Dissertacao de Mestrado 2013

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    Alteraes na composio corporal, tenso arterial e perfil

    lipdico de crianas e adolescentes participantes no Programa

    de Interveno Projeto ACORDA.

    Orientadora: Professora Doutora Lusa Aires

    Co-orientador: Professor Doutor Jorge Mota

    Orientando: Ronaldo Belchior de Albuquerque Melo

    Porto, Maio 2013

    Dissertao apresentada com vista obteno do graude mestre em Atividade Fsica e Sade, da Faculdade deDesporto da Universidade do Porto ao abrigo do Decretode Lei n. 74/2006 de 24 de Maro.

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    Ficha de Catalogao

    Belchior, R.A.M (2013).Alteraes verificadas na composio corporal, tenso

    arterial e perfil lipdico de crianas e adolescentes participantes no Programa

    de Interveno Projeto ACORDA. Porto: R. Belchior. Dissertao de Mestrado

    para obteno do grau de mestre em Atividade Fsica e Sade, apresentada

    Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

    Palavras-Chave: Composio Corporal, Crianas, Adolescentes, Projeto

    Acorda

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    Se a gente quiser modificar alguma coisa, pelas crianas que

    devemos comear, por meio da Educao

    Ayrton Senna

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    Agradecimentos

    - Primeiramente agradeo a Deus pela oportunidade de viver em Portugal,

    especialmente na cidade do Porto. Por ter me proporcionado conviver com

    pessoas maravilhosas nesta cidade e pelas maravilhas que aconteceram na

    minha vida ao longo desses dois anos.

    - A minha querida e amada me Emlia Belchior por todos os sacrifcios feitos

    para me proporcionar esta experincia do Mestrado, por todas as conversas de

    estimulo. A partir dos seus gestos eu posso sentir e perceber o que o

    verdadeiro amor incondicional. Qualquer palavra incapaz de descrever toda

    admirao, respeito, carinho, orgulho e amor que sinto por ela.

    - Aos meus avs Manuel e Maria de Lourdes Belchior por mesmo no

    concordando com a minha vinda a Portugal no deixaram de ajudar-me no

    custeio deste projeto, inclusive pagando meu mestrado. E tambm por eles

    terem me ensinado o sentido das palavras humildade, servio, sinceridade e

    famlia. Amo-os muito.

    - Ao meu querido e amado pai Ronaldo Oliveira, minhas irms Juliana e Carol,pelo apoio, carinho e demonstrao de amor.

    - A minha esposa Maria Alice Belchior pelo companheirismo, amizade, carinho,

    dedicao, muita pacincia para comigo neste tempo. Sem ela eu jamais teria

    conseguido realizar esta obra.

    - A minha orientadora professora Dra. Lusa Aires por toda sua dedicao,

    apoio e compromisso com os quais me orientou nesta obra. Pela forma

    paciente com que me orientava sempre me ajudando e respondendo asdvidas no menor tempo possvel. A professora Lusa uma daquelas pessoas

    que fazem o trabalho valer a pena, pela alegria, compromisso, justia e

    sabedoria com que conduz o projeto. Foi muito gratificante e de grande valia ter

    sido orientado por ela. Muitssimo obrigado por tudo.

    - Ao Dr. Gustavo pelas boas conversas e orientaes durante as avaliaes e

    no ptio da FADEUP.

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    - A toda minha Famlia Portuguesa, em particular o Manelito e Ftima, as Tias

    Emilia e Maria, Tio Joo e toda famlia de Vila Real e Sabrosa por toda

    dedicao, carinho e amor que desde mido sempre tiveram comigo.

    - A todos meus colegas de mestrado, especialmente ao Marcus Tlio, Filipa,

    Cristiana e Leandro pela amizade e companheirismo.

    - A Alessandra e Gabriel pela amizade e oraes.

    - A todos os professores e funcionrios da FADEUP, especialmente os

    Professores Jos Alberto Duarte, Jorge Bento, Jos Carlos Ribeiro, Maria

    Paula Santos e a Patrcia da Biblioteca por sempre estar a disposio quando

    precisei solicita-los.

    - Ao meu co-orientador Jorge Mota pela sua simplicidade, receptividade e

    rapidez com que respondia minhas questes.

    - A todos meus ex-professores da UFPE, especialmente os professores Dr.

    Paulo Carvalho, Pedro, Edilson e Vilde.

    - A todos os meus amigos em especial Hugo Borba, Marcio, Edgar, Luiz,

    Felipe, Bruna, Plinio, Edson, Giovanni, Taciana, Bruno, Tiago, Beta, Felipinho,

    Nanda, Lvia, Carol, Vanessinha, Manu Balbino, Navila, Augusto, Rebeca, Ana

    Karla E Bruno Simes por todo apoio e incentivo para que eu fosse firme econseguisse superar todas as dificuldades.

    - A todos os pais e crianas participantes do projeto ACORDA fica aqui meu

    reconhecimento que sem a boa vontade, compromisso e renuncia de vocs

    este trabalho jamais poderia ter sido realizado. Fica um muito obrigado por

    todos os momentos de aprendizado e alegria durante as avaliaes.

    - A todas as escolas que fazem parte do Projeto ACORDA.

    - Por fim, mas no menos importante, aos meus cunhados Joo, Claudio, Aline,Amlia, Luis e aos meus sogros Jos e ngela por todo apoio e carinho que

    sempre demonstraram a mim.

    - A todas as pessoas que contriburam para esta obra e por algum motivo eu

    possa estar esquecendo, fica um muito obrigado.

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    ndice Geral

    Agradecimentos ................................................................................................. vndice de Figuras ................................................................................................ ixndice de Tabelas ............................................................................................... xResumo .............................................................................................................. xiAbstract ............................................................................................................ xiiiLista de abreviaes ......................................................................................... xv

    CAPTULO I: ................................................................................................ 1INTRODUO ............................................................................................. 1

    1.Introduo ....................................................................................................... 3CAPTULO II: REVISO DE LITERATURA ................................................. 5

    2. Reviso de Literatura ..................................................................................... 72.1 Obesidade Infantil ..................................................................................... 72.1.2 Causas e consequncias da obesidade ................................................. 92.2 Composio corporal .............................................................................. 102.2.1 Mtodos para avaliao da composio corporal ................................ 112.3. Obesidade, Tenso Arterial e Hipertenso. ........................................... 142.3.1 Tenso Arterial ..................................................................................... 142.3.2 . Tipos de Tenso arterial .................................................................... 142.3.3. Hipertenso Arterial ............................................................................ 162.3.4. Obesidade e Hipertenso ................................................................... 182.4. Colesterol, Triglicerdeos, glicose .......................................................... 182.4.1. Definio ............................................................................................. 182.4.2. Tipos de diabetes e epidemiologia ...................................................... 202.4.4. Consequncias e Tratamento da Diabetes ......................................... 222.4.5. Colesterol ............................................................................................ 232.4.6. Triglicrides ......................................................................................... 252.5. Dislipidemia ............................................................................................ 262.6. Benefcios e recomendaes mundiais para prtica de atividade fsica 272.6.1. Benefcios da atividade fsica .............................................................. 27

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    2.6.2. Recomendaes mundiais para atividade fsica em crianas eadolescentes ................................................................................................. 282.6.4. Dislipidemias, obesidade, e exerccio. ................................................ 292.6.5. Interveno ......................................................................................... 30

    CAPTULO III: OBJETIVOS E METODLOGIA ........................................... 333. Objetivos ...................................................................................................... 35

    3.1 Objetivo geral do estudo ......................................................................... 353.2 Objetivos especficos .............................................................................. 35

    4. Material e Mtodos ....................................................................................... 364.2 Procedimentos para avaliaes .............................................................. 364.3 Projeto ACORDA .................................................................................... 374.3.1 Programa de exerccio fsico ................................................................ 374.4 Procedimentos estatsticos ..................................................................... 38

    CAPTULO IV: RESULTADOS, DISCUSSO, CONCLUSO EREFERNCIAS ......................................................................................... 41

    5. Resultados ................................................................................................... 435.1. Caracterizaes da amostra .................................................................. 435.2. Comparao dos dois momentos de avaliao..................................... 455.3 Caracterizao do HOMA e anlise estatstica ....................................... 48

    6. Discusso ..................................................................................................... 517. Concluso .................................................................................................... 578. Referncias .................................................................................................. 59

    http://c/Users/hp/Desktop/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20de%20MESTRADO_2013.docx%23_Toc355289019http://c/Users/hp/Desktop/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20de%20MESTRADO_2013.docx%23_Toc355289019http://c/Users/hp/Desktop/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20de%20MESTRADO_2013.docx%23_Toc355289029http://c/Users/hp/Desktop/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20de%20MESTRADO_2013.docx%23_Toc355289029http://c/Users/hp/Desktop/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20de%20MESTRADO_2013.docx%23_Toc355289029http://c/Users/hp/Desktop/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20de%20MESTRADO_2013.docx%23_Toc355289029http://c/Users/hp/Desktop/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20de%20MESTRADO_2013.docx%23_Toc355289029http://c/Users/hp/Desktop/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20de%20MESTRADO_2013.docx%23_Toc355289019
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    ndice de Figuras

    - Figura 1. Percentagem da amostra de acordo com o gnero 43

    - Figura 2. Alteraes no IMC entre a 1 e 2 avaliaes 44

    - Figura 3. Percentagem da amostra por faixa etria 44

    - Figura 4. Alteraes do HOMA entre as avaliaes 49

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    ndice de Tabelas

    -Tabela 1. Prevalncia do peso normal, sobrepeso e obesidade

    por reas geogrficas em Portugal 8

    -Tabela 2. Ponto de corte para permetro da cintura em crianas

    Portuguesas 13

    -Tabela 3. Classificao da Tenso Arterial 15

    -Tabela 4. Classificao do Colesterol Total 24

    -Tabela 5. Classificao do Colesterol LDL 24

    -Tabela 6. Classificao do colesterol HDL 25

    -Tabela 7. Classificao dos triglicerdeos 26

    -Tabela 8. Percentagem da amostra de acordo com IMC nos

    dois momentos 43

    -Tabela 9. Caracterizao da amostra e comparao das variaveis

    em estudo separados por gnero 45

    -Tabela 10. Comparao de todas as variaveis em estudo nos

    dois momentos de avaliao 46

    -Tabela 11. Comparao das variaveis em estudo de acordo

    com faixa etria 47

    -Tabela 12. Comparao das variveis entre os grupos etrios 48

    -Tabela 13. Caracterizao da amostra e Comparao

    do HOMA entre as avaliaes 49

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    Resumo

    A obesidade infantil um grave problema de sade pblica, e est definidacomo aumento da gordura corporal, acima do qual o risco de doena aumenta.Estima-se que no mundo haja 500 milhes de pessoas com obesidade, desses,40 milhes so crianas menores de 5 anos. As principais causas daobesidade so sedentarismo e uma alimentao desequilibrada, e estassociada a outros fatores de risco como: Hipertenso arterial, diabetes,dislipidemias, sndrome metablica, asma, doenas cardiorrespiratrias epsicossociais. Portugal tem uma das maiores taxas de obesidade infantil daEuropa. A hipertenso arterial, classificada como a terceira causa na reduoda qualidade e dos anos de vida, afeta j uma percentagem preocupante decrianas e adolescentes. O principal objetivo deste estudo foi analisar as

    alteraes observadas na composio corporal perfil lipdico, HOMA e tensoarterial em crianas participantes de um programa de interveno parapreveno e tratamento da obesidade, atravs do aumento da prtica deexerccios fsicos regulares.Para isso recolheu-se dados antes e aps o programa de intervenodenominadoProjeto ACORDA.A amostra foi composta por68 crianas dos 6aos 19 anos, sendo 42,6% de meninos e 57,4% de meninas. Foram avaliadoso peso, altura e permetro da cintura, a % de massa Gorda e % de gordura dotronco (atravs do DEXA). Foram tambm recolhidas amostra de sangue, para

    anlise do perfil lipdico e foi medida a tenso arterial.A partir do T-Test para amostras emparelhadas, foram encontradas diferenassignificativas entre as duas avaliaes em: altura, peso, permetro da cintura, %de massa gorda do tronco, tenso arterial sistlica, colesterol total e glicose.Os valores mdios da % de massa gorda do tronco, tenso arterial sistlica,

    glicose e colesterol reduziram significativamente. Os triglicerdeos e tensoarterial diastlica mostraram uma tendncia de reduo, contudo no foramverificadas diferenas significativas. A partir da ANOVA foram observadasdiferenas significativas entre as faixas etrias, ()Delta da Tenso arterialsistlica do grupo de 12-19 anos foi diferente do grupo de 9-11 anos, e oColesterol do grupo de 9-11 anos foi diferente do grupo de 12-19 anos.Osresultados obtidos mostraram que um programa de interveno com o objetivode aumentar os nveis de atividade fsica, pode contribuir para a reduo da

    massa gorda em crianas e adolescentes com excesso de peso e obesidade.

    Palavras Chave: Obesidade Peditrica, Composio Corporal, Perfil Lipdico,Tenso arterial, Interveno

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    Abstract

    Child obesity is a serious public health concern defined as the increase of bodyfat, contributing to the risk of sicknesses. It is estimated that forty million, fromfive hundred million obese people worldwide, are children under five years ofage. The main causes of obesity are lack of physical exercise and unbalancedeating habits, associated with other risk factors such as: blood pressure,diabetes, dyslipidaemias, metabolic syndrome, asthma, cardiorespiratory andpsychosocial diseases. Portugal has one of the highest child obesity ratesinEurope. Elevated blood pressure is classified as the third cause in reducingquality and lifetime, affecting a concerning percentage of children and

    adolescents. The main purpose of this study was to analyse changes betweenbaseline and second evaluation in body composition, lipid profile, HOMA, andblood pressure in children attending an intervention program for obesitytreatment and prevention, through the increase of physical exercise in a regularbasis. To conduct the study, data were collected before and after theintervention program named ACORDA Project. The sample comprised 68children and adolescents aged 6 to 19 years old, (57,4% girls). Weight, height,waist circumference, percentage of fat mass and percentage of trunk fat(through DEXA) were evaluated. Blood samples were also collected for the lipidprofile and the blood pressure was measured. Pared-sample T-Test , was usedto analyse differences for: height, weight, waist circumference, percentage of fatmass, trunk fat, systolic blood pressure, glucose and cholesterol. Mean valuesof the percentage of fat mass, trunk fat, systolic blood pressure glucose andcholesterol decrease significantly. Triglycerides and diastolic blood pressureshowed a decreasing trend, however, considerable differences were notverified.ANOVA was used to analyse significant differences between agegroups. The () Delta systolic blood pressure of group 12-19 years wasdifferent group of 9-11 years, and Colesterol group 9-11 years was differentfrom group of 12-19 years . Our results showed that an intervention program

    with the purpose to increase levels of physical exercise, could contribute to thereduction of fat mass in obese and overweight children and adolescents.

    Keywords: Childhood Obesity, Body Composition, Lipid Profile, Blood Pressure,Intervention.

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    Lista de abreviaes

    AVCAcidente Vascular Cerebral

    ACORDAAdolescentes e Crianas Obesas em Regime de Dieta e Atividade

    Fsica

    CIAFELCentro de Investigao, Atividade Fsica, Sade e Lazer

    CTColesterol Total

    DCVDoenas Cardiovasculares

    DEXADual Energy Xray Absorptiometry

    EDTAcido Etilenodiaminotetractico

    FigFigura

    HDLLipoprotena de Alta Densidade

    HOMAHomeostasis Model Assessment

    LDLLipoprotena de Baixa Densidade

    LP(A)Lipoprotena (a)IMCndice de Massa Corporal

    NIHNational Institutes of Heatlh

    MGMassa Gorda

    PCPermetro da Cintura

    SNCSistema Nervoso Central

    SPSSStatistical Packege for The Social Sciences

    TATenso ArterialTADTenso Arterial Diastlica

    TAMTenso Arterial Mdia

    TASTenso Arterial Sistlica

    WHOWorld Health Organization

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    CAPTULO I:

    INTRODUO

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    1.Introduo

    1.1 Propsito e finalidade do estudo

    A obesidade um grande problema de sade pblica, na qual vista, ao

    lado do cigarro, como a maior causa evitvel de doenas. Associado a ela

    ocorrem diversas morbidades, tais como: doenas cardiovasculares,

    hipertenso arterial e dislipidemias. Contudo h dcadas sabe-se que a

    obesidade causada por uma maior ingesto de calorias do que o seu

    dispndio, no entanto, o fato de conhecer suas causas e consequncias parece

    no implicar na reduo do nmero de obesos.

    A obesidade infantil tambm est em crescimento, o que pode ser

    explicado pelo aumento do comportamento sedentrio e maior acesso a

    alimentos pobres em nutrientes e ricos em gorduras saturadas (Anderson &

    Butcher, 2006).

    Estudos mostram a importncia de investir em intervenes que visem

    aumento do dispndio energtico com o intuito de diminuir o comportamento

    sedentrio e, como consequncia, tentar reverter ou travar o crescimento da

    obesidade infantil. Pois, apesar da dificuldade em quantificar e estratificar os

    riscos da obesidade em crianas, j certo que h uma tendncia das crianas

    obesas tornarem-se adultos obesos. (de Onis et al., 2013; Freedman et al.,

    2009).

    Promover intervenes com este propsito e verificar a fiabilidade dos

    benefcios encontrados muito importante para saber quais os melhores

    procedimentos, durao e intensidade de exerccios a serem inseridos dentrodos programas de interveno.

    A principal finalidade deste trabalho foi verificar e analisar as diferenas

    encontradas aps um programa de interveno com acrscimo de atividade

    fsica em crianas, observando principalmente se houve alteraes da

    composio corporal, da tenso arterial e do perfil lipdico.

    .

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    1.2 Estrutura do estudo

    Para maiores esclarecimentos e com a inteno de responder aos

    objetivos antes propostos, o estudo obedeceu a seguinte estrutura: o primeiro

    captulo contm uma introduo breve, apresentando de forma sucinta e clara

    o propsito e a finalidade deste estudo, mostrando de forma resumida sua

    composio.

    O segundo captulo compreende a construo da reviso da literatura,

    onde so vistos os aspectos principais da obesidade infantil e suas

    consequncias, mtodos para avaliar a composio corporal, tenso arterial e

    hipertenso, glicose e diabetes, colesterol, triglicerdeos e dislipidemia e por fim

    um breve comentrio sobre a interveno e seus benefcios.

    No terceiro captulo encontram-se os objetivos principal e secundrio, e

    todo o material e metodologia utilizada para este estudo.

    O quarto captulo diz respeito apresentao dos resultados e

    discusso encontrados, seguidos das principais concluses e por fim as

    referncias utilizadas neste trabalho.

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    CAPTULO II: REVISO

    DE LITERATURA

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    2. Reviso de Literatura

    2.1 Obesidade Infantil

    Durante muitos anos a obesidade foi vista como sinnimo de beleza, bem

    estar, alto nvel social e poder. Hoje, vista como um importante problema de

    sade pblica, pelo seu impacto na expectativa de vida e qualidade de vida do

    obeso. considerada, ao lado do tabagismo, a principal causa de morte

    evitvel. a doena crnica de maior crescimento mundial, com graves

    consequncias para todas as faixas etrias e nveis sociais (Viuniski, 2005, p.

    1).

    A obesidade infantil considerada uma doena crnica, epidmica e

    crescente nas ltimas dcadas, caracterizada pelo aumento da gordura

    corporal. Em 2008 havia 1,4 bilhes de pessoas com excesso de peso, 200

    milhes de homens e 300 milhes de mulheres eram obesos, desse nmero

    destaca-se que 40 milhes de crianas menores de cinco anos tm obesidade.

    65% da populao mundial vive em pases onde a obesidade e o sobrepeso

    mais letal do que a desnutrio (World Health Organization, 2012).

    A obesidade causadora de diversas doenas crnicas como doenas do

    corao, acidentes vasculares cerebrais, diabetes e doenas respiratrias

    (Bouchard, 2003, p. 45). Segundo a Organizao Mundial da sade (WHO)

    essas doenas provocaram 38 milhes de bitos em todo mundo no ano de

    2005, o dobro das mortes provocadas por doenas infecciosas (World Health

    Organization, 2013d). Um estudo realizado em 25 pases relata o crescimento

    da obesidade infantil ao longo dos anos, mostrando que a Amrica do Norte, a

    Europa e a Regio ocidental do Pacifico tm prevalncias entre 20% a 30% de

    crianas com sobrepeso ou/e obesidade. Pases em desenvolvimento como

    Brasil, Mxico, Egito e Chile obtiveram ndices de obesidade infantil

    semelhantes aos pases desenvolvidos, no entanto pases do sudeste asitico,

    frica subsaariana, norte da frica, Mdio Oriente, Amricas do Sul e Central

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    tiveram uma menor prevalncia de obesidade em crianas (Wang & Lobstein,

    2006).

    Na Europa h diferenas entre regies e pases, na regio do mediterrneo

    o sobrepeso e obesidade esto presentes em 41% das crianas em idade

    escolar, enquanto no restante da Europa a prevalncia de 38% (Wang &

    Lobstein, 2006). Um estudo recente na Espanha aponta para a prevalncia de

    sobrepeso de 23,01% em garotas e 20,81% em garotos de 9 a 17 anos, e na

    obesidade cerca de 12,70% nas meninas e 4,98% nos rapazes (Aguilar

    Cordero et al., 2012).

    Portugal tem uma das maiores taxas de obesidade infantil da Europa

    (Padez et al., 2004). Em Portugal os valores para sobrepeso so idnticos aos

    da Espanha, onde a prevalncia de sobrepeso e obesidade cerca de 23,1% e

    9,6 nas meninas e 20,4 % e 10,3 nos rapazes respectivamente (Sardinha et al.,

    2011). No entanto, h diferenas considerveis entre as regies, a regio do

    Alentejo e Centro tm 16,4 % de sobrepeso enquanto a Regio Norte tem

    18,5%, como observado na tabela abaixo (Sardinha et al., 2011):

    TABELA 1. Prevalncia do peso normal, sobrepeso e obesidade por reas

    geogrficas em Portugal.

    Regio IMC (IOTF) Total decrianas n

    (%)

    Garotas (%) Rapazes (%) p

    Alentejo n = 1583

    PesoNormalSobrepesoObesidade

    1 246 (78.7)260 (16.4)

    77 (4.8)

    650 (77.9)142 (17.0)42 (5.0)

    595 (79.7)118 (15.8)

    34 (4.6)

    0.69

    Algarve n =1823

    PesoNormalSobrepesoObesidade

    650 (78.9)138 (16.7)

    36 (4.3)

    336 (77.2)76 (17.5)23 (5.3)

    314 (80.7)62 (15.9)13 (3.3)

    0.30

    Centro n =5144

    PesoNormalSobrepesoObesidade

    4 072 (79.2)843 (16.4)229 (4.4)

    2 125 (80.1)428 (16.1)101 (3.8)

    1 947 (78.2)416 (16.7)128 (5.1)

    0.05

    Lisboa n = 5376

    PesoNormalSobrepesoObesidade

    4 120 (76.6)901 (16.8)355 (6.6)

    2 131 (77.1)463 (16.8)169 (6.1)

    1 989 (76.1)438 (16.8)186 (7.1)

    0.33

    Norte n =9 122 PesoNormalSobrepesoObesidade

    6 988 (76.6)1 684 (18.5)

    450 (4.9)

    3 661 (78.2)824 (17.6)194 (4.2)

    3 327 (74.9)860 (19.4)256 (5.8)

    < 0.001

    IMC: ndice de massa corporal segundo os pontos de corte propostos pelo IOTF (Internacional Obesity

    Task Force)

    acompara os gneros dentro das regies com o Teste do qui-quadrado. (Retirado de Sardinha et al, 2011)

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    9

    Na tabela acima possvel observar diferenas entre os gneros tanto no

    sobrepeso como na obesidade. Nas regies de Lisboa, Norte e Centro h

    maior nmero de rapazes obesos do que raparigas, porm nas regies doAlentejo e Algarve acontece o inverso. H discrepncias quando o gnero

    isolado entre as regies: a regio centro tem uma percentagem de garotas

    obesas inferior de Lisboa, e no caso dos rapazes a regio da grande Lisboa

    tambm tem maior predominncia de obesos com 7,1%, enquanto o Algarve

    so 3,3%. Na Regio de Lisboa h a maior predominncia de crianas obesas

    com 6,6% enquanto a Regio Norte h maior nmero de crianas com

    sobrepeso 18,5 % (Sardinha et al., 2011).

    2.1.2 Causas e consequncias da obesidade

    A obesidade infantil acontece devido maior ingesto de calorias em

    relao ao seu gasto, com desenvolvimento, metabolismo e exerccio fsico. A

    ingesto de calorias em quantidade superior s utilizadas para o funcionamento

    das necessidades do organismo, ser armazenada na forma de triglicridesconduzindo progressivamente ao sobrepeso e obesidade. H fatores que

    cooperam para o desenvolvimento da obesidade infantil, como: o ambiente, a

    predisposio gentica e o fator comportamental (Karnik & Kanekar, 2012).

    Do fator ambiente destaca-se o papel dos pais na conduo das dietas e

    nveis de exerccio fsico das crianas. Embora no resulte para todas as

    famlias e crianas, estudos indicam a reduo do ndice de massa corporal

    das crianas quando os pais controlam e determinam o estilo de vida,regulando a dieta e promovendo o aumento da atividade fsica (Heinberg et al.,

    2010).

    Os fatores genticos contribuem para uma maior suscetibilidade da

    obesidade, pois influenciam o metabolismo. Hoje, so conhecidos mais de 20

    genes diretamente ligados a obesidade e outros 100 ainda esto em estudo

    (Viuniski, 2005, p. 1).

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    H muitos anos que os riscos da obesidade so conhecidos pela

    comunidade cientfica, e so evitveis, porm de difcil controle e vem se

    mostrando complicado erradicar, tendo em vista o crescente nmero de adultos

    e crianas obesas. As principais consequncias da obesidade infantil so:

    aumento da probabilidade de desenvolver doenas cardacas, aumento da

    tenso arterial, maior probabilidade de desenvolver sndrome metablica,

    dislipidemia, maior suscetibilidades Diabetes tipo II, distrbios psicossociais e

    de forma indireta, maiores gastos com tratamentos de sade por parte do

    estado (Bouchard, 2003, p. 253; McArdle et al., 2007, p. 848). Outro fator

    preocupante a correlao da obesidade infantil com a obesidade em adultos,

    segundo Freedmam et al, (2009)(2007)24% a 90% das crianas com excesso

    de peso e obesidade sero adultos obesos, e isso potencializado se a

    obesidade prevalecer at adolescncia.

    2.2 Composio corporal

    Para enfrentar este problema associado aos fatores de risco das

    doenas cardiovasculares DCV, sociedade e governo devem ser capazes de

    monitorar a populao e detectar os indivduos em risco, bem como avaliar a

    efetividade dos programas de interveno fsica e nutricional .

    Atualmente, h vrios mtodos disponveis que permitem avaliar a

    composio corporal: antropometria, ressonncia magntica, bioimpedncia

    eltrica, Hidrodensitometria, pletismografia (Bod Pod), Dual Energy x-Ray

    Absorptiometry (DEXA), tomografia axial computorizada, entre outros. A

    seleo destes mtodos dever respeitar o que pretendido; podem servir

    para a validao de outros mtodos indiretos, para a avaliao global ou parcial

    do corpo. No entanto, nem todos os mtodos so apropriados para a prtica

    no terreno, pois devem ser considerados fatores como os custos, a

    disponibilidade do equipamento, morosidade e a facilidade de aplicao (Pinto

    et al., 2005).

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    11

    2.2.1 Mtodos para avaliao da composio corporal

    As vrias tcnicas de avaliao composio corporal podem ser

    divididas em diretas e indiretas. A dissecao de cadveres uma das tcnicas

    de avaliao direta mais utilizada atravs da dissoluo do corpo em uma

    soluo qumica para determinar sua mistura de componentes de massa gorda

    e massa isenta de gordura (McArdle et al., 2007, p. 790), ou dissecando

    fisicamente a gordura, o msculo e o osso. Pesquisas recentes avaliaram

    quimicamente a composio corporal em vrias espcies animais, mas poucos

    estudos determinaram diretamente o contedo de gordura nos seres humanos.

    Porm, estas anlises exigem um equipamento laboratorial especializado,

    envolvem questes ticas e obstculos legais para obter cadveres com

    finalidade de pesquisa (McArdle et al., 2007;p. 790).

    Diversos procedimentos indiretos determinam a composio corporal.

    Um deles envolve o principio de Arquimedes aplicado pesagem hidrosttica.

    Esse mtodo calcula o percentual de gordura a partir da densidade do corpo

    imerso na gua. Outros procedimentos permitem prever a gordura corporal a

    partir da mensurao das pregas cutneas, dos permetros da cintura e anca,

    do Dual-energy X-ray DEXA ou absorciometria de raio-x de dupla energia, da

    condutividade eltrica corporal (bioimpedncia), da interactncia quase

    infravermelha, do ultrassom, da tomografia computadorizada, da pletismografia

    com ar e do mapeamento por ressonncia magntica (McArdle et al., 2007, p.

    791;Powers & Howley, 2004, pp. 364-365).

    O DEXA quantifica de maneira fivel e precisa, a gordura e a massa

    corporal magra regional no ssea, incluindo o contedo mineral das estruturas

    sseas mais profundas do corpo. Quando utilizado para composio corporal o

    DEXA no depende de conjecturas acerca da constncia biolgica dos

    componentes massa gordae massa isenta de gordura, que so inerentes

    para a pesagem hidrosttica. Pode ainda ser realizado para analisar a

    osteoporose e possveis distrbios sseos (McArdle et al., 2007, p. 808).

    O princpio subjacente de DEXA estabelece que as reas de ossos e de

    tecidos moles podem ser penetradas at uma profundidade de

    aproximadamente 30 cm por dois picos distintos de energia provenientes de

  • 5/28/2018 Dissertacao de Mestrado 2013

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    12

    uma fonte de istopos de alta afinidade gadolnio 153 . A penetrao

    analisada por um detector de cintilao. O exame deve ser realizado com o

    indivduo deitado em decbito dorsal sobre uma mesa, onde a fonte e o

    detector so passados atravs do corpo com uma velocidade relativamente

    lenta de 1cm/s. Em mdia o mapeamento do DEXA de todo o corpo pode levar

    cerca de 12 minutos, conforme o protocolo de avaliao que for executado (de

    Mello et al., 2005).

    Apesar dos inmeros estudos comprovando a eficcia do DEXA para

    avaliar massa gorda, massa magra e massa ssea (de Mello et al., 2005), esse

    mtodo apresenta algumas dificuldades para seu uso. uma tcnica com

    custo elevado, sendo necessria uma pessoa capacitada para manusear o

    aparelho e interpretar seus dados (Braulio et al., 2010).

    Dentre os mtodos para avaliao da composio corporal destaca-se o

    permetro da cintura (PC), que segundo a Sociedade Internacional para o

    Avano da Cineantropometria (Fragoso & Vieira, 2011, p. 38)define-se como

    circunferncia obtida no plano horizontal e na zona de menor dimenso entre o

    bordo inferior da grelha costal e crista ilaca. Entretanto h diversas formas de

    avaliar o PC, mtodo este que vem se mostrando fivel na correlao comobesidade, sndrome metablica, e risco para doenas cardiovasculares

    (Spolidoro et al., 2013; Vakil et al., 2012; Zhang & Wang, 2013).

    Em crianas complicado haver uma classificao mundial para PC

    como acontece em adultos, tendo em vista as especificidades de cada idade,

    gnero e populao. Apesar desta dificuldade existem vrios estudos a

    determinar pontos de corte para crianas: nos Estados Unidos foi realizado um

    estudo para definir pontos de corte em crianas afro-americanas, latino-americanas e europeu-americana (Fernandez et al., 2004). No Reino Unido foi

    realizado um estudo de ponto de corte para permetro da cintura em crianas, e

    concluram que era necessrio e prudente desenvolver padres representativos

    em crianas de todas as etnias (McCarthy et al., 2001). Nas crianas o

    permetro da cintura pode ser adotado como alternativa, ou auxiliar o IMC na

    mensurao dos fatores de risco (McCarthy et al., 2001).

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    13

    Em Portugal um estudo de Sardinha et al (2012)estabeleceu pontos de

    corte de PC para crianas entre os 10-18 anos.

    Tabela 2. Ponto de corte para permetro da cintura em crianas portuguesasIdade

    (Gutin &

    Manos)

    L M S 5th 10th 25th 50th 75th 85th 90th 95th

    Garotas

    10 0.77 63.9 0.11 53.9 55.8 59.4 63.9 69.1 72.2 74.4 77.9

    11 -1.16 65.5 0.11 55.5 57.4 61.0 65.5 70.8 74.1 76.5 80.3

    12 -1.50 67.4 0.12 57.5 59.3 62.8 67.4 72.8 76.3 78.8 83.1

    13 -1.68 68.9 0.11 59.1 61.0 64.4 69.0 74.5 78.0 80.6 85.0

    14 -1.74 70.2 0.11 60.3 62.2 65.7 70.2 75.7 79.2 81.8 86.2

    15 -1.75 71.4 0.10 61.5 63.4 66.8 71.4 76.9 80.3 82.9 87.3

    16 -1.70 72.3 0.10 62.4 64.3 67.8 72.3 77.8 81.3 83.9 88.1

    17 -1,60 72.9 0.10 62.9 64.8 68.3 72.9 78.4 81.8 84.3 88.5

    18 -1.45 73.3 0.11 63.1 65.1 68.7 73.3 78.7 82.1 84.6 88.7Garotos

    10 -1.58 65.5 0.12 55.3 57.2 60.7 65.5 71.3 75.0 77.8 82.6

    11 -1.59 66.2 0.11 56.0 57.9 61.5 66.2 72.1 75.8 78.6 83.4

    12 -1.65 67.6 0.12 57.3 59.2 62.8 67.6 73.4 77.2 80.0 84.8

    13 -1.84 69.3 0.12 59.2 61.0 64.6 69.3 75.2 78.9 81.8 86.7

    14 -1.80 71.2 0.10 61.3 63.1 66.6 71.2 76.9 80.7 83.6 88.5

    15 -2.00 73.1 0.10 63.5 65.3 68.6 73.1 78.7 82,4 85,2 90.1

    16 -1.89 74.8 1.5 65.5 67.2 70.5 74.8 80.2 83.8 86.5 91.3

    17 -1.90 75.9 1.9 67.1 68.8 71.8 76.0 81.2 84.6 87.3 92.0

    18 -1.99 76.9 1.8 68.5 70.1 73.0 77.0 81.9 85.3 87.8 92.3

    Valores percentis de perimetro da cintura medidos em centimetros, especificos para sexo e idade para crianas e

    adolescentes portugueses.

    Cada faixa etria foi categorizada pelo ponto mdio, ou seja, o grupo decrianas com 10 anos incluiu todas as crianas com 9,50 e 10,49 anos e assim

    por diante. Apesar do grande nmero de estudos envolvendo perimetro da

    cintura em crianas, preciso precauo na hora de compara-los, tendo em

    conta que a medio e os pontos de corte so realizados de forma diferente

    (Sardinha et al., 2012)

    Encontrar o melhor mtodo em funo de diferentes amostras

    populacionais uma tarefa difcil, contudo o DEXA continua a ser um dos

    mtodos mais vlidos e fiveis para a avaliao da composio corporal tendo

    em conta as especificidades e objetivos da investigao em causa.

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    2.3. Obesidade, Tenso Arterial e Hipertenso.

    2.3.1 Tenso Arterial

    A tenso arterial (TA) o resultado da contrao do corao a cada

    batimento e da contrao dos vasos quando o sangue por eles passa. O

    resultado do batimento do corao a propulso de uma quantidade de

    sangue (volume) atravs da artria aorta. Quando este volume de sangue

    passa atravs das artrias, elas se contraem como se estivessem comprimindo

    o sangue para que ele circule normalmente. Esta presso necessria para

    que o sangue consiga chegar aos locais mais distantes, como a as

    extremidades do corpo (McArdle et al., 2007, p. 316). A TA igual ao produto

    do dbito cardaco com a resistncia perifrica total (McArdle et al., 2007, p.

    316). Dbito cardaco o produto do volume sistlico (quantidade de sangue

    bombeado por batimento cardaco) com a frequncia cardaca (FC) (Powers &

    Howley, 2004, p. 173). A FC determinada pelo nmero de batimentos

    cardacos por unidade de tempo, geralmente expressa em batimentos por

    minuto, e pode variar de acordo com a necessidade do corpo para asmudanas de fornecimento de oxignio, como durante o exerccio, repouso e

    sono. A frequncia cardaca controlada pelo sistema nervoso simptico e

    parassimptico (Powers & Howley, 2004, p. 176).

    2.3.2 . Tipos de Tenso arterial

    Tenso arterial sistlica: a presso mais elevada nas artrias

    durante a fase de sstole do ciclo cardaco, sendo chamada de presso

    mxima. Durante a fase de relaxamento do corao, quando h o fechamento

    das vlvulas articas, o recuo elstico do sistema arterial mantm a presso

    continua, proporcionando um fluxo continuo de sangue periferia at a prxima

    ejeo sangunea (McArdle et al., 2007, p. 316).

    Tenso arterial diastlica: durante a fase de relaxamento do ciclo

    cardaco ou distole, a tenso arterial cai para 70 ou 80 mm Hg. A tenso

  • 5/28/2018 Dissertacao de Mestrado 2013

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    arterial diastlica indica a resistncia perifrica, ou a facilidade com que o

    sangue flui das arterolas para os capilares. Com alta resistncia perifrica, a

    presso no interior das artrias aps a sstole no dissipa rapidamente

    (McArdle et al., 2007, p. 319).

    Tenso arterial mdia : ligeiramente inferior mdia aritmtica das

    presses sistlica e diastlica, devido ao corao permanecer em distole por

    tempo superior a sstole. A TAM , em mdia 93 mmHg em repouso, e

    representa a fora mdia exercida pelo sangue contra as paredes arteriais

    durante o ciclo cardaco. Pode ser estimada por: TAM= TA Diastlica +

    0,333X(TA Sistlica TA Diastlica) (McArdle et al., 2007, p. 319). A tenso

    arterial mdia importante, pois determina a taxa de fluxo sanguneo por meio

    da circulao sistmica (McArdle et al., 2007, p. 319).

    Tenso diferencial: representa a caracterstica pulstil da circulao

    sangunea, calculada pela diferena entre a tenso arterial sistlica e tenso

    arterial diastlica (McArdle et al., 2007, p. 319).

    Segundo o American College of Sports Medicine (American College of

    Sports Medicine, 2010, p. 31) os nveis de tenso arterial so classificados

    como:

    Tabela 3. Classificao da Tenso Arterial

    Classificao da TA TAS em mmHg TAD em mmHg

    Normal < 120 < 80

    Pr - Hipertenso 120-139 Ou 80-89

    Hipertenso - estgio 1 140-159 Ou 90-99

    Hipertensoestgio 2 >ou = 160 Ou > 100

    TA- Tenso arterial, TAS - Tenso arterial sistlica, TADTenso arterial diastlica

    Obesidade e sedentarismo so fatores interligados e determinantes para

    o aumento da tenso arterial, ainda mais quando unidos ao aumento do

    colesterol LDL e diminuio do HDL, que contribuem para a formao de

    placas de gordura causando aumento da resistncia dos vasos. Esses

    componentes aumentam, portanto, a probabilidade de desenvolver

  • 5/28/2018 Dissertacao de Mestrado 2013

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    16

    aterosclerose e arteriosclerose, fatores responsveis pelo aumento da tenso

    arterial (McArdle et al., 2007, pp. 25-26)

    A alimentao tambm um fator importante no controle da tenso

    arterial. Alimentos ricos em gorduras, sal, sdio e o lcool ajudam a aumentar

    os nveis de TA, portanto evitar ou consumi-los moderadamente fundamental

    para o equilbrio pressrico (Ibrahim & Damasceno, 2012).

    Outro fator importante e determinante nos nveis pressricos a

    gentica. Em alguns casos, a predisposio gentica (em especial na

    populao de origem Africana) pode facilitar aumento dos nveis de tenso

    arterial (Ibrahim & Damasceno, 2012). O estudo de Burt et al (1995) (Burt et al.,

    1995), concluiu que a prevalncia de tenso alta foi duas vezes maior em

    pessoas negras do que em pessoas caucasianas.

    2.3.3. Hipertenso Arterial

    Por volta de 2000, a prevalncia da Hipertenso era de 26,4%, mas

    prev-se que este fator de risco para as doenas cardiovasculares aumente

    para cerca de 29,2% na populao mundial em 2025 (Kearney et al., 2005). O

    nmero de crianas com hipertenso estimado em 9,6% (Harrabi et al.,

    2006).

    A Hipertenso pode ser classificada de Primria, onde no existe uma

    causa definida, ou secundria quando pode haver uma causa orgnica (Raj &

    Krishnakumar, 2012). A hipertenso primria tem uma origem multifatorial:

    obesidade, resistncia insulina, alterao na homeostasia do sdio no

    organismo, mudanas na estrutura do msculo vascular liso, nveis de acido

    rico no sangue e fatores genticos podem contribuir para esta patologia (Raj &

    Krishnakumar, 2012). As causas da hipertenso secundria variam de acordo

    com a idade: disfunes renais e patologias associadas artria aorta so as

    causas mais comuns de hipertenso em crianas at 6 anos (Mitsnefes, 2006).

    Nas crianas de 6 a 10 anos a doena renal parenquimatosa o principal

    responsvel por elevar a tenso arterial. Alm disso, alguns tipos de tumores

    (neuroblastoma, adenocarcinoma renal), disfunes endcrinas

  • 5/28/2018 Dissertacao de Mestrado 2013

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    17

    (hipertireoidismo, Sndrome de Cushing, hiperplasia adrenal congnita) e

    aumento da presso intracraniana podem eventualmente aumentar os nveis

    de tenso e progredir para Hipertenso (Mitsnefes, 2006).

    O desequilbrio pressrico crnico gera um quadro de Hipertenso

    arterial, caracterizado por valores acima de 140 por 90 de tenso arterial. O

    aumento da tenso arterial afeta a resistncia e elasticidade dos vasos

    causando problemas no corao, rins e crebro. Os vasos so recobertos por

    tecido conjuntivo na poro externa, por tecido muscular liso e pequena poro

    de tecido conjuntivo elstico na poro mdia e internamente por uma camada

    muito fina e delicada de clulas endoteliais, que pressionada quando o

    sangue est circulando com presso elevada. Com isso, os vasos se tornam

    endurecidos e estreitos podendo, com o passar dos anos, bloquear ou romper.

    Quando ocorre bloqueio em vasos que irrigam corao, causa a angina que por

    sua vez pode ocasionar um enfarto. No crebro, o bloqueio ou rompimento de

    um vaso, pode levar a um acidente vascular cerebral (AVC). Nos rins podem

    ocorrer alteraes na filtrao at a paralisao dos rgos (Sociedade

    Brasileira de Hipertenso, S.d.).

    Hipertenso arterial um importante desafio para a sade pblicamundial, devido sua alta prevalncia concomitantemente com srios riscos

    para os sistemas renal e cardiovascular. classificada como maior fator de

    mortalidade, e a terceira causa na reduo da qualidade e dos anos de vida

    (Kearney et al., 2005).

    A crescente prevalncia de hipertenso em todo mundo contribui para

    atual pandemia de doenas cardiovasculares, passando da menor importncia

    nas causas de morte do sculo passado, para um dos principais fatores demortalidade mundial neste sculo (Kearney et al., 2005).

    A hipertenso arterial est projetada para ser uma das maiores causas

    adjacentes de mortalidade do mundo em 2020. Em 1990, 5,8% das mortes

    foram associadas a tenso alta, em 2000 este valor j era de 7,2% das mortes

    no mundo. Em 2020 a hipertenso ser o fator de risco mais comum para

    mortes e invalidez no mundo (Reid & Thrift, 2005).

  • 5/28/2018 Dissertacao de Mestrado 2013

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    18

    2.3.4. Obesidade e Hipertenso

    A obesidade um dos principais fatores evitveis da hipertenso infantil,

    Alguns estudos relatam diferenas significativas entre crianas com peso

    normal e obesas (Kearney et al., 2005;Raj & Krishnakumar, 2012). Um estudo

    realizado na China em 2012 concluiu que o sobrepeso/obesidade est

    fortemente associado com hipertenso e pr-hipertenso em crianas

    estudantes (Zhang et al., 2012).Outro estudo concluiu ainda que alm do ndice

    de massa corporal (IMC) o permetro da cintura (PC) um forte indicador do

    aumento da tenso arterial em crianas pr-escolares, especialmente nos

    rapazes obesos entre 3-6 anos (Chen & Li, 2011).

    O tratamento da hipertenso associada obesidade deve concentrar-se

    em reduzir a massa corporal da criana, modificando o estilo de vida de toda a

    famlia. As recomendaes dietticas indicam que deve ser evitado o consumo

    em excesso de acar, gorduras saturadas e sal, e ao mesmo tempo,

    aumentar o consumo de fibras na forma de frutas, legumes e gros integrais.

    Paralelamente, necessrio o aumento dos nveis de exerccio fsico

    diminuindo o tempo gasto em atividades sedentrias (Becton et al., 2012).

    Por vezes, mesmo com a reduo da massa corporal o quadro

    hipertensivo permanece inalterado, fazendo necessrio o uso farmacolgico no

    tratamento. Porm as mudanas no estilo de vida devem permanecer mesmo

    com o uso do frmaco. Os casos com hipertenso sintomtica ou causas

    secundrias e diabetes mellitus, devem ter tratamento farmacolgico realizado

    concomitantemente s mudanas no estilo de vida (Becton et al., 2012).

    2.4. Colesterol, Triglicerdeos, glicose

    2.4.1. Definio

    Glicose: um tipo de carboidrato pertencente classe dos

    monossacardeos, tambm denominado dextrose ou acar no sangue.

    Consiste em um composto formado por seis carbonos, doze de hidrognio e

    seis de oxignio (C6H12O6) que so formados naturalmente no alimento ou no

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    organismo a partir da sntese de carboidratos complexos. A gliconeognese

    sintetiza a glicose principalmente no fgado, a partir dos resduos de carbonos

    de outras substncias (aminocidos, glicerol, piruvato e lactato) (McArdle et al.,

    2007, p. 8). Aps absoro pelo intestino delgado, a glicose tornar-se

    disponvel como fonte de energia para o metabolismo celular, ou forma

    glicognio para armazenamento no fgado e nos msculos ou transformada

    em gordura para utilizao posterior como fonte de energia (McArdle et al.,

    2007, p. 8). Para os seres humanos a principal fonte de glicose o

    polissacardeo amido (Waitzberg, 2009, p. 57).

    A glicose a principal fonte de energia para grande parte das clulas do

    organismo, protetora de protenas, ou seja, quando a quantidade de glicose

    no organismo suficiente impede que as protenas assumam o papel de

    produo da energia, fazendo com as mesmas mantenham-se na sua funo

    de construo dos tecidos (Waitzberg, 2009, p. 58). A quantidade adequada de

    glicose impede a formao excessiva de cetonas. Caso no haja glicose

    disponvel para utilizao, os lipdios sero oxidados, formando grande

    quantidade de cetonas que podero causar acidose metablica, levando ao

    coma e posteriormente a morte do indivduo (Waitzberg, 2009, p. 58). Uma dasprincipais funes da glicose a manuteno de energia para o sistema

    nervoso central (SNC). Em condies normais o crebro e suas clulas usam a

    glicose sangunea quase exclusivamente como seu substrato para energia. Em

    situaes normais, os nveis de glicose no sangue so regulados por dois

    hormnios produzidos pelo pncreas: insulina e glucagon (McArdle et al., 2007,

    pp. 12-15).

    Os nveis sanguneos de glicose considerados normais so: acima de45mg/dl de sangue e menores que 100mg/dl de sangue. Abaixo de 45mg/dl o

    individuo encontra-se em hipoglicemia e acima de 100mg/dl em hiperglicemia

    (McArdle et al., 2007, p. 15). O aumento progressivo do quadro hiperglicmico

    leva diabetes melittus (Craig et al., 2009).

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    2.4.2. Tipos de diabetes e epidemiologia

    Diabetes melittus um grupo de doenas metablicas, caracterizada por

    um estado hiperglicmico crnico resultante da deficincia na secreo de

    insulina, na resistncia da insulina, ou ambos. As anomalias nos carboidratos,

    gordura, protena e metabolismo encontrados na diabetes, so resultado da

    ao deficiente da insulina nos tecidos alvos (Craig et al., 2009).

    No individuo classifica-se como diabtico quando os nveis de glicose

    sangunea ultrapassam os 126 mg/dl. Entretanto alguns sintomas como,

    poliria, polidipsia, perturbao na viso, perda de peso associado a grandes

    quantidades de cetonas, ajudam a identificar a doena (Craig et al., 2009). Os

    exames sanguneos que confirmam a diabetes so: analisar os nveis de

    glicose no sangue, na qual o paciente deve realiz-lo com no mnimo oito horas

    de jejum completo, e o exame ps-prandial, que verificar os nveis de glicose

    e insulina no sangue duas horas aps uma refeio, geralmente feito aps o

    almoo (Craig et al., 2009). Em 1985 foi desenvolvido por Matthews et

    al.,(1985)o Homeostasis model assessment (HOMA), que serve para verificar

    se h resistncia insulina. A resistncia insulina o maior fator de risco

    para desenvolver diabetes tipo 2, e provavelmente um grande fator de risco nas

    crianas (Keskin et al., 2005). Segundo Keskin et al. (2005) o HOMA tem

    grande sensibilidade e especificidade para medio da insulina, sendo

    considerado a ferramenta mais simples, confivel e apropriado para grandes

    estudos epidemiolgicos para verificar resistncia insulina em crianas e

    adolescentes.

    No inicio dos anos 2000 havia 151 milhes de pessoas no mundo com

    diabetes, desses, 136 milhes tinham diabetes tipo II. Em 2011 eram 366

    milhes de diabticos e 329 milhes do tipo II. Aps 30 anos, ou seja, em 2030

    estima-se que a populao de pessoas com diabetes seja mais do que o triplo

    em 2000, nmeros apontam para 552 milhes de pessoas e 497 milhes com

    tipo II (Cheng, 2005).

    Estudo de (Gardete-Correia et al., 2010) realizado com 5167 pessoas

    entre 20-79 anos, diz que em Portugal a prevalncia de diabetes seja de 11,7%

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    da populao total. Entretanto h diferenas entre os gneros, os homens com

    diabetes so 14,2% e mulheres 9,5%. Interessante ressaltar que 2,4% das

    pessoas entre 2039 anos tinham diabetes II, os valores aumentavam com o

    passar da idade. Foi verificado que 30,9% so considerados pr- diabticos e

    5,5% dos diabticos no sabiam que tinham diabetes.

    Os tipos de diabetes mais frequentes so: diabetes tipo I

    (insulinodependentes) e diabetes tipo II (no insulinodependentes). A

    distribuio de diabetes tipo I bastante heterognea entre os pases (Cheng,

    2005). Quanto Diabetes tipo II aproximadamente 90% dos casos de diabetes

    so tipo II ou no insulina dependente. Ocorre geralmente em pessoas obesas

    com mais de 40 anos, embora atualmente comprometa a sade de pessoas

    cada vez mais jovens. Est diretamente associada ao estilo de vida sedentrio,

    aos maus hbitos alimentares e stress da vida moderna. Os fatores genticos

    (histrico familiar) e ambientais tambm influenciam a diabetes tipo II

    (Vaidyanathan et al., 2012).

    A homeostase da glicose sangunea mantida em equilbrio por uma

    atuao conjunta entre a ao da insulina e a secreo de insulina. O

    funcionamento regular do pncreas e das clulas beta responde necessidadefisiolgica de aumentar a secreo de insulina quando os nveis de glicose no

    sangue aumentam. Quando h perda parcial de funo das clulas beta, acaba

    por perder-se a resposta ao ndice glicmico (Vaidyanathan et al., 2012). A

    disfuno destas clulas a principal causa da diabetes tipo II. No entanto o

    organismo reconhece uma ao no normal da insulina e aumenta a ao das

    clulas beta para manter a homeostasia. Este desequilbrio entre a secreo de

    insulina e sua ao ocorre devido resistncia insulina, geralmenteassociada obesidade e sedentarismo. Alguns hormnios, citosinas e cidos

    graxos livres podem interferir na ao da insulina em adipcitos (Cheng, 2005;

    Vaidyanathan et al., 2012). Deve ser ainda considerada tambm uma forte

    componente hereditria: 80% dos nvidos com diabetes tem algum familiar com

    diabetes (Craig et al., 2009).

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    2.4.4. Consequncias e Tratamento da Diabetes

    A Diabetes mellitus um dos maiores problemas de sade pblica em

    todo o Mundo. As consequncias desta patologia afetam diversos sistemas e

    levam a incapacidades graves e considerveis custos de sade (Neville &

    Sidawy, 2012).

    Considerando as complicaes que podem ocorrer com os seres

    humanos, a diabetes a principal causa de doenas cardacas, acidente

    vascular cerebral, insuficincia renal, retinopatia e amputao dos membros

    inferiores no traumticos (Neville & Sidawy, 2012).

    De acordo com o National Diabetes Information Clearinghouse foram

    feitas 65 mil amputaes com origem no traumtica em diabticos nos

    Estados Unidos, o que representa 60% deste tipo de amputao (Neville &

    Sidawy, 2012).

    Nos diabticos, a neuropatia, o comprometimento vascular e

    susceptibilidade a infeco so fisiopatologias que convergem para leses na

    pele dos ps, chamado de p diabtico (Neville & Sidawy, 2012).

    A diabetes tambm gera um alto custo para os sistemas de sade dos

    pases. No ano de 2007 estima-se que foram gastos 174 bilhes de dlares

    com diabetes e suas complicaes. Deste valor 116 bilhes foram gastos com

    despesas mdicas e 58 bilhes gastos com custos indiretos, tais como a

    deficincia, faltas ao trabalho e mortalidade prematura. As despesas mdicas

    das pessoas com diabetes custam o dobro em comparao com as pessoas

    no diabticas (Neville & Sidawy, 2012).

    Dieta, administrao de insulina, exerccios fsicos e medicao oral so

    a base e a melhor forma de gerir o tratamento para diminuir os nveis de

    glicose no sangue. Para sobreviver pessoas com diabetes tipo I devem ter

    insulina administrada regularmente (Department of Health and Human Services

    e Centers for Disease Control and Prevention, S.d.)

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    2.4.5. Colesterol

    O colesterol um lcool em sua forma molecular, porm no organismo

    considerado um lipdio, apesar de no conter cidos graxos compartilha de

    algumas caractersticas fsicas e qumicas dos lipdios. O colesterol

    encontrado na membrana plasmtica de todas as clulas, origina-se por meio

    da dieta (colesterol exgeno) ou pela sntese celular (colesterol endgeno).

    Entretanto forma-se mais colesterol endgeno a partir da dieta rica em cidos

    graxos saturados e cidos graxos trans, que facilitam a sntese de colesterol

    LDL no fgado (McArdle et al., 2007, p. 25).

    O fgado sintetiza 70% do colesterol corporal, no entanto as paredes das

    artrias e os intestinos tambm sintetizam este composto. O colesterol de

    extrema importncia para o organismo, pois participa de diversas funes,

    como por exemplo: ajuda na construo das membranas plasmticas, funciona

    como percursor na sntese da vitamina D, dos hormnios das glndulas

    suprarrenais, e dos hormnios sexuais estrognio, andrognio e progesterona.

    Tambm importante para a sntese da bile (emulsificador dos lipdios durante

    a digesto) e desempenha um papel crucial na formao dos tecidos, rgos e

    das estruturas corporais durante o desenvolvimento fetal (McArdle et al., 2007,

    p. 25).

    As principais fontes de colesterol exgeno so: gema do ovo, carnes

    vermelhas e vsceras (fgado), os crustceos particularmente o camaro e os

    produtos lcteos (queijos cremosos, manteiga, e leites) (McArdle et al., 2007, p.

    25).

    O colesterol no pode dissolver-se no sangue, transportado para as

    clulas por lipoprotenas. Lipoprotenas de baixa densidade (LDL) ou colesterol

    ruim e lipoprotena de alta densidade (HDL) ou colesterol bom so os dois tipos

    de lipdios que juntamente com triglicerdeos e o colesterol Lpa quantificam os

    valores do colesterol total, aferido por meio de analises clinicas ao sangue

    (American Heart Association, S.d.-a).

    O LDL uma lipoprotena que leva normalmente 60 a 80% do colesterol

    srico total e possui grande afinidade com as clulas da parede arterial. O LDL

    conduz o colesterol at o tecido arterial, onde as partculas LDL so oxidadas

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    alterando suas propriedades fsico-qumicas, e so captadas pelos macrfagos

    no interior da parede arterial, com isso se d o inicio da formao da placa

    aterosclertica (McArdle et al., 2007, p. 24). Consequentemente tambm

    haver formao de cogulos que podero levar ao acidente vascular cerebral

    e infarto (American Heart Association, S.d.-a).

    H tambm a Lipoprotena que uma variao gentica do LDL. Nveis

    elevados de Lpa no sangue um fator de risco elevado para o

    desenvolvimento prematuro de depsitos de gordura nas artrias (American

    Heart Association, S.d.-a).

    O HDL uma lipoprotena de alta densidade responsvel por carregar

    25% a 30% do colesterol, conhecido como colesterol bom porque nveis

    elevados de HDL protegem o organismo de doenas cardiovasculares. Em

    contrapartida nveis de HDL inferiores a 40 mg/dl aumentam o risco de doenas

    do corao. Isto acontece porque o HDL tende a levar ao fgado o colesterol

    presente nas artrias, reduzindo seu acmulo na placa arterial (American Heart

    Association, S.d.-a).

    Segundo o Instituto Nacional de Sade (NIH) as categorias que definem

    os valores de colesterol nos adultos so:

    Tabela 4. Classificao do Colesterol Total (National Heart, 2012b)

    Nvel de colesterol total Categoria de colesterol total

    Menor que 200 mg/dl Desejvel

    Entre 200-239 mg/dl Alterado

    240 mg/dl ou acima Elevado

    Tabela 5. Classificao do Colesterol LDL (National Heart, 2012b)

    Nvel de Colesterol LDL Categoria do LDL

    Menor que 100 mg/dl timo

    Entre 100129 mg/dl Levemente alterado

    Entre 130159 mg/dl Alterado

    Entre 160189 mg/dl Alto

    190 mg/dl ou acima Muito alto

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    Tabela 6. Classificao do Colesterol HDL (National Heart, 2012b)

    Nvel de colesterol HDL Categoria de HDL

    Menor que 40 mg/dl Risco para doena cardaca aumentado

    Entre 4059 mg/dl Menor risco para doena cardaca

    60 mg/dl ou acimaConsiderado protetor contra doenas

    cardacas

    Em crianas os nveis de colesterol total no devem passar o limite de

    170 mg/dl e o HDL deve ser maior que 40 mg/dl em crianas at 10 anos e

    maior que 38 mg/dl em adolescentes de 10 a 19 anos (National Heart, 2012b).

    As principais causas para problemas associados com o colesterol so:

    uma dieta no equilibrada rica em gorduras saturadas e trans, excesso depeso, sedentarismo, hereditariedade, idade e sexo (National Heart, 2012a).

    2.4.6. Triglicrides

    Os lipdios so armazenados na forma de triglicrides, molculas de trs

    cidos graxos (saturados, monossaturados ou poli - insaturados) acoplados a

    um lcool (glicerol) para constiturem reservas de energia. O armazenamento

    de triglicrides ocorre principalmente no tecido adiposo, um tipo de tecido

    conjuntivo que tem como funo principal armazenar energia (Waitzberg, 2009,

    p. 131).

    O tecido adiposo est distribudo amplamente no tecido subcutneo. O

    fluxo sanguneo para este tecido varia de acordo com o peso corporal e estado

    nutricional, elevando-se durante o jejum (Waitzberg, 2009, p. 131).

    O excesso de peso, obesidade e sedentarismo, e uma dieta rica em

    carboidratos (mais de 60% da dieta) esto associados a elevados nveis

    sanguneos de triglicrides. Por vezes nveis altos de triglicrides coincidem

    com colesterol total alto, alto colesterol LDL e baixo HDL. Excesso de

    triglicrides est associado a doenas cardiovasculares, diabetes e sndrome

    metablica (American Heart Association, S.d.-a).

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    Tabela 7. Classificao das triglicrides (American Heart Association,

    S.d.-b):

    Nvel de triglicrides Categoria

    Menor que 100 mg /dl timoEntre 100149 mg/dl Normal

    Entre 150199 mg/dl Levemente alto

    Entre 200499 mg/dl Alto500 mg/dl ou acima Muito alto

    Valores estabelecidos para adultos e crianas.

    2.5. Dislipidemia

    Dislipidemia significa que existem nveis de colesterol e triglicrides em

    excesso no sangue. Portanto causada devido a uma dieta rica em gorduras e

    colesterol, quando o organismo produz colesterol e triglicrides em demasia ou

    ambas as situaes (Instituto Procardiaco, 2007).

    Assim, a dislipidemia pode estar associada obesidade, dieta

    inadequada, sedentarismo, entretanto possvel no ter nenhum desses

    fatores e desenvolver dislipidemia por questes genticas. Doenas

    metablicas como diabetes melliuts e hipotireoidismo, e alguns medicamentos

    como corticoides podem favorecer o desenvolvimento da dislipidemia (Instituto

    Procardiaco, 2007).

    O tratamento da dislipidemia consiste na manuteno do peso ou perda

    de peso, se necessrio, prtica regular de exerccio fsico, no fumar, ingerir

    bebida alcolica com moderao, ingerir alimentos com menor teor de gordura

    saturada e trans, e no caso de elevado triglicrides diminuir a ingesto de

    carboidratos. Por vezes pode ser administrado medicamento para reduzir o

    colesterol e triglicrides, ou para controlar a diabetes e doenas do corao

    (Instituto Procardiaco, 2007).

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    2.6. Benefcios e recomendaes mundiais para prtica de atividade fsica

    2.6.1. Benefcios da atividade fsica

    Atividade fsica definida pela organizao mundial da sade, comoqualquer movimento corporal produzido pelos msculos esquelticos que

    requer gasto energtico. A inatividade fsica ou sedentarismo identificado

    como quarto principal fator de risco para mortalidade geral, causando

    aproximadamente 3,2 milhes de mortes a nvel mundial (World Health

    Organization, 2013a).

    Os atuais nveis de sedentarismo so em parte devido s pessoas

    dedicarem de forma insuficiente s horas de lazer a prtica de atividadesfsicas, e pelo aumento do comportamento sedentrio em atividades

    ocupacionais e domesticas. Da mesma maneira o aumento da utilizao de

    meios passivos de transporte tambm est associado com declnios nos nveis

    de atividade fsica (World Health Organization, 2013c).

    O aumento da urbanizao nos pases resultou em diversos fatores

    ambientais que podem ter desencorajado a pratica do exerccio fsico, tais

    como (World Health Organization, 2013c):

    - Aumento da violncia urbana.

    - Excesso de trfego, especialmente em grandes cidades.

    - Piora da qualidade do ar e poluio.

    - Poucos parques, caladas adequadas e desporto de recreao ao ar livre.

    Politicas publicas de diversos setores, multidisciplinar precisam ser

    implementadas para aumentar a pratica de atividade fsica a nvel mundial

    (World Health Organization, 2013c).

    O sedentarismo e a falta de aptido fsica esto associados com

    aumento do risco de doenas cardiovasculares, e vrios tipos de doenas

    metablicas, tais como: distrbios lipdicos, elevada presso arterial e

    resistncia insulina (Mota et al., 2012). Os baixos nveis de atividade fsica

    durante a infncia so conhecidos atualmente como um importante fator

    coadjuvante no aumento da prevalncia da obesidade na adolescncia e fase

    adulta (Aznar et al., 2011). O aumento da prevalncia de sobrepeso e

    obesidade tem sido associado com ambientes favorveis ao comportamento

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    sedentrio. Crianas portuguesas esto entre as mais obesas e as menos

    ativas de toda Unio Europeia (Janssen et al., 2005;Sardinha et al., 2011).

    Exerccio fsico regular e de intensidade moderada, como caminhar,

    andar de bicicleta, ou praticar esportes traz benefcios importantes para a

    sade. Pode reduzir o risco de doenas cardiovasculares, cncer do clon,

    cncer de mama, diabetes e depresso. No mais, nveis regulares e

    adequados de atividade fsica reduzem a probabilidade de fraturas do quadril e

    coluna vertebral, pois ajudam a fortalecer os ossos, e so ainda um forte aliado

    na manuteno do peso saudvel (World Health Organization, 2013a).

    Nas crianas e adolescentes a prtica de atividade fsica auxilia a (World

    Health Organization, 2013b):

    - Desenvolver os tecidos do sistema musculoesqueltico (ossos, msculos e

    articulaes).

    - Desenvolver o sistema cardiovascular (corao e pulmes).

    - Desenvolver a conscincia neuromuscular (coordenao e equilbrio).

    - Manter o peso saudvel

    Tambm associada a benefcios psicolgicos, melhorando o controle

    sobre ansiedade e depresso. Da mesma forma, pode ajudar nodesenvolvimento social dos jovens, auxiliando a construo da autoconfiana,

    interao social e integrao. Jovens fisicamente ativos adotam mais

    facilmente outros comportamentos saudveis (evitam lcool, drogas e tabaco)

    e demonstram elevado desempenho escolar (World Health Organization,

    2013b).

    2.6.2. Recomendaes mundiais para atividade fsica em crianas eadolescentes

    A Organizao mundial da sade e o Colgio Americano de Medicina

    Desportiva apresentam diretrizes semelhantes no que diz respeito prtica de

    atividade fsica para crianas e adolescentes. Para crianas e jovens o

    exerccio fsico deve incluir brincadeiras, jogos, esportes, atividades de

    recreao e aulas de educao fsica na escola e comunidade. As

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    recomendaes para melhorar a aptido cardiorrespiratria e muscular, a

    sade ssea, os marcadores biolgicos da sade cardiovascular e metablica

    so (American College of Sports Medicine, 2010, p. 128; World Health

    Organization, 2011):

    - Crianas e adolescentes dos 5-17 anos devem realizar, 60 minutos de

    atividade fsica moderada a vigorosa, 3-4 vezes por semana, mas de

    preferncia diariamente (World Health Organization, 2011).

    - Se a quantidade for maior que 60 minutos, ter melhores benefcios

    para sade da criana (World Health Organization, 2011).

    - O treino aerbico deve ser preponderante, inclusive em alguns

    momentos deve ser intenso, entretanto devem ser includas atividades que

    fortalecem os msculos e ossos, ao menos trs vezes por semana (American

    College of Sports Medicine, 2010, p. 128;World Health Organization, 2011).

    As crianas e adolescentes devem praticar atividade fsica regular,

    porm preciso respeitar as individualidades, requisitos de segurana e deve

    ser orientada e supervisionada por um profissional de educao fsica

    (American College of Sports Medicine, 2010, p. 128).

    Crianas com sobrepeso, obesas ou fisicamente inativas podem no sercapazes de realizar 60 minutos de exerccio fsico dirio. Portanto para um

    melhor bem estar da criana e melhores resultados, o treino dever progredir

    de forma gradual no que diz respeito frequncia durao e intensidade

    (American College of Sports Medicine, 2010, p. 128; World Health

    Organization, 2011).

    Os pais devem estimular seus filhos a reduzir atividades que sejam

    sedentrias (assistir televiso, utilizar a internet e jogar videogames), epromover atividades que favoream a aptido fsica, como caminhar, correr e

    pedalar (American College of Sports Medicine, 2010, p. 128).

    2.6.4. Dislipidemias, obesidade, e exerccio.

    O exerccio regular melhora o perfil lipdico em muitos indivduos, porm

    as modificaes no acontecem em todas as pessoas. Contudo o exerccio

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    importante para controlar outros fatores de risco para doenas

    cardiovasculares, e deve ser um dos componentes para introduzir um estilo de

    vida saudvel (American College of Sports Medicine, 2010, p. 164).

    O treinamento com exerccios deve ser de intensidade moderada, e

    quando possvel progredir para intensidade vigorosa, obtendo melhores

    resultados para a sade e aptido cardiorrespiratria (American College of

    Sports Medicine, 2010, p. 165).

    2.6.5. Interveno

    Com a evoluo tecnolgica e a crescente utilizao dos fast foodsnos

    hbitos alimentares fizeram elevar rapidamente os nveis de obesidade e

    sedentarismo em diversos pases, especialmente nos desenvolvidos e em

    desenvolvimento.

    Por isso, a preocupao da comunidade cientifica cada vez maior em

    aumentar os nveis de atividade fsica nas crianas, utilizando a interveno

    como forma recorrente a este processo. Entretanto, para uma melhor eficcia

    na reduo de massa gorda e do sedentarismo, necessrio aumentar os

    nveis de atividade fsica concomitantemente com a intensidade da mesma.

    (Metcalf et al., 2012).

    O Estudo do Pate et al. (2002), verificou que crianas at os 7-8 anos

    cumpriam as diretrizes do United Kingdom Expert consensus group para

    quantidade de exerccio fsico semanal. Contudo a percentagem de crianas

    ativas segundo as recomendaes caia a medida que aumentava-se a idade,

    passando de 89,7% aos 10 anos, para somente 29,4% dos adolescentes com

    15 anos conseguiu cumprir as diretrizes para exerccio fsico. Contudo houve

    diferenas entre os gneros, pois dos meninos com 15 anos 34,1% realizava

    atividades fsicas satisfatoriamente e nas meninas de 15 anos apenas 25,1%

    conseguiram atingir as recomendaes. Este estudo sugere o programa de

    interveno para todas as idades, no entanto o foco deve ser na idade onde a

    percentagem de crianas ativas cai drasticamente.

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    Sabemos que as intervenes so bem recebidas pelas crianas e

    atuam na percepo da atividade fsica, promovem relaes sociais, estimulam

    a aprendizagem motora e reduzem o tempo dedicado a atividades sedentrias

    (Salmon et al., 2005).

    Estudos sugerem que a famlia tem um papel importante no dispndio

    energtico e nos nveis de atividade fsica da criana; quando os pais

    participam e promovem atividades de lazer ajudam a reduzir o tempo de

    atividades sedentrias e aumentam o gasto energtico semanal de toda a

    famlia (Rhodes et al., 2010).

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    CAPTULO III:OBJETIVOS EMETODLOGIA

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    3. Objetivos

    3.1 Objetivo geral do estudo

    - Analisar as alteraes verificadas atravs do aumento da prtica de

    exerccios fsicos regulares em crianas participantes de um programa de

    interveno para preveno e tratamento da obesidade.

    3.2 Objetivos especficos

    Analisar as alteraes verificadas antes e aps interveno atravs da prtica

    do exerccio fsico:

    a. na tenso arterial sistlica e diastlica.

    b. nos nveis do perfil lipdico.

    c. na composio corporal IMC, PC, % massa gorda Total e % massa

    gorda do tronco.

    d. no HOMA como indicador de resistncia insulina.

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    4. Material e Mtodos

    4.1 Caracterizao da amostra

    O estudo de carter longitudinal de um ano letivo incluiu uma amostra de

    68 crianas e adolescentes, com 42,6% de rapazes e 57,4% de meninas, entre

    6 e 19 anos, X=10,40+3,53.

    4.2 Procedimentos para avaliaes

    O peso foi avaliado usando uma balana digital de marca Seca 708, com

    aproximao s centsimas. Os valores foram registados em kg com

    aproximao a 0,1kg.

    O procedimento para a avaliao da altura consistiu na medio da

    distncia entre o vertex e o plano de referncia do solo, mantendo a atitude

    antropomtrica firme e estvel. Foi posteriormente categorizado em peso

    normal, sobrepeso e obesidade de acordo com os pontos de corte de Cole,

    (Cole et al., 2000).A percentagem de Massa Gorda (%MG) foi avaliada atravs do aparelho

    dual energy xray absorptiometry DEXA - modelo QDR 4500A; Hologic, Bedford,

    M.

    As amostras sanguneas foram recolhidas para realizao de

    hemograma e dosagens de glicose, colesterol total CT, lipoprotena de alta

    densidade HDL, lipoprotena de baixa densidade LDL e triglicrideos. O sangue

    foi obtido por puno venosa em cido etilenodiaminotetractico EDTArecolhido em tubos. Foram feitas alquotas de plasma e imediatamente

    armazenadas a - 70C.

    A presso arterial foi medida atravs do aparelho Colin, (modelo BP

    8800p Colin Medical Instruments CorporationSan Antonio, TX, USA).Asprimeira e segunda medidas foram feitas depois de 5 e 10 min de repouso. Se

    estas duas medies diferissem 2 mm Hg, o protocolo seria repetido (duas

    novas medies que no podiam exceder 2 mm Hg). O HOMA foi calculado de

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    acordo com (Matthews et al., 1985) e foi realizado o ponto de corte de (Keskin

    et al., 2005).

    4.3 Projeto ACORDA

    As crianas e adolescentes que constituem a amostra participaram no

    programa de interveno denominado PROJECTO ACORDA (Adolescentes e

    Crianas Obesas em Regime de Dieta e Atividade Fsica). Este projeto insere-

    se num estudo longitudinal aplicado aos jovens com excesso de peso e

    obesidade, cujo principal objectivo visa a alterao de comportamentos

    proporcionando o acesso facilitado prtica da Atividade Fsica orientada,

    associando a superviso alimentar e clnica.

    4.3.1 Programa de exerccio fsico

    Todos os participantes obesos foram encorajados a modificar seus

    hbitos de vida e a participar num programa de interveno para proporcionarexerccio fsico regular. O programa foi introduzido e desenvolvido em cinco

    escolas de ensino bsico primrio do agrupamento de Santa Brbara em

    Fanzeres (Gondomar), na Escola Secundria Valongo e na Faculdade de

    DesportoUniversidade do Porto. O programa teve a durao de oito meses,

    correspondendo ao perodo do calendrio escolar. O programa ACORDA

    consistiu em completar 5 sesses de exerccio fsico por semana. Todas as

    sesses foram supervisionadas por estagirios da Faculdade de Desporto e

    dois licenciados em Atividade Fsica e Cincias do Desporto, sob a superviso

    de dois doutorados. Cada sesso de exerccio fsico tem a durao de 1 hora e

    planeada para desenvolver resistncia aerbica, fora, flexibilidade,

    coordenao e equilbrio, atravs de jogos com bolas, arcos, cordas, exerccios

    calistnicos, ginstica e treino de fora. O programa de exerccio tambm foi

    destinado a desenvolver o prazer e conscincia corporal. Mensagens sobre

    hbitos alimentares saudveis foram entregues aos alunos e encarregados de

    educao ao longo do programa.

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    Todas as crianas e adolescentes no apresentavam qualquer tipo de

    doena, nem estavam sujeitos a qualquer tipo de medicao.

    As avaliaes foram realizadas na parte da manh, entre s 9.30h e 13.30h, no

    centro de investigao, Atividade Fsica, Sade e Lazer (CIAFEL) na

    Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Estas avaliaes foram

    efectuadas sempre pelos mesmos observadores, no sentido de reduzir os

    possveis erros interobservados. Todos os alunos foram informados que

    deveriam estar presentes em jejum de 12 horas, podendo apenas beber gua,

    aps o jantar do dia anterior.

    O protocolo experimental foi aprovado pelo Comit de Reviso do

    Conselho Cientfico da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e de

    acordo com o tratado de Helsinque. Duas semanas antes das avaliaes foi

    enviada uma carta aos pais, com informaes detalhadas e pedido de

    consentimento por escrito. Apesar do Projeto ACORDA ser um programa de

    interveno cujo principal objetivo intervir em crianas e adolescentes com

    sobrepeso e obesidade, por questes ticas as crianas com peso normal que

    quiseram participar foram tambm aceites neste projeto.

    4.4 Procedimentos estatsticos

    Depois de analisar a normalidade das variveis atravs do teste

    Kolmogorov-Smirnov, foi realizado o T-Test de amostras emparelhadas para

    analisar diferenas observadas nos valores da tenso arterial, %MG total,

    %MG tronco, PC, perfil lipdico e HOMA antes e depois do programa de

    interveno, para amostra total, por gnero. Posteriormente foram feitas

    analises emparelhada com separao por faixas etrias. Foi usada a anlise da

    varincia - ANOVA para testar as diferenas entre os grupos das faixas etrias

    seguidos dos testes post-hoc Bonferroni. Para os clculos dos deltas, foi

    calculada a diferena entre a segunda e a primeira avaliao de todas as

    variveis em estudo.

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    O nvel de significncia foi colocado em 0,05 (5%). Para o tratamento de

    dados foi utilizado o software SPSS (Statistical Packege for the Social

    Sciences) verso 20.0.

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    CAPTULO IV:RESULTADOS,DISCUSSO,

    CONCLUSO EREFERNCIAS

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    5. Resultados

    5.1. Caracterizaes da amostra

    A amostra foi composta por 68 crianas e adolescentes entre os 6 e 19

    anos, na qual 57,4% eram meninas (Figura 1). A mdia de idade foi de 10,4

    anos no total da amostra, sendo de 9,80 nos rapazes e 10,85 nas meninas.

    Segundo a classificao de Cole et al., (2000) para o IMC, nesta amostra

    38,2% eram obesos, 29,4% apresentavam sobrepeso e 32,3% tinham peso

    normal na primeira avaliao. Na segunda avaliao verificou-se que 39,7%

    eram obesos, 26,5% tinham sobrepeso e 33,8% peso normal (tabela 8). Aps a

    segunda avaliao, 82,35% dos indivduos mantiveram a mesma categoria de

    IMC, 8,82% passaram a uma categoria inferior e 8,82% passaram a uma

    categoria superior de IMC (Figura 2), contudo houve diminuio da mdia dos

    valores de IMC da segunda avaliao em relao primeira. Na categorizao

    das faixas etrias, 30,88% eram crianas de 6-8 anos, 42,65% situavam-se

    entre 9-11 anos e 26,47% entre 12-19 anos (Figura 3).

    Figura 1. Percentagem da amostra de acordo com o gnero.

    Tabela 8. Percentagem da amostra de acordo com IMC nos dois momentos

    Avaliaes N Peso Normal N Sobrepeso N Obesidade

    1 22 32,4% 20 29,4% 26 38,2%

    2 23 33,8% 18 26,5% 27 39,7%

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    Fig 3. Percentagem da amostra por faixa etria

    No grupo das meninas houve reduo significativa dos valores mdios

    na tenso arterial sistlica e glicose (p

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    Tabela 9. Caracterizao e comparao da amostra separada por gneros

    Meninas

    Variveis N 1 avaliao (DP) 2 avaliao (DP) t p DeltaAltura 39 1,40 (0,13) 1,42 (0,13) -6,006 0,000 -0,02Peso 39 47,48 (19,39) 49,33 (19,92) -3,865 0,000 -1,84IMC 39 23,22 (5,65) 23,36 (6,00) -0,556 0,581 -0,13PC 34 76,54 (16,65) 78,81 (17,63) -2,226 0,033 -2,27

    % MG tronco 24 36,22 (7,79) 35,79 (7,49) 0,663 0,514 0,42% MG total 24 38,71 (5,86) 38,62 (5,84) 0,223 0,825 0,09

    TAS 35 112,14 (16,23) 105,14 (10,83) 3,154 0,003 7,00

    TAD 35 58,28 (10,41) 58,77 (6,49) -0,191 0,850 -0,28Glicose 32 82,25 (7,48) 77,62 (6,05) 3,762 0,001 4,62Triglicrideos 31 83,64 (40,96) 87,77 (40,23) -0,755 0,455 -4,12

    Colesterol Total 32 167,68 (29,97) 163,15 (27,90) 1,328 0,194 4,53HDL 32 50,87 (7,86) 52,89 (9,36) -1,548 0,132 -2,02LDL 32 88,57 (24,70) 86,60 (26,49) 0,717 0,479 1,96

    Meninos

    N 1 avaliao(DP) 2 avaliao(DP) t p DeltaAltura 29 1,39 (0,16) 1,42 (0,15) -6,503 0,000 -0,02Peso 29 46,83 (23,39) 47,55 (22,94) -1,495 0,146 -0,72IMC 29 22,82 (6,35) 22,35 (6,19) 2,302 0,029 0,45PC 26 77,67 (19,28) 79,21 (19,01) -1,721 0,098 -1,54

    %MG tronco 24 33,84 (11,21) 32,19 (10,25) 2,552 0,018 1,64% MG total 24 36,51 (9,51) 35,69 (9,32) 1,781 0,088 0,82

    TAS 28 112,64 (13,84) 105,03 (11,87) 3,418 0,002 7,60TAD 28 60,85 (8,35) 60,00 (7,30) 0,483 0,633 0,85

    Glicose 25 84,80 (8,11) 77,79 (12,81) 2,319 0,029 7,00Triglicrideos 25 80,48 (32,74) 72,80 (31,69) 1,151 0,261 7,68

    Colesterol Total 25 176,36 (27,50) 158,96 (38,77) 2,723 0,012 17,40HDL 25 57,02 (12,29) 56,30 (15,45) 0,254 0,802 0,72LDL 24 89,70 (24,05) 92,00 (25,43) -0,974 0,340 -2,29

    IMC- ndice de massa corporal, PC- Permetro da cintura, TAS- Tenso arterial sistlica, TAD- Tenso arterial

    diastlica, T teste de amostras emparelhadas. Deltadiferena entre o valor mdio da 2 avaliao e 1 avaliao.

    5.2. Comparao dos dois momentos de avaliao

    A altura, peso, permetro da cintura, %MG do tronco, tenso arterial

    sistlica, colesterol total e glicose apresentaram diferenas significativas entre

    as avaliaes. Contudo altura e peso aumentaram o que contribuiu, porm de

    forma no significativa, para acrscimo do IMC. O permetro da cintura que

    um forte indicador para doenas cardiovasculares obteve um acrscimo

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    significativo, no entanto aconteceu o inverso com o valor da %MG no tronco

    avaliada pelo DEXA. Foi observada uma diminuio significativa da tenso

    arterial sistlica (p< 0,001), do colesterol total e da glicose (p

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    Tabela 11. Comparao das variveis em estudo entre os dois momentos deavaliao de acordo com faixa etria.

    6-8 anosVariveis N 1 avaliao(DP) 2 avaliao(DP) t p Delta

    Altura 21 1,26(0,05) 1,30(0,06) -5,71 0,000 -0,03Peso 21 29,93(8,25) 31,28(9,92) -2,66 0,015 -1,35IMC 21 18,50(4,04) 18,23(4,55) 1,10 0,284 0,27PC 19 64,18(12,24) 65,10(12,15) -0,87 0,394 -0,92

    % MG tronco 14 30,51(10,72) 29,30(10,52) 1,41 0,181 1,21% MG total 14 33,66(9,15) 33,10(9,18) 1,01 0,331 0,55

    TAS 20 104,35(10,57) 100,40(9,73) 1,59 0,127 3,95TAD 20 55,80(8,72) 57,60(7,59) -0,71 0,482 -1,80

    Glicose 16 83,18(10,46) 78,31(7,08) 2,154 0,048 4,87

    Triglicrideos 16 78,81 (28,97) 76,06(28,57) 0,301 0,768 2,75Colesterol total 16 173,62(39,03) 165,00(32,58) 2,073 0,056 8,62HDL 16 53,70(10,34) 53,91(10,78) -0,089 0,930 -0,20LDL 16 94,43(28,87) 89,56(25,43) 1,571 0,137 4,87

    9-11 anosN 1 avaliao(DP) 2 avaliao(DP) t p Delta

    Altura 29 1,36(0,05) 1,39(0,06) -8,22 0,000 -0,026Peso 29 43,09(9,94) 44,10(9,75) -2,61 0,014 -1,004IMC 29 22,79(4,01) 22,47(3,86) 1,39 0,175 0,319PC 25 75,04(12,38) 76,82(11,80) -1,59 0,124 -1,780

    % MG tronco 21 36,21(7,87) 34,94(6,90) 1,26 0,056 2,033% MG total 21 38,88(6,35) 38,38(5,35) 0,50 0,297 1,070

    TAS 27 110,00(11,98) 105,92(11,54) 2,18 0,038 4,070TAD 27 59,59(8,08) 60,48(6,21) -0,62 0,536 -0,888Glicose 22 86,22(6,32) 80,36(5,32) 3,533 0,002 5,86

    Triglicrideos 22 86,54(45,69) 82,40(36,76) 0,608 0,550 4,13Colesterol total 22 174,13(21,09) 174,59(22,61) -0,127 0,901 -0,45

    HDL 22 55,15(11,69) 54,63(11,38) 0,428 0,673 0,51LDL 21 93,23(17,41) 100,67(20,89) -2,261 0,035 -7,43

    12-19 anosN 1 avaliao(DP) 2 avaliao(DP) t p Delta

    Altura 18 1,59(0,09) 1,61(0,08) -2,43 0,026 -0,012Peso 18 73,98(18,53) 75,95(16,94) -1,95 0,067 -1,972IMC 18 28,76(5,68) 29,14(5,21) -0,97 0,343 -0,379PC

    18 95,40(15,15) 98,86(14,59) -2,36 0,032 -3,462% MG tronco 13 37,99(9,96) 37,51(9,00) 0,45 0,661 0,476% MG total 13 39,81(8,64) 39,53(8,58) 0,42 0,679 0,284

    TAS 19 126,37(15,73) 109,56(10,82) 4,84 0,000 16,812TAD 19 64,12(10,81) 61,43(5,93) 1,00 0,332 2,687

    Glicose 19 80,21(5,56) 74,09(13,58) 1,678 0,111 6,11Triglicrideos 18 80,00(33,50) 83,94(45,09) -0,580 0,569 -3,94

    Colesterol total 19 166,63(27,33) 142,84(35,92) 2,952 0,009 23,78HDL 19 51,63(9,05) 54,50(15,16) -0,784 0,443 -2,87LDL 19 79,91(25,00) 75,39(26,04) 1,874 0,077 4,52

    PC- permetro da cintura, IMC- ndice de massa corporal, TAS- tenso arterial sistlica, TAD- tenso arte