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Dissertação de Mestrado ASSOREAMENTO DO RESERVATÓRIO DO VACACAÍ-MIRIM E SUA RELAÇÃO COM A DETERIORAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA CONTRIBUINTE Paulo Roberto Jaques Dill

Dissertação de Mestrado ASSOREAMENTO DO …w3.ufsm.br/enquadra/Trabalhos/DissAnteriores/Dill.pdf · Figura 9 – Pontos levantados na batimetria 2001..... 59 Figura 10 - Capacidade

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Dissertação de Mestrado

ASSOREAMENTO DO RESERVATÓRIO

DO VACACAÍ-MIRIM E SUA RELAÇÃO COM A DETERIORAÇÃO

DA BACIA HIDROGRÁFICA CONTRIBUINTE

Paulo Roberto Jaques Dill

ii

ASSOREAMENTO DO RESERVATÓRIO

DO VACACAÍ-MIRIM E SUA RELAÇÃO COM A DETERIORAÇÃO

DA BACIA HIDROGRÁFICA CONTRIBUINTE

Por

Paulo Roberto Jaques Dill

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Civil, Área de Concentração em Recursos

Hídricos e Saneamento Ambiental da Universidade Federal de Santa

Maria (UFSM), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre

em Engenharia Civil.

PPGEC

Santa Maria, RS,Brasil

2002

iii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

A Comissão Examinadora, abaixo assinada,

aprova a Dissertação de Mestrado

ASSOREAMENTO DO RESERVATÓRIO

DO VACACAÍ-MIRIM E SUA RELAÇÃO COM A DETERIORAÇÃO

DA BACIA HIDROGRÁFICA CONTRIBUINTE

Elaborada por

Paulo Roberto Jaques Dill

Como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em

ENGENHARIA CIVIL

COMISSÃO EXAMINADORA

Profª. Drª. Eloiza Cauduro Dias de Paiva – Orientadora - UFSM

Prof. Dr. Swami Marcondes Villela - EESC/USP

Prof. Dr. José Sales Mariano da Rocha - UFSM

Santa Maria, 11 de Abril de 2002

iv

AGRADECIMENTOS

Ao curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, da Universidade

Federal de Santa Maria, pela participação no Mestrado em Engenharia

Civil na área de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental;

À Prof. Drª Eloiza Maria Cauduro Dias de Paiva pela orientação e

transmissão de conhecimentos;

Ao Prof. Tit. Dr. José Sales Mariano da Rocha pela amizade, apoio,

confiança, transmissão de conhecimentos e incansável orientação;

Ao Prof. Dr. João Batista Dias de Paiva pelo apoio concedido;

À Prof. Esp. Maria Aparecida Araújo Mariano da Rocha pela ami-

zade e apoio;

À minha mãe, Marli Jaques Dill pelo apoio, carinho, confiança e

dedicação presentes em todos os momentos de nossas vidas;

À minha namorada, Cristiane Bortoluzzi Corino pelo carinho, incen-

tivo e amizade;

A meu Pai, Ilson da Rocha Dill pelo apoio;

A Adão Fernandes Jacques (vô) pela amizade e confiança;

Aos amigos e companheiros do Laboratório de Projetos Ambientais

Fábio Charão Kurtz, Silvia Margareti de Juli Morais Kurtz, Sandra Maria

Garcia, Paulo Roberto Vasques de Ataíde, pela amizade e apoio;

Ao colega e “irmão” Alessandro Herbert de Oliveira Santos, pela

amizade e aprendizado.

Aos bolsistas e funcionários do Departamento de Hidráulica e Sa-

neamento, Rodrigo Emmer, Adalberto Meller, Gilton Fabiano Maffini, Alci-

des Sartori, Astério Rosa do Carmo, Lucas Halberstadt da Rosa, Fabrício

Almeida dos Santos pela amizade e apoio na coleta de dados;

Aos estagiários do Laboratório de Projetos ambientais pela amiza-

de e apoio;

v

A CAPES pela bolsa de estudos concedida;

A Fundação o Boticário de Proteção à Natureza pelo apóio finan-

ceiro em parte do projeto e por reconhecer em nível nacional e apoiar a

pesquisa realizada em 2001;

A FINEPE, pelo auxilio concedido, através da rede cooperativa de

pesquisa em Recursos Hídricos (RECOPE/REHIDRO);

A todos que, de uma forma ou de outra contribuiram para a realiza-

ção deste trabalho.

vi

SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS........................................................................... IX

LISTA DE FIGURAS............................................................................. X

LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS........................... XIII

LISTAS DE ANEXOS............................................................................ XIV

RESUMO.............................................................................................. XV

ABSTRACT........................................................................................... XVII

1. INTRODUÇÃO.................................................................................. 01

2. OBJETIVOS...................................................................................... 04

3. REVISÃO DE LITERATURA............................................................. 05

3.1. Uso e ocupação do solo e seu reflexo nas bacias hidrográficas... 05

3.2. Bacia Hidrográfica como unidade de pesquisa e planejamento.... 13

3.3. Manejo de Bacias Hidrográficas na preservação dos recursos

hídricos...........................................................................................

16

3.4. Avaliação do grau de deterioração de Bacias Hidrográficas......... 18

3.5. Processo de transporte e deposição de sedimentos e sua rela-

ção com o manejo inadequado de bacias hidrográficas...............

22

3.6. Assoramento de reservatórios....................................................... 25

4. MATERIAL E MÉTODOS................................................................. 30

4.1. Caracterização geral da área......................................................... 30

4.1.1. Localização................................................................................. 30

4.1.2. Características fisiográficas........................................................ 31

4.1.3. Características climáticas........................................................... 32

4.1.4. Características da vegetação..................................................... 32

4.1.5. Características Pedológicas....................................................... 33

4.2. Material.......................................................................................... 35

4.2.1. Material cartográfico e aerofotogramas...................................... 35

4.2.2. Equipamentos e programas utilizados........................................ 35

4.3. Métodos......................................................................................... 37

4.3.1. Levantamento do perfil longitudinal do rio em duas épocas diferentes.. 37

vii

4.3.1.1. Dados topográficos.................................................................. 37

4.3.2. Batimetria.................................................................................... 38

4.3.3 Diagnóstico físico conservacionista............................................. 40

4.3.3.1. Delimitação da bacia hidrográfica e Sub-Bacias .................... 41

4.3.3.2. Determinação dos parâmetros físicos..................................... 42

4.3.3.3. Densidade de drenagem das Sub-Bacias .............................. 42

4.3.3.4. Declividade média das Sub-Bacias ....................................... 43

4.3.3.5. Coeficiente de rugosidade (Ruggdeness Number).................. 44

4.3.3.6. Uso potencial........................................................................... 44

4.3.3.7. Interpretação de fotografias aéreas......................................... 45

4.3.3.8. Uso atual da terra.................................................................... 46

4.3.3.9. Reambulação (trabalhos de campo)........................................ 46

4.3.3.10. Tabulação dos dados............................................................. 46

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................ 53

5.1. Levantamento do perfil longitudinal do rio em duas épocas dife-

rentes...........................................................................................

53

5.2. Batimetria....................................................................................... 58

5.2.1. Resultados do levantamento (1972, 1997 e 2001)..................... 61

5.3. Diagnóstico Físico Conservacionista............................................. 64

5.3.1. Caracterização física e uso potencial da terra............................ 64

5.3.2. Uso do solo nas Sub-Bacias (1966 e 2001).............................. 72

5.3.2.1. Uso da terra nas Sub-Bacias (2001)...................................... 72

5.3.2.1.1. Áreas agrícolas..................................................................... 72

5.3.2.1.2. Áreas de pastagem............................................................... 72

5.3.2.1.3. Áreas com urbanização........................................................ 73

5.3.2.1.4. Áreas florestais..................................................................... 73

5.3.2.2. Uso do solo nas Sub-Bacias (1966)....................................... 74

5.3.2.2.1. Áreas agrícolas..................................................................... 74

5.3.2.2.2. Áreas de pastagem............................................................... 75

5.3.2.2.3. Áreas com urbanização........................................................ 75

5.3.2.2.4. Áreas florestais..................................................................... 75

viii

5.3.3. Conflitos existentes entre a ocupação (1966 e 2001) e a

ocupação potencial....................................................................

77

5.3.4. Área a florestar (para minimizar o assoreamento)...................... 78

5.3.5. Excesso ou disponibilidade de área para agricultura................. 79

5.3.6. Áreas a serem trabalhadas para o manejo correto da bacia hi-

drográfica.........................................................................................

80

5.3.7. Área deteriorada e grau de deterioração (1966 e 2001)............. 81

5.4. Influência do uso da terra no assoreamento do Vacacaí-Mirim..... 82

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................. 84

6.1. Conclusões....................................................................................... 84

6.2. Recomendações............................................................................... 85

7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA....................................................... 87

8. ANEXOS........................................................................................... 94

A. Quadros do diagnóstico físico conservacionista (2001 e 1966). 95

- Aptidão de uso das terras por Sub-Bacia.............................. 95

- Uso da terra por Sub-Bacia (2001)........................................ 96

- Conflitos, área a florestar, área a ser trabalhada, área dete-

riorada e prioridades por Sub-Bacias (2001).........................

97

- Uso da terra por Sub-Bacia (1966)........................................ 98

- Conflitos, área a florestar, área a ser trabalhada, área dete-

riorada e prioridades por Sub-Bacias (1966).........................

99

B. Mapas de uso da terra (2001 e 1966) mapas de conflitos (2001 e

1966) e mapa físico florestal....................................................................

100

- Mapa de uso da terra (2001)......................................................... 101

- Mapa de conflitos (2001)................................................................ 102

- Mapa de uso da terra (1966)......................................................... 103

- Mapa de conflitos (1966)................................................................ 104

C. Coroas Hipsiométricas (1972, 1997 e 2001)............................................ 105

- Coroas Hipsiométricas 1972.......................................................... 106

- Coroas Hipsiométricas 1997.......................................................... 107

- Coroas Hipsiométricas 2001.......................................................... 108

ix

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Características da Bacia do Vacacaí Mirim........................ 31

Quadro 2 - Aptidão de uso das terras por Sub-Bacia.......................... 50

Quadro 3 - Uso da terra por Sub-Bacia............................................... 51

Quadro 4 - Conflitos por Sub-Bacia..................................................... 52

Quadro 5 - Levantamento Topográfico, 1972....................................... 58

Quadro 6 - Levantamento Topográfico e Batimétrico, 1997................. 58

Quadro 7 - Lavantamento batimétrico, 2001........................................ 59

Quadro 8 – Dimensão das bacia hidrográficas..................................... 64

Quadro 9 – Parâmetros físicos caracterizadores das Sub-Bacias e uso

potencial da terra (Sub-Bacias ordenadas em função do

uso potencial).............................................................................

69

Quadro 10 – Utilização potencial da terra por Sub-Bacia, em função

do RN e da declividade média (Parte analítica).............

70

Quadro 11 - Aptidão de uso das terras por Sub-Bacia......................... 95

Quadro 12 – Uso da terra por Sub-Bacia (2001).................................. 96

Quadro 13 – Conflitos, área a florestar, área a ser trabalhada, área

deteriorada e prioridades por Sub-Bacia (2001)............

97

Quadro 14 – Uso da terra por Sub-Bacia (1966)................................. 98

Quadro 15 – Conflitos, área a florestar, área a ser trabalhada, área

deteriorada e prioridades por Sub-Bacia (1966).............

99

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização da Bacia Hidrográfica do Rio Vacacaí-Mirim.... 30

Figura 2 – Equipamentos utilizados na batimetria 2001....................... 36

Figura 3 - Determinação do relevo de fundo, através da utilização do

ecobatímetro........................................................................

39

Figura 4 - Levantamento planimétrico (agosto de 1999)...................... 54

Figura 5 - Levantamento planimétrico (Moreira 1992)..................... 54

Figura 6 - Alteração do Curso no período de julho de 1992 à agosto

de 1999...............................................................................

55

Figura 7 - Em primeiro plano observa-se o impacto ambiental devido ao

manejo incorreto da bacia hidrográfica (retirada de mata cili-

ar), em segundo plano a inexistência de mata ciliar e a ocor-

rência de pastagem (ponto 1) Figura 6.....................................

56

Figura 8 - Em primeiro plano observa-se a retirada de mata ciliar (to-

cos e galhos), em segundo plano, pastagem até as mar-

gens do Rio Vacacaí-Mirim, podendo-se observar o des-

moronamento das margens (ponto 2) figura 6......................

56

Figura 9 – Pontos levantados na batimetria 2001................................... 59

Figura 10 - Capacidade de armazenamento do Reservatório do Va-

cacaí – Mirim, em três épocas diferentes (1972, 1997 e

2001)...................................................................................

60

Figura 11 – Redução da capacidade de armazenamento do reserva-

tório do Vacacaí Mirim...................................................

60

Figura 12 – Coroas hipsiométricas no reservatório do Vacacaí Mi-

rim em 1972, 1997 e 2001................................................

62

Figura 13 - Áreas das Sub-Bacias ....................................................... 65

xi

Figura 14 - Declividade média das Sub-Bacias .................................. 66

Figura 15 – Densidade de drenagem das Sub-Bacias ........................ 67

Figura 16 - Coeficiente de rugosidade das Sub-Bacias ....................... 67

Figura 17 - Distribuição percentual da área por classe de uso potencial

da terra na bacia hidrográfica, segundo o Coeficiente de

Rugosidade (RN).......................................................................

68

Figura 18 - Utilização potencial da terra por Sub-Bacia, em função do

RN e da declividade média................................................

71

Figura 19 - Distribuição percentual da área por classe de uso poten-

cial da terra na bacia hidrográfica, segundo o RN e a

declividade média.............................................................

71

Figura 20 - Uso do solo na bacia hidrográfica (%) (2001).................. 73

Figura 21 - Uso do solo nas Sub-Bacias (2001).................................. 74

Figura 22 - Uso do solo nas sub-bacias (1966).................................... 76

Figura 23 - Uso do solo na bacia hidrográfica (%) (1966).................... 76

Figura 24 - Área de conflitos por Sub-Bacias (2001 e 1966)............... 77

Figura 25 - Percentagem de área de conflitos nas Sub-Bacias (2001 e

1966)......................................................................................

77

Figura 26 - Área a florestar em cada Sub- Bacia (2001 e 1966).......... 78

Figura 27 - Areas a florestar por Sub-Bacias (%)................................ 78

Figura 28 - Excesso ou disponibilidade de área para a agricultura

(1966)...............................................................................

79

Figura 29 - Excesso ou disponibilidade de área para a agricultura

(2001)...............................................................................

79

Figura 30 – Área a trabalhar por Sub-Bacias ....................................... 80

Figura 31 - Percentagem de área a trabalhar por Sub- Bacia.............. 80

Figura 32 - Área deteriorada por Sub- Bacia........................................ 81

Figura 33 - Percentagem de área deteriorada por Sub- Bacia............. 81

Figura 34 – Capacidade de armazenamento (1972, 1997 e 2001) e

uso da terra em 1972 e 2001...........................................

82

xii

Figura 35 - Mapa de uso da terra (2001).................................................... 101

Figura 36 - Mapa de conflitos (2001)........................................................... 102

Figura 37 - Mapa de uso da terra (1966)..................................................... 103

Figura 38 - Mapa de conflitos (1966)........................................................... 104

Figura 49 – Coroas Hipsométricas 1972................................................. 106

Figura 40 – Coroas Hipsométricas 1997................................................ 107

Figura 41 – Coroas Hipsométricas 2001................................................ 108

xiii

LISTA DE SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

APA Área de proteção ambiental

Aneel Agência Nacional de Energia Elétrica

RN Ruggdeness Number

Art Artigo

Emater Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural

Ibama Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

UFSM Universidade Federal de Santa Maria

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Ha Hectare

m Metros

Km Kilômetro

www World Wide Web

Siter Sistema de Informações Territoriais

RS Rio Grande do Sul

DNOS Departamento Nacional de Obras e Saneamento

D Densidade de drenagem

CN Curva de Nível

H Declividade Média da Bacia hidrográfica

R,C,T Ravinas, Canais e Tributários

Sig Sistema de Informações Geográficas

xiv

LISTAS DE ANEXOS

A. Quadros do diagnóstico físico conservacionista (2001 e 1966)............ 95

- Aptidão de uso das terras por Sub- Bacia........................ 95

- Uso da terra por Sub- Bacia (2001).................................. 96

- Conflitos, área a florestar, área a ser trabalhada, área

deteriorada e prioridades por Sub-Bacias (2001).............

97

- Uso da terra por Sub- Bacia (1966)................................. 98

- Conflitos, área a florestar, área a ser trabalhada, área

deteriorada e prioridades por Sub-Bacias (1966).............

99

B. Mapas de uso da terra (2001 e 1966) Mapas de conflitos (2001 e

1966) e Mapa físico florestal...................................................................

100

- Mapa de uso da terra (2001)................................................... 101

- Mapa de conflitos (2001)......................................................... 102

- Mapa de uso da terra (1966)................................................... 103

- Mapa de conflitos (1966).......................................................... 104

C. Coroas hipsométricas............................................................................. 105

- Coroas Hipsométricas 1972..................................................... 106

- Coroas Hipsométricas 1997..................................................... 107

- Coroas Hipsométricas 2001..................................................... 108

xv

RESUMO

Dissertação de Mestrado

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil

Universidade Federal de Santa Maria , RS, Brasil

ASSOREAMENTO DO RESERVATÓRIO

DO VACACAÍ-MIRIM E SUA RELAÇÃO COM A DETERIORAÇÃO

DA BACIA HIDROGRÁFICA CONTRIBUINTE

Autor: Paulo Roberto Jaques Dill

Orientadora: Eloiza Cauduro Dias de Paiva

Local e data da defesa: Santa Maria, 11 de Abril de 2002.

A ocupação das bacias hidrográficas tem ocorrido de forma inade-

quada, onde ocorrem desmatamentos de cabeceiras e dos divisores

d’água, lavouras e pastagens em locais inadequados, ausência de tratos

conservacionistas em muitas propriedades, urbanização em áreas decli-

vosas e de preservação permanente, aplicação de agrotóxicos, lixo e

esgotos sem tratamento adequado, são graves problemas que deverão

ser resolvidos. A conseqüência tem sido a deterioração do meio ambien-

te, erosão do solo, compactação, assoreamento de rios, barragens e la-

goas, inundações, perda do “habitat“ natural, desperdício dos recursos

florestais, poluição da água e do ar, destruição da flora e da fauna. Este

trabalho teve como objetivo avaliar o uso da terra na Bacia Hidrográfica

contribuinte ao reservatório do Vacacaí Mirim, identificando as possíveis

causas do sedimento transportado na bacia hidrográfica e conseqüente

xvi

assoreamento observado no reservatório e avaliar modificações na calha

fluvial do rio principal. Realizou-se o diagnóstico físico conservacionista

em 1966 e 2001, onde, determinou-se o uso potencial, conflitos de uso da

terra, áreas a florestar, disponibilidade ou excesso para agricultura, áreas

a serem trabalhadas. Realizou-se uma batimetria no reservatório do Va-

cacaí Mirim em 2001, onde, foi comparada com levantamento topográfico

1972 e batimetria realizada em 1997. Foi constatado um assoreamento

de 29,45% em 29 anos de operação do reservatório do Vacacaí. Foi ava-

liada a contribuição ao assoreamento do trecho de calha fluvial com de-

sestabilização de margens. Conclui-se que a urbanização desordenada,

em áreas declivosas e de preservação permanente, a agricultura e pecuá-

ria em áreas inadequadas e sem tratos conservacionistas, a retirada da

vegetação nativa (desmatamento de cabeceiras, divisores d’água, retira-

da de mata ciliar) tem contribuído para a deterioração da Bacia Hidrográ-

fica do Vacacaí Mirim.

xvii

ABSTRACT

SANDING OF THE VACACAÍ MIRIM

RESERVOIR AND YOUR RELATION WITH THE DETERIORATION OF

THE CONTRIBUTOR HYDROGRAPHIC BASIN

Author: Paulo Roberto Jaques Dill

Advisor: Drª. Eloiza Cauduro Dias de Paiva

The occupation of the hydrographic basins has occured on a inade-

quated form, where occur deforestation of rivers-heads and watersheds;

planted lands and pastures on inadequate places; urbanization on decliv-

ous and permanent preservation areas; agrotoxic application; waste and

sewer without adequate treatment , are grave problems that must be

solved. The consequence have been the deterioration of the environment;

soil erosion; compacting ; sanding of rivers, barrages and pools; floodings

; lost of the natural ¨habitat¨; misuse of forest resources; water and air pol-

lution; destruction of the veget and fauna. This work had as objective

evaluate the ground use on the hydrographic basin contributor to the res-

ervoir of the Vacacaí Mirim river, indicating the possible causes of the

sediment transported on the basin and the consequent sanding observed

on the reservoir and evaluate the modifications of the fluvial trough of the

main river. Was made the conservacionist physical diagnosis on 1966 and

2001, where was determined the potential of utilization, conflicts on the

use of the land, areas to forested, availability or excess to the agriculture,

areas to be worked. Was made a bathymetry on the Vacacaí Mirim reser-

voir on 2001, that was compared with bathymetries made on 1972 and

xviii

1997. Was evidenced a sanding of 29,45% on 29 years of operation of the

Vacacaí Mirim reservoir. Was evaluated the contribution to the sanding of

the stretch of fluvial trough with destabilization of margins. Was concluded

that the disarranged urbanization, on declivous and permanent preserva-

tion areas; the agriculture and cattle-breeding on inadequate areas and

without tracts of conservation; the extraction of native vegetation (defores-

tation of river-heads and watersheds, extraction of ciliary native forest)

have been contributed to the deterioration of the Vacacaí Mirim hydro-

graphic basin.

1. INTRODUÇÃO

O Estado do Rio Grande do Sul enfrenta uma série de problemas,

como o alto grau de erosão e compactação dos solos, destruição desor-

denada das matas nativas e o assoreamento dos canais fluviais, além de

outros problemas ambientais. Problemas estes, decorrentes da ocupação

agrícola sem os devidos tratos conservacionistas e a expansão urbana,

que vem provocando alterações na fisionomia da paisagem gaúcha. Nes-

se sentido, os estudos locais são de grande importância, pois permitem

um maior detalhamento e análise dos parâmetros envolvidos.

Em Santa Maria, a nascente do Rio Vacacaí Mirim possui grande

importância. Através de seu reservatório contribui para o abastecimento

público da cidade, para a utilização na agropecuária e é utilizada como

meio de recreação em esportes náuticos. Este reservatório é motivo de

preocupações crescentes, relacionadas a quantidade e qualidade da água

e ao seu processo de assoreamento.

O principal indicador do processo de transformação regional que

ocorre em determinada área é a mudança nas suas características gerais

de uso da terra. A bacia hidrográfica do Rio Vacacaí-Mirim em estudo,

vem apresentando um processo de desenvolvimento urbano, muitas ve-

zes em áreas impróprias, áreas agrícolas e de pecuária em locais inade-

quados, necessitando de um sistema de obtenção de dados que permita

2

controlá-lo, de modo a evitar um impacto ambiental desfavorável à região.

Em função disso, para o uso adequado da terra, torna-se fundamental o

conhecimento a respeito das mudanças ocorridas no decorrer dos anos. O

processo de monitoramento, ou seja, o mapeamento e avaliação periódica

de uma mesma área, com a finalidade de estudar alterações ocorridas,

constituem-se num dos principais meios para a atualização dos recursos

naturais de uma região.

As principais ações ambientais que provocam conflitos (impactos

negativos) são: desmatamento das cabeceiras e de divisores d’água, la-

vouras e pastagens em locais inadequados, aplicação de agrotóxicos,

lixo, esgotos etc..

A exploração agrícola com o uso e manejo inadequado do solo tem in-

duzido a uma intensificação dos processos de erosão hídrica do solo. A

erosão reduz a produtividade do solo, como conseqüência das modifica-

ções nas características e propriedades do solo, além da redução da pro-

fundidade de enraizamento. Esta erosão tem provocado sérios problemas

em todo o mundo, desde o assoreamento de áreas baixas, rios e reserva-

tórios de água, até a deterioração de grandes extensões de terras. Uma

exploração agrícola racional deve ter por objetivo aumentar ou manter

altos rendimentos das culturas, sem provocar deterioração do meio ambi-

ente. Para tanto, as escolhas do tipo de cultura e do sistema de cultivo

revestem-se da maior importância, uma vez que diferentes sistemas pro-

vocam alterações variadas nas propriedades físicas do solo. Por exemplo,

exploração agrícola com culturas anuais sem considerar a aptidão dos

solos da área, aliada à utilização de métodos convencionais de preparo

do solo sem as devidas medidas necessárias à conservação do solo, tem

se constituído nas grandes determinantes da deterioração das condições

física e química do solo de muitas áreas. As informações sobre o compor-

tamento do solo, em termos de produtividade das culturas e erosão do

solo são essenciais para um planejamento de desenvolvimento agrícola e

seleção apropriada de uso e práticas de manejo para uma produção sus-

3

tentada. Alterações em propriedades do solo devido ao manejo, princi-

palmente em termos físicos e suas conseqüências na preservação do

meio ambiente e da capacidade de produção, tem sido objeto de pesquisa

no Brasil a bastante tempo.

A utilização imprópria das áreas frágeis, o desflorestamento desor-

denado, o preparo inadequado do solo, a destruição da matéria orgânica,

as queimadas, o plantio no sentido do declive do terreno, o superpasto-

reio, a falta do hábito de rotação de culturas, são graves problemas que

atingem boa parte da bacia hidrográfica e deverão ser resolvidos.

O valor da floresta como regulador das nascentes e do controle da

erosão é bem conhecido. Sua função hidrológica, entretanto, não é a

mesma em todos os tipos de topografia; nos terrenos planos, o efeito da

cobertura florestal no controle das enchentes não é tão pronunciado como

nos montanhosos.

O crescimento populacional desordenado, com expansão das di-

versas formas de impactos ambientais (desmatamentos, agricultura e pe-

cuária em áreas inadequadas e urbanização desordenada), tem gerado

agentes regressionais à evolução natural dos ecossistemas reduzindo

índices de diversidade biológica, alterando as características físicas, quí-

micas e as dinâmicas dos elementos integrados naturais.

As conseqüências ou impactos ocorrem inter-relacionados e em

cadeia. Pode-se afirmar que o recurso hídrico é o ponto de concentração

de todos os resultados, ou seja, do efeito final das conseqüências de cada

ação desenvolvida e dos seus impactos.

4

2. OBJETIVOS

Avaliar o uso da terra na Bacia hidrográfica contribuinte ao reserva-

tório do Vacacaí-Mirim, identificando as possíveis causas do sedimento

transportado na bacia e conseqüente assoreamento observado no reser-

vatório. São identificados e quantificados os conflitos de uso da terra no

período de operação do reservatório, 1972 a 2001. Avaliar o assoreamen-

to no reservatório e modificações na calha fluvial do rio principal.

A obtenção destes dados servirá de referência para regiões seme-

lhantes, como também para estimar as conseqüências destas modifica-

ções tanto na Bacia contribuinte como no reservatório do Vacacaí-Mirim,

além de fornecer subsídios para o manejo adequado das Sub-bacias hi-

drográficas, reduzindo ao mínimo os impactos ambientais.

5

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Uso e ocupação do solo e seu reflexo nas bacias hidrográficas

O homem não tem usado sua habilidade para manipular a terra

com toda sabedoria e precaução necessárias. A conseqüência tem sido a

degradação do meio ambiente, erosão do solo, compactação, falta de es-

coamento da água, ou inundações mais freqüentes, perda do “habitat“

natural, desperdício dos recursos florestais, poluição da água e do ar,

destruição da beleza da paisagem são evidentes em muitas partes do

mundo. Estes são os resultados das faltas de aptidões e de compreensão

humana sobre como usar apropriadamente a terra e seus recursos.

Após a Segunda Guerra Mundial, principalmente a partir da década

de 60, intensificou-se a percepção de que a humanidade pode caminhar

aceleradamente para o esgotamento ou a inviabilização de recursos in-

dispensáveis à sua própria sobrevivência. E, assim sendo, que algo deve-

ria ser feito para alterar as formas de ocupação do planeta estabelecidas

pela cultura dominante. Esse tipo de constatação gerou o movimento de

defesa do meio ambiente que luta para diminuir o acelerado ritmo de des-

truição dos recursos naturais ainda preservados e que busca alternativas

que conciliem, na prática, a conservação da natureza com a qualidade de

vida das populações que dependem dessa natureza (Instituto ambiental

vidágua 1996).

A expressão uso da terra pode ser compreendida como a forma pe-

la qual o espaço está sendo ocupado pelo homem. O levantamento de

uso da terra consiste em mapear e avaliar qualitativamente e quantitati-

vamente tudo o que existe sobre a litosfera (Rocha 1978).

Através deste tipo de levantamento pode-se conhecer a deteriora-

ção causada ao ambiente pelo uso inadequado das terras. As erosões,

perda de solo agrícola, assoreamento de cursos d’água e inundações

são algumas das conseqüências do mau uso das terras.

6

O uso da terra consiste na forma pela qual o espaço está sendo ocupa-

do pelo homem. A atualização do uso da terra e a sua distribuição espacial são

essenciais para o manejo eficiente dos recursos agrícolas e florestais, para que

suas tendências possam ser bem analisadas. Os levantamentos de uso da

terra são de grande importância, uma vez que o uso desordenado dos espaços

resulta em deterioração no ambiente (Inpe 1980).

Uso da terra segundo Souza Cruz (1998):

a) Topos de morros ou encostas: Nestas áreas deve-se manter a cobertu-

ra florestal original, pois as mesmas são completamente inadequadas

para uso agro-pastoril. Sem a cobertura vegetal estas áreas ficam su-

jeitas a processos erosivos, que determinam um impacto bastante se-

vero no ambiente;

b) Áreas de meia encosta: Em função de apresentarem ainda declividade

relativamente acentuada, a fragilidade destes terrenos é grande, de-

vendo seu uso ser bastante criterioso. Quando estas áreas já foram

desmatadas, o mais adequado é que sejam destinadas para o reflores-

tamento. O perigo maior são as áreas sem cobertura vegetal, que fi-

cam muito expostas à erosão, inclusive porque poderão comprometer

as partes que estão mais abaixo;

c) Encosta com meia declividade: Nestas áreas mais próximas à porção

plana do terreno, já é possível se fazer uma utilização mais diversifica-

da. No entanto, a inclinação do terreno ainda determina cuidados com

relação à erosão, evitando culturas anuais. O uso destas áreas é indi-

cado para a formação de pastagens ou pomares de frutíferas. A loca-

ção de estradas deve ser feita corretamente buscando-se minimizar os

prejuízos decorrentes das enxurradas;

d) Encostas suaves: Estes solos podem ser utilizados para culturas anu-

ais, mas necessitam sempre de práticas de conservação do solo e de

contenção da erosão;

e) Áreas planas: em geral, são áreas com solos mais profundos e férteis.

Associadas a topografia plana, tornam-se preferênciais para as culturas

7

anuais, pois condicionam uma alta produtividade. Mesmo nestas áreas o

produtor deve utilizar práticas de conservação e melhoramento de solos.

f) Margens de curso d’água: A água é um recurso valioso indispensável,

portanto, deve-se ter o máximo de cuidado com sua conservação. A es-

tratégia mais adequada para a conservação dos recursos hídricos é a

manutenção de florestas nos topos de morros, encostas e a utilização

de todas as práticas que evitem o escorrimento superficial e aumente a

infiltração no solo. Para complementar, deve-se manter a floresta nas

margens dos cursos d’água, pois desta maneira preserva-se seus limi-

tes, evita-se o assoreamento e minimiza-se os riscos de contaminação,

além de contribuir para a manutenção da fauna silvestre.

Rocha (1997) comenta que a destruição do meio ambiente, através do

mau uso da agricultura e pecuária causa deterioração física, sócio-econômica

e ambiental nas bacias hidrográficas do Brasil. A natureza sempre responde

com erosões, secas, enchentes, doenças e a miséria generalizada.

Pereira et al. (1995) salientou que a ocupação rural brasileira, so-

bretudo nas áreas de fronteira agrícola, tem ocorrido de forma desorde-

nada, contribuindo para o empobrecimento e a exaustão dos solos. Ade-

mais, urge ressaltar que o efeito nocivo desse uso inadequado, caracteri-

zado primordialmente pelo intenso processo erosivo, compromete inexo-

ravelmente biótopos e biocenoses, resultando na deterioração ambiental

e, conseqüentemente, na insustentabilidade do desenvolvimento. Portan-

to, estudos voltados à identificação de diferentes taxas de adequabilidade

de ocupação das terras, relacionando o uso atual versus uso potencial,

revestem-se de grande importância, pois, além de permitirem a orientação

e/ou reorientação de uso, contribuem para evitar impactos, como: redução

do potencial produtivo dos agrossistemas; assoreamento e contaminação

de mananciais; destruição de estradas, pontes e construções; e o decor-

rente do êxodo rural, principalmente.

Na área rural, a atividade agrícola mal conduzida tem levado a si-

tuações desastrosas de erosão de solo. A camada superficial de solo, que

8

é a mais fértil, é arrastada pelas chuvas, deixando para trás valas e crate-

ras nas fazendas, empobrecendo o solo e assoreando represas, além de

levar para as águas dos rios resíduos de adubos e agroquímicos. Esta

remoção de terra fértil representa milhões de reais que o país perde anu-

almente, exigindo aplicações cada vez maiores de fertilizantes nas áreas

erodidas, para que se possa manter a produtividade agrícola.

O mal uso do solo agrícola inclui, entre vários outros fatores, o

plantio “morro abaixo” em vez do plantio em curva de nível, a aração ou

gradagem excessiva ou em condições inadequadas de umidade e tipo de

solo, a alta taxa de lotação nas pastagens e falta de manuten-

ção/renovação das mesmas, plantio em áreas declivosas sem aptidão

agrícola para culturas anuais, etc. Assim, a recuperação das áreas degra-

dadas pelo uso, tanto na área rural como urbana, assume uma enorme

importância do ponto de vista ecológico, econômico, agrícola e social

(http://www.cnpab.embrapa.br.area).

Em algumas situações, com a permanente atividade agrícola, ocor-

reu um processo contínuo de desmatamento, ou seja, a derrubada da ma-

ta nativa, a queimada, a atividade agrícola intensa, o uso maciço de agro-

químicos, a falta de consciência do uso racional do solo, a formação de

pastagens e posterior abandono da área. Com isso, o solo foi totalmente

exaurido, perdendo grande parte de sua capacidade de produção e fican-

do muito susceptível aos diversos tipos de degradação, caracterizando o

mau uso das terras.

A conservação ambiental em áreas de desenvolvimento agropecu-

ário, tomando como referência as microbacias hidrográficas, pressupõe a

integração de esforços, na solução de problemas comuns das comunida-

des envolvidas, visando a ocupação e o uso racional do espaço rural. A

microbacia constitui a célula de um programa integrado, cujas ações de-

vem contemplar interesses e necessidades das comunidades nela inseri-

das, em termos de melhoria da produtividade, da renda e do bem-estar,

9

ao lado da imprescindível conservação do meio ambiente e da preserva-

ção dos recursos naturais não renováveis (Flores & Nascimento 1994).

Instituto Ambiental Vidágua (1996) comenta que a degradação am-

biental consiste em alterações e desequilíbrios provocados no meio ambi-

ente que prejudicam os seres vivos ou impedem os processos vitais ali

existentes antes dessas alterações. Embora possa ser causada por efei-

tos naturais, a forma de degradação que mais preocupa governos e soci-

edades é aquela causada pela ação antrópica, que pode e deve ser regu-

lamentada. A atividade humana gera impactos ambientais que repercutem

nos meios físico-biológicos e socioeconômicos, afetando os recursos na-

turais e a saúde humana, podendo causar desequilíbrios ambientais no

ar, nas águas, no solo e no meio sociocultural. Algumas das formas mais

conhecidas de degradação ambiental são: a desestruturação física (ero-

são, no caso de solos), a poluição e a contaminação.

Valente (1974) afirma que o aumento da população mundial, bem

como o desequilíbrio biológico decorrente desta própria explosão popula-

cional já está trazendo sérias preocupações sobre o fornecimento de á-

gua às gerações futuras, quer em quantidade, quer em qualidade.

Segundo o Instituto Ambiental Vidágua (1996), a medida que a hu-

manidade aumenta sua capacidade de intervir na natureza para satisfação

de necessidades e desejos crescentes, surgem tensões e conflitos quanto

ao uso do espaço e dos recursos em função da tecnologia disponível.

Tucci (1993) lembrou que a ação do homem, no planejamento e desen-

volvimento da ocupação do espaço Terra, requer cada vez mais uma visão am-

pla sobre as necessidades da população, os recursos terrestres e aquáticos dis-

poníveis e o conhecimento sobre o comportamento dos processos naturais na

bacia hidrográfica, para racionalmente compatibilizar necessidades crescentes

com recursos limitados.

Retirar a vegetação de um determinado local, além de alterar a paisa-

gem contribui para o enfraquecimento do solo. O solo exposto fica sujeito à

erosão e os animais sem abrigo. O desmatamento realizado sem controle ou

10

planejamento de modo que a recuperação da área desmatada pode levar

até mais de 50 anos (http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo).

A perda da cobertura florestal aumenta a quantidade e a velocidade

do escoamento superficial com o conseqüente aumento da capacidade de

arraste e transporte de material. A desagregação de colóides pela ação das

chuvas e a diminuição da rugosidade da paisagem fazem com que a ação

do escoamento superficial, nas encostas e nos leitos dos cursos de água,

desequilibre os processos erosivos naturais das bacias hidrográficas (Schro-

eder 1996). Este desequilíbrio determina, por seu turno, a diminuição da área

agricultável e o empobrecimento dos solos em geral.

Carvalho (2000) comenta que a mais obvia medida preventiva no con-

trole de sedimentos é, na maioria das vezes, desprezada pelos projetistas e

diz respeito às regiões das cabeceiras dos rios, a alta bacia, que tem grande

contribuição de escoamento, mas pequena proporção de carga sólida. Pre-

servar as florestas nessas regiões é de uma importância para que não se

tornem responsáveis por grande produção de sedimentos.

Nas matas, a maior parte da água fica retida nas folhas, que são

importantes no sentido de reduzir a velocidade das gotas de água, mini-

mizando o impacto desta no solo. O desflorestamento é uma das causas

do equilíbrio morfogenético que acelera a evolução das vertentes. A reti-

rada da vestimenta vegetal natural faz crescer o escoamento superficial

(http://www.terrabrasil.org.br/infoverde/arquivo/edi8/iv-eco).

Toda a pressão antrópica exercida sobre a vegetação

nativa de uma bacia hidrográfica, que implique em sua diminu-

ição espacial, é seguida por um conjunto de conseqüências

sempre negativas que serão tanto maiores quanto mais nume-

rosos forem os fatores que resultarem em tal diminuição. A

desarmonia de um dos componentes do sistema água-solo-

planta resulta, invariavelmente, no desequilíbrio de outros

componentes, o que será notado com maior ou menor rapidez

em função da forma como o homem atua nesse meio em bus-

11

ca de benefícios (expansão agrícola, pecuária e exploração de

madeira) (Barroso 1987).

São consideradas de preservação permanente, segundo

a Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965 (código Florestal), em

seu art. 2°, as florestas e demais formas de vegetação natural

situadas (Governo Federal, 2001):

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais

alto em faixa marginal cuja largura mínima seja:

1 - de 30 m (trinta metros) para os cursos d'água de menos de 10 m (dez

metros) de largura;

2 - de 50 m (cinqüenta metros) para os cursos d'água que tenham de 10

(dez) a 50 m (cinqüenta metros) de largura;

3 - de 100 m (cem metros) para os cursos d'água que tenham de 50 (cin-

qüenta) a 200 m (duzentos metros) de largura;

4 - de 200 m (duzentos metros) para os cursos d'água que tenham de 200

(duzentos) a 600 m (seiscentos metros) de largura;

5 - de 500 m (quinhentos metros) para os cursos d'água que tenham lar-

gura superior a 600 m (seiscentos metros).

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'á-

gua", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo

de 50 m (cinqüenta metros) de largura; (Redação determinada pela Lei

nº7.803/89;

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45° , equi-

valente a 100% na linha de maior declive;

Art. 3º - Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando

assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas

de vegetação natural destinadas:

a) a atenuar a erosão das terras;

c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;

12

e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;

f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;

g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;

h) a assegurar condições de bem-estar público.

Souza Cruz (1998), a experiência tem demonstrado que as peque-

nas propriedades rurais de sucesso são aquelas que estão sendo utilizadas

racionalmente, dentro do sistema agro-silvo-pastoril. Este sistema prevê a

exploração de todo o potencial da propriedade dentro de sua vocação, dis-

tribuindo as atividades e mão-de-obra na produção de lavouras e frutas

(agro), na utilização das florestas, no reflorestamento (silvo) e na criação de

animais domésticos (pastoril).

Para que o produtor obtenha sucesso ao longo dos anos, aumentan-

do a produtividade agrícola, é necessário que as culturas ou criações sejam

exploradas dentro da capacidade de uso do solo de sua propriedade. Cada

gleba de terra tem uma vocação agrícola, pastoril ou florestal, que quando

utilizada racionalmente trará um retorno econômico significativo, sem a-

gressões ao meio ambiente.

Souza Cruz (1998) relaciona alguns pontos que devem ser obser-

vados para uma propriedade planejada:

a) Utilizar o solo de acordo com a sua vocação agrícola, alocando ade-

quadamente o reflorestamento, a fruticultura, as pastagens/criação e

as culturas perenes e anuais;

b) Adotar todas as práticas que permitam que o maior volume de água

permaneça por mais tempo na propriedade, sem escorrimento superfi-

cial (solo coberto, plantio em curva de nível, terraços, cordões vegetais

ou de pedra, reflorestamento, açudes);

c) Promover uma diversificação de atividades que permita a utilização racional

dos recursos da propriedade, como o solo e mão-de-obra, além de proporcio-

nar um bom fluxo de caixa durante o ano todo dentro de um modelo agro-

silvo-pastoril;

13

d) Alocar adequadamente estradas, instalações e áreas agrícolas, evitan-

do assim, distâncias desnecessárias.

Souza Cruz (1998) comenta que fatores como reflorestamento, sa-

neamento básico, manejo e conservação do solo, preservação de matas

ciliares (nascentes e córregos), rotação de culturas, destino adequado do

lixo tóxico, integração pecuária x agricultura, geração de novas opções de

exploração das propriedades planejadas, etc.., devem estar devidamente

integradas em todas as propriedades da microbacia.

O conhecimento do uso da terra de uma determinada bacia hidro-

gráfica torna-se importante na medida em que permite confrontar este uso

com diversos outros fatores que medem a real capacidade de uso de suas

terras. O mau uso conduz a destruição do meio ambiente, acelerando

processos de erosão, contribuindo com o assoreamento de cursos d’água

e conseqüentemente inundações.

Os levantamentos do uso da terra são de grande importância, na medida

que os efeitos de seu uso desordenado causam perturbações no meio ambiente.

Deste modo, há necessidade de atualização constante dos registros do uso da

terra, para que suas tendências possam ser analisadas.

Conforme o Inpe (1980), as informações atualizadas sobre o uso

da terra e sua distribuição são essenciais para o manejo eficiente dos re-

cursos agrícolas e florestais, havendo a necessidade sempre crescente

de atualização constante dos registros de uso da terra, para que suas

tendências possam ser analisadas.

3.2. Bacia Hidrográfica como unidade de pesquisa e planejamento

A bacia hidrográfica foi determinada como unidade territorial para

planejamentos na Lei 9.433 de 8 de janeiro de 1997 que institui a Política

Nacional de Recursos Hídricos (Governo Federal, 2001).

Segundo Rocha (1997), a bacia hidrográfica é uma área que drena

as águas de chuvas por ravinas, canais e tributários, para um curso prin-

14

cipal, com vazão efluente convergindo para uma única saída e deságüe

diretamente no mar ou em um grande lago. As bacias hidrográficas não

tem dimensões superficiais definidas.

O conceito de sub-bacia é o mesmo de bacia hidrográfica, acresci-

da do enfoque de que o deságüe se dá diretamente em outro rio. As sub-

bacias hidrográficas têm dimensões que variam entre 20.000 ha a

300.000 ha.

O conceito de microbacia é o mesmo de bacia hidrográfica, acres-

cido de que o deságüe se dá também em outro rio, porém a dimensão

superficial da microbacia é menor que 20.000 ha.

Segundo Tucci (1993), a bacia hidrográfica pode ser considerada

um sistema físico onde a entrada é o volume de água precipitado e a saí-

da é o volume de água escoado pelo exutório, considerando-se como

perda intermediarias os volumes evaporados e os transpirados e também

os infiltrados profundamente.

Burch et al. (1987) estudaram de maneira comparativa o

comportamento hidrológico de duas bacias hidrográficas, uma florestada e

outra mantida apenas com gramíneas por um período de mais de 80

anos. As diferenças foram marcantes, independentemente das condições

antecedentes de umidade de solo. Na bacia com gramíneas foram

verificados altos picos de descarga durante os períodos chuvosos,

enquanto que nas áreas florestais os picos foram muito menores. A

condutividade hidráulica na camada superficial de solo de gramínea foi

mais ou menos à metade da condutividade em floresta. Como resultado o

escoamento superficial foi muito diferente.

EPA (1996) comenta que a bacia hidrográfica constitui uma unida-

de hidrológica natural, ela representa a unidade mais lógica para o plane-

jamento dos recursos hídricos, já que permite que o foco das atenções se

concentre nestes recursos, e se tenha uma visão de conjunto dos proble-

mas que o afetam. O conceito de bacia hidrográfica pode ajudar a colo-

car em perspectiva muitos dos problemas e conflitos ambientais cuja reso-

15

lução necessita de uma abordagem integrada, como por exemplo a polui-

ção da água, os problemas de assoreamento dos rios, a perda da capaci-

dade produtiva dos solos, a poluição orgânica que resulta das atividades

humanas, a deterioração da fauna e flora, as erosões, etc..

Desde o início do trabalho das primeiras agências conservacionis-

tas, em 1952, até os dias atuais, as atividades de conservação do solo e

água têm-se desenvolvido apenas a nível de propriedade. Isto é, são rea-

lizados estudo, planejamento, locação, construção, manejo e manutenção

de práticas nas lavouras e pastagens da propriedade rural isolada, como

uma unidade completa e independente das demais vizinhas e da região.

A partir de 1980, foram iniciadas atividades ao nível de bacias hidrográfi-

cas em 9.500 ha das terras das microbacias hidrográficas do Arroio Ita-

quarinchim, no município de Santo Ângelo. Aí já não se considerava a

propriedade rural como uma unidade isolada, mas como parte de um to-

do, que é a bacia hidrográfica (Porto 1984).

Bassi (1990) comenta que o uso da bacia hidrográfica

como unidade experimental onde os processos de erosão e,

ou conservação podem ser vistos de forma não isolada mas

fazendo parte de um sistema, tem demonstrado ser um enfo-

que adequado ao desenvolvimento dessa unidade comunitária

“bacia hidrográfica”, tanto no aspecto social quanto no eco-

nômico.

Um projeto de planejamento integrado de bacias hidro-

gráficas é, segundo Rocha (1997), uma proposta educativa e

corretiva para recuperar o meio ambiente deteriorado, sugeri-

do as melhores alternativas para a proteção e conservação da

natureza, melhorando substancialmente a qualidade de vida

do homem e da sociedade, permitindo o uso científico contí-

nuo dos recursos naturais.

Considerando que todos os recursos são interdependentes e, por-

tanto, devem ser estudados em conjunto, Emmerich & Marcondes (1975),

16

destacam que a proteção e a recuperação das bacias hidrográficas são

ações que devem merecer maior atenção na conservação dos recursos

naturais, e que o objetivo de manejar uma bacia hidrográfica vem a ser a

conjugação dos problemas do uso da terra e da água.

Segundo Browner (1996), o planejamento ao nível da bacia hidro-

gráfica representa uma abordagem ao planejamento ambiental que permi-

te concentrar os esforços despendidos ou a despender pelos setores pú-

blicos e privados, na resolução dos problemas de mais alta prioridade, em

uma área geograficamente definida pela sua rede hidrográfica e tomando

em consideração os fluxos de água à superfície e em profundidade.

Beltrame (1991) comentou que o ordenamento ambiental integral

de uma microbacia hidrográfica, o conhecimento do uso da terra, é um

pré-requisito importante. Este, ao ser representado de forma cartográfica,

transformando-se em material indispensável para a definição do grau de

proteção fornecido ao solo pela cobertura vegetal atual, do grau de dete-

rioração da cobertura vegetal original, do uso racional da terra, auxiliando

também na definição de aptidão do uso agrícola.

3.3. Manejo de Bacias Hidrográficas na preservação dos recursos

hídricos

Valente & Castro (1981) afirmam que o manejo de bacias

hidrográficas engloba todos os tratamentos que venham sofrer

todos os recursos naturais da bacia hidrográfica, visando as-

segurar o máximo suprimento de água, em qualidade e quan-

tidade, dentro de princípios técnicos e econômicos. No tocante

a qualidade de água, envolve o estudo de todos os recursos

da bacia, que de um modo ou de outro, venham a alterar as

condições requeridas para um uso específico.

Kosarik & Lima (1973) conceituam o manejo de bacias hidrográfi-

cas como sendo o conjunto de ferramentas técnicas que se dispõem para

17

o controle ou a amenização das conseqüências negativas resultantes de

atividades de uso da terra pelo homem.

Barroso (1987) salientou que no manejo de bacias hidro-

gráficas, onde as áreas já estão todas em regime de explora-

ção, a grande dificuldade do planejador é conciliar a conser-

vação dos recursos naturais com a exploração econômica de-

senfreada. Outra grande dificuldade está em que a bacia hi-

drográfica, na maioria das vezes, está ocupada por minifún-

dios. Além dos proprietários serem pouco sensíveis aos as-

pectos de conservação de água, solo e outros recursos natu-

rais, o próprio tamanho das propriedades dificulta qualquer

medida a ser tomada.

Barroso (1987) recomenda para o manejo de bacias

hidrográficas, com referência ao controle da agricultura, pecu-

ária e reflorestamento, o método da capacidade de uso da ter-

ra e coeficiente de rugosidade, analisando-se seus conflitos

com o uso da terra.

Sperling (1999) afirma que, para se evitar a morte precoce de la-

gos, principalmente aqueles de pequeno tamanho, e a sua posterior trans-

formação em pântanos e, em um etapa seguinte, em desertos, é necessá-

ria a adoção de medidas preventivas e corretivas, tanto no próprio corpo

d’água quanto na sua bacia de drenagem. Dentre estas medidas podem

ser citado o disciplinamento do uso e ocupação do solo, o controle de fo-

cos de erosão, a construção de anéis interceptores circundando os lagos,

a implantação de bacias de sedimentação nos tributários e a dragagem

de sedimentos, além naturalmente da implantação de programas de edu-

cação ambiental.

Segundo Tucci (1993), o planejamento da ocupação da

bacia hidrográfica é uma necessidade numa sociedade com

usos crescentes da água, a qual tende a ocupar espaços com

riscos de inundação, além de danificar o seu meio. A tendên-

18

cia atual envolve desenvolvimento sustentado de bacia hidro-

gráfica, que implica no aproveitamento racional dos recursos,

com o mínimo dano ao ambiente.

3.4. Avaliação do grau de deterioração de Bacias Hidro-

gráficas

Souza Cruz (1998) comenta que muitas vezes, as propriedades es-

tão utilizando áreas com lavoura que serviriam mais para uma pastagem ou

reflorestamento. Isto é um exemplo de como o espaço rural está sendo u-

sado fora da sua aptidão natural. Para que o solo possa ser usado de acor-

do com sua capacidade, sua aptidão ou vocação natural, existem alguns

sistemas já conhecidos. Com base na declividade do terreno, sua profundi-

dade, susceptibilidade a erosão, drenagem, presença de pedras, entre ou-

tras características, é possível classificar cada área dentro da propriedade.

Segundo Marques (1971), a classificação geral da capacidade de

uso da terra visa o estabelecimento de bases para a formulação de planos

e recomendações com respeito as melhores relações entre o homem e a

terra. Envolve a avaliação das necessidades e possíveis problemas para

vários usos que possam ser dados a uma determinada gleba, de tal modo

a se poder encontrar as melhores soluções para o seu e para os tipos es-

peciais de exploração agrícola que nela venham a ser estabelecidos.

O mesmo autor comenta que em qualquer caso a avaliação da ca-

pacidade de uso do solo se baseará nas condições existentes por ocasião

do mapeamento, neste particular convém sempre ter em mente, nas á-

reas cultivadas suficientemente inclinadas para serem suscetíveis a lava-

gens destrutivas, ainda que não haja sinais atuais de erosão, deve-se

considerar essa sua própria suscetibilidade como uma condição presente

condicionadora de sua capacidade de uso.

19

Conforme Marques (1971), a classificação da capacidade de uso

da terra é usualmente feita no escritório após levantamentos de campo,

com auxilio de chaves ou tabelas especiais devidamente ajustadas para a

área em questão, nas quais se indica, para cada classe de capacidade de

uso, as combinações mais freqüentes das várias condições e característi-

cas da terra, possíveis de ocorrer na área.

Os dados obtidos de um levantamento de uso da terra servem de

base para a realização de outros estudos. Os mesmos podem ser correla-

cionados com a capacidade de uso da terra, geomorfologia, geologia, de-

clividade e outros. Este tipo de trabalho deve ser desenvolvido periodica-

mente. Assim, de acordo com o Castillero (1984) apud Inpe (1980), as

informações sobre uso da terra e sua distribuição são essenciais para o

manejo eficiente dos recursos agrícolas e florestais, havendo a necessi-

dade de atualização constante dos registros de uso da terra, para que

suas tendências possam ser bem analisadas.

O método para elaborar diagnóstico físico conservacionista visa re-

ter as águas pluviais na microbacia hidrográfica e, assim, reter os proces-

sos de erosão, efeitos de secas e enchentes. Para isto, é necessário divi-

dir bacia ou sub-bacia hidrográfica em microbacias homogêneas em áreas

e padrão de drenagem. Em cada microbacia, levanta-se o coeficiente de

rugosidade (RN), determinando-se a aptidão das terras para a agricultura,

pastagem, pastagem/florestamentos, florestamentos, e os devidos usos.

Em tabelas apropriadas, analisa-se os conflitos entre o uso da terra x RN

e são calculadas, para cada microbacia hidrográfica, as áreas a serem

trabalhadas para a correção dos conflitos. Concomitantemente, são reco-

mendados florestamentos para cada microbacia hidrográfica, até atingir a

cobertura mínima de 25%. O método determina o grau de deterioração de

cada microbacia hidrográfica, do total da sub-bacia hidrográfica, e apre-

senta a sistemática de correção da deterioração (Rocha, 1990).

De acordo com Pereira Filho (1986), o coeficiente de rugosidade

(RN-Ruggdeness Number) é um parâmetro que direciona o uso potencial

20

da terra com relação a suas características para agricultura, pecuária ou

reflorestamentos; bacias hidrográficas com maiores valores de “RN” ca-

racterizam-se também por apresentarem maiores riscos de sofrerem pro-

cessos erosivos.

Segundo Mello Filho (1994), o coeficiente de rugosidade é o parâ-

metro que direciona o uso potencial das terras. Quando a prática de uso da

terra, encontrada no campo, contraria a destinação recomendada a partir

do coeficiente de rugosidade, fica configurado o conflito. As áreas de confli-

to produzem maiores danos ambientais e geram menor produtividade.

O coeficiente de rugosidade ou Ruggedness Number, tem a finalida-

de de classificar as terras do tipo: A (terras agrícolas), B (terras pastoris), C

(terras pastoris e florestais), e D (terras florestais). Sendo os menores valo-

res de RN correspondentes, naturalmente, às terras agrícolas. O RN é

também um dado importante para a vazão superficial de um terreno: quan-

to maior o seu valor, mais propício é o terreno à erosão (Rocha, 1997).

Mello Filho (1994) alertou que os conflitos podem acontecer em

duas situações: quando o tipo de uso da terra contraria a destinação re-

comendada a partir do coeficiente de rugosidade, ou quando o uso atual

da terra, mesmo que coincida com o indicado pelo coeficiente de rugosi-

dade, subestime o potencial da terra, com baixa produtividade por técni-

cas inadequadas, ineficientes ou condenáveis.

Segundo o diagnóstico físico conservacionista a bacia hidrográfica

do Rio Pratagy-AL, está deteriorada em 34,75%. Possui uma área de

13.369,5 ha, onde 4.500,39 ha estão deteriorados, possui 3.825,52 ha de

conflitos (IMA/GTZ 1993).

A questão ambiental (re) discute formas de apropriação dos recur-

sos naturais que geram alteração da qualidade desses recursos, através

da poluição/esgotamento de suas potencialidades. A ausência de políticas

adequadas, quanto ao planejamento dos recursos naturais, induz a de-

gradação ambiental. Planejar para desenvolver é manejar o ambiente,

visando a melhoria da qualidade populacional. É necessário desenvolver

21

metodologias que planejem o uso dos recursos naturais e, que sejam ca-

pazes de avaliar a degradação destes. Assim, uma metodologia para o

diagnóstico da situação real dos recursos naturais numa bacia (reconhe-

cida como a melhor unidade para o manejo), passa a ser um instrumento

necessário para a preservação e gerenciamento destes recursos. O diag-

nóstico físico conservacionista da bacia do Rio Marrecas, sudoeste do

Paraná, objetivou determinar o seu potencial de degradação ambiental e,

para isso, baseou-se na metodologia desenvolvida pelo CIDIAT/MARNR,

da Venezuela (Ferretti 1998).

O diagnostico Físico Conservacionista para a sub-bacia hidrográfica

do Rio Alambari, constituinte da bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul,

com apoio de mapas gerados por fotointerpretação de imagens orbitais e

de aerofotogramas, foi utilizado pela Prefeitura de Resende-RJ, para o de-

senvolvimento daquela região e a criação da APA. O diagnóstico físico

conservacionista para a sub-bacia hidrográfica do Rio Sesmaria e o plane-

jamento do uso da terra, gerados por cartografia baseada em fotointerpre-

tação, permitiu a prefeitura de Resende-RJ, ações junto aos produtores

rurais para o desenvolvimento rural e urbano da região (UFRRJ/IF 2001).

O diagnóstico físico conservacionista da sub-bacia hidrográfica do

Rio Passo Fundo (220.868,5 ha) até a barragem da usina hidrelétrica de

Passo Fundo-RS (Eletrosul (AMA)1988), foi realizado em duas épocas

diferente, 1975 e 1988, onde em 1975 havia uma área de 130.447,74 ha

de conflitos, 32.642,99 ha de área a reflorestar, 154.315,64 ha de área a

ser trabalhada para o manejo correto e possuía uma deterioração de

74,97%. Em 1988 a área de conflitos subiu para 151.075,73 ha, 37.472,73

ha de área a reflorestar, 179.243,87 ha de área a ser trabalhada para o

manejo correto e a deterioração subiu para 87,09%.

O diagnóstico físico conservacionista da sub-bacia hidrográfica do

Rio das Pedras-Ituporanga-SC (12.455,9931 ha), apresentou uma área de

conflitos de 3.581,25 ha, uma área a ser trabalhada de 4.214,5 ha e uma

deterioração de 33,84% (Panichi 1989).

22

O diagnóstico físico conservacionista da sub-bacia hidrográfica do

Rio Ibicui-Mirim (130.887,5 ha), constatou que a área a ser reflorestada é

de 19.335,63 ha, e a área a ser trabalhada para o manejo correto da sub-

bacia é de 60.473,54 ha (Emater 1986).

3.5. Processo de transporte e deposição de sedimentos e sua relação

com o manejo inadequado de bacias hidrográficas.

A perda de solo ocorre na área de uma bacia hidrográfica está diretamente

relacionada com o uso e manejo do solo, e os sedimentos originam-se de um

processo de erosão que geralmente ocorre no solo por diferentes formas de a-

ção (Figueiredo, 1989).

Dentre as várias formas de erosão existentes na natureza, a que

merece maior importância e estudo é a provocada pela ação da água das

chuvas, denominada erosão hídrica, que existe na bacia hidrográfica, di-

minui a capacidade produtiva do solo e é responsável pela produção de

sedimentos na bacia.

A erosão é um processo que envolve trabalho, onde a energia para

tal é fornecida pelo impacto das gotas de chuva que caem sobre a super-

fície do solo e pelo fluxo de água que escoa superficialmente sob a ação

da gravidade (Meyer, 1971).

O transporte do material arrancado (sedimento) se dá por fluxo de

massa, na forma de rolamento, deslizamento ou arraste da partícula, por

suspensão ou por ambas as maneiras. Quando o efeito do impacto da

gota da chuva sobre o solo move suas partículas desagregadas a certas

distâncias em todas as direções, o transporte pode ser dito por salpico

(Mutchler & Young 1975).

Os processos de erosão e sedimentação numa bacia hidrográfica

podem trazer muitos problemas. Numa área agrícola a erosão remove a

camada superficial do solo, reduzindo a produtividade. O sedimento é

23

transportado para o curso d’água, prejudicando a qualidade das águas

superficiais, além de servir como veículo a outros poluentes que são ab-

sorvidos a estes materiais. Assim que a capacidade de transporte dos

cursos receptores seja insuficiente, tais sedimentos são depositados em

canais de irrigação, rios, estuários, reservatórios, portos, reduzindo a ca-

pacidade destas estruturas (Branco et al 1998).

Os sedimentos que chegam ao curso d’água tem diversas granu-

lometrias e sofrerão um processo de transporte diferenciado, de acordo

com as condições do local e do escoamento (Carvalho, 1994).

A presença de sedimentos nos cursos d’água ocasionam vários

problemas, afetando a operação de reservatórios e canais, diminuem a

capacidade de reservatórios, favorecem a poluição física e química, au-

menta o custo de tratamento para os vários usos e trazem danos à vida

aquática (Paiva et al 1998).

Existem forças que atuam sobre as partículas, que as mantém em

suspensão ou no fundo do rio, saltando do leito para o escoamento, desli-

zando ou rolando ao longo do leito, as quais são função do tamanho, peso

e forma da partícula, do regime de escoamento, da velocidade da corrente,

de obstáculos no leito, da declividade e forma do canal, entre outras.

Quando o aporte de sedimentos excede a capacidade de transpor-

te, há a deposição deste material em locais relativamente mais baixos,

que podem ser depressões naturais do terreno ou reservatórios de água

como rios, lagos, açudes ou represas, concluindo assim o processo erosi-

vo (Branco,1998).

As deposições de sedimentos dentro dos reservatórios, conforme

Carvalho (1994), podem ser divididas em depósitos de delta, com

sedimentos mais grossos, depósito de margem e depósito de leito, com

sedimentos mais finos. Os depósitos de delta reduzem a capacidade útil

do reservatório e os depósitos de leito reduzem o volume morto. Para

determinação do assoreamento e vida útil do reservatório são necessários

dados de medição de descarga sólida, granulometria do sedimento

24

transportado, vazões naturais e dados de projeto do reservatório. Tais

medições nem sempre são disponíveis em pequenas bacias,

necessitando–se adotar métodos de estimativa do aporte e retenção de

sedimentos pelo reservatório.

A erosão resultante da atividade humana também é capaz de alterar a

paisagem, porém numa velocidade bem maior que os processos naturais.

Em alguns locais é possível observar o efeito da erosão, num intervalo de

tempo de apenas alguns anos. O uso de máquinas pesadas como tratores

e arados, e mesmo o pisoteio freqüente dos animais podem causar a com-

pactação do solo (http://educar.sc.usp.br/ciencias/recursos/solo).

O conhecimento do uso da terra de uma bacia hidrográfica torna-se

importante na medida em que permite confrontar este uso com diversos

outros fatores que medem a real capacidade de uso de suas terras. O

mau uso conduz a destruição do meio ambiente, acelerando processos de

erosão, contribuindo com o assoreamento de cursos d’água e conseqüen-

temente inundações.

O solo é a camada fina da superfície terrestre, onde as raízes das

plantas se fixam para buscar alimento, ar e água. Essa camada é o resul-

tado da ação de milhões de anos da natureza e pode ser destruído rapi-

damente pela sua utilização inadequada. A partir do momento em que o

homem passou a utilizar o solo intensivamente, visando não somente as

suas necessidades pessoais de alimentação, mas também como uma

fonte de renda, houve mais e mais necessidades de se fazer queimadas,

derrubar matas e usar mais intensamente o solo. A demanda crescente

de alimentos é uma das principais causas que geram a necessidade de

se obter pelo menos duas safras anuais numa mesma área. Tal atividade

tem levado ao mau uso do solo, com conseqüências danosas nas suas

propriedades físicas e químicas, refletindo diretamente na redução da fer-

tilidade. Tal atitude provoca a quebra do equilíbrio natural entre a terra e

as plantas. Para tentar diminuir os efeitos desse desequilíbrio existem vá-

rias técnicas de conservação do solo e da água, bem como de controle da

25

erosão. Todas as técnicas apresentadas a seguir são complementares e

interdependentes. As principais são:

a) Uso do solo de acordo com as suas potencialidades e limitações

para o cultivo, é preciso observar-se a aptidão agrícola de cada so-

lo para evitar problemas de erosão e de degradação do solo;

b) Preparo racional do solo – o preparo intensivo do solo promove a

sua desagregação e incentiva a erosão pela ação da chuva e do

vento. Gradagens excessivas pulverizam o solo, além de aumentar

os custos de produção;

c) Uso de plantas que cubram rapidamente o solo e que não exijam

tratos culturais intensivos, principalmente nas áreas mais sujeitas à

erosão;

d) Cultivo de plantas de ciclo mais longo para manter a área bem co-

berta ao longo de todo período chuvoso. Utilização de corretivos e

fertilizantes para estimular o rápido desenvolvimento da vegetação

e apressar a cobertura do solo e reduzir a erosão;

e) Rotação de culturas – o plantio de culturas diferentes a cada ano

ou a cada período é sempre recomendável e deve-se evitar o uso

de monoculturas.

As chuvas que desagregam os solos e as enxurradas que os

transportam para os cursos d’água são os maiores responsáveis pelo

transporte de sedimentos (Carvalho, 1994).

Para Carver (1988), o desenvolvimento e o uso da terra de maneira

não somente a protegêla-la contra a erosão, mas também a desenvolver

gradativamente a sua capacidade produtiva, requer um cuidadoso plane-

jamento inicial, que leve em conta informações corretas a respeito do meio

em que se vai intervir, resultando em ações efetivas e eficientes.

Paiva (2001) comenta que o estudo e a compreenção dos fatores

que integram o processo de erosão do solo e a quantificação das perdas

de solo são de grande importância, pois servem como ponto de partida

para a elaboração de medidas que visem a maximização do uso dos re-

26

cursos hídricos disponíveis, sem os efeitos negativos decorrentes da pro-

dução, transporte e deposição de sedimentos.

3.6. Assoramento de reservatórios

Segundo Sperling (1999), a batimetria consiste na determinação do

relevo de fundo de um corpo d’água e de sua respectiva representação

gráfica. Antigamente eram usados alguns instrumentos simples para a me-

dição de profundidade, como varas e cordas calibradas, com peso na ex-

tremidade. Mais modernamente são utilizados embarcações providas de

sensores (ecobatímetros), cujo o principio de funcionamento é baseado na

propagação de ondas sonoras (emissão de sinais acústicos) na água.

Segundo Infanti & Fornasari (1998), o assoreamento é um proces-

so que consiste na acumulação de partículas sólidas (sedimento) em meio

aquoso, ocorrendo quando a força do agente transportador natural é so-

brepujada pela força da gravidade ou quando a super saturação das á-

guas permite a deposição. A intensificação deste processo (assoreamen-

to) decorre em geral das atividades antrópicas, relacionado diretamente

do aumento de erosão pluvial, por práticas agrícolas inadequadas e infra-

estrutura precária de urbanização, bem como da modificação da velocida-

de dos cursos d’água por barramentos, desvios, entre outros.

Sperling (1999) comenta que o intenso aporte de material mineral (princi-

palmente areia, silte e argila) é o fenômeno causador do assoreamento dos corpos

d’água. No caso de lagos e represas, que apresentam um elevado tempo de resi-

dência da água, em comparação com os rios, ocorre a deposição deste material

na região de entrada dos tributários. O assoreamento pode gradativamente ir se

estendendo por todo o fundo do lago, provocando assim a diminuição do seu perí-

odo de vida. Além disso, a utilização do ambiente aquático fica fortemente prejudi-

cada, principalmente com relação aos usos para geração de energia e contenção

de cheias.

A construção de uma barragem e a formação do seu reservatório normal-

mente modificam as condições naturais do curso d’água. Em relação ao aspecto

27

sedimentológico, as barragens geram uma redução das velocidades da corrente

provocando a deposição gradual dos sedimentos carreados pelo curso d’água,

ocasionando o assoreamento, diminuindo gradativamente a capacidade de arma-

zenamento do reservatório e podendo vir a inviabilizar a operação do aproveita-

mento, além de ocasionar problemas ambientais de diversas naturezas (Carvalho

2000).

O curso d’água, ao entrar no reservatório, tem as suas seções transver-

sais aumentadas, enquanto as velocidades da corrente decrescem, criando con-

dições de deposição de sedimento. As partículas mais pesadas, como pedregu-

lhos e areias grossas, são as primeiras a se depositar enquanto o sedimento

mais fino adentra o reservatório. A barragem constitui um impedimento à passa-

gem da maior parte das partículas para jusante, o que pode ocorrer com o esco-

amento pelo vertedouro e pelos condutos (Carvalho 2000).

Sedimentos que se depositam pela influência do reservatório se estendem

para montante e para jusante, não se distribuindo uniformemente mesmo dentro

do lago. A deposição de montante se denomina depósito de remanso (Backwater

deposit), em referência ao fenômeno hidráulico, sendo também remontante à me-

dida que aumentam os depósitos nestas áreas. As deposições dentro do reserva-

tório são chamadas de delta (delta), depósito de margem (overbank) e depósito de

leito (bottom-set deposit). O delta se forma com sedimentos grossos, enquanto

que os depósitos do interior, com sedimentos mais finos. As enchentes produzem

outro tipo de deposição, ocorrendo ao longo do curso d’água e do reservatório,

formado por sedimentos mais finos e grossos e que é denominado depósito de

várzea ou depósito de planície de inundação (Carvalho 2000).

Os reservatórios interceptam a maior parte das descargas sólidas

transportadas na rede fluvial. A determinação dos volumes de sedimentos

neles depositados fornece indicações preciosas e as vezes decisivas so-

bre a produção de sedimentos pelas bacias hidrográficas. Essa determi-

nação é geralmente feita por comparação entre levantamentos topo-

batimétricos feitos antes da construção da barragem e depois de um perí-

odo de operação do reservatório, com uso de ecobatímetro (Tucci 1993).

O processo erosivo promove problemas também em cursos e re-

servatórios d’água, dentre esses pode-se citar: redução da capacidade de

28

armazenamento dos reservatórios devido a sedimentação; redução do

potencial de geração de energia elétrica em conseqüência da diminuição

da capacidade de acumulação de água nos reservatórios, elevação dos

custos de tratamento de água, desequilíbrio do balanço de oxigênio dis-

solvido na água e prejuízos para o crescimento de espécies aquáticas, em

função da turbidez da água e da conseqüente redução na capacidade de

propagação da luz e aumento dos custos de drenagem dos cursos e re-

servatórios d’água (Barroso & Silva 1992).

A sedimentação de drenagens podem ser de origem eólica, mari-

nha ou fluvial (Guerra 1993).

No início do presente século, quando foram dados os primeiros passos

da ciência limnológica, já eram rotineiras as medições das principais dimensões

de lagos, notadamente na região alpina e em outras partes da Europa Central.

Welch (1948), descreve em detalhes os procedimentos para a condução de le-

vantamentos morfométricos. Hakanson (1984), proporciona uma útil copilação de

técnicas para avaliação da morfometria de lagos e represas. Atualmente a evo-

lução de equipamentos cartográficos, os avanços na fabricação de ecosondas, o

desenvolvimento da aerofotogrametria e a utilização de imagens de satélite são

fatores que proporcionam um aprimoramento na obtenção de dados morfométri-

cos Sperling (1999).

A batimetria realizada no reservatório do Rio Santo Anastácio que

abastece a cidade de Presidente Prudente-SP, com área alagada de 75,6

ha, mostrou que o volume do reservatório em 1993 era de 1.962.000 m³ e

em 1998 de 1.698.515 m³ , causando uma redução de 13,42% no volume

de água (Machado et al 1998).

A represa do Balneário da Amizade, localizada na Bacia Hidrográfi-

ca do Alto Limoeiro, entre os municípios de Presidente Prudente e Álvares

Machado, tem uma área de 399.426 m2 e um volume de água de apro-

ximadamente 1.988.208 m3. A sedimentação junto à foz do Rio Limoeiro,

em 3 meses, aumentou 16.123 m2 em área e 14.852 m3 em volume. A

represa perdeu cerca de 0,74% do seu volume num período de 3 meses

(Elias 1997).

29

Em abril de 1997 foi realizada batimetria no reservatório do Vaca-

caí Mirim, época em que o volume armazenado se encontrava reduzido,

em conseqüência de forte estiagem. Na ocasião, o nível d´água do reser-

vatório situava-se a aproximadamente 5 m abaixo da cota do vertedor. Foi

realizado um levantamento topográfico plani-altimétrico por irradiação na

área descoberta e uma batimetria na área com água. Com este levanta-

mento foi possível obter a capacidade do reservatório e a constatação que

ocorreu uma redução do volume total de armazenamento da barragem,

que foi de 1,126893 hm3, o que corresponde a 22,87% do armazenamen-

to total, num período de aproximadamente 25 anos (Paiva 1998).

30

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Caracterização geral da área

4.1.1. Localização

A área de estudo foi a Bacia hidrográfica a montante da barragem

do Vacacaí Mirim - Santa Maria - RS. Faz parte da bacia hidrográfica do

Guaíba, a maior bacia hidrográfica do estado, que está situada entre as

coordenadas geográficas 53º 46’ 30” a 53° 49’ 29” de longitude Oeste e

29º 36’ 55” a 29° 39’ 50” de latitudes Sul, abrangendo uma área total de

3.061,61 ha.

Figura 1 - Localização da Bacia hidrográfica do Rio Vacacaí-Mirim.

31

Quadro 1 - Características da Bacia do Vacacaí Mirim a montante do reservatório

do DNOS.

Características da Bacia hidrográfica do Rio Vacacaí-Mirim

Área 3.061,7 ha

Declividade Média 24,45%

Unidade Crítica de Deterioração Físico Conservacionista 9,37%

Unidade Crítica de Deterioração Ambiental 37,6%

Fonte: Dill (2001)

4.1.2 Características fisiográficas

O Rio Grande do Sul apresenta quatro grandes compartimentos

geomorfológicos: Planalto, Depressão Periférica, Escudo Sul-Riogranden-

se e Planície Costeira. Neste contexto, o Município de Santa Maria, loca-

lizado no centro do estado, ocupa áreas de Planalto e da Depressão Cen-

tral (Castillero, 1984).

Desta forma, a Bacia hidrográfica do Rio Vacacaí-Mirim pode ser

dividida, em linhas gerais, em três grandes compartimentos geomorfológi-

cos com cararcterísticas morfológicas e geológicas distintas

1) Região do Planalto: A zona das nascentes localizada na denominada

região do Planalto, a altitude varia entre 300 e 480 metros, é formado

pelo vulcanismo da Bacia do Paraná, ocorrido no Mesozóico, com a

presença de Basaltos, arenitos intertrapps. A região é caracterizada

pela presença de um relevo ondulado e suavemente ondulado, resul-

tante do trabalho de dissecação fluvial na superfície do planalto. A

drenagem, tem padrão Dendrítico, com vales em V ou de fundo plano.

2) Rebordo do Planalto: É uma área de transição entre o planalto e a de-

pressão Periférica, caracterizada por escarpas abruptas. A drenagem

flui no sentido da depressão Periférica e é caracterizada por um pa-

drão dendrítico com presença marcante dos vales em V, que por ero-

são regressiva provocam o festonamento da escarpa.

32

3) Depressão Periférica: è constituída por rochas sedimentares da Bacia

do Paraná, que datam do Paleozóico e Mesozóico (Triássico), encober-

tos localmente por sedimentos cenozóicos e também recentes (planí-

cies aluviais). Destaca-se na região uma topografia mais ou menos pla-

na e suavemente ondulada, com morros de forma arredondada.

4.1.3. Características climáticas

De acordo com Moreno (1961) apud Isaia (1992), o clima específi-

co do município de Santa Maria, de acordo com o sistema de classifica-

ção de Köppen, é o sub-tropical “Cfa”, com temperatura média anual de

19,3ºC; a média das temperaturas máximas do mês mais quente (janeiro)

é de 31,5ºC e do mês mais frio (julho) atinge os 9.3°C; a temperatura mí-

nima absoluta é geralmente de 0ºC, e a máxima absoluta é de 35ºC.

A precipitação média anual é superior a 1.500 mm, com uma fre-

qüência de 113 dias. Entretanto, esta região pode sofrer um deficit anual

superior a 200 mm de precipitação.

A umidade relativa do ar média anual é de 82%; os ventos predo-

minantes são de leste e sudoeste, com freqüência expressiva também

para os ventos que sopram do quadrante norte. A região é periodicamen-

te invadida por massas polares e frentes frias (frente polar atlântica), res-

ponsável pelas baixas temperaturas (inverno) e pela regularidade na dis-

tribuição das precipitações.

4.1.4. Características da vegetação

Segundo Bortoluzzi (1971), o município de Santa Maria é vegetado

pelos campos limpos e pela floresta Sub-caducifólia sub-tropical.

Os campos limpos constituem a pastagem natural, predominando

em quase toda a depressão periférica do município. Ocorrem também na

33

porção do Planalto. Em meio aos campos, é comum a presença de ca-

pões isolados de mata de pequeno e grande porte.

A escarpa da Serra geral é ocupada pela floresta sub-caducifolia

sub-tropical, a qual, de acordo com Seplan (1986), constitui-se por dois

extratos arbóreos distintos, um emergente e outro dominado. O extrato

emergente, apresenta árvores com altura variando entre 25 e 30 metros,

constituindo-se pelo predomínio de espécies leguminosas caducifólias,

dentre as quais se destacam a Grápia e o Angico Vermelho. O extrato

dominado, contínuo, é constituído por árvores cuja altura não ultrapassa

os 20 metros, caracterizando-se por uma grande diversidade floristica de

espécies predominantemente perenifólias, com considerável ocorrências

de lauráceas: Canela-Guaicá, Guajuvira, Alegrim entre outras. Além dos

dois extratos arbóreos referidos, verifica-se também a ocorrência de ex-

trato arbustivo, com alta freqüência de indivíduos, principalmente os gê-

neros Actinostemon, Sorocea, Trichilia, entremeados pela intensa regene-

ração das espécies formadoras dos níveis arbóreos.

4.1.5. Características pedológicas

Os solos do município de Santa Maria caracterizam-se por serem

muito diversificados, predominando, de uma forma geral, os Podzólico

Vermelho-Amarelo Álico, Brunizem Hidromórficos, Litossolos, Planossolos

e Latossolos. Estes solos, a uma escala de reconhecimento, estão distri-

buídos em seis unidades de mapeamento que abrangem o município:

Unidade de mapeamento Júlio de Castilhos, Unidade de mapeamento

Charrua, Unidade de mapeamento Ciríaco, Unidade de mapeamento São

Pedro, Unidade de mapeamento Santa Maria e Unidade de mapeamento

Venda Grande. As três primeiras ocorrem nas porções localizadas no

planalto e no rebordo do planalto e as demais ocorrem na parte do muni-

cípio localizada na depressão central.

34

Unidade de Mapeamento Júlio de Castilhos é constituída por solos

Podzólico Vermelho Escuro, em relevo ondulado e substrato basáltico,

pertencendo à formação Serra Geral; são solos mediamente profundos,

bem drenados e de moderada capacidade erosiva. É recomendado: agri-

cultura com práticas conservacionistas normais, em alguns locais, está

associado aos solos Litólicos da formação Guassupi, próprios para pasta-

gens.

Unidade de Mapeamento Charrua é constituída por solos Litólicos

Eutróficos, em relevo montanhoso, pequena profundidade, moderada-

mente drenados. São solos altamente susceptíveis à erosão, em decor-

rência do relevo, da alta pedregosidade e da sua pouca espessura. Re-

comendado para o uso com culturas perenes.

Unidade de Mapeamento Ciríaco é formada por solos Brunizem

Avermelhados, com média profundidade e moderadamente drenados,

ocorrendo em relevo fortemente ondulado. Está associada aos solos da

Unidade Charrua, formando a Associação Ciríaco-Charrua, apresentando,

portanto, as mesmas limitações e vocação da unidade anterior.

Unidade de Mapeamento São Pedro pertence à Formação Santa

Maria (Cretáceo Inferior até o Triássico Superior), com substrato de areni-

tos. Ocorrem em altitude média de 150 metros, em terrenos ondulados

com declividade entre 8 e 10%, com moderada capacidade erosiva, solos

Podzólico Vermelho-Amarelo, bem drenados, com profundidades superior

a 1,0 metro, horizonte “A” com textura franco-argilo-arenosa, horizonte “B”

com textura argilo-arenosa a franco-argilo-arenosa. É recomendado: cul-

turas perenes ou pastagens.

A Unidade de Mapeamento Santa Maria, pertencente à Formação

Santa Maria. É constituída por solos Brunizem Hidromórfico, substrato de

Siltitos e arenitos (Formação Lacustre), ocorrendo em altitude média de

100 metros, em terreno suavemente ondulado a ondulado (declividade

média de 6%), com moderada a forte capacidade de erosão, solos imper-

feitamente drenados, mediamente profundos, textura horizontal “A” Fran-

35

co-Arenosa a Arenosa. Horizonte “B” com textura Franco-Siltosa, reco-

mendação: pastagem.

A Unidade de Mapeamento Venda Grande pertence à formação

Santa Maria. É constituída por solos Brunizem, com substrato de Siltitos e

Arenitos finos. Ocorre em altitude média de 150 metros, em relevo ondu-

lado, com pequenas elevações arredondadas, onde a declividade se situa

entre 10 e 15%, com moderada capacidade de erosão, solos moderada-

mente drenados, de mediana profundidade, horizonte “A” com textura

Franco-Arenosa, textura horizontal “B” Franco-Argilo-Arenosa (Brasil

1973).

4.2. Material

4.2.1 Material cartográfico e aerofotogramas

Para a realização dos levantamentos na Bacia hidrográfica do rio

Vacacaí Mirim, foram utilizadas cartas topográficas elaboradas pelo minis-

tério do Exército (Departamento de Engenharia e comunicações, diretoria

de serviço Geográfico) na escala 1:50.000, com impressão em 1999 e

eqüidistância das curvas de nível de 20 metros e cartas 1.25000, com

impressão em 1992 e eqüidistância de 10 metros.

- 1.25.000 - Santa Maria - NE MI - 2965/1-NE

- Santa Maria - SE MI - 2965/1-SE

- 1.50.000 - Santa Maria MI - 2665/1

Foram utilizados aerofotogramas do ano de 1964 (escala 1

25.000), aerofotogramas 1966 (escala 1. 60.000) e aerofotogramas de

1996 (escala 1.6000) e muita reambulação pela bacia hidrográfica.

4.2.2. Equipamentos e programas utilizados

Equipamentos e materiais utilizados: Mesa de luz, estereoscópio

de bolso, estereoscópio de espelho, Folha de poliéster, lápis colorido,

Caneta ponta fina 1.0 mm, régua, borracha.

36

Nos levantamentos de campo foram utilizados os seguintes equi-

pamentos:

- Estação Total (zeiss, modelo Elta 55R);

- Barco a motor;

- Rádios;

- Colete Salva vidas;

- Garmim GPS Emap;

- Binóculo;

- Bussula;

- Ecobatímetro.

Figura 2 – Equipamentos utilizados na batimetria 2001.

O ecobatímetro Raytheon DE 719D Mk2 é um equipamento eletrô-

nico, portátil, ideal para uso de campo. É utilizado para gerar e produzir

dados digitais de profundidade com precisão (+ / - 0,5% de erro).

A estação Total Zeiss Elta 55R é um equipamento eletrônico utili-

zado em levantamentos topográficos, sua principal característica é gerar

dados topográficos com precisão e rapidez. Possui três tipos de memória

para armazenamento de dados que podem ser transferidos ao computa-

37

dor. Através de softwares os dados são analisados e utilizados para gerar

o mapa com as curvas de níveis do fundo do reservatório.

Através do programa Siter, (Sistemas de Informações Territoriais),

foram realizadas as digitalizações e quantificações da área em estudo,

utilizando um computador PC – Pentium III – 850 MHz e mesa digitaliza-

dora Digigraf, Van Gogh, formato A1.

No levantamento do perfil longitudinal do rio principal, a análise

gráfica foi realizada com o programa Datageosis 1.12 e 1.32.

O perfil do fundo da Barragem do Vacacaí Mirim foi realizado com

o programa Datageosis 1.12 e 1.32 e AutoCAD 14.

Os gráficos foram feitos no programa “Harward graphic”.

4.3. Métodos

4.3.1. Levantamento do perfil longitudinal do rio em duas épocas di-

ferentes

Em 1997 ocorreu uma grande precipitação na bacia hidrográfica do Vaca-

caí-Mirim, onde, a media da precipitação do mês de outubro é de 144,4 mm, neste

período a precipitação atingiu 476,8 mm, este aumento causou a desestabilização

de duas Margens (figura 4) que foi comparada com a figura 5, levantamento reali-

zado em 1992. Comparando os dois levantamentos (Figura 6) chegou-se ao vo-

lume de sedimentos transportado em agosto de 1997.

4.3.1.1. Dados topográficos

Os dados topográficos foram obtidos em campo com o instrumento

estação total. Foram obtidos parâmetros de nível, distâncias inclinadas e

horizontais, deflexões angulares e cotas a partir de uma referência de

nível pré-determinada. Todos os pontos, dotados dos parâmetros citados

anteriormente, foram interligados a fim de definir a conformação topográ-

38

fica em pontos deteriorados. Nestes levantamentos seguiu-se os métodos

topográficos de Caminhamento e Irradiação.

As medidas topográficas foram feitas a partir de seções caracterís-

ticas para definição do perfil longitudinal do arroio e perfis transversais ao

longo do leito. Teve-se o cuidado de estabelecer pontos em alterações de

declividade, em curvaturas e mudanças sinuosas de trajetória, afim de

definir a disposição do relevo. Procurou-se sempre estabelecer medidas

em seções mais representativas de forma a obter a maior aproximação da

realidade possível.

Foram determinadas seções com maior detalhamento de pontos em

áreas erodidas superficialmente e áreas com potencial de rápida alteração,

com o objetivo de comparar com levantamento topográfico anterior.

A partir dos levantamentos topográficos realizados, foi efetuada a

análise gráfica, no trecho em estudo. Todas as coordenadas obtidas em

campo (x, y e z) foram inseridas em programas topográficos, especifica-

mente os softwares Autocad e Datageosis 1.32, afim de determinar a con-

figuração do relevo na região e a quantidade de sedimentos transporta-

dos para dentro do reservatório do Vacacaí-Mirim.

4.3.2. Batimetria

O reservatório de abastecimento do Vacacaí-Mirim está localizado

na região das nascentes, entrou em operação em 1972, é responsável

por 40% do abastecimento publico da cidade de Santa Maria, com área

inundada de 0,74 Km² (74 ha).

A batimetria iniciou no dia 09 de novembro de 2000 e foi finalizada

no dia 25 de Janeiro de 2001. O levantamento topobatimétrico do reserva-

tório Vacacaí Mirim foi realizado pelo método de levantamento de seções

transversais, pois esse método é usual e adequado para médios e gran-

des reservatórios.

39

Utilizou-se a estação total Zeiss Elta 55R para os levantamentos

topográficos. A mecânica de funcionamento desse aparelho é semelhante

ao ecobatímetro, através da emissão de ondas eletromagnéticas que são

refletidas pelo prisma e retornam para o aparelho. Equipamentos topográ-

ficos convencionais não possibilitam a locação de pontos que estão na

água, pois não são capazes de fornecer a distância do equipamento até o

ponto a ser locado, fornecem apenas ângulos e as distâncias são deter-

minadas utilizando trena. A locação é feita simultaneamente com a medi-

da de profundidade. No barco está fixado um prisma na mesma posição

do sensor do Ecobatímetro e em terra está a Estação Total que faz as

leituras dos pontos.

Figura 3 – Determinação do relevo de fundo, através da utilização do eco-

batímetro.

Todos os dados obtidos foram analisados, interpretados e proces-

sados no computador. Através dos softwares DataGeosis 1.12 e Surfer 32

foi possível gerar um mapa que contém curvas de nível. Essas curvas

representam o fundo atual do reservatório. Com o auxílio dessas ferra-

mentas também foi possível determinar a capacidade de armazenamento

d’água do reservatório, ou seja, o volume d´água na cota do vertedor.

A batimetria consistiu na montagem de um mapa batimétrico do

fundo do reservatório, que pode ser comparado com outros mapas previ-

amente preparados.

40

O levantamento foi realizado em linhas transversais bem definidas,

utilizou-se mapas cartográficos e levantamentos já realizados para ajudar

na escolha das seções e na localização dos marcos.

As seções foram localizadas de tal forma que o volume calculado

representasse o melhor possível o volume real. A precisão do levanta-

mento está relacionada com a aproximação dos perfis, quanto mais pró-

ximos forem os perfis levantados mais preciso será o levantamento. Utili-

zou-se distâncias entre 30 e 50 metros entre pontos.

Em cada seção previamente estabelecida foram realizadas diver-

sas medidas de profundidade.

4.3.3. Diagnóstico físico conservacionista

A bacia hidrográfica estudada apresenta área total de 3.061,7 ha.

Para a análise do Diagnóstico Físico Conservacionista a Bacia hidrográfi-

ca foi subdividida em 32 sub-bacias em função do padrão da rede de dre-

nagem e da topografia do terreno.

O Diagnóstico Físico Conservacionista foi desenvolvido a partir da

metodologia proposta por Rocha, 1997 e adaptado para a região em foco.

Esse diagnóstico deve ser sempre o primeiro a se elaborar para uma

bacia, sub-bacia, ou Bacia hidrográfica, devido a sua primordial importância.

Nele são usadas técnicas de quantificação de retenção de águas das chuvas

por infiltração, associada a vários fatores correlatos, tais como: limpeza de

canais e tributários, seleção de terras apropriadas para o florestamento (com

relação ao Coeficiente de Rugosidade), faixas de contenção, controle de

áreas agrícolas e pastoris, todos os processos de conservação do solo, entre

outras. São feitos planejamentos para cada caso.

Nesses planejamentos são selecionadas as sub-bacia hidrográficas

com declividades médias menores que 15%, para serem florestadas com

25% de cobertura (mínimo), e declividades médias iguais ou maiores que

15%, para serem florestadas com 50% de cobertura (mínimo) Speidel

(1980) apud Rocha 1997.

41

O Serviço de Conservação de Solos dos EUA (USA, SCS, 1960)

apud Rocha 1997, comenta que a execução do Diagnóstico Físico de Ba-

cias Hidrográficas, por causar a infiltração de água no solo e controlar a

erosão, tem contido enchentes e aumentado a produção agropecuária em

até 350%.

A elaboração do Diagnóstico Físico Conservacionista compreendeu a

realização das seguintes etapas seqüenciais:

� Trabalhos preliminares de delimitação das sub-bacias hidrográficas, na

carta topográfica e nas fotografias aéreas;

� Digitalização dos dados (canais, ravinas, tributários, curvas de nível e

áreas) de cada sub-bacia hidrográfica;

� Cálculo dos parâmetros de análise das sub-bacia hidrográficas e avali-

ação do uso potencial da terra;

� Fotointerpretação;

� Avaliação da ocupação atual da terra;

� Conflitos existentes entre a ocupação atual e potencial;

� % de floresta de cada sub-bacia;

� Cálculo das áreas a florestar;

� Cálculo da disponibilidade e, ou excesso em agricultura;

� Áreas a serem trabalhadas para o manejo correto das sub-bacias;

� Área deteriorada por sub-bacia.

4.3.3.1. Delimitação da bacia hidrográfica e sub-bacias

O trabalho começou com a marcação dos divisores d’água da área

em estudo, bacia hidrográfica e de suas sub-bacias hidrográficas, nas car-

tas topográficas.

Considera-se tal delimitação como sendo aproximada devido ao

fato que as cartas topográficas nem sempre permitem que se faça o tra-

çado dos divisores no local exato.

42

Demarcados os divisores d’água sobre a carta topográfica, a deli-

mitação dos mesmos divisores ocorreu sobre as fotografias aéreas, onde

foram facilmente visualizados, e portanto, forneceram maior precisão nos

dados levantados.

Para identificar com facilidade as sub-bacias, foi atribuída a cada

uma delas um número.

4.3.3.2. Determinação dos parâmetros físicos

Para o cálculo dos parâmetros físicos de análise das sub-bacias,

utilizou-se a informação existente relativa ao comprimento das curvas de

nível, comprimento da rede de drenagem e área das sub-bacias. As cur-

vas de nível são as que constam nas cartas topográficas escala 1:25.000

(eqüidistância de 10 metros). A rede hidrográfica consta nas cartas topo-

gráficas 1:25.000, foi enriquecida através da fotointerpretação.

O comprimento das curvas de nível, rede de drenagem e área das sub-

bacias foram medidos utilizando o programa TP0 5.0 SITER (Giotto 1999).

4.3.3.3. Densidade de drenagem das sub-bacias

No estudo da rede de drenagem utilizou-se a seguinte nomenclatura:

- Ravinas: drenos naturais que surgem a partir da linha de divisão de á-

guas até os sulcos de drenagem bem definidos na meia encosta do ter-

reno. As ravinas são sempre efêmeras;

- Canais: drenos naturais bem definidos no terreno, que vão desde o tér-

mino das ravinas à base das encostas. Os canais podem ser perenes

ou intermitentes;

- Tributários: drenos naturais com início na base dos canais e deságue

em outro rio, lago ou mar. Os tributários são sempre perenes (Rocha

1997).

43

A densidade de drenagem (D) corresponde ao somatório do compri-

mento das ravinas, canais e tributários presentes na sub-bacia hidrográfi-

ca dividido pela área (equação 1).

D=(ΣΣΣΣl (R,C,T))/A..................................(1)

Onde:

D = Densidade da rede de drenagem (km/ha);

Σl (RCT) = Somatório dos comprimentos das ravinas (R), canais (C) e

tributários (T) e (km);

A = Área da sub-bacia (ha).

De uma forma geral, pode-se dizer que em situações de relevo

suave, solo muito permeável ou cobertura bastante densa, D assume

valores mais baixos que nas situações opostas, isto é, quando o relevo é

acidentado e, ou o solo é impermeável e, ou a cobertura vegetal é fraca.

4.3.3.4. Declividade média das sub-bacias

As declividades médias das sub-bacias podem ser calculadas

segundo a equação 2.

H = 100.(ΣΣΣΣl CN.∆∆∆∆h)/A.....................................(2)

Onde:

H = declividade média da sub-bacia (%);

ΣlCN = somatório do comprimento das curvas de nível (CN) em (hm);

∆h = eqüidistância entre curvas de nível (hm);

A = área da sub-bacia (ha).

A declividade média da sub-bacia, em conjunto com o tipo de solo

e cobertura vegetal, determina a maior ou menor velocidade do escoa-

mento superficial da água, estando assim diretamente associado com a

magnitude dos picos de cheia e conseqüentemente com a maior ou me-

nor erosão do solo.

44

4.3.3.5. Coeficiente de rugosidade (Ruggdeness Number)

O coeficiente de rugosidade é um parâmetro que direciona o uso

potencial da terra com relação às suas características para

agricultura/urbanização, pecuária/urbanização, pecuária/floresta ou

floresta. O RN, comparado com o uso atual da terra, determina áreas de

conflitos.

O coeficiente de rugosidade (RN) de uma sub-bacia é dado pelo

produto da densidade da rede de drenagem (D) pela declividade média da

respectiva sub-bacia (H) (equação 3).

RN = D.H..........…………………………(3)

Onde:

RN = coeficiente de rugosidade;

D = densidade da rede de drenagem (km/ha);

H = declividade média da sub-bacia (%).

4.3.3.6. Uso potencial

A partir do coeficiente de rugosidade é possível calcular a aptidão

do uso da terra, baseado apenas nas características físicas da sub-bacia.

Rocha (1997) considera que a partir da amplitude de variação dos valores

de RN numa sub-bacia é possível definir as seguintes classes de aptidão

da terra:

Classe A – terras apropriadas para culturas agrícolas/urbanização;

Classe B – terras apropriadas para pastagens/urbanização;

Classe C – terras apropriadas para pastagens e florestas;

Classe D – terras apropriadas para florestas.

Para tal basta calcular o RN para cada uma das sub-bacias. A partir

da amplitude de variação do RN, obtém-se o intervalo de variação de cada

classe. É possível então calcular os limites de variação de RN admitidos

45

em cada classe de utilização, sabendo que a classe A correspondem os

menores valores de RN enquanto que a classe D correspondem os

maiores valores de RN encontrados. Finalmente, classifica-se cada uma

das sub-bacias hidrográficas quanto ao uso potencial da terra.

A classe de uso de cada sub-bacia representa a vocação

predominante na sub-bacia determinada a partir das condições médias dos

parâmetros físicos determinados para essa sub-bacia.

Segundo Rocha (1997), as sub-bacias com declividade média

menores que 15% para serem florestadas com 25% de cobertura

(mínimo), e declividades médias iguais ou maiores que 15%, para serem

florestadas com 50% de cobertura (mínimo). Isto porque se admite serem

estes os níveis mínimos de cobertura florestal que garantem a produção

de biomassa superficial necessária à preservação dos recursos hídricos,

fauna, flora, conservação do solo, à satisfação das necessidades em

termos econômicos, energéticos e ecológicos.

Assim para sub-bacias com declividade média inferior a 15%, a área

a florestar será igual a 25% da área total da sub-bacia, subtraída do valor

da área florestal existente nessa mesma Bacia hidrográfica, enquanto que

para sub-bacias com declividade média superior a 15%, será de 50% da

área total da sub-bacia, subtraída da área florestal existente.

De acordo com a declividade média das sub-bacias, foi calculada a

área que deveria ser ocupada com floresta em cada sub-bacia.

4.3.3.7. Interpretação de fotografias aéreas

Antes da interpretação, as fotografias aéreas foram examinadas

quando às suas condições de operacionalidade, quais sejam: recobrimen-

tos, nitidez dos alvos, escalas, cobertura de nuvens, contrastes tonais,

sombras e dilatação do papel.

46

4.3.3.8. Uso da terra

A interpretação do uso atual da terra foi realizada sobre

aerofotogramas na escala 1:60.000 e aerofotogramas 1:25.000 (1964)

1:60.000 (1966). A interpretação foi realizada procurando-se respeitar a

área do retângulo útil do aerofotograma onde, segundo Rocha (1978), é a

região mais central, onde ocorrem as menores distorções.

Os aerofotogramas que cobrem a área em estudo, foram

interpretados utilizando-se o estereoscópio de espelho SOKKISHA MS 27 e

de bolso.

4.3.3.9. Reambulação (trabalhos de campo)

Serviços de averiguação dos temas interpretados (agricultura, ur-

banização, pastagens, florestas), atualização da toponímia, caminhadas

dentro da bacia hidrográficas hidrográfica, registrando (fotos) paisagens,

cachoeiras, levantando todos os fenômenos que deterioram o meio ambi-

ente, tais como: pedreiras, erosão, devastações florestais, etc.

4.3.3.10. Tabulação dos dados

Os dados são tabulados em 3 quadros (quadro 2, 3 e 4)

- Preenchimento da coluna 1

É a última coluna do Quadro 02 a ser preenchida.

Os valores de RN são de quatro tipos tradicionais:

A - terras propícias à agricultura/urbanização;

B - terras propícias à pastagem/urbanização;

C - terras propícias à pastagem/florestamento;

D - terras propícias ao florestamento.

Toma-se por base a coluna 09 (já previamente preenchida) e calcula-

se a amplitude e o intervalo dos coeficientes de rugosidade.

47

- Preenchimento da coluna 8

Coluna 8 = coluna 3 dividida pela área (coluna 5) e encontra-se ex-

plicado no item (densidade de drenagem).

ESTUDOS DOS CONFLITOS

- Preenchimento da coluna 26 – Uso da Terra

- Para sub-bacias da classe A (área destinada a agricultura):

26 = 16 + 17 + 21 Se 7 > 10%;

Se 7 < 10% � 26 = 21

Obs.: > 10% de declividade exige tratos conservacionistas, daí o conflito.

- Para sub-bacias da classe B (área destinada a pastagem):

26 = 16 + 17 + 21 + 22 + 23 + 24+ 25

- Para sub-bacias da classe C (área destinada a pasta-

gem/florestamento)

26 = 16 + 17 + 18 + 21 + 22 + 23 + 24+ 25

- Para sub-bacias da classe D (áreas destinadas ao florestamento):

26 = 15 + 16 + 17 + 18 + 21 + 22 + 23 + 24 + 25

- Preenchimento da coluna 27 – percentual de conflitos.

26

27 = ----------- x 100

05

48

FLORESTAMENTOS

- Preenchimento da coluna 28 – percentual de florestas

14

28 = ----------- x 100

05

- Preenchimento da coluna 29 – área a florestar.

25 - 28

29 = --------------- x 05

100

ou

50 - 28

29 = --------------- x 05

100

O número 25 do numerador corresponde a um valor fixo, representan-

do a área mínima que deve ter uma sub-bacia em cobertura florestal (25%),

para protegê-la contra erosão, os efeitos das secas e das enchentes. Em Ba-

cia hidrográficas com declividade média até 15%, o florestamento mínimo ne-

cessário é de 25% e se a declividade media for maior que 15% o florestamen-

to mínimo será de 50%.

EXCESSO OU DISPONIBILIDADE AGRÍCOLA

Preenchimento da coluna 31

Disponibilidade ou excesso em agricultura.

Para sub-bacias da classe A (terras propícias à agricultura):

31 = 05 - ( 14 + 16 + 17 + 18 + 19 + 20 + 29 )

49

Para sub-bacias da classe B, C, e D (terras propícias, respectiva-

mente, a pastagem, pastagem/florestamento e florestamento).

31 = 16 + 17

- Preenchimento da coluna 32 – percentual de excesso ou disponibi-

lidade em agricultura.

31

32 = ----------- x 100

05

ÁREAS A SEREM TRABALHADAS

- Preenchimento da coluna 33 – área a ser trabalhada para o ma-

nejo correto de cada sub-bacia.

Para sub-bacias da classe A (terras propícias a agricultura):

33 = 26 + 29 +31

Para sub-bacias da classe B, C e D (terras propícias, respectivamente,

a pecuária, pecuária/reflorestamento):

33 = 29 + 31

DETERIORAÇÃO DAS SUB-BACIAS

- Preenchimento da coluna 35 – Área deteriorada por sub-bacias.

35 = 26 + 29

2 Quadro 2 - Aptidão de uso das terras por sub-bacia. TABELA BÁSICA - Diagnóstico Físico-conservacionista da Bacia hidrográfica do Rio Vacacaí-Mirim

Área Classes de RN Sub-bacias ∑ (RCT)

(km)

∑CN

(hm)

H

(sem unidade) H (%) D (km/ha)

RN

01 02 03 04

ha

05 06 07 08 09

∑ (RCT) = somatório dos comprimentos das ravinas, canais e tributários

∑CN = somatório dos comprimentos das curvas de nível por sub-bacia Declividade média classe A: limite de 15% - trabalho de máquinas agrícolas; limite > 10% - tratos conservacionistas Declividade média até 15% - florestamento mínimo de 25% Declividade em média > 15% - florestamento mínimo de 50% ∆h considerado = 10 m (eqüidistância entre as curvas de forma)

3 Quadro 3 - Uso da terra por sub-bacia. Uso da Terra (ha)

N (ha) Associações

Clas-ses de

RN

Sub-bacias

1a 1b 1c 1d ΣN 2 3a 3b 4 5a 5b

Queimada ou

deserto

[2, 3b]

[2, (3b)]

[2, (3a)]

[3a (2)]

01

02 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

21

22

23

24

25

Total

LEGENDA USO DA TERRA

N = Florestas

1 – FLORESTAS

1a – Florestas em áreas planas

1b – Florestas em áreas declivosas

1c – Florestas ao longo dos rios

1d – Florestas plantadas

2 – PASTAGENS (áreas disponíveis)

3 – CULTIVOS AGRÍCOLAS

3a – Cultivos anuais irrigados

3b – Cultivos anuais em terreno

seco

4 – ÁREAS CONSTRUÍDAS

5 – AÇUDES

5a – Açudes e barragens

5b – Banhados, brejos

ASSOCIAÇÕES

[2, 3b] – Áreas de pastagens intercaladas com cultivos anuais em

terreno seco

[2, (3b)] – Áreas de pastagem com esparsas áreas de cultivos anuais

em terreno seco

[2, (3a)] – Áreas de pastagens com esparsas áreas de cultivos anuais

irrigados

[3a (2)] – Áreas de cultivos anuais irrigadas, com esparsas áreas de

pastagens

4 Quadro 4 - Conflitos por sub-bacia.

Conflitos N A florestar

Disponibili-dade e,

ou excesso em

agricultura

Área a ser traba-lhada para o

manejo correto da sub-bacia

Área deteriorada por

sub-bacia

% de

deterioração por

sub-bacia

Cla

sses

de

RN

Sub

-bac

ias

Área da sub-bacia

Uso (ha) %

ΣN/área x 100 (%) (ha) (%) (ha) %)

(ha) (%) (ha)

(ha)

01 02

05 26 27

28 29

30

31 32

33 34

35

36

otal

LEGENDA DO USO DA TERRA

Conflito em A: Agricultura + queimada

Conflito em B: Agricultura + associações + queimada

Conflito em C: Agricultura + associações + queimada

Conflito em D: Pastagem + agricultura + associações + desmatamento + queimada

53

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Levantamento do perfil longitudinal do rio em duas épocas dife-

rentes

Na busca de subsídios para avaliar as diferenças entre a configura-

ção atual do leito e a que existia em condições de estabilidade do leito,

procurou-se comparar com um levantamento planimétrico realizado em

julho de 1992, que tinha como finalidade a delimitação de propriedades e

suas respectivas moradias nas imediações do trecho do rio em estudo

(Moreira, 1992). As figuras 4,5 e 6 apresentam a alteração do trajeto do

curso d’água no período de julho de 1992 à agosto de 1999, num compri-

mento de aproximadamente 472 m. Em 1992 a largura entre margens do

rio era praticamente constante, variando de 14 a 30 m. Em 1999 verificou-

se grande variação da largura entre margens, variando de 15 a 52 m. O-

correu um pequeno aumento da sinuosidade, passou de 1,2 para 1,3. Se-

gundo Paiva et al (2001) tal modificação causou grandes prejuízos nas

propriedades ribeirinhas, sendo necessária a reconstrução de pontes.

Em outubro de 1997 a precipitação mensal foi de 476,8 mm, num pe-

ríodo de média mensal de 144,4 mm. Vale salientar que a precipitação má-

xima mensal registrada na estação 02953017, no período de 1939 até os

dias atuais, só superou uma vez este valor, em 1941, e valor inferior próximo

a este ocorreu em 1984, período de El Niño. Somente nos primeiros 5 dias

do mês choveu quantidade igual a média mensal (Paiva et al 2001).

Embora o efeito climático tenha influenciado significativamente no

processo erosivo, as margens do rio onde ocorreram os processos erosi-

vos estavam desprovidas de mata ciliar e nestes locais existem pasta-

gens. A retirada de seixo rolado do leito do rio e o rompimento de peque-

no barramento provisório, a montante do trecho em estudo, podem ter

contribuído para agravar o processo.

54

Figura 4 - Levantamento planimétrico (agosto de 1999).

Figura 5 - Levantamento planimétrico (Moreira 1992).

sanga

pocilga

divisadivisa

divisa

galpão

pocilgacasa

casa

margem

arroio

Rua Guaraci

Shmidt

55

Figura 6 - Alteração do curso d’água no período de julho de 1992 a agosto de

1999.

M argens do arro io em ju lho/1992

M argens do arroio em agosto/1999

Curso d ' água em agosto/1999

56

Figura 7 – Em primeiro plano observa-se o impacto ambiental devido ao

manejo incorreto da Bacia hidrográfica (retirada de mata ciliar).

Em segundo plano a inexistência de mata ciliar e a ocorrência

de pastagem (ponto 1) Figura 6.

Figura 8 - Em primeiro plano observa-se a retirada de mata ciliar (tocos e

galhos), em segundo plano, pastagem até as margens do Rio

Vacacaí-Mirim, podendo-se verificar o desmoronamento das

margens (ponto2) figura 6.

57

A figura 6 demonstra a sobreposição de dois levantamentos plani-

métricos (1992 e 1999) onde ocorre alterações no curso d’água, causa-

dos por uma série de fatores, entre eles pode-se citar: A ação antrópica

na Bacia hidrográfica, retirada de mata ciliar, pastagens até as margens,

excesso de chuvas em um período, retirada de cascalho do fundo do rio e

o rompimento de pequena barragem. Com a sobreposição dos levanta-

mentos de 1992 e 1999, obteve-se o volume de sedimentos transportados

das margens para o fundo do reservatório do Vacacaí-Mirim, que ficou em

0,011009 hm³, essa erosão representa 3,4% do assoreamento do reser-

vatório entre 1997 e 2001, corresponde a 0,22% do assoreamento do re-

servatório no período de 1972 a 2001.

58

5.2. Batimetria

O assoreamento no reservatório do Vacacaí Mirim foi obtido atra-

vés de comparações entre as capacidades de armazenamento d’água

obtida no projeto (1972), levantamento realizado em 1997 e no levanta-

mento 2001 (Quadros 5, 6 e 7 e Figuras 10, 11 e 12). Os levantamentos

detalhados são apresentados nos anexos C e D.

Quadro 5 – Levantamento topográfico, 1972 (Paiva 1999).

Cotas (m) Volume acumulado (hm3) 120 0,5500 121 0,6750 122 0,8410 123 1,0420 124 1,2795 125 1,5755 126 1,8725 127 2,1965 128 2,6140 129 3,0315 130 3,5360 131 4,1630 132 4,9280

Quadro 6 - Levantamento topográfico e batimétrico, 1997 (Paiva, 1999).

Cotas (m) Volume acumulado (hm3) 117 118 0,008250 119 0,033165 120 0,086780 121 0,171480 122 0,279330 123 0,413980 124 0,576230 125 0,774480 126 1,015530 127 1,298180 128 1,645230 129 2,062280 130 2,541830 131 3,090030 132 3,801080

59

Quadro 7 - Levantamento batimétrico (2001).

Cotas (m) Volume acumulado (hm3) 117 118 0,005931533 119 0,026527353 120 0,069031993 121 0,136670463 122 0,226957093 123 0,337273383 124 0,481382333 125 0,666539113 126 0,891110393 127 1,159158183 128 1,478118283 129 1,862901453 130 2,323211703 131 2,864941973 132 3,477000

Figura 9 - Pontos levantados na batimetria 2001.

60

117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132

Cotas

0

1

2

3

4

5

6

Vol

ume

acum

ulad

o da

s co

tas

(hm

3)

Capacidade de armazenamento 1972

Capacidade de armazenamento 1997

Capacidade de armazenamento 2001

Figura 10 - Capacidade de armazenamento do Reservatório do Vacacaí –

Mirim, em três épocas diferentes (1972, 1997 e 2001).

!

!!

100

77,13

70,56

1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 200205

101520253035404550556065707580859095

100105110

Cap

acid

ade

d e a

rmaz

enam

ento

(%

)

Capacidade de armazenamento (1972, 1997 e 2001)!

x

xx

Figura 11 - Redução da capacidade de armazenamento do reservatório

do Vacacaí Mirim.

61

5.2.1. Resultados dos levantamentos (1972, 1997 e 2001) O reservatório do Vacacaí Mirim em Santa Maria-RS, possui atual-

mente capacidade de armazenamento d’água na cota do vertedor de

3.477 x 106 m³, apresenta uma área inundada de 0,723km² e tem profun-

didade média de 4,7m.

Comparando esses resultados com dados de projeto concluiu-se

que ocorreu uma redução significativa na capacidade de armazenamento

d’água de 1.541 x 106 m³ e em valores percentuais essa redução é de

29,45% em 29 anos de operação.

Esses resultados também foram comparados com resultados obti-

dos no levantamento realizado em 1997, lembrando que naquele levan-

tamento não foram utilizados os mesmos procedimentos, porque o equi-

pamento destinado para medir profundidade era uma sonda manual. Além

disso, na época ocorreu um período de seca e o nível d’água do reserva-

tório estava abaixo da cota do vertedor. Através de extrapolação foi pos-

sível obter a capacidade do reservatório e a constatação que ocorreu uma

redução de 22,87% (Paiva et al 1998). No intervalo de 4 anos (1997 a

2001), constatou-se que a capacidade de armazenamento teria diminuído

0,32408 hm³, que comparando com o levantamento batimétrico de 1972,

este assoreamento aumentou 6,58% em 4 anos, sendo que este valor

teria aumentado significativamente em relação ao levantamento realizado

no ano de 1997, mas deve ser levada em consideração que o levanta-

mento de 2001 utilizou procedimentos diferentes, equipamentos mais pre-

cisos e maior quantidade de pontos levantados. Em abril de 1997 foi reali-

zada a batimetria do reservatório. Em outubro de 1997 ocorreu altos índi-

ces pluviométricos, onde apareceram desestabilizações de algumas mar-

gens e grande transporte de sedimentos para dentro do reservatório. A

figura 10 ilustra parte do enfoque acima.

62

Figura 12 – Coroas hipsométricas no reservatório do Vacacaí Mirim em

1972, 1997 e 2001.

A figura 12 apresenta os resultados de levantamento plani-

altimétrico na barragem do Vacacaí Mirim. Estão numerados de 1 a 6

seus principais afluentes.

O afluente 1 possui uma área contribuinte de 35 ha, porém, tem

contribuído muito com o assoreamento do reservatório como pode-se ob-

servar na figura 12, onde, nota-se a diminuição da profundidade na entra-

da do afluente 1. Esta sub-bacia hidrográfica possui 16,7 ha com urbani-

zação. Em 1972 havia uma área urbanizada de 3,33 ha. Entre 1972 e

2001 ocorreu um aumento na área urbanizada de 13,37 ha. Esta urbani-

zação sem planejamento em áreas íngremes e sem aptidão está causan-

do o transporte de sedimentos em grande quantidade para dentro do re-

servatrório do Vacacaí – Mirim.

O afluente 2 possui uma área contribuinte de 110,65 ha, possui

uma área urbanizada de 32,34 ha. Em 1972 havia uma área urbanizada

de 8,92 ha. Entre 1972 e 2001 ocorreu um aumento na área urbanizada

de 23,42 ha. Esta urbanização sem planejamento em áreas íngremes e

sem aptidão está causando o transporte de sedimentos em grande quan-

tidade para dentro do reservatrório do Vacacaí – Mirim (Figura 12).

63

O afluente 3 possui uma área contribuinte de 1972,46 há. É uma

Bacia hidrográfica com urbanização bem distribuída de 18,66 ha. Em

1972 havia uma área urbanizada de 2,18 há e as áreas com agricultura

(365,56 ha) e pastagem (892,75 ha) eram maiores que as áreas em 2001,

onde, agricultura (226,26 ha) e pastagem (645,46 ha). Observa-se a re-

dução da área da cota 132 (Figura 12). Neste canal ocorreu o transporte

das margens do Vacacaí – Mirim, figura 6.

O afluente 4 possui uma área contribuinte de 553,07 ha. A urbani-

zação é bem distribuída dentro da Bacia hidrográfica (12,13 ha) em 1972

era de 1,04 ha. Em 1972 as áreas com agricultura (96,06 ha) e pastagem

(218,76 ha), eram maiores que as áreas de 2001, onde agricultura (49,02

ha) e pastagem (141,62 ha).

O afluente 5 possui área contribuinte de 54,38 ha. A urbanização é

pequena (1,16 ha). Em 1972 não possuía urbanização e as áreas com

agricultura (10,81 ha) e pastagem (31,39 ha), eram maiores que as de

2001, onde a agricultura (2,02 ha) e pastagem (28,45 ha). Observa-se a

redução da cota 132 devido a construção de uma estrada (aterro) nas

margens da barragem (figura 12).

O afluente 6 possui área contribuinte de 202,28 ha. A urbanização

é pequena (5,83 ha). Em 1972 não possuia urbanização. Observa-se na

figura 12, que este afluente teve pouca influência no assoreamento do

reservatório.

Nota-se que grande parte dos sedimentos depositados no reserva-

tório do Vacacaí – Mirim tiveram sua origem no manejo incorreto da Bacia

hidrográfica, onde, urbanizações desordenadas ocorreram nos últimos

anos, agricultura e pecuária em áreas inadequadas (áreas declivosas),

retirada de mata ciliar entre outras ações antrópicas.

64

5.3. Diagnóstico Físico Conservacionista

5.3.1. Caracterização física e uso potencial da terra

A bacia hidrográfica foi sub-dividida em 32 sub-bacias.

As áreas das sub-bacias variam de 38,57 ha a 172,32 ha (quadro 8

e figura 13). O mapa com as divisões da Bacia hidrográficas encontra-se

no Anexo B.

Quadro 8 – Dimensão das sub-bacia hidrográficas. Àrea

Sub-bacias (Ha) % 1 121,46 3,97 2 79,50 2,60 3 102,28 3,34 4 54,38 1,78 5 46,06 1,50 6 64,59 2,11 7 47,05 1,54 8 58,12 1,90 9 152,98 5,00 10 38,57 1,26 11 80,54 2,62 12 94,23 3,08 13 55,67 1,82 14 133,10 4,35 15 105,56 3,45 16 83,97 2,74 17 105,49 3,45 18 118,14 3,86 19 137,76 4,50 20 140,24 4,57 21 172,32 5,63 22 131,11 4,28 23 81,17 2,65 24 91,85 3,00 25 87,67 2,86 26 67,00 2,19 27 71,85 2,35 28 137,59 4,49 29 115,19 3,76 30 59,71 1,95 31 55,52 1,81 32 103,13 3,37

Total 2993,70 97,78 Barragem 67,90 2,22 Área total 3.061,70 100,00

65

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

50

100

150

200

Áre

a da

sub

-bac

ia (

ha)

Área da sub-bacia

Figura 13 - Áreas das sub-bacias.

A figura 14 apresenta a declividade média das sub-bacias. Verifica-

se que o grupo constituído pelas sub-bacias 5, 9, 22, 23, 30, 31, 32 , a-

presentam declividade inferior a 15%. As sub-bacias 5, 9, 23 localizam-se

na depressão periférica, as sub-bacias 22, 30, 31, 32 localizam-se na par-

te superior da Bacia hidrográfica, na zona do Planalto.

Outro grupo, constituído pelas sub-bacias número 1, 2, 4, 6, 7, 8, 10, 11,

15, 16, 17, 19, 21, 24, 26, 27, 28, apresentam declividades situadas no intervalo

de 15% a 30%. As sub-bacias 3, 12, 13,14, 18, 20, 25, 29 apresentam declivida-

des entre 30% e 36%.

66

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

10

20

30

40

Dec

livid

ade

méd

ia (

%)

Declividade média

Figura 14 - Declividade média das sub-bacias.

A região da Bacia hidrográfica apresenta densidade de drenagem

considerável, já que varia num intervalo de 0,0137 km/ha na sub-bacias

número 4 a 0,0458 km/ha na sub-bacias número 23. As sub-bacias com

maiores valores de densidade de drenagem são áreas mais susceptíveis

a erosões (transporte de: solo, matéria orgânica, adubo, agrotóxicos), e

estas áreas devem ser manejados adequadamente.

As sub-bacias 23 e 9 apresentam os maiores valores de densidade de

drenagem e estão localizadas na depressão periférica, próximas a barragem do

Vacacaí Mirim (figura 15).

67

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

0,01

0,02

0,03

0,04

0,05

Den

sida

de d

e dr

enag

em (

km/h

a)

Densidade de drenagem Figura 15 - Densidade de drenagem das sub-bacias.

Os valores do coeficiente de rugosidade (RN) variam de 1,62 na sub-bacias

32 a 10,07 na sub-bacia número 12. Foram classificadas como tendo aptidão agrí-

cola/Urbanização (classe A) as sub-bacias cujo o RN varia entre1,62 a 3,7325, apti-

dão pecuária/Urbanização (classe B) as sub-bacias cujo RN varia de 3,7326 a

5,8450, aptidão silvipastoril (classe C) as sub-bacias cujo RN varia entre 5,8451 a

7,9575 e tendo como aptidão florestal as sub-bacias com RN compreendido entre

7,9576 a 10,07 (figura 16).

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

2

4

6

8

10

12

RN

Floresta Pastagem e florestamento

Pastagem e urbanização Agricultura e urbanização

Figura 16 - Coeficiente de rugosidade das sub-bacias.

68

A distribuição espacial das classes de aptidão de uso mostra que

as áreas com vocação predominantemente agrícola/Urbanização se loca-

lizam na zona do planalto (sub-bacias 22, 30, 31, 32) e na depressão peri-

férica (sub-bacias 4 e 5). A sub-bacias 5 tem a maior urbanização dentro

da Bacia hidrográfica do Rio Vacacaí-Mirim. As sub-bacias com aptidão

predominantemente pecuária/Urbanização, localizam-se na depressão

periférica (sub-bacias 9), zona de transição da depressão periférica para o

rebordo do planalto (sub-bacias 1, 17) e transição do rebordo do planalto

para o planalto (sub-bacias 15, 19, 24, 28). As sub-bacias com aptidão

predominantemente silvi-pastoril, localizam-se na transição depressão

periférica para o rebordo do planalto (sub-bacias 7, 11, 13, 23,) e transi-

ção do rebordo do planalto para o planalto (Bacia hidrográficas 8, 14, 18,

21, 26, 27). As sub-bacias com aptidão predominantemente florestal loca-

lizam-se na transição rebordo do planalto para o planalto e região do pla-

nalto (sub-bacias 2, 3, 6, 10, 12, 16, 20, 25, 29).

Grande parte da área da Bacia hidrográfica deverá ser ocupada

com florestas ou consorciações de pastagens com florestas (cerca de

56,5% da área).

A área com pastagem/Urbanização deverá ter uma ocupação de

28,5 %, e a ocupação agrícola/Urbanização deverá ter uma área corres-

pondente a 15% da área da Bacia hidrográfica.

Pastagem/Urbanização 28,5%

Pastagem/Floresta29,6%

Agricult./Urbanização 15,0%

Floresta26,9%

Figura 17 - Distribuição percentual da área por classe de uso potencial da terra

na Bacia hidrográfica, segundo o Coeficiente de Rugosidade (RN).

69

Quadro 9 - Parâmetros físicos caracterizadores das sub-bacias e uso potencial

da terra (sub-bacias ordenadas em função do uso potencial).

Bacia hidro-gráfica

Área (ha)

Σl(R,C,T) (km)

Σl (CN) (hm)

H (s/u)

H (%)

D (km/ha) RN

Uso

potencial 32 103,13 1,9502 88,6013 0,0859 8,5912 0,0189 1,62 A 22 131,11 2,1907 156,2556 0,1192 11,9179 0,0167 1,99 A 30 59,71 1,1208 65,6047 0,1099 10,9872 0,0188 2,06 A 5 46,06 1,0131 62,8288 0,1364 13,6406 0,0220 3,00 A

31 55,52 1,4389 68,2103 0,1229 12,2857 0,0259 3,18 A 4 54,38 0,7459 139,1053 0,2558 25,5802 0,0137 3,51 A

24 91,85 1,7614 216,5445 0,2358 23,5759 0,0192 4,52 B 1 121,46 2,0809 330,0000 0,2717 27,1694 0,0171 4,65 B

15 105,56 2,2117 255,2514 0,2418 24,1807 0,0210 5,07 B 28 137,49 2,4380 412,3315 0,2999 29,9899 0,0177 5,32 B 9 152,98 6,5671 192,9475 0,1261 12,6126 0,0429 5,41 B

19 137,76 3,8267 274,2141 0,1991 19,9052 0,0278 5,53 B 17 105,49 2,0081 314,1194 0,2978 29,7772 0,0190 5,67 B 21 172,32 3,7626 464,4602 0,2695 26,9534 0,0218 5,89 C 8 58,12 1,4417 148,7062 0,2559 25,5861 0,0248 6,35 C 7 47,05 1,4517 99,1184 0,2107 21,0666 0,0309 6,50 C

11 80,54 2,6568 162,3479 0,2016 20,1574 0,0330 6,65 C 14 133,11 2,6886 441,6691 0,3318 33,1808 0,0202 6,70 C 23 81,17 3,7184 120,0426 0,1479 14,7890 0,0458 6,77 C 26 67,00 1,5516 200,5666 0,2994 29,9353 0,0232 6,93 C 18 118,14 2,8278 357,7896 0,3029 30,2852 0,0239 7,25 C 27 71,85 1,8650 209,1500 0,2911 29,1093 0,0260 7,56 C 13 55,67 1,4217 169,1098 0,3038 30,3772 0,0255 7,76 C 20 140,24 3,7126 431,2779 0,3075 30,7528 0,0265 8,14 D 10 38,57 1,3904 89,6825 0,2325 23,2519 0,0360 8,38 D 29 115,19 3,0819 365,8072 0,3176 31,7569 0,0268 8,50 D 25 87,67 2,2260 300,5500 0,3428 34,2820 0,0254 8,70 D 2 79,50 2,4750 226,5097 0,2849 28,4918 0,0311 8,87 D

16 83,97 2,7763 231,2893 0,2754 27,5443 0,0331 9,11 D 3 102,28 2,6171 365,1065 0,3570 35,6968 0,0256 9,13 D 6 64,59 2,2785 179,9268 0,2786 27,8568 0,0353 9,83 D

12 94,23 3,0441 293,8752 0,3119 31,1870 0,0323 10,07 D

70

Quadro 10 - Utilização potencial da terra por sub-bacias, em função do RN e da declividade média (Parte analítica).

Utilização potencial da terra (área em ha) Bacia hidro-gráfi-

ca

Classe de uso

Área H (%) Florestal Agrícola

Pastagem

Pastagem +

Floresta 32 A 103,13 8,5912 25, 78 77,35 22 A 131,11 11,9179 32,78 98,33 30 A 59,71 10,9872 14,93 44,78 5 A 46,06 13,6406 11,52 34,54

31 A 55,52 12,2857 13,88 41,64 4 A 54,38 25,5802 27,19 27,19

24 B 91,85 23,5759 45,92 45,92 1 B 121,46 27,1694 60,73 60,73

15 B 105,56 24,1807 52,78 52,78 28 B 137,49 29,9899 68,75 68,75 9 B 152,98 12,6126 38,25 114,73

19 B 137,76 19,9052 68,88 68,88 17 B 105,49 29,7772 52,74 52,74 21 C 172,32 26,9534 86,16 86,16 8 C 58,12 25,5861 29,06 29,06 7 C 47,05 21,0666 23,53 23,53

11 C 80,54 20,1574 40,27 40,27 14 C 133,11 33,1808 66,55 66,55 23 C 81,17 14,7890 20,29 60,88 26 C 67,00 29,9353 33,5 33,5 18 C 118,14 30,2852 59,07 59,07 27 C 71,85 29,1093 35,93 35,93 13 C 55,67 30,3772 27,83 27,83 20 D 140,24 30,7528 140,24 10 D 38,57 23,2519 38,57 29 D 115,19 31,7569 115,19 25 D 87,67 34,2820 87,67 2 D 79,50 28,4918 79,50

16 D 83,97 27,5443 83,97 3 D 102,28 35,6968 102,28 6 D 64,59 27,8568 64,59

12 D 94,23 31,1870 94,23 Totais - 2,993,67 - 1742,56 323,83 464,53 462,78

Analisando o uso potencial da terra calculado em função da declividade

média por sub-bacias e do coeficiente de rugosidade ao nível das sub-bacias,

pode-se avaliar a extensão que a ocupação florestal deverá ter em cada uma

das sub-bacias (Quadro10). A ocupação potencial florestal sobe consideravel-

mente (58,2%), sobretudo à custa da redução da área ocupada com consorcia-

ção de florestas e pastagens que vê a sua percentagem de ocupação reduzir de

29,6% para 15,5%, a área com pastagem vê sua percentagem de ocupação re-

duzir de 28,5% para 15,6%, a área de ocupação agrícola se reduz de 15% para

10,8%.

71

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

50

100

150

200

Áre

a (h

a)

Floresta Pastagem/Urbanização Agricultura Pastagem/Floresta

Figura 18 - Utilização potencial da terra por sub-bacias, em função do RN

e da declividade média.

Pastagem/Urbanização 15,6%

Pastagem/Floresta15,4%

Agricult./Urbanização 10,8%

Floresta58,2%

Figura 19 - Distribuição percentual da área por classe de uso potencial da

terra na bacia hidrográfica, segundo o RN e a declividade média.

5.3.2. Uso do solo nas sub-bacias (1966 e 2001)

72

5.3.2.1. Uso da terra nas sub-bacias (2001)

O uso da terra nas sub-bacias pode ser visto nas figuras 20, 22 e 35.

5.3.2.1.1. Áreas agrícolas

A utilização potencial da terra (agricultura), em função do RN e da

declividade média é de 10,8% (323,83 ha). A Bacia hidrográfica apresenta

ocupação agrícola de 9,41% (281,68 ha), esta ocupação é maior nas sub-

bacias 21 (25,19 ha ou 0,84%), 22 (23,32 ha ou 0,78%), 20 (21,13 ha ou

0,71%) e 17 (20,24 ha ou 0,68%), as sub-bacias 17, 20 e 21 apresentam

declividades superiores a 15%, respectivamente 29,77%, 30,75% e

26,95%, Áreas agrícolas devem ser manejadas adequadamente (curvas

de nível, rotação de cultura, faixas verdes, manter o solo coberto, remover

o mínimo possível o solo, plantio direto, usar técnicas de retenção de á-

gua entre outras técnicas).

As sub-bacias 2 e 5 não apresentam áreas agrícolas, estas são á-

reas com maior urbanização. As sub-bacias 3 (0,59 ha), 31 (1,4 ha), 1 (1,6

ha) e 16 (1,99 ha) possuem as menores áreas agrícolas.

5.3.2.1.2. Áreas de pastagem

As pastagens surgem em todas as sub-bacias, variam de 1,91 ha a

83,16 ha.

A utilização potencial da terra (pastagem), em função do RN e da

declividade média é de 15,6% (464,53 ha) e utilização potencial Pasta-

gem/Floresta é de 15,4% (462,78 ha). A Bacia hidrográfica apresenta áreas

com pastagem 30,16 % (902,86 ha), esta ocupação é maior nas sub-bacias

9 (83,13 ha ou 2,78%), 28 (66,67 ha ou 2,23%), 32 (66,32 ha ou 2,21%) e

22 (46,56 ha ou 1,55%). As sub-bacias 17 (1,91 ha ou 0,064%), 10 (3,69 ha

ou 0,12%) e 5 (6,47 ha ou 0,22%) apresentam as menores áreas.

5.3.2.1.3. Áreas com urbanização

73

A urbanização é pequena em toda a Bacia hidrográfica 2,9% (86,82

ha). As sub-bacias 5 e 2 são as mais urbanizadas: 26,08 ha (0,87%) e 16,7

ha (0,56%). A sub-bacias 2 apresenta urbanização em local inadequado,

pois, a classe de uso da terra é (D) área destinada a floresta. As áreas urba-

nas dentro da Bacia hidrográfica devem ser planejadas adequadamente,

evitando danos aos recursos naturais.

5.3.2.1.4. Áreas florestais

A ocupação refere-se a todas as manchas naturais ou plantadas e

ainda algumas manchas de vegetação natural de porte arbustivo.

A utilização potencial da terra (floresta), em função do RN e da de-

clividade média é de 58,2% (1,742,56 ha). A Bacia hidrográfica apresenta

ocupação florestal de 57,39% (1,718,08 ha). As maiores áreas florestais

encontram-se nas sub-bacias 21 (130,87 ha ou 4,37%), 14 (102,55 ha ou

3,43%), 19 (102,50 ha ou 3,42%), 18 (90,32 ha ou 3,02%) e 3 (90,11 ha

ou 3,01%). As menores áreas florestais encontram-se nas sub-bacias 30

(11,99 ha ou 0,4%), 5 (13,51 ha ou 0,45%), 7 (14,99 ha ou 0,5%) e na 8

(18,4 ha ou 0,61%). Floresta57,4%

Pedreira0,1%

Agricultura9,4%

Urbanização2,9%

Pastagem30,2%

Figura 20 - Uso do solo na Bacia hidrográfica (%) (2001).

74

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

50

100

150

200

Àre

a da

s su

b-ba

cias

(ha

)

Floresta Pastagem Agricultura Urbanização Pedreira Água

Figura 21 - Uso do solo nas sub-bacias (2001). 5.3.2.2. Uso do solo nas sub-bacias (1966)

O uso da terra nas sub-bacias pode ser visto nas figuras 21, 23 e 37.

5.3.2.2.1. Áreas agrícolas

A utilização potencial da terra (agricultura), em função do RN e da

declividade média é de 10,8% (323,83 ha). A Bacia hidrográfica apresenta-

va ocupação agrícola de 16,97% (508 ha), esta ocupação era maior nas

sub-bacias 21 (44,59 ha ou 1,49%), 20 (43,67 ha ou 1,46%), 19 (40,78 ha

ou 1,36%), 14 (32,14 ha ou 1,07%), 29 (29,89 ha ou 1,0%) e 33 (24,55 ha

ou 0,82%). As sub-bacias 21,20,19, 14 e 29 apresentam declividades supe-

riores a 15%, nenhuma delas possui aptidão agrícola. A sub-bacias 22 a-

presenta declividade inferior a 15% e possui aptidão agrícola.

As sub-bacias 2 (0,4 ha ou 0,01%), 7 (1,53 ha ou 0,05%), 6 (1,58 ha

ou 0,053%) e 5 (2,42 ha ou 0,081%), possuem as menores áreas com agri-

cultura. As sub-bacias 2, 6 e 7 apresentam aptidão florestal (áreas íngre-

75

mes). A sub-bacias 5 apresenta aptidão agrícola, mas era utilizada como

pastagem na maior parte de sua área.

5.3.2.2.2. Áreas de pastagem

Haviam pastagens em todas as sub-bacias, variando de 17,16 ha a

114,84 ha. A utlização potencial da terra (pastagem) em função do RN e

da declividade média é de 15,6% (464,53 ha) e a utilização potencial pas-

tagem/floresta é de 15,4% (462,78 ha). A Bacia hidrográfica apresentava

áreas com pastagem 44,53% (1.332,37 ha). Esta ocupação era maior nas

sub-bacias 9 (114,84 ha ou 3,84%), 22 (78,28 ha ou 2,61%), 32 (65,57 ha

ou 2,19%) e 28 (64,5 ha ou 2,15%).

As sub-bacias 22 e 32 apresentam declividade inferiores a 15%, e

sua aptidão é agrícola, classe (A). As sub-bacias 9 e 28 apresentam clas-

se de uso da terra (B).

5.3.2.2.3. Áreas com urbanização

A área urbana apresentou pequena porcentagem, 0,52% (15,47

ha). As sub-bacias 6 (5,51 ha ou 0,18%), 5 (3,71 ha ou 0,12%), 2 (3,33 ha

ou 0,11%), 9 (2,18 ha ou 0,07%) e 11 (1,04 ha ou 0,03%), eram as que

possuiam urbanização.

As sub-bacias 2, 6 e 11 apresentam declividade superior a 15%, as

sub-bacias 2 e 6 possuem classe de aptidão (D), a sub-bacias 11 classe

de aptidão (C). As sub-bacias 5 e 9 apresentam declividades inferiores a

15% e classe de aptidão (A), áreas propícias a urbanização.

5.3.2.2.4. Áreas florestais

A ocupação refere-se a todas as manchas naturais ou plantadas e

ainda algumas manchas de vegetação natural de porte arbustivo.

A utilização potencial da terra (floresta), em função do RN e da de-

clividade média é de 58,2%. A Bacia hidrográfica apresentava ocupação

76

florestal de 37,9% (1.134,14 ha). As maiores áreas florestais encontra-

vam-se nas sub-bacias 21 (66,74 ha ou 2,23%), 20 (66,62 ha ou 2,22%),

3 (65,37 ha ou 2,18%), 19 (63,38 ha ou 2,12%) e 14 (61,84 ha ou 2,07%).

As sub-bacias 3 e 20 apresentam aptidão florestal, 14 e 21 aptidão Pas-

tagem/floresta e 19 aptidão pastagem.

As menores áreas florestais encontravam-se nas sub-bacias 5

(4,95 ha ou 0,17%), 7 (8,81 ha ou 0,29%), 31 (11,54 ha ou 0,38%) e 4

(12,18 ha ou 0,41%). As sub-bacias 4, 5 e 31 apresentam aptidão agrícola

e a sub-bacias 7 aptidão pastagem/floresta.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

50

100

150

200

Áre

a da

s su

b-ba

cias

(ha

)

Floresta Pastagem Agricultura Urbanização Pedreira

Figura 22 - Uso do solo nas sub-bacias (1966).

Floresta37,9%

Pedreira0,1%

Agricultura17,0%

Urbanização0,5%

Pastagem44,5%

Figura 23 - Uso do solo na Bacia hidrográfica (%) (1966).

77

5.3.3. Conflitos existentes entre a ocupação (1966 e 2001) e a ocupação potencial

Nota-se que os conflitos eram maiores em 1972, devido a agropecuária

que ocupava uma área maior que a atual. As sub-bacias 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 10,

12, 13, 14, 15, 16, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 27, 28, 29, 30 e 31

apresentaram conflitos superiores a 2001. As sub-bacias 7, 11, 17 e 26

apresentaram conflitos inferiores a 2001, a 32 não apresentou conflito. Os

quadros 13 e 15, no anexo A apresentam os dados dos conflitos em cada sub-

bacias.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

20

40

60

80

Áre

a da

s su

b-ba

cias

Áreas de conflitos (2001) Áreas de conflitos (1966)

Figura 24 - Área de conflitos por sub-bacias (2001 e 1966).

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

10

20

30

40

50

60

70

Áre

a (%

)

Áreas de conflitos em 2001 (%) Áreas de conflitos em 1966 (%) Figura 25 - Percentagem de área de conflitos nas sub-bacias (2001 e 1966).

78

5.3.4. Área a florestar (para minimizar o assoreamento)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

5

10

15

20

25

Áre

a (h

a)

Área a florestar (2001) Área a florestar (1966)

Figura 26 - Área a florestar em cada sub-bacias (1966 e 2001).

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

5

10

15

20

25

30

35

Áre

a a

flore

star

(%

)

Área a florestar 2001 (%) Área a florestar 1966 (%)

Figura 27 - Areas a florestar por sub-bacias (%). Hoje, as sub-bacias 1, 2, 3, 5, 6, 9, 10, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18,

19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 29 e 31 não carecem florestamentos.

Em 1972 as sub-bacias 3, 12, 17, e 30 não careciam de florestamentos.

Os quadros 13 e 15, no anexo A apresentam as áreas a florestar em cada

sub-bacias.

79

5.3.5. Excesso ou disponibilidade de área para agricultura

123456789

1011121314151617181920212223242526272829303132

Sub

-bac

ias

020406080 0 20 40 60 80

Excesso de área (1966) Disponibilidade de área (1966)

Área (ha)

Figura 28 - Excesso ou disponibilidade de área para a agricultura (1966).

123456789

1011121314151617181920212223242526272829303132

Sub

-bac

ias

020406080 0 20 40 60 80

llllll Excesso de área (2001) Disponibilidade de área (2001)

Área (ha)

Figura 29 - Excesso ou disponibilidade de área para a agricultura (2001).

Nota-se que em 1972 o excesso (433,89 ha) e a disponibilidade

(240,55 ha) de área para agricultura era maior que a atual (2001), onde o

excesso (231,33 ha) e a disponibilidade (202,66 ha). Isto significa que em

2001 as áreas agrícolas estão ocupando uma área menor dentro da Bacia

hidrográfica e as áreas com agricultura que existem estão em locais ina-

dequados. Os quadros 13 e 15, no anexo A apresentam os excessos e

disponibilidade de áreas para a agricultura em cada sub-bacias.

80

5.3.6. Áreas a serem trabalhadas para o manejo correto da Bacia hi-drográfica

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

20

40

60

80

100

120

Áre

a (h

a)

Área a ser trabalhada (2001) Área a ser trabalhada (1966)

Figura 30 - Área a trabalhar por sub-bacias.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

20

40

60

80

100

Áre

a (%

)

Área ser trabalhada 2001 (%) Área ser trabalhada 1966 (%) Figura 31 - Percentagem de área a trabalhar por sub-bacias. Em 1972 as sub-bacias 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 11, 12, 13, 14, 15, 16,

18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 27, 28, 29 e 31 necessitavam de uma área

maior a ser trabalhada com relação a 2001. Hoje as sub-bacias 10, 17, 26,

30 e 32 possuem mais áreas a serem trabalhadas. Os quadros 13 e 15, no

anexo A apresentam as áreas a serem trabalhadas em cada sub-bacias.

81

5.3.7. Área deteriorada e grau de deterioração (1966 e 2001)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

20

40

60

80

100

Áre

a (h

a)

Área deteriorada (2001) Área deteriorada (1966)

Figura 32 - Área deteriorada por sub-bacias.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32

Sub-bacias

0

20

40

60

80

100

Áre

a (%

)

Grau de deterioração % (2001) Grau de deterioração % (1966)

Figura 33 - Percentagem de área deteriorada por sub-bacias. A deterioração da Bacia hidrográfica era mais acentuada em 1972,

onde a deterioração era maior do que a de 2001 nas sub-bacias 1, 2, 3,

4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25,

27, 28, 29, 31 e 32 . Atualmente a deterioração é maior nas sub-bacias

17, 26 e 30 em relação a 1972. Os quadros 13 e 15, no anexo A

apresentam as áreas deterioradas em cada sub-bacias.

82

5.4. Influência do uso da terra no assoreamento do reservatório do

Vacacaí Mirim

#

#

! !

$$

#

#

!

!!

1966 1971 1976 1981 1986 1991 1996 20010

20

40

60

80

100

120(%

)

Capacidade de armazenamento Floresta Agricultura Urbanização Pastagem ! # $ ! #

Figura 34 - Capacidade de armazenamento (1972, 1997 e 2001) e uso do

terra em 1966 e 2001.

A figura 34 apresenta a comparação entre o uso da terra no período de

1966 e 2001 e o assoreamento do reservatório do Vacacaí Mirim.

No período 1966 a 2001, ocorreram uma série de modificaçãoes dentro

da Bacia hidrográfica. As áreas com florestas representavam 37,9%, hoje

correspondem a 57,4%, um aumento significante neste intervalo de tempo. Este

aumento de 19,5% de florestas ocorreu devido ao processo de exodo rural,

onde parte das propriedades foram transformadas em sítios de final de semana,

lavouras e pastagens foram abandonadas e transformaram-se em capoeiras e

consequentemente, através da regeneração em matas secundárias.

As áreas com pastagens correspondiam a 44,5%, hoje corres-

pondem a 30,2%, esta diminuição 14,3% de pastagem deve-se ao

aumento na quantidade de floresta, devido ao exodo rural.

As áreas agrícolas correspondiam a 17%, hoje correspondem a 9,4%.

Esta diminuição da área agricola deve-se ao abandono do campo (exodo rural),

e a transformação destas áreas em pastagens e matas.

A urbanização correspondia a 0,5%, atualmente corresponde a

2,9%, este aumento deve-se a urbanização que ocorreu na Bacia

hidrográfica, muitas vezes em áreas inadequadas, áreas de preservação

permanente, áreas com declividade acentuada e esta urbanização tem

83

contribuido muito com o assoreamento do reservatório do Vacacaí Mirim

(figura 12).

84

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

6.1. Conclusões

Os resultados obtidos no presente trabalho, aliados à pesquisa bi-

bliográfica realizada, permitiram chegar às seguintes conclusões:

O uso potencial da terra calculado em função da declividade média

e do coeficiente de rugosidade avaliou a extensão que a ocupação flores-

tal deverá ter (58,2%), áreas com agricultura/urbanização (10,8%), pasta-

gem/urbanização (15,6%) e áreas com pastagem/floresta (15,4%).

Em 1972 a Bacia hidrográfica apresentava 37,9% de ocupação flo-

restal, em 2001 uma ocupação florestal de 57,4%. Ocorreu um aumento

de 19,5%, este aumento ocorreu devido a redução das áreas de agricultu-

ra que passaram de 17% (1972) a 9,4% (2001), uma diminuição de 7,6%,

e a redução das áreas de pastagens que passaram de 44,5% (1972) a

30,2% (2001), uma diminuição de 14,3%. A urbanização em 1972 era de

(0,5%) e em 2001 de (2,9%), um aumento de 2,4%.

Comparando os dados de projeto (1972) com a batimetria (2001),

constatou-se uma redução significativa na capacidade de armazenamento

(29,45%) em 29 anos.

Entre 1997 e 2001 (4 anos), ocorreu uma redução na capacidade

de armazenamento de 6,58% em relação a 1972, sendo que este valor

teve aumento significativo. Deve-se levar em consideração que o levan-

tamento de 2001 utilizou equipamentos mais precisos e maior quantidade

de pontos levantados.

A urbanização é responsável por uma série de deteriorações (corte

e aterros, abertura de estradas em locais inadequados, urbanização em

locais inadequados (áreas de preservação, áreas íngremes), retirada de

mata ciliar entre outros).

Conclui-se que o aumento da urbanização (corte e aterro, estradas,

urbanização em áreas inadequadas), mais as áreas de conflitos existen-

85

tes entre a ocupação atual e a ocupação potencial são responsáveis pelo

aumento do escoamento superficial e, conseqüentemente, pelo transporte

de sedimentos até o fundo do reservatório.

6.2. Recomendações

Com base nas conclusões elaborou-se um conjunto de recomen-

dações (prognósticos) que visam contribuir para a redução do grau de

deterioração da Bacia hidrográfica e melhorar a qualidade e quantidade

dos recursos hídricos bem como melhorar a qualidade de vida das pesso-

as que habitam na Bacia hidrográfica.

As recomendações, se implantadas adequadamente na Bacia hi-

drográfica, permitirão maior infiltração de água das chuvas para o lençol

freático, reduzirão as erosões e o assoreamento dos rios e reservatórios e

reduzindo os impactos ambientais negativos decorrentes de ações antró-

picas.

� Preservação das matas nativas existentes na Bacia hidrográfica;

� Arborização de estradas;

� As áreas com cultivo agrícola e pastagens deverão respeitar faixas de

contenção com largura estipulada no código florestal e legislação

complementar, nas margens dos cursos d’água;

� Em áreas com cultivos agrícolas em declividades superiores a 15% de-

verão ser aplicadas práticas conservacionistas rigorosas;

� Cuidados especiais deverão existir com as lavouras das encostas;

� A falta de mata ciliar em muitos trechos do curso d’água e em alguns

divisores d’águas, deverão ser corrigidas permitindo a invasão por “ma-

cegas” e árvores nativas da região;

� As propriedades rurais deverão ter seu planejamento físico rural;

� Áreas de invasões em locais inadequados (áreas de preservação perma-

nente), as residências deverão ser retiradas e colocadas em locais ade-

quados.

86

Recomenda-se algumas práticas conservacionistas para as áreas

agrícolas.

� Plantas de cobertura;

� Culturas em faixas;

� Cobertura morta;

� Práticas de caráter edáfico;

� Controle do fogo;

� Adubação verde;

� Terraceamento;

� Controle de voçorocas;

� Sistemas de preparo;

� Sistema plantio direto (ou semeadura direta);

� “Mulching vertical”;

� Rotação de culturas.

As belas paisagens da região (matas nativas, cachoeiras, vales,

montanhas) a possibilidade de pratica de vários esportes (rapel, escalada,

canoagem, diversos níveis de trilhas entre outros). Todo este potencial

constitui hoje um patrimônio cultural de alto valor, que a prefeitura e ou-

tros órgãos devem se empenhar em preservar.

Este fato, aliado à existência de uma área florestal considerável,

com grande biodiversidade e qualidade paisagística, proporcionam condi-

ções para o desenvolvimento de atividades turísticas as quais, são ecolo-

gicamente mais desejáveis e poderão constituir alternativas sob o ponto

de vista econômico, às formas tradicionais de exploração dos recursos

naturais na região.

87

7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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94

8. ANEXOS

B. Quadros do diagnóstico físico conservacionista (2001 e

1966).

- Aptidão de uso das terras por Sub-bacia;

- Uso da terra por Sub-bacia (2001);

- Conflitos, área a florestar, área a ser trabalhada, área de-

teriorada e prioridades por Sub-bacias (2001);

- Uso da terra por Sub-bacia (1966);

- Conflitos, área a florestar, área a ser trabalhada, área de-

teriorada e prioridades por Sub-bacias (1966);

C. Mapas de uso da terra (2001 e 1966) Mapas de conflitos

(2001 e 1966).

- Mapa de uso da terra (2001);

- Mapa de conflitos (2001);

- Mapa de uso da terra (1966);

- Mapa de conflitos (1966);

D. Coroas Hipsiométricas

- Coroas hipsométricas 1972

- Coroas hipsométricas 1997

- Coroas hipsométricas 2001

95

Quadro 11 - Aptidão de uso das terras por sub-bacia.

TABELA BÁSICA - Diagnóstico Físico-conservacionista da Sub-bacia do Rio Vacacaí Mirim Área ha Classes de

RN Sub-bacias

∑ (RCT) (km) ∑CN (hm) H (sem unida-

de) H (%) D (km/ha) RN x 10n=1a8

(sem unidade)

01 02 03 04

05 06 07 08 09

B 1 2,0809 330,0000 121,46 0,2717 27,1694 0,0171 4,65 D 2 2,4750 226,5097 79,50 0,2849 28,4918 0,0311 8,87 D 3 2,6171 365,1065 102,28 0,3570 35,6968 0,0256 9,13 A 4 0,7459 139,1053 54,38 0,2558 25,5802 0,0137 3,51 A 5 1,0131 62,8288 46,06 0,1364 13,6406 0,0220 3,00 D 6 2,2785 179,9268 64,59 0,2786 27,8568 0,0353 9,83 C 7 1,4517 99,1184 47,05 0,2107 21,0666 0,0309 6,50 C 8 1,4417 148,7062 58,12 0,2559 25,5861 0,0248 6,35 B 9 6,5671 192,9475 152,98 0,1261 12,6126 0,0429 5,41 D 10 1,3904 89,6825 38,57 0,2325 23,2519 0,0360 8,38 C 11 2,6568 162,3479 80,54 0,2016 20,1574 0,0330 6,65 D 12 3,0441 293,8752 94,23 0,3119 31,1870 0,0323 10,07 C 13 1,4217 169,1098 55,67 0,3038 30,3772 0,0255 7,76 C 14 2,6886 441,6691 133,11 0,3318 33,1808 0,0202 6,70 B 15 2,2117 255,2514 105,56 0,2418 24,1807 0,0210 5,07 D 16 2,7763 231,2893 83,97 0,2754 27,5443 0,0331 9,11 B 17 2,0081 314,1194 105,49 0,2978 29,7772 0,0190 5,67 C 18 2,8278 357,7896 118,14 0,3029 30,2852 0,0239 7,25 B 19 3,8267 274,2141 137,76 0,1991 19,9052 0,0278 5,53 D 20 3,7126 431,2779 140,24 0,3075 30,7528 0,0265 8,14 C 21 3,7626 464,4602 172,32 0,2695 26,9534 0,0218 5,89 A 22 2,1907 156,2556 131,11 0,1192 11,9179 0,0167 1,99 C 23 3,7184 120,0426 81,17 0,1479 14,7890 0,0458 6,77 B 24 1,7614 216,5445 91,85 0,2358 23,5759 0,0192 4,52 D 25 2,2260 300,5500 87,67 0,3428 34,2820 0,0254 8,70 C 26 1,5516 200,5666 67,00 0,2994 29,9353 0,0232 6,93 C 27 1,8650 209,1500 71,85 0,2911 29,1093 0,0260 7,56 B 28 2,4380 412,3315 137,49 0,2999 29,9899 0,0177 5,32 D 29 3,0819 365,8072 115,19 0,3176 31,7569 0,0268 8,50 A 30 1,1208 65,6047 59,71 0,1099 10,9872 0,0188 2,06 A 31 1,4389 68,2103 55,52 0,1229 12,2857 0,0259 3,18 A 32 1,9502 88,6013 103,13 0,0859 8,5912 0,0189 1,62

96

Quadro 12 – Uso da terra por sub-bacia (2001). Uso da Terra (ha)

N (ha) Associações Classes de RN

Mini-bacias 1a 1b 1c 1d ΣN 2 3a 3b 4 5a 5b Pedreira

[2, 3b] [2, (3b)] [2, (3a)] [3a (2)] 01 02 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

B 1 73,01 41,62 1,6 5,23 D 2 41,64 17,47 16,7 3,69 D 3 90,11 10,98 0,59 0,6 A 4 22,75 28,45 2,02 1,16 A 5 13,51 6,47 26,08 D 6 45,35 10,79 2,19 6,26 C 7 14,99 29,24 2,82 C 8 18,4 31,66 8,06 B 9 56,17 83,16 8,12 5,53 D 10 21,82 3,69 12,09 0,97 C 11 38,59 24,31 16,59 1,05 D 12 58,08 28,18 7,97 C 13 28,97 14,82 11,37 0,51 C 14 102,55 19,18 8,88 2,5 B 15 79,87 18,52 2,22 4,95 D 16 42,25 36,61 1,99 3,12 B 17 83,34 1,91 20,24 C 18 90,32 13,62 13,66 0,54 B 19 102,5 13,4 14,33 7,53 D 20 85,31 33,8 21,13 C 21 130,87 16,26 25,19 A 22 61,23 46,56 23,32 C 23 21,24 42,62 14,48 2,83 B 24 48,31 35,86 7,68 D 25 64,02 15,51 7,47 0,67 C 26 48,91 10,13 7,96 C 27 36,19 31,01 4,24 0,41 B 28 68,23 66,67 2,34 0,25 D 29 65,73 41,34 8,12 A 30 11,99 35,09 12,63 A 31 26,51 27,61 1,4 A 32 25,32 66,32 10,98 0,18 0,33

97

Quadro 13 – Conflitos, área a florestar, área a ser trabalhada, área deteriorada e prioridades por sub-bacia (2001).

Conflitos N A florestar

Disponibilidade (- ) e, ou excesso

(+) em agricultura

Área a ser traba-lhada para o

manejo correto da sub-bacia

Área deteriora-

da por sub-bacia

% de dete-riora-ção por sub-

bacia Prio

rida-

des

37

Cla

sses

de

RN

Sub

-bac

ias

Área da

sub-bacia Uso (ha) %

ΣN/área x 100 (%) (ha) (%) (ha) (%) (ha) (%) (ha)

01 02 05 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

B 1 121,46 1,6 1,32 60,11 0 0 + 1,6 1,32 1,6 1,32 1,6 1,32 30 D 2 79,50 37,86 47,62 52,38 0 0 0 0 0 0 37,86 47,62 02° D 3 102,28 12,17 11,9 88,1 0 0 + 0,59 0,58 0,59 0,58 12,17 11,9 19° A 4 54,38 2,02 3,71 41,83 4,44 8,17 - 24,01 44,15 30,47 56,03 6,46 11,88 20 A 5 46,06 0 0 29,33 0 0 - 6,47 14,05 6,47 14,05 0 0 32° D 6 64,59 19,24 29,79 70,21 0 0 + 2,19 3,39 2,19 3,39 19,24 29,79 08° C 7 47,05 2,82 5,99 31,86 8,53 18,14 + 2,82 5,99 11,35 24,12 11,35 24,12 11° C 8 58,12 8,06 13,87 31,66 10,66 18,34 + 8,06 13,87 18,72 32,21 18,72 32,21 07° B 9 152,98 8,12 5,31 36,72 0 0 + 8,12 5,31 8,12 5,31 8,12 5,31 26° D 10 38,57 16,75 43,43 56,57 0 0 + 12,09 31,35 12,09 31,35 16,75 43,43 03° C 11 80,54 17,64 21,9 47,91 1,68 2,09 + 16,59 20,60 18,27 22,68 19,32 23,99 12° D 12 94,23 36,15 38,36 61,64 0 0 + 7,97 8,46 7,97 8,46 36,15 38,36 06° C 13 55,67 11,88 21,34 52,04 0 0 + 11,37 20,42 11,37 20,42 11,88 21,34 13° C 14 133,11 11,38 8,55 77,04 0 0 + 8,88 6,67 8,88 6,67 11,38 8,55 23° B 15 105,56 2,22 2,10 75,66 0 0 + 2,22 2,1 2,22 2,1 2,2 2,10 28° D 16 83,97 41,72 49,68 50,32 0 0 + 1,99 2,37 1,99 2,37 41,72 49,68 01° B 17 105,49 20,24 19,19 79 0 0 + 20,24 19,19 20,24 19,19 20,24 19,19 15° C 18 118,14 14,20 12,02 76,45 0 0 + 13,66 11,56 13,66 11,56 14,2 12,02 18° B 19 137,76 14,33 10,40 74,4 0 0 + 14,33 10,40 14,33 10,4 14,33 10,4 22° D 20 140,24 54,93 39,17 60,83 0 0 + 21,13 15,07 21,13 15,07 54,93 39,17 05° C 21 172,32 25,19 14,62 75,95 0 0 + 25,19 14,62 25,19 14,62 25,19 14,62 17° A 22 131,11 23,32 17,79 46,70 0 0 - 46,56 35,51 69,88 53,3 23,32 17,79 16° C 23 81,17 17,31 21,33 26,17 0 0 + 14,48 17,84 14,48 17,84 17,31 21,33 14° B 24 91,85 7,68 8,36 52,6 0 0 + 7,68 8,36 7,68 8,36 7,68 8,36 24° D 25 87,67 23,65 26,98 73,02 0 0 + 7,47 8,52 7,47 8,52 23,65 26,98 09° C 26 67,00 7,96 11,88 73 0 0 + 7,96 11,88 7,96 11,88 7,96 11,88 21° C 27 71,85 4,65 6,47 50,37 0 0 + 4,24 5,9 4,24 5,9 4,65 6,47 25° B 28 137,49 2,34 1,70 49,62 0,52 0,38 + 2,34 1,7 2,86 2,08 2,86 2,08 29° D 29 115,19 49,46 42,94 57,06 0 0 + 8,12 7,05 8,12 7,05 49,46 42,94 04° A 30 59,71 12,63 21,15 20,08 2,94 4,92 - 32,15 50,53 45,74 76,6 15,57 26,08 10° A 31 55,52 1,4 2,52 47,75 0 0 - 27,61 49,73 29,01 52,25 1,4 2,52 27° A 32 103,13 0 0 24,55 0,46 0,45 - 65,86 63,86 66,32 64,31 0,46 0,45 31° 2991,71 508,92 54,72 29,23 433,99 500,61 538,13 19,80

98

Quadro 14 – Uso da terra por sub-bacia (1966). Uso da Terra (ha)

N (ha) Associações Classes de

RN Mini-bacias

1a 1b 1c 1d ΣN 2 3a 3b 4 5a 5b Pedreira

[2, 3b] [2, (3b)] [2, (3a)] [3a (2)] 01 02 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

B 1 47,86 53,49 20,11 D 2 26,46 45,62 0,40 3,33 3,69 D 3 65,37 25,85 11,06 A 4 12,18 31,39 10,81 A 5 4,95 35,28 2,42 3,41 D 6 28,27 29,23 1,58 5,51 C 7 8,81 36,71 1,53 C 8 16,49 32,23 9,40 B 9 24,25 114,84 11,71 2,18 D 10 16,37 17,16 5,04 C 11 19,85 56,95 2,70 1,04 D 12 48,39 32,97 12,91 C 13 18,03 18,61 19,03 C 14 61,84 39,13 32,14 B 15 51,53 33,37 20,66 D 16 37,62 37,73 8,62 B 17 55,27 32,87 17,35 C 18 55,63 44,84 17,67 B 19 63,38 33,60 40,78 D 20 66,62 29,95 43,67 C 21 66,74 60,99 44,59 A 22 28,28 78,28 24,55 C 23 19,01 43,03 19,13 B 24 35,52 48,06 8,27 D 25 38,93 33,82 14,92 C 26 33,19 27,41 6,40 C 27 28,16 28,99 14,70 B 28 53,36 64,50 19,63 D 29 47,44 37,86 29,89 A 30 20,71 25,49 13,51 A 31 11,54 36,55 7,39 A 32 22,13 65,57 15,43 1.134,14

99

Quadro 15 – Conflitos, área a florestar, área a ser trabalhada, área deteriorada e prioridades por sub-bacias (1966).

Conflitos N A florestar

Disponibilidade (- ) e, ou excesso (+)

em agricultura

Área a ser trabalha-da para o manejo

correto da sub-bacia

Área dete-riorada por sub-bacia

% de deterio-ra-ção por sub-bacia P

riorid

a-de

s

37

Cla

sses

de

RN

Sub

-bac

ias

Área da sub-bacia

Uso (ha) % ΣN/área x 100 (%) (ha) (%) (ha) (%) (ha) (%) (ha)

01 02 05 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

B 1 121,46 20,11 16,56 39,40 12,87 10,59 + 20,11 16,56 32,98 27,15 32,98 27,15 19° D 2 79,50 53,04 66,72 33,28 13,29 16,72 + 0,40 0,10 13,69 17,22 66,33 83,43 01° D 3 102,28 36,91 36,08 63,91 0,00 0,00 + 11,06 10,81 11,06 10,81 36,91 36,09 13° A 4 54,38 10,01 18,41 22,40 15,00 27,58 - 16,39 30,14 41,40 76,13 25,01 45,99 10° A 5 46,06 2,42 5,25 10,75 6,56 14,24 - 28,72 62,35 37,70 81,85 8,98 19,50 26° D 6 64,59 36,32 56,23 43,77 4,02 6,22 + 1,58 4,35 5,60 8,67 40,34 62,46 04° C 7 47,05 1,53 3,25 18,72 14,72 31,29 + 1,53 3,25 16,25 34,54 16,25 34,54 14° C 8 58,12 9,40 16,17 28,37 12,57 21,63 + 9,40 16,17 21,97 37,80 21,97 37,80 11° B 9 152,98 11,71 7,65 15,85 14,00 9,15 + 11,71 7,65 25,71 16,81 25,71 16,81 29° D 10 38,57 22,14 57,40 42,44 2,92 7,57 + 5,04 13,06 7,96 20,64 25,06 64,97 03° C 11 80,54 3,74 4,64 24,65 20,42 25,35 + 2,70 3,35 23,12 28,71 24,16 30,00 17° D 12 94,23 45,88 48,69 51,31 0,00 0,00 + 12,91 13,70 12,91 13,70 45,88 48,69 09° C 13 55,67 19,03 34,18 32,39 9,86 17,71 + 19,03 34,18 28,89 51,90 28,89 51,90 08° C 14 133,11 32,14 24,15 46,46 4,71 3,54 + 32,14 24,15 36,85 27,68 36,85 27,68 18° B 15 105,56 20,66 19,57 48,82 1,25 1,18 + 20,66 19,57 21,91 20,76 21,91 20,76 24° D 16 83,97 46,35 55,20 44,80 4,37 5,20 + 8,62 10,27 12,99 15,47 50,72 60,40 06° B 17 105,49 17,35 16,45 52,39 0,00 0,00 + 17,35 16,45 17,35 16,45 17,35 16,45 30° C 18 118,14 17,67 14,96 47,09 3,44 2,91 + 17,67 14,96 21,11 17,87 21,11 17,87 27° B 19 137,76 40,78 29,60 46,01 5,50 3,99 + 40,78 29,60 46,28 33,59 46,28 33,59 15° D 20 140,24 73,62 52,50 47,50 3,51 2,50 + 43,67 31,14 47,18 33,64 77,13 55,00 07° C 21 172,32 44,59 25,88 38,73 19,42 11,27 + 44,59 25,88 64,01 37,15 64,01 37,15 12° A 22 131,11 24,55 18,72 21,57 4,50 3,43 - 73,78 56,27 102,83 78,43 29,05 22,16 23° C 23 81,17 19,13 23,57 23,42 1,28 1,58 + 19,13 23,57 20,41 25,14 20,41 25,14 21° B 24 91,85 8,27 9,00 38,67 10,41 11,33 + 8,27 9,00 18,68 20,34 18,68 20,34 25° D 25 87,67 48,74 55,59 44,41 4,90 5,59 + 14,92 17,02 19,82 22,61 53,64 61,18 05° C 26 67,00 6,40 9,55 49,54 0,31 0,46 + 6,40 9,55 6,71 10,01 6,71 10,01 31° C 27 71,85 14,70 20,46 39,19 7,77 10,81 + 14,70 20,46 22,40 31,18 22,47 31,27 16° B 28 137,49 19,63 14,28 38,81 15,39 11,19 + 19,63 14,28 35,02 25,47 35,02 25,47 20° D 29 115,19 67,75 58,82 41,18 10,16 8,82 + 29,89 25,95 40,05 34,77 77,91 67,64 02° A 30 59,71 13,51 22,63 34,68 0,00 0,00 - 25,49 42,69 39,00 65,32 13,51 22,63 22° A 31 55,52 7,39 13,31 20,78 2,34 4,21 - 34,25 61,69 43,98 79,21 9,73 17,53 28° A 32 103,13 0 0 21,46 3,65 3,54 - 61,92 60,04 65,57 63,58 3,65 3,54 32° 2991,71

100

B. Mapas de uso da terra (2001 e 1966) Mapas de conflitos (2001 e

1966).

101

Figura 35 - Mapa de uso da terra (2001) Dill 2001.

102

Figura 36 - Mapa de conflitos (2001) Dill 2001.

103

Figura 37 - Mapa de uso da terra (1966) Dill 2001.

104

Figura 38 - Mapa de conflitos (1966) Dill 2001.

105

C. Coroas hipsométricas (1972, 1997 e 2001)

106

Figura 39 – Coroas hipsométricas 1972.

107

Figura 40 - Coroas hipsométricas 1997.

108

Figura 41 - Coroas hipsométricas 2001.