a perda do sinal constitui consequência lógica da rescisão automática do
negócio jurídico, de modo que não pode ser afetada por eventual prescrição da cobrança do débito
inadimplido. 3. Apelação Cível conhecida e não provida.
Dados da Decisão: TJDFT – Apelação Cível nº 20160111026869 – Relatora: Des. Nídia Corrêa
Lima - Data do julgamento: 28.3.2019
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
92ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
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Locação Escola/HospitalDicas sobre o aluguel de imóveis
para escolas e hospitais
Fellipe Duarte*
Muitas vezes os contratos delocação de imóveis são elabo-
rados com base em modelos re-
tirados da internet ou sem ob-servar algumas peculiaridades
sobre cada tipo de empreendi-
mento. Além do que esses con-tratos muitas vezes são elabo-
rados por pessoas que desco-
nhecem a legislação aplicável.Tendo em vista este fato, é
importante tratar de uma es-
pécie de locação específica.Aquela locação para imóveis
onde serão instalados estabe-
lecimentos de ensino, de saú-de, unidades sanitárias e asi-
los.
Nestes casos específicos, épreciso ressaltar que a Lei
confere uma proteção especi-
al a estas instituições, tendoem vista seu relevante valor
social. Esta proteção está des-
crita no art. 53 da Lei nº8.245/91: “Nas locações de
imóveis utilizados por hospi-
tais, unidades sanitárias ofi-ciais, asilos, estabelecimentos
de saúde e de ensino autori-
zados e fiscalizados pelo Po-der Público, bem como por
entidades religiosas devida-
mente registradas, o contra-
to somente poderá ser rescin-dido. (Redação dada pela Lei
nº 9.256, de 9.1.1996)”
I – nas hipóteses do art. 9º;(estas hipóteses são: I – por
mútuo acordo; II – em decor-
rência da prática de infraçãolegal ou contratual; III – em
decorrência da falta de paga-
mento do aluguel e demais en-cargos; IV – para a realização
de reparações urgentes deter-
minadas pelo Poder Público, quenão possam ser normalmente
executadas com a permanên-
cia do locatário no imóvel ou,podendo, ele se recuse a con-
senti-las).
II – se o proprietário,promissário comprador ou
promissário cessionário, em ca-
ráter irrevogável e imitido naposse, com título registrado,
que haja quitado o preço da
promessa ou que, não o tendofeito, seja autorizado pelo pro-
prietário, pedir o imóvel para
demolição, edificação, licencia-da ou reforma que venha a re-
sultar em aumento mínimo de
cinquenta por cento da áreaútil.
Trocando em miúdos, diz a lei
que a locação para estas insti-
tuições somente poderá serrescindida em casos específi-
cos. E somente nestes casos.
Passa-se a tratar de cadaum destes casos, em tópicos:
I – Por mútuo acordo -
Como o próprio nome diz,seria um acordo de ambas as
partes visando o distrato da
locação. Nenhum empecilho,já que ambos distratariam.
Com o perdão da redundân-
cia, seria o “distrato por acor-do entre as partes”.
II – Em decorrência daprática de infração legalou contratual - Caso o lo-
catário (a escola ou o hospi-
tal, por exemplo) descumprauma cláusula prevista em
contrato, ou ainda a lei, será
possível o desfazimento docontrato pelo locador. Por
conta desta cláusula, é re-
comendável que o contratoseja o mais completo possí-
vel. Ou seja, que ele preve-
ja as mais variadas obriga-ções ao locatário.
III – Em decorrênciade falta de pagamento dealugueis ou demais en-cargos - Neste caso, obvia-
mente que se o locatário dei-
10 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
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xar de pagar o aluguel ou
qualquer de seus acessórios,o contrato poderá ser rescin-
dido.
IV – Para a realização dereparações urgentes de-terminadas pelo Poder Pú-blico, que não possam sernormalmente executadas com
a permanência do locatário no
imóvel ou, podendo, ele se re-cuse a consenti-las.
V – Se o proprietário,promissário comprador oupromissário cessionário, emcaráter irrevogável eimitido na posse, com títu-lo registrado, que haja qui-tado o preço da promessaou que, não o tendo feito,seja autorizado pelo propri-etário, pedir o imóvel parademolição, edificação, li-cenciada ou reforma quevenha a resultar em aumen-to mínimo de cinquenta porcento da área útil - Neste
caso, um exemplo é o doadquirente do imóvel que, com
os requisitos preenchidos, pre-
cise demolir, edificar ou mes-mo reformar o imóvel, desde
que esta aumente ao menos
50% de sua área útil.Mas e se o contratoestiver por prazoindeterminado?
Suponha que determinada
locação seja de 4 anos e que o
contrato já tenha expirado, de
forma que a locação esteja porprazo indeterminado. Neste
caso, poderia o locatário pedir
o imóvel de volta através dachamada denúncia vazia?
A proteção que a lei confe-
re neste tipo de locação é tãogrande que o Superior Tribu-
nal de Justiça possui o enten-
dimento que a locação nãopode ser rescindida por denún-
cia vazia. Veja esta decisão:
Decisão: 1. Trata-se deagravo interposto pelo Colégio
Augusto Laranja Ltda., contra
decisão que não admitiu o seurecurso especial, por sua vez
manejado com fulcro no art.105, III, a, da Constituição Fe-
deral, em face de acórdão do
Tribunal de Justiça do Estadode São Paulo, assim ementado
(fl. 380): Ação de despejo por
denúncia vazia. Imóvel locadopara estabelecimento de ensi-
no. Descabimento. art. 53, da
Lei nº 8.245/91. Se o pactolocativo foi firmado com esta-
belecimento de ensino é veda-
da a retomada por denúnciavazia. (…) Portanto, conside-
rando-se que o pacto locativo
foi firmado com estabeleci-mento de ensino, é vedada a
retomada por denúncia vazia.
É firme a jurisprudência do Su-perior Tribunal de Justiça no
sentido de que o estabeleci-
mento de ensino autorizado e
fiscalizado pelo Poder Públicotem proteção legal contra a re-
tomada por denúncia vazia,
em face do seu relevante va-lor social. (STJ – AREsp:
1237386 SP 2018/0002727-0,
Relator: Ministro Luis FelipeSalomão, Data de Publicação:
DJ 26/06/2018).
Agora suponha que o loca-dor queira vender o imóvel a
terceiro. Neste caso, o adqui-
rente do imóvel poderia reti-rar o locatário? Ou seja, pode-
ria o adquirente denunciar o
contrato? Vejamos, em regraa locação pode ser denuncia-
da pelo adquirente, nos termosdo art. 8º da Lei do Inquilinato:
“Se o imóvel for alienado du-
rante a locação, o adquirentepoderá denunciar o contrato,
com o prazo de noventa dias
para a desocupação, salvo sea locação for por tempo deter-
minado e o contrato contiver
cláusula de vigência em casode alienação e estiver averbado
junto à matrícula do imóvel.”
Ocorre que caso a locaçãoseja para os estabelecimentos
constantes no rol do art. 53,
como escolas, asilos e afins, ajurisprudência também não tem
permitido o desfazimento do
contrato por denúncia vazia. Aeste respeito, numa interpreta-
ção a contrário sensu, veja-se
Locação Escola/Hospital
112ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
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decisão de Minas Gerais:
Apelação Cível – Ação de
despejo – Litispendência –Inexistência – Cerceamento
de defesa – Julgamento an-
tecipado da lide – Locação –Despejo – Clínica médica –
Denúncia vazia – Possibilida-
de. Recurso de apelação co-nhecido, preliminares rejei-
tadas e não provido. I – O
julgamento antecipado dalide é possível, a teor do ar-
tigo 330, I, do estatuto pro-
cessual. II – Não há falar-seem cerceamento de defesa,
nos casos em que os docu-
mentos acostados se apre-sentarem suficiente para for-
mar o convencimento do
julgador. III – Estabeleci-mento de saúde, para fins da
proteção inserta no artigo 53
da Lei do Inquilinato, é aque-
le em que se faz internação,
excluídos os utilizados apenaspara consultas ou tratamento
meramente ambulatorial. Pre-
cedentes do Superior Tribunalde Justiça. IV – Em relação ao
pedido de retenção/indeniza-
ção das benfeitorias, não estáo adquirente obrigado a pagar
por algo que não contratou. V
– Recurso conhecido, prelimi-nares rejeitadas e não provi-
do. (TJMG – Apelação Cível nº
1.0702. 07.391019-3/001,Relator(a): Des.(a) Bitencourt
Marcondes, 16ª Câmara Cível,
julgamento em 29/10/2008,publicação da súmula em 28/
11/2008).
No caso acima avaliado, en-tendeu-se permitida a denún-
cia vazia, por conta de a clínica
médica não preencher os re-quisitos de estabelecimento de
saúde do art. 53.
Lado outro, na locação paraestabelecimentos como hospi-
tais credenciados e fiscaliza-
dos pelo poder público nãopoderia o adquirente denun-
ciar o contrato, ainda que esta
denúncia fosse após o prazodo contrato ter vencido.
Ultrapassada a questão
acima, é preciso ainda escla-recer que quando houver o
despejo de estabelecimentos
de ensino autorizados e fis-calizados pelo poder público,
o prazo para a desocupação
será no mínimo de 6 meses edeverá coincidir com o perío-
do de férias escolares, nos
termos do art. 63, § 2º da Leido Inquilinato.
* O autor é Advogado, em Juiz de Fora, MG. Pós-graduado em Direito Ambiental (UFPR) e
Direito Imobiliário (UNISC). Membro da Comissão do Meio Ambiente da OAB/MG, subseção Juizde Fora. Membro do Instituto de Direito Privado.
Locação Escola/Hospital
12 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Exoneração do Fiador
Fiador responde pelos débitos locatícios se nãonotificar o locador sobre a sua prévia exoneração
Comentário do BDI: Esta decisão tratou da responsabilidade do fiador pelo débito locatício
posterior à prorrogação da locação.
O fiador poderá se exonerar da fiança mediante notificação extrajudicial ao locador ou mediante
a propositura de competente Ação de Exoneração, assim o fazendo após a prorrogação do contrato
por tempo indeterminado. Não havendo a prévia exoneração, remanesce a obrigação do fiador
frente ao locador. Não houve pactuação entre as partes no sentido de restringir a responsabilidade
do fiador ao prazo ajustado. Sendo assim, o fiador permanece responsável pelo débito locatício.
Ementa: Agravo Interno no Agravo em Recurso Especial. Execução de título extrajudicial.
Insurgência dos fiadores. Locação de imóvel não residencial. Exoneração de pagamento posterior
ao termo final do adendo contratual. Não cabimento. Cláusula expressa de responsabilidade dos
fiadores até a entrega das chaves. Revisão. Súmulas 5 e 7 do STJ. Precedentes do STJ. Agravo
Interno não provido.
Dados da Decisão: STJ – Agravo Interno n° 1.350.111 – Relator: Ministro Luis Felipe Salomão
- Data do julgamento: 30.5.2019.
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
132ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Prazo de LocaçãoContrato de locação com menos de 30 meses
impede o locador de retomar o imóvel do locatário
Pergunta: É possível celebrar um contrato de locação de 10 meses somente? Quais as suas
implicações?
BDI Responde: Sendo o contrato residencial com menos de 30 meses, implica em o locatário
ter direito à prorrogação automática do contrato que passa a ser regido por prazo indeterminado,
mantidas as demais cláusulas do contrato. O locador fica impedido de retomar o imóvel antes dos 5
anos de locação ininterrupta, ou seja, o locador não pode aplicar a denúncia vazia antes de conta-
dos os 5 anos de locação à partir da data do início do contrato escrito. Sendo o contrato escrito de
no mínimo 30 meses, somente assim, o locador poderá retomar o imóvel ao final do contrato. Mas
se a locação for não residencial, o contrato poderá ser por qualquer período, mesmo dez meses,
podendo o locador retomar o imóvel ao final do contrato.○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Renovação do AVCBDe quem é a responsabilidade pela renovação do AVCB
em condomínio. Do locador ou do locatário?
O condomínio que administramos não tem fundo de reserva para a renovação do AVCB e nem
para a recarga dos extintores.
Pergunta: Quem é responsável por essa despesa? O locador ou o locatário?
BDI Responde: Nesse caso, a taxa para renovação ou revalidação do AVCB é considerada uma
despesa extraordinária, a cargo do locador, porque é esporádica e não se refere a um gasto rotinei-
ro de manutenção do imóvel. Quanto a recarga dos extintores, nos termos do art. 23, § 1º alínea
“d”, da Lei do Inquilinato nº 8.245/91, o locatário é obrigado “a pagar as despesas ordinárias de
condomínio”, como a manutenção, verificação e conservação das instalações e equipamentos de
segurança, como a recarga de extintores, que pelo bom senso, deveria pagar os valores proporcio-
nais ao tempo da locação.
14 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Antena de CelularCrimes em condomínios praticados
por síndicos e condôminosFraude de ata para aprovar locação de antena
de celular X A saúde tutelada pelo Direito Penal
Daniela Almeida Tonholli*
O Direito Penal é considera-do a ultima ratio. Isso quer di-
zer que devemos utilizar desse
ramo do direito quando nadamais parecer ser eficiente. Mas
esse princípio é para o legisla-
dor considerar se realmente énecessário criminalizar uma
conduta. Depois que o crime é
tipificado, ou seja, previsto emlei, a norma tem que ser cum-
prida. Quando um crime deixa
de ser processado, isso podeindicar que a própria socieda-
de deixou de valorar aquela
conduta como criminosa e anorma “cai em desuso”. Con-
tudo, observa-se que diante de
certas condutas criminosas, oscidadãos sequer têm conheci-
mento de que se trata de cri-
me. E por isso, estabelece-sea cultura de que há uma per-
missividade ou possibilidade de
agir de certa forma, quandonão.
A situação descrita acima é
corriqueira em condomínios,com a justificativa de que
quem a prática alega desco-
nhecer norma penal. Pensam,em regra: em condomínio, a
vontade da maioria sempre sesobrepõe aos demais. “Só que
não”.
A soberania da assembleiaé norteada pela convenção.
Contudo, a convenção é dura-
mente limitada pela lei. Ouseja, nem tudo que está na
convenção é legal, e muito
menos o que a maioria decide.Um exemplo recente, que
surgiu a partir do desenvolvi-
mento de tecnologias, é a lo-cação de lajes (telhados, cober-
turas), em edifícios, inclusive
residenciais. Inicialmente, pa-recia apenas mais uma opor-
tunidade de negócio. Contudo,
com a vivência e as pesquisas,passou a ser questionável a
segurança dessas antenas em
relação à saúde humana. O queparecia uma simples antena
que melhoraria o sinal dos ce-
lulares, passou a ser uma ame-aça à saúde.
Atualmente, sabe-se que
tais antenas de celular ofere-cem risco à saúde, existindo
pesquisas que comprovam a
relação delas e o desenvolvi-mento de doenças gravíssimas,
como: câncer, doenças neuro-degenerativas (alzheimer,
Parkinson), abortamento, má
formação fetal, linfoma, leu-cemia, entre outros.
O Programa Nacional de
Toxicologia (NTC), ligado ao De-partamento de Saúde dos Es-
tados Unidos, realizou um es-
tudo coordenado pelo cientistasênior do NTC, John Bucher, que
demorou 10 anos, e foi conclu-
ído em novembro de 2018, ten-do demonstrado que a exposi-
ção prolongada de 3.000 ratos
e camundongos àradiofrequência das ondas ele-
tromagnéticas 2G e 3G foi res-
ponsável pelo surgimento decânceres cardíacos em 5% a 7%
dos machos. Os tumores cardí-
acos identificados crescem len-tamente, podendo causar dores
e até infarto, sendo que eles
acometem as células deSchwann, que atuam na rege-
neração de nervos do organis-
mo. Foram evidenciados, ainda,cânceres cerebrais e na glândula
suprarrenal em 3% dos animais
expostos à radiação.As preocupações dos cien-
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152ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
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tistas vão desde o poder de
aquecimento do corpo huma-no, tal como acontece no for-
no micro-ondas, até danos nos
tecidos e mutações no DNA.O Brasil reconhece esse ris-
co à saúde e legislou nesse
sentido, de forma que Leis Fe-derais e Municipais determi-
nam que o projeto de instala-
ção pelas empresas de telefo-nia celular devem apresentar,
dentre outras informações: a
distância da antena (entre 50a 100 metros dependendo do
município) de áreas de prote-
ção ambiental, escolas, cre-ches, hospitais, asilos e clíni-
cas onde há internação de pa-
cientes ou locais onde se veri-
fique grande concentração depessoas.
Em diversos estados do
Brasil o Ministério Público in-tervém quando as antenas são
instaladas de forma irregular
e o argumento é apenas um:a saúde pública. Mas, além do
interesse público, há o interes-
se particular e individual da-queles que, por terem as an-
tenas instaladas sobre suas
cabeças, não desejam correro risco de desenvolverem as
doenças possíveis de serem
adquiridas ou ter o agrava-mento do estado de saúde,
uma vez que não existe nenhu-
ma forma de prevenção con-
tra tais riscos.Locação não pode serrealizada com má-fé
Quando uma operadora decelular escolhe os pontos estra-
tégicos para a colocação das
antenas, resta-lhes convencer ocondomínio de lhe locar o es-
paço. Diante de uma proposta
de valor de aluguel, cabe ao sín-dico do condomínio submeter o
caso à votação dos con-
dôminos, sendo exigido oquórum qualificado unânime
para este caso, entendimento
esse consagrado pelos Tribunaisde Justiça, tendo em vista a
mudança da destinação do te-
Antena de Celular
16 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
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lhado e a alteração da fachada.Normalmente os condôminos
analisam em especial o ganho
que terão, ignorando os riscosà saúde, já que muitos sequer
o conhecem, ou não acreditam
em sua possibilidade. Tornam-se minoria aqueles que ocupam
as unidades do último andar,
sendo certo que seu risco émaior, pois quanto mais próxi-
mo da antena, maior o risco.
A reivindicação contrária àinstalação da antena é des-
denhada e seu argumento de
se tratar de saúde é diminuí-do. Pensam os demais condô-
minos que o interesse econô-
mico da maioria se sobrepõeao direito de um pedir para
preservarem sua saúde.
Observa-se que o interesseeconômico é tão feroz, que na
assembleia que visa a votação
para aprovar o aluguel de es-paço para a antena, o síndico,
muitas vezes apoiado por ou-
tros condôminos, se nega aregistrar as pontuações e ad-
vertências daquele vizinho que
não concorda com a instalaçãoda antena por questões de
saúde. Neste caso, essa omis-
são de má-fé pode caracteri-zar o crime do artigo 299 do
Código Penal, Falsidade Ideo-
lógica, uma vez que prevê que“omitir, em documento públi-
co ou particular, declaração
que dele devia constar, ou neleinserir ou fazer inserir decla-
ração falsa ou diversa da que
devia ser escrita, com o fim deprejudicar direito, criar obriga-
ção ou alterar a verdade so-
bre fato juridicamente relevan-te.” Pena - reclusão, de um a
cinco anos, e multa, se o do-
cumento é público, e reclusãode um a três anos, e multa, se
o documento é particular.
Diante da flagrância de nãoquererem registrar os protestos
e justificativas do condômino
que pede a não instalação daantena para proteger a sua saú-
de e de sua família, o condô-
mino interessado deve buscarum outro meio de registro da
sua manifestação a fim de pro-
duzir prova futura quanto àomissão, como testemunhas e
boletins de ocorrência.
Risco de vira existir um crime
Há uma outra questão cri-
minal que merece atenção, eque exige dos interessados
despender esforços em busca
de resguardar seus interesses.É que o Código Penal chama
de perigo para a vida ou a saú-
de de outrem, previsto no ar-tigo 132, que diz: “expor a vida
ou a saúde de outrem a peri-
go direto e iminente: Pena -detenção, de três meses a um
ano, se o fato não constitui cri-
me mais grave.”Sendo crime de perigo, não
temos a necessidade de já ter
ocorrido o dano à saúde ou avida do indivíduo. Contudo, é
preciso demonstrar que há o
perigo, que a exposição é di-reta e que tal risco, também
é iminente. Daí que na práti-
ca, o proces-samento dessecrime seria difícil, mas não im-
possível.
Neste caso, seria uma me-dida preventiva notificar os de-
mais condôminos e o síndico a
fim de deixar registrado quese considera sofrendo tais ris-
cos, dando todas as informa-
ções científicas para a compre-ensão do caso. A partir de en-
tão, se a antena vier a ser ins-
talada, deve-se fazer umamonitoração da condição de
saúde dos moradores ou habi-
tantes daquela unidade maisexposta e que reivindicaram a
não instalação da antena. Exa-
mes periódicos e análise mé-dica regular devem ser guar-
dados. Vejam que, vindo a sur-
gir qualquer das doenças re-lacionadas à exposição à an-
tena de celular, o crime deixa
de ser o do artigo 132 e pas-sará a ser o de lesão corporal.
E por mais que tenhamos que
discutir o dolo e a caracteriza-ção da lesão (que será de-
monstrada por perícia médica
Antena de Celular
172ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
e de engenharia especializa-
da), vindo a existir a demons-tração dessa relação e evidên-
cia do nexo de causalidade
entre a radiofre-quência e oaparecimento da doença, pos-
sivelmente teremos a caracte-
rização da lesão. O dolo, ouseja, a intenção dos agentes,
que no caso serão os vizinhos
que ignoraram o pedido de nãoinstalação das antenas, será
analisado considerando o fato
de terem sido informados dorisco.
Se processado, provado o
nexo entre a exposição, a do-ença e o dolo não for compro-
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Antena de Celular
vado, teremos o caso da lesão
corporal culposa, prevista noartigo 129, § 6º do Código Pe-
nal, que diz: “Se a lesão é
culposa: Pena - detenção, dedois meses a um ano.” Por ou-
tro lado, se o dolo, ainda que
eventual, ou seja, quem assu-me o risco de produzir a le-
são, for evidenciado, o caso
será de lesão corporal de na-tureza grave, previsto no § 1º,
por exemplo, “perigo de vida,
com pena de reclusão, de uma cinco anos”, ou, ainda, a
exemplo, a lesão corporal
gravíssima, prevista no § 2° doartigo 129 “quando fica carac-
terizada a enfermidade incu-
rável, com pena - reclusão, dedois a oito anos.”
Devemos entender que as
autoridades muitas vezes se fur-tam do dever de apurar e pro-
cessar, porque quando os crimes
não estão muito evidentes, ounão têm certa “tradição” na
modalidade que vêm sendo pra-
ticados, prefere-se, normalmen-te por instruções de superiores,
minimizar sua existência a fim
de não serem aumentadas asestatísticas da criminalidade lo-
cal, ou estadual.
Cabe a cada um de nós adefesa dos próprios interesses.
* A autora é Advogada em Belo Horizonte, MG. Professora de Direito Penal. Vice-presidente
da Comissão Especial de Direito Médico e da Saúde da OAB Federal.
192ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Pagamento de Franquia
De quem é a responsabilidade pelo pagamentoda franquia do seguro em laje de condomínio?
Do proprietário ou do condomínio?
Um condômino tem uma unidade no último andar de um prédio com direito ao uso e construção
na laje, ou seja de uso exclusivo e independente das áreas comuns do condomínio. Ocorre quesofreu um dano em sua laje devido a uma ventania. O seguro do condomínio indeniza os danos,
porém existe uma franquia.
Pergunta: Quem é o responsável pelo pagamento da franquia? O condomínio ou o proprietárioda unidade?
BDI Responde: Nesse caso, a responsabilidade pelo pagamento da franquia é do condômino.Pois o mesmo é proprietário da cobertura e sendo de seu uso exclusivo é seu dever conservar e
fazer a manutenção mesmo sendo por motivo de força da natureza, entendemos que conforme os
arts. 1.340 e 1.344 do Código Civil.“art. 1.340. As despesas relativas a partes comuns de uso exclusivo de um condômino, ou de
alguns deles, incumbem a quem delas se serve.
art. 1.344. Ao proprietário do terraço de cobertura incumbem as despesas da sua conservação,de modo que não haja danos às unidades imobiliárias inferiores”.
20 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
IPTU em Imóvel na Planta
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A armadilha do IPTU em imóveis adquiridos na planta
Átila Melo Silva*
Os indicadores econômicos
mostram que o mercado deaquisição de imóveis teve uma
leve alta de 3,63%, nos últi-
mos trinta e seis meses, aomenos no Estado de São Pau-
lo. Porém os adquirentes de
imóveis na planta devem fi-car atentos ao fechar negócio
especialmente quando se tra-
tar de compra de imóveis su-jeitos ao regime de incorpo-
ração imobiliária. Além dos
prazos de entrega, juros, mul-ta e características como lo-
calização, tamanho é impres-
cindível que seja verificado seo imóvel onde será construído
o condomínio possui dívidas
de IPTU.Isso é relevante, pois tem
se tornado comum que os
adquirentes de imóveis naplanta tenham que pagar por
altas dívidas de IPTU que são
anteriores à própria constru-ção do condomínio, e pas-
mem, tudo isso com funda-
mento em lei.Por exemplo o caso de um
condomínio residencial da zona
de São Paulo, cujas obras fo-ram concluídas em abril de
2013. O terreno onde foi edi-
ficado possui uma dívida de
IPTU de vinte e três milhões de
reais, relativo aos anos de2002, 2004, 2005, 2006, 2009,
2011, 2003 e 2007, anterior a
construção dos prédios, o dé-bito foi contestado pelas cons-
trutoras, e na fase de libera-
ção das unidades para que oscompradores pudessem finan-
ciar a compra, a dívida fiscal
foi parcelada de modo que oproblema permaneceu oculto
para todos interessados.
Após a entrega e passadosdois anos, os compradores, em
sua grande maioria consumi-
dores tomaram ciência do dé-bito fiscal, pois a dívida da área
maior onde foi construído o
condomínio, foi vinculada àcada uma das unidades autô-
nomas, impedindo a obtenção
de certidão negativa de débi-tos imobiliários perante a Pre-
feitura de São Paulo.
Isso porque o MunicípioPaulistano fundamenta a co-
brança do IPTU das unidades
autônomas, no art. 130 doCódigo Tributário Nacional, o
qual estabelece que “impostos
cujo fato gerador seja a pro-priedade, o domínio útil ou a
posse de bens imóveis, e bem
assim os relativos a taxas pela
prestação de serviços referen-
tes a tais bens, ou a contribui-ções de melhoria, sub-rogam-
se na pessoa dos respectivos
adquirentes, salvo quandoconste do título a prova de sua
quitação”.
Quando das assinaturasdos compromissos de compra
e venda de unidades autôno-
mas, foi assegurado aos com-pradores, através de cláusula
contratual expressa que a fra-
ção ideal dos imóveis negoci-ados, assim como a totalida-
de do terreno titulada pelas
vendedoras em toda a sua ple-nitude, é livre e desembara-
çada de pessoas e coisas, sem
quaisquer outros ônus reais oupessoais, foro ou pensão,
litispendência e quite de im-
postos e taxas até a presentedata (assinatura do contrato),
conforme clausula padrão.
Importante lembrar que porocasião da compra da unidade
autônoma, não havia registro,
tampouco foi dado ciência aoscompradores da existência de
dívida relativa ao IPTU, na ins-
crição cadastral respectiva dolocal onde foi construído o con-
domínio, tanto que houve re-
gistro de alienação fiduciária no
212ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
IPTU em Imóvel na Planta
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pagamento do preço.
No caso específico, as em-presas responsáveis pela incor-
poração imobiliária faturarammais de R$ 100.000.000,00
(cem milhões de reais) com a
venda das unidades autônomasoriundas da incorporação imo-
biliária, sem nunca ter quitado
a dívida de IPTU de sua res-ponsabilidade.
Tal situação causa grande
prejuízo e frustração aosadquirentes. Até porque, por
conta da dívida fiscal total de
responsabilidade das incorpo-radoras, não se consegue ob-
ter financiamento bancário
para compra/venda das res-pectivas unidades, além é cla-
ro da natural desvalorização do
referido bem. E para reaver asquantias eventualmente pagas
ao Município a título de IPTU,
deverão se valer de ações ju-diciais com longo período de
duração.O caso em destaque revela
grave falha no que se refere a
responsabilidade pelo paga-mento de débitos de IPTU,
quando se trata de constru-
ções sujeitas ao regime de in-corporação imobiliária, pois os
adquirentes não são informa-
dos sobre débitos pretéritosde IPTU que recaem sobre a
área que será construído o
condomínio, o que por si sóconstitui grave violação ao
Código de Defesa do Consu-
midor, e posteriormente sãosurpreendidos com dívidas
milionárias que são vinculadas
as suas unidades autônomas.As incorporadoras por sua vez,
* O autor é Advogado em São Paulo, SP. Sócio do Manna, Melo & Brito Advogados.
valendo-se de artifícios legais,
discutem administrativamen-te o débito ou parcelam a dí-
vida somente com a finalida-de de nada constar por oca-
sião do desmembramento.
Seria sensato, propor umaalteração legislativa no sentido
de que, em se tratando de in-
corporação imobiliária, atribuirexclusivamente a responsabili-
dade pelo pagamento de IPTU
as empresas incorporadoras e/ou construtoras, excluindo-se
taxativamente os adquirentes,
e terceiros de boa-fé, especial-mente quando a dívida for rela-
tiva ao período anterior da cons-
trução do empreendimento,pois o direito, não pode tolerar
condutas lesivas que atentem
contra lisura e lealdade nos atosjurídicos realizados pelas partes.
22 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Alteração do CondomínioUnificação de dois condomínios
Comentário do BDI: Trata-se de dúvida suscitada pelo Oficial de Registro de Imóveis a reque-
rimento da síndica de um condomínio a fim de unificar dois edifícios em um só.
Houve a construção de dois edifícios, denominados Edifício A ou Um, que recebeu os n°s 236,
242 e 250, composto de 17 unidades autônomas, e o Edifício B ou Dois, que recebeu os n°s 208,
216 e 224, composto de 18 unidades autônomas. Todavia, foi apresentada a registro somente uma
Convenção de Condomínio para os dois Edifícios, apesar de possuírem entradas distintas.
Os impedimentos registrários referem-se: a) a necessidade de prévia alteração da instituição e
especificação de condomínio para a mudança da denominação dos Edifícios, o que depende da
aprovação unânime dos condôminos; b) a convenção e regulamento interno por instrumento parti-
cular deverão ser apresentados em duas vias idênticas, nos originais, devidamente assinados pelo
síndico do condomínio, presidente e secretário da ata da assembleia convocada e aprovada para o
registro da convenção de condomínio, com as firmas reconhecidas de todas as partes; c) apresen-
tação da ata da assembleia convocada pelo síndico, comprovada a sua eleição pelas cópias auten-
ticadas das atas das assembleias que foi eleito, devidamente registrada no Cartório de Títulos e
Documentos, e aprovadas com a finalidade específica para o registro da convenção de condomínio,
incluída a lista de presença; d) fazer constar na convenção de condomínio as declarações de que o
texto dos documentos correspondem exatamente ao que foi aprovado na assembleia.
Assim, tratando-se de unidades autônomas devidamente descritas na transcrição em relação as
áreas e frações ideais, deveriam ser apresentadas duas convenções e não somente uma denomina-
da “Convenção de Condomínio Edifícios Vinte e Quatro de Maio”, que sequer existe na transcrição,
já que são identificados como Edifícios A e B, o que torna primeiramente necessária a alteração da
denominação do condomínio e sua especificação para posterior registro.
No entanto, de acordo com o artigo 1314, parágrafo único CC: “Nenhum dos condomínios pode
alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso
dos outros” Complementa o artigo 1351 CC: “Depende da provação de 2/3 dos votos dos condôminos
a alteração da convenção; a mudança da destinação do edifício ou da unidade imobiliária, depende
da aprovação da unanimidade dos condôminos”.
Portanto, só deve ser alterada a denominação do condomínio, mediante a aprovação por unani-
midade dos condôminos, a fim de unificar os dois edifícios em um só, que em conjunto formarão o
Edifício Vinte e Quatro de Maio, como proclama a legislação civil.
Ementa: Condomínio - Convenção - Especificação – Alteração - Qualificação registral - Exigên-
cias - Impugnação parcial - Dúvida prejudicada.
Dados da Decisão: 1ª Vara de Registros Públicos de São Paulo – Processo n° 1029144-
32.2019.8.26.0100 – Relatora: Tânia Mara Ahualli - Data do julgamento: 7.5.2019
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
232ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Imóvel Impenhorável
É impenhorável a pequena propriedade ruraltrabalhada pela entidade familiar
Comentário do BDI: Um Banco propôs uma Ação de Execução de Título Extrajudicial para uma
cobrança de Cédula Rural Hipotecaria no valor de R$ 39.718,80, vencida e não paga. Determinada
a penhora do imóvel rural, a proprietária do imóvel opôs embargos de terceiro sob o fundamento de
ser o bem impenhorável e por se tratar de pequena propriedade rural para sua subsistência.
De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é impenhorável a pequena
propriedade rural trabalhada pela entidade familiar, ainda que oferecida pelos proprietários em
garantia hipotecária de dívida oriunda da atividade agrícola, nos termos do art. 649, VIII, do CPC/
73.
Ementa: Recurso Especial. Embargos à execução. Alegação de impenhorabilidade de pequena
propriedade rural, definida em lei e trabalhada pela entidade familiar, com escopo de garantir a sua
subsistência. Rejeição, pelas instâncias ordinárias, sob o fundamento de que o executado não resi-
de no imóvel e de que o débito não se relaciona à atividade produtiva. Irrelevância. Reconhecimen-
to. Necessidade de se aferir, tão somente, se o bem indicado à constrição judicial constitui pequena
propriedade rural, nos termos da lei de regência, e se a entidade familiar ali desenvolve atividade
agrícola para o seu sustento. Recurso Especial provido.
Dados da Decisão: STJ – Recurso Especial n° 7009560-47.2017.8.22.0005 – Relator: Alexan-
dre Miguel - Data do julgamento: 24.4.2019
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
24 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Financiamento Imobiliário
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O SAC - Sistema de Amortização Constantenos Financiamentos Imobiliários
Luiz Antonio Scavone Junior*
Amortizar significa abateruma obrigação em partes, em
outras palavras, a amortização
compreende obrigações cum-pridas em tratos sucessivos.
Nos sistemas de amortiza-
ção, em regra, cada prestaçãoé formada pela soma de uma
fração do capital com os juros
do período.No sistema de amortização
misto (SAM), a prestação e ju-
ros correspondentes ao períodosão calculados pela média arit-
mética do valor das parcelas e
dos juros do mesmo períodopelos sistemas de amortização
constante e francês; no sistema
americano, durante o prazoconvencionado, são pagos ape-
nas juros periódicos, restando o
capital integral para pagamentono final; o sistema alemão é se-
melhante ao sistema francês
com juros pagos no início e nãono final do período etc.
A par desses sistemas, no
Brasil são utilizados, basicamen-te, o sistema francês ou tabela
“price” e o “Sistema de Amorti-
zações Constante” (SAC).Alhures, defendemos com
convicção a existência de juros
capitalizados de forma compos-
ta na sistemática de apuraçãodas parcelas pelo sistema de
amortização denominado “sis-
tema francês” ou “tabela price”(nesse sentido, nossa obra:
Obrigações, abordagem didá-
tica – Ed. Juarez de Oliveira).Sendo assim, a tabela price
envolve a cobrança de juros
capitalizados de forma com-posta, o que afronta o dispos-
to no art. 4º, do Decreto nº
22.626/33. Demais disso, essesistema infringe o princípio da
transparência em razão da
necessidade de fórmulaparamétrica para obtenção do
valor das parcelas, o que é
vedado pelo art. 52, do Códi-go de Defesa do Consumidor.
A própria análise das obras
do Dr. Richard Price nos leva àconclusão da capitalização
composta de juros nesse sis-
tema, o que o torna ilegal se acapitalização não respeitar a
periodicidade anual.
De fato, na obra Observationson Reversionary Payments (Lon-
dres, T. Cadell, in the Strand,
M.DCC.LXXI), o Dr. Richar Pricedefine um plano de amortização
da dívida pública do Reino Uni-
do, fundamentada em juros ca-
pitalizados de forma composta,o que originou a atual tabela
Price.
De outro lado, utilizado cadavez com mais frequência, subs-
tituindo gradativamente a tabe-
la price nos financiamentos imo-biliários, surge o SAC (“Sistema
de Amortização Constante”).
O “Sistema de AmortizaçãoConstante”, bastante simples,
não envolve os labirínticos cál-
culos e digressões matemáti-cas requeridos para a compre-
ensão do sistema francês.
Com efeito, as amortizaçõesperiódicas são todas iguais ou
constantes (no “sistema fran-
cês” as amortizações crescemexponencialmente à medida
que o prazo aumenta).
O SAC consiste no plano deamortização de uma dívida em
prestações periódicas, sucessi-
vas e decrescentes, em pro-gressão aritmética, dentro do
conceito de termos vencidos,
em que o valor de cada pres-tação é composto por uma par-
cela de juros e outra parcela
de capital (ou amortização).Os valores das prestações
são facilmente calculados. A
parcela de capital é obtida di-
252ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Financiamento Imobiliário
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vidindo-se o valor do emprés-
timo (ou financiamento) pelo
número de prestações, en-quanto o valor da parcela de
juros é obtido pela multiplica-
ção da taxa de juros pelo saldodevedor existente no período
imediatamente anterior (José
Dutra Vieira Sobrinho. Matemá-tica Financeira. São Paulo:
Atlas, 1997, p. 230).
Sendo assim, o “Sistema deAmortização Constante” não
importa na capitalização com-
posta de juros e, sob tal as-pecto, não afronta o art. 4º,
do Decreto nº 22.626/33.
As amortizações corres-pondem exatamente a uma
parcela do capital em razão do
prazo.Conseguintemente, não
resta capital excedente para
contagem de juros, como ocor-re na tabela price.
Para comprovar essa afir-
mação, corrobora a inferência
que se extrai da comparação
do valor total dos juros cobra-
dos pelo “Sistema e Amortiza-ção Constante” com o valor
total dos juros cobrados em
cada parcela pela sistemáticade apuração do montante (va-
lor futuro) com juros capitali-
zados de forma simples, cujosresultados são idênticos.
Mas, ainda assim, poder-se-
ia redarguir com a alegação deque os juros são cobrados so-
bre a totalidade do capital e,
sendo assim, restaria ilegal suaaplicação em virtude de ante-
cipar juros vincendos na me-
dida em que são aplicados so-bre a integralidade do capital
e não sobre as parcelas.
Não é assim.De acordo com o art. 6º, do
Decreto nº 22.626/33, os juros,
capitalizados de forma simples,devem ser pagos com a parcela
do capital a que se referem.
Com supedâneo nesse dispo-
sitivo, quando os juros ajusta-
dos forem pagos por antecipa-
ção, o cálculo deve ser feito demodo que a importância desses
juros não exceda a que produzi-
ria a importância líquida da ope-ração no prazo convencionado.
No “Sistema de Amortiza-
ção Constante” a importâncialíquida da operação não ultra-
passa esse limite. Portanto,
não há afronta ao Decreto nº22.626/33.
Ultrapassada essa barreira,
surge outra dificuldade paraafrontar a afirmação inicial de
que não há juros capitalizados
de forma composta no “Siste-ma de Amortização Constante”,
consistente na apuração de
cada parcela – capital inicial -pela fórmula de obtenção do
valor atual de acordo com os
juros capitalizados de formasimples aplicada a cada parcela
desse sistema.
Entrementes, no “Sistema
26 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Financiamento Imobiliário
de Amortização Constante” sãopagos juros idênticos àqueles
devidos pelo cálculo de juros
capitalizados de forma simplessobre cada parcela de capital,
de tal sorte que há respeito ao
disposto no art. 6º, do Decre-to nº 22.626/33.
O que a lei exige é que o
valor total de juros pagos sejaidêntico àquele apurado com
a aplicação de juros capitali-
zados de forma simples às par-celas de capital.
Isso ocorre no “Sistema de
Amortização Constante”.Em consonância com o aca-
tado, seja sob a ótica da
inexistência de capitalizaçãocomposta de juros, seja sob o
prisma de antecipação de juros
com resultado idêntico quanto
aos valores cobrados pelo cál-culo de juros simples, não há
ilegalidade no “Sistema de
Amortização Constante” (SAC).Tampouco, o “Sistema de
Amortização Constante” afron-
ta a boa-fé e o princípio datransparência exigido pelo Có-
digo de Defesa do Consumidor.
Com efeito, o valor dasprestações é constante, de
simples apuração, bastando,
para tanto, dividir o capitalpelo prazo, inexistindo, assim,
fórmulas paramétricas comple-
xas para sua apuração. Os ju-ros contratados incidem sobre
o capital amortizado.
Contudo, mesmo no “Siste-ma de Amortização Constan-
te”, resta imprescindível a in-
formação do valor total a pra-
zo, como em qualquer siste-ma de amortização, acorde
com o disposto no art. 52, da
Lei nº 8.078/90.Nada obsta essa informação,
mediante simulação do valor
das prestações pelo prazoconvencionado.
Sendo assim, o valor total a
pagar, com financiamento, deveser informado expressamente
no contrato, sob pena de nuli-
dade, nos termos dos arts. 4°,III, 46, 52 e 54, do Código de
Defesa do Consumidor.
Certo é que, se houveramortização extraordinária, o
valor total pago pelo sujeito
passivo da obrigação será me-nor, o que não impede a pres-
tação da informação nos ter-
mos da contratação original.
* O autor é Advogado em São Paulo, SP. Administrador pela Universidade Mackenzie. Mes-
tre e Doutor em Direito Civil pela PUC-SP. Professor de Direito Civil da Universidade PresbiterianaMackenzie e de pós-graduação em Direito Imobiliário da Escola Paulista de Direito – EPD. Autor
de diversas obras e coordenador do curso de Direito Imobiliário da EPD.
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272ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Benfeitorias no Imóvel
Ao possuidor de má-fé serão indenizáveissomente às benfeitorias necessárias
Comentário do BDI: Esta decisão tratou de uma Ação de Reintegração de Posse onde foi
constatada a má-fé do possuidor do imóvel, cabendo averiguar, se as benfeitorias realizadas eramnecessárias e desse modo indenizáveis.
A teor do artigo 1.220 do Código Civil, “Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente às
benfeitorias necessárias; não lhe assistindo o direito de retenção pela importância destas, nem o delevantar as voluptuárias”.
Esta decisão definiu que as benfeitorias necessárias são as que têm por finalidade conservar ou
evitar que o bem se deteriore, e em atenção ao critério da essencialidade. Foi reconhecido apenasa reforma da antiga residência e a instalação de captação de água, uma vez que estas foram
devidamente comprovadas, portanto indenizáveis.
Ementa: Apelação Cível. Ação de indenização. Ressarcimento das benfeitorias realizadas. Imó-vel rural. Posse de má-fé. Necessidade de prova. Recurso provido parcialmente.
Dados da Decisão: TJMG – Apelação Cível n° 10433130239091001 – Relator: Des. Luiz Artur
Hilário - Data do julgamento: 2.4.2019Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
28 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
TributosTribunal Superior confirmou a decadência
do tributo ITCMD na ação de cobrança
Comentário do BDI: Esta decisão tratou de uma Ação de Cobrança de um tributo sobre a
doação de um imóvel em que o contribuinte não efetuou a declaração, indispensável à apuração e
o cálculo do valor do ITCMD a ser recolhido.
O termo inicial do direito da Fazenda Pública constituir o crédito se iniciou em 1º de janeiro de
2009 e se encerrou em 1º de janeiro de 2014, restando evidente a ocorrência da decadência,
porque o crédito somente foi constituído em 20.1.2014, confirmando a decadência do ITCMD exe-
cutado na Ação de Cobrança.
Ementa: Agravo Interno no Recurso Especial. ITCD. Doação de Imóvel. Decadência. Art. 1.026,
§ 2º, do CPC/2015. Caráter protelatório não configurado. Multa afastada.
Dados da Decisão: STJ - Recurso Especial n° 1.745.205 – Relator: Ministro Og Fernandes -
Data do julgamento: 27.11.2018
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Licença AmbientalImobiliária que pretendia construir
shopping center foi multada em R$ 100 milpor falta de licença ambiental
Comentário do BDI: Esta decisão tratou de um pedido de reforma de sentença feito por
uma imobiliária que tinha a intenção de construir um shopping center às margens de um rio. O
pedido da imobiliária não foi aceito e a imobiliária foi multada em R$ 100 mil pelo IBAMA por ter
retirado mata nativa e ter feito um aterro invadindo o curso do rio, sem o devido licenciamento
ambiental.
Ementa: Administrativo. Infração ambiental. Art. 60 da Lei n° 6.905/98. Quesitos suplemen-
tares após laudo pericial. Cerceamento de defesa. Não configurado. Função social da proprieda-
de. Valor da multa. Proporcionalidade. Apelação desprovida.
Dados da Decisão: TRF 2ª Região - Apelação Cível n° 0000384-82.2005.4.02.5112 – Relatora:
Vera Lúcia Lima - Data do julgamento: 18.6.2019
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
292ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Corretagem
Comissão do corretor de imóveis. Quem paga?
Ana Lídia Carvalho Villela Godoy*
Esse é um assunto de gran-de importância. Tanto para o
comprador, como para o cor-
retor de imóveis.Quem deve pagar a
comissão do corretor?Quando é devida
a comissão?Primeiramente, é essencial
definir o contrato de corretageme sua previsão normativa. O
contrato de corretagem se dá
quando uma pessoa, sem qual-quer vínculo com a outra em
virtude de prestação de servi-
ços, de mandato ou por qual-quer outra relação de depen-
dência, obriga-se a obter um ou
mais negócios para a segundapessoa, mediante instruções.
O Código Civil prevê a exis-tência dessa forma de relação
contratual e dispõe sobre as
demais questões envolvidas,nos artigos 722 e seguintes.
Outro aspecto importante a
ser destacado é a atividade aser exercida pelo corretor de
imóveis. Não basta apenas
aproximar as duas partes danegociação (vendedor e com-
prador).
Cabe ao corretor, sob penade responder por perdas e da-
nos, prestar todas as informa-
ções sobre a negociação, escla-recimentos sobre os riscos en-
volvidos, alterações de valores
e/ou outros fatores que possaminfluenciar nos resultados.
Ademais, salienta-se que aobrigação do corretor é consi-
derada pelos Tribunais como
obrigação de resultado, ouseja, se o corretor não obtiver
o resultado positivo nas nego-
ciações, ou seja, não concluira venda, a comissão não lhe
será devida. (art. 725, CC).
Concluída a intermediaçãoe a venda do imóvel,quem deve pagar a
comissão ao corretor?“Depende.” O ônus da cor-
retagem recai sobre aquele
que contrata o corretor, sejaele o vendedor que busca al-
guém para adquirir seu imó-
vel, seja o comprador que bus-ca um imóvel. Portanto, o res-
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30 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
ponsável pelo pagamento é
aquele que contrata. Por esse
motivo, para que não haja con-flitos, é importante formalizar
em contrato os valores devi-
dos de comissão e quando se-rão pagos.
E quando houver oarrependimento daspartes do negócio já
realizado, como fica acomissão do corretor?Pois bem, nesse caso po-
demos ter duas situações. A
primeira, quando o arrepen-dimento é imotivado, e a se-
gunda, quando o arrependi-
mento é motivado. Na primei-ra situação, quando o arre-
pendimento do negócio é
imotivado, a comissão do cor-retor ainda é devida, visto que
seu trabalho foi concluído e
não foi ele que deu causa. Nasegunda situação, o arrepen-
dimento das partes se deu por
culpa do corretor, por ausên-cia de alguma informação ou
esclarecimento. Por exemplo:
existência de algum impedi-mento na matrícula do imó-
vel, uma ação de execução
contra o proprietário, proble-mas estruturais, etc. Nesse
caso, a comissão não lhe será
devida.
E nos casos em que ocorretor é contratado pela
construtora para vendade unidades autônomasem regime de incorpora-
ção imobiliária?Em tese, nesses casos, a
responsabilidade do paga-
mento seria da construtora ouda incorporadora que realizou
a contratação. No entanto, é
comum e aceito pelo STJ des-de 2016 que o ônus da corre-
tagem possa ser transferido
ao comprador, desde que es-teja previsto expressamente
em cláusula contratual e que
o consumidor seja previamen-te informado. Os requisitos
“expressamente previsto em
contrato” e “consumidor pre-viamente informado” são im-
prescindíveis para a legalida-
de da comissão. Não éincomum, principalmente em
stands de venda, que o
promitente comprador nãotenha conhecimento que está
negociando com um corretor
de imóveis contratado daconstrutora, vindo a saber
apenas no momento da assi-
natura do contrato, ou após.Esse tema esteve novamente
em evidência quando um
comprador acionou a justiça
pleiteando o ressarcimentos
dos valores pagos a título de
comissão de corretagem ale-gando que foi informado so-
bre o pagamento da comissão
em separado apenas no mo-mento da assinatura do con-
trato. Em primeira instância,
o juízo entendeu que a cobran-ça foi ilegal, condenando a
corretora a devolver os valo-
res recebidos. Em segundainstância a decisão foi man-
tida, pois o Tribunal seguiu o
entendimento de que houveviolação ao dever de comuni-
cação prévia da obrigação ao
comprador.Somente em sede de Recur-
so Especial a decisão foi modifi-
cada. A relatora argumentou quea obrigação de informar o preço
total do imóvel foi cumprida, in-
cluindo nesse montante a comis-são da corretora, sendo irrele-
vante que a obrigação de pagar
os honorários em separado sejainformada apenas no momento
da assinatura do contrato. Por-
tanto, antes de realizar acontratação de um corretor ou o
pagamento da comissão, verifi-
que se os requisitos legais foramcumpridos, e em caso de dúvida
procure uma assessoria jurídica
especializada.
Corretagem
* A autora é Advogada, em Taubaté, SP. Atuante no mercado imobiliário. Pós graduanda em
Direito Imobiliário pela EBRADI (Escola Brasileira de Direito) e pela EPD (Escola Paulista deDireito).
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312ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Vazamento em Tubulação
Concessionária realizou obras e terá que ressarcirproprietário por rachaduras em imóvel
Comentário do BDI: Esta decisão tratou de uma Ação de Reparação de Danos Materiais em
razão de um vazamento em uma tubulação de água, decorrente de obras realizadas pela conces-
sionária para sanar um rompimento de tubulação, o que ocasionou inúmeras rachaduras no imó-
vel do proprietário.
Por meio do laudo pericial juntado, foi concluído que houve um vazamento no ramal de alimenta-
ção da água no trecho anterior ao hidrômetro. Portanto, a responsabilidade é da concessionária, pois
ocorreram danos materiais no imóvel.
Ementa: Apelação. Ação de reparação de danos em razão de vazamento em tubulação de Água.
Pleito de condenação em danos materiais relacionados a rachaduras e vazamentos em imóvel per-
tencente à autora. Preliminar de ilegitimidade passiva afastada. Reconhecimento da responsabilida-
de da empresa requerida pelo reparo e manutenção da rede de estabelecimento de água do imóvel
da autora. Mérito. Dano material e nexo causal comprovados por meio de laudo pericial confeccio-
nado nos presentes autos. Responsabilidade da empresa requerida pelo agravamento dos vaza-
mentos e aparecimento de rachaduras no imóvel pertencente a autora. R. sentença de parcial
procedência mantida por seus próprios fundamentos e pelos aqui acrescidos. Honorários advocatícios.
Não é o caso de determinar a majoração em grau recursal dos honorários nos (art. 85, §§ 1º e 11,
do CPC/2015) em razão da ausência de trabalho adicional dos causídicos da parte apelada, que não
apresentaram contrarrazões. Recurso de apelação da requerida desprovido.
Dados da Decisão: TJSP – Apelação Cível n° 1008493-62.2014.8.26.0032 – Relatora: Flora
Maria Nesi Tossi Silva - Data do julgamento: 19.6.2019
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br
32 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Entenda quando é possível a somada posse para fins de usucapião
Marta Mendes*
Soma da Posse
É muito comum a utilização
de instrumentos particulares
de compra e venda, o famoso“contrato de gaveta”, no mo-
mento da aquisição de imó-
veis.O “contrato de gaveta”
não é apto a transferir a pro-
priedade de imóveis com va-lor superior a 30 salários mí-
nimos, tendo em vista que a
lei exige a escritura públicade compra e venda para tan-
to, ou seja, é preciso que o
contrato seja lavrado em car-tório de notas para ser pos-
sível sua averbação na ma-
trícula no Cartório de Regis-
tro de Imóveis.
Muitas pessoas adquirem oimóvel por contrato particular
de compra e venda e se plane-
jam para futuramente ingres-sar com Ação de Usucapião,
contudo existe a opção de se
ingressar com a Ação de Usu-capião logo que tiver adquirido
o imóvel por contrato particu-
lar de compra e venda em al-guns casos, o que muitas ve-
zes é ignorado por comprado-
res, inclusive por imobiliárias eadvogados no momento da
lavratura dos contratos.
O artigo 1.243 do Código Ci-
vil prevê que é permitida a soma
da posse do antecessor para ofim de preenchimento do requi-
sito de tempo de posse exigido
para ingresso de ação deusucapião, desde que preserva-
das as mesmas características
da posse. O antecessor aquipode ser entendido como pes-
soa que ocupava a posse antes
do comprador.Exemplificando: caso se ad-
quira um imóvel hoje por ins-
trumento particular de comprae venda e o vendedor já se
encontrar no imóvel há mais de
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332ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Soma da Posse
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10 anos, com posse justa, man-sa e pacífica, é possível que o
adquirente ingresse imediata-
mente com Ação de Usucapião,na modalidade prevista no ar-
tigo 1.242 do Código Civil.
Para que isso ocorra se faznecessário ao invés do “con-
trato de compromisso de com-
pra e venda”, que geralmenteé utilizado automaticamente,
se celebre o contrato de “ces-
são de posse” em que o ven-dedor ocupa a figura de ce-
dente e cede de forma onero-
sa os direitos de posse exerci-
dos por ele desde a data emque passou a exercê-lo. Isso
quer dizer que, caso o cedente
já tenha direito à prescriçãoaquisitiva, o cessionário com-
prará esses direitos e ingres-
sará com a ação em seu nome.Diante disso, é muito im-
portante destacar a relevân-
cia do advogado não só paraa elaboração do contrato, mas
também sua participação na
negociação que antecede opacto. O advogado com habi-
lidade para atuar na área imo-
biliária irá aferir a possibilida-
de de soma da posse, as ca-racterísticas da posse do ante-
cessor, entre outros fatores
que influenciam diretamentena aferição do próprio valor de
mercado do imóvel.
Na elaboração do contratoo advogado imobiliário vai sa-
ber exatamente quais cláusu-
las incluir a fim de facilitar ainstrução de eventual Ação de
Usucapião.
Lembre-se sempre que aeconomia com honorários que
você faz hoje pode custar caro
em um futuro bem próximo!
* A autora é Advogada, em Juiz de Fora, MG. Pós-graduada em Direito do Trabalho e Processodo Trabalho. Sócia Fundadora do Bomgran Advocacia e Consultoria com atuação especializada
na área de direito imobiliário.
34 2ª quinzena - Agosto 2019 – nº 16
Sinistro de Incêndio
Imóvel danificado por incêndio deverá ser restauradopois oferece risco de desabamento
Comentário do BDI: Esta decisão tratou de uma Ação em que o município pediu para o
proprietário fazer a recuperação total, e não parcial, do imóvel que foi danificado em razão de um
incêndio, para que não ofereça nenhum risco aos transeuntes. O Pedido do município foi aceito e
o proprietário do imóvel terá que restaurá-lo por inteiro, pois, segundo vistorias realizadas pelo
ente municipal, constatou-se que o referido imóvel apresenta desalinhamento e desabamento da
marquise, com sua alvenaria avariada colocando em risco a vida de outras pessoas.
Ementa: Constitucional. Administrativo. Urbanístico. Apelação Cível. Ação Mimaria de restaura-
ção de Imóvel. Sinistro de incêndio. Necessidade de recuperação. Risco. Responsabilidade do Pro-
prietário. Sentença mantida. Decisão unânime.
Dados da Decisão: TJPE – Apelação Cível n° 0327443-5 – Relator: Des. Alfredo Sérgio Maga-
lhães Jambo - Data do julgamento: 23.4.2019
Nota do BDI: Leia a íntegra em www.diariodasleis.com.br.
ÍNDICES DE CORREÇÃO MONETÁRIAMESES
FGV % IBGE % FIPE %
IGP-M IGP/DI IPC-DI IPA-EP-DI INCC-DI INPC IPC-A IPC
Ago./2018 0,6999 0,6768 0,0743 0,9905 0,1484 0,2500 (-) 0,0899 0,4121
Set. 1,5243 1,7886 0,4457 2,5437 0,2328 0,3001 0,4800 0,3867
Out. 0,8859 0,2631 0,4761 0,1723 0,3455 0,3999 0,4499 0,4808
Nov. (-) 0,4895 (-) 0,1420 (-) 0,1717 (-) 1,7018 0,1343 (-) 0,2499 (-) 0,2100 0,1544
Dez. (-) 1,0802 (-) 0,4503 0,2858 (-) 0,8194 0,1330 0,1400 0,1500 0,0935
Jan./2019 0,0066 0,0684 0,5660 (-) 0,1885 0,4908 0,3600 0,3200 0,5787
Fev. 0,8847 1,2519 0,3487 1,7872 0,0885 0,5400 0,4299 0,5435
Mar. 1,2553 1,0731 0,6515 1,3545 0,3125 0,7701 0,7500 0,5106
Abr. 0,9186 0,9033 0,6287 1,0900 0,3786 0,6000 0,5700 0,2871
Mai. 0,4455 0,3999 0,2207 0,5248 0,0334 0,1499 0,1300 (-) 0,0173
Jun. 0,7953 0,6309 (-) 0,0244 0,8319 0,8839 0,0099 0,0100 0,1547
Jul. 0,3961 0,1438
MESESTR (¹)
%POUPANÇA NOVA - % (²)
(A partir de 4.5.2012)POUPANÇA ANTIGA - % (²)
(Até 3.5.2012)SALÁRIO-MÍNIMO
R$
DÓLARCOMERCIAL (³)
R$
Set./2018 0,0000 0,3715 0,5000 954,00 4,1353
Out. 0,0000 0,3715 0,5000 954,00 4,0039
Nov. 0,0000 0,3715 0,5000 954,00 3,7177
Dez. 0,0000 0,3715 0,5000 954,00 3,8633
Jan/2019 0,0000 0,3715 0,5000 998,00 3,8748
Fev. 0,0000 0,3715 0,5000 998,00 3,6519
Mar. 0,0000 0,3715 0,5000 998,00 3,7385
Abr. 0,0000 0,3715 0,5000 998,00 3,8967
Mai. 0,0000 0,3715 0,5000 998,00 3,9453
Jun. 0,0000 0,3715 0,5000 998,00 3,9407
Jul. 0,0000 0,3715 0,5000 998,00 3,8322
Ago. 0,0000 0,3434 0,5000 998,00 3,7649
1. TR - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês, a ser creditado trinta dias após.2. Poupanças Nova e Antiga - Percentual correspondente ao primeiro dia útil do mês. A poupança antiga aplica-se aos depósitos feitosaté 3.5.2012. Já a Poupança Nova aplica-se aos depósitos feitos a partir de 4.5.2012.3. Dólar - Cotações do último dia útil do mês.
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – A partir de Abril/2015
Base de Cálculo (R$)
Até 1.903,98
De 1.903,99 até 2.826,65
De 2.826,66 até 3.751,05
De 3.751,06 até 4.664,68
Acima de 4.664,68
Alíquota (%)
Isento
7,5
15
22,5
27,5
Parcela a Deduzir (R$)
—
142,80
354,80
636,13
869,36
DEDUÇÕES:
a) R$ 189,59 por dependente;
b) Pensão alimentícia integral;
c) R$ 1.903,98 para aposentados, pensionistas e transferidos para a
reserva remunerada que tenham 65 anos de idade ou mais;
d) Contribuição à Previdência Social.
COEFICIENTES ANUAIS – ACUMULADOS ATÉ O MÊS ANTERIOR (4)
Reajuste em Mai./2019 Reajuste em Jun./2019 Reajuste em Jul./2019 Reajuste em Ago./2019Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual Indexador Anual
IGP-M/FGV 1,0864 IGP-M/FGV 1,0764 IGP-M/FGV 1,0651 IGP-M/FGV 1,0639
IGP-DI/FGV 1,0825 IGP-DI/FGV 1,0693 IGP-DI/FGV 1,0604 IGP-DI/FGV
IPC-DI/FGV 1,0519 IPC-DI/FGV 1,0499 IPC-DI/FGV 1,0373 IPC-DI/FGV
INPC/IBGE 1,0507 INPC/IBGE 1,0478 INPC/IBGE 1,0331 INPC/IBGE
IPC-A/IBGE 1,0494 IPC-A/IBGE 1,0466 IPC-A/IBGE 1,0337 IPC-A/IBGE
IPC/FIPE 1,0499 IPC/FIPE 1,0477 IPC/FIPE 1,0388 IPC/FIPE 1,0379
4. Para reajuste anual de aluguel: multiplique o valor pelo indexador contratado. Índices completos no site: www.diariodasleis.com.br.