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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DIAGNÓSTICO DE DESCARGA DE CÁTODO OCO DE Ar E PÓS- DESCARGA Ar N 2 POR ESPECTROSCOPIA DE EMISSÃO ÓPTICA E ESPECTROMETRIA DE MASSA EDSON JOSÉ DA COSTA SANTOS ORIENTADOR: Prof. Dr. Custódio Leopodino Brito Guerra Neto CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Clodomiro Alves Junior Julho de 2013 NATAL-RN

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - core.ac.uk · Muitas aplicações de plasma exigem que a descarga seja produzida distante da superfície a ser processada, ... Nesse regime de pós-descarga

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

DIAGNÓSTICO DE DESCARGA DE CÁTODO OCO DE Ar E PÓS-

DESCARGA Ar – N2 POR ESPECTROSCOPIA DE EMISSÃO ÓPTICA E

ESPECTROMETRIA DE MASSA

EDSON JOSÉ DA COSTA SANTOS

ORIENTADOR: Prof. Dr. Custódio Leopodino Brito Guerra Neto

CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Clodomiro Alves Junior

Julho de 2013

NATAL-RN

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I

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DIAGNÓSTICO DE DESCARGA DE CÁTODO OCO DE Ar E PÓS-

DESCARGA Ar – N2 POR ESPECTROSCOPIA DE EMISSÃO ÓPTICA E

ESPECTROMETRIA DE MASSA

EDSON JOSÉ DA COSTA SANTOS

Dissertação submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Mecânica como

parte dos requisitos para obtenção do grau de

mestre em engenharia mecânica.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Custódio Leopodino Brito Guerra Neto

CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Clodomiro Alves Junior

Julho de 2013.

NATAL-RN

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II

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III

FOLHA DE APROVAÇÃO

Edson José da Costa Santos

DIAGNÓSTICO DE DESCARGA DE CÁTODO OCO DE Ar E PÓS-

DESCARGA Ar – N2 POR ESPECTROSCOPIA DE EMISSÃO ÓPTICA E

ESPECTROMETRIA DE MASSA

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em

Engenharia Mecânica como parte dos requisitos para

obtenção do grau de mestre em engenharia mecânica.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Custódio Leopodino Brito Guerra Neto – UFRN

Prof. Dr. Clodomiro Alves Junior – UFRN

Prof. Dr. Júlio César Perreira Barbosa – UFERSA

Prof. Dr. Thércio Henrique de Carvalho Costa – UFRN

Prof. Dr. Edalmy Almeida de Oliveira – UFRN

NATAL – RN

JULHO DE 2013

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IV

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus país Maria de Deus e Manoel (in memorian),

meus irmãos, tios, primos, sobrinhos e avós pelo apoio e incentivo para

realização do mesmo.

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V

AGRADECIMENTOS

À Deus pela realização deste trabalho.

Ao professor Dr. Custódio Leopodino Brito Guerra Neto pela orientação,

confiança, incentivo, apoio e orientação deste trabalho.

Ao professor Dr. Clodomiro Alves Júnior pela co-orientação, discussões,

confiança e pela gentileza de ter cedido o laboratório para que os

experimentos fossem feitos.

Ao professor Dr. Bogos Nubar Sismanoglu pelo apoio, incentivo e

receptividade durante os dias presente no Instituto Tecnológico de

Aeronáutica.

Ao amigo Dr. Edalmy Oliveira Almeida por todos os ensinamentos,

apoio, e dedicação para realização deste trabalho.

Ao professor Dr. Thércio Henrique e Michele pelos conselhos e incentivo

da realização deste trabalho.

Ao Ms. Igor Oliveira pelo apoio e conhecimentos sobre operação e

manutenção do sistema de deposição do Labplasma.

Ao aluno Leandro Augusto por todos os desenhos técnicos para

realização deste trabalho.

Ao aluno Quinzinho pela ajuda na realização dos experimentos,

aquisição de dados e manutenção de sistema de deposição do

Labplasma.

Aos amigos Ivan Alves, Bruno Felipe, Talles Silva, Arlindo Balbino, Lino

Filho, Michelle Aires, Danilo e demais pesquisadores que fazem o

laboratório de processamento de materiais por plasma pelas discussões

e aprendizados nesta fase da minha vida.

Aos professores PPGEM pelos ensinamentos técnicos para realização

deste trabalho.

A CAPES e CNPQ pelo suporte financeiro.

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VI

RESUMO

Muitas aplicações de plasma exigem que a descarga seja produzida

distante da superfície a ser processada, evitando assim danos causados pelo

bombardeamento e/ou radiação do plasma. Nesse regime de pós-descarga

várias aplicações em materiais termicamente sensíveis podem ser utilizadas.

Neste trabalho espécies ativas produzidas por descarga e pós-descarga de

catodo oco foram diagnosticadas por espectroscopia de emissão óptica e

espectrometria de massa. A descarga foi produzida com os gases Ar e mistura

Ar - N2 com fluxo de gás variando de 1 a 6 cm3/min e corrente elétrica entre

150 a 600 mA. Estimou-se que a densidade de íons no interior do cátodo oco,

com 2 mm de diâmetro, variou entre 7,71 e 14,1 x 1015 cm-3. Observou-se que o

fluxo de gás e a corrente elétrica alteram a intensidade de emissão das

espécies de Ar e N2. As principais espécies iônicas detectadas por

espectrometria de massa quadrupolar foram de Ar+ e N2+. A razão das

intensidades de emissão ótica de N2 (1 +)/Ar(811 nm) foi relacionada com a

pressão parcial de N2 na pós-descarga de cátodo oco em baixa pressão.

Palavras-chaves: espectroscopia de emissão óptica, espectrometria de

massa, pós-descarga, cátodo oco.

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VII

ABSTRACT

Many applications require that the plasma discharge is produced apart

from the surface to be processed, thus preventing damage caused by

bombardment and/or plasma radiation. In the post-discharge regime in various

applications thermally sensitive materials can be used. In this work, active

species produced by discharge and post-discharge hollow cathode were

diagnosed by optical emission spectroscopy and mass spectrometry. The

discharge was produced with the gases Ar and Ar - N2 gas flow ranging from 1

to 6 cm3/min and electric current between 150 to 600 mA. It was estimated that

the ion density inside the hollow cathode, with 2 mm diameter ranged between

7.71 and 14.1 x 1015 cm-3. It was observed that the gas flow and the electric

current changes the emission intensity of Ar and N2 species. The major ionic

species detected by quadrupole mass spectrometry were Ar+ and N2+. The ratio

of optical emission intensities of N2(1 +)/Ar(811 nm) was related to the partial

pressure of N2 after the hollow cathode discharge at low pressure.

Keywords: optical emission spectroscopy, mass spectrometry, post-discharge

hollow cathode.

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VIII

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA ......................................................................... 16

2.1 Estudos dos Gases ................................................................................. 16

2.2 Descargas elétricas luminescentes (glow) .............................................. 18

2.2.1 Regiões da curva característica tensão-corrente .............................. 20

2.3 Descarga elétrica de cátodo oco ............................................................. 22

2.3.1. Descrição analítica do cátodo oco cilíndrico a baixa pressão .......... 25

2.4. Pós-descarga ......................................................................................... 29

2.5. Técnicas de diagnóstico de plasma ....................................................... 33

2.5.1. Espectroscopia de Emissão Ótica - OES ......................................... 33

2.5.2. Espectrometria de Massa - MS ........................................................ 38

3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................ 42

3.1. Sistema de descarga de cátodo oco ...................................................... 43

3.2. Fonte de tensão elétrica ......................................................................... 44

3.3. Sistema de vácuo e alimentação de gases ............................................ 44

3.4. Diagnóstico do plasma ........................................................................... 45

3.4.1. Sistema de OES .............................................................................. 46

3.4.2. Sistema MS ..................................................................................... 47

3.5 Procedimentos experimentais ................................................................. 48

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 51

4.1 Estimativa da densidade de íons no cátodo oco ..................................... 51

4.2 Diagnóstico da descarga de cátodo oco de Ar ........................................ 53

4.3 Diagnóstico de pós-descarga de cátodo oco em Ar-N2 ........................... 58

5. CONCLUSÕES ............................................................................................ 65

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................ 66

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IX

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Curva característica tensão-corrente de uma descarga elétrica de

corrente contínua. ............................................................................................ 21

Figura 2: Efeito de pulverização catódica no cátodo oco em formato cilíndrico.

......................................................................................................................... 24

Figura 3: Distribuição de potencial elétrico, energia dos elétrons e taxa de

ionização, em função da distância intercatódica (Hashiguchi, 1991). .............. 26

Figura 4: Seção transversal da configuração cilíndrica do microcátodo oco. ... 27

Figura 5: Esquema de níveis energéticos envolvidos na formação de espécies

de Ar na região entre 700 a 812 nm (Betanzo, 2003). ..................................... 34

Figura 6: Diagrama dos principais níveis de energia envolvidos nas transições

de nitrogênio atômico e moleculares (Czerwiec, Greer e Graves, 2005). ....... 35

Figura 7: Diagrama dos principais componentes da espectroscopia de emissão

óptica. ............................................................................................................... 36

Figura 8: Diagrama dos principais componentes dos MS. ............................... 40

Figura 9: Representação esquemática da câmara de plasma para estudo da

pós-descarga produzida por cátodo oco. ......................................................... 42

Figura 10: Representação em corte transversal do sistema de cátodo oco. .... 43

Figura 11: Montagem experimental empregada no diagnóstico de plasma por

espectroscopia de emissão óptica e espectroscopia de massa. ...................... 45

Figura 12: Representação em corte transversal do tubo para observação do

plasma. ............................................................................................................. 46

Figura 13: Representação esquemática do sistema MS. ................................. 47

Figura 14: Representação esquemática do cátodo oco cilíndrico Ti utilizado

neste trabalho (a) e em corte transversal (b).................................................... 51

Figura 15: Distribuição da densidade radial de íons para a descarga de cátodo

oco em argônio na pressão de 606,69 Torr. .................................................... 53

Figura 16: Espectros de Emissão óptica de descarga em Ar para fluxo de 6, 8 e

10 cm3/min. ...................................................................................................... 54

Figura 17: Espectros de emissão óptica de descarga em Ar para diferentes

intensidades de corrente elétrica. ..................................................................... 56

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X

Figura 18: Intensidade de emissão das espécies de Ar-I em função da corrente

elétrica na descarga de Ar................................................................................ 57

Figura 19: Espectro de massa das espécies residuais no interior da câmara de

processo, sem gases argônio e nitrogênio com pressão de 6,0 x 10-4Pa. ....... 59

Figura 20: Espectro de massa de pós-descarga de cátodo oco para mistura

para 6 Ar - 4 N2, corrente elétrica de 400 mA e pressão de 0,05 Pa. ............... 60

Figura 21: Variação da pressão parcial normalizada em função do fluxo de

nitrogênio em pós-descarga Ar - N2 em medida de espectrometria de massa

quadrupolar em corrente de 400 mA e pressão 0,05 Pa. ................................. 61

Figura 22: Espectro óptica obtido na pós-descarga de 6 Ar + 4 N2, corrente

elétrica de 400 mA e pressão de 0,05 Pa. ....................................................... 62

Figura 23: Intensidade relativa de emissão óptica para as espécies a) N2 (2+),

b) N2 (1+), c) Ar (750 nm) na pós-descarga Ar – N2. ........................................ 63

Figura 24: Razão das intensidades de emissão de N2(1+)/Ar(811nm) em função

do fluxo de nitrogênio. ...................................................................................... 64

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XI

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Principais reações químicas que ocorrem em um plasma frio

(Pessoa, 2009). ................................................................................................ 20

Tabela 2: Parâmetros da descarga de cátodo oco de Ar para estimativa da

densidade de íons ............................................................................................ 52

Tabela 3: Parâmetros de descarga luminescente em Ar correspondentes da

variação da taxa de fluxo.................................................................................. 54

Tabela 4: Parâmetros da descarga em Ar para diferentes correntes elétrica... 56

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XII

LISTA DE SÍMBOLOS

CC

RF

Corrente Contínua

Rádio - Frequência

DCO Descarga de cátodo oco

UV Ultravioleta

OES Espectroscopia de Emissão Óptica (do inglês Optical

Emission Spectroscopy)

MS Espectrometria de Massa (do inglês Mass Spectrometry)

RGA Analise de Gás Residual

Vd Tensão elétrica aplicada na descarga

Vr Tensão elétrica limite para ruptura do gás

dc Espessura de bainha catódica

γ Coeficiente de emissão secundária de elétrons

d Distância entre os eletrodos (cátodo-anodo)

L Comprimento do cátodo oco

E Campo elétrico

N Densidade de partículas total

γef Coeficiente de emissão secundária efetivo de elétrons

γi Coeficiente de emissão secundária de elétrons por ação de

íons

γm Coeficiente de emissão secundária de elétrons por ação de

metaestáveis

γf Coeficiente de emissão secundária de elétrons por ação de

fótons

A, B, e C Constantes do gás de Townsend

D Diâmetro do orifício do tubo catódico

pc Pressão no interior do cátodo oco

P Pressão

V Volume

T Temperatura

Ar Argônio

N2 Nitrogênio

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XIII

O2 Oxigênio

NO Monóxido de nitrogênio

Ti Titânio

M Massa da partícula

2

v Velocidade quadrática média

Livre caminho médio

L Comprimento de cátodo oco

I Intensidade de emissão óptica

J Constante de proporcionalidade

G Espécies no estado fundamental

fe(K) Função de distribuição de energia dos elétrons do plasma

λ Comprimento de onda

m/z Relação massa/carga

Rprod Taxa de produção de íons

víon Frequência de ionização

εf Energia de Fermi

Fluxo de íons

Da Coeficiente de difusão ambipolar

De Coeficiente de difusão de elétrons

μe Mobilidade dos elétrons

μi Mobilidade de íons

I Corrente elétrica

eV Elétron-volt

Torr Torr

Pa Pascal

h Constante de Planck

v Frequência da onda

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14

1. INTRODUÇÃO

Descargas elétricas, em laboratório, favorecem reações físico-químicas

entre substrato e atmosfera gasosa que permite sua utilização em tratamento e

processamento de materiais. Nelas, a amostra é imersa em um gás

parcialmente ionizado, o plasma, com a presença de átomos, moléculas,

radicais, íons e elétrons.

Quando a descarga elétrica é estabelecida espécies ativas são geradas

e carregadas pelo fluxo de gás para longe dos eletrodos originando uma outra

região separada espacialmente do plasma, denominada de pós-descarga

(Kiohara, 2010). Essa região situa-se fora do meio entre os eletrodos (campo

elétrico tendendo a zero). Nela, apenas espécies neutras e metaestáveis não-

iônicas estão presentes por possuir vida-longa ("long-lived species"). Ela vem

despertando interesse de muitos estudos (Moreau et al., 2000; Belmonte,

Czerwiec e Michel, 2001; Mézerette et al., 2003; Canal et al., 2009),

principalmente a pós-descarga de nitrogênio, para tratamento de superfícies

termicamente sensíveis devido à temperatura e densidade de íons serem

menores do que na descarga, permitindo tratamentos mais brandos pela

diminuição do bombardeio de íons. A baixa agressão ao substrato, comparada

com a descarga direta, confere a pós-descarga aplicações na esterilização de

materiais hospitalares sensíveis ao calor que não podem ser colocados em

autoclaves (Moreau et al., 2000), limpeza de superfícies sensíveis a corrosão

(Ru e Jie-Rong, 2006), deposição assistida por vapor químico de silício na pós-

descarga para obtenção de dispositivos utilizados na microeletrônica (Smith,

Khandelwal e Lamb, 2000), modificação superficial de polímeros (Canal et al.,

2009).

Apesar dos muitos estudos sobre a cinética de não-equilíbrio e o seu

emprego no processamento de materiais, a compreensão da pós-descarga de

nitrogênio não é completamente estabelecida (Krčma e Žáková, 2009; Kiohara,

2010).

Alguns estudos se concentram em diagnosticar as espécies presente na

pós-descarga de um plasma (Ricard et al., 1999; Smith, Khandelwal e Lamb,

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15

2000; Kiohara, 2010). Para isso, técnicas de diagnóstico por espectroscopia de

emissão óptica e espectrometria de massa são utilizadas para correlacionar os

parâmetros do plasma (Thomas et al., 1997; Smith, Khandelwal e Lamb, 2000).

A pós-descarga Ar – N2 obtida por micro-ondas é bem consolidada

devido à alta densidade de espécies ativas, da ordem de 1015 cm-3 (Ricard et

al., 1991; Ricard et al., 1994), que torna esse tipo de fonte importante para

diversas aplicações. Uma fonte de plasma promissora de pós-descarga e que

concorre com o micro-ondas é o cátodo oco. Devido a sua simplicidade de

design, operação, controle dos parâmetros, baixo custo e valores de densidade

de espécies próximas de micro-ondas, muitas pesquisas estão sendo

desenvolvidas no sentido de ampliar seu uso (Balan et al., 2005). A descarga

de cátodo oco consiste em aprisionar eletrostaticamente, por maior tempo,

elétrons e íons na descarga. Assim, é observado um intenso brilho nessa

região devido ao aumento da concentração de espécies excitadas e ionizadas.

Para isso, pode se utilizar um tubo sólido com um furo centralizado ou placas

paralelas, catodicamente polarizadas. Dessa forma, o presente trabalho tem

por objetivo relatar os resultados obtidos em descarga de Ar e pós-descarga

em mistura Ar - N2 produzidas por cátodo oco.

No capítulo 2 é apresentado uma série de conceitos fundamentais sobre

teoria dos gases e grandezas relevantes. Também neste capítulo é

apresentada uma descrição sobre descargas elétrica em corrente continua

(CC), como também a descarga de cátodo oco e a pós-descarga. Finalizando o

capítulo com os conceitos sobre diagnóstico de plasma, em especial os

realizados pelas técnicas de espectroscopia de emissão óptica e

espectrometria de massa. No capítulo 3, está descrito o aparato experimental

utilizado nesse estudo, bem como suas especificações, seus funcionamentos e

medidas. Nele também é apresentada a metodologia adotada para obter os

resultados. No capítulo 4 são apresentados os resultados obtidos para

descrição analítica do cátodo oco em baixa pressão, medidas de

espectroscopia de emissão óptica e espectrometria de massa. Por último, no

capítulo 5 são mostradas as conclusões obtidas nesta dissertação.

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16

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 Estudos dos Gases

Nos processos que empregam descargas elétricas, a atmosfera possui

papel fundamental no resultado final. Devido a isso, nesta seção será realizado

um estudo do meio gasoso levando em conta alguns conceitos relevantes à

compreensão dos fenômenos que ocorre no plasma, como base em Freitas,

2006.

A presença de átomos em um compartimento fechado permite que eles

absorvam energia do meio (por exemplo, radiação de fundo). Essa energia do

gás, composto por moléculas monoatômicas, é armazenada na forma de

energia cinética de translação. As moléculas em movimento colidem entre elas

e as paredes, provocando uma troca de energia. De modo, que tanto energia

cinética total do gás quanto a energia cinética média de cada molécula

constituinte do gás depende da temperatura absoluta T. Durante essas

colisões, as partículas exercem uma força nas paredes do recipiente. A

pressão média é definida como a razão entre a força total exercida por todos os

átomos em uma determinada área. A partir da teoria cinética dos gases

perfeitos é possível verificar que a pressão P depende do número total de

moléculas N em um volume V, da massa m e da velocidade média quadrática

2v pela equação 2.1.

2

3

1vm

V

NP . (2.1.)

No sistema Internacional de unidades (S.I.), a unidade de pressão é o

Pascal (Pa), que equivale a 1 N/m2. A unidade Torr é muito usual em se

tratando de tecnologia de vácuo. Assim:

1 Pa = 7,5 x 10-3 Torr

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17

Um conceito importante na compreensão da cinética de processos a

plasma é o livre caminho médio. Este é definido como a distância média

percorrida por uma partícula de gás entre duas colisões sucessivas com outra

partícula do mesmo gás e é inversamente proporcional a pressão. Dessa

forma, o livre caminho médio depende de cada espécie presente no gás e do

tipo de colisão. Por exemplo, considere um recipiente que contenha átomos de

argônio e nitrogênio, o livre caminho médio de átomos de argônio será a

distância média que um átomo desse gás percorre antes de colidir com outro

átomo de Argônio independentemente da ocorrência de colisões, com outra

partícula de nitrogênio ou outro presente no gás.

De acordo com a Teoria Cinética dos Gases não existem interações entre

as partículas do gás apenas nas colisões. Assim, o livre caminho médio

também depende do tamanho da partícula, isto é, sua seção de choque (σ) e

varia de gás para gás.

Matematicamente, o livre caminho médio ( ) é definido por:

N.

1

. (2.2)

A seção de choque, classicamente, é a área máxima em que uma partícula

ainda poderá colidir com outra partícula, por isso é definida como a área em

que o raio equivale à soma do raio das duas partículas que colidem, logo σ =

π(r1 + r2)2.

Da equação 2.1 percebe-se que o número total de moléculas N depende

diretamente da pressão P. Dessa forma, o livre caminho médio depende

inversamente da pressão. Assim, o livre caminho médio da partícula é reduzido

para pressão elevada e o comportamento de um átomo individual é dominado

pela colisão com outros átomos. Enquanto que, para pressões reduzidas o livre

caminho médio é elevado. Nesse caso, as colisões com partículas ocorrem

muito pouco e dão lugar a colisões com as paredes do recipiente (Freitas,

2006).

Em processos a plasma, tais como: nitretação, deposição, corrosão e

outros, o gás é injetado na câmara de processos sendo continuamente

bombeado por um sistema de vácuo. Dessa forma, se faz necessário repor gás

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18

a câmara para continuar o processo sem interrupção e manter a pressão de

operação, ou seja, um fluxo de gás Q.

O fluxo é igual ao produto da pressão pela velocidade de bombeamento S,

(Q = P.S). Como a pressão de cada volume de gás depende do número de

moléculas, o fluxo de gás é proporcional à quantidade de moléculas que

atravessam o condutor.

A unidade de fluxo adotada neste trabalho, frequentemente encontrada nos

aparelhos de medição (como o fluximetro), é o Centímetro Cúbico Padrão por

Minuto (cm3/min), onde padrão refere-se a condições normais de pressão e

temperatura (1 atm e 0 oC). Outra unidade usualmente empregada em

tecnologia de vácuo é o Torr vezes Litro por Segundo (Torr.L.s-1) (Freitas,

2006). A conversão entre os sistemas de unidades mencionados pode ser

realizada pela relação Q = P.S. Se a velocidade mede o volume do gás V que

passa pelo condutor por segundo, tem-se Q = P.S = P.V/Δt

123 ..1027160

001,0 760min1 sLTorrx,

s

LTorr).(/ cm

2.2 Descargas elétricas luminescentes (glow)

O termo plasma foi introduzido pelo físico e químico norte-americano

Irving Langmuir em 1927, quando estudava descargas elétricas em vapor de

mercúrio em tubo à baixa pressão. Langmuir verificou que gás ionizado emitia

radiação eletromagnética, na presença de campo elétrico uniforme e com

propriedades ópticas diferentes do gás (Engel, 1983).

O plasma é considerado o quatro estado da matéria que inclui uma

mistura de átomos e/ou moléculas do gás, partículas carregadas na forma de

íons positivo, íons negativos, elétrons e fótons (Rossnagel, Cuomo e

Westwood, 1989).

Macroscopicamente, o plasma é eletricamente neutro, em que qualquer

desbalanceamento de carga levará a campos elétricos internos que tendem

mover as cargas de modo a restabelecer o equilíbrio novamente. Outra

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19

propriedade fundamental do plasma consiste na tendência a blindar qualquer

potencial elétrico detectado dentro dele. Este fenômeno é denominado de

blindagem de Debye. Além disso, um importante parâmetro do plasma é o grau

de ionização, que é a fração das espécies neutras originais que foram

ionizadas. Plasma com um grau de ionização muito menor que a unidade é dito

fracamente ionizado.

Na maioria dos casos, o plasma é obtido artificialmente a partir de uma

descarga elétrica num gás. Ele é, geralmente, excitado ou sustentado

eletricamente por fontes de potência de corrente contínua (CC),

radiofreqüência (RF) ou micro-ondas. Além disso, é possível produzir plasma

através do aquecimento rápido ou contínuo da matéria até altas temperaturas,

através da intensa radiação Laser e por processos químicos (Engel, 1983).

O plasma é utilizado em vários setores da indústria com o objetivo de

modificar as propriedades de diversos tipos de materiais, tais como nitretação

de superfície contra desgaste e corrosão, produção de semicondutores,

tratamento de superfície para aplicações biomédicas, endurecimentos de

superfícies (pinos, brocas etc) entre outras aplicações (Chen e Chang, 2002).

A descarga elétrica em gases é produzida por uma diferença de potencial

elétrico aplicado entre dois elétrodos dentro de um tubo a baixa pressão. Uma

pequena quantidade de elétrons livres presentes no gás, causado pelas

ionizações que são produzidas por radiação de fundo (Engel, 1983) são

acelerados em direção ao anodo pelo campo elétrico pelo aumento da tensão

aplicada nos eletrodos. O contínuo aumento da tensão nos eletrodos produz o

aumento da energia cinética dos elétrons que começam a perder energia em

colisões inelásticas com átomos e moléculas do gás. Além disso, a tabela 1

mostra outros fenômenos presentes em uma descarga elétrica (Chapman,

1980; Lieberman e Lichtenberg, 2005). Nas reações contidas na tabela 1,

átomos são denotados como A e B, as moléculas e radicais como AB, as

espécies excitadas, em níveis de energia acima do nível fundamental, com o

sobrescrito *; e os íons positivos e negativos com os sobrescritos + e -,

respectivamente.

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20

Tabela 1: Principais reações químicas que ocorrem em um plasma frio (Pessoa, 2009).

2.2.1 Regiões da curva característica tensão-corrente

As descargas elétricas em gases possuem parâmetros descritos pela

dependência da corrente da descarga Id, sobre a tensão aplicada, Vd,

denominada de característica tensão-corrente representada na figura 1.

(Ahmed, 1987). Quando a tensão elétrica é baixa, a corrente elétrica através do

tubo é produzida por cargas livres e é baixa (Trecho AB). Com o aumento da

tensão aplicada, a corrente aumenta até atingir uma saturação (Trecho BC). A

medida que o campo elétrico aplicado aumenta, os elétrons adquirem energia

suficiente para ionizar o gás e a corrente aumenta exponencialmente com a

tensão na chamada região escura de Townsend (Trecho CD).

Quando a tensão alcança um certo valor limite, Vr é iniciado um processo

de multiplicação de elétrons (avalanche) resultando em três processos

simultâneos:

Os íons acelerados pelo campo elétrico colidem com o cátodo com

energia suficiente para provocar a emissão de elétrons secundários,

formando mais íons através de colisões com átomos neutros do gás;

Processo Reação

Colisão elástica e- + A → A + e-

Excitação e- + A → A* + e-

Ionização e- + A → A+ + 2e-

Ionização por duas etapas e- + A* → A+ + 2e-

Desexcitação e- + A* → A + e- + hv

Dissociação e- + AB → A + B + e-

Ionização dissociativa e- + AB → A+ + B + 2e-

Captura de elétron com dissociativa e- + AB → A- + B

Recombinação no volume e- + A+ + B→ A + B

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21

Os novos íons formados são acelerados em direção ao cátodo onde

colidem, produzindo mais elétrons, que irão produzir mais íons;

Ao mesmo tempo, os elétrons criados em colisões ionizantes e por

processos secundários são removidos do plasma através da difusão

com a parede do tubo, por recombinação com íons positivos e, em

alguns casos, por formação de íons negativos.

Figura 1: Curva característica tensão-corrente de uma descarga elétrica de

corrente contínua.

Quando a tensão atinge o valor de ruptura em D, ocorre um aumento

acentuado da corrente seguido de uma queda da tensão. Está transição é

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22

chamada de ruptura (breakdown) e origina a descarga luminescente

característica de cada gás e a descarga fica auto-sustentável. O regime

luminescente opera em três regimes distintos. O aumento da corrente devido a

intensificação do processo de ionização conduz a região luminescente

subnormal (Trecho DE). A tensão de aplicação torna-se quase constante para

uma ampla faixa de corrente, a luminescência normal (Trecho EF) e, quando a

área do cátodo fica completamente tomado pelo plasma. Quando a corrente

aumenta ao ponto de fazer cobrir completamente o cátodo, a voltagem começa

a aumentar. Esta corresponde à região de descarga abnormal (Trecho FG). A

partir daí, o aumento da tensão poderá causar o aquecimento do cátodo,

ocorrendo a emissão termiônica de elétrons. Quando isto ocorrer, a tensão

diminuirá e o regime de descarga glow mudará para o regime de arco.

2.3 Descarga elétrica de cátodo oco

No início do século XX, as Descargas de Cátodo Oco – DCO foram

amplamente utilizadas pioneiramente como dispositivos de descargas de baixa

pressão e alta densidade de elétrons para várias aplicações (Paschen, 1916).

O cátodo oco consiste basicamente de um cátodo com estrutura oca (furo,

cavidade, abertura etc) com superfícies catodicamente polarizadas, como

mostrado na figura 2. Esta configuração de cátodo pode assumir diferentes

geometrias como, por exemplo, placas planas paralelas separadas por uma

distância, cilindros ocos, cilíndricos concêntricas, etc (Baranková e Bardos,

2001). Comparando a descarga de cátodo oco com descarga luminescente

convencional, as DCO possuem uma maior eficiência de ionização,

proporcionando uma menor tensão de ruptura e correntes elétricas bem mais

intensas do que as descargas luminescentes convencionais de dimensões e

parâmetros de gás similares.

Numa descarga de cátodo oco é possível observar três efeitos principais

(Kolobo e Tsendin, 1995):

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23

Os elétrons são repelidos pela superfície e ficam confinados

eletrostaticamente entre as paredes da cavidade. Dessa forma, os

elétrons adquirem um maior tempo de vida no volume de plasma,

resultando em um número maior de colisões ionizantes com partículas

neutras do gás. Esse efeito é conhecido como Efeito de pêndulo.

Queda da diferença de potencial da descarga sobre a bainha catódica

gerando íons no volume de plasma no interior da cavidade. Esses íons

são acelerados com altas energias em direção as paredes liberando

átomos e elétrons, causando a emissão secundária.

Os elétrons podem penetrar na bainha oposta ao cátodo de sua

origem e causar colisões ionizantes. Os novos elétrons então criados

são acelerados pelo alto campo elétrico na bainha, gerando novos

elétrons, melhorando assim a taxa de ionização na bainha catódica

bem como na luminescência negativa.

Esses efeitos contribuem para a alteração das propriedades físicas e

químicas da superfície do cátodo, como a pulverização catódica, que consiste

na liberação de átomos neutros do cátodo normalmente no estado

fundamental, quando íons positivos criados na descarga são acelerados pelo

potencial da bainha e bombardeiam a superfície do cátodo conforme mostra na

figura 2. Esses átomos das paredes do cátodo difundem-se para a região da

nuvem da descarga, onde podem ser excitados ou ionizados por impacto de

elétrons ou colisões com átomos excitados.

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24

Figura 2: Efeito de pulverização catódica no cátodo oco em formato cilíndrico.

No volume do plasma, os íons possuem uma maior massa. Com isso,

transferem eficientemente sua energia às paredes do cátodo oco, provocando

o intenso aquecimento das mesmas. Dessa forma, as paredes do cátodo oco

necessitam serem refrigeradas e, geralmente, confeccionadas de materiais de

alto ponto de fusão, como tungstênio, titânio, grafite e outros. A elevada

temperatura amplia o uso do plasma em técnicas como a queima de resíduos

sólidos, aspersão térmica e deposição de filmes finos (Thornton, 1978; Anders

e Tobin, 1988).

A lei de similaridade de Allis-White (Sturges e Oskan, 1964) determina as

propriedades básicas de uma descarga de cátodo oco. De acordo com ela,

uma operação estável da descarga de cátodo oco, ocorre quando o produto

entre a pressão P e o diâmetro da abertura catódica d deverá estar

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25

compreendido entre o intervalo de, aproximadamente, 0,1 Torr.cm e 10 Torr.cm

(dependendo do gás usado, da constituição e da geometria dos eletrodos)

(Schoenbach et al., 2000). Dessa forma, (Sismanoglu et al., 2010) realizaram

microdescargas em geometria de cátodo oco com diâmetros bastante reduzido

(menor de 1 μm) em pressão atmosfera. O cátodo oco utilizado neste trabalho

contem um diâmetro maior (2 mm) e é utilizado em baixa pressão. Este sistema

mostrou-se eficiente na deposição de filme de prata sobre tecidos têxteis

conferindo propriedades antibacterianas, sem formação de resíduos tóxicos

(Feitor, 2010). O mesmo sistema foi empregado para depositar filmes de Cu e

Ti com espessuras transversais de 1 e 2 μm a uma taxa máxima de deposição

de 3,2 x 106 g/s utilizando Ar como gás de trabalho (Almeida, 2003).

2.3.1. Descrição analítica do cátodo oco cilíndrico a baixa pressão

White (1959) realizou as primeiras medidas elétrica em catodo oco

utilizando sonda de Langmuir que levaram a estimativa da densidade de íons.

Algum cálculo o conduziu a uma estimativa da densidade de íons que

concordava em ordem de grandeza com a densidade de elétrons.

Sismanoglu et al. (2010) realizaram a descrição analítica acima para

microdescarga, especificamente para microcátodo oco operado em pressão

atmosférica. Nele, objetiva-se obter a distribuição de densidade de íons no

orifício catódico. Para isso, foi empregado um modelo de descarga não

uniforme com perfil de difusão ambipolar, num sistema espacial cilíndrico.

Admitiram-se que não existe dependência de ρ e z simultânea e, através da

separação de variáveis, ni(ρ, z) = ni(ρ).ni(z). As soluções consistem de

LzAzni /cos , com as condições de contorno: 2/Lzni = 0 e

Azni 0 , e ni() = BJ0(2,405/0). Esta é a solução de Bessel de ordem

zero, com a condição de contorno assumida ni(0) = 0 .

A equação da continuidade no regime estacionário para esta

configuração, desprezando-se perdas, é dada por

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26

zn

z

znznD iion

iia ,

,,12

2

(2.3)

onde Da é o coeficiente de difusão ambipolar.

A produção de íons na cavidade catódica cresce rapidamente, até um

valor máximo, próximo da fronteira da bainha catódica e então cai lentamente,

junto com a perda de energia dos elétrons, emitido do cátodo pelo bombardeio

de íons (White, 1959; Hashiguchi, 1991). Tal comportamento pode ser

verificado na figura 3 obtida por Hashiguchi (1991), a partir do cálculo da

função de distribuição de energia dos elétrons. Observa-se uma máxima

energia média dos elétrons na região da bainha catódica, pois nessa região

ocorrem inúmeros processos responsáveis pela geração de elétrons

secundários. Na região de transição entre bainha e o plasma, estes elétrons

efetuam várias colisões ionizantes, culminando na redução da energia.

Figura 3: Distribuição de potencial elétrico, energia dos elétrons e taxa de

ionização, em função da distância intercatódica (Hashiguchi, 1991).

Descreve-se a taxa de produção de íons em sua dependência radial da

seguinte forma (White, 1959):

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27

1

00

nn

prod KR

, 0 < ρ < ρ (2.4)

onde n é um número adimensional e que depende do livre caminho médio do

elétron para ionização. Valores grandes de n são próprios de distribuições que

crescem rapidamente a um máximo próximo do limite físico da bainha, ρ0, no

ponto ρmáx = ρ0n/(n+1), como mostra a figura 4. Esse limite físico da bainha

catódica é praticamente igual ao raio do cátodo R para pressões elevadas

(Sismanoglu, 2010). Está formula mostra que os elétrons liberados pela

superfície catódica aceleram bastante na região de bainha catódica. Ao

penetrarem na coluna negativa, começam a ionizar, com taxa de ionização que

decresce.

Se a perda de íons por recombinação é baixa, a taxa com que os íons

deixam o plasma, em direção ao cátodo, é dada por:

0

0

2/

0),(2

L

prod

V

prod dzdzRdVR . (2.5)

Figura 4: Seção transversal da configuração cilíndrica do microcátodo oco.

Para o caso onde todos os elétrons secundários são produzidos pelos íons que

deixam o plasma, = Id/(1 + ).e, onde Id é a corrente da descarga, é o

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28

coeficiente de emissão secundária, e é a carga do elétron (Nasser, 1970).

Dessa forma, a equação (2.5) resulta em:

531

4

421

32

32

222

4

0

22

0

nnnnnnL

AK

nn

KAL (2.6)

e, portanto, a densidade máxima de íons, ni ( = 0, z = 0), será

CLnn

LennD

Inn

a

di 2

0

222 2

32

2..123

520,0

(2.7)

onde 531

4

421

322

nnnnnnC .

A equação (2.7) permite a obtenção de íons em cátodo oco utilizando o

Ar. O coeficiente de difusão ambipolar Da, por ser tratar de uma descarga com

a temperatura dos elétrons superior à dos íons (não equilíbrio térmico, Te Ti),

é dado por (Nasser, 1970):

e

iea DD

, (2.8)

onde De e e é o coeficiente de difusão e a mobilidade de elétrons,

respectivamente, e i é a mobilidade de íons. A temperatura ambiente To e

pressão P, o coeficiente de difusão de elétrons em argônio são dados por

0TeD 6,3105/P (Torr.cm2/s) (Raizer, 1997). Para temperaturas superiores,

admite-se que DeP e 0Te P depende linearmente da temperatura T (Stark e

Shoenbach, 1999). Então:

oTe

o

Te PDT

TPD . (2.9)

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29

De acordo com Raizer (1997) a mobilidade de elétrons (μe) e a dos íons

formados apenas por Ar+ (μi), a temperatura ambiente, é dado por 0TeP =

0,45 106 (cm2Torr/Vs) e 0Ti P = 1576 (cm2Torr/V.s), respectivamente.

Sismanoglu et al. (2010) compararam os resultados da densidade de

íons empregando a equação 2.7 e por espectroscopia de emissão óptica e

obtiveram valores com a mesma ordem de grandeza pelas duas técnicas para

um microcátodo oco em pressão atmosférica com R = 100 μm a diferentes

correntes elétricas.

2.4. Pós-descarga

Em uma descarga elétrica luminescente, espécies estáveis e

metaestáveis são carregadas pelo fluxo de gás para fora da região entre os

eletrodos reagindo com moléculas excitadas ou recombinando nas paredes do

reator e dão origem a uma outra região separada espacialmente do plasma,

denominada de pós-descarga.

Os primeiros estudos de pós-descarga datam 1900, quando cientistas

procuravam reproduzir fenômenos observados nas auroras em laboratório,

originando as primeiras pós-descargas de nitrogênio e oxigênio. Dessa forma,

a busca por explicações dos fenômenos das auroras contribuíram para o

entendimento da pós-descarga de nitrogênio, pois os espectros obtidos eram

muito similares ao obtidos em laboratórios (Kaplan, 1932).

O tempo de vida para transições permitidas por dipolo elétrico é da ordem

de 10-8 s. Contudo, algumas transições podem acontecer com tempo de vida

maior, da ordem de 10-3 s. Estes estados são chamados de metaestáveis e

podem ser transportados pelo fluxo para pós-descarga. Isso permite a

existência de processos físico-químicos na presença um campo elétrico,

temperatura e densidade de íons menores do que na descarga direta (Kiohara,

2010).

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30

As vantagens relativas ao emprego de pós-descarga, além de uma

temperatura do gás baixa, quando comparada a descarga foram mencionados

por Moreau et al. (2000):

Na pós-descarga as superfícies não são alteradas pelo impacto de

partículas carregadas como acontece quando é exposta

diretamente a descarga, onde as partículas carregadas são

aceleradas no interior da bainha do plasma;

As amostras termicamente sensíveis não sofrem danos térmicos.

Uma vez que o campo elétrico não é intenso a ponto de produzir

aquecimento local como ocorre na descarga;

Região fracamente ionizada ou neutra. Assim, é possível

compreender melhor a influência de espécies atômicas e neutras

na interação com a superfície.

As transições de plasma para pós-descarga são complexas de definir.

Estudos descrevem as tentativas feitas na resolução deste ponto, porém não

serão mencionadas neste documento (Schiller e Kulisch, 1998; Gorse et al.,

1988; Supiot, Dessaux e Goudmand, 1995).

A pós-descarga com cor amarelo-laranja é característica da pós-

luminescência de nitrogênio conhecida como pós-descarga distante (Lewis-

Rayleigh). Ela ocorre para tempos de residência superiores a 0,1 s e com forte

emissão do primeiro sistema positivo de N2, com a cabeça de banda 580,4 nm

(N2(B3Πg, v = 11) → N2(A

3Σu+, v =7)) mais intensa do que as demais. Tal fato é

devido ao fenômeno de predissociação inversa que dá origem ao estado

N2(A’5Σg+) (reação 2.1). Este estado possui níveis de energia ressonantes com

o estado N2(B3πg, v = 11) o que ocasiona superpopulação neste estado (reação

2.2) aumentando a intensidade da cabeça de banda 580,4 nm (reação 2.3)

(Kiohara, 2010):

4 4 '5

2 2 2( ) ( ) ( )o o gN S N S N N A N (2.10)

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31

'5 3

2 2( ) ( , 11)g gN A N B v (2.11)

3 3

2 2( , 11) ( , 7)g uN B v N A v hv (2.12)

A elevada presença de íons de nitrogênio molecular na pós-descarga

dá origem ao regime de pós-descarga rosa (do inglês pink afterglow). Esta

região é separada visualmente da descarga por um espaço escuro, na qual

pode ocorrer o aumento da densidade de todos estados excitados, visto que a

luminosidade global da pós-descarga aumenta. Levatron, 2004 investigou o

comportamento da pink afterglow em pressões de 5, 7 e 9 Torr. Observando

que a queda da intensidade decai e o aumento. Tal fato ocorreu na menor

pressão. Isso ocorreu para intensidade das bandas 391,4nm do primeiro

sistema positivo, 380,4 nm do segundo sistema positivo e 580,4 nm do primeiro

sistema negativo. Tal fenômeno de pink afterglow é interpretado como uma re-

ionização e re-excitação na pós-descarga, cujos precursores sejam os estados

vibracionais do estado fundamental da molécula de nitrogênio (Levatron, 2004).

A forte emissão do primeiro sistema negativo de nitrogênio ),(2 vBN

ocorre para

tempo de residência entre 0,01 e 0,1 s após o final da descarga.

Para a pós-descarga caracterizada pela alta intensidade do 1° Sistema

Positivo de Nitrogênio e ausência da emissão do 1° Sistema Negativo é obtida

a pós-descarga próxima (Early afterglow). Ela pode ser observada,

geralmente, em pressões baixas e para tempos menores que 0,01 s do término

da descarga. Essa pós-descarga é formada, principalmente, pela reação

(Ricard e Souza, 1994):

),()()5,()( 3

2

1

2

2

2

3

2 vBNXNvXNAN gggu (2.13)

A existência dessas três regiões é dependente dos parâmetros da

descarga, tais como fluxo de gás, pressão, corrente e pureza do gás utilizado.

A alteração dos parâmetros pode gerar outras situações, tais como, a ausência

da pós-descarga.

Na área biomédica, pós-descarga de Ar gerada por micro-ondas com

potência de 100 W foi utilizada para inativação parcial de Esporos bacterianos

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32

pela ação de fótons emitidos no intervalo de 105 a 107 nm correspondentes a

colisões de átomos de oxigênio no estado fundamental com os átomos de

argônio metaestável. A presença de nitrogênio em afterglow de microondas

com potência de 100 W foi utilizada para a inativação total de Bacillus Subtilis

em 40 minutos. Na região de pós-descarga a temperatura não passou de 50

°C, conferindo a essa região uma característica importante para esterilização

de dispositivos médicos sensíveis ao calor que não podem ser colocados em

autoclaves onde a temperatura é muito alta (Moreau et al., 2000).

Plasma remoto se mostrou importante também para limpeza de

superfícies de compostos orgânicos antes do revestimento ou pintura de um

substrato metálico, sem bombardeio iônico que produzem danos na superfície

(Belmonte, Czerwiec e Michel, 2001). Uma afterglow Lewis-Rayleigh em

mistura de Ar - 5%N2 com potência de micro-ondas de 130 W, pressão de 500

Pa e fluxo total de 1050 cm3/min foi empregada para realizar um estudo sobre

os mecanismo de limpeza de chapa de ferro (15 x 15 mm2). Usando a

espectroscopia de emissão óptica (OES) para monitoramento da evolução da

composição gasosa e analisando a superfície do ferro por espectroscopia de

fotoelétrons de raio-X (XPS) comprovando a eficácia da técnica. Foi observado,

por OES, um crescimento inicial das espécies de carbono seguido de um

decréscimo após 4 minutos. Esse efeito foi atribuído à eliminação do carbono

presente nos materiais graxos da superfície do ferro e depois confirmado por

XPS (Mézerette et al., 2003). Belmonte, Thiébaut e Mézererre (2002)

empregaram uma pós-descarga de Ar – 1 % N2, com uma potência de micro-

ondas de 35 W para verificar o papel de espécies ativas na limpeza de folhas

de ferro. Os resultados mostraram que foi possível limpar a superfície do ferro,

onde a presença do nitrogênio teve papel fundamental na redução do carbono.

Estudos realizados demonstram que a deposição assistida por vapor

químico é mais eficiente na região de pós-descarga. A maioria emprega a

deposição de nitreto de silício e oxinitreto de silício para aplicações da

microeletrônica (Deshmukh e Economou, 1993; Smith, Khandelwal e Lamb,

2000; Manera, 2004). A pós-descarga permite que o substrato não fique

exposto à radiação do plasma e, consequentemente, não é bombardeado pelos

íons de alta energia que poderiam gerar cargas de interface nos filmes

isolantes e danificar a superfície do substrato semicondutor, degradando as

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33

características do dispositivo. Além disso, a ionização, nessa região, é

executada em um ou mais gases do processo, sendo independente dos

demais, o que permite uma taxa maior de deposição e uma redução na

temperatura e/ou tempo de processamento em relação aos processos a

plasma (Mclarty et al., 1993; Sotero, 1999).

Em todas as aplicações mencionadas, os átomos e moléculas de

nitrogênio presentes interagem com a superfície do substrato nos processos de

deposição e corrosão.

2.5. Técnicas de diagnóstico de plasma

O diagnostico de plasma é uma importante ferramenta que permite

determinar vários parâmetros de uma descarga luminescente ao longo de seu

volume e sua variância no tempo (Barbosa, 2011).

As técnicas mais usadas para diagnóstico das descargas luminescentes

são: espectrometria de massa, sonda eletrostática e métodos ópticos como

espectrometria de absorção atômica e espectrometria de emissão óptica.

2.5.1. Espectroscopia de Emissão Ótica - OES

A Espectroscopia de Emissão Óptica (do inglês Optical Emission

Spectroscopy - OES) consiste do estudo da luz emitida por átomos, moléculas,

íons e radicais. Ela permite o monitoramento da composição da descarga

luminescente em tempo real, sem perturbar ou interferir no processo, o que a

caracteriza como uma técnica não-invasiva. O desenvolvimento da

espectroscopia pela análise do espectro de emissão óptica possibilitou analisar

minuciosamente a estrutura das moléculas e átomos de nitrogênio através de

seu espectro de emissão (Kiohara, 2010).

As emissões de luz são determinadas pelos níveis de energia. Nos

átomos, as transições eletrônicas dependem da configuração dos elétrons ao

redor do núcleo. O átomo de argônio, por exemplo, tem 18 elétrons e sua

configuração no estado fundamental é 1s22s22p63s23p6. O diagrama dos níveis

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de energia para algumas linhas de argônio é mostrado na figura 5. Algumas

linhas têm uma forte contribuição dos níveis metaestáveis (m), o qual contribui

para o aumento do tempo de vida de tais espécies. Nas moléculas, além disto,

os níveis de energia são também função da separação entre os núcleos e de

rotações moleculares. Para uma mesma configuração eletrônica existe um

conjunto de separações internucleares permitidas, denominada de nível

vibracional. Para cada nível vibracional, existe um conjunto de diferentes

rotações permitidas à molécula, os chamados níveis rotacionais, que

obedecem às regras de seleção da mecânica quântica (Tanaka e Jursa, 1961).

Os níveis de energia dos correspondentes níveis de nitrogênio atômicos,

bem como os de moléculas de nitrogênio estão apresentados na figura 6.

Figura 5: Esquema de níveis energéticos envolvidos na formação de espécies

de Ar na região entre 700 a 812 nm (Betanzo, 2003).

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35

Átomos e moléculas em estados excitados podem decair para um estado

de menor energia emitindo um fóton cuja energia é exatamente igual à

diferença entre as energias dos estados inicial e final, como mostra a figura 5.

Em plasmas, o principal processo de geração de espécies excitadas que

eventualmente poderão emitir luz é o impacto de elétrons com moléculas,

átomos, íons e radicais livres.

Figura 6: Diagrama dos principais níveis de energia envolvidos nas transições

de nitrogênio atômico e moleculares (Czerwiec, Greer e Graves, 2005).

As emissões ópticas atômicas são constituídas de fótons com energias

bem distintas, pois um estado eletrônico tem uma única energia associada.

Enquanto que, as emissões moleculares e de radicais são formadas por um

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36

grande número de fótons com energias muito próximas, resultante de

transições entre os níveis vibracionais e rotacionais que possui um conjunto de

energia para cada estado eletrônico (Cruz, 1995).

A espectroscopia de emissão óptica é realizada utilizando os

componentes básicos mostrados na figura 7. A radiação emitida pelo plasma é

capturada e conduzida diretamente ou por fibra óptica ao monocromador. Nele,

a radiação encontra um espelho que direcionam a luz até uma rede de

difração. Está separa a luz do plasma em diversas frequências e são

focalizados sobre outro espelho. Este conjunto de linhas são direcionadas ao

detector. O detector converte os dados óticos em dados computacionais que

são lidos por software que exibe um espectro de emissão óptica.

Figura 7: Diagrama dos principais componentes da espectroscopia de emissão

óptica.

O espectro de emissão traduz, em termos físicos, a composição química

do plasma e a evolução temporal da mesma. Isso permite a otimização dos

parâmetros envolvidos para obtenção de tratamentos mais eficientes.

A intensidade I de emissão óptica de uma determinada espécie é

proporcional à densidade dessa espécie excitada presente no plasma

(Barbosa, 2011):

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37

I = J[G*], (2.15)

onde J é uma constante de proporcionalidade. A quantidade da espécie G no

estado excitado depende da densidade desta espécie no estado fundamental e

da eficiência do plasma e em promover a excitação responsável pela emissão

observada, de modo que:

I = J[G] e . (2.16)

Assumindo que o impacto de elétrons é o principal agente produtor de

espécies em estado excitados, a eficiência de excitação e depende da função

distribuição de energia dos elétrons do plasma, fe(K). Então:

dKkKKf aee )()( 2/1

0

, (2.17)

onde a é a seção de choque de excitação da espécie G para o estado na qual

a relaxação resulta na emissão de fótons com comprimento de onda λ.

Assim, a intensidade da emissão ótica é:

dKkKKfGJI ae )()( 2/1

0

(2.13)

Esta expressão mostra que a quantidade de espécies presentes na

descarga luminescente não é quantificada absolutamente. O estudo por meio

de OES identifica a espécie e informa sua quantidade relativa, podendo variar

assim para cada processo.

Medidas de espectroscopia de emissão óptica em pink afterglow em

mistura Ar – N2 em fluxo a pressão total de gás de 700 Pa e corrente de 120

mA. Os autores concluíram que o principal efeito de argônio é o aumento da

dissociação da molécula de nitrogênio. (Krčma e Žáková, 2009). Ricard et al.

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(1991) realizaram medidas das densidades de átomos de nitrogênio em pós-

descarga de microondas de Ar - N2 em potência aplicada de 100 – 200 W

empregando titulação de NO e intensidade absoluta do primeiro sistema

positivo de N2 em afterglow. Verificaram que a densidade de átomos de

nitrogênio diminui (5,5 – 2) x 1015 cm-3 com a distância z (10 – 30 cm) em

afterglow para Ar – 2% N2 em potência de 200 W e pressão atmosférica. Os

autores encontram também uma correlação entre a espessura da camada

nitretada y’-F4N e a densidade de átomos de nitrogênio na pós-descarga.

Saloum, Naddaf e Alkhaled (2008) caracterizaram um sistema de cátodo

oco de RF na mistura de gás de plasma N2 - x% Ar por espectroscopia de

emissão óptica e a sonda dupla de Langmuir, como uma função dos

parâmetros experimentais: pressão total (5 - 33 Pa); e as diferentes frações de

argônio (7 ≤ x ≤ 80), a uma potência constante aplicada de 300W de RF.

Verificaram que o grau de dissociação de N2 investigada qualitativamente pelo

método actinometria IN/IN2, pela relação da intensidade de emissão linha

atômica de nitrogênio (672,3 nm) e pela banda vibracional do segundo sistema

positiva N2 (337,1 nm), por ambos os métodos, aumenta com a fração de

argônio, com um máximo em x = 50 a pressão de 5 Pa. Medidas de sonda de

Langmuir, na zona remota, mostraram que a temperatura eletrônica cai e a 4

cm do cátodo oco é de 1,75 eV tornando possível o tratamento de modificação

poliamida (PA) comprovada pela melhoria do seu caráter hidrófilico. O

tratamento foi acompanhado por meio de análise de OES onde foi observado

um aumento na intensidade da linha de nitrogênio atômico (672,3 nm).

2.5.2. Espectrometria de Massa - MS

A espectrometria de massa (do inglês Mass Spectrometry – MS) vem

ganhando destaque no diagnóstico de plasmas em laboratórios de pesquisas.

O espectrômetro de massa é um aparelho de alta sensibilidade de detecção,

que permite a identificação de moleculas, radicais, átomos, ou íons por seus

pesos moleculares ou atômicos.

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39

Dentre os vários tipos de espectrômetro de massa, atualmente os estudos

sobre plasmas por espectrometria de massa têm sido realizados por

espectromêtro de massa quadrupolar com a análise de gás residual (do inglês

Residual Gas Analyze – RGA). A principal função dos analisadores de gás

residual é analisar a composição gasosa de sistemas de alto e ultra alto vácuo.

Além de poder ser usado para detectar impurezas e detectar vazamentos.

O espectrômetro de massa quadrupolar mede a relação massa-carga,

simbolizada por m/z, de moléculas individuais que tenham sido convertidos em

íons. A relaçao massa-carga (m/z) é definida como a razão entre a massa m do

íon para sua carga z (medida em unidade de carga do elétron e). Como as

móleculas são muito pequenas a unidade de massa atomica (u.m.a) é mais

comumente empregada em espectrometria de massa, em vez do grama ou

quilograma (1 u.m.a = 1,660 540 x 10-27 kg).

A formação de íons em fase gasosa é um pré-requesito essencial para a

classificação das massas e processos de detecção que ocorrem em um

espectrômetro de massa, ou seja, a detecção de espécies requer a sua

ionização no espectrometro de massa (Douai, Berndt e Winter, 1999). A figura

8 mostra os componentes principais de um espectrometro de massa

quadrupolar utilizado para análise de gás residual. O princípio de

funcionamento consiste em ionizar uma pequena fração de moléculas de um

gás na fonte de íons pelo impacto de elétrons emitidos por um filamento

aquecido resistivamente. Os íons são acelerados em direção ao analisador de

massa, onde são classificados de acordo com suas relações m/z e, então

coletados pelo detector. No detector o fluxo de íons é convertido em uma

corrente proporcional a quantidade de íons com a mesma relação m/z. A

corrente de íons é transformada em sinais elétricos que são processados em

uma unidade e viazualizados em um computador.

Todos os componentes do espectrômetro de massa, a exceção dos

dedicados ao processamento e saída dados, trabalham em alto vácuo. Para

tanto, estes aparelhos são dotados de sistemas de vácuo capazes de alcançar

pressões da ordem de 10-4 a 10-7 Pa. Normalmente, possuem sistemas

independentes de vácuo para a parte de introdução de amostrar e para a parte

de ionização e analise em si.

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40

Figura 8: Diagrama dos principais componentes dos MS.

Medidas de espectrometria de massa mostraram que a adição de argônio

aumenta a fração de nitrogênio dissociado e um máximo é obtido em 10 % de

Ar para a mistura de gás Ar – N2 em fonte de plasma indutivamente acoplado

(Czerwiec, Greer e Graves, 2005).

Medidas da densidade de átomos de nitrogênio em diferentes pressões

foram medidas por espectrômetro de massa e titulação de NO. Os resultados

mostram que os dois métodos concordavam nas medidas da pós-descarga

para tempo de residência maiores que 40 ms. A densidade máxima do átomo

de nitrogênio foi observada em 5 ms (Diamy et al., 1999). Moritts (1997)

estudou o comportamento dos estados atômicos N(4

S) para condições de

variação da pressão absoluta do sistema (2 a 30 torr) aplicando o método de

espectrometria de massa e titulação química com NO. A cinética de oxidação

de plasma remoto Ar/N2O assistida pela oxidação de Si(100) foi investigada por

técnicas de espectrometria de massa e espectroscopia de emissão óptica em

acoplamento capacitivo RF - 13,56 MHz (Smith, et al., 2000). Observaram uma

correlação linear entre a razão actinométrica de emissão do primeiro sistema

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positivo N2(1 +)/Ar(811 nm) e a pressão parcial de N2 no espectrômetro de

massa.

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42

3. MATERIAIS E MÉTODOS

A figura 9 mostra a representação esquemática da câmara de plasma

utilizada neste trabalho disponível no Laboratório de Processamento de

Materiais por Plasma (LABPLASMA), Departamento de Engenharia Mecânica

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

Figura 9: Representação esquemática da câmara de plasma para estudo da

pós-descarga produzida por cátodo oco.

O sistema é composto de uma câmara de plasma (1) cilíndrica de aço

inoxidável com diâmetro interno de 300 mm e comprimento de 600 mm. Este é

fechado por duas flanges (2, 3) também de aço inoxidável com entradas para o

sistema de cátodo oco (4), sistema de vácuo (5), sensor de pressão e

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alimentação de gases (6). Nas laterais da câmara de plasma encontram-se

flanges para observação do ambiente interno ou para introdução de sondas.

3.1. Sistema de descarga de cátodo oco

A figura 10 mostra uma representação do corte transversal do interior do

sistema de cátodo oco. O sistema é fixado mecanicamente ao flange superior e

possui um canal de passagem de gás para a introdução no cátodo oco. Para

evitar o superaquecimento do sistema foi utilizado um fluxo aberto de água no

interior do sistema. Todas as vedações são feitas utilizando gaxetas e anéis de

viton.

Figura 10: Representação em corte transversal do sistema de cátodo oco.

O cátodo oco é composto de titânio (Ti), pureza nominal de 99,99 %, com

um diâmetro externo de 5 mm e um furo central de 2 mm onde é produzida a

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luminescência. Esta estrutura é embutida em um corpo externo de aço

inoxidável formando a estrutura cilíndrica mostrada na figura 10.

O flange superior funciona como anodo e está conectado ao terminal

positivo aterrado da fonte. O cátodo oco é conectado ao terminal negativo da

fonte. Este possui ainda uma blindagem para evitar a formação do plasma na

sua parede externa.

3.2. Fonte de tensão elétrica

A fonte de tensão utilizada neste trabalho consiste de um sistema com

tensão de saída (máxima de 1250 V) obtida por um sistema de retificação de

tensão de entrada da rede elétrica (200 V).

As especificações da fonte são as seguintes:

(a) Tensão de entrada: 220 V/ 4 x 280 V 60 Hz±10%;

(b) Corrente de entrada máxima: 5,5 A;

(c) Tensão de saída máxima: 1250 V;

(d) Corrente de saída máxima: 2 A.

A corrente de saída é limitada por um varivolt (Variac) ligado em série

com o sistema de cátodo oco.

3.3. Sistema de vácuo e alimentação de gases

A câmara de processos é conectada pelo flange inferior ao sistema de

vácuo (Figura 9). Ele é composto de uma bomba mecânica de palhetas

rotativas (Modelo E2M8) com velocidade volumétrica de 6 m3/h em série com

bomba difusora (Modelo Difstak) com velocidade volumétrica de 60 m3/h,

ambas da Edwards®. Esse sistema permite alcançar uma pressão de 1,0 x 10-3

Pa na câmara de processo. A pressão é monitorada por um sensor de pressão

pennig.

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45

A alimentação de gás argônio e de nitrogênio utilizado nos experimentos,

ambos com a pureza de 99,99% (White-Martins®) é controlada por fluxímetros

individuais modelo MKS247, que possibilita um fluxo de 0 a 100 cm3/min.

3.4. Diagnóstico do plasma

Medidas de espectroscopia de emissão óptica e espectrometria de massa

foram empregada para diagnosticar as espécies da descarga de Ar e pós-

descarga Ar – N2 produzida em catodo oco utilizando a montagem experimental

mostrado na figura 11.

Figura 11: Montagem experimental empregada no diagnóstico de plasma por

espectroscopia de emissão óptica e espectroscopia de massa.

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3.4.1. Sistema de OES

As medidas de espectroscopia de emissão óptica foram realizadas por um

sistema composto por um espectrômetro de emissão óptica UV-VIS OCEAN

OPTICS USB4000 com resolução de 1,5 nm, operando na faixa do ultravioleta

e do visível. Esse espectrômetro é conectado a uma fibra óptica que capta a

radiação até uma rede de difração que separa a luz em diferentes

comprimentos de onda. O espectro obtido pode ser analisado através do

programa Spectra Sence, que permite determinar o tempo de integração

(tempo de captação de radiação para obtenção de um espectro) e ilustra na

tela do computador.

A fibra óptica foi inserida dentro da câmara de plasma utilizando um tubo

de aço inoxidável confeccionado com lâmina de vidro na extremidade do tubo

interna a câmara, conforme mostra a figura 12.

Figura 12: Representação em corte transversal do tubo para observação do

plasma.

Inicialmente, espectros de emissão óptica foram obtidos sem o tubo no

interior da câmara de plasma. Porém, não foram detectados pelo

espectrômetro os picos de emissão das espécies da pós-descarga. Após

inúmeras tentativas para obtenção do espectro por diferentes meios ópticos

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diferentes sem sucesso, a solução encontrada para a detecção das espécies

ativas foi a colocação de um tubo de borossilicato no interior de reator.

Os espectros de emissão obtidos foram comparados com os valores

encontrados no banco de dados de transição atômica disponível em

(http://physics.nist.gov/PhysRefData/ASD/lines_form.html). A identificação das

transições quânticas relativa ao sistema de bandas de energia de moléculas e

radicais foi feita utilizando do banco de dados presente em (Pearse, W. e

Gaydon, 1976).

3.4.2. Sistema MS

A completa caracterização de um ambiente de vácuo requer a detecção

de todos os componentes dos gases presentes, bem como a medida da

pressão total. Os analisadores de gás residuais ou analisador de pressão

parcial são instrumentos utilizados para essa caracterização.

Neste trabalho, a análise da pressão parcial das espécies extraídas do

plasma foi realizada utilizando um espectrômetro de massa quadrupolar do tipo

analisador de gás residual modelo RGA200 da Stanford Research Systems

(SRS) com uma resolução de 1,0 Unidade de Massa Atômica (u.m.a).

Figura 13: Representação esquemática do sistema MS.

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Como a pressão máxima de operação do RGA é de 2,0 x 10-2 Pa foi

necessário um sistema adicional de vácuo. Este consiste de uma bomba de

Alto Vácuo de Palhetas Rotativas (Modelo RV3) com velocidade volumétrica de

4,5 m3h-1 em série com uma bomba turbomolecular (Modelo EXT 75DX) com

velocidade de bombeamento de 151,2 m3h-1 (N2), ambas da Edwards. A

pressão nesse sistema é acompanhada com o uso do sensor modelo WRG-S-

NW 40CF – Pirani/Penning combinado medindo de 10-5 a 10-7 Pa. Para garantir

uma diferença de pressão entre a câmara e o espectrômetro de massa

empregou-se um redutor de fluxo de gás. O redutor de fluxo possui espessura

de 10 mm e com orifício centralizado de 1 mm de diâmetro para passagem do

fluxo.

Após a passagem pela válvula, às amostras de gases residuais são

ionizadas e, através da relação massa/carga, os íons são direcionados por

campos eletromagnéticos em um percurso percorrido apenas por aqueles que

atendem a determinada relação m/z, sendo possível a identificação dos

átomos/moléculas presentes e a relação entre eles. Ao ser detectado a unidade

central de controle envia os dados para o computador através de um cabo

serial RS232.

Os espectros de massa foram obtidos com elétrons emitidos no ionizador

do espectrometro de massa com uma energia de 70 eV para garantir um maior

número de espécies ionizadas por impacto de elétrons.

3.5 Procedimentos experimentais

O diagnóstico da descarga foi realizado em função dos parâmetros da

descarga de corrente contínua: corrente da descarga e fluxo de gás Ar.

Posteriormente foi diagnosticada a pós-descarga em função do fluxo de gás na

mistura Ar - xN2 numa distância de 17 cm da descarga. Em todas as descargas

realizadas, empregou-se cátodo oco.

Como a presença de impurezas metálicas pode alterar significativamente

a cinética de pós-descarga (Kanický et al., 2007) antes de todos os

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experimentos, o sistema de vácuo evacuava a câmara de vácuo até a menor

pressão atingida (P = 4 x 10-3 Pa).

Para estimar a densidade de íons no interior do cátodo oco empregou-se

a equação 2.7. Nessa estimativa, variou-se a corrente elétrica na descarga

cátodo oco de 150 a 400 mA e fluxo igual a 6 cm3/min de Ar. Daí mediu-se a

temperatura nas paredes do cátodo oco com a utilização de um termopar

fixado na sua parede, como o realizado por Almeida (2008). Considerou-se o

valor de temperatura do gás como sendo 10% do valor lido nas paredes. Tal

fato foi realizado uma vez que cálculos realizados por Trindade (1971),

mostraram que a temperatura das paredes do cátodo difere da temperatura do

gás entre 10 a 20 % na região de coluna interna de plasma. Devido à

complexidade de obter a temperatura no interior do cátodo oco, realizou-se a

simplificação acima.

Medidas de espectroscopia de emissão foram empregadas para verificar

a influência da taxa de fluxo e da corrente elétrica em espécies ativas da

descarga de Ar. Os espectros de OES capturavam a luminosidade do plasma

para os comprimentos de onda na faixa de 300 a 890 nm. Permitindo obter a

emissão dos átomos excitados de argônio. Para avaliar a influência do fluxo de

gás argônio, os espectros de emissão óptica foram capturados e observados

independentemente para os fluxos de 6, 8 e 10 cm3/min de argônio. Este gás

foi inserido pelo cátodo oco. A corrente elétrica nesses experimentos foi

mantida fixa em 400 mA. Com a obtenção do parâmetro de fluxo de Ar,

manteve-se ele fixo e variou-se a corrente elétrica entre 150 e 600 mA. Em

todos os procedimentos acima utilizando OES, procurou-se obter a máxima

intensidade relativa de emissão das espécies de argônio: 2p1 → 1s2 em λ =

750,4 nm e 2p9 → 1s5 em λ = 811,5 nm.

Uma vez adotado os parâmetros de fluxo de Ar e de corrente elétrica para

a descarga de cátodo oco, o passo seguinte consistiu em avaliar a influência de

nitrogênio na câmara por espectroscopia de emissão óptica e espectrometria

de massa, simultaneamente, para a mistura de Ar + x N2, onde x é a taxa de

fluxo de nitrogênio em cm3/min. Antes de iniciar o estudo de pós-descarga,

tomou-se o cuidado de avaliar a influência do tubo de borosilicato em relação

as medidas do espectrômetro de massa de gás residual. Para isso, obteve-se o

espectro de massa da pós-descarga na presença e na ausência do tubo de

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borosilicato. A partir daí, foram capturados os espectros de massa e de

emissão óptica na pós-descarga de mistura gasosa Ar - x N2. Buscou-se

analisar a composição química do processo e correlacionar os espectros. Para

evitar problemas relacionados à instabilidade do processo, os experimentos

foram realizados com o nitrogênio inserido pelo flange inferior (figura 9) e o

argônio permaneceu passando pelo centro do cátodo oco.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Estimativa da densidade de íons no cátodo oco

A pressão pc no interior do cátodo oco utilizada na estimativa da densidade

de íons foi obtida pelo fluxo de gás introduzido no cátodo pela relação Q = P.S,

como mencionado anteriormente na seção 2.1. Para Q = 6 cm3/min = 7,62 x 10-

2 Torr.L/s (6x1,27x10-2 Torr.L/s) e a velocidade de bombeamento S sendo dada

pela razão do volume a ser bombeado V pelo tempo Δt foi possível estimar a

pressão na entrada do cátodo oco cilíndrico representado na figura 14.

Figura 14: Representação esquemática do cátodo oco cilíndrico Ti utilizado

neste trabalho (a) e em corte transversal (b).

Sendo o volume a ser bombeado igual ao volume do cátodo oco cilíndrico

com diâmetro D = 2 mm e comprimento L = 40 mm, a pressão pc é igual a:

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SPQ c . → t

VPQ c

. ,

substituindo os valores:

7,62x10-2Torr. L/s = pc.1,256x10-4L/s

Então:

TorrTorrx

xpc 69,606

10256,1

1062,74

2

.

A estimativa acima mostra que a pressão no interior do cátodo oco

cilíndrico é várias ordens de grandezas maiores do que a pressão na câmara

de processo, contribuindo para o aumento de espécies na descarga.

Sendo a pressão no interior do cátodo oco estimada em pc = 606,69 Torr

e o raio R igual a 1,0 mm, o livre caminho médio ( ) do elétron para ionização

é igual a ρo - ρmáx (Figura 4), onde ρmáx é o raio de máxima ionização. Partindo

de P = 0,03cmTorr (Raizer, 1997), obtem-se = 9,0910-5cm e máx =

9,9910-2cm. Com isso, n = 1099 e assim, a densidade de íons pode ser

estimada pelas equações (2.7, 2.8 e 2.9).

Os parâmetros utilizados na estimativa da densidade de íons ni são

apresentados na tabela 2.

Tabela 2: Parâmetros da descarga de cátodo oco de Ar para estimativa da

densidade de íons

Id (mA) T (K) De(cm2/s) μe (cm2/Vs) μi (cm2/Vs) Da (cm2/s)

150 725,15 2,51 x 103 1314,8 6,28 11,99

200 825,15 2,68 x 103 1496,1 7,14 13,64

250 883,15 3,06 x 103 1601,2 7,65 14,60

300 937,15 3,24 x 103 1699,2 8,11 15,49

350 983,15 3,40 x 103 1782,6 8,51 16,25

400 1055,15 3,65 x 103 1913,1 9,14 17,44

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A distribuição da densidade radial de íons ni está representada na figura

15. Observa-se que o aumento da corrente elétrica no cátodo aumenta a

produção de íons no seu interior. Comportamento semelhante foi obtido em

microdescarga de cátodo oco a pressão atmosférica (Sismanoglu et al., 2010).

Estes autores verificaram que a densidade ni calculada para diversos valores

de corrente pela equação (2.7) possuía a mesma ordem de grandeza daquela

obtida experimentalmente por espectroscopia de emissão óptica. Além disso, a

densidade de elétrons possuía a mesma ordem de grandeza da densidade de

íons.

150 200 250 300 350 400

8

10

12

14

De

nsid

ad

e d

e í

ons (

x 1

01

5 c

m-3)

Corrente elétrica(mA)

Figura 15: Distribuição da densidade radial de íons para a descarga de cátodo

oco em argônio na pressão de 606,69 Torr.

4.2 Diagnóstico da descarga de cátodo oco de Ar

A figura 16 mostra os espectros de emissão da descarga de Ar para os

fluxos de 6, 8 e 10 cm3/min. Observa-se a presença de estados excitados na

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54

descarga referentes às linhas do átomo de argônio atribuídas,

predominantemente, a transição de Ar-I.

300 400 500 600 700 800 900

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

Ar(

811 n

m)

Inte

nsid

ad

e d

e e

mis

o r

ela

tiva

Comprimento de onda (nm)

10 cm3/min

8 cm3/min

6 cm3/min

Ar(

750 n

m)

Figura 16: Espectros de Emissão óptica de descarga em Ar para fluxo de 6, 8 e

10 cm3/min.

Tabela 3: Parâmetros de descarga luminescente em Ar correspondentes

da variação da taxa de fluxo.

Fluxo (cm3/min) Corrente elétrica (mA) Voltagem (V) Potência (W)

6

400

308 123,2

8 302 120,8

10 296 118,4

Os parâmetros da descarga de Ar para corrente de 400 mA é

apresentado na Tabela 3. Observando as intensidades de emissão em função

do fluxo é possível verificar que a variação do fluxo influência tanto na

intensidade de emissão das espécies ativas bem como na voltagem da

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descarga (Tabela 3). As espécies de argônio apresentaram comportamentos

distintos. A espécie Ar(750 nm) possui maior intensidade de emissão para uma

taxa de fluxo baixa (6 cm3/min). Enquanto que, a espécie Ar(811 nm) possui

maior intensidade de emissão para um fluxo maior (10 cm3/min). O

comportamento da primeira pode estar ligado ao livre caminho médio dessa

espécie que aumenta com a diminuição da pressão na câmara devido a

redução do fluxo de gás. Gerando um aumento da energia colisional das

mesmas e uma maior emissão luminescente. Para o caso de Ar(811nm), a

explicação está relacionada ao fato que está espécie possui uma energia de

excitação é menor do que a espécie de Ar (750 nm), como pode ser visto na

figura 5. Entretanto, o fluxo de 6 cm3/min permite uma maior emissão

luminescente da espécie de 750 nm e a maior voltagem na descarga entre os

três fluxos. Dessa forma, adotou-se a taxa de fluxo de Ar em 6 cm3/min para

este trabalho.

A figura 17 mostra quatro espectros de emissão óptica para diferentes

corrente elétrica empregada para descarga de Ar com fluxo constante e igual a

6 cm3/min. A tabela 4 exibe os parâmetros adotados para a taxa de fluxo de Ar.

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56

300 400 500 600 700 800 900

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

Ar(

811 n

m)

Ar(

750 n

m)

Inte

nsid

ad

e d

e e

mis

o R

ela

tiva

Comprimento de onda (nm)

600 mA

400 mA

250 mA

150 mA

Figura 17: Espectros de emissão óptica de descarga em Ar para diferentes

intensidades de corrente elétrica.

Tabela 4: Parâmetros da descarga em Ar para diferentes correntes

elétrica.

Fluxo (cm3/min) Corrente elétrica (mA) Voltagem (V) Potência (W)

6 cm3/min

150 295 44,25

200 294 58,8

250 294 73,5

300 296 88,8

350 299 104,6

400 308 123,2

450 311 140,0

500 313 156,5

550 317 174,3

600 321 192,6

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57

As análises dos espectros mostrados na figura 17 indicam o aumento da

intensidade de emissão de todas as espécies presentes no mesmo com o

aumento da corrente elétrica. A variação da intensidade das espécies ativas é

mostrada na figura 18. É possível observar que na faixa entre 150 e 600 mA, a

intensidade de emissão apresenta um acentuado aumento da intensidade das

espécies selecionadas até 300 mA. A partir desse valor de corrente até 400

mA, a intensidade de emissão permanece constante e volta a crescer com a

corrente elétrica. O aumento da intensidade de emissão com a corrente pode

estar relacionada com o aumento da densidade de íons (figura 16) e de

elétrons na descarga aumentando as colisões entre elétrons e espécies na

descarga. Na condição utilizada o aumento da corrente conduz ao aumento da

voltagem, como mostra a tabela 4. Culminando em colisões de elétrons com

espécies com maior energia e consequentemente, maior intensidade de

luminescência.

100 200 300 400 500 600

3000

4500

6000

7500

9000 Ar (750 nm)

Ar (811 nm)

Inte

nsid

ad

e d

e E

mis

o R

ela

tiva

(u

.a.)

Corrente (mA)

Gás: Argônio

Fluxo: 6 cm3/min

Figura 18: Intensidade de emissão das espécies de Ar-I em função da corrente

elétrica na descarga de Ar.

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58

Uma vez que correntes maiores que 400 mA, para horas de tratamentos,

torna a temperatura no interior do cátodo oco elevada pode existir a fusão do

cátodo oco e com isso a extinção do plasma ou a obstrução do canal do gás

(Almeida, 2008). Dessa forma, escolheu-se o parâmetro de 400 mA como

corrente elétrica utilizada no presente trabalho.

4.3 Diagnóstico de pós-descarga de cátodo oco em Ar-N2

Para uma melhor eficiência de processos envolvendo descarga

luminescente monitorou-se a câmara sem substrato e na ausência de gases do

processo. Para isso, fez-se um levantamento das espécies químicas no interior

da câmara limpo, ou seja, sem a presença de gases argônio e nitrogênio. A

figura 19 consiste de um espectro de massa obtido para análise de gás residual

numa pressão 6,0 x 10-4 Pa. A pressão parcial foi plotada em função de m/z em

escala linear. Tal valor foi adotado para assegurar que um número significativo

de espécies fosse ionizado na fonte de íons. Os picos presentes são devidos

às seguintes espécies: molécula de hidrogênio em 2 u.m.a, a água com picos

primários em 16, 17 e 18 u.m.a devido as espécies O+, OH+ e H2O+, o

nitrogênio molecular em 28 u.m.a e também o pico em 14 u.m.a atribuido ao

nitrogênio atômico N+ e molécula duplamente ionizado N2++. O oxigênio

apresentaum pico de 32 u.m.a, o dióxido de carbono apresenta um pico em 44

u.m.a e o carbono em C+ em 12 u.m.a. As espécies observadas estão

presentes em quantidades significativas em sistemas de vácuo. A relação m/z

igual a 18 u.m.a revela a presença de água no ambiente provocada pela

dessorção nas paredes da câmara. A pressão parcial desta espécie é reduzida

utilizando uma descarga luminescente de poucos minutos ou pelo aquecimento

externa das paredes da câmara (Fritsche et al., 2002).

Além do conhecimento prévio das espécies residual na câmara limpa

utilizando a análise de gás residual tal procedimento permite a determinação da

condição de espectro de massa de fundo (back-ground) das descargas

posteriores.

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59

0 10 20 30 40 50 60

0,0

1,0x10-6

2,0x10-6

3,0x10-6

4,0x10-6

5,0x10-6

N+

O+

2

Pre

ssã

o p

arc

ial (T

orr

)

m/z(u.m.a)

H+

2

H2O

+

OH+

CO+

2

N+

2O

+

Figura 19: Espectro de massa das espécies residuais no interior da câmara de

processo, sem gases argônio e nitrogênio com pressão de 6,0 x 10-4Pa.

A figura 20 mostra um espectro de massa de íons positivos típico de de

análise de gás residual para descarga de 6 Ar – 4 N2. Os picos dominantes no

espectro de massa estão relacionados aos gases do processo, indicando a

presença de átomos de Ar e da molécula de N2. A presença de íon N+ no

espectro pode ser atribuída à presença de moléculas de N2 e átomos de N no

plasma, resultante da dissociação ou ionização direta por impacto de elétrons

na fonte de íons do plasma (Fritsche et al., 2002).

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60

0 10 20 30 40 50 60

0,0

1,0x10-6

2,0x10-6

3,0x10-6

4,0x10-6

5,0x10-6

6,0x10-6

Pre

ssã

o P

arc

ial (T

orr

)

m/z(u.m.a)

Ar+

N+

2

Ar2+

N+

H2O

+

Figura 20: Espectro de massa de pós-descarga de cátodo oco para mistura

para 6 Ar - 4 N2, corrente elétrica de 400 mA e pressão de 0,05 Pa.

A Figura 21 mostra a variação da intensidade das espécies resultante da

descarga de Ar e N2 em função do fluxo de nitrogênio na câmara obtida por

medidas de espectrometria de massa. A pressão parcial de N2 aumenta com a

adição do fluxo de nitrogênio na câmara, enquanto que a pressão parcial de Ar

diminui.

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61

1 2 3 4 5 6

0,0

0,2

0,4

0,6

Pre

ssão

pa

rcia

l norm

aliz

ada

Fluxo de Nitrogênio (cm3/min)

H2O

+(18 u.m.a)

Ar2+

(20 u.m.a)

N+

2(28 u.m.a)

Ar+ (40 u.m.a)

Figura 21: Variação da pressão parcial normalizada em função do fluxo de

nitrogênio em pós-descarga Ar - N2 em medida de espectrometria de massa

quadrupolar em corrente de 400 mA e pressão 0,05 Pa.

A figura 22 mostra um espectro de emissão referente à descarga

luminescente na mistura 6 Ar + 4 N2 com corrente de 400 mA. A fibra óptica foi

posicionada perpendicular e a 17 cm da descarga. É possível observar

espécies ativas ligadas ao primeiro sistema positivo de nitrogênio N2(1 +),

segundo sistema positivo de nitrogênio N2 (2 +) que correspondem à transição

eletrônica B3Πg → A3Σu+ e C3Πu → B3Πg, respectivamente. Os picos que

aparecem em torno de 600 nm pertencem à transição vibracional (12-8), (11-7),

(9-5), (8-4), (7-3), (5-1), enquanto que em torno de 650 nm pertence a

transições vibracionais (9-6), (8-5), (7-4), (6-3), (5-2), (4-1) de N2(1 +). Não foi

observada a emissão de bandas do primeiro sistema negativo de N2.

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62

300 400 500 600 700 800 900

0

1500

3000

4500

6000

Inte

nsid

ad

e d

e e

mis

o r

ela

tiva

Comprimento de onda (nm)

N2 (2+) N

2 (1+) e Ar

Figura 22: Espectro óptica obtido na pós-descarga de 6 Ar + 4 N2, corrente

elétrica de 400 mA e pressão de 0,05 Pa.

As intensidades de emissão de N2 (2+), N2 (1+) e Ar (750 nm) são

plotados em função do fluxo de nitrogênio na figura 23. Observa-se um

aumento das espécies de N2 e um decréscimo para as espécies de Ar com o

fluxo de nitrogênio. O fato do aumento da população de estado radioativo de N2

(2+) pode ser explicado, tanto pelo aumento do fluxo de N2, como pelo

aumento do número de átomos de argônio metaestáveis (Ar*) na descarga.

Uma vez que o limiar de energia de excitação do estado radioativo N2 (2+) =

11,1 eV – é ligeiramente mais baixa do que as dos átomos do argônio

metaestável: 3P2 (11,55 eV) e 3Po (11,72 eV), a partir do efeito Penning

(Sugimoto, Nakano Satoko e Kuwano, 1994) pela reação 2.5.

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63

6000

8000

10000

12000

14000

16000

18000

20000

22000

N2 (2+)

Inte

nsid

ad

e d

e e

mis

o r

ela

tiva

5600

5800

6000

6200

6400

6600

N2 (1+)

1 2 3 4 5 6

10800

11000

11200

11400

11600

11800

12000

12200

Fluxo de nitrogênio (cm3/min)

Ar (750 nm)

Inte

nsid

ad

e d

e e

mis

o r

ela

tiva

Fluxo de nitrogênio (cm3/min)

1 2 3 4 5 6

Figura 23: Intensidade relativa de emissão óptica para as espécies a) N2 (2+),

b) N2 (1+), c) Ar (750 nm) na pós-descarga Ar – N2.

A razão das intensidades de emissão N2(1+)/Ar(811 nm) é mostrada na

figura 24. Um comportamento semelhante é observado nas medidas de

pressão parciais de N2 em função do fluxo de nitrogênio (Figura 21). A relação

N2/Ar (811 nm) será diretamente proporcional à pressão parcial de N2, se o

mecanismo de excitação primária para o estado N2(B3Πg) é a interação do

estado fundamental N2 com elétrons de plasma (Smith, Khandelwal e Lamb,

2000). A correlação linear foi encontrada entre a relação de emissão N2/Ar (811

nm) e a pressão parcial N2 no espectrômetro de massa. Ou seja, a razão das

intensidades de emissão ótica de N2(1+) foi diretamente proporcional à pressão

parcial de N2 na pós-descarga de cátodo oco. Tal resultado foi obtido também

por Smith, Khandelwal e Lamb, 2000.

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64

1 2 3 4 5 6

0,60

0,65

0,70

0,75

0,80

0,85

0,90

0,95

1,00

1,05

N2(1+)/Ar (811 nm)

Ra

zão

da

s in

ten

sid

ad

es d

e e

mis

o (

ua)

Fluxo de nitrogênio (cm3/min)

Figura 24: Razão das intensidades de emissão de N2(1+)/Ar(811nm) em função do fluxo de nitrogênio.

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65

5. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos baseados na metodologia utilizada permitiram

concluir que:

1) A densidade de íons no interior do cátodo oco, com 2 mm de diâmetro,

foi estimada entre 7,71 e 14,1 x 1015 cm-3 para o aumento de 150 a 400

mA da corrente elétrica na descarga de Ar;

2) As principais linhas espectrais observadas na descarga de cátodo oco

em Ar foram referentes às espécies excitadas de Ar. Entre elas em

750 e 811 nm. Para a pós-descarga Ar- N2, além destas também foi

possível identificar espécies ligadas ao primeiro e segundo sistema

positivo de nitrogênio. Não foi observada a emissão de bandas do

primeiro sistema negativo de N2;

3) O aumento da intensidade relativa de emissão em relação à corrente

elétrica foi observado, devido ao aumento da quantidade de elétrons

colidindo com alta energia na descarga;

4) Observou-se que a adição de nitrogênio produziu uma queda na

intensidade relativa de emissão óptica das espécies de argônio (750 e

811 nm) e o aumento da intensidade relativa de emissão do N2no

primeiro e segundo sistema positivo.

5) As espécies iônicas foram detectadas por espectrometria de massa de

analise de gás residual. Apresentaram maior pressão parcial Ar+ e N2+

e são ligadas a espécies do gás utilizado na descarga.

6) A razão das intensidades de emissão ótica de N2 (1 +)/Ar(811 nm)

mostrou-se diretamente proporcional a pressão parcial de N2 na pós-

descarga de cátodo oco em baixa pressão.

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66

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