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Disciplina de Parasitologia Curso de Medicina
2016
Profa. Dra. Juliana Quero Reimão
Aula 12/05/16: Cestódeos Teníase e cisticercose, himenolepíase e hidatidose
Cestódeos
• Filo Platyhelminthes • Simetria bilateral
• Corpo achatado dorsoventralmente
• Hermafroditas
• Ausência de sistema digestório
• Subclasse Cestoda • “tênias”
• Tamanho variado
• Forma de vida:
• Verme adulto
• Larva (cisticerco, hidátide, outros)
• Ovo (embrião hexacanto)
Teníase e cisticercose
Teníase e cisticercose
• Teníase • Alteração provocada pela presença de formas adultas de
Taenia solium ou Taenia saginata no intestino delgado do homem
• “solitárias”
• Hospedeiro definitivo: Homem
• Cisticercose • Alteração provocada pela presença da larva de T. solium ou T. saginata
• “canjiquinha”
• Hospedeiros intermediários:
• T. saginata: bovinos
• T. solium: suínos e acidentalmente, o homem
Teníase e cisticercose são duas entidades mórbidas distintas, causadas pela mesma espécie, porém com fase de vida diferente.
Distribuição mundial
• Cosmopolita • 2,5 milhões – T. solium
• 77 milhões – T. saginata • 2 milhões na América do Sul
• Prevalência subestimada
• Neurocisticercose • 50 mil mortes/ano
• > 50 mil incapacitados
• Danos neurológicos
• Hábitos alimentares • Carne crua ou mal cozida
• Precárias condições de higiene
• Países subdesenvolvidos
http://www.docstoc.com/docs/20638016/Neurocysticercosis
A OMS estima que ocorram, a cada ano, 50 mil mortes por devido à neurocisticercose e que exista um número ainda maior de pacientes que sobrevivem, todavia, incapacitados, devido aos ataques convulsivos ou outros danos neurológicos.
São potencialmente erradicáveis
Baseado em que fatores a OMS considera a teníase uma doença potencialmente erradicável? R: O ciclo de vida do parasito requer seres humanos como hospedeiros definitivos; dejeções humanas de portadores de teníase são a fonte de contaminação para os animais e a inexistência de reservatórios para a infecção na natureza.
Distribuição mundial
http://gamapserver.who.int/mapLibrary/
Principais casos de neurocisticercose nos EUA são provenientes de imigrantes latinoamericanos. Baixa endemicidade: países muçulmanos.
Práticas de produção de suínos nos EUA e Europa não são favoráveis à transmissão.
Prevalência
Colômbia
Equador
Guatemala
• América Latina • Teníase: 1%
• Cisticercose humana: 0,1%
• Cisticercose animal: 5%
• Brasil • Principais Estados
• Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina
• Ribeirão Preto: 67 casos/mil hab (cisticercose)
• População pisiquiátrica
• Prevalência da NCC é 5 vezes maior
Bolívia
Vermes adultos
• Escólex (fixação), colo (multiplicação) e estróbilo (restante)
• Proglotes (órgãos reprodutores)
http://negritosbio.blogspot.com.br/p/platelmintos.html
escólex
ganchos ventosas
sulco
colo
Taenia solium
Taenia saginata
Diphyllobothrium
escólex proglote
estróbilo
colo
Vermes adultos
• Escólex • Dimensões reduzidas
• 1 a 2 mm de diâmetro
• Nele encontram-se as estruturas de fixação
• 4 ventosas efeito de sucção
• Acúleos (ganchos)
• T. saginata • Sem acúleos
• T. solium • Rostelo com acúleos
Taenia saginata
Taenia solium acúleos
Vermes adultos
• Escólex
Taenia saginata Taenia solium
acúleos
Vermes adultos
• Acúleos • Se inserem em feixes musculares
• Formações rígidas (escleroproteínas)
• Forma de foice
• Dupla coroa (25 a 50)
• Localizados sobre uma saliência (rostelo)
rostelo
ventosas
colo
http://www.2classnotes.com/digital_notes_print.asp?p=Taenia_Solium
Rey, 4ª Ed., 2011.
• Os acúleos se inserem nos feixes musculares que os movimentam
• Em número de 25 a 50, os acúleos ficam dispostos como dupla coroa sobre uma saliência situada entre as 4 ventosas: o rostro ou rostelo
• Por faltarem os acúleos no escólex de T. saginata, seu rostro é conhecido como desarmado
• Essa é uma característica distintiva entre as espécies (T. solium e T. saginata)
pequeno acúleo
grande acúleo
acúleos
T. solium
Vermes adultos
• Estróbilo • Restante do corpo do parasito • Formado pelas proglotes • Quanto mais afastado do escólex, mais evoluídas estão as proglotes
• Jovem madura grávida
• Taenia saginata • Pode chegar a 25 metros • Média 4 a 12 metros • 1.000 a 2.000 proglotes • Longevidade: 10 anos
• Taenia solium • Pode chegar até a 8 metros • Média 1,5 a 4 metros • 700 a 900 proglotes • Longevidade: 3 anos
Taenia solium
Vermes adultos
• Crescimento • São formadas 9 a 12 proglotes por dia
• Apófise • Após 3 meses de infecção
• 8 a 9 proglotes desprendem-se diariamente
• ~160 mil ovos/proglote (T. saginata)
• ~80 mil ovos/proglote (T. solium)
• Eliminadas com as fezes • T. saginata: eliminação ativa (musculatura)
• T. solium: eliminação passiva
http://bogleech.com/flatworms.html
Meridianas Circulares Radiais
Fibras musculares
Profundidade Diâmetro Concavidade
Rey, 4ª Ed., 2011.
T. solium
Ovos
• Características • Esféricos
• Embrióforo (casca protetora) • Blocos de quitina
• Embrião hexacanto ou oncosfera • Três pares de acúleos e dupla membrana
• Indistinguíveis (T. solium e T. saginata)
embrióforo embrião hexacanto
• O que se denomina ovo é um embrião hexacanto ou oncosfera, protegido por envoltórios ovulares, até que possa eclodir no interior do seu hospedeiro.
• Para isso, o envoltório externo, ou embrióforo, precisa ser digerido pelas enzimas do hospedeiros e a larva, ativada pela bile.
• Essa larva deve romper o envoltório interno e penetrar na mucosa mediante a ação de seus 6 acúleos
• Na mucosa, torna-se um cisticercóide que dará origem ao verme adulto, na luz do intestino.
30 m
acúleos
Cisticercos
• Características • Vesícula translúcida
• Colo e escólex invaginados • 4 ventosas
• Acúleos (apenas T. solium)
• Cysticercus cellulosae* • T. solium
• 5 a 20 mm de diâmetro
• Cisticercose humana
• Cysticercus bovis* • T. saginata
• 7 a 10 mm de diâmetro
• Capacidade de causar cisticercose humana não comprovada
Cisticerco de T. solium
*nomenclatura em desuso
Ciclo de vida T. solium
Proglote nas fezes
Cisticercos na carne
Cisticercos liberados no estômago
Vermes adultos no intestino
Porcos ingerem
ovos
teníase
Ciclo de vida T. solium
cisticercose
Ingestão de ovos
Liberação da oncosfera no intestino*
Oncosfera atinge a corrente sanguínea e penetra nos tecidos
Cisticerco nos tecidos
*Mucosa do intestino ↓
Vênula ↓
Veia mesentérica ↓
Sistema porta ↓
Fígado ↓
Veia cava ↓
Coração ↓
Pulmão ↓
Aorta ↓
Órgãos
Ingestão de ovos Embrióforo (casca protetora)
Blocos de quitina sofrem ação da pepsina
Embrião hexacanto Sofre ação dos sais biliares liberação Acúleos penetração na mucosa intestinal corrente sanguínea tecidos
Modos de transmissão (teníase)
• Ingestão de carne de porco ou de boi crua ou mal cozida contendo cisticercos viáveis de T. solium ou T. saginata, respectivamente.
• O cisticerco sofre ação do suco gástrico, evagina-se e fixa-se por meio do escólex, na mucosa do intestino delgado, transformando-se em verme adulto.
Patogenia (teníase)
• Efeitos do parasitismo • Substâncias excretadas fenômenos alérgicos
• Fixação na mucosa hemorragias
• Destruição do epitélio inflamação muco
• Crescimento do parasito suplemento nutricional/competição
• Aumento de comprimento obstrução intestinal
• Penetração de proglote no apêndice apendicite
• Sintomas • Frequentemente assintomática
• Tontura, astenia, apetite excessivo, náuseas, vômito, alargamento do abdômen, dores abdominais, perda de peso
• Prurido anal (T. saginata)
• Encontro das proglotes
Diagnóstico (teníase)
• Clínico • Difícil quando baseado nos sintomas
• Relato de encontro de proglotes
• Laboratorial • Pesquisa de proglotes nas fezes (tamisação)
• Pesquisa de ovos nas fezes (EPF)
• Swab anal
• Pesquisa de antígenos de ovos de Taenia sp. • ELISA (fezes)
Diagnóstico (teníase)
• Pesquisa de proglotes nas fezes
• Tamisação
• O bolo fecal é desmanchado em água e peneirado
• Prensadas entre lâminas
• Clareadas em ácido acético
• Identificação da espécie
Tamisação
http://horsetalk.co.nz/2013/01/18/doing-a-fecal-egg-count/
Taenia solium Taenia saginata
Diagnóstico (teníase)
• Pesquisa de ovos nas fezes
• Exames de fezes convencionais
• Não permite a identificação da espécie
• 1 exame = 60% sensibilidade
• Repetições = 90% sensibilidade
Ovo de Taenia sp.
Técnica de sedimentação espontânea Hoffman, Pons & Janer ou Lutz
Diagnóstico (teníase)
• Swab anal
• Fita adesiva
• Colocada em contato com a região perianal
• Transferida para uma lâmina
• Observada ao microscópio
• Repetições = 90% sensibilidade
Ovos de Taenia sp.
Ferreira, 1ª Ed., 2012.
Rey, 4ª Ed., 2011.
Tratamento (teníase)
• Niclosamida + laxante • Não é absorvido pelo intestino
• Poucos efeitos colaterais
• ~90% cura
• Laxantes proglotes inteiras
• Praziquantel • É absorvido pelo intestino
• Ação também contra os cisticercos
• ~96% cura
• CONTROLE DE CURA: Após 3 a 4 meses
• CURA: Só ocorre quando o escólex é eliminado
Niclosamida Praziquantel
Como a niclosamida é insolúvel em água, por isso deve ser mastigada. Por ser insolúvel, não é absorvida e não causa danos aos cisticercos, caso existam. Uso de laxantes: Para eliminar as proglotes inteiras, antes que os ovos sejam liberados. Com isso, evitam-se as reações alérgicas pela digestão de grande quantidade de proteína parasitária. Praziquantel: usado para esquistossomose. É absorvido pelo intestino, por isso não é indicado para o tratamento de T. solium, pois pode agir nos cisticercos, caso existam. A cura só ocorre quando o escólex é eliminado ou destruído. Caso ela não seja eliminado, a infecção irá se reestabelecer. Controle de cura: após 3 a 4 meses, examinar novamente o paciente. Caso sejam encontrados ovos ou proglotes, administrar novamente o tratamento.
A niclosamida é um derivado halogenado da salicilamida. Atinge as parasitores causadas por Taenia solium, Taenia saginata, Hymenolepis nana e Hymenolepis diminuta. A niclosamida age inibindo a formação dos microtúbulos através do bloqueio da captação de glicose, resultando na depleção de glicogênio dos parasitas e formação reduzida da adenosina trifosfato (ATP), necessária para a sobrevivência e reprodução dos parasitas. Conseqüentemente ocorre paralisia e morte dos vermes, os quais são eliminados com as fezes. A niclosamida não interfere no metabolismo da glicose no homem devido o sistema microtubular das células do hospedeiro ser diferente daquele dos helmintos. A niclosamida apresenta absorção insignificante pelo trato gastrintestinal, permanecendo por período prolongado em contato com os parasitas intestinais. É eliminado pelas fezes na forma inalterada.
O praziquantel desregula os mecanismos que controlam o fluxo de cátions através das membranas celulares dos vermes, inibindo as enzimas que mantêm os gradientes de íons inorgânicos. Estimula a entrada de sódio e inibe a de potássio, ocasionando despolarização nas células do parasita. Parece ativar, de maneira direta ou indireta, a contração cálcio-dependente da musculatura do parasita; há rápido aumento da passagem de cálcio para o interior do parasita, com elevação do tônus muscular. Isso ocasiona forte contração muscular, que imobiliza o verme segundos após seu contato com praziquantel. O praziquantel perturba o metabolismo glicídico dos vermes, havendo redução na captação de glicose e liberação aumentada de lactato. Estudos de microscopia eletrônica revelam que, após contato com o praziquantel, há degeneração do tegumento do verme, que se apresenta coberto de lesões vacuolares, principalmente na região do pescoço.
Modos de transmissão (cisticercose)
• Ingestão de ovos de T. solium • Mecanismos possíveis de infecção:
1. Heteroinfecção • Água, alimentos ou mãos contaminados
• Número de cisticercos é pequeno
2. Autoinfecção externa • Pessoa que alberga o verme adulto
• Ingestão de muitos ovos (mãos sujas)
3. Autoinfecção interna • Pessoa que alberga o verme adulto
• Movimentos antiperistálticos ou vômitos
• Proglotes grávidas são levadas ao estômago
• Infecção maciça e disseminada
Patogenia (cisticercose)
• Manifestações • Graves alterações nos tecidos
• Sintomas variáveis
• Número e vitalidade das larvas
• Compressão mecânica
• Processo inflamatório
• Localização
http://biodidac.bio.uottawa.ca/search.htm
http://atlas.or.kr/index.html
1 a 3 dias após a ingestão, os ovos eclodem, as oncosferas invadem a mucosa intestinal e ganham a
circulação, podendo-se localizar em diferentes tecidos
46,1
40,9
6,3
3,5 3,2
Localização
Patogenia (cisticercose ocular)
• A oncosfera chega ao globo ocular pelo vaso da coróide
• Se instala na retina
• Perfura a retina e invade o vítreo
• Reações inflamatórias
• Desorganização intra-ocular cegueira
http://www.bhj.org.in/journal/2002_4404_oct/case_693.htm
Retina (32%)
Conjuntiva (23%)
Vítreo (30%)
Patogenia (neurocisticercose)
• Localização aleatória
• Vários sinais e sintomas possíveis
• Epilepsia
• Presentes em 70 a 90% dos casos
• Compressão e obstrução do LCR
• Calcificação forma cicatricial
• Convulsões e distúrbios psiquiátricos
• Comprometimento intelectual e motor
• Mortalidade ~ 16 a 30%
LCR: líquido cefalorraquidiano
http://bogleech.com/flatworms.html
Rey, 4ª Ed., 2011.
Patogenia (tecido subcutâneo e muscular)
• Geralmente assintomática
• Quando em grande número dor, fadiga, cãibras
• Reações inflamatórias calcificação após a morte do parasito visíveis ao Rx
Rey, 4ª Ed., 2011.
Khandpur et al., 2014. DOI: 10.4103/0378-6323.129389
• Quando localizados na musculatura, não costumam trazer incômodo.
• Quando muito numerosos, provocam dores musculares e câimbras.
• Quando localizado no coração, causa palpitações e até dispneia.
• Há casos em que a infecção permanece silenciosa, sem nenhum sintoma.
Radiograph of an arm, showing elongated oval calcifications, typical of cysticercosis (calcified cysts in muscle).
Diagnóstico (cisticercose)
• Clínico e epidemiológico • Procedência, hábitos de higiene e alimentar, saneamento
básico, criação de suínos
• Diagnóstico prévio de teníase no paciente ou familiares
• Presença de sintomas sugestivos
• Laboratorial • Biópsias, necropsias e cirurgias exploratórias
• Cisticercose ocular
• Exame de fundo de olho
• Neurocisticercose
• Exame do LCR (degeneração do cisticerco reação inflamatória)
• Neuroimagem (ex. tomografia computadorizada)
• Detecção de anticorpos no soro
Cirúrgico: indicado quando o número de cisticercos é pequeno e a localização é favorável no cérebro; bons resultados para a cisticercose ocular.
Pleiocitose, eosinofilorraquia e positividade na reação de fixação do complemento degeneração dos cisticercos exacerbação da reação inflamatória O aumento do número de leucócitos é denominado pleocitose e está relacionado à vigência de um processo inflamatório liquórico
Tratamento (neurocisticercose)
• Antiparasitário
• Albendazol e praziquantel
• Quando há cistos viáveis
• Dependendo do tamanho e localização
• Anti-inflamatório
• Corticosteroides
• Evitam a reação decorrente da degeneração dos cistos
• Antiepilépticos
• Controle das crises
• Tempo indeterminado (até o desaparecimento das lesões ativas)
• Cirúrgico
• Cistos gigantes e cistos no canal medular
Prevenção (teníase e cisticercose)
• Cuidados na criação de suínos e bovinos
• Impedir seu acesso às fezes humanas
• Construção de redes de esgoto/fossas sépticas
• Tratamento do esgoto
• Criação em confinamento (suínos)
• Tratamento dos animais
• Cuidados com a carne bovina e suína
• Congelamento, cozimento ou salga
• Inspeção da carne / descarte
• Tratamento dos casos humanos
http://www.who.int/intestinal_worms/resources/Eng_final.pdf
Curiosidades
• Aproveitamento das carcaças (OMS) • 1 a 20 cisticercos consumo após tratamento
• Acima de 20 cisticercos descarte
• Tratamento das carcaças • Salga por 21 dias
• Defumação
• Refrigeração -10 °C por 10 dias
• Cozimento 120 ° C por 1 hora
• Inspeção das carcaças • Fiscalização Federal
• Veterinários do Ministério da Agricultura
Himenolepíase
Himenolepíase
• Definição • Infeção intestinal causada por Hymenolepis nana e
Hymenolepis diminuta, também conhecidas como tênias anãs.
• Ciclo de vida monoxênico ou heteroxênico • Único cestoda que não exige um HI obrigatório
• HD: Homens, símios e roedores
• HI: Insetos (ex. pulgas e besouros)
Epidemiologia
• Importância • Hymenolepis nana
• Infecção por cestoides mais comum em seres humanos
• Ampla distribuição mundial
• Ciclo direto
• Curto tempo de vida
• Creches, escolas e prisões
• Prevalência • 50 a 75 milhões
• 5 a 25% em crianças
• Comum no Sul dos EUA, América Latina, Austrália, países do Mediterrâneo, Oriente Médio e Índia
Vermes adultos
• Características • 3-5 cm
• Vida curta (14 dias)
• Hábitat: intestino delgado
• Proglotes • 100 a 200
• Estreitas
• Órgãos sexuais masc. e fem.
• Escólex • Retrátil
• Rostro armado de ganchos
• 1 fileira de acúleos
• Quatro ventosas
Hymenolepis nana
Ovos
• Características • Semiesféricos
• Transparente e incolor
• Membrana externa delgada
• Membrana interna • Contém filamentos polares (mamelões)
• Envolve o embrião hexacanto/oncosfera
• “chapéu de mexicano”
• Encontrados nas fezes dos HD
Embrião hexacanto
Filamentos polares
Hymenolepis nana
Larva cisticercóide
• Características • Escólex invaginado
• Protoescólex
• Envolto por uma membrana
• Hábitat • Vilosidades intestinais
• Homens, símios e roedores
• Cavidade geral • Pulgas e carunchos de cereais
500 µm
Ciclo de vida
Ciclo monoxênico
Ciclo heteroxênico
verme adulto
ovo
oncosfera larva
cisticercóide
larva cisticercóide
oncosfera proglote grávida
oncosfera
Ovos eclodem no intestino delgado oncosfera penetra nas vilosidades larva cisticercóide desenvaginação e fixação vermes adultos
Menos comum
Patogenia e sintomas
• Assintomática • Sinais clínicos são raros
• Adultos
• Autolimitada
• Imunidade adquirida contra a larva
• Sintomática • Apenas em infecções por um grande número de parasitos
• Diarreia, desconforto abdominal, má absorção, irritabilidade
• Resulta de lesões nas vilosidades
• 1000 a 2000 vermes
• Crianças
Diagnóstico
• Laboratorial
• Encontro dos ovos
• Exames de fezes
• Baixas cargas parasitárias
• Métodos de concentração
• Repetição dos exames
Tratamento
• Praziquantel e Niclozamida
• Eficazes contra o verme adulto
• Não são eficazes contra a larva
• Portanto, o tratamento deve ser repetido após 10 dias
• Todos que habitam a mesma residência devem ser tratados
• Controle de cura após 1 mês de tratamento
• Exame de fezes
Praziquantel: Alteração no influxo de Ca2+
Niclozamida: Interferência na fosforilação oxidativa (depleção de ATP)
Profilaxia
• Manter bons hábitos de higiene
• Saneamento básico
• Uso de instalações sanitárias
• Evitar a contaminação da água com fezes
• Tratamento dos indivíduos infectados
• Controle de insetos e roedores
Hidatidose
Echinococcus granulosus
• Hospedeiros • Definitivos
• Verme adulto
• Cão doméstico equinococose
• Intermediários • Fase larval (hidátide)
• Bovinos, ovinos e homem (acidental) hidatidose
• Epidemiologia • Zoonose mundial
• Ampla distribuição
• Presente em todos os continentes
Epidemiologia
• Prevalência • 2 a 3 milhões de pessoas infectadas
• Chile, Argentina, Uruguai, Peru e Brasil • 0,5 milhão
• Hábitos culturais • Abater animais e alimentar os cães
• Maior prevalência
• Criação de ovinos + cães de pastoreio
• Precária educação sanitária
http://www.docstoc.com/docs/20638016/Neurocysticercosis
Peru
Chile
Argentina
Uruguai
Epidemiologia
• Brasil • Subestimado
• Alta prevalência
• Fronteira Uruguai e Argentina
• RS, PR e SC
• Prevalência • Bovinos e ovinos: ~32%
• Canina: ~25%
• Humana: de 8 a 89% no RS
17,4%
89,4%
29,6%
48,9%
28,8%
11,6%
http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46652008000100012
RS
Focos isolados (marcados com estrela)
Ciclo de vida
ovo
verme adulto
cisto hidático
Hospedeiro intermediário
Hospedeiro definitivo
protoescólex
escólex
oncosfera
Formas de vida
• Vermes adultos • Ovo • Larva (hidátide)
Cisto hidático
• Características • Compatível com massa tumoral
• Arredondado, de dimensões variadas
• Depende da idade do cisto e da localização
• Formado por várias estruturas
• Membranas, vesículas, protoescólices
• Líquido hidático
de E. granulosus
Patogenia - Hidatidose
• Ingestão de ovos embrião hexacanto circulação
• Ação irritativa, mecânica e alérgica
• Assintomática
• Cistos únicos, pequenos e calcificados
• Alergias
• Extravasamento de pequenas quantidades de líquido hidático
• Choque anafilático
• Ruptura do cisto
• Extravasamento de grandes quantidades de líquido hidático
• Punção, cirurgia ou acidentes
Patogenia depende do numero de cistos, tamanho e localização
Patogenia - Hidatidose
• Hepática
• Órgão primário da infecção
• Distúrbios gástricos, icterícia e ascite
• Pulmonar
• Pouca resistência; grandes dimensões
• Cansaço ao esforço físico, dispneia e tosse
• Rompimento do cisto = expectoração de protoescólices
• Cerebral
• Rara; grandes dimensões
• Óssea
• Rara; de longa duração; assintomática; fraturas
• Sofrem estrangulamentos formam cistos secundários
Sofrem estrangulamentos que expõem a membrana prolígera e formam cistos secundários
Patogenia - Hidatidose
Cisto hidático no peritôneo (após rompimento de cisto hepático primário) DOI: 10.5772/48433
Patogenia - Hidatidose
Uma imagem intra-operatória de um grande cisto hidático mostrando múltiplos cistos filhos dentro Camada germinativa e múltiplos cistos filhos após lavagem salina.
Membrana prolígera
Cistos secundários
http://www.ojhas.org/issue41/2012-1-17.htm
Cisto hidático na região pélvica (raro)
Patogenia - Hidatidose
Cisto hidático cerebral (ressonância magnética)
Ressonância magnética: http://jpma.org.pk/PdfDownload/2942.pdf
Cisto hidático cerebral (após remoção cirúrgica)
Foto do cisto: http://www.npplweb.com/wjsr/fulltext/2/4
Diagnóstico
• Clínico e epidemiológico • Massa palpável + manifestações hepáticas ou pulmonares +
área endêmica + hábitos culturais
• Laboratorial • Imunodiagnóstico (busca de anticorpos)
• Hemaglutinação indireta, ELISA e imunofluorescência
• Métodos de imagem • Radiografia, ultrassonografia, ressonância magnética e
tomografia computadorizada
Tratamento
• Medicamentoso • 1ª escolha
• Auxiliar no tratamento cirúrgico e da PAIR
• Albendazol
• Cirúrgico • Mais usado no Brasil
• Necessário tratamento prévio com corticosteróides
• Dificuldades: cistos múltiplos, muito grandes e/ou de difícil acesso
• PAIR (Punção, Aspiração, Injeção e Reaspiração) • Punção do líquido hidático, inoculação de uma substância
protoescolicida e reaspiração
• Contraindicada em cistos pulmonares e cerebrais
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/hep.24036/pdf
Profilaxia
• Evitar a contaminação animal
• Não alimentar cães com vísceras cruas
• Incinerar as vísceras dos animais abatidos
• Tratar os cães com anti-helmínticos
• Vacinar ovinos e bovinos
• Evitar a contaminação humana
• Higiene pessoal (lavagem das mãos após contato com cães)
• Impedir o acesso de cães a reservatórios de água e hortas
• Lavar frutas e verduras
• Controle de insetos (carreiam ovos)
Dúvidas? [email protected]
Com relação ao caso clínico responda:
1. Quais achados levaram a suspeita de neurocisticercose?
2. Cite um exame laboratorial que pode ser realizado para a confirmação diagnóstica de neurocosticercose e uma vantagem da utilização deste método. Compare este método com outros exames empregados no diagnóstico da neurocisticercose.
3. Qual é a relação entre os distúrbios apresentados pelo paciente (cefaleia, vômitos em jato, crise convulsiva, hemiparesia, disfasia motora e borramento de papila) e a neurocisticercose?
4. A lesão apresentada pela paciente poderia ter sido confundida com hidatidose? Justifique sua resposta.
Fig 1. Tomografia computadorizada de crânio mostrando lesão hipodensa,
cística, em região frontotemporal esquerda, medindo 3,9x3,4 cm.
Fig 3. Tomografia computadorizada de crânio
realizada na primeira semana de pós-operatório.
Fonte: Leal Filho et al. Arq Neuropsiquiatr, 2002; 60(3-B):844-846.