Dissertação - Dimensionamento de Vigas de Concreto Armado Reforçadas Com Chapas Coldas Com Resina Epóxi - Sebastião S. Da Silveira - Universidade Federal Fluminense - 1997

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  • SEBASTIO SILVA DA SILVEIRA

    DIMENSIONAMENTO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO REFORADAS COM

    CHAPAS COLADAS COM RESINA EPOXI.

    Dissertao apresentada ao Curso de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obteno do Grau de Mestre. rea de Concentrao: Engenharia Civil.

    Orientador: Profo VICENTE CUSTDIO MOREIRA DE SOUZA

    NITERI

    1997

  • 2

    DIMENSIONAMENTO DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO REFORADAS COM CHAPAS COLADAS COM RESINA EPOXI.

    Dissertao apresentada ao Curso de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obteno do Grau de Mestre. rea de Concentrao: Engenharia Civil.

    Aprovada em maio de 1997

    BANCA EXAMINADORA

    _________________________________________________________________________

    Prof. Dr. Vicente Custdio Moreira de Souza - Orientador Universidade Federal Fluminense - UFF

    _________________________________________________________________________

    Prof. Dr. Ricardo Valeriano Universidade Federal Fluminense - UFF

    _________________________________________________________________________

    Prof. Dr.

    _________________________________________________________________________

    Prof. Dr. Luiz Eloy Vaz Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro - PUC-RJ

    NITERI 1997

  • 3

    AO MEU FILHO RAFAEL

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    minha esposa urea pela compreenso, incentivo e por ceder boa parte de nosso tempo

    para esta realizao.

    Ao Prof. Vicente pela orientao dada e pela sua pacincia.

    PROMON Engenharia por permitir-me utilizar parte da carga horria de trabalho para

    fazer esta tese.

    Aos meus pais, pois sem eles e a educao que me foi dada no seria quem sou hoje.

    Ao Prof. Ricardo pela inesperada e importante orientao.

  • 5

    RESUMO

    A Engenharia Civil encontra-se hoje em dia frente a um problema de reduo de custos e gastos em geral. Apesar das antiquadas tcnicas de construo ainda utilizadas, percebe-se uma conscientizao com relao a quo caro fica refazer trabalhos ou reconstruir estruturas, devendo-se a isto o grande desenvolvimento na rea da recuperao estrutural. Recuperar estruturas tornou-se vivel graas reduo dos preos dos materiais utilizados e disponibilidade e variedade das tcnicas existentes.

    Uma destas tcnicas disponveis o reforo de estruturas pela a colagem de chapas com resina epoxi. Estas chapas podem ser de ao ou, mais recentemente estudadas, de material plstico reforado com fibras (FRP). A resina epoxi permite a compatibilidade das deformaes e tenses de aderncia altas, compatveis com as existentes em armaduras de peas de concreto armado comuns. Esta tcnica amplamente difundida principalmente na Europa e utilizada, na maioria dos casos, para o reforo de obras de arte especiais (pontes, viadutos). No Brasil o reforo mediante a colagem de chapas ainda tem uso incipiente, parte por desconhecimento da tcnica, parte por falta de estudos feitos aqui.

    Este trabalho pretende contribuir nesta divulgao apresentando uma proposta de procedimento para o dimensionamento de vigas reforadas, ou seja, seo da armadura de reforo e verificao das tenses na viga reforada. Para tanto, considerar-se- o uso de chapas metlicas coladas face inferior ou superior de vigas para o aumento da capacidade resistente das peas quanto ao esforo de flexo.

  • 6

    ABSTRACT

    Nowadays the principal objective in Civil Engineering is the cost reduction. Demolition and rebuilding of structures are recognized as expensive activities although old building techniques are still in use. Structural assessment area developed in last years based on the reduction of materials cost and disponibility and variety of the existant strengthening and recovering techniques.

    Plate bonding structures strengthening is one of the avaible techniques. Using steel plates, or, more recently, fiber reinforced plastic [FRP] plates, and epoxi glue to fix them to beams bottom or upper face, a strain compatibility and high bonding stresses are garanteed, similary to those found between steel bars and concrete in common reinforced concrete structures. Plate bonding is widely used in Europe for strengthening bridges, but in Brazil an incipient use of the technique is observed, maybe because of unknowledge or because of works unpublishing.

    This work helps to minimize the lack of local works about plate bonding strengthening design proposing proceedings and design aids of strengthened plated beams defining steel plate area and checking stresses to increase their flexural strength capacity.

  • 7

    SUMRIO

    pgina

    RESUMO.........................................................................................................

    ABSTRACT......................................................................................................

    1 INTRODUO.................................................................................................. 2 PRTICA DO REFORO COM CHAPAS COLADAS................................................ 3 ESTADO DA ARTE DO REFORO COM CHAPAS COLADAS

    3.1 Histrico.................................................................................................

    3.2 O estudo feito por J. Bresson................................................................. 3.3 O estudo feito por F. Cnovas................................................................ 3.4 O estudo feito por Van Gemert.............................................................. 3.5 O estudo feito por Y. N. Ziraba e M. Hussain....................................... 3.6 O estudo feito por D. J. Oehlers............................................................. 3.7 O estudo feito por J. L. Campagnolo.....................................................

    4 TEORIA DO CONCRETO ARMADO NO ESTDIO II 4.1 Consideraes Gerais............................................................................. 4.2 Mtodo da Energia Potencial................................................................. 4.3 Vigas de Seo Retangular..................................................................... 4.4 Mtodo das Tenses Admissveis..........................................................

    5 METODOLOGIA PROPOSTA 5.1 Consideraes Iniciais............................................................................ 5.2 Estados Tensionais................................................................................. 5.3 Desenvolvimento das Equaes.............................................................

    6 APLICAO EM PROGRAMAS DE COMPUTADOR 6.1 Dados...................................................................................................... 6.2 Seqncia de Clculo............................................................................. 6.3 Resultados..............................................................................................

    7 EXEMPLOS

    7.1 Exemplo 1...........................................................................................

    5 6

    10

    14

    18

    20 22

    24

    29 37 43

    46 48 51 56

    60 62 65

    68 70

    75

    76

  • 8

    7.2 Exemplo 2...........................................................................................

    7.3 Exemplo 3...........................................................................................

    7.4 Exemplo 4...........................................................................................

    7.5 Anlise dos Resultados........................................................................ 8 CONCLUSES E SUGESTES DE CONTINUIDADE................................................ 9 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................

    ANEXO 1 - LISTAGEM DO PROGRAMA REFOR................................................. ANEXO 2 - EXEMPLO 1....................................................................................

    ANEXO 3 - EXEMPLO 2.................................................................................... ANEXO 4 - EXEMPLO 3.................................................................................... ANEXO 5 - EXEMPLO 4....................................................................................

    83 85 86 88

    90 91 93

    100

    104 108 112

  • 9

    1. INTRODUO

    As estruturas em geral esto expostas agressividade do meio. Esta

    agressividade pode ser bem pequena, como no caso de estruturas revestidas e internas s

    edificaes, ou bem intensa, como no caso de estruturas expostas ao ar marinho ou a

    ambientes industriais. Elas devem ser dimensionadas para resistirem aos esforos

    solicitantes previstos, para se comportarem da maneira idealizada e para no perderem sua

    capacidade resistente e qualidade em decorrncia da exposio ao meio em que se

    encontra. No entanto, impossvel dimensionar-se uma estrutura para que ela mantenha

    estas caractersticas eternamente. Deve-se ento considerar um perodo de tempo em que a

    estrutura mantenha-se sem perder sua capacidade resistente, sua funcionalidade, sua

    qualidade esttica, etc, dando-se a este perodo de tempo o nome de vida til.

    Aps decorrido o perodo de tempo correspondente vida til de uma

    estrutura, esta deve ser recuperada e/ou reforada. Mas a recuperao e/ou reforo de uma

    estrutura no ocorre somente porque a estrutura est no limite de sua vida til, podendo

    acontecer tambm por causa de erros no dimensionamento da estrutura ou na sua execuo,

    por no haver uma manuteno adequada no perodo, acelerando o processo de

    deteriorao, por estar sendo mal utilizada e pela ocorrncia de um acidente com a

  • 10

    estrutura. Em todos os casos devem ser utilizadas tcnicas especiais de recuperao e

    reforo.

    No caso do concreto armado, geralmente a deteriorao do material comea

    pela corroso das armaduras, que reduz sua capacidade resistente, aumenta as

    deformaes, e causa a ruptura dos cobrimentos por aumento de volume da barra corroda.

    Isto implica em reposio da armadura deteriorada e recuperao da geometria da pea.

    Nos casos de reforo [aumento da capacidade resistente ou reduo de deformaes], uma

    rea de armadura deve ser acrescida existente. Este acrscimo acarreta em deslocamento

    da linha neutra e aumento da regio comprimida do concreto, alterando o comportamento

    elstico da pea e seu estado tensional.

    Existem vrias formas de se repor ou aumentar a seo de armadura de

    concreto armado. No caso de peas fletidas, esta reposio pode ser feita por concreto

    armado, ou seja, aumentada a seo de concreto incorporando-se nesta nova camada a

    armadura adicional ou substituta. Pode-se tambm aplicar uma protenso externa pea, e

    ainda aumentar a seo de armadura atravs de colagem de armadura externa. Esta

    armadura pode ser composta por barras de ao comuns, chapas metlicas, perfis metlicos

    ou chapas ou barras de material plstico reforado com fibras. As tcnicas existentes

    adaptam-se a vrias situaes, havendo casos em que somente uma soluo possvel. Por

    exemplo, incorporar-se mais armadura atravs de uma nova camada de concreto uma

    soluo simples e eficaz, mas, no entanto, aumenta consideravelmente a seo da pea e

    seu peso prprio. Assim, pode-se, alternativamente, utilizar a colagem de chapas metlicas,

    que so de pequena espessura e de rpida execuo, mas que tambm sofrem restries

    pela armadura exposta e pela exigncia de no haver umidade para a utilizao da resina

    epoxi. A protenso externa uma tcnica bastante eficaz para o reforo de peas j

    protendidas, mas seu alto custo e dificuldade de execuo restringem seu uso.

  • 11

    As maiores vantagens do reforo com chapas coladas esto na rapidez da

    execuo e na pouca interferncia que sua execuo tem no uso da estrutura, podendo-se

    at evitar escoramentos no caso de estruturas em que o carregamento preponderante a

    ancoragem

    cabo

    desviador

    (a)

    chapametlica

    armaduraexistente

    camada deresina epxi

    (b)

    Cantoneirasmetlicas

    Colado comepxi

    (c)

    chavearmaduraexistente

    armadura dereforo

    camada deconcreto adicional

    (d)

    Figura 1.1: Tipos de reforos existentes (a) - reforo utilizando-se protenso externa; (b) - reforo por colagem de chapas; (c) - reforo com perfis metlicos; (d) - reforo com

    concretagem adicional.

  • 12

    carga mvel, como nas pontes e viadutos. No caso de edificaes, o escoramento mantm-

    se necessrio devido proporo do peso prprio em relao sobrecarga. O simples

    descarregamento [eliminao das sobrecargas] no suficiente para que, ao recarregar a

    estrutura, o reforo entre em carga, exigindo que o peso prprio seja aliviado parcial ou

    totalmente atravs do escoramento da pea. O reforo pouco influencia no peso prprio da

    estrutura e na sua distribuio dos esforos. O reforo com chapas coladas possui um

    grande potencial de desenvolvimento depois da possibilidade do uso de materiais plsticos

    ao invs de ao.

    Este trabalho dedica-se ao dimensionamento de reforos de peas fletidas

    atravs de colagem de chapas metlicas com resina epoxdica. Apesar da tcnica j ser

    utilizada no Brasil, poucos so os trabalhos apresentados a respeito, tornando evidente a

    necessidade de padronizar-se os projetos, conhecer o comportamento das peas reforadas

    e prover os projetistas de ferramentas para o dimensionamento destas peas. Neste trabalho

    apresentado um estudo do estado da arte baseado em vrios trabalhos com caractersticas

    diversas, e, a partir da, desenvolvido um procedimento de dimensionamento que

    aplicado a um programa de computador para gerao de tabelas e grficos.

  • 13

    2. PRTICA DO REFORO COM CHAPAS COLADAS

    O reforo por colagem de chapas metlicas coladas com resinas epoxi

    consiste em fixar chapas nas faces tracionadas das peas de forma que se possa aumentar o

    valor da carga mxima a ser aplicada sobre a pea. Tal necessidade pode decorrer de uma

    mudana no uso da estrutura, fazendo com que as cargas atuantes aumentem, ou a pea

    pode estar com sua armadura insuficiente, seja por corroso, seja por erro de projeto ou de

    execuo. A armadura adicional colada atuar efetivamente para o aumento da capacidade

    resistente da pea, visto que esta trabalhar perfeitamente solidria graas ao uso de resinas

    epoxdicas para a colagem das chapas.

    O motivo da escolha da resina epoxdica est na grande resistncia tanto

    compresso quanto trao que ela apresenta, no curto espao de tempo no qual ela atinge

    o nvel de resistncia desejado e na sua capacidade aderente tanto ao concreto como ao

    ao. A resina epoxdica no sofre retrao, evitando-se fissuras, e tem coeficiente de

    dilatao trmica prximo ao do concreto e do ao, mas exige estudo do trao a ser

    utilizado por causa da grande variabilidade de suas caractersticas ao se alterar as

    propores dos componentes. Na figura 2.1 apresentada uma curva do comportamento

    reolgico de uma mistura tpica utilizada para colagem de chapas.

  • 14

    As chapas metlicas so coladas na face inferior para vigas sujeitas a

    momento positivo e na face superior para sees sujeitas a momentos negativos. A fora

    atuante na chapa de reforo transmitida atravs da camada de cola. Esta transmisso

    contnua ao longo de toda a chapa. No entanto, nos extremos da chapa ocorre uma

    concentrao de tenses normais a ela, exigindo em alguns casos formas especiais de

    ancoragem, tais como chumbadores, colagem de cantoneiras nas extremidades da chapa de

    reforo ou colagem de chapas nas faces laterais da viga, conforme recomenda Campagnolo

    [6], e que pode-se observar na figura 2.3. A espessura das chapas mxima permitida ,

    segundo o CEB [8], de at 10 mm, sendo que a partir do 3 mm deve-se fazer uso dos

    recursos j mencionados de ancoragens, porque comea a haver influncia nas tenses na

    extremidade da chapa. A partir dos 3mm a viga pode romper brusca e prematuramente por

    descolamento ou por arrancamento do cobrimento fazendo com que a carga ltima da pea

    caia sensivelmente como pode-se observar na figura 2.2. Outro fator que influencia nas

    tenses na extremidade da chapa a distncia entre o apoio e o incio da chapa, sendo

    recomendado que esta distncia seja mnima.

    0.1

    1

    10

    100

    1 10 100 1000 10000

    tempo (dias)

    defo

    rma

    o

    (m

    m/m

    )

    Figura 2.1: Curva tempo-deformao de uma formulao tpica conforme [7].

  • 15

    Ao efetuar-se a colagem do reforo, deve-se garantir que todas as duas

    superfcies, tanto a do concreto, como a do ao, tenham pleno contato com a cola. Para

    isto, pode-se utilizar parafusos ao longo da chapa para permitir este contato, no caso de

    reforos na face inferior das vigas. Deve-se tambm efetuar a colagem colocando uma

    camada de resina ao longo do eixo longitudinal da chapa e pression-la at a resina

    comear a ser expulsa. Com isso garante-se o total contato da cola com as duas superfcies

    e sem bolhas de ar. exigido tambm que as superfcies sejam as mais planas possveis

    para que consiga-se manter uma espessura constante da camada de cola ao longo de toda

    chapa. A espessura da camada de cola influenciar na resistncia do reforo, conforme

    mostra o grfico da figura 2.4.

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    1 1,5 2 2,5 3

    ESPESSURA DA CHAPA (mm)

    CARG

    A L

    TIM

    A (kN

    )Carga lt. Exp.Carga lt. Teor.

    Figura 2.2: Influncia da espessura da chapa de reforo segundo Hussain [11]

    (a) (b)

    (c)

    Figura 2.3: Tipos de ancoragens especiais sugeridas por Campagnolo. (a) - chapas laterais; (b) - cantoneiras; (c) - chumbadores.

  • 16

    A aderncia entre os dois meios pode ser majorada aumentando-se a

    aspereza das duas superfcies. Para o concreto nomalmente faz-se um apicoamento da

    superfcie com posterior lavagem para retirada de resduos e secagem. Este apicoamento

    deve ser uniforme e pouco profundo de modo a evitar grandes variaes na camada de

    resina. Por isso, recomenda-se tambm o uso de martelo de agulhas ou jato de areia ou

    limalha de ferro. Na chapa de ao a melhor forma de obter-se uma superfcie

    uniformemente spera jateando-se a mesma com areia. Normalmente deve-se proceder a

    uma proteo da armadura de reforo para evitar a sua corroso prematura utilizando-se

    pinturas anti-oxidantes, galvanizao da chapa, que pode reduzir a aderncia, ou aos

    resistentes corroso.Deve-se proteger tambm para, no caso de incndio, aumentar a

    resistncia trmica da reforo. Da utilizar-se desta tcnica principalmente para o reforo

    de obras de arte especiais (pontes e viadutos), que esto menos sujeitas a este tipo de

    acidente.

    0

    15

    30

    45

    0 0,25 0,5 0,75 1 1,25

    ESPESSURA DO ADESIVO (mm)

    RESI

    STN

    CIA

    TR

    AO

    (M

    Pa)

    Figura 2.4 Influncia da espessura da camada de adesivo epxi na resistncia trao em ligao entre chapas metlicas [7].

  • 17

    3. ESTADO DA ARTE DO REFORO COM CHAPAS COLADAS

    3.1. Histrico

    O estudo do reforo de peas de concreto com colagem de chapas metlicas

    surgiu no final da dcada de 60 com os estudo feitos na Frana por Robert LHermite e

    Jacques Bresson. Quase que paralelamente, na frica do Sul tambm surgiram estudos

    nesta rea. No entanto, a grande parte dos estudos desenvolveu-se no centro de pesquisas

    da Union Technique Interprofessionnelle, onde J. Bresson realizou seus ensaios. Nas

    dcadas de 70 e 80, na Inglaterra, vrios pesquisadores, dentre eles R.N. Swamy, R. Jones

    e G. C. Mays, realizaram pesquisas e ensaios, fazendo com que a tcnica de colagem de

    chapas chegasse ao nvel de utilizao que tem hoje na Europa. Alis l em que seu uso

    est mais desenvolvido. A partir da, vrios so os estudos por todo o mundo: F. Cnovas,

    no Instituto Eduardo Torroja na Espanha, D. Van Gemert, na Universiteit te Leuven na

    Blgica, M. Hussain e Y. N. Ziraba, na King Fahd University of Petroleum and Minerals

    na Arbia Saudita, D. J. Oehlers e J. P. Moran, na University of Adelaide na Austrlia, J.

    Theillout, no Laboratorie Central des Ponts et Chausses na Frana, etc.

  • 18

    No Brasil, poucos so os trabalhos realizados e divulgados. Dentre os mais

    importantes pode-se citar o de J. L. Campagnolo e sua equipe na Universidade Federal do

    Rio Grande do Sul e os do prof. Ibrahim Shehata na COPPE da Universidade Federal do

    Rio de Janeiro. Aqui, a prtica tem antecipado-se teoria, com obras j realizadas baseadas

    em estudos feitos em outros pases ou mesmo em dados empricos. Em particular na rea

    do dimensionamento dos reforos, no conta-se com nenhum tipo de orientao

    normalizada ou pelo menos padronizada, ao passo que pases como Austrlia, Blgica,

    Inglaterra e frica do Sul j possuem definidas em normas as orientaes especficas para

    este tipo de reforo, permitindo assim uma padronizao das execues das obras e um

    nvel satisfatrio de qualidade.

    As pesquisas mais recentes orientam-se para o estudo particular da

    aderncia chapa-cola e cola-concreto, em especial reduo da resistncia devido ao

    descolamento da chapa e devido ruptura da camada de concreto de cobrimento das

    armaduras. Tem-se dado tambm muita importncia aos procedimentos de

    dimensionamento dos reforos, rea focada por este trabalho, ao comportamento reolgico

    das resinas epoxdicas, e substituio de chapas metlicas por chapas de material plstico

    (FRP).

    Apresenta-se a seguir os principais estudos realizados na rea de

    dimensionamento de peas reforadas com chapas coladas, estudando cada procedimento

    proposto e avaliando suas caractersticas.

  • 19

    3.2. O Estudo Feito por J. Bresson:

    O francs J. Bresson, em seu trabalho apresentado ao ITBTP (Institut

    Technique du Btiment et des Travaux Publics) em 1971 [3], analisa o comportamento de

    uma viga reforada flexo com chapas coladas tendo como consideraes iniciais para o

    problema os seguintes itens, que tambm foram assumidos por vrios outros

    pesquisadores:

    1.os materiais so linearmente elsticos;

    2.o concreto no tem resistncia trao;

    3.as sees se mantm planas aps a deformao;

    4.no h escorregamento entre a chapa e o concreto;

    Isto quer dizer que, de acordo com os itens 1,2 e 3, o dimensionamento

    feito no Estdio II. A viga dever ser reforada tendo como esforo atuante na seo a ser

    dimensionada um momento fletor, o qual composto por duas parcelas:

    Mp - momento devido ao peso prprio e cargas permanentes;

    Ms - momento devido s sobrecargas;

  • 20

    A viga inicialmente no reforada est completamente descarregada,

    estando sujeita somente s cargas permanentes, ou seja, na seo dimensionante est

    aplicado um momento fletor de valor Mp. O concreto encontra-se sob uma tenso de valor

    c1, e o ao interno sob uma tenso a1. Sob este estado tensional efetuada a colagem da

    chapa. Aps o reforo, a viga sujeita s sobrecargas e na seo dimensionante h um

    acrscimo no momento fletor de valor Ms, o que causar um acrscimo de tenso no

    concreto de valor c2 , no ao, a2 ,e na armadura de reforo, de aR.

    Na figura 3.1 tem-se:

    n - relao entre os mdulos de elasticidade do concreto e do ao;

    Z1 - brao de alavanca da armadura interna em relao fibra mais

    comprimida;

    Z2 - brao de alavanca da armadura externa em relao fibra mais

    comprimida;

    Bresson indica que as tenses finais devem ser comparadas com as tenses

    admissveis dos materiais, ou seja:

    c c c1 2+ ,

    a1

    c1

    ++++

    c2

    a2

    aR

    ====

    /n

    /n

    /n

    aR/n

    /n a2a1 + /n

    c1 + c2

    Mp M s M + Mp s

    ZZ1 2

    Figura 3.1: Diagramas de tenso de uma viga reforada segundo J. Bresson

    (eq. 3.1) (eq. 3.2)

  • 21

    a a a1 2+

    aR aR

    A obteno da espessura da chapa feita por equilbrio de momentos em

    relao fibra mais comprimida:

    ( ) ( ) ( ) + + + + + = c c a a aR R p sa an

    A n Zn

    A n Z M M1 21 2

    1 22 30

    ( ) ( ) ( )A Z M M a A ZR AR p s c c a a= + + + +

    162

    1 2

    2

    1 2 1

    sendo:

    A b eR R R=

    tem-se:

    ( ) ( ) ( )e Z b M M a A ZR AR R p s c c a a= + + + +

    162

    1 2

    2

    1 2 1

    onde:

    eR - a espessura da chapa de reforo;

    bR - a largura da chapa de reforo;

    Z1 - o brao de alavanca da armadura interna;

    Z2 - o brao de alavanca da armadura externa;

    a - a distncia da fibra mais comprimida linha neutra;

    Da equao (3.7) obtm-se a espessura da chapa de reforo, sabendo-se que

    as tenses nas armaduras, a1,a2 e aR, podem ser obtidas em funo das tenses no

    concreto, c1 e c2, e da posio da linha neutra, a, que por sua vez podem ser obtidas da

    teoria clssica do concreto armado no Estdio II, conforme se ver no captulo 4.

    (eq. 3.3)

    (eq. 3.4)

    (eq. 3.5)

    (eq. 3.6)

    (eq. 3.7)

  • 22

    3.3. O Estudo Feito por F. Cnovas:

    Assim como J. Bresson, F. Cnovas considera dois momentos atuantes Mp e

    Ms, e faz a superposio dos diagramas correspondentes a este momentos. No entanto,

    Cnovas faz superposio de diagramas de deformao ao invs de tenso. Alm disto, a

    seo, aps a atuao do momento Ms, est em um estado limite ltimo, ou seja, Cnovas

    faz o dimensionamento no Estdio III.

    Cnovas, em seu livro Patologia e Terapia do Concreto Armado [7],

    considera os estados tensionais mostrados na figura 3.2 para a seo dimensionante da viga

    antes e aps o reforo.

    Cnovas faz verificaes anlogas s inequaes (3.1),(3.2) e (3.3):

    cp cs

    ck

    c

    f+

    a a

    yk

    s

    f1 2+

    aRyrk

    s

    f

    sp

    cp

    ++++

    cs

    ss

    srs

    ====

    srs

    ss

    sp +

    cp + cs

    Mp M s M + Mp s

    ZZ 2

    r

    N 1

    Z1

    AA

    Ar

    sp

    N

    Z2

    Ass

    2

    A srsr

    Zr

    Ass+ A

    srsr

    N

    A srsr

    cp cs

    1 + N2

    Asp+ Ass

    Zs

    cp + cs

    Figura 3.2: Estado tensional de uma viga reforada

    (eq. 3.8)

    (eq. 3.10)

    (eq. 3.9)

  • 23

    A tenso na armadura existente quando da execuo do reforo [diagrama

    para momento Mp] pode ser obtida atravs da equao:

    sppM

    Z A=

    1,

    onde Z1 o brao de alavanca da armadura interna em relao ao ponto de aplicao da

    fora no concreto comprimido. Sendo o momento fletor Mp+Ms um momento que leva a

    um estado limite ltimo e considerando-se que a viga continuar sub-armada aps o

    reforo, a tenso mxima na armadura de reforo deve ser :

    srs

    yk

    ssp

    yrk

    s

    f f=

    Para o diagrama devido ao momento Ms tem-se como equao de equilbrio

    de momentos

    ( ) ( )M A A Z A A Zs ss R srs s R srs s= + + A rea da armadura de reforo dada ento como

    A MZ

    AR ss srs

    =

    ,

    onde:

    Zs - o brao de alavanca da resultante das foras atuantes nas armaduras

    interna e externa quando da aplicao do momento fletor devido s sobrecargas Ms.

    Os braos de alavanca das armaduras podem ser calculados a partir da teoria

    clssica do concreto armado para o Estdio III.

    3.4. O Estudo Feito por Van Gemert:

    (eq. 3.11)

    (eq. 3.12)

    (eq. 3.13)

    (eq. 3.14)

  • 24

    O belga Van Gemert[22] prope, para o dimensionamento de vigas

    reforadas por chapas coladas, a utilizao do Estdio II, assim como Bresson. Contudo, h

    algumas particularidades a serem destacadas. No estudo feito por Bresson percebe-se que

    desprezada a variao da posio da linha neutra. Tal fato corrigido por Van Gemert. E

    mais, ele sugere que, devido a esta variao da posio da linha neutra, regies que outrora

    estavam tracionadas, ou melhor, fissuradas, se desprezar-se a resistncia trao do

    concreto, passam a ficar comprimidas. Segundo Van Gemert, havendo um acrscimo de

    armadura demonstra-se que a linha neutra sofrer um deslocamento na direo da

    armadura adicional. Assim, as regies abaixo da antiga posio da L.N. sofreriam uma

    perda da energia de deformao armazenada at ento para que as fissuras abertas

    podessem ser fechadas e o concreto passasse a trabalhar compresso.

    Van Gemert assume que antes do reforo a seo dimensionante est sujeita

    a um momento fletor MR [diagrama 2 da fig. 3.3], que faz com que um dos materiais

    componentes, ao ou concreto, esteja na sua tenso admissvel, ou at os dois juntos, no

    caso de uma seo balanceada. Aps a atuao deste momento, durante a utilizao normal

    d1

    d'b

    d hT

    cMr0d

    c0 c

    1d

    c

    (1) (2) (3) (4) (5)

    s0/n s/n s/n

    s/ns/n ''c1

    REFd

    sREF/nct0ct0

    A B CI J

    D E

    FG H

    K LM

    N O P

    ct1

    A'

    A

    A

    s

    s

    s,REF

    Figura 3.3: Estados tensionais de uma viga reforada antes e depois do reforo

  • 25

    da viga, o concreto fissura na regio tracionada e a tenso atuante no concreto cMR .

    Para efetuar-se o reforo, alivia-se a viga at que o momento na seo dimensionante atinja

    o valor M0, denominado por Van Gemert como momento de descarregamento [diagrama 3

    da fig. 3.3]. Aps o reforo, a viga poder ter o seu momento admissvel elevado at o

    valor MREF. Este momento tambm faz com que um dos materiais atinja a sua tenso

    admissvel.

    Se o momento MREF tivesse sido aplicado a uma viga completamente

    descarregada, ou seja, momento atuante nulo, o diagrama de tenses seria como o

    diagrama 4 da figura 3.3, e sua linha neutra estaria posicionada a 1d da fibra mais

    comprimida. Esta posio da L.N. na viga antes do reforo 0d. Segundo Van Gemert, a

    posio da L.N. para a viga aps o reforo uma posio intermediria entre estes dois

    valores. O diagrama de tenses seria uma combinao dos diagramas 3 e 4. As tenses at

    o nvel da L.N. antes do reforo seguem o diagrama 4. A partir da h uma quebra no

    diagrama devido ao fechamento das fissuras, e este segue at o ponto de tenso nula a uma

    distncia REFd da fibra mais comprimida. No concreto estar atuando uma tenso de valor

    c e, nas armaduras de trao, compresso e reforo, estaro atuando as tenses s,s e

    s,REF, respectivamente.

    Considerando desprezvel a espessura da camada de cola, os materiais com

    comportamento linear elstico, o concreto no resistindo trao e a execuo perfeita da

    colagem da chapa, obtm-se a equao de equilbrio de momentos em relao posio da

    armadura externa para o diagrama 5:

  • 26

    ( )

    ( ) ( )

    ( ) ( )

    M d h d d h d b

    d h d d b

    A nn

    h dn

    d A n

    REF c T c c T

    c REF T REF

    ss

    Ts

    s

    =

    +

    +

    + +

    +

    +

    1 00

    10 0

    1 0 0 0

    1

    2 2 3

    2 3

    1' ' '

    Pode-se definir relaes a partir da seo tpica da viga reforada (fig. 3.3-

    1):

    h d dT = + 1

    A bds =

    A bds' '= ,

    onde:

    hT - a distncia da fibra mais comprimida ao centro da armadura externa;

    - taxa da armadura de trao;

    - taxa da armadura de compresso;

    Atravs de relaes entre tringulos no diagrama 5 e das equaes (3.16),

    (3.17) e (3.18), pode-se obter as expresses das tenses em funo da tenso mxima no

    concreto, c,e do coeficiente que d a posio final da linha neutra, REF.

    s cREF

    REFc

    REF

    REFn

    dd d

    d,

    '

    '

    =

    +

    00

    0

    s

    REF

    REFc

    REF

    REFcn=

    1 00

    0

    (eq. 3.15)

    (eq. 3.16)

    (eq. 3.17)

    (eq. 3.18)

    (eq. 3.19)

    (eq. 3.20)

  • 27

    ( )

    s REF

    REFc

    cREF

    REFn

    dd

    dd d

    d,=

    +

    +

    + +

    11

    11

    10

    0

    01

    10

    Os valores referentes ao estado tensional no descarregamento podem ser

    obtidos pela teoria do concreto armado no Estdio II, conforme ver-se- no captulo

    seguinte, e o momento admissvel aps o reforo MREF tambm conhecido. Assim, aps

    substituio das expresses (3.16) a (3.21) na equao (3.15), chega-se expresso:

    [ ] ( ) [ ]M bd X bd YREFREF

    cREF

    REFc= +

    20

    20 0

    0

    onde:

    [ ] ( ) ( )

    ( )

    ( )

    X

    dd

    n

    dd d

    ddd

    ndd

    REF REFREF

    REF

    REF REF REF

    REFREF

    =

    +

    + +

    +

    + +

    +

    +

    +

    +

    +

    00

    02

    00

    0

    1 0 02

    0

    0

    1

    0

    1

    3 6 6

    12 2 2

    1 1 1'

    '

    '

    [ ] ( )

    ( )

    Y dd

    dd

    ndd

    dd

    dd

    n

    REFREF

    REF= +

    +

    + +

    +

    +

    + +

    +

    0 0

    00

    1 0

    0

    1

    02

    1

    1

    3 62 1 1

    2 2

    1 1' ' '

    Nas expresses acima as duas nicas incgnitas so c e REF. No entanto,

    estas variveis so interrelacionadas, o que levou Van Gemert a optar por uma soluo

    iterativa. Utilizando-se as seguintes restries das tenses atuantes:

    (eq. 3.21)

    (eq. 3.22)

    (eq. 3.23)

    (eq. 3.24)

  • 28

    s sR

    ' 's sR

    s REF s REFR, ,

    c cR ,

    atribui-se um valor inicial para c e calcula-se, a partir das equaes (3.22), (3.23) e (3.24)

    o valor de REF. Das equaes (3.19), (3.20) e (3.21) obtm-se as tenses nas armaduras.

    Aps a comparao com as tenses admissveis [equaes (3.25), (3.26), (3.27) e (3.28)],

    se alguma das tenses admissveis for ultrapassada, calcula-se um novo valor para c a

    partir da primeira equao da tenso da armadura [equaes (3.19) a (3.21)] que

    ultrapassou a tenso admissvel, adotando-se a tenso na respectiva armadura como igual

    admissvel na seqncia das equaes (3.25) a (3.28) apresentada, desde que a tenso

    obtida seja menor que a tenso admissvel do concreto. Este procedimento repetido at

    que as quatro restries sejam satisfeitas:

    A rea da armadura de reforo pode ser obtida da equao de equilbrio de

    foras do diagrama 5 na figura 3.3. Aps as devidas substituies, chega-se expresso

    ( )

    REFs REF

    REF c REF c s sn

    n= + +

    1

    22 1 20 0

    ,

    ''

    Destas equaes, Van Gemert gerou bacos de dimensionamento para

    diversas taxas de descarregamento e reforo e diferentes tipos de ao para reforo.

    3.5. O Estudo Feito por Y. N. Ziraba e M. Hussain

    (eq. 3.25)

    (eq. 3.26)

    (eq. 3.27) (eq. 3.28)

    (eq. 3.29)

  • 29

    Na King Fahd University, na Arbia Saudita, um grupo de trabalho tem

    dedicado-se exclusivamente ao estudo de estruturas reforadas com chapas coladas, sendo

    responsvel pelos estudos mais atualizados na rea [10]-[11]. Ziraba [23], em seu artigo,

    apresenta um procedimento para dimensionamento de vigas reforadas com chapas coladas

    baseado nos estados limites ltimos observados em ensaios realizados e em modelagens

    numricas utilizando elementos finitos no-lineares. Estes estados limites ltimos foram

    inicialmente observados por Swamy e Jones [18] e so:

    ruptura por flexo;

    ruptura por cisalhamento;

    ruptura por descolamento da chapa;

    ruptura por arrancamento do concreto de cobrimento.

    Os dois primeiros so os modos de ruptura comuns do concreto armado. A

    ruptura por flexo pode ocorrer por escoamento da armadura interna e externa ou por

    esmagamento do concreto comprimido. A ruptura por cisalhamento pode ocorrer em

    regies onde no h a chapa ou prximo sua extremidade e caracterizada por fissuras

    inclinadas. Os dois ltimos so tpicos de vigas reforadas e geralmente impedem que estas

    atinjam a carga prevista pela teoria, reduzindo assim a eficcia do reforo. Ziraba observou

    a forma destes dois modos de ruptura, que so mostrados na figura 3.4.

  • 30

    A ruptura por descolamento da chapa pode ocorrer por m execuo da

    colagem ou quando a espessura da chapa comea a ficar excessiva (acima de 2mm). Pode

    ocorrer ainda quando o carregamento for muito rpido ou em situaes de impacto. A

    ruptura por arrancamento do cobrimento caracteriza-se por uma fissura surgida na

    extremidade da chapa e que horizontaliza-se mais ou menos no nvel das armaduras

    internas. Esta regio tem sua seo reduzida pela presena das barras de armadura interna,

    justificando a direo da fissura. Estas fissuras, ao ligarem-se s fissuras de cisalhamento,

    levam a viga a um colapso brusco.

    Desde os estudos realizados por Bresson j sabia-se que nas extremidades

    das chapas coladas havia uma concentrao de tenses normais chapa, denominadas por

    Swamy de tenses de descolamento (peeling stresses). Alm destas, identificaram-se

    P / 2

    cola

    chapa

    regio dedescolamento

    fissura crtica decisalhamento

    P / 2

    cola

    chapa

    regio de ruptura docobrimento

    fissura crtica decisalhamento

    fissura horizontalno nvel da

    armadura interna

    (a) (b) Figura 3.4: Modos de ruptura de vigas reforadas com chapas coladas. (a) - ruptura por

    descolamento da chapa; (b) - ruptura por arrancamento do cobrimento

  • 31

    tenses cisalhantes nas interfaces concreto-resina e ao-resina. A aderncia entre a resina

    epoxdica e o concreto a mais fraca, o que normalmente faz com que a ruptura por

    descolamento se d na sua interface. Hussain[11] realizou vrios ensaios identificando os

    modos de ruptura, variando as espessuras das chapas e utilizando ancoragens extras com

    chumbadores, conforme mostra a tabela 3.1.

    Hussain observou ento que, para espessuras pequenas da chapa de reforo,

    as vigas alcanavam os valores de ruptura previstos pela teoria. No entanto, os valores

    caram rapidamente ao se passar da espessura de 1,5 mm para 2,0 mm. A partir dos

    resultados apresentados foi proposta ento um procedimento de dimensionamento, que

    consiste em:

    dimensionamento da seo reforada ruptura considerando o escoamento da chapa e

    esmagamento do concreto;

    verificao das tenses cisalhantes e de descolamento para assegurar de que no haver

    ruptura por descolamento;

    verificao da resistncia ao cisalhamento da viga reforada para evitar a ruptura brusca

    por arrancamento do cobrimento de concreto.

    Tabela 3.1 - Resumo dos resultados obtidos por M. Hussain em [11]

    Viga Espessura Chapa

    Tem Chumb.

    Carga Ruptura

    Carga Ruptura

    Mdulo de Dureza

    Tenses Mximas nas Interfaces (kPa)

    Modos de Ruptura (mm) Exp.

    (kN) Terica

    (kN) (kN.mm) Tenso

    Cisalh. Tenso de

    Descol.

    FRB1

    54,00 52,23 954

    Flexo FRB2 1,00 No 69,54 69,00 872 5,43 1,27 Flexo FRB3 1,50 No 75,00 76,50 325 6,15 1,59 Flexo / CisalhamentoFRB4 1,50 Sim 77,86 76,50 734

    Flexo / Cisalhamento

    FRB5 2,00 No 60,00 83,80 178 4,79 1,34 Ruptura CobrimentoFRB6 2,00 Sim 66,00 83,80 633

    Fissuras Diagonais

    FRB7 3,00 No 58,00 98,00 102 4,55 1,40 Ruptura CobrimentoFRB8 3,00 Sim 57,80 98,00 237

    Fissuras Diagonais

  • 32

    O dimensionamento da chapa feito atravs do equilbrio de momentos em

    relao ao ponto de aplicao da resultante do bloco de tenses no concreto no estado

    limite ltimo de ruptura, conforme a figura 3.5, o que resulta em

    T h a T h a Ms s p p u

    +

    =

    2 2

    onde:

    Ts = Asfys, fora na armadura interna;

    Tp = bpdpfyp, fora na armadura de reforo;

    Mu - Momento atuante ltimo de clculo.

    hs - distncia da borda mais comprimida ao centride da armadura interna;

    hp = hc+dc+dp/2 - distncia da borda mais comprimida ao centride da

    armadura de reforo;

    - 0,9, fator de resistncia flexo segundo o ACI (American Concrete

    Institute);

    bp,dp - largura e espessura da chapa de reforo;

    dc - espessura da camada de cola.

    Segundo o ACI[1], a altura do bloco de tenses no concreto comprimido no

    estado limite ltimo

    aA f b d f

    f bs ys p p yp

    c c

    =

    +

    085, ,.

    Substituindo a equao (3.31) na equao (3.30), obtm-se

    A d A d Ap p1 2 2 3 0+ + =

    onde:

    (eq. 3.30)

    (eq. 3.31)

    (eq. 3.32)

  • 33

    Ab f b f

    f bp yp p yp

    c c

    1 21

    085=

    ,,

    A b f h d A ff bp yp c cs ys

    c c

    2 085= +

    ,,

    A A f h A ff bM

    s ys ss ys

    c c

    u3 170

    =

    ,,

    Solucionando-se a equao (3.32), encontra-se a expresso da espessura da

    chapa de reforo,

    dA A A A

    Atp pb=

    + 2 2

    21 3

    1

    42

    A espessura da chapa limitada pelo valor tpb ,que a espessura da chapa de

    reforo da seo balanceada, isto , a espessura mxima para que a viga tenha uma ruptura

    dctil. Acima deste valor o concreto sofre esmagamento antes que as armaduras tenham

    escoado.

    Para a verificao das tenses na interface, Ziraba em [24] ensaiou vigas e,

    com os resultados de tenses cisalhantes e normais na interface entre o concreto e a resina,

    traou uma regresso linear destes resultados e, confirmando os valores experimentais com

    bc

    hs

    a

    2a

    hc

    bp

    0 85, f c,

    C

    Tp

    Ts

    dp

    hp

    Figura 3.5: Foras resistentes ltimas em uma seo reforada.

    (eq. 3.33)

    (eq. 3.34)

    (eq. 3.35)

    (eq. 3.36)

  • 34

    valores tericos obtidos de uma modelagem com elementos finitos no-lineares, mostrou

    que esta interface pode ser caracterizada por um critrio de ruptura Mohr-Coulomb

    clssico da forma

    0 0+ tg call ,

    onde call coeficiente admissvel de coeso da interface concreto-resina-ao, cujo valor

    fica no intervalo de 4,80 MPa a 9,50 MPa. O valor de 0 fica limitado em

    aproximadamente 4 MPa, de acordo com os resultados experimentais, e o ngulo de atrito

    de 28o. A tenso mxima de cisalhamento obtida pela expresso

    0 11

    54

    0=

    f Cft

    R V

    c

    ,

    ,,

    onde

    1 = 35, valor emprico proveniente da regresso da curva de resultados

    obtidos pelo estudo paramtrico com elementos finitos;

    ft - resistncia trao do concreto em MPa;

    V0 - esforo cortante na seo da extremidade da chapa.

    A constante CR1 que relaciona as rigidezes dos trs meios, concreto, ao e

    cola, obtida pela expresso:

    ( )C KE b d ab dIb

    h hR sp p p

    p p

    cp1

    12

    1= +

    * ,

    onde

    aMV

    *=

    0

    0 - relao momento fletor - esforo cortante na seo da

    extremidade da chapa;

    (eq. 3.37)

    (eq. 3.38)

    (eq. 3.39)

  • 35

    I - momento de inrcia da seo fissurada equivalente em relao linha

    neutra;

    h - posio da linha neutra da seo fissurada;

    K G bds c

    c

    c

    = - rigidez ao cortante da camada de cola;

    Gc, bc, dc - mdulo cisalhante [da ordem de 6 GPa], largura e espessura da

    camada de cola.

    A tenso de descolamento [peeling stresses] mxima pode ser calculada

    pela equao

    0 2 2 0= CR ,

    onde

    2 = 1,10, valor emprico proveniente da regresso da curva de resultados

    obtidos pelo estudo paramtrico com elementos finitos;

    A constante CR2 obtida pela expresso:

    C d KE IR p

    n

    p p2

    14

    4=

    ,

    onde:

    Ip - momento de inrcia da armadura de reforo em relao ao seu eixo;

    K Ebdn p

    p

    p= - rigidez da camada de cola;

    Ep - mdulo de elasticidade da resina epxi [da ordem de 15 GPa].

    Caso os materiais sejam admitidos como linearmente elsticos, as equaes

    (3.38) e (3.40) ficam resumidas a

    0 1 0= C VR

    0 2 0= CR

    (eq. 3.40)

    (eq. 3.41)

    (eq. 3.42)

    (eq. 3.43)

  • 36

    Por limitao da validade do estudo paramtrico, a distncia mxima entre o

    fim da chapa e o apoio deve satisfazer a condio

    a

    hmax

    c

    3 0,

    onde:

    amax - a mxima distncia do centro do apoio extremidade da chapa.

    O clculo da capacidade resistente ao cisalhamento da viga reforada feita

    multiplicando-se um coeficiente pela parcela referente aos estribos, sendo este coeficiente

    funo das constantes caractersticas CR1 e CR2 da seo reforada, conforme v-se nas

    equaes

    ( )V V kVup c s= +

    ( )V f b dc cd l w= +16 100 V A f ds sw ydw=

    k em= 2 4,

    m C CR R= 0 08 101 2 6, ,

    onde

    fcd -resistncia de clculo do concreto em MPa;

    l - taxa de armadura longitudinal;

    bw,d - largura e altura til da seo no reforada;

    Asw - seo de armadura dos estribos por metro;

    fydw - tenso de escoamento de clculo da armadura transversal;

    Para manter-se sempre a favor da segurana, Ziraba recomenda uma

    limitao ao valor de k a 1,0, o que corresponde viga sem reforo. A expresso desta

    constante uma regresso exponencial dos resultados experimentais.

    (eq. 3.44)

    (eq. 3.45)

    (eq. 3.46)

    (eq. 3.47)

    (eq. 3.49)

  • 37

    3.6. O Estudo Feito por D. J. Oehlers

    O estudo feito por D. J. Oehlers [14] e por ele e J. P. Moran [13] na

    University of Adelaide na Austrlia partem das observaes feitas nos trabalhos do ingls

    Swamy sobre as formas de ruptura de vigas reforadas com chapas coladas j apresentadas

    no item anterior. No entanto, Oehlers classifica as formas de descolamento da placa de

    uma outra maneira: o descolamento ocorrido por deslizamento, ou seja, por esgotamento

    da resistncia aderente entre a cola e o concreto, denominado por ele como descolamento

    devido ao momento fletor, enquanto o descolamento ocorrido por ruptura do cobrimento

    da armadura interna seria o descolamento devido fora cortante. Outra diferena entre as

    duas formas de ruptura seria que o descolamento devido ao momento fletor ocorreria por

    um descolamento gradual da chapa de reforo enquanto que no descolamento por esforo

    cortante ocorreria um descolamento mais brusco.

  • 38

    As concentraes de tenso ocorridas nas extremidades da chapa de reforo

    no dependem somente dos esforos atuantes, mas tambm do comportamento no linear

    dos trs materiais envolvidos, concreto, cola e ao e das influncias das fissuras ocorridas

    na regio da extremidade da chapa. Estas concluses feitas por Oehlers a partir dos ensaios

    at ento realizados levaram-no a direcionar seu estudo para a anlise das tenses de

    descolamento devido ao momento fletor. Em seu artigo com Moran [13] em 1990, Oehlers

    fez uma modelagem em elementos finitos de uma viga reforada e a partir deste modelo

    chegou a grficos da distribuio de tenses de descolamento na regio extrema da chapa,

    conforme a fig. 3.7. E a partir do diagrama de foras internas da fig. 3.6 chegou a equaes

    do momento atuante quando se d o incio do descolamento da chapa. Com estas equaes

    possvel verificar se com a chapa adotada para o reforo a viga no ter sua carga ltima

    reduzida por efeito do descolamento.

    Pa

    viga de concreto

    B

    BW

    AW

    AW

    chapat/2t/2

    PaMc

    FcFc

    FaFa

    k3t

    k1t

    Figura 3.6: Diagrama de foras de descolamento devidas ao momento fletor.

  • 39

    Oehlers dividiu as tenses de descolamento devido ao momento fletor em

    tenses normais e tenses de curvatura. Devido a espessura da chapa ser muito menor que

    a altura da viga, Oehlers considera a distribuio das foras internas correspondentes s

    tenses de descolamento como sendo funo exclusivamente da espessura da chapa t. O

    equilbrio das foras induz tenso normal de descolamento que dada, a partir da fig. 3.6,

    por:

    P t F k ta a= 2 1

    P E b ta s a p=

    F s k tb fa a p a= 2

    onde:

    Es - mdulo elasticidade do ao do reforo.

    a - deformao axial na chapa que na seo AA dada por a = h , sendo

    a curvatura da seo e h a distncia da L.N. chapa.

    Distncia do fim da chapa

    (tenso)

    (co

    mp

    resso)

    axialcurvatura

    Distribuio de tenses de descolamento:

    2t4t

    f a

    f c

    k4t

    k2t

    Figura 3.7: Distribuio das tenses de descolamento axiais e de curvatura na extremidade do reforo segundo Oehlers[13].

    (eq. 3.51)

    (eq. 3.50)

    (eq. 3.52)

  • 40

    bp - largura da chapa.

    sa - desvio padro da tenso de descolamento na regio k2t da fig. 3.7.

    fa - tenso de descolamento normal.

    da:

    f Es k ka

    s a

    a

    =

    2 1 2

    tomando:

    ks k ka a

    =

    12 1 2

    chega-se a:

    f E ka s a a=

    Para o clculo da tenso de descolamento relativa curvatura, parte-se da

    equao de equilbrio das foras a ela associadas. Ento:

    Mc F k tc= 3

    Substituindo-se:

    ( )M EIc s= F s k tb fc c p c= 4

    onde:

    (EI)s - a rigidez flexo da chapa;

    sc - o desvio padro da tenso de descolamento na regio k4t na curva de

    tenso descolamento de curvatura;

    fc - tenso de descolamento devido curvatura.

    A tenso de descolamento total a soma das duas parcelas:

    f f ft a c= +

    Substituindo-se os valores de fa e fc, e sendo:

    (eq. 3.53)

    (eq. 3.54)

    (eq. 3.55)

    (eq. 3.56)

    (eq. 3.57)

    (eq. 3.58)

    (eq. 3.59)

  • 41

    ( ) =MEI

    p

    b

    onde:

    Mp - o momento de descolamento;

    (EI)b - a rigidez flexo da viga.

    da:

    ( )M

    EI fk E t k E hp

    b t

    c s a s

    =

    +

    Oehlers, a partir de um modelo isotrpico em elementos finitos chegou a

    valores de kc e ka igual a 0,7, sugerindo que a parcela devido deformao normal seria a

    que prevalesceria. No entanto, ao comparar com os resultados experimentais, Oehlers

    observou que no ocorre desta maneira. Reordenando a eq. 3.61 chegou equao de uma

    reta relacionando kc e ka, e a partir de regresses lineares dos resultados chegou aos

    seguintes valores:

    kc = 0,603 e ka, = 0,0083

    Estes valores permitiram desprezar o valor de ka,. Tomando ento ka,=0

    chegou seguinte equao do momento de descolamento:

    ( )M

    EI fE tup

    cp t

    s

    =

    0 474,

    onde:

    (EI)cp - a rigidez flexo da seo fissurada e reforada.

    Para efeito de dimensionamento, o valor de clculo de Mup correspondente a

    um percentil de 5% de ruptura :

    ( )M

    EI fE tupd

    cp t

    s

    =

    0 901,

    (eq. 3.60)

    (eq. 3.61)

    (eq. 3.62)

    (eq. 3.63)

  • 42

    Anlisando os resultados experimentais, Oehlers estudou tambm a

    influncia do esforo cortante na regio do final da chapa. Plotando as relaes entre

    momentos e cortantes atuantes e resistentes na seo do final da chapa de reforo, chegou a

    um critrio de ruptura que ficou sintetizado pela equao:

    MM

    VV

    p

    up

    p

    uc

    + 117,

    onde:

    Mp, Vp - so os valores atuantes na seo do final da chapa;

    Mup - momento ltimo de descolamento;

    Vuc - o cortante ltimo para vigas sem armadura de cisalhamento.

    No podendo os valores atuantes serem maiores que seus respectivos

    valores ltimos e sendo o valor do momento atuante descontado do valor do momento

    atuante na mesma seo durante a execuo do reforo.

    A adoo do esforo cortante ltimo para vigas sem armadura de cortante

    reside no fato que o incio do descolamento devido ao cortante se d numa regio sem

    armadura de cortante que o cobrimento da armadura interna, logo nesta regio somente

    pode-se contar com a parcela resistente do concreto ao esforo cortante.

    Da equao do momento ltimo de descolamento e da envoltria de ruptura

    pode-se obter o valor da espessura da chapa de reforo considerando-se uma seo sobre a

    envoltria.

    3.7. O Estudo Feito por J. L. Campagnolo

    (eq. 3.64)

  • 43

    Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, J. L. Campagnolo comeou

    sua pesquisa pelo estudo das resinas epoxi classificando-as e indicando as mais apropriadas

    para o uso em reforo com colagem de chapas e obtendo suas propriedades fsicas. Em seu

    artigo apresentado na 35a reunio do IBRACON [6], ele prope equaes para o clculo do

    comprimento de ancoragem da chapa de reforo e consequentemente de sua seo.

    Campagnolo considera uma seo de uma viga reforada a uma distncia da extremidade

    da chapa tal que o esforo resistido pela chapa j possa ter sido completamente transferido.

    Esta seo est submetida a um momento fletor e est funcionando sob o estdio II,

    conforme a figura 3.8. A equao da tenso de trao atuante :

    ( )ch schc x

    chEE

    MI

    d x=

    Donde pode-se tirar uma expresso do momento fletor, considerando que a

    chapa est no limite de sua capacidade resistente e portanto sua tenso igual tenso de

    escoamento do ao de reforo fych:

    ( )ME f I

    d xc

    E

    ych x

    chsch=

    onde:

    M - o momento fletor;

    bch - a largura da chapa;

    Esch - o mdulo de elasticidade do ao de reforo;

    Ec - o mdulo de elasticidade do concreto;

    Ix - a inrcia da seo equivalente [homogeneizada];

    dch - a altura til da seo reforada em relao armadura de reforo;

    x - a distncia da linha neutra fibra mais comprimida.

    (eq. 3.65)

    (eq. 3.66)

  • 44

    A inrcia da seo dada pela expresso:

    ( ) ( ) ( )I b x EE A d x EE A x d EE A d xx w sc s sc s schc sch ch= + + + 3

    2 2 2

    3, ,

    E a posio da linha neutra pela expresso:

    ( )[ ] ( )[ ] ( )[ ]x

    A A E A E A A E A E E b E A d A E A d

    E bs s s sch sch s s s sch sch c w s s s sch sch ch

    c w

    =

    + + + + + + +, , ,2

    2

    Substituindo as equaes (3.67) e (3.68) na equao (3.66) chega-se a uma

    expresso da rea de reforo necessria.

    No clculo do comprimento de ancoragem Campagnolo prope a seguinte

    equao:

    lA f

    bbsch ych

    b ch=

    onde:

    Asch - a rea de armadura de reforo;

    bch - a largura da chapa;

    Asch

    As

    AsxNL

    dchhd

    d

    bchbw

    Figura 3.8: Seo da viga reforada considerada por Campagnolo.

    (eq. 3.67)

    (eq. 3.68)

    (eq. 3.69)

  • 45

    fych - a tenso de scoamento do ao de reforo;

    b - a tenso de aderncia, que Campagnolo prope seja igual ao valor

    proposto na norma brasileira NBR-6118:

    b cjf= 0 28,

    (eq. 3.70)

  • 46

    4. TEORIA DO CONCRETO ARMADO NO ESTDIO II

    4.1. Consideraes Gerais

    O concreto armado tem fases de comportamento diferenciado conforme o

    nvel de tenses atuantes vai aumentando. A estas fases chama-se de estdios e so

    identificadas por diversas caractersticas. Seja considerada uma viga de concreto armado

    biapoiada e com carga uniformemente distribuda, onde inicialmente as tenses de trao

    esto em valor inferior resistncia trao do concreto. Com isto, a armadura quase no

    solicitada e seu diagrama de tenses linear como o dos materiais homogneos. Esta fase

    chama-se Estdio I e sua principal caracterstica a existncia de tenses de trao no

    concreto. Conforme aumenta-se o valor da tenses, a tenso ltima trao do concreto

    atingida e surge uma fissura. Neste ponto, a armadura sofre um grande acrscimo de

    tenses porque passa a ser somente ela a responsvel pela resistncia trao. No entanto,

    a regio comprimida acima da linha neutra continua com um diagrama linear de tenses, o

    que caracteriza o Estdio II. Ao se aumentar ainda mais as tenses, a quantidade de

    fissuras continuar aumentando e as j existentes iro caminhar em direo regio

  • 47

    comprimida, fazendo com a linha neutra desloque-se em direo fibra mais comprimida.

    As tenses no concreto comprimido no tm mais comportamento linear, visto que as

    deformaes j se situam no trecho no-linear da curva tenso-deformao do concreto e

    as tenses nas armaduras j tero ultrapassado a tenso de escoamento. Estas so as

    principais caractersticas do Estdio III, que define um estado limite ltimo de ruptura.

    Em todos os trs estdios as deformaes se mantm com um

    comportamento linear, satisfazendo a hiptese de manuteno da planicidade das sees.

    O interesse deste trabalho est nas equaes que definem o Estdio II. A

    escolha do Estdio II est relacionada com a prpria tcnica de reforo com chapas

    coladas. Na execuo do reforo, a viga provavelmente estar sujeita a um carregamento

    inicial. Tal carregamento inicial e conseqente estado tensional influenciam no

    dimensionamento da chapa de reforo para o estado de utilizao utilizado neste trabalho, a

    que no pode ser computado com a utilizao do Estdio III, j que independente das

    tenses atuantes no ato do reforo. Sabe-se que as tenses no concreto e na armadura sero

    0,85 fcd e fyd respectivamente.

    A

    A

    sI/n

    seo A tI

  • 48

    Resumindo-se ento as caractersticas do Estdio II e as hiptese bsicas do

    concreto armado que so consideradas neste trabalho, tem-se:

    1.concreto fissurado na regio abaixo da linha neutra (hiptese de Mrsh);

    2.as sees mantm-se planas aps as deformaes (hiptese de Bernoulli);

    3.os materiais tm comportamento linear;

    4.a estrutura est sujeita a esforos de utilizao (no majoradas);

    5.no h escorregamento da armadura.

    4.2. Mtodo da Energia Potencial Total Estacionria

    Para o desenvolvimento das equaes optou-se por utilizar um mtodo de

    energia ao invs de equaes de equilbrio, por que a facilidade de manipulao maior e

    no h preocupao com convenes de sinais. Apesar de neste captulo a diferena ser

    pouco percebida, no desenvolvimento das equaes para seo reforada que a utilidade

    do mtodo da energia potencial estacionria se faz presente.

    As foras atuantes em uma estrutura consistem em foras externas e foras

    internas. As primeiras so as cargas propriamente ditas, enquanto que as seguintes so

    traduzidas em termos de tenses atuantes. A energia potencial das foras internas

    conhecida como energia de deformao, que armazenada na estrutura na forma

    deformada que esta apresentar aps o carregamento. Esta energia definida como sendo a

    rea sob a curva tenso de formao. Analogamente, definida tambm a energia de

    deformao complementar, que a rea entre a curva e o eixo das tenses. Quando trata-se

  • 49

    de materiais linearmente elsticos, a energia de deformao e a energia de deformao

    complementar se igualam.

    A energia de deformao por unidade de volume obtida ento por

    u di

    =

    0,

    que, ao integrar-se em todo o volume da estrutura, corresponder sua energia de

    deformao. Logo,

    U udV d dVi

    = =

    0

    Analogamente, para a energia de deformao complementar,

    u di

    *=

    0

    U d dVi

    *=

    0

    As foras externas estando atuantes na estrutura j deformada realizam um

    trabalho negativo ao se levar a estrutura de volta ao estado de inicial,

    = =

    Qi ii

    n

    1

    ,

    i i

    ii

    (b)

    u*

    u

    (a)

    u*

    u

    Figura 4.2: Curvas tenso-deformao e as energias de deformao, (a) material no-linear; (b) material linear.

    (eq. 4.1)

    (eq. 4.2)

    (eq. 4.3)

    (eq. 4.4)

    (eq. 4.5)

  • 50

    onde:

    Qi - Cada uma das cargas atuantes na estrutura;

    i - Cada um dos deslocamentos correspondentes a cada carga.

    A energia potencial total dada pela soma da energia de deformao e do

    trabalho realizado pelas cargas externas:

    P U= +

    Uma estrutura em equilbrio com n incgnitas, 1, 2, 3, ..., n, sejam estas

    deslocamentos, foras, tenses, etc, tem sua energia potencial total dada como

    P U Qi ii

    n

    =

    =

    1

    Derivando em relao a uma das incgnitas

    P U Qi i

    i=

    Pelo primeiro teorema de Castigliano, tem-se que a derivada da energia de

    deformao em relao a uma das incgnitas igual carga relacionada a ela.

    U Qi

    i=

    Substituindo a equao (4.9) na equao (4.8),

    P Q Qi

    i i= = 0

    A equao (4.10) o princpio da energia potencial total estacionria e

    indica que a derivada da expresso da energia potencial total em relao a qualquer uma

    das incgnitas do problema nula. Em termos fsicos isto quer dizer que em uma situao

    de equilbrio a energia potencial total da estrutura passa por um mnimo ou mximo.

    (eq. 4.6)

    (eq. 4.7)

    (eq. 4.8)

    (eq. 4.9)

    (eq. 4.10)

  • 51

    4.3. Vigas de Seo Retangular

    Para a deduo das equaes para uma viga de seo retangular, ao invs de

    utilizar-se a estrutura inteira, como normalmente faz-se ao aplicar mtodos energticos de

    anlise, adotar-se- uma fatia de espessura unitria da viga. Isto possvel porque, estando

    a viga como um todo em equilbrio, ter sua energia potencial total minimizada e

    consequentemente isto ser vlido para qualquer trecho dela.

    Tomando uma seo na regio de momento fletor constante, para o

    carregamento dado, tem-se o concreto comprimido com uma tenso c e a armadura com

    uma tenso s. A posio da linha neutra (LN) definida por um coeficiente que,

    multiplicado pela a altura til da seo, d a distncia at a fibra mais comprimida. A seo

    da viga com suas dimenses e seu estado tensional aps o carregamento so mostrados na

    figura 4.4.

    P P

    M M

    1

    Figura 4.3: (a) estrutura completa; (b) fatia adotada.

  • 52

    Sendo os materiais linearmente elsticos, as equaes constitutivas dos

    materiais so, para o concreto:

    c c cE=

    e, para o ao:

    s s sE=

    A tenso no concreto tem uma distribuio linear ao longo da regio

    comprimida e, definindo-se um eixo Y com origem na fibra superior, tem-se

    ( )

    yd

    yc=

    e as expresses das energias de deformao complementares por unidade de volume so:

    - parcela relativa ao concreto:

    uE

    dEc c c

    = =

    1

    2

    2

    - parcela relativa armadura de trao:

    d

    c

    s/nAs

    A's

    dh

    d'

    b

    y

    BA

    C

    E D

    s/n,F G

    Figura 4.4: Seo da viga e seu estado tensional aps o carregamento

    (eq. 4.11)

    (eq. 4.12)

    (eq. 4.13)

    (eq. 4.14)

  • 53

    uE

    dEs s s

    = =

    1

    2

    2

    - parcela relativa armadura de compresso:

    uE

    dEs s s

    ,

    = =

    1

    2

    2

    As integrais ao longo do volume de cada parcela fornecero as expresses

    finais

    UE

    dVE d

    y b dy bE d

    d b dEc c c

    cd

    c

    c cc= =

    = =

    12

    12

    12 3 6

    2 2

    0

    2

    2 2

    3 32

    UE

    dVE

    Ass

    s

    ss= =

    12 2

    12 2

    UE

    dVE

    Ass

    s

    ss

    ,

    ,

    ,

    = = 12 2

    12 2

    O trabalho das cargas externas definido como o produto entre o momento

    fletor e a rotao correspondente,

    = 2 M

    A rotao dada por (ver figura 4.5):

    =

    arctg d E d

    c c

    c21 1 1

    21

    (eq. 4.15)

    (eq. 4.16)

    (eq. 4.17)

    (eq. 4.18)

    (eq. 4.19)

    (eq. 4.20)

    (eq. 4.21)

  • 54

    As expresses finais para a energia de deformao, para o trabalho das

    cargas externas e para a energia potencial total so:

    U b dE

    AE

    AE

    c

    c

    s s

    s

    s s

    s

    = + + 2 2 2

    6 2 2

    , ,

    = ME d

    c

    c

    P b dE

    AE

    AE

    ME d

    c

    c

    s s

    s

    s s

    s

    c

    c

    = + +

    2 2 2

    6 2 2

    , ,

    As tenses nas armaduras podem ser expressas em funo da tenso no

    concreto e do coeficiente de determinao da posio da L.N.. Estas expresses so obtidas

    por propores entre tringulos no diagrama de tenses da figura 4.4,que so:

    - tringulos ABC e FGC:

    c

    s

    s cdn

    d d

    dd n=

    =

    ,

    ,

    ,,

    - tringulos ABC e CDE: ( )

    sc c

    scn

    d dn

    += = 1 ,

    onde

    nEE

    s

    c

    = - a relao entre os mdulos de elasticidade do ao e do concreto.

    Substituindo-se as sees de armadura por sees equivalentes de concreto e

    tendo

    M M

    c/2

    d

    Figura 4.5: Obteno da curvatura devido ao momento M

    (eq. 4.22)

    (eq. 4.23)

    (eq. 4.24)

  • 55

    A bds = e

    = A bds ,

    sendo e as taxas de armadura de trao e compresso respectivamente, a equao da

    energia potencial total ficar da forma

    ( ) ( )P bdE

    dd n bd

    Enbd

    EME d

    c

    c

    c

    c

    c

    c

    c

    c

    = +

    +

    22

    2

    2

    2 2

    26

    1

    21

    2

    ,,

    A expresso fica somente em funo das duas incgnitas do problema: c e

    . Obtendo as derivadas da expresso da energia potencial total em relao a cada

    incgnita, tem-se:

    ( ) ( )

    P bdE

    dd n bd

    Enbd

    EM

    E dcc

    c

    c

    c

    c

    c c

    = +

    +

    =

    3

    1 1 0

    2

    2

    2

    2

    ,,

    ( ) ( )

    P bdE

    dd n bd

    Enbd

    EM

    E dcc

    c

    c

    c

    c

    c

    c

    c

    = +

    + =2

    2

    3

    2

    3 26

    1 1 0

    ,, ,

    Da equao (4.30) obtm-se uma expresso da tenso no concreto c em

    funo de :

    ( ) ( )

    c

    M

    bdd

    d n n

    =

    +

    +

    22

    22

    3

    1 1,

    ,

    Substituindo-se a equao (4.32) na equao (4.31), obtm-se uma equao

    do segundo grau. Ao solucionar-se esta equao, chega-se a dois valores de :

    ( ) ( )( ) ( ) = + + +, , , ,n n n n dd n n1 1 2 1 22 ,

    (eq. 4.27)

    (eq. 4.28)

    (eq. 4.29)

    (eq. 4.30)

    (eq. 4.31)

    (eq. 4.32)

    (eq. 4.33)

  • 56

    sendo que o valor com sinal negativo no radical no tem sentido fsico, visto

    que dar sempre um resultado negativo. Sendo assim, a expresso de :

    ( ) ( )( ) ( ) = + + + +, , , ,n n n n dd n n1 1 2 1 22 que a mesma expresso que a obtida por meio das equaes de equilbrio conforme [21].

    4.4. Mtodo das Tenses Admissveis

    Este trabalho visa o dimensionamento de vigas reforadas no estado de

    utilizao, ou seja, as cargas no esto majoradas e as tenses so menores que as tenses

    ltimas de clculo. Por isto, far-se- uso de mtodo das tenses admissveis.

    No mtodo das tenses admissveis, o esforo de dimensionamento leva um

    dos materiais sua tenso admissvel. Normalmente, o material que atinge primeiro este

    valor o ao, pois o dimensionamento do concreto armado objetiva fazer com que a

    ruptura se d de forma dctil atravs do escoamento da armadura. As vigas com estas

    caractersticas chamam-se vigas sub-armadas. A situao tima de um dimensionamento

    de concreto armado aproveitar ao mximo os dois materiais. Esta situao ideal ocorre

    quando o ao e o concreto atingem juntos as suas tenses admissveis. A estas vigas

    denomina-se normalmente armadas, ou, utilizando-se a nomenclatura do ACI [1], vigas

    balanceadas. Podem ocorrer ainda situaes em que o concreto atingir primeiro a tenso

    admissvel, o que indesejvel, mas, ao se fazer reforo com adio de armadura, esta

    situao pode ser atingida. Quando isto ocorre diz-se que a viga super-armada.

    (eq. 4.34)

  • 57

    Para o dimensionamento das vigas reforadas necessitar-se- saber qual

    material atingir a tenso admissvel primeiro, para isso existem condies com relao

    geometria da seo da viga que a leva a esta informao. Sejam as duas hipteses:

    1 - o concreto atinge a tenso admissvel;

    2 - a armadura de trao atinge a tenso admissvel.

    Nas sees com armadura dupla a hiptese da armadura de compresso

    atingir a tenso admissvel no considerada, pois o concreto a atinge antes.

    Para a primeira hiptese, tem-se que:

    c cR=

    Onde cR a tenso admissvel do concreto.

    Substituindo-se a equao (4.35) na equao (4.36).

    ( )

    scR

    sRn=

    1

    Denominando-se:

    (eq. 4.35)

    (eq. 4.36)

    (eq. 4.37)

    (eq. 4.38)

    (eq. 4.39)

    (eq. 4.40)

  • 58

    K =

    1 e

    K nR cRsR

    =

    .

    Tem-se as duas hipteses, dependentes das seguintes relaes:

    - para concreto atingindo a tenso admissvel: KR < K;

    - para o ao atingindo a tenso admissvel: KR > K .

    Conclui-se ento que para a primeira hiptese a equao (4.37) tem que ser

    satisfeita e a equao (4.35) vlida, obtendo-se a tenso na armadura de trao pela

    equao (4.36). a segunda hiptese, a equao (4.40), que deve ser satisfeita, obtendo-se

    a tenso no concreto a partir da equao (4.36).

    O momento fletor que leva a viga a satisfazer uma das duas hipteses pode

    ser obtido pela equao (4.32), substituindo-se c por cR para a primeira hiptese e c ,

    pela equao (4.39), para a segunda hiptese. As equaes para o momento MR sero:

    - para o concreto atingindo a tenso admissvel:

    ( ) ( )M bdd

    d n nR cR= +

    +

    22

    22

    3

    1 1,

    ,

    - para o ao atingindo a tenso admissvel:

    ( )( ) ( )M

    nbd

    dd n n

    RsR

    =

    +

    +

    1 3

    1 12 22

    2,

    ,

    (eq. 4.41)

    (eq. 4.42)

    (eq. 4.43)

    (eq. 4.44)

  • 59

    5. METODOLOGIA PROPOSTA:

    Baseado no conhecimento do estado da arte do reforo com chapas coladas

    adquirido ao longo da pesquisa bibliogrfica, propem-se um procedimento para o

    dimensionamento da armadura de reforo considerando um clculo prtico e compatvel

    com os estudos realizados. A opo pelo mtodo das tenses admissveis reside na

    importncia do nvel de tenses na execuo do reforo, que, quando muito elevado pode

    at impedir que a chapa trabalhe, conforme ser mostrado no captulo de exemplos.

    5.1. Consideraes Iniciais

    A metodologia proposta para o dimensionamento de vigas reforadas

    baseia-se nas mesmas premissas indicadas no item 4.1 com relao ao concreto armado no

    estdio II. Alm disto, duas outras consideraes so apresentadas relativas exclusivamente

    ao reforo com chapas coladas:

    1. No h escorregamento da chapa;

  • 60

    2. A espessura da chapa desprezvel.

    Estas condies decorrem da boa execuo da colagem da chapa. Quanto

    aos valores das tenses admissveis, o CEB[8] indica a utilizao de um valor de tenso de

    compresso no concreto na utilizao da ordem de 0,4 a 0,6 de fck dependendo dos efeitos

    produzidos pela fluncia do concreto. Souza [16] sugere a adoo de um valor

    proporcional a resistncia de clculo dividida por um fator igual ao coeficiente de

    majorao das cargas. Este valor ficaria entre o valor proposto pela CEB e o prescrito pela

    antiga NB-1. Farmer e Gee [9] sugerem um valor igual metade da resistncia

    caracterstica cbica do concreto, o que resulta num valor numrico prximo a 0,4 fck. Para

    as armaduras internas o CEB indica um valor de 0,8 fyk. Souza indica um valor anlogo ao

    do concreto, ou seja, reduzindo o valor da tenso de escoamento de clculo de um fator

    igual ao coeficiente de segurana. Na chapa metlica o ASD [Allowable Stress Design] do

    AISC indica um fator de 0,6 da tenso de escoamento fy para peas tracionadas.

    5.2. Estados Tensionais

    Tabela 5.1: Tenses admissveis dos materiais adotadas neste trabalho.

    MATERIAIS TENSO ADMISSVEL Concreto

    cRck

    ckfx

    f= =1 4 1 4

    0 51, ,

    ,

    Ao Interno sR sR

    ykyk

    fx

    f= = =,, ,

    ,

    115 1 40 62

    Ao Reforo sREF R yf, ,= 0 6

  • 61

    Em uma situao tpica de reforo a seo est sujeita a um momento MR

    antes do reforo que leva um dos materiais, ou os dois, a sua tenso admissvel. O valor

    deste momento obtido pelas equaes (4.43) e (4.44) de acordo com os valores de K e

    KR.. Necessita-se ento elevar o valor do momento admissvel a um valor MREF tal que:

    MREF = k2MR

    Para isto, descarrega-se a viga at uma determinada frao da carga atuante

    [s vezes seu peso prprio]. O esforo na seo a ser dimensionada passa ento para um

    valor M0 tal que:

    M0 = k1MR

    A este estado tensional correspondente ao momento M0 denomina-se

    descarregamento. Neste estado tensional a tenso no concreto c0 e nas armaduras s0 e

    s0, conforme mostra a figura 5.1(b) e a posio da LN 0d. As equaes vlidas neste

    estado so anlogas quelas apresentadas no captulo 4, que, das propores entre

    tringulos da Figura 5.1(b), so apresentadas da seguinte forma:

    ( )

    sc n0

    0

    001=

    s

    c dd

    n00

    00

    ,

    ,

    =

    ( ) ( )

    c

    M

    bdd

    d n n

    00

    2 02 0

    2

    0

    02

    03

    1 1

    =

    +

    +

    ,,

    Aps o carregamento aplicado seo um momento fletor que igual

    diferena entre o atuante no estado de descarregamento e o atuante no estado final.

    (eq. 5.1)

    (eq. 5.2)

    (eq. 5.3)

    (eq. 5.4)

    (eq. 5.5)

  • 62

    M = MREF - M0

    Aplicado este momento, a tenso do concreto sofrer um acrscimo de

    tenso c1 e as armaduras de compresso e trao, sero acrescidas dos valores s1 e s1,

    respectivamente conforme mostra a figura 5.1(c). A armadura de reforo passa a estar

    sujeita uma tenso sREF. As equaes das tenses para esta fase so anlogas s do

    captulo 4, partindo de propores entre tringulos para obter-se as tenses das armaduras

    em relao tenso do concreto.

    ( )

    sc n11

    111=

    s

    c dd

    n11

    11

    ,

    ,

    =

    sREF

    c dd

    n= +

    1

    1

    111

    Com a armadura adicional colada, a L.N. sofrer um deslocamento. Na

    verdade este um comportamento no linear pois a linha de tenses j se encontra girada

    em torno da L.N. inicial definida pela posio 0d. Aps o reforo esta passar a girar em

    torno de outro ponto que intermedirio entre a posio inicial e a posio que a linha

    neutra teria se a chapa fosse colada com a seo com momento nulo. Neste trabalho este

    comportamento ser, por simplificao, considerado linear permitindo a superposio dos

    diagramas de tenses. Mesmo assim a considerao de mudana na posio da linha neutra

    ser vlida pois ao se fazer a soma dos diagramas devido aos momentos M0 e M, cada um

    com uma posio de L.N., o diagrama final ter a L.N. posicionada a REFd da fibra

    superior que intermedirio aos dois valores [figura 5.1(d)].

    (eq. 5.6)

    (eq. 5.7)

    (eq. 5.8)

    (eq. 5.9)

  • 63

    No estado tensional final as tenses no concreto e nas armaduras so

    verificadas com relao s tenses admissveis, visto que, o momento MREF, assim como

    MR, deve levar um dos materiais sua tenso admissvel.

    c c c cR= + 1 0

    s s s sR= + 1 0

    s s s sR, , , ,

    = + 1 0

    sREF sREF R ,

    0d

    cMR

    MR M0 = k *M1 R

    sM /nR

    c0d'

    d

    d1

    hT

    A'

    A

    AREF

    s

    s

    sM /nR,

    1d

    c1

    M = M - MREF 0

    s0 /n,

    s0 /n

    s1/n

    s1/n,

    sREF/n

    REF

    d

    c

    s/n,

    s /n

    MREF = k *M2 R

    sREF/n

    (a) (b) (c) (d)

    Figura 5.2: Estados tensionais de uma seo reforada.(a)Estado antes do reforo; (b)Estado de descarregamento; (c)Estado de recarregamento; (d)Estado final.

    (eq. 5.10)

    (eq. 5.11)

    (eq. 5.12)

    (eq. 5.13)

  • 64

    5.3. DESENVOLVIMENTO DAS EQUAES

    Ser utilizado o mtodo da energia potencial apresentado no item 4.2. Como

    o escopo deste trabalho o dimensionamento da armadura de reforo, basta aplicar-se o

    mtodo ao estado tensional de recarregamento [diagrama (c) da figura 5.1], obter os

    valores das tenses no estado de descarregamento utilizando as equaes j desenvolvidas

    para sees de concreto armado, e verificar as equaes (5.10) a (5.13). O conhecimento

    do estado de descarregamento necessrio j que preciso som-lo ao estado de

    recarregamento para obter-se as tenses finais.

    Para facilitar a manipulao das equaes ser adotada uma rea de

    armadura equivalente s armaduras de trao e de reforo portanto a taxa de armadura

    equivalente eq dada por:

    eq REF= +

    onde:

    REF a taxa de armadura de reforo.

    Esta armadura estaria sujeita uma tenso s1eq e localizada uma distncia

    deq da borda comprimida, sendo estes valores dados pelas expresses:

    ss sREF REF

    REFeq1

    1=

    +

    +

    ( )d d deq REF REFREF

    =

    + +

    +

    1

    As parcelas da energia de deformao so dadas ento por:

    a) concreto:

    (eq. 5.14)

    (eq. 5.15)

    (eq. 5.16)

  • 65

    U bdEc

    c

    c

    =

    16

    12

    1

    b) armadura de compresso:

    ( )U n bdnEs

    s

    s1

    12

    12

    1,

    , ,

    =

    c) armadura de trao e armadura de reforo:

    Ubd

    Ess eq

    seq

    eq=

    12

    12

    O trabalho realizado pelas cargas externas :

    1 11

    =

    ME d

    c

    c

    Pode-se a partir da figura 5.1(c) obter relaes entre as tenses das

    armaduras e a tenso no concreto, analogamente ao desenvolvimento feito no item 4.3 do

    captulo anterior, chegando-se s seguintes expresses:

    s

    c ndd1

    1

    11

    ,

    ,

    =

    s

    c eqeq

    ndd1

    1

    11=

    Substituindo-se as equaes (5.21) e (5.22) nas equaes (5.18) e (5.19) e

    somando-se as parcelas chega-se expresso da energia potencial total:

    ( )P bd

    E

    dd

    n bd

    E

    ndd

    bd

    EM

    E dc

    c

    c

    c

    ceq

    eq

    c

    c

    c

    = +

    +

    16

    12

    112

    12

    112

    1

    2

    12

    12

    1

    12

    1

    1

    ,

    ,

    Derivando-se a equao (5.23) em relao a 1 e a c1 obtm-se:

    (eq. 5.17)

    (eq. 5.18)

    (eq. 5.19)

    (eq. 5.20)

    (eq. 5.21)

    (eq. 5.22)

    (eq. 5.23)

  • 66

    ( ) ( )16

    1 1

    0

    12

    12 1

    2

    11

    2

    12

    1

    12

    11

    2

    12

    11

    2

    cc

    c

    c eqeq c

    eqeq

    c

    dd

    ndd

    n

    ndd

    ndd

    Md b

    +

    +

    =

    ,

    ,

    ,

    ,

    ( )13

    1 01 13

    1 1

    2

    1 1

    21

    2

    c c ceq

    eqdd

    n ndd

    Mbd

    +

    +

    =

    ,

    ,

    As duas equaes formam um sistema de equaes no-linear com duas

    incgnitas: 1 e eq. A tenso no concreto pode ser definida a partir das condies impostas

    pelas equaes (5.10) a (5.13), chegando-se expresso:

    ( )

    c

    eq

    eq

    M

    bd

    dd

    n

    dd

    n

    1

    2 12 1

    2

    1

    1

    2

    131

    =

    +

    +

    ,

    ,

    O estado tensional de descarregamento pode ser obtido a partir das equaes

    (5.3) a (5.5), assim como as equaes para o momento MR. pode ser obtido a partir das

    equaes (4.43) e (4.44). Apesar de conseguir-se chegar a uma expresso fechada de REF,

    optou-se em utilizar um mtodo nmerico para a elaborao de um programa de

    computador.

    (eq. 5.24)

    (eq. 5.25)

    (eq. 5.26)

  • 67

    6. APLICAO EM PROGRAMAS DE COMPUTADOR

    Para facilitar a aplicao da metodologia proposta foi desenvolvido um

    programa de computador que calcula automaticamente as tabelas de dimensionamento para

    uma determinada seo dada. Os grficos correspondentes podem ser obtidos por

    transferncia dos resultados para alguma das planilhas eletrnicas disponveis. Neste

    captulo sero relacionados os dados necessrios para o programa, ser apresentado o

    fluxograma completo do programa e comentados os resultados por ele apresentados. A

    listagem completa do programa consta do Anexo 1.

    6.1. Dados

    Os dados relativos aos materiais so:

    a) concreto:

    resistncia caracterstica (fck);

    mdulo de Young (Ec);

  • 68

    b) ao:

    tenso de escoamento (fyk);

    mdulo de Young (Es);

    relao entre mdulos de elasticidade (n);

    c) ao do reforo:

    tenso de escoamento (fy);

    d) dimenses da seo:

    base da seo (b);

    altura til da seo (d);

    relaes entre cobrimento e altura til e distncia do reforo e altura til;

    taxas de armadura de trao e compresso;

    Para o valor do mdulo de elasticidade do concreto pode-se tomar o valor

    proposto na norma NBR-6118:

    E fc ck= +0 9 6600 35, ,

    Os valores do mdulo de elasticidade do ao e da constante n so

    consagradamente adotados como Es = 210000 Mpa e n = 15.

    6.2. Seqncia de Clculo

    (eq. 6.1)

  • 69

    De posse das caractersticas dos materiais, o programa calcula as suas

    tenses admissveis e com as propriedades geomtricas da seo obtm os valores do

    momento admissvel antes do reforo (MR) a partir das equaes (4.41) a (4.44) e da

    posio da LN antes do reforo utilizando a equao (4.34). O programa entra ento nos

    loopings dos valor de k2 e k1, respectivamente, variando o valor de MREF de 1,05 a 1,5 de

    MR e de M0 de 0,05 a 0,9 de MR. A rotina principal do programa a rotina conv. Nesta

    rotina so obtidos pelo mtodo de Newton-Raphson a duas variveis os valores de REF e

    1 que sero utilizados para o clculo das tenses no concreto utilizando a equao (4.32) e

    nas armaduras utilizando as equaes (5.15) e (5.16). Para iniciar o processo iterativo,

    adota-se inicialmente o valor da tenso no concreto igual tenso admissvel, ou seja:

    c c cR0 1+ =

    As tenses no estado de descarregamento podem ser obtidas a partir da

    equao (4.32) e das propores entre tringulos apresentados no item 4.3. So verificadas

    as inequaes (5.4) a (5.7), e se todas so satisfeitas porque o par de valores soluciona o

    problema sendo armazenado numa matriz o valor da taxa de armadura de reforo. Se por

    acaso uma das inequaes no for satisfeita, ento so calculados novos valores a partir das

    equaes a seguir:

    ( )( )

    c

    sR sn

    10 1

    11=

    ( )

    c

    sREF R REF s

    eqeqn

    dd

    11 1

    1

    =

    +

    ,

    (eq. 6.2)

    (eq. 6.3)

    (eq. 6.4)

  • 70

    ( )

    c

    sR s

    ndd

    10 1

    1

    =

    ,

    ,

    Adotando-se como novo valor aquele que for menor que a tenso admissvel

    do concreto na ordem apresentada: armadura de trao, armadura de reforo e armadura de

    compresso. Estas equaes so obtidas a partir das equaes (5.9), (5.10), (5.15) e (5.16)

    fazendo as tenses das armaduras iguais s suas tenses admissveis menos as tenses

    existentes no estado de descarregamento.

    Os clculos so ento refeitos at que as inequaes sejam satisfeitas. O

    valor da taxa de armadura de reforo armazenado e passa-se ao par de valores (k1,k2)

    seguinte.

    O mtodo de Newton-Raphson a duas variveis a generalizao do

    consagrado mtodo de Newton-Raphson utilizado para a soluo de equaes. No mtodo

    para uma varivel a convergncia para o valor soluo obtida atravs da estimativa do

    valor da funo pela sua derivada no ponto em que se encontra na iterao, mostrado na

    figura 6.1 para o caso de uma varivel.

    O valor da varivel para iterao seguinte obtido de:

    ( )( )x x

    f xf xi i

    i

    i+ = 1 ,

    Ao aplicar-se o mesmo conceito para duas funes f(x,y) e g(x,y) tem-se,

    em notao matricial:

    (eq. 6.5)

    (eq. 6.6)

  • 71

    ( ) ( )( ) ( )

    ( ) ( )( ) ( )

    x

    yx

    y

    fx

    x y fy

    x y

    gx

    x y gy

    x y

    f x y f x yg x y g x y

    i

    i

    i

    i

    i i i i

    i i i i

    i i

    i i

    +

    +

    =

    +

    1

    1

    1

    , ,

    , ,

    , ,

    , ,

    A matriz 2x2 chamada de Jacobiano do sistema.

    No caso do programa, o fato das funes terem pontos de singularidade

    prximos aos intervalos considerados para as variveis, fez-se necessrio o controle dos

    incrementos obtidos pela equao (6.7). No entanto por uma limitao fsica do modelo

    numrico adotado [impossibilidade do aumento de seo comprimida], em alguns casos a

    divergncia do mtodo foi inevitvel. Por isso limitou-se o nmero de iteraes em um

    valor bem elevado [10000] de forma que nesses casos o resultado obtido foi desprezado.

    Foram desconsiderados tambm os casos em que a taxa de armadura de reforo foi

    superior a 8%, visto que este o limite vigente na NBR-6118 para peas fletidas.

    yi+1

    xi+1

    pi+1

    _

    x

    _

    y_

    p

    yi

    xi x

    y

    pi

    Figura 6.1: Mtodo de Newton-Raphson a uma varivel.

    (eq. 6.7)

  • 72

    A seguir apresentada uma lista das rotinas existentes no programa e suas

    respectivas funes:

    pow - calcula o valor de um nmero real elevado a um ndice inteiro;

    LeDados - l os dados do arquivo de entrada e imprime no arquivo de

    sada;

    Cabealho - imprime na tela o cabealho do programa;

    deq1da1 - calcula o valor da derivada da equao (5.18) em relao a 1;

    deq1drREF - calcula o valor da derivada da equao (5.18) em relao a

    ref;

    deq2da1 - calcula o valor da derivada da equao (5.19) em relao a 1;

    INCIO

    Calcula os valoresde 0 e MR

    LeDados

    L o nome dosarqu