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Amo in QUARTl-FEIRA 10 Dl NOVEMBRO DI 1886 NUMERO 129 REDACÇÃO IADM1NISTRAÇI* Lu» Neva *• Ouvidor ¦. !• í _U0 'ASSIGNATURA ADIASTADA Par anno Por semestre 150000 BflOOO Distribue-se ás Quartas, Sextas e Domingos ____________.__————_-——_—————¦—-———¦* _»«m lacem tmketla, -.edite In lu.«_a (S. Jo_o cap. 12 V. 36). Cl»»» Itaque, elam», ne etese». (Carta de Pio IX á redacção do Apóstolo.) A Imprensa catholica é ama verdadeira mlssftn perpetua. (Palavras de Leão XIII). EXPEDIENTE 1 Rogamos aos nossos assignantes •ne ainda n8o satisfizeram sua assl- cnatara a bondado de o mandar fazer á rua Nofirdo Ontldor n. 16. 0 APÓSTOLO Rio, 10 de Novembro de 1886. Actualidades e precocidade Desgraçadamente abunda tanto qne é mui fácil estudal-o e conhecel-o. Na rua, no café, no theatro, em todas as partes, existem exemplares desses entesinhos, por mais de um modo semelhantes aos macacos sábios, que nos fariam rir, se nào víssemos nelles essa mancha de currupção que, usando da phrase do poeta, se traduz : Gravada em tronco verde Que até que morra a arvore, não se perde. Um mal terrível affecta a nossa mo- cidade, e sem que possa evitar-se suas conseqüências, augmenta cada dia e propaga-se derramando o terror, ins- piraudo pânico e ameaçando, emfim, a tranquillidade e paz publicas. Uma mocidade eivada dos princípios liberaes, superficialmente instruída c irreligiosamente educada revolta-se, sedenta de uraa celebridade inglória, contra as praticas religiosas, os funda- mentos sociaes, e ameaça o futuro da pátria. E' o que vemos e lastimamos. Os moços dos dias de hoje, sem és- tudos, sem experiência, e muitas vezes sem a precisa educação domestica, pretendem colebrisar-se,adquirir fama de illustrados, talentosos, ostentando impiedade e fazendo se precoces era todos os vieios. E\ pois, essa precocidade que affecta a infância, a mocidade, e por isso toda anacào, e que propagando-se, a me- dida que corrompe os costumes e vai creando homens sem moral, sem prin- cipios e revolucionários. E' a precocidade um dos vieios que affectam mais seriamente o corpo so- ciai. O menino precoce é geralmente o antecedente lógico do homem degra- dado e corrompido. ÍÕLHET1M O menino precoce é o homem autes de tempo. Sua idade está entre 14 e 16 annos. Veste com affectação, con- fundindo o exagerado com o elegante. Fuma de continuo, ainda que o tabaco lhe amargue e desagrade; porém o cigarro é, em sua opinião, um signal de civilidade que a todo o transe deve adoptar. Sua linguagem esla impregnada de grosseiras interjeiçôes e de pilhérias as mais immoraes. Crê o insensato que .aliando assim faz alarde de ja- ctanciosa valeníia. Suffro deseuganos.experiraeuta aven- turas e falia mal das mulheres. Geralmcute busca o vicio como a mariposa a luz, sem o conhecer, e uelle se queima, se consome. Continuamente vemos na sociedade contemporenea seres rachitioos, fracos, enfermos ; nem em seus corpos ha vi- gor, nem energia em suas almas. Em seus olhos sem brilho se descobre as conseqüências dos prazeres furtivos e antecipados. Foram em seu tempo meninos pre- coces. Se penetrássemos no interior de suas consciências, nao encontraria- mos nem enthusiasmo, nem crenças, nem fé, apenas talvez o vapor denso e espesso das orgias. Para que servem esses seres depre- ciados, vergonha da familia, gerado- res de filhos débeis e antes do nasci- mento desgraçados, rodas inúteis , senão prejudiciaes á machina social ? Quem envenenou a esses corações,, que poderiam ser a honra de sua pátria e talvez da humanidade, se em flor nào fossem machucados seu corpo e alma ? Triste é dizer : a causa principal da corrupção dos filhos é a fraqueza dos pais, que nào querem comprehender que quasi sempre a precocidade é a procacidade, favorecendo aquella. Muito mais que no homem é odiosa a precocidade da mulher. Uma menina fingindo encantos ma- teriaes que nào possue, ensaiando com os meninos de sua idade uma escola de coqueteria, assistindo ás festas que despertam em sua alma desejos e illu- soes sempre perigosas, muitas vezes corruptoras, é digna de lastima de quem a contempla. Se muitas mais reflexionassern sobre isso, nào consentiriam suas filhas, quando meninas, em contado com a sociedade, que, posto, que boa, pôde influir ou influe perniciosamente nos corações de seres tão'caros. Deixai que as íiôres se abram por si mesmas. O maior encanto dos meninos é se- rem meninos. Prolongai lhes o mais pas.ivel a infância, porque a única idade feliz é a da iunoceucia. W-W9 »Qi%£ISi» i_ 55) POU FERNAN CABALLERO (Continuação do n. 128j CAPITULO VIU Pouco tempo depois checaram a Hinojosa o general e sua mulher. Esta vinha muitp contrariada e nem buscou disfarçar seu des- contentamento. Não qui/ observar a com- pleta mudança de sua irmã, aquella menina ínalcreada e*caprichosa; mudança oue ti- nharn produzido em um caracter bom oa annos, a suave e judic.osa direcçlo de um marido prudente e esclarecido, e o ainor a seus filhos. Por isso Ifi^gSI que Feliciana lhe fez foi repellido. Quanto aos parentes de seu marido, que o excellente homem recebeu cornos braços ajertos teve a dôr de vergue Bibiana ps tratou comse cura e altivez, e sendo o pundonor tão sus- centiyel no povo hespanhol, nenhum de les voltou á casa da parenta: que parecia des- denhal-os. O "onerai, com sua habitual bondade, advertio sua mulher; não foram desatteii- didas suas observações, mas ate acremente nnmbatidas, argumentando ella que os de- verès de uma esposa podiam estrictamente obrigar aquella que os queria cumprir a risea a acompanhar o mando para um Joga- _eio mas não chegavam a obngal-a a viver na intimidade de parentes rústicos. O onerai estranhou a doutrina, e mais aindaBo tom peremptório, áspero e desabndo còm nue foi dita. üe repente suas respecti- vas posições se tinham trocado sem transiç- cão Püo homem tão adulado por sua mulher .ficara um invalido, privado de autor.dade; um desterrado, sem saúde, recursos nem vontade de reconquistar sua posição; uma folha de serviços brilhante, porem inútil. ...im uo o-.l„~4.nl Síomiin-oo um merecimento sem P-ae_u.... ..,.0jij „„ disto que o homem inútil para sua ambição e vangloria, de chofre cahira do cumulo das homenagens lisongei.as no abysmo do des- nrezo. O egoísmo, que se nâo envolvia no manto do amor conjugai apparecia cm sua Sa e brutal nudez. O general, embora lhe faltasse conhecimento do mundo e ti- vesse um caracter singelo c bondoso, entre- vío a verdade que tão evidente se mostrava; mas fechou os olhos para a nao ver. 1 Passado algum tempo, Bib.aua se dignou pngar as visitas das poucas pessoas notáveis o loo-ar- nesta oceasião era indispensável ir á casa' da irmã. Enfútou-se pois como faria na corte em caso igual de retribuir vi4tas Vestia sobre o espartilho rico traje de seda, feito em Pariz,. e guarnecido de cima a baixo com riquíssimos enfeites, tra- balho serigueiro, a golla e mangas eram O livre pensamento A liberdade de pensar é como o idolo da geração actual, e o principio que todos acclamam, devam como a conquista mais brilhante da civilisação moderna; e não cemprehendendo a significação da palavra e muito menos seu alcance, a maioria da nossa moci- dade, caminhando em trevas, confun- dindo os termos, faz consistir essa li- berdade em dizer blasphemias, sus- tentar absurdos e repetir impiedade*. Não é a verdade que se busca e nem o caminho que a ella conduz é o se- guido. E' o que vemos actualmente. Os livre s-pensador es se levantam e taes se proclamara, firmados 11a sua razão independente, e longe de se mostrarem livres na indagação da ver- dade, em busca da luz, na direcção de sua intelligencia, apresentam-se es- cravos dos erros, caprichos, de todas as paixòes, contra as quaes nào podem reagir e continuam sujeitos ao erro. Erros em tudo, na politica, na edu- cação, na instrucção ; os capricho., as theorias absurdas, uma prestimpção desvairada, predominam todos os actos da vida, as relações sociaes e os deve- res religiosos.$ A minha razão náo admitte; o livre pensamento, eu sou livre-pensador, são os argumentos com que cada qual pre- tende dar provas de sua intelligencia, de sua instrucção •, e levantando-se contra Deos, contra os dogmas da Egreja, marcha no caminho do erro, na maior presurapção de sciencia. E' uma cousa vergonhosa a liber- dade de pensamento de nossa moci- dade ! Sem habilitações, sem estudos, faz consistir sua liberdade de pensar na de fallar, e assim repete heresias, blasphemias, reitera erros, cobre de doestos as pessoas religiosas, e nada dizendo pró ou contra a religião, dão provas de nenhuma instrucção e muito limitada educação. A liberdade de pensar não está em desrespeitar se as pe.soas dedicadas â de preço fabuloso; trazia véo de renda; não levava jóias, que naquelle logar a fariam ridícula. O o-eneral,. que andava com muita dithcul- dade* a acompanhava, mas não encostado ao braço delia, sim ao de seu criado. Quando chegaram á casa de Villareza, sua mãi quiz leval-os para a sala, porém sen filho e nora, que estavam na câmara cha- mada cozinha, rodeados dos tiihos, ahi qui- zernm recebera visita. Bibiana entrou com seu modo hu bitual de rainha. Feliciana se levantou para ofterecer sua cadeira de braços; mas ella não a quiz aepitar, e sentou-sé em outra, depois de a sacudir com seu rico lenço de cambraia de Unho com rendas.. ²Senhora, lhe disse sentida a mai de Víllareza, que era mui aeeiada e decidida; aqui tudo pôde ser tosco, mas tudo está limpo.. ,• ²Isto é difficil em uma cozinha, replicou Bibiana; senão vede, e mostrou com o umas Cascas de castanhas que um menino puzera em uma cadeira. ²Villareza, disse o general para acabar a discussão, não me lembrava bem da vossa casa, mas pelas armas a conheci. Esta1 observação, que fazia sobresahir a nobreza do marido da sua irmã, no tempo em que se via cercada dos parentes plebeos de seu marido, estr.emamente mqrtifyjou o orgulho de Bibiana, que se despicou di- zendo:l, _ , , ²Estas armas tão grandes na frente desta casa tão pequena e mesquinha, faz-me lem- brar de um letreiro que puzeram sobre o frnndi.so portão que o dono poz em pe- queno albergue, e dizia assim : Compra a horta e vende a porta: ²As armas não se referem á casa, sim á familia, disse Villareza. ²A qual merece toda a grandeza, inter- veio o general; recordo-me do estribüho que o povo cantava : Los senores de Villareza, Chico, caudal y grande nobleza. ²Elles têm a nobreza antes no coração do que no sangue, o que vale mais, disse Feliciana. Um grande grito de Bibiana sobresaltou a todos, principalmente ao menino, que, admi- rado vendo a guarnição e as franjas que en- feitavam o vestido da" tb, tinha-se chegado pouco a pouco, até segural-a com a mão em que ha pouco tinha a castanha, agarrou as franjas, vendo isto a. dona, lh'as:arrancou com aquelle grito de indignação. O anjinho deu um passo atraz, depois, ve- xado, poz a mãosinha sobre seu coração e refugiou-se ao da mãi, a quem disse: ²Que grito l meu coração não palpita. A mãi o poz no collo, rindo-se, beijando-o e amimando-o. —- Applaudir a travessura de um filho! disse Bibiana com amargo sorriso ; que edu- cação modelo!... própria de Hinojosa. —.Não. é travessura, é graça, replicou a avó._ ²Não sabe outras? perguntou Bibiana con. o mesmo sorriso. ²Sabe, replicou, a mãi; sabe cantar. Canta, meu filho, para teus tios ouvirem. {Continua).

Distribue-se ás Quartas, Sextas e Domingosmemoria.bn.br/pdf/343951/per343951_1886_00129.pdf · 2012. 5. 6. · nobreza do marido da sua irmã, no tempo em que se via cercada dos

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Amo in QUARTl-FEIRA 10 Dl NOVEMBRO DI 1886 NUMERO 129

REDACÇÃO IADM1NISTRAÇI*

Lu» Neva *• Ouvidor ¦. !• í _U0 'ASSIGNATURA ADIASTADAPar anno

Por semestre

150000

BflOOO

Distribue-se ás Quartas, Sextas e Domingos____________.__————_-——_—————¦—-———¦ *

_»«m lacem tmketla, -.edite In lu.«_a (S. Jo_o cap. 12 V. 36). Cl»»» Itaque, elam», ne etese». (Carta de Pio IX á redacção do Apóstolo.)

A Imprensa catholica é ama verdadeira mlssftn perpetua. (Palavras de Leão XIII).

EXPEDIENTE 1

Rogamos aos nossos assignantes•ne ainda n8o satisfizeram sua assl-cnatara a bondado de o mandar fazerá rua Nofirdo Ontldor n. 16.

0 APÓSTOLORio, 10 de Novembro de 1886.

Actualidades e precocidade

Desgraçadamente abunda tanto qneé mui fácil estudal-o e conhecel-o.

Na rua, no café, no theatro, emtodas as partes, existem exemplaresdesses entesinhos, por mais de ummodo semelhantes aos macacos sábios,que nos fariam rir, se nào víssemosnelles essa mancha de currupção que,usando da phrase do poeta, se traduz :Gravada em tronco verdeQue até que morra a arvore, não se perde.

Um mal terrível affecta a nossa mo-

cidade, e sem que possa evitar-se suas

conseqüências, augmenta cada dia e

propaga-se derramando o terror, ins-

piraudo pânico e ameaçando, emfim,

a tranquillidade e paz publicas.Uma mocidade eivada dos princípios

liberaes, superficialmente instruída c

irreligiosamente educada revolta-se,sedenta de uraa celebridade inglória,

contra as praticas religiosas, os funda-mentos sociaes, e ameaça o futuro da

pátria.E' o que vemos e lastimamos.Os moços dos dias de hoje, sem és-

tudos, sem experiência, e muitas vezes

sem a precisa educação domestica,

pretendem colebrisar-se,adquirir fama

de illustrados, talentosos, ostentandoimpiedade e fazendo se precoces era

todos os vieios.E\ pois, essa precocidade que affecta

a infância, a mocidade, e por isso toda

anacào, e que propagando-se, a me-

dida que corrompe os costumes e vai

creando homens sem moral, sem prin-cipios e revolucionários.

E' a precocidade um dos vieios queaffectam mais seriamente o corpo so-

ciai. O menino precoce é geralmenteo antecedente lógico do homem degra-

dado e corrompido.

ÍÕLHET1M

O menino precoce é o homem autesde tempo. Sua idade está entre 14e 16 annos. Veste com affectação, con-fundindo o exagerado com o elegante.Fuma de continuo, ainda que o tabacolhe amargue e desagrade; porém ocigarro é, em sua opinião, um signalde civilidade que a todo o transe deveadoptar.

Sua linguagem esla impregnada de

grosseiras interjeiçôes e de pilhériasas mais immoraes. Crê o insensato

que .aliando assim faz alarde de ja-ctanciosa valeníia.

Suffro deseuganos.experiraeuta aven-turas e falia mal das mulheres.

Geralmcute busca o vicio como amariposa a luz, sem o conhecer, euelle se queima, se consome.

Continuamente vemos na sociedadecontemporenea seres rachitioos, fracos,enfermos ; nem em seus corpos ha vi-

gor, nem energia em suas almas. Emseus olhos sem brilho se descobre asconseqüências dos prazeres furtivos e

antecipados.Foram em seu tempo meninos pre-

coces. Se penetrássemos no interiorde suas consciências, nao encontraria-mos nem enthusiasmo, nem crenças,nem fé, apenas talvez o vapor denso e

espesso das orgias.Para que servem esses seres depre-

ciados, vergonha da familia, gerado-res de filhos débeis e antes do nasci-mento desgraçados, rodas inúteis ,senão prejudiciaes á machina social ?

Quem envenenou a esses corações,,que poderiam ser a honra de sua pátriae talvez da humanidade, se em flornào fossem machucados seu corpo ealma ?

Triste é dizer : a causa principal dacorrupção dos filhos é a fraqueza dos

pais, que nào querem comprehenderque quasi sempre a precocidade é a

procacidade, favorecendo aquella.Muito mais que no homem é odiosa

a precocidade da mulher.Uma menina fingindo encantos ma-

teriaes que nào possue, ensaiando comos meninos de sua idade uma escolade coqueteria, assistindo ás festas quedespertam em sua alma desejos e illu-soes sempre perigosas, muitas vezescorruptoras, é digna de lastima de

quem a contempla.Se muitas mais reflexionassern sobre

isso, nào consentiriam suas filhas,quando meninas, em contado com asociedade, que, posto, que boa, pôdeinfluir ou influe perniciosamente noscorações de seres tão'caros. Deixai

que as íiôres se abram por si mesmas.O maior encanto dos meninos é se-

rem meninos. Prolongai lhes o mais

pas.ivel a infância, porque a únicaidade feliz é a da iunoceucia.

W-W9

»Qi%£ISi»i_55)

POU

FERNAN CABALLERO

(Continuação do n. 128j

CAPITULO VIU

Pouco tempo depois checaram a Hinojosao general e sua mulher. Esta vinha muitpcontrariada e nem buscou disfarçar seu des-contentamento. Não qui/ observar a com-

pleta mudança de sua irmã, aquella meninaínalcreada e*caprichosa; mudança oue ti-nharn produzido em um caracter bom oaannos, a suave e judic.osa direcçlo de ummarido prudente e esclarecido, e o ainor aseus filhos. Por isso Ifi^gSIque Feliciana lhe fez foi repellido. Quantoaos parentes de seu marido, que o excellentehomem recebeu cornos braços ajertos tevea dôr de vergue Bibiana ps tratou comsecura e altivez, e sendo o pundonor tão sus-centiyel no povo hespanhol, nenhum de lesvoltou á casa da parenta: que parecia des-denhal-os.

O "onerai, com sua habitual bondade,advertio sua mulher; não só foram desatteii-didas suas observações, mas ate acrementennmbatidas, argumentando ella que os de-verès de uma esposa podiam estrictamenteobrigar aquella que os queria cumprir arisea a acompanhar o mando para um Joga-_eio mas não chegavam a obngal-a a viverna intimidade de parentes rústicos.

O onerai estranhou a doutrina, e maisaindaBo tom peremptório, áspero e desabndocòm nue foi dita. üe repente suas respecti-vas posições se tinham trocado sem transiç-cão

Püo homem tão adulado por sua mulher.ficara um invalido, privado de autor.dade;um desterrado, sem saúde, recursos nemvontade de reconquistar sua posição; umafolha de serviços brilhante, porem inútil....im uo o-. l„~4.nl Síomiin-ooum merecimento sem P-ae_u.... ..,.0jij „„disto que o homem inútil para sua ambiçãoe vangloria, de chofre cahira do cumulo dashomenagens lisongei.as no abysmo do des-nrezo. O egoísmo, que já se nâo envolvia nomanto do amor conjugai apparecia cm suaSa e brutal nudez. O general, emboralhe faltasse conhecimento do mundo e ti-vesse um caracter singelo c bondoso, entre-vío a verdade que tão evidente se mostrava;mas fechou os olhos para a nao ver. • 1

Passado algum tempo, Bib.aua se dignoupngar as visitas das poucas pessoas notáveis

o loo-ar- nesta oceasião era indispensávelir á casa' da irmã. Enfútou-se pois comofaria na corte em caso igual de retribuirvi4tas Vestia sobre o espartilho rico trajede seda, feito em Pariz,. e guarnecido decima a baixo com riquíssimos enfeites, tra-balho dê serigueiro, a golla e mangas eram

O livre pensamentoA liberdade de pensar é como o

idolo da geração actual, e o principioque todos acclamam, devam como aconquista mais brilhante da civilisaçãomoderna; e não cemprehendendo asignificação da palavra e muito menos

seu alcance, a maioria da nossa moci-dade, caminhando em trevas, confun-dindo os termos, faz consistir essa li-berdade em dizer blasphemias, sus-tentar absurdos e repetir impiedade*.

Não é a verdade que se busca e nemo caminho que a ella conduz é o se-guido. E' o que vemos actualmente.

Os livre s-pensador es se levantam etaes se proclamara, firmados 11a suarazão independente, e longe de semostrarem livres na indagação da ver-dade, em busca da luz, na direcção desua intelligencia, apresentam-se es-cravos dos erros, caprichos, de todas aspaixòes, contra as quaes nào podemreagir e continuam sujeitos ao erro.

Erros em tudo, na politica, na edu-cação, na instrucção ; os capricho., astheorias absurdas, uma prestimpçãodesvairada, predominam todos os actosda vida, as relações sociaes e os deve-res religiosos. $

A minha razão náo admitte; o livre

pensamento, eu sou livre-pensador, sãoos argumentos com que cada qual pre-tende dar provas de sua intelligencia,de sua instrucção •, e levantando-secontra Deos, contra os dogmas daEgreja, marcha no caminho do erro,na maior presurapção de sciencia.

E' uma cousa vergonhosa a liber-dade de pensamento de nossa moci-dade ! Sem habilitações, sem estudos,faz consistir sua liberdade de pensarna de fallar, e assim repete heresias,blasphemias, reitera erros, cobre dedoestos as pessoas religiosas, e nadadizendo pró ou contra a religião, sódão provas de nenhuma instrucção emuito limitada educação.

A liberdade de pensar não está emdesrespeitar se as pe.soas dedicadas â

de preço fabuloso; trazia véo de renda; sónão levava jóias, que naquelle logar a fariamridícula.

O o-eneral,. que andava com muita dithcul-dade* a acompanhava, mas não encostado aobraço delia, sim ao de seu criado.

Quando chegaram á casa de Villareza, suamãi quiz leval-os para a sala, porém senfilho e nora, que estavam na câmara cha-mada cozinha, rodeados dos tiihos, ahi qui-zernm recebera visita.

Bibiana entrou com seu modo hu bitual derainha. Feliciana se levantou para ofterecersua cadeira de braços; mas ella não a quizaepitar, e sentou-sé em outra, depois de asacudir com seu rico lenço de cambraia deUnho com rendas. .

Senhora, lhe disse sentida a mai deVíllareza, que era mui aeeiada e decidida;aqui tudo pôde ser tosco, mas tudo estálimpo. . ,•Isto é difficil em uma cozinha, replicouBibiana; senão vede, e mostrou com o péumas Cascas de castanhas que um meninopuzera em uma cadeira.

Villareza, disse o general para acabar adiscussão, não me lembrava bem da vossacasa, mas pelas armas a conheci.

Esta1 observação, que fazia sobresahir anobreza do marido da sua irmã, no tempoem que se via cercada dos parentes plebeosde seu marido, estr.emamente mqrtifyjou oorgulho de Bibiana, que se despicou di-zendo:l , _ , ,Estas armas tão grandes na frente destacasa tão pequena e mesquinha, faz-me lem-brar de um letreiro que puzeram sobre ofrnndi.so portão que o dono poz em pe-

queno albergue, e dizia assim : — Compra ahorta e vende a porta:

As armas não se referem á casa, sim áfamilia, disse Villareza.

A qual merece toda a grandeza, inter-veio o general; recordo-me do estribüho queo povo cantava :

Los senores de Villareza,Chico, caudal y grande nobleza.

Elles têm a nobreza antes no coraçãodo que no sangue, o que vale mais, disseFeliciana.

Um grande grito de Bibiana sobresaltou atodos, principalmente ao menino, que, admi-rado vendo a guarnição e as franjas que en-feitavam o vestido da" tb, tinha-se chegadopouco a pouco, até segural-a com a mão emque ha pouco tinha a castanha, agarrou asfranjas, vendo isto a. dona, lh'as:arrancoucom aquelle grito de indignação.

O anjinho deu um passo atraz, depois, ve-xado, poz a mãosinha sobre seu coração erefugiou-se ao pé da mãi, a quem disse:

Que grito l meu coração não palpita.A mãi o poz no collo, rindo-se, beijando-o

e amimando-o.—- Applaudir a travessura de um filho!

disse Bibiana com amargo sorriso ; que edu-cação modelo!... própria de Hinojosa.

—.Não. é travessura, é graça, replicou aavó. _

Não sabe outras? perguntou Bibianacon. o mesmo sorriso.

Sabe, replicou, a mãi; sabe cantar.Canta, meu filho, para teus tios ouvirem.

{Continua).

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2 QUARTA-FEIRA 10 Dí NOVEMBRO DB 1886

religião, em ridicularisarse os actosdo culto e em repetir pilhérias de mão

gosto.Transcrevemos sobre este assumpto

o seguinte artigo da Reaeção, deS. Paulo:

« As palavras nera sempre, valem oque significam. São ellas não raro re-duzidas a contrariar o próprio pensa-mento.

Esta anomalia é evidentemente pro-duzida na ordem lógica pela confusãodas idéas. na ordem moral pela faltade sinceridade.

O homem não se deve aquilatar qua-si nunca pelo que diz, senão pelo quefaz duas e mais vezes.

Livre pensamento é uma dessas ex-pressões traiçoeiras que tem accom-mettido não poucas intelligencias inex-perientes.

Nada mais exigente que o pensamento humano, nada mais variável doque esse mesmo pensamento. E* emvirtude dessa exigência e dessa varia-bilidade que os systemas philosophicos, as theorias scientificas nascem ecrescera, se multiplicam e se destrôem

Modificadas ou negadas, adoptadasou desprezadas, desapparecem com otempo sem ficar dellas o mini mo vestigio. E' que as theorias c as opiniõesphilosophicas, que não são filhas daverdade, que não têm nella seu pontode apoio, participam da mobilidadeque as produz.

Todavia quando o livrepensamentoagita-se na esphera das sciencias hu-manas, na exposição mais ou menosconcludente dos phenomenos naturaes,cujas leis acham-se originariamentegravadas no seio da própria natureza,lado vai bera.

O sábio formula pelos dados que des-cobre as leis maravilhosas, que devempresidir ás manifestações das riquezasnaturaes.

Além do eminente serviço que pres-tam as descobertas scientificas, sob oponto de vista intellectual e da indus-tria, proporcionam ao estudioso e aocurioso úteis recreações, com as quaesnão poucas vezes mata a tristeza è asmagoas que lhe vão n'alma.

As hypotheses dos sábios, as conce-peões dos poetas, as descripções doslitteratos, tudo nos instrue, nos delei-ta, e até nos enleva.

Não é, porém, nisso que o pensadorperde se; não é nesse mar que nau-fraga a sciencià livre, ou moderna,corao outros chamam.

Tudo isso nós também cultivamos, efalle por nós a historia dos progressoshumanos scientificos, poéticos e litte-rarios •

A linha divisória e essencial que nossepara do livre pensamento é que nósdistinguimos as scieucias humanas dasdivinas; formulamos os princípios da-quellas e recebemos já formulados osdestas. Não imaginamos opposição en-tre ellas ; ao contrario nosso espiritoexplicando logicamente os segredos danatureza, quanto mais conhece, tantomais consolida a grande lei da uni-dade, que o livre pensamento não pôdee nunca poderá explicar.

O livre pensamento, pois, perde-se,como o viajante sem direcção, nãoquando estuda a natureza, mas nau-fraga na passagem cega, brusca e ver-tiginosa que pretende fazer da ordemnatural para a sobrenatural e divina.

A immensidade não é propriedadedos corpos, é attributo que não com-pete á natureza. O espirito pôde sobo ponto de vista scientifico elevar-se até dar a ultima razão de um phe-nomeno; chegará, porém, a um termo,em que se vê forçado a parar.

Se o livre pensamento se lembrasseque dahi por diaute é outra ordem decousas que se lhe entreabre; que oórgão visual requer physicátíiente dis-posição proporcional hos objectos visi-

. veis v que a diversidade de phenome-nos a descobrir presuppõe diversidadedé instrumentos e de processos...

tfe-sa confusão nascem inevitável-mente mil encontros, mil desgostos, o

desanimo e a escuridão para o espirito.Ora, a escuridão produz manifesta-mente o desespero.

Permitia, pois. o leitor, digamos depassagem : se o livro pensamento, quemelhor se chamaria pensamento es-cravisado (pois faz se, corao vimos,pear tão facilmente), se pensasse livre-mente, antes de entrar em certa or-dem de investigações, havia de premunir-se e orientar-se. Imprudenteseria por certo o navegante que emfrágil batei pretendesse atravessargrandes e procellosos mares.

O livre pensamento, arrojado até osmysterios e outras verdades sobrena-turaes e divinas, ora negando, ora ex-plicandoaseu bel-prazer, faz nos lem-brar daquelle que pretendia, com oauxilio de duas azas de cera, voar atéo sol...

Não negamos, ao contrario reconhe-cemos que o homem ua natureza muitopode e o tem provado em todos os tem-pos, como ha de provai-o sempre; elle,dizemos nós. é o rei da creação.

Não negamos, ao contrario sabemoque corn suas investigações tem enriquecidõ e ha de enriquecer os thesou-ros da sciencià, transformar brilhantemente a natureza segundo as concepeões arrebatadoras do genio e daarte. Não é, porém, nisto só que con-siste a grandeza do homem.

O livre pensador, após haver realisado todos os ideae3, executado aseu.prezas mais difficeis, ha de verificarque ura vácuo resta : sua actividadenão está satisfeita ; consumirá sua vi-da, sem haver obtido a po^ss da ver-dade completa.

E' que ao livre pensador falta a re-ligião, falta lhe a luz directora. falta-lhe a ultima razão das cousas. Ellerejeita Deos, o principio absoluto, aexplicação suprema de todos os serescreados.

O livre pensador recusa adorar a in-telügencia divina, mas vera sem difFicuidado a adorar sua própria intelligencia; considera aviltamento sujei-tar-sea Deos, a concepção infinita daverdade sem sombras, entretanto, escravisa-seá intelligencia de seu semelhante envolvida muitas vezes em ummar de duvidas.

De que lado estará a verdadeira li-berdade de pensamento?

O livre pensamento, pois, é, comodissemos, uma traição, é uma cil;;daarmada principalmente á intelligenciajuvenil.

O livre pensador ou nega tudo por-que nada pôde explicar, e neste casonégar-se-ha a si próprio, em quemencontrará phenomenos verdadeira-mente superiores á sua compréhensão;ou será livre pensador moderado, eneste caso admitte ura principio creador, a immortalidade da alma, etc

Ad imitindo a existência de Deos e aimmortalidade da alma. o livre pensador, reflectindo logicamente, acabirápor abraçar todas as demais verdadesreligiosas.

O livre pensamento, finalmente, nãosó escravisa o espirito humano, mas oasphyxia, o nullifica. Sejamos pensa-dores livres, mas nunca livres pensa-dores.

Estes agitam-se nas trevas, emma-ranhados ua noite da duvida; nósvivemos no reinado da luz e nossa re-compensa será a conquista da ver-dade. »

um grande meeting etn Londres, para terçafeira próxima.

E' provável que as autoridades se oppo-nham a semelhante mnnifestaçilo ; em todoo caso já cstfto dadas as ordens necessáriaspara impedir que ella degenere em motim.

Do outra parte varias sociedades philan-tropieas abriram subscripçôes para alliviara miséria que poderá levar grande parte detrabalhadores ao desespero.

Yiennê, 6 de Novembro.Vários telegrammas annuncíam que a

guerra está imminente na Bulgária. IÍ9tasnoticias devem ser aceitas com a maior re-serva. O que é certo é que o governo regen-ciai está de9moralisado e sem poder sobre o

povo, que parece disposto a tornar o partidoda Rússia.

— 7 de Novembro.Os.russos permanecem em. Varna. A. sobra-

niê, assembléa nacional búlgara, parece deci-dida a entrar em acordo com o governo daRússia, para evitar uma qccupnçao, que,conforme as ultimas declarações do generalKaulbars, só por uma inteira submissSo ásvontades do Czar pôde ser evitadt.

Sophia, 8 de Novembro.O governo regencial acaba de dirigir ás

grandes potências uma circular diplomática,na qual pede que lhe seja indicado um can-didato ao throno da Bulgária, cuja eleiçãoserá por elle proposta ao sobraniê.

Consta que a Rússia nSo aceitou seme-lhante alvitre, e já apresentou o seu pro-testo.

Buenos-Ayres, 8 de Novembro.Deram-se nas ultimas 24 horas 24 casos de

cholera nos portos de Rhchuelo e de Rosa-rio, sendo de sete o numero dos óbitos.

(Do Jornal do Cêmmerció).

SECÇÃO NOTICIOSA

Encerramento do mez da Rosário.— No curato de Santa Cruz fez-seno domingo o encerramento do mezdo Rosário, com missa pela manhã eprocissão á tarde.

Madre de Deos do Angu. — Ceie-brou-se naquella freguezia, com muitaconcurrencia e piedade, o exercício domez do Rosário, sob a direcção do seuzeloso parocho Monsenhor Victorino.No dia l do corrente foi encerradocom missa, procissão e benção.

Graças ao zelo de S. Rvma. vai-serestabelecendo, naquella freguezia, oespirito religioso que estava quasimorto pela indifferença.

No dia 2 do corrente fez o mesmoRvm. parocho, depois das tres missas,uma solemne procissão ao cemitério,onde fez encoramendação dos fieis de-funtos.

Esta procissão, como a do Rosário, foiuma verdadeira sorpreza para aquellafreguezia.

A procissão do Rosário foi a do ju-bilêo, e fazendo as visitas das egrejas,nellas cantava se o terço e as ladainhasde Nossa Senhora.

Continua o Rvm. Vigário a pregartodos os domingos e trata de angariarmeios de obter uraa imagem de NossaSenhora das Dores.

Freguezia de S. Fidelis. — Naquellafreguezia fez-se cora solemnidade e cou-curreucia o exercício do Rosário, ha-veudo ao3 domingos sermão e bençãodo Santíssimo Sacramento.

No dia 1 do corrente houve missasolemne, sermão e procissão á tarde,que Analisou com a henção e com oSacramento, além de numerosas con-fissões e communhões que houve du-rante todo o mez.

Na mesma freguezia está aberto ojubilêo e tem-se observado as prescri-peões para lucral-o.

Cairo, 0 de Novembro.

Noticias vindas de Kartoum annunciamque os madistas tornaram a tomar a offen-siva. Osman Digma, ex-lugar tenente e sue-cessor do Madhi, marcha sobre a cidade deTokar com grande numero de sudanezes.

Londres, 6 de Novembro.Reina nas principaes cidades indiíatripsas

da Inglaterra, e sobretudo na capital, exten-sa crise industrial. Vários milhares de opa-rarios estão sem trabalho. Os socialistas,

querendo aproveitar a situação, nauseiam

Matriz de S. Christovão. — Reali-sou se nesta matriz, no domingo pas-sado, o encerramento dos Exercíciosdo Mez do Rosário.

A's 11 1/2 horas teve logar a missasolemne, pregando ao Evangelho oRvd. padre Dr. Trindade; ás 5 horasda tarde sahio a solemne procissão doTerç», formando o prestito a irmandadedo Santissimo Sacramento, a episcopalconfraria de Nossa Senhora do Soecorroe grande numero de fieis.

O andor da Santíssima Virgem eracarregado por quatro sacerdotes; elevava a imagem do Senhor Crucificadoo Rvd. coadjutorda freguezia, acoly-tado pelos Rvms. Conego Castro e pa-dre Couto Reis.

Assistiram á festa e acompanharama procissão, que percorreu diversasruas da freguezia, os Rvds. padresEduardo, Guimarães, Motum, Trindadee Teleraaco.

Durante o trajecto resou se o Terçoem voz alta, e depois de cada myste-rio os sacerdotes alternavam com opovo o Parce Domine^ parce populotv.o ne celernum irascaris nobis. Emseguida cantou se a Ladainha de NossaSenhora, e ao entrar a procissão naegreja o offlciante cantou a oração doRosário.

E* esta a terceira procissão do Ro-sario que se faz nesta freguezia e sem-pre com muita piedade, recolhimentoe devoção desta vez, porém, ¦ reprodu-zioseobello espectaculo do primeiroanno ; apezar da chuva que cahia, nãoalterou-se o trajecto marcado e todos,ainda que molhados, cantavam os louvores da Santíssima Mãi de Deos.

Encerraram se estas solemnidadescom a benção solemne do SantissimoSacramento, estando a egreja e praçalitteralmente cheia de povo.

Nâo podemos terminar esla noticiasem manifestarmos o nosso pezar pornão vermos ainda restituido aos traba-lhos parochiaes o Rvm. Vigário destafreguezia; sabemos queS. Rvma. dese-java ao menos assistir a estas solem-nidades, mas, que seu medico assis-tente lh*o prohibira; Maria Santíssima,a chamada pela Egreja, a saude dosenfermos, se compadeça delle.

Cholera morbus.—Era conseqüênciade cotnmunicação official que o governorecebeu domingo, relativamente aocholera morbus no Rio da Prata, e naimpossibilidade de se praticarem, comoseria imprescindível, providencias pre-ventivas da invasão daquelle flagellonos portos provinciaes, o Sr. ministrodo império expedio aos presidentesdas províncias raaritimas o seguintetel 'gramma:

« Expeça V. Ex., com urgência, asmais terrainautes ordens para quesejam fechados os portos dessa pro-viucia a quaesquer procedências do Rioda Prata, sendo intimados os naviosque os demandarem a que sigam parao Lazareto da Ilha Grande, comrauni-cando-me sem demora qualquer obsta-culo á rigorosa observância desta deli-beração do governo.»

Deu-se conhecimento delia ao ins-pector geral de saude dos portos, re-coramendando-se lhe que a faça cum-prir rigorosamente cora relação a esteporto.

— O Sr. minstro do império recebeuos seguintes telegrammas:

Do ministro brazileiro em Monte-vidéo:

« A junta de saude acaba de resol-ver: o encerramento dos portos paraas procedências da Republica Argen-tina, quarentena indeterminada na ilhadas Flores segundo os casos ; e que ospaquetes chegados hoje aquella ilhapassem por furaigações e fiquem dequarentena. »

Do ministro brazileiro em Buenos*Ayres:

< Acaba de dizer-me o ministro dointerior que recebeu hoje denuncia dese terem dado casos de cholera no Ro-sario e na Bocea, arrabalde dè Buenos-Ayres.

Neste momento está reunida em suacasa a commissão de hygiene. *

Do ministro brazileiro em Roma:« Casos sporadicos do cholera em

Gênova e Milão.Cartas sujas de Gênova e Samnier-

darena. »Sabemos que, no intuito de imp_dir

Page 3: Distribue-se ás Quartas, Sextas e Domingosmemoria.bn.br/pdf/343951/per343951_1886_00129.pdf · 2012. 5. 6. · nobreza do marido da sua irmã, no tempo em que se via cercada dos

QUÀRT1-FEIRÀ10 Dl NOVEMBRO Dl 1888 i

nue navios procedentes de portos 3us-Jeitos, cominumquem com a provinciaJje Santa Catharina, onde uão ha meiospara se fazerem desinfecçôes regula-res, resolveu o goveruo mandar umnavio de guerra cruzar nas águas da-quella provincia.

provavelmente será o cruzador Tra-

jano o encarregado desse serviço.

Novo escândalo.—A assemblea pro-vincia! do Rio do Janeiro approvor, aemenda de OOOgOOO como gratificaçãoao pastor protestante de Nova Fri-burgo. ,,, ,

Este acto daquella assemblea e semduvida,além de escandaloso, anti cons-titüciónal. A gratificação suppõe servicose quaes esses serviços prestados"por aquelle pastor«? Que cada ura possaseguir sua religião e o governo per-mitta, como tem feito, admitte-se, masque d, assemblea provincial abra os co-fres públicos para remunerar a urapastor protestante, não se pôde adraittir quando a religião do paiz é a ca-tholica, a única que tem direito á pro-teccão do Estado. A assemblea naopód*e fazer favores com os dinheiros pu-blieos. Nao pagamos impostos para pa-gamento dos pastores protestantes, enem os dízimos de que tomou couta oEstado devem servir para auxilio dasheresias e dos erros protestantes. Oacto da assemblea é attentatorio ásrendas da provincia, como a religiãocatholica e seus direitos.

Musôo nacional. — Foi autorisada adespeza de 500g Para os propa™8 ne-cessarios á armação e exposição pu-blica, no Musêo Nacional, do es meletode baleia, recentemeute adquirido poreste estabelecimento.

Escola Domestica de Nossa Senkorado Amparo, em Pctropolls.-0 ConegoAmador Bueno obteve os donativos se-guintes para esta escola :Monsenhor Brito 94g000Um monge tBenedictino oüflOUUD. Seraphina Leite, 3 peças de chita.

Medidas preventivas.-O Sr. minis-tro do império teve domingo uma conferencia com o Sr. ministro da guerrapara combinarem sobre as medidasque devem ser adoptadas para impe-dir que o cholera-morbus invada o Bra*zil pelo Rio Grande do Sul.

Depois d.ssa conferência o Sr. mi-niàtro da guerra resolveu estabelecer,na fronteira daquella provincia, umrigoroso cordão sanitário, alára de ou-trás medidas que possam evitar a in-vasâo do mal naquella provincia.

Partida.—Partio hontem para Mon-tevidéo no paquete Senegal o distinetocavalheiro Anselmo Regnier, directore fundador da sociedade franceza coo-perativa universal e delegado da socie-dade de geográphia commercial dePariz.

Naquella republica pretende o Sr.Regnier inaugurar uma exposição de

productos francezes, idêntica a queinaugurou nesta corte.

Dinheiro dc S. Pcdro.-O conde dePariz mandou entregar para o dinheirode S. Pedro 25 000.francos entre xm-trás muitas esmolas que fez distribuirpara instituições pias.

Uclatorio. — Foi-nos cfferecido o daSanta Casa de Caridade da cidade doCurvello, apresentado á assemblea ge-ral da irmandade, em 25 de Julho docorrente anno, por seu vice-provedorVigário Francisco Xavier de AlmeidaRolim. Agradecemos a seguinte dedi-cação que nos fez:

«Ao Apóstolo, denodado campeãoda causa catholica, a quem a egreja noBrazil deve os mais assignalados servicos no longo espaço de 21 annos.Curvello, 28 de Outubro de 188b. —Padre Xavier Rolim,*

Tunncl nas Laranjeiras. — Pelo mi-nisterio do império foi declarado, nodia 3 do corrente, á Illma. camara mu-üi&pal, em solução ao officio de 29 doineí findo, com o qual submetteu aApprovação do ministério do império ocontracto que celebrou com EduardoKingelhoefer, Màlvihò da Silva Reis eManuel Pereira Fernandes Bravo, paraa abertura de um tuunel e assenta-mento de trilhos entre os bairros doRio Comprido e das Laranjeiras, queficava approvado © .referido contrato.

Escândalo e prodlgalldado. — Doministério da fazenda solicitou o daagricultura a expedição das ordens ne-cessarias para que se faça na ImprensaNacional a tiragem de 2.000 exem-plares do opusculo publicado peloSr. senador Taunay, acerca do casamento civil.

Eis como se escoam as rendas do Es-tado.

E' nm escândalo, é um acto semclassificação esse do Sr. ministro daagricultura. Que utilidade tem o in-digno folheto do Sr. Taunay para aimmigração? De que se oecupa, de quetrata, a ser necessário oti somente útilao estrangeiro que nos busca ? Será umguia, ura roteiro no qual o estrangeiroencontre os precisos conhecimentospara sua locação, para a lavoura, oconhecimento de terra? nada disso,trata somente de erros, inverdades, docasamento civil. Mandar publicar uratal folheto á custa do Estado é um es-candalo e é approvar as uniões illiciias,a prostituição, a degradação e a disso-lucão da familia.

Observações celestes. —Todos osterandes observatórios dos Estados-Unidos têm trabalhos especiaes.

Em Hariard a relativa grandeza dasestrellas é o objecto principal do es-tudo; em Princeton a espectroscopia;em Alleghany a parte escura do es-pectro solar e o effeito dos raios mvi-siveis de calor sobre a terra; no obser-vatorio nacioual as posições e orbitasdos satellites; era Cincinatti as estrellasduplas; em Chicago a superfície deJúpiter; e em Albany a progressãoexacta de mappas da esphera celeste.

tentes, quaes são os naturalistas via-jantes do Museu Nacional.

Ha poucos annos o Sr. LadisláuNetto, director do Museu Nacional, edepois o Sr. Rumbelsperger, pesqui-zador incansável dos thesouros scien-tifleos do sub-sólo, recolheram na ilhado Marajó, e em outras localidades donorte, urnas magníficas e vários arte-factos cerâmicos que attestam a exis-tencia de antiga civilisação até entãodesconhecida. A exploração, pel» quenos dizem,custou muito pouco. O que sefez em Marojo deve fazer se agora noMogy-Guassú, antes que mãos inha-beis dissipem os vestígios do antigocemitério ou necropole indígena.

EXPEDIENTE DO BISPADO

Saúde publica. — O ministério doimpério approvou a resolução tomadapela Inspectoria Geral de Hygiene, deobservar, em relação aos vinhos na-turaes e artificiaes, quer importados,quer fabricados no paiz. e ás outrasbebidas e quaesquer productos desti-nados á alimentação publica, que contiverem ácido salicylico era qualquerdose, a mesma providencia adoptadaem França pelo Comitê dHggienePublique.

Congresso anti-se ml tico. — O con-

« A Semana.» — Recebemos o n. 97desta revista. Em sua Galeria de elo-gio mutuo trata de Alberto de Oh-Veira, que vem em caricatura.

Cemitério do aborígenes.—Lê se noDiàrw de Campinas:

«Escrevem nos de Pirassinungacom-municando que na fazenda da Ca-choeira daquelle município, perten-cente ao Sr. Luiz Nogueira, proceden-do-se no dia 28 do passado á plantaçãode milho em uma roça de raatto, foramachados em muitos logares fragmentosde vazilhas de barro, espalhados pelosolo onde se fizera a queimada. /

Este facto chamou a attenção doproprietário da fazenda que, em umponto onde havia maior numero defragmentos, mandou cavar, eucon-traudologoa flor da terra uma peqnena panella (igaçaba), já bastantedeteriorada pelo fogo da roça.

Cominuou com a exeavaçao e a trespalmos de profundidade achou outrapanella muito maior e era perfeito es-tado, collocada com a bocea para baixo.Retirando-a com toda a cautela, ven-ficou que mi parte inferior havia outracom ossos humanos.

Ha pois todos os indícios de ter sidoalli um cemitério dos iudigenas e con-viria que o terreno fosse explorado porpessoa entendida, afim de aproveitaremas curiosidades que sem duvida allidevem existir.

O nosso informante diz que o logaronde se fez o importante achado dista100 braças do rio Mogy-Guassu e cercade 30 dê tm ribeirão aílluente daquelle

Às igaçabas desenterradas pelo Sr.Luiz Nogueira são ambas muito per-

e Tomamos a liberdade de chamar para

este objecto a attenção do Sr. ministroda guerra, ora encarregado dadirecoãodos negócios da agricultura, commercioe obras publicas. Descobrimentos destanatureza, em toda a parte consideradoscomo subsidio valioso para a ethno-graphia, interessam altamente ao pro-Sresso da scièneià e sâo dignos..dosdesvelos do governo. Conviria laserexplorar o terreno por pessoas compe-

gresso que com aquelle titulo reunio seera Bucarest adoptou as seguintes re-soluções:

« Osjudêossão considerados indignos de permanecerem por mais terapoentre os povos da Europa; o congressopede a todos seus adeptos nas diversascidades européas exigirem das cama-rase governos de suas nações a ex-pulsãodosjiidêos; que cousa algumasob qualquer pretexto se conceda aosjudêos ; que a nenhum judêo se de oc-cnpação ou cargo assalariado; que naose venda nenhuma propriedade aos judeos e nem se lhes permitta arrenda-mento de terras ou de qualquer outrapropriedade; que se prohiba aos ju-dêos a posse de notei*, cafés, fabricas,etc , que estas doutrinas se incutam nosmeninos e preguem-se nas escolas e nas

parochias. »

O observatório mais elevado da Europa.—Está se consiruindo actual-meule um observatório no < pico deSonnblick. ura dos cumes do massicodos Alpes tyrolezes; a altura desseponlo é superior a 3.000 metros acimad > nivel do mar, e excedo a do obser-vatorio do general de Nansouty, noPico do Meio-dia, do Etna e do bentisno cantão de Appenzell. ;

Rojacer, proprietário das ramas aeRauris, e cuja habitação e exploraçãoestão era uma das vertentes do Sonu-blick, a uma altura de 1.500 metros,tem chamado a attenção dos meteoro-logistas para a importância desse ob-servatorio. .

O accesso é feito por um systema detransporte, por cabo estabelecido entrea mina e o valle, e pôde'conduzir os

passageiros a uma altura de 2.400metros. .

Dahi sobe ao cume passando por uraa

geleira, e a descida feita em trenó naoexcede de 15 minutos.

A casa será de madeira e a torre quedeve receber os instrumentos meteoro-lógicos será de pedra e solidamenteconstruída. Tres pára-raios protegerãoa construcção. Uraa linha telephomcade 600 metros ligará o observatório áraina, edahi uma outra Unha de 24kilometros partirá para a cidade deRauris.

Proclamas

Foram lidos na Capella Imperial, nodia 7 de Novembro, os seguintes:

Jacpb da Silva com Maria Carolinada Conceição. à.

Antônio Francisco com Maria daGloria Mattos.

Marinho Travassos com Maria Fe-chade. „ n, •

Joaquim Baptista Nogueira com Gui-lhermina de Azevedo.

Antônio Gomes Moreira cora Joa-quina Maria da Silva. .

Antônio Teixeira Lima com ManaJoaquina de Oliveira. ;

Manoel de Souza Lopes corn AdelaidePereira Franco.

Antônio Teixeira da Costa com Fio-risbella Adelaide dos Santos.

Alferes Avelino Pereira da Cuuhacora Maria Luiza de Souza Neves

José da Rocha Martins com Umbe-liua Alzira Soares. '-, ,

Dr. Theodoro Peckolt Júnior comMaria Gabriella Teixeira.

Carlos Haroíd de Abreu com ElisaSoares Ribeiro de Abreu.

Antônio Exposto da Silva com Flau-sina Moreira. _

Augusto Moreno de Alagao com Ritade Cássia Nunes. ;.'.;

Casimiro José de Almeida com Ju-lieta Maria de Souza.

Anlonio José Martins com ManaLuiza da Silva.

Manoel Pereira de Rezende com Ma-ria Corrêa da Conceição.

Antônio Alves de Magalhães comTheodora Saturnina da Rocha.

Benedicto Braga de S. Sabbas comJesuina Borges.

Manoel Antônio Dutra com ClaudraaMaria Dervivier.

Manoel'José Botelho de Maro comAbilia Rosa Alves

Martinho José Albino com ErminiaCastornilha da Silva Martins. m

Antônio Corrêa Martins com Antoniados Santos Conceição.

José Pereira da Silva com IsabelFelicidade de Athayde.

Raphael Vieira Pedroso com OlmaJosé Rodrigues.

Arthur Ribeiro da Costa cora JuliaJacintha Simões. ;

Belrairo Barbosa de Almeida Júniorcom Palmyra Paquet.

Carlos Domingos de Souza Macedocom Isabel Maria de Moura.

Antônio Leite da Silva com IsabelFerreira Lisboa.

Dr. Brasilio Ferreira da Luz comMaria Pereira de Souza Barros.

Noticias diversas. — Foi ratificadoo tratado de extradição entre a Ingla-terra e a Republica de Guatemala.

Em Dublim foi preso um indivi-duo que julga-se ser ochefe dosmoou-ligters dos condados de Cork, uare eLimerick. . .

Em Leipzig foram condemnadosde seis a oito annos de prisão os che-fessocialistasHebél, Vollmarestros.

Em Vienna a policia descobrio umbando (le Saria^iistas.que febnemmatérias explosivas, afim de incendiaralguns edifícios públicos.

gi» Chicago foram condemnadosá morte seis anarchistas.

SECÇÃO INSTRUCTIVA

O INFERNO ~

Se existe, o cjue é, comopoderemos evital-o

POR MONSENHOR S E G ü R

III

DA ETERNIDADE DAS PENAS DOINFERNO

(Continuação do n. 128)

QUAES SÂO OS QUE TRILHAM O CAMINHO

DO INFERNO ?

Em primeiro logar são os que abu-sam da sua autoridade n'uma posiçãoqualquer para arrastar os seus subor-dinados para o mal, ou por violênciaou por seducção. Aguarda os «umjuizo muito rigoroso ». Verdadeiros de-monios da terra, é a elles que se <fcri-item, ua pessoa de seu pai — Satauaz--estas formidáveis .palavras da es-criptüra : « Oh ! Lucifer, como cahis-tes das alturas do céo? »

Sâo es que abusant dos dotes do es-pirito para afastarem do serviço deDens o po?o ignorante, e Apara arran-«ar^lheafé. Estes corruptores publi-cos sâo os herdeiros dos pharisejis doEvangelho* e cahém sob o anafcaemado Filho de Mus:

« Desgraçados de voe, eecrM-** e

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i QUARTA-FEIRA 10 DI NOVBMBRO Dl 1886

phariseus hypocritas l porque fechajsaos homens o reino dos céos. Como nãoentrareis nelle, impedis os outros delá entrarem. Desgraçados de vós, es

« O caminho que condnz á perdição élargo, e são muitos os que o per-correm! »

Examinai a vossa consciência, caro-cribas e phariseus hypocritas! porque leitor, e se por desgraça andais nopercorreis a terra e o mar para fazerdes ura proselyto, e, quando o ganhaisfazeis delle um filho do inferno, duasvezes peior do que vós. »

A esta categoria pertencem os publi-cistas impios, os professores atheus eherejf-s, e essa multidão de escriptoressem fé nem consciência, que todos osdias mentem, calumniam, blasphe-mam scientemente, e dt que se serveo demônio, pai da mentira, para perdermuitas almas e insultar Jesus Christo.

São os orgulhosos, que, inchados desi, desprezam os outros e os insultaradesapiedadamente. Homens duros esem coração acharão ura juiz severo,se nâo seconverterern no momento damorte.

São os egoístas e os máos ricos que.engolfados uo luxoe na sensualidade,nâo pensara senão em si e esquecem ospobres. Acontecer lhes-ha o mesmoque ao máo rico do Evangelho, do qualJesus disse: «Foi sepultado no inferno. »

São os avarentos que nâo pensamsenão em amontoar dinheiro, e que seesquecera de Jesus Christo e da eterni-dade. São esses ricos que por meio decontratos usurarios, de muitas injusti-eas, de negócios fraudulentos e com acompra dos bens da Egreja, fazem outêm feito a sua fortuna, grande ou pe-quena, sobre bases que a lei de Deusreprova. Está escripto delles « quenão possuirão o reino dos céos. »

Sâoos luxuriosos, que vivem tranquillamente e sem remorsos com osseus hábitos impudicos, que se aban-donam a todas as paixões, nâo têmoutro Deus senão a sua barriga, e che-gam a não conhecer outra felicidade,além dos gozos animaes e dos gros-seiros prazeres dos sentidos.

São as almas mundanas e frivolas,que não pensam senão em divertir-se,eem passar o tempo extravagante-mente, e esses, aos quaes o inundochama honestos, e que se esquecem daoração, do serviço de Deus e dos sa-cramentos, que conduzem á salvação.Não cuidam de viver christãmente, nàopensam na sua alma, vivem era estadode peccado mortal, e têm apagada alâmpada da sua consciência sem faze-rem caso delia. Se o Senhor vier derepente, como predisse, ouvirão a ter-rivel resposta, que elle no Evangelhodá ás virgens loucas: « Não vos co-nheço. » Desgraçado o homem quenão°estiver vestido com a roupa nup-ciai! O Soberano Juiz ordenará aosseus anjos que prendam, no momentoda morte, «o servo inútil », para olançarem com os pés e as mãos atadasno abysmo das trevas exteriores, istoé, no inferno.

Vão para o inferno os que são deconsciência falsa e obstinada, que cal-cam aos pés, por meio de confissõesnullas e communhões sacrilégas, ocorpo e sangue do Senhor, « comendoe bebendo a sua condemnação », se-gundo as tremendas palavras de S.Paulo. Vão os que, abusando das gra-ças de Deus, não querem deixar o máocaminho, animados cora algumas de-voções que têm, e pelas quaes esperamser salvos; e vão os de coraçãoodiento, que recusam perdoar.

Vão emfim para o inferno os secta-rios da maçonaria eas victimas insen-satãs das sociedades secretas, que seofferecem, por assim dizer, ao demo-nio, jurando viver e morrer fora daEgreja, sem sacramentos, sem JesusChristo e por conseqüência contra Elle.

Nãó digo que todas estas pobresalmas irão para o inferno, affirrno sóque trilham o caminho do inferno. Fe-lizmente ainda lá não chegaram, e esperoqueant.es de terminarem a via-gem quererão converter-se com humil-dade para não arderem eternamente.

Ah! quanto é largo e commodo ocaminho que conduz ao inferno ! Vaisempre descendo e basta ao homem

; pôr sé nelle. O Salvador mesmo disse:

máo caminho, nada de hesitação, sahidepressa da estrada do inferno em-quanto ó tempo.

[Continua.)

VARIEDADESEm jangada

Sob pena embora de censura, con-fesso que amo e admiro a aranha, porque a considero o animal mais espirituoso da creação.

A formiga com os seus exércitos e assuas aldeias, com os seus phalanste-rios, as suas leis e os seus governos,com as suas officinas, os seus hospi-cios e os seus cemitérios, com as suascaravanas assombrosas e os seus ma-ravilhosos estabulos. onde ceia pul-gões, para os matar como nós aosporcos, não me inspira sequer sym-pathia.

Nâo é um animal; é um prodígio degênio, qne me perturba, me humilha,me confunde.

Eu prefiro a aranha, sempre veladanos seus talentos discretos, oceultandomodestamente o seu mérito dentro dateia que ella mesma fiou.

No mundo filamentoso das aranhastodas são sabias.

Aqui, uma, como mãi previdente,tricota uma bolsa em que depõe osovos de onde vai irromper a prole es-tremecida. Alli, outra, aloja a famílian'um refugio subterrâneo, de que é, aomesmo tempo, architecto e pedreiro,carpinteiro e serralheiro, tapeceiro,porteiro e sentinella. Além, uma outra,delicada fiandeira de tecidos de prata,edifica no fundo das águas um paláciode crystal, artisticamente almofadadode setim.

Mais além, sobre a superfície doaçude illuminado, voga ella, a audazaranha jangadeira, em torno dos rami-lhetes de nenuphares, por entre as va-rinhas dos juncaes, na sua formozajangada de seda, docemente embaladapelo sopro molle da aragera, como umaveneziana formosa na sua gondola ro-raantica.

Ao vêl-a assim, abandonada a tãotranquillo torpor, dir se-ha que ellanão tem senão uma paixão, a pequenaaranha do açude: — é vogar sobre aságuas, langorosamente deitada no seuleito de seda.

Em que estaleiro mimoso foi cons-truido o esquife que a balança ao tommonótono das águas ?

Postada á margem do açude, a ara-nha espera que passe um pequenocorpo ligeiro e fluetuante, .fragmentode palha, folha secca, apara de madeira, salta sobre elle com a agilidadesegura de ura marinheiro consuni-mado, a esbelta jangadeira... Depois,por meio de um caibro fortemente te-cido, ella junta esta apara, esta folha,esta palha a outras palhas, a outrasfolhas, a outras aparas, construindoassim uraa jangada em miniatura, tãosolida quão elegante. Sobre esta pran-eha, ou melhor ainda, sobre este soa-lho, ella estende em seguida um tapetede seda e continua a fiar... a fiar... afiar... até formar um ninho de setimbranco, flocoso, que fixa por meio defilamentos resistentes ao soalho fluc-tuante. Então a pequena jangadeira,ahi se installando preguiçosamente,como que diz: — voga... voga, ohminha « balancei la ».

Atufada na seda, acariciada pelabrisa, embalada pelas águas, ora âlon-gando, ora cruzando as pernas sobreo ventre flacido, a aranha voga suave-mente sobre a superfície tranquilla doaçude.•Em torno delia a água tem reflexosespelhosos je os caniços murmuram

canções voluptuosas, as libellulas decorpinho azul agitam as azas rendilha-das eas borboletas de purpura e ourodansarn como fogos fatuos.

A gentil barquinha voga sempre ; eda aranha atufada no seu leito desetim percebe-se apenas a ponta daspequenas patas o os dois pequenosolhos que brilham com bizarro fulgor.

E' que a jangadeira não passeia,caça; não repousa, faz uma embos-cada. Nâo é nem no murmor dos ca-niços, nem na dansa das borboletasqne tem o seu pensamento: — ó sim-plesmente no jantar.

Este suave ninho não é senão umobservatório, este torpe uão passa deum recurso. Tanto que, apenas um in-sento menos cauto se approxima dasua jangada, a aranha, de um salto,

colhe o entre as garras, arrasta-o paraseu leito flocoso e o suga com ferozavidez. Em breve a victima não é maisdo qne um cadáver, menos ainda : umenvolnero, uma pelle, uma cousa íq.forme, que de um pontapé ligeiro, ellaarroja com desdém para fora da suaprancha fatal.

Com o ventre repleto, as mandibulasainda cm movimento da ultima sucção,a lubrica gulosa, saciada, estende aslongas pernas e adormece, docementeembalada pelas águas {Iluminadas pelosol. De repente, porém, um lúcio surgeá flor do açude, enfrenta a graciosaembarcação, que fluetua lentamente aolongo doá juncaes, atira-se a ella e, deum trago, devora a jangadeira, quedigerente passa a ser digerida.

F. Dumonteil.

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