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1 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA CADEIA AGROINDUSTRIAL DE SUÍNOS NO OESTE PARANAENSE, BRASIL [email protected] APRESENTACAO ORAL-Estrutura, Evolução e Dinâmica dos Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais EDNILSE MARIA WILLER 1 ; LUCIR REINALDO ALVES 2 ; JEFFERSON ANDRONIO RAMUNDO STADUTO 3 ; CARLITO GERMANN 4 . 1,2,3.UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE/TOLEDO-PR, TOLEDO - PR - BRASIL; 4.UNIÃO PAN-AMERICANA DE ENSINO – UNIPAN, CASCAVEL - PR - BRASIL. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA CADEIA AGROINDUSTRIAL DE SUÍNOS NO OESTE PARANAENSE, BRASIL Resumo: O objetivo deste artigo é analisar a cadeia agroindustrial de suínos do Oeste do Estado do Paraná, Brasil. Utilizou-se como metodologia a coleta de dados secundários sobre a criação e agroindustrialização de suínos para identificar os municípios mais especializados nessa atividade na região. A suinocultura esteve sempre presente nas atividades produtivas desta região. Em 1970 era uma das principais atividades econômicas. Nesse mesmo ano, essa região era responsável por 29,15% dos suínos abatidos e vendidos no Paraná, e 6,48% do Brasil. Em 1985 a participação dessa região era de 54,44% e de 8,75%, respectivamente. Os dados mostram que o Estado do Paraná apresentou expressivo crescimento da atividade de criação e abate de suínos nas ultimas décadas, com 373,0% de aumento no abate de suínos entre 1994 e 2008, sendo o Oeste Paranaense a principal região do Estado nessa atividade. Nessa região, o número de empregados formais na atividade de criação de suínos cresceu 511,1%, e na atividade de abate de suínos cresceu 364,6% entre 1994 a 2008. Internamente, essa atividade apresenta características territoriais interessantes quanto aos sistemas de produção: de cooperação e de integração entre produção e industrialização da produção. Palavras-Chave: Cadeia produtiva de suínos; Desenvolvimento regional; Mesorregião Oeste do Paraná. SPACE DISTRIBUTION OF THE AGRO-INDUSTRIAL SWINE CHAIN IN THE WEST OF PARANÁ STATE, BRAZIL Abstract: This article objectified analyzes the agro-industrial swine chain in the west of Paraná State, Brazil. The methodology used was based in secondary data about the creation and agro-industrialization of swines to identify the specialized cities in this activity in the region. The swines’s activity was always present in the productive activities of this region. In 1970’ it was one of the main economic activities. In this same decade, this region was responsible for 29,15% of sold swines in the Paraná State, and 6,48% in comparison with the Brazil. In 1985’ the participation of this region was of 54,44% and 8,75%, respectively. The data show that the Paraná State increased our activity of creation and killed swines in the last few decades, with 373,0% of increase in the killed swines between 1994 and 2008. The West of Paraná State was the main region of the State in this activity. In this region, the number of formal employees in the activity of swine creation grew 511,1%, and in the activity of killed swines grew 364,6% between 1994 the 2008. Internally, this activity presents interesting territorial characteristics when is analyzed the production systems: they are the cooperation and integration between production and industrialization of the production.

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DISTRIBUIO ESPACIAL DA CADEIA AGROINDUSTRIAL DE S UNOS NO OESTE PARANAENSE, BRASIL

[email protected]

APRESENTACAO ORAL-Estrutura, Evoluo e Dinmica dos Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais

EDNILSE MARIA WILLER1; LUCIR REINALDO ALVES2; JEFFERSON ANDRONIO RAMUNDO STADUTO3; CARLITO GERMANN4.

1,2,3.UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARAN UNIOESTE/TOLEDO-PR, TOLEDO - PR - BRASIL; 4.UNIO PAN-AMERICANA DE ENSINO UNIPAN, CASCAVEL

- PR - BRASIL.

DISTRIBUIO ESPACIAL DA CADEIA AGROINDUSTRIAL DE S UNOS NO OESTE PARANAENSE, BRASIL

Resumo: O objetivo deste artigo analisar a cadeia agroindustrial de sunos do Oeste do Estado do Paran, Brasil. Utilizou-se como metodologia a coleta de dados secundrios sobre a criao e agroindustrializao de sunos para identificar os municpios mais especializados nessa atividade na regio. A suinocultura esteve sempre presente nas atividades produtivas desta regio. Em 1970 era uma das principais atividades econmicas. Nesse mesmo ano, essa regio era responsvel por 29,15% dos sunos abatidos e vendidos no Paran, e 6,48% do Brasil. Em 1985 a participao dessa regio era de 54,44% e de 8,75%, respectivamente. Os dados mostram que o Estado do Paran apresentou expressivo crescimento da atividade de criao e abate de sunos nas ultimas dcadas, com 373,0% de aumento no abate de sunos entre 1994 e 2008, sendo o Oeste Paranaense a principal regio do Estado nessa atividade. Nessa regio, o nmero de empregados formais na atividade de criao de sunos cresceu 511,1%, e na atividade de abate de sunos cresceu 364,6% entre 1994 a 2008. Internamente, essa atividade apresenta caractersticas territoriais interessantes quanto aos sistemas de produo: de cooperao e de integrao entre produo e industrializao da produo. Palavras-Chave: Cadeia produtiva de sunos; Desenvolvimento regional; Mesorregio Oeste do Paran.

SPACE DISTRIBUTION OF THE AGRO-INDUSTRIAL SWINE CHA IN IN THE WEST OF PARAN STATE, BRAZIL

Abstract: This article objectified analyzes the agro-industrial swine chain in the west of Paran State, Brazil. The methodology used was based in secondary data about the creation and agro-industrialization of swines to identify the specialized cities in this activity in the region. The swiness activity was always present in the productive activities of this region. In 1970 it was one of the main economic activities. In this same decade, this region was responsible for 29,15% of sold swines in the Paran State, and 6,48% in comparison with the Brazil. In 1985 the participation of this region was of 54,44% and 8,75%, respectively. The data show that the Paran State increased our activity of creation and killed swines in the last few decades, with 373,0% of increase in the killed swines between 1994 and 2008. The West of Paran State was the main region of the State in this activity. In this region, the number of formal employees in the activity of swine creation grew 511,1%, and in the activity of killed swines grew 364,6% between 1994 the 2008. Internally, this activity presents interesting territorial characteristics when is analyzed the production systems: they are the cooperation and integration between production and industrialization of the production.

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Keywords: Productive swine chain; Regional development; Mesoregional West of the Paran State. Grupo de Pesquisa: Estrutura, Evoluo e Dinmica dos Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais. 1 INTRODUO

O objetivo deste artigo analisar a cadeia agroindustrial de sunos no Oeste do

Estado do Paran, Brasil e sua distribuio espacial entre os municpios que formam essa regio.

Conforme destaca Harvey (1994) o perodo ps 1950 foi caracterizado por grandes transformaes na distribuio das atividades econmicas devido rapidez das modificaes tecnolgicas e acelerao do processo de inovao, associados flexibilizao das formas de produo. Da mesma forma Santos (1996) afirma que essas transformaes ocorridas a partir do estilo tecnolgico de produo foram to intensas que redefiniram as bases das regies, modificando a forma estrutural, funcional e de articulao dos territrios. A imposio de sistemas tcnicos de ordem hegemnica reconfiguraram os espaos e tornaram uns mais dinmicos que outros nesse processo de transformao a partir da concentrao e centralizao dos capitais.

Na rea rural os impactos foram ainda mais dramticos: a modernizao, tecnificao e industrializao da agricultura afetaram a estrutura fundiria, as relaes de produo, a pauta de produtos cultivados, os sistemas agrcolas, o habitat e a paisagem rural e as densidades demogrficas rurais (CORRA, 1986).

No Brasil esses impactos foram intensificados com os programas de modernizao do campo implementados durante a dcada de 1970. Conforme destaca Moreira (2004), os planos de desenvolvimento do Governo Federal, os famosos I e II PND, tiveram grande influncia seno a principal nas transformaes do campo no Brasil. O I PND, em 1972, introduziu a vertente da modernizao tecnolgica, e o II PND, entre 1975 e 1979, criou e consolidou um setor industrial para a agricultura, isto , um setor produtor e fornecedor ao campo de produtos industriais de mquinas e equipamentos, fertilizantes e produtos agrcolas e com implementao de uma rede de transportes, comunicaes e distribuio de energia eltrica, integrou a agricultura indstria dando origem a agroindstria moderna existente do Brasil contemporneo.

Durante as dcadas de 1980 e 1990 houve continuidade nesse processo de tecnificao do complexo agroindustrial brasileiro, promovendo a autonomizao das diferentes fases do processo agroindustrial como ramos especializados. O desenvolvimento do setor agroindustrial se deu a partir de efeitos de encadeamentos entre a agricultura, a indstria e o setor de servios: a agropecuria relacionando-se montante com as indstrias de produtos agrcolas e jusante com as indstrias de transformao, tendo estas tambm demandado servios diversos, influenciando no desenvolvimento do setor tercirio. Porm, o processo de tecnificao do campo foi amplamente poupador de mo-de-obra, principalmente nos cultivos de gros que foram substitudos por tratores e equipamentos em geral.

No Oeste do Estado do Paran, considerada uma das ltimas fronteiras agrcolas do Sul do Brasil, essas caractersticas tambm foram visualizadas. Durante a dcada de 1970, ao mesmo tempo em que os PNDs estavam sendo implementados, essa regio estava passando pelas ultimas etapas de colonizao e ocupao do solo. Conforme destacam Dalms, Staduto, e Willers (2007) a agricultura de subsistncia que havia at ento foi substituda pela produo de gros, predominantemente, soja e trigo. Assim, a fronteira agrcola abre

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oportunidades para incorporar a dinmica dos complexos agroindustriais que estava em curso em algumas partes do territrio nacional.

Conforme apresentam Alves e Paiva (2008), a partir das informaes do valor bruto da produo agropecuria, a atividade de criao de sunos era a segunda principal atividade da agropecuria do Oeste do Paran em 1970. Uma atividade tradicional, que esteve presente, como atividade de subsistncia, durante todo o perodo de colonizao regional. De uma atividade de subsistncia, a criao de sunos se transformou em um complexo agroindustrial dos mais importantes nessa mesorregio onde juntamente com a criao e abate de aves formam a principal atividade da pecuria regional.

Neste sentido questiona-se: qual a importncia do complexo agroindustrial de sunos na criao de postos de trabalhos no Oeste do Paran? Como a distribuio espacial dessa atividade entre os 50 municpios que formam essa mesorregio? Esses so alguns dos questionamentos norteadores deste trabalho.

2 ELEMENTOS METODOLGICOS

Para responder ao objetivo geral e aos questionamentos que permeiam esse artigo

sero utilizados dados secundrios para analisar a evoluo da cadeia agroindustrial de sunos na mesorregio Oeste do Paran (Figura 1).

Vale ressaltar, que no ambiente institucional, a disponibilidade de informaes estatsticas um fator relevante. No Estado do Paran, constata-se que estas so oferecidas adequadamente para o setor, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Apesar de certa discrepncia entre as diferentes fontes (MAPA - Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, DERAL - Departamento de Economia Rural, SINDICARNE-PR - Sindicato da Indstria de Carnes e Derivados no Estado do Paran, ABIPECS - Associao Brasileira Ind. Prod. Exp. Carne Suna, ABCS/APS - Associao Brasileira de Criadores de Sunos e Associao Paranaense de Suinocultura) elas so facilitadores do planejamento nas entidades e empresas e na busca do aprimoramento e da coordenao da cadeia.

As informaes pblicas da esfera federal (MAPA, IBGE, MICT - Ministrio da Indstria, do Comrcio e do Turismo, SECEX - Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior) so mais dispersas e menos especficas. J as informaes disponibilizadas no mbito estadual (SEFA - Secretaria de Estado da Fazenda, e SEAB - Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paran) referem-se aos resultados de estrutura e de desempenho, direcionadas ao planejamento governamental.

Figura 1 Mesorregio Oeste Paranaense 2009

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Fonte: IBGE (2009).

A mesorregio Oeste Paranaense formada por trs microrregies e um total de 50 municpios, conforme mostra a Tabela 1. Tabela 1 Municpios componentes da Mesorregio Oeste Paranaense 2006

MESORREGIO GEOGRFICA OESTE PARANAENSE Microrregio Geogrfica Toledo

(MRG 022) Microrregio Geogrfica Cascavel

(MRG 023) Microrregio Geogrfica Foz do

Iguau (MRG 024) 2 - Assis Chateaubriand 13 - Diamante D'Oeste 14 - Entre Rios do Oeste 15 - Formosa do Oeste 17 - Guara 21 - Iracema do Oeste 23 - Jesutas 25 - Marechal Cndido Rondon 26 - Marip 29 - Mercedes 32 - Nova Santa Rosa 33 - Ouro Verde do Oeste 34 - Palotina 35 - Pato Bragado 36 - Quatro Pontes 38 - Santa Helena 42 - So Jos das Palmeiras 44 - So Pedro do Iguau 46 - Terra Roxa 47 - Toledo 49 - Tupssi

1 - Anahy 3 - Boa Vista da Aparecida 4 - Braganey 5 - Cafelndia 6 - Campo Bonito 7 - Capito Lenidas Marques 8 - Cascavel 9 - Catanduvas 11 - Corblia 12 - Diamante do Sul 18 - Guaraniau 19 - Ibema 20 - Iguatu 24 - Lindoeste 31 - Nova Aurora 39 - Santa Lcia 40 - Santa Tereza do Oeste 48 - Trs Barras do Paran

10 - Cu Azul 16 - Foz do Iguau 22 - Itaipulndia 27 - Matelndia 28 - Medianeira 30 - Missal 37 - Ramilndia 41 - Santa Terezinha de Itaipu 43 - So Miguel do Iguau 45 - Serranpolis do Iguau 50 - Vera Cruz do Oeste

Fonte: IPARDES (2009).

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Para analisar os municpios do Oeste Paranaense que mais concentram o volume de pessoas empregadas nas atividades de criao, abate e processamento de sunos, para o perodo de 1994 e 2007, sero utilizadas os setores da Classe 01547 referentes a Criao de sunos e das Classes 10121 e 10139 referentes ao Abate de sunos, aves e preparao de produtos da carne e Fabricao de produtos de carne, respectivamente, disponibilizados pela RAIS (Relao Anual de Informaes Sociais) do Ministrio do Trabalho e Emprego do Brasil. A delimitao do perodo foi feita de acordo com a disponibilizaro dos dados que, com essa desagregao, s existe a partir de 1994.

Vale salientar que h trs empresas que abatem e processam sunos no Oeste do Paran, quais sejam: a Sadia, sediada em Toledo; a Coopavel sediada em Cascavel; e a Frimesa sediada em Medianeira,. Destaca-se que esta ltima possui uma particularidade na regio: uma empresa fundamentada no trabalho cooperativo, ou seja, um Sistema Cooperativo que industrializa e comercializa a produo de sunos cuja matria-prima fornecida Frimesa pelos produtores associados as cinco cooperativas que formam a empresa: a Coop. Agrcola Mista Rondon (Copagril)/Marechal Cndido Rondon, Coop. Agroindustrial Lar (Lar)/Medianeira, Coop. Agrcola Consolata (Copacol)/Cafelndia, Coop. Mista Agrcola Vale do Piquiri (Coopervale)/Palotina e Coop. dos Produtores de Sunos e Leite do Oeste do Paran (Cooperlac)/Toledo.

Cabe ressaltar que na Sadia S.A. (Unidade de Toledo) faz-se abate e processamento simultneo de carne suna e de frango, sendo uma economia de escopo. Neste contexto, quando se analisa o volume de empregados nesta unidade est-se contemplando essas duas linhas de produo em razo da disponibilidade de dados que agregam as informaes dessa forma. 3 O DESEMPENHO PRODUTIVO DO SETOR DE CRIAO, ABATE E DE PROCESSAMENTO DA CARNE SUNA

A cadeia produtiva de carne suna no Brasil apresenta um dos melhores desempenhos

econmicos no cenrio internacional, com um aumento expressivo nos volumes e valores produzidos e exportados. Esse desempenho se deve aos avanos tecnolgicos e organizacionais das ltimas dcadas. No Brasil, a regio Sul a principal produtora e processadora de carne suna, sendo o Estado do Paran, o 3 na ranking nacional.

O Paran possui uma suinocultura tecnificada, com produtores que trabalham no sistema integrado ou cooperativado, via contratos, com as indstrias processadoras da carne. A produo voltada ao abastecimento do mercado interno e para a exportao (FILHO, et al, 2005). As prximas sees detalham melhor essas questes.

3.1 CADEIA PRODUTIVA DE CARNE SUNA NO MUNDO E NO BRASIL A carne suna a mais consumida no mundo, tendo sua produo crescido de

maneira sustentada nos ltimos anos. Alguns indicadores globais de estrutura e desempenho dos principais pases produtores revelam um dinamismo crescente desse produto, principalmente a partir de 1999. Desde o incio da dcada de 2000, as exportaes tem sido dominadas pela Unio Europia (UE), Canad e China. Em termos de mercado consumidor, a Rssia tem se configurado em um importante importador do produto. Estes indicadores tambm projetam a reduo do volume de exportao da UE, possibilidade de abertura de mercado para a carne suna brasileira (IPARDES, 2002).

Em termos de Brasil, a suinocultura vem aumentando significativamente sua participao no segmento de carnes do pas. A partir de 2000, o rebanho suincola cresceu

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vertiginosamente, produzindo 1,9 mil toneladas no ano, nmeros estes expressivamente superados em 2008, com a produo de 3,03 mil toneladas. Com essa produo, o pas se configura no quarto maior produtor mundial de carne suna.

Parte desse crescimento deve-se ao fato de 75% da carne suna comercializada no pas ser industrializada. Os produtos advindos deste processo de industrializao so: frescais, defumados, curados e salgados1. Tanto a carne suna quanto seus derivados so consumidos, basicamente, no mercado interno. O consumo mdio per capita foi de 13,44 kg/habitante/ano em 2008, um crescimento de 3,1 kg/habitante/ano desde o ano de 2000. Em termos de exportaes, uma mdia de 18% da produo nacional foi direcionada para esse setor entre 2002 a 2008, conforme mostra a Tabela 2. Tabela 2 Produo, exportao e disponibilidade interna de carne suna no Brasil 2002-

2008 Varivel 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Produo (mil ton.) 2.872 2.697 2.620 2.708 2.943 2.998 3.029 Exportao (mil ton.) 476 491 508 625 528 606 529 Disp. interna (mil ton.) 2.396 2.206 2.112 2.083 2.415 2.392 1.500 Consumo per capita (kg) 13,79 12,55 11,89 11,59 13,28 13,01 13,44 Fonte: ABIPECS (2009).

A principal regio produtora do pas a regio Sul, que concentra 34,2% do rebanho

nacional, seguida pela regio Nordeste. Na regio Sul, o rebanho industrial desenvolvido, predominantemente, em sistemas de produo organizados em torno da integrao entre produtores e a indstria processadora. Contudo devem-se ressaltar os sistemas cooperativados e o independente.

Em termos de abate e processamento, o pas conta com 120 empresas, da quais 19 so exportadoras do produto.

O setor suincola brasileiro composto por dois grupos de empresas. O primeiro formado por poucas e grandes indstrias frigorficas, como a Sadia, Perdigo, Seara, Aurora e Chapec. Essas indstrias operam no sistema de integrao, sendo responsveis por cerca de 40% do rebanho total e por 87% do abate inspecionado no pas. Tambm detm tecnologia de produo compatvel com os parques tecnolgicos mundiais, fato que as tornam competitivas no mercado nacional e internacional, com alto volume de produo de embutidos e de produtos industrializados de maior valor agregado.

O segundo grupo formado por pequenas e mdias unidades de abate e/ou processamento. Nestas empresas predomina o modelo de gesto familiar, com alguma defasagem tecnolgica em relao ao primeiro grupo. Quanto ao mercado a poltica adotada a de preos.

Neste contexto, a Tabela 3 mostra a evoluo da quantidade de sunos dos Estados Brasileiros para o perodo de 1974 a 2008.

Tabela 3 - Efetivo dos rebanhos de sunos, por Estados do Brasil 1974/2008

Brasil e UFs Ano

1974 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2008

Brasil 34.191.986 34.331.236 32.247.687 33.623.186 36.062.103 31.562.111 34.063.934 36.819.017 Santa Catarina 3.460.134 3.878.532 3.238.321 3.330.516 4.404.480 5.093.888 6.309.041 7.846.398

Rio Grande do Sul 4.309.386 5.672.922 4.316.625 3.744.687 4.245.566 4.133.303 4.233.791 5.320.252

Paran 6.728.363 5.860.836 4.433.151 3.561.765 3.929.536 4.224.838 4.547.895 4.631.600

1 Fazem parte dos frescais: fiambres, lingia, mortadela, pat, presunto cozido e salsicha. Os defumados so o

lombo, bacon, toucinho, paleta e pernil. Os produtos curados so representados pela: copa, lombo tipo canadense, salame e presunto cru,enquanto os salgados so as costelas, ps, orelha, rabo, toucinho, couro, lngua,pele, tripa,ponta de peito e carne para charque (IPARDES, 2002).

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Minas Gerais 3.961.560 3.374.905 3.113.041 3.295.930 3.367.748 3.142.220 3.792.958 4.322.910

Bahia 2.431.352 1.956.530 2.225.072 2.351.126 2.377.801 2.027.787 1.993.461 1.835.017

So Paulo 1.730.439 1.995.184 2.024.547 2.027.007 2.142.888 1.902.275 1.706.862 1.691.356

Gois 2.133.433 1.859.161 2.398.792 1.876.735 1.869.052 1.174.360 1.499.138 1.592.760

Maranho 3.166.808 2.799.786 2.607.648 3.012.982 2.750.960 1.864.915 1.666.063 1.436.181

Mato Grosso 1.115.857 555.942 682.400 1.034.107 990.802 834.084 1.359.824 1.620.061

Piau 1.416.308 1.364.737 1.481.357 1.677.871 1.650.962 1.396.607 1.355.070 1.150.329

Cear 782.447 917.417 1.241.518 1.373.179 1.210.735 1.025.109 1.089.530 1.152.598

Mato Grosso do Sul - 426.350 421.523 513.419 679.411 681.189 855.080 957.697

Par 738.686 1.078.669 1.270.837 1.942.171 2.124.098 1.335.424 1.015.415 761.403

Pernambuco 393.669 507.634 529.592 596.327 457.445 373.846 436.857 509.547

Esprito Santo 770.931 478.762 435.861 436.317 423.455 300.390 292.405 271.554

Rondnia 40.700 367.928 569.649 853.012 1.212.091 460.868 308.406 207.477

Tocantins - - - 531.440 722.328 246.477 224.481 257.507

Rio Grande do Norte 154.982 98.497 121.459 172.730 165.506 130.900 169.100 191.248

Acre 113.880 137.055 154.651 176.207 203.906 183.498 151.073 155.861

Amazonas 162.218 246.014 180.522 214.594 260.926 300.168 290.410 143.664

Rio de Janeiro 182.204 292.513 286.279 325.888 276.086 203.428 164.103 150.305

Distrito Federal 20.000 32.615 34.868 35.007 54.170 112.065 112.719 119.000

Alagoas 73.394 83.399 85.436 110.354 123.619 105.919 127.781 150.578

Paraba 180.064 208.716 243.159 300.726 248.061 123.827 144.501 143.795

Sergipe 36.643 56.787 81.961 96.447 98.657 91.370 107.722 96.279

Roraima 26.597 40.465 44.248 - 51.751 76.320 88.000 75.093

Amap 49.250 39.880 25.170 32.642 20.063 17.036 22.248 28.547

Guanabara 12.681 - - - - - - -

Fonte: IBGE (2010). Conforme apresenta a Tabela 3, o Estado do Paran concentrou parcela significativa

do efetivo de sunos existentes no Brasil. Porm, no decorrer do perodo foi perdendo participao devido ao crescimento da produo dessa atividade em outros Estados.

Entre 1974 a 1985 o Paran ficou em primeiro lugar como o Estado com o maior efetivo de sunos no Paran: em 1974 este Estado concentrava 20% de todo o efetivo de sunos do Brasil, declinando a partir desse ano com 17% em 1980, 14% em 1985; 11% em 1990 e em 1995; e de aproximadamente 13% em 2000, 2005 e 2008.

A hierarquia dos Estados brasileiros foi modificada ao longo do tempo devido ao crescimento da participao de dois Estados principais, quais sejam, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O Estado catarinense tinha uma participao de 10% no total de efetivos de sunos do Brasil e passou para 21% em 2008, exatamente os nmeros inversos se comparados com o Paran. J, o Estado gacho tinha 13% e passou para 14% no mesmo perodo, ou seja, manteve sua participao estabilizada. Alm disso, esses dois Estados apresentaram crescimento no total de efetivos no perodo de 1974 a 2008 na ordem de 126,77% para Santa Catarina, e de 23,460% para o Rio Grande do Sul, enquanto o Paran apresentou uma queda de -31,16% no seu quadro de efetivos.

Por outro lado, a despeito das informaes sobre o total de efetivos de sunos, no possvel saber se o total de sunos abatidos sofreu aumentos ou no. Essa informao, para o Estado do Paran, est disponvel no Grfico 1.

Grfico 1 Quantidade de sunos abatidos com inspeo federal no Paran 1980-2009

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Fonte: SINDICARNE, 2010.

De acordo com o Grfico 1 a quantidade de sunos abatidos no Estado do Paran com

inspeo federal foi crescente na maioria dos anos entre 1980 a 2009. Para todo o perodo o crescimento foi de 225,53% .

Conforme informaes da Associao Paranaense de Suinocultores (APS) a quantidade de sunos abatidos no Paran foi superior mdia nacional para o perodo de 2005 a 2008: enquanto no pas o crescimento foi de 25,26%, o Estado do Paran apresentou um aumento de 27,92% (APS, 2009).

Fica visvel pelo Grfico 1 que at 1995 a quantidade de sunos abatidos foi crescente, mas com pouca variao percentual ao longo dos anos. A partir desse ano fica ntida a inclinao ascendente dessa varivel mostrando um crescimento mais expressivo no final do sculo XX. Somente entre os anos de 2008 e 2009 o crescimento no nmero de sunos abatidos foi de 11,55%, passando de 4.470.265 para 4.986.514 cabeas abatidas com inspeo federal, respectivamente.

Conforme mencionado, o Estado do Paran o terceiro maior produtor de carne suna do Brasil. Segundo a ABIPECS (2004), esse Estado foi responsvel por 18,2% do total de abates e por 15,6% das exportaes nacionais em 2003. J para o ano de 2009 a participao do Paran nas exportaes brasileiras foi de 9,11%.

importante destacar que no Paran coexistem dois sistemas de produo. O primeiro, denominado sistema de produo integrada, possui um perfil tecnolgico mais desenvolvido, por conta do rgido controle do setor industrial. O segundo independente, composto por criadores que detm maior autonomia e organizao interna distinta. Contudo da ltima dcada em diante tem surgido no Estado um terceiro sistema. Este sistema consiste na oferta de animais terminados por associados de cooperativas. Essas cooperativas no possuem, necessariamente unidades de abate e/ou processamento, atuando, exclusivamente como mediadoras entre a demanda industrial e a produo dos cooperados, planejando a oferta de seus criadores de acordo com os contratos estabelecidos com a indstria processadora.

A comercializao da carne suna paranaense para outros Estados e pases atingiu, no final da dcada de 1990, 65 mil toneladas, sendo que os Estados de So Paulo e de Santa Catarina responderam por 36% e 33% desse total. O principal mercado importador da carne suna paranaense Hong Kong. Contudo com a abertura do mercado russo, a partir do final daquela dcada, o pas passa a liderar o ranking de pases importadores da carne suna brasileira e paranaense.

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Segundo a Associao Paranaense de Suinocultores, em junho de 2009, a exportao paranaense de carne suna bateu recorde de embarques mensais com o volume de 6,5 mil toneladas, o maior registro mensal desde novembro de 2005, cuja mdia de embarque era de 3 mil toneladas.

Em termos de mercado interno, a carne suna paranaense bastante concentrada, com o domnio de grandes empresas que detm a maioria dos abates e dos negcios do Estado. Tambm so estas empresas que detm o mercado exportador estadual. Com sistemas de gesto profissionalizada e de controles administrativos eficientes, as empresas lderes detm uma estrutura hierrquica departamentalizada, adotando elevado padro tecnolgico, compatvel com o adotado internacionalmente.

O abate com inspeo federal est concentrado na mesorregio Oeste Paranaense (54%), seguido da Centro Oriental (24%) e do Centro Sul Paranaense (13%), perfazendo 91% dos abates em 2001.

Em termos de ambiente competitivo, as vantagens de localizao decorrentes da proximidade da matria-prima (animais) as unidades de produo industrial, as economias de escopo, no mbito do processo e do produto e a concentrao de mercado so fatores que favorecem a escala de operaes e a diversificao de mercado destas empresas. Este fator se deve ao fato das grandes empresas deterem uma coordenao bastante eficiente, com elos a montante e a jusante da cadeia, reduzindo custos de transao em funo da eficincia dos fluxos de produtos, de informaes e de recursos financeiros.

3.1 A GERAO DE EMPREGOS NO SETOR DE CRIAO, ABATE E DE PROCESSAMENTO DA CARNE SUNA NA REGIO SUL DO BRASIL

O desempenho no setor de abate de sunos apresentou impactos positivos em toda a

cadeia de produo, da criao ao abate. Parte desses impactos pode ser visualizada analisando as informaes referentes ao volume de empregos nos setores de criao e abate de animais (sunos e aves).

Conforme foi apresentado na Tabela 3 os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paran eram os mais expressivos em relao ao efetivo de sunos. A mesma informao pode ser dita quando se analisa o nmero de empregados vinculados suinocultura e tal informao apresentada na Tabela 4.

Tabela 4 Empregados nos setores de criao de sunos e de abate de sunos, Brasil e Estados da Regio Sul 1994-2008

ANO Brasil Regio Sul Paran Santa Catarina Rio Grande do Sul

Criao Abate Criao Abate Criao Abate Criao Abate Criao Abate

1994 8.283 77.094 2.856 48.787 589 12.718 1.139 20.170 1.128 15.899

1995 9.519 85.780 3.387 48.801 833 13.762 1.306 19.535 1.248 15.504

1996 8.776 82.270 3.042 47.997 760 13.925 1.252 20.140 1.030 13.932

1997 9.706 84.626 3.394 48.942 781 13.318 1.367 22.765 1.246 12.859

1998 9.624 86.165 3.379 42.958 702 13.405 1.355 16.232 1.322 13.321

1999 10.082 93.381 3.459 51.067 699 14.952 1.401 20.496 1.359 15.619

2000 10.392 94.254 3.505 53.500 874 16.345 1.397 19.419 1.234 17.736

2001 11.387 108.288 3.827 61.780 967 20.369 1.581 20.536 1.279 20.875

2002 16.852 174.785 5.889 89.130 1.294 30.698 2.630 29.561 1.965 28.871

2003 12.836 137.140 4.677 76.068 1.151 26.818 2.065 25.873 1.461 23.377

2004 14.850 159.595 5.358 90.195 1.434 33.505 2.252 30.437 1.672 26.253

2005 16.184 181.485 6.098 101.309 1.587 37.816 2.696 32.764 1.815 30.729

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2006 19.062 241.878 7.540 136.763 2.360 48.569 3.050 50.006 2.130 38.188

2007 20.148 266.313 7.901 153.755 2.349 56.275 3.166 56.991 2.386 40.489

2008 21.824 279.486 7.901 153.242 2.781 60.161 3.342 54.437 2.808 42.181

Fonte: RAIS (2010). O nmero de pessoas empregadas no Brasil nos setores de criao de sunos e de

abates de animais foi sempre crescente no perodo de 1994 a 2008. Para todo o perodo o crescimento foi de 163,5% para o setor de criao e de 262,5% para o setor de abate. Porm, a despeito desse crescimento o perodo mais significativo de aumento no nmero de empregados ocorreu aps o ano de 2000. Somente entre 2000 e 2008 os percentuais de crescimento foram de 110,0% e 196,5% respectivamente.

A regio Sul do Brasil concentra grande parcela das pessoas empregadas nos dois setores analisados, mesmo tendo perdido pequena participao quando se analisa o setor de abate. No ano de 1994 a regio Sul concentrava 34,5% de todos os empregados no setor de criao de sunos e 63,3% no setor de abates. No ano de 2008 esses percentuais eram de 36,2% e 54,8%, respectivamente. Mesmo assim, houve crescimento no nmero absoluto de empregados: 176,6% para criao e 214,1% para abates entre 1994 a 2008.

Dentre os Estados que formam a Regio Sul do Brasil quem mais ganhou participao na concentrao de empregados foi o Estado do Paran. Enquanto em 1994 este Estado detinha 20,6% do setor de criao do Sul do Brasil e de 26,1% do setor de abates, em 2008 esses percentuais eram 35,2% e de 39,3% no setor de abates. A representatividade desse Estado ocorreu principalmente em detrimento do Rio Grande do Sul. O total de empregados no setor de criao no Paran aumentou na ordem de 372,2%, enquanto que no setor de abate foi de 373,0%. O resultado desse aumento acima da mdia da Regio Sul para os setores de criao e de abates foi que no ano de 2008 o Estado do Paran ultrapassou o Estado de Santa Catarina em valores absolutos e relativos se tornando o Estado mais importante na concentrao de empregados para esses dois setores nessa regio. Somente entre 2007 e 2008 o nmero de empregados no setor de criao de sunos no Paran cresceu 18,4% (em SC foi 5,6% e no RS foi de 17,7%) e no setor de abates esse percentual foi de 6,9%, contra -4,5% apresentado pelo Estado catarinense e de 4,2% do Estado gacho.

Tendo confirmado a representatividade do Estado do Paran pode-se indagar: qual a regio desse Estado que mais expressiva na concentrao de empregados do setor de criao e abate de animais? A Tabela 5 responde esse questionamento.

Tabela 5 Empregados nos setores de criao de sunos e de abate de sunos, Paran e Mesorregies selecionadas 1994-2008

ANO

MESORREGIES

Noroeste Norte-Central Oeste Sudoeste Metropolitana de

Curitiba Outras mesos TOTAL

Criao

Abate Cria

o Abate

Criao

Abate Cria

o Abate

Criao

Abate Cria

o Abate

Criao

Abate

1994 0 43 88 2.029 190 5.603 41 3.115 28 1.286 242 642 589 12.718

1995 0 329 74 2.263 300 6.660 59 2.141 40 1.739 360 630 833 13.762

1996 0 387 92 2.146 239 5.720 62 3.030 36 1.944 331 698 760 13.925

1997 5 441 97 2.444 222 5.631 69 2.836 46 1.536 342 430 781 13.318

1998 6 531 75 2.838 264 5.071 62 2.619 41 1.599 254 747 702 13.405

1999 8 778 75 3.074 250 6.135 62 3.087 61 1.522 243 356 699 14.952

2000 8 841 141 3.068 318 7.322 62 3.228 64 1.552 281 334 874 16.345

2001 11 1.003 166 3.637 337 10.091 77 2.846 59 1.959 317 833 967 20.369

2002 7 1.044 150 4.059 298 11.182 73 3.847 33 1.587 322 964 883 22.683

2003 13 1.250 134 4.570 359 13.819 118 3.898 44 2.042 483 1.239 1.151 26.818

2004 9 1.910 156 6.346 461 16.483 212 5.174 46 2.428 550 1.164 1.434 33.505

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2005 14 2.287 181 8.243 560 18.350 157 4.961 71 2.699 604 1.276 1.587 37.816

2006 22 2.825 195 8.311 988 22.289 242 6.428 61 3.801 852 4.915 2.360 48.569

2007 10 3.507 184 10.446 1.021 24.918 240 7.497 39 4.318 855 5.589 2.349 56.275

2008 20 3.680 212 11.313 1.161 26.029 291 8.203 32 4.273 1.065 6.663 2.781 60.161

Fonte: RAIS (2010). Conforme mencionado na Tabela 4 o crescimento do emprego nos setores de criao

e abate de sunos no Paran foi de 372,2% e de 373,0%, respectivamente, no perodo de 1994 a 2008. Entre as mesorregies que formam o Estado as mais representativas so a Noroeste, a Norte-Central, a Oeste, a Sudoeste e a Metropolitana de Curitiba. Essas cinco mesorregies juntas concentravam em 2008 61,70% de todos os empregados ocupados nas atividades de criao de sunos e 88,92% do setor de abate de animais.

Dentre essas mesorregies a que mais se destaca a Oeste Paranaense. Essa mesorregio aumentou sua representatividade estadual no perodo analisado. Em 1994 concentrava 32,3% dos empregados no setor de criao e 44,1% no setor de abates, passando para 41,7% e 43,3%, respectivamente, em 2008. A participao no total do Brasil outra varivel que mostra o quanto essa mesorregio se destaca: de todos os empregados do Brasil ocupados na atividade de criao 5,3% estavam localizados no Oeste paranaense, sendo que esse percentual aumentava para 9,3% quando se analisa o setor de abates, no ano de 2008. Em 2008, a mesorregio Sudoeste Paranaense ficava na segunda colocao no setor de criao com 10,5%, e o Norte-Central Paranaense no setor de abates com 18,8%.

Em todas as mesorregies observou-se aumento no total de pessoas ocupadas nos setores de criao e abates. No setor de criao a mesorregio que mais apresentou crescimento percentual foi a Sudoeste Paranaense com 609,8% entre 1994 a 2008 passando de 41 para 291 empregados, e no setor de abate foi a Noroeste Paranaense com 8.458,1% aumentando de 43 para 3.680 empregados no mesmo perodo.

Em nmeros absolutos a mesorregio Oeste Paranaense foi a mais representativa. No setor de criao havia 190 empregados e 5.603 no setor de abates em 1994. Esses nmeros saltaram para 1.161 e 26.029 no ano de 2008, ou seja, um crescimento percentual de 511,1% e de 364,6%, respectivamente, no perodo analisado.

A despeito da importncia que o Oeste Paranaense representa na gerao de emprego da cadeia agroindustrial de sunos e do esse expressivo crescimento da gerao de emprego dos setores de criao e abate de sunos como se distribuem os empregados entre os cinqenta municpios que formam a regio? A prxima seo responde esse questionamento.

3.2 A DISTRIBUIO ESPACIAL DA ATIVIDADE DE CRIAO, ABATE E DE PROCESSAMENTO DA CARNE SUNA ENTRE OS MUNICPIOS DA MESORREGIO OESTE PARANAENSE

O aumento no nmero de empregados nos setores de criao e de abates de animais

no perodo de 1994 a 2008 no Oeste Paranaense fez com que alguns municpios antes com pouco destaque passassem a ser expressivos nessa atividade. As Figuras 2 e 3 destacam essa caracterstica.

Figura 2 - Efetivo de rebanho de sunos por municpios da mesorregio Oeste do Paran 1994/2008

1994 2008

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Fonte: Resultados da pesquisa.

A Figura 2 mostra a distribuio do efetivo de sunos entre os municpios do Oeste

Paranaense em 1994 e em 2008. As principais diferenas ocorridas nesse lapso de tempo foram as seguintes: 1) em 1994 o municpio de Serranpolis do Iguau no contava com nenhuma estatstica de rebanho de sunos e em 2008 passou a ter (13.500 cabeas). A segunda diferena foi no grupo de municpios que mais concentravam o rebanho de sunos: os municpios que estavam no grupo mais representativo em 1994 e passou a no estar em 2008 foram: Missal, Quatro Pontes, Pato Bragado, Campo Bonito e Trs Barras do Paran; ao contrrio quem passou a se destacar foram Catanduvas, Matelndia, Ouro Verde do Oeste, e Tupssi, Guaraniau.

Em ambos os anos os municpios que mais concentravam o efetivo de sunos eram Toledo, com 18,3% em 1994 e 23,4% em 2008, e Marechal Cndido Rondon que concentrava 9,6% em 1994 e 8,9% em 2008. No ano de 2007 o municpio de Nova Santa Rosa passou para a terceira colocao na hierarquia de municpios que mais concentravam o efetivo de sunos, saltando de 2,1% no ano de 1994 para 6,6% no ano de 2008.

Quanto a distribuio dos empregados entre os municpios do Oeste Paranaense visualiza-se uma ampliao dos municpios que possuam pessoas ocupadas nos setores de criao de sunos e de abate de animais no perodo analisado.

Conforme mostra a Figura 3 as pessoas empregadas formalmente no setor de criao de sunos estavam mais concentradas em trs municpios no ano de 1994 (Cascavel, Marechal Cndido Rondon e Toledo), sendo que em 2008 vrios outros municpios passaram a compor o grupo mais representativo, quais sejam: Entre Rios do Oeste, Guaraniau, Itaipulndia, Jesutas, Matelndia, Medianeira, Nova Santa Rosa, Palotina, Quatro Pontes, Santa Helena, So Miguel do Iguau e So Pedro do Iguau.

Quanto concentrao dos empregados nesse setor, dos 190 existentes em 1994 Marechal Cndido Rondon detinha 37,9% enquanto Toledo possua 21,1%. J em 2008 essa hierarquia foi invertida: o nmero absoluto apresentou um crescimento de 511,1%, passando para 1.161, sendo 29,2% desse total localizado em Toledo e 12,0% em Marechal Cndido Rondon. Os demais municpios representativos nesse ano eram Itaipulndia (6,1%), Medianeira (5,3%) e Cascavel (5,3%). Outro destaque interessante que enquanto em 1994 havia 36 municpios sem nenhum empregado formal na atividade de criao de sunos, em 2008 esse nmero diminuiu para 22, mostrando a expanso dessa atividade no perodo analisado.

Figura 3 Empregados nos setores de criao de sunos e de abate de sunos e aves por municpios da mesorregio Oeste do Paran 1994/2007

Criao - 1994 Criao - 2008

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Abate - 1994 Abate - 2008

Fonte: Resultados da pesquisa.

O setor de abate de animais visivelmente mais concentrado que o setor de criao

de sunos. Porm, um dos setores que mais se expandiu entre os municpios do Oeste Paranaense no perodo analisado. Vrios municpios passaram a se destacar nessa atividade. Em 1994 haviam 8 municpios com empregados nessa atividade, e em 2008 esse nmero passou para 19.

Em 1994 quem concentrava os 5.603 empregados eram: Toledo (72,2%), Cascavel (13,0%) e Medianeira (12,9%), ou seja, municpios que tinham mais de 700 empregados. J, em 2008 os municpios que mais se destacavam tinham cada um mais de 1.400 empregos e a hierarquia era a seguinte: o nmero total da mesorregio aumentou 364,6% passando para 26.029 empregados distribudos em Toledo (34,3% ou 8.919 emp.), Cafelndia (16,0% ou 4.174 emp.), Cascavel (15,5% ou 4.040 emp.), Palotina (11,6% ou 3.007 emp.), Matelndia (7,8% ou 2.036 emp.), Medianeira (7,2% ou 1.881) e Marechal Cndido Rondon (5,5% ou 1.423).

Fazendo um comparativo entre as Figuras 2 e 3 fica ntido que os municpios mais representativos (de cor mais escura) so aqueles das regies de influncia das maiores empresas frigorficas da regio.

Parte dessas empresas atua no sistema de produo integrada, como o caso da Sadia em Toledo e da Coopavel em Cascavel. A outra parte compem o terceiro sistema de produo (o da participao de cooperativas) sendo que a Copagril (Marechal Cndido Rondon), a C-Vale (Palotina), a Lar (Medianeira), a Primato (Toledo, Guaraniau) e a Copacol, que formaram a Frimesa, localizada em Medianeira, so as que mais se destacam na regio.

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CONCLUSO O objetivo deste artigo foi analisar a cadeia agroindustrial de sunos no Oeste do

Estado do Paran, Brasil. A anlise dos dados estatsticos disponveis mostrou que a atividade de criao de

sunos esteve sempre presente na realidade econmica do Oeste Paranaense, passando de uma atividade de subsistncia na poca de sua colonizao, para uma atividade agroindustrial a partir de 1970.

Alm disso, a atividade agroindustrial da carne suna apresentou expressivo crescimento entre a dcada de 1990 at 2008, refletindo no aumento do nmero de empregados formais ocupados nessas atividades. Os empregados na atividade de criao de sunos cresceu 511,1%, e na atividade de abate de sunos cresceu 364,6% entre 1994 a 2008.

Por outro lado, a anlise evidenciou uma caracterstica interessante em relao aos municpios que mais se destacam nessa atividade: existe uma influncia dos municpios que cediam as principais indstrias em centralizar o abate de sunos e em centralizar em seu entorno os municpios que ofertam a matria-prima, ou seja, a criao de sunos, formando concentraes espaciais no territrio mesorregional do Oeste Paranaense.

Assim, o sistema de produo integrada existente entre as indstrias e os produtores de sunos, responsvel pela ocupao de um significativo contingente populacional garantindo renda e emprego para essa populao e contribuindo para o desenvolvimento econmico de toda a regio Oeste do Estado do Paran.

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