8
Jornal do Inpa Manaus, Abril/Maio 2011 - Ano III - Ed.13 - ISSN 2175-0866 Distribuição Gratuita 56 anos www.inpa.gov.br Os efeitos da Química Bosque da Ciência e Ampa recebem Certificação de Mérito Ambiental Inpa é destaque no prêmio de Jornalismo Científico da Fapeam INCT Adapta realiza III Workshop Mandíbula de formiga inspira criação de grampo sutura Ações contra malária devem levar em conta características próprias de cada região Pesquisa, feita em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), analisou os casos de malária com fatores ambientais. Inovações no manejo florestal para área de várzea no Estado Por meio de análises no crescimento de espécies arbóreas da várzea, estudo prevê mudanças no ciclo de corte Boa leitura Pág. 02 Pág. 02 Pág. 02 Pág. 02 Pág. 04 Pág. 03 Pág. 05 Pesquisa em mudanças climáticas poderá auxiliar na previsão fenômenos naturais extremos Os resultados servirão de base para gerenciar recursos e avaliar impactos nas mudanças climáticas e na sociedade Pág. 08 Foto: Jochen Schöngart / Acervo Pesquisador Foto: Reprodução Manual expõe árvores de várzea da Amazônia Central Por meio da observação dos sistemas da natureza, conhecido como técnica biônica, a pesquisa desenvolveu um grampo para utilização nos pontos cirúrgicos Foto: Ilustração Foto: Acervo Pesquisador Pág. 06

Divulga Ciência - Abril-Maio/2011

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Jornal de divulgação científica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA

Citation preview

Page 1: Divulga Ciência - Abril-Maio/2011

Jornal do Inpa

Manaus, Abril/Maio 2011 - Ano III - Ed.13 - ISSN 2175-0866 Distribuição Gratuita

56 anos

www.inpa.gov.br

Os efeitos da Química

Bosque da Ciência e Ampa recebem Certificação de Mérito Ambiental

Inpa é destaque no prêmio de Jornalismo Científico da Fapeam

INCT Adapta realiza III Workshop

Mandíbula de formiga inspira criação de grampo sutura

Ações contra malária devem levar em conta características próprias de cada região

Pesquisa, feita em parceria com a

Universidade do Estado do Amazonas

(UEA), analisou os casos de malária

com fatores ambientais.

Inovações no manejo florestal para área de várzea no Estado

Por meio de análises no crescimento de espécies arbóreas da várzea, estudo prevê mudanças no ciclo de corte

Boa leitura

Pág. 02

Pág. 02

Pág. 02

Pág. 02

Pág. 04

Pág. 03 Pág. 05

Pesquisa em mudanças climáticas poderá auxiliar na previsão fenômenos naturais extremos

Os resultados servirão de base para

gerenciar recursos e avaliar impactos

nas mudanças climáticas e na

sociedadePág. 08

Foto: Jochen Schöngart / Acervo Pesquisador

Foto: Reprodução

Manual expõe árvores de várzea da Amazônia Central

Por meio da observação dos sistemas da natureza, conhecido como técnica biônica, a pesquisa desenvolveu um grampo para utilização nos pontos cirúrgicos

Foto: IlustraçãoFoto: Acervo Pesquisador

Pág. 06

Page 2: Divulga Ciência - Abril-Maio/2011

Página 02 - Abril/Maio 2011

Chefe da Divisão de Comunicação Social: Tatiana Lima (MTB 4214/MG) - Editor Chefe: Eduardo Gomes - Repórteres: Aline Cardoso, Clarissa Bacellar, Daniel Jordano, Josiane Santos e Fernanda Farias Editoração Eletrônica: Flávio Ribeiro - Revisão: Josiane Santos - Secretário de Redação: Everton Martins. Fotos: Anselmo D`Affônseca, Daniel Jordano, Eduardo Gomes e Flavio Ribeiro Tiragem: 1000 - Edição 13 - Abril/Maio 2011 - ISSN 2175-0866.Produção: Divisão de Comunicação Social do Inpa/MCT.

+55 92 3643-3100 / 3104 [email protected] www.twitter.com/ascom_inpa

www.facebook.com/inpamct

Expediente Fale com a redação

Ministério daCiência e Tecnologia

Tome Ciência

O INCT Centro e Estudo de Adapta-

ções da Biota Aquática da Amazônia

(Adapta) realizou entre os dias 18 e 20

de abril, no Auditório da Ciência do

Inpa, o III Workshop para a apresenta-

ção de resultados e discussão de

novos rumos.

O objetivo deste projeto é fazer uma

analise da expressão gênica compara-

tiva de organismos sob diferentes con-

dições ambientais. Na ocasião, foram

apresentados os trabalhos de base que

estão sendo realizados no âmbito do

Adapta para conduzir as definições

daquilo que será analisado nos novos

equipamentos adquiridos pelo projeto.

Um ponto importante é o pioneirismo

deste projeto para a Amazônia. A pro-

posta representa uma abordagem pio-

neira do ponto de vista científico.

O Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa/MCT) foi destaque na

cerimônia de entrega do prêmio de

Jornalismo Científico da Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado do

Amazonas (Fapeam). Estudantes e

profissionais da assessoria de

comunicação do Instituto venceram

nas modalidades internet, jornal

impresso, revista e rádio.

A Assessoria de Comunicação do

Instituto teve cinco indicações ao

prêmio, mais dois colaboradores da

Revista “Ciência para Todos”, que

indicados totalizaram sete finalistas.

O evento ocorreu no Centro Cultural

Palácio Rio Negro, e elegeu as 16

melhores reportagens que estavam

dividas nas categorias comunicação de

massa e institucional.

Inpa é destaque no prêmio de Jornalismo Científico da Fapeam

O Bosque da Ciência e a Associação

Amigos do Peixe-boi (Ampa), que

trabalha em parceria com o Laboratório

de Mamíferos Aquáticos (LMA) do

Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa/MCT), receberam o

Certificado de Mérito Ambiental

durante a 5ª Conferência Latino

Americana de Preservação ao Meio

Ambiente em Manaus.

A homenagem é uma iniciativa do

Instituto Brasileiro de Defesa da

Natureza (IBDN), uma Organização de

Sociedade Civil de Interesse Público

(Oscip) que desenvolve projetos

socioambientais.

Segundo o Coordenador do Bosque,

Jorge Lobato, receber a certificação é a

retribuição do trabalho de socialização

que o Bosque vem exercendo.

Bosque da Ciência e Ampa recebem Certificação de Mérito Ambiental

INCT Adapta realiza III

Workshop

Boa leitura| Manual de árvores de várzea da Amazönia Central

Foto: Eduardo Gomes Eduardo Gomes

Ao ler o “Manual de árvores de várzea da Amazônia Central” você irá conhecer

mais sobre a taxonomia, ecologia e uso das espécies. As florestas de várzea são áreas

alagáveis influenciadas por rios de águas brancas. É o que explica, um dos principais

pesquisadores que compõem o Manual, Florian Wittimann, em uma leitura interessante,

com gráficos, fotos e esquemas, como as florestas alagadas influenciam o clima local e

regional.

Por mais de uma década de trabalhos sobre ecologia e a ecofisiologia de árvores

de várzea, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) em cooperação

com o Grupo de Trabalho de Ecologia Tropical do Instituto Max – Planck, elaborou este

manual das florestas alagadas, para todas as pessoas interessadas na conservação e

ecologia do majestoso ecossistema Amazônico.

Os pesquisadores expõem no manual, a relevância de introduzir planos de manejo

florestal sustentáveis para manter a biodiversidade das áreas alagadas, pois essas áreas

de várzea são fontes de recursos para a grande maioria da população rural da Amazônia.

Foto: Flavio Ribeiro

Page 3: Divulga Ciência - Abril-Maio/2011

importante, pois havia poucos estudos

que viabilizam essa relação”, disse.

Essa relação foi feita a partir do cru-

zamento de variáveis ambientais dos

municípios com os dados de casos de

malária. Wolfarth explica que cada

município apresentou característi- cas

próprias em relação aos casos. “Coa-

ri, por ser uma área onde predomina

a terra firme, teve relação maior

entre casos de malária e a precipi-

tação de chuvas. Já o município de

Manaca-puru, mostrou relação mais

próxima dos casos de malária com o

nível d'água já que é uma região com

mais características de várzea onde

predominam lagos em seu entorno”

declarou.

O repiquete

É um fenômeno hidrológico de osci-

lação do nível d'água, atípico em rela-

ção à sazonalidade dos rios da região

Abril/Maio - Página 03Saúde - Divulga Ciência

Ações contra malária devem levar em conta características próprias de cada região

Pesquisa, feita pelo Inpa em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), analisou os casos de malária com

fatores ambientais como a temperatura, chuva, nível d'água dos rios e repiquete em 4 cidades do Amazonas.

|Daniel JordanoDa Equipe do Divulga Ciência

As ações públicas contra o mosquito

da malária (Anopheles darlingi)

ganham mais um dado importante.

Uma pesquisa feita em parceira com o

Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa/MCT) e a Universida-

de do Estado do Amazonas (UEA) fez

análises estatísticas de dados

que levam em conta fatores ambi-

entais de cada município estuda-

do.

Os municípios de Coari, Coda-

jás, Manacapuru e Manaus fize-

ram parte da dissertação de

Mestrado de Bruna Raquel Wol-

farth que teve como título “Análi-

se Epidemiológica Espacial,

Temporal e suas Relações com

as Variáveis Ambientais sobre a

Incidência da Malária no Período de

2003 a 2009 em 4 Municípios do Esta-

do do Amazonas, Brasil".

A pesquisa leva em consideração

itens como temperatura, chuva, nível

d'água dos rios e repiquete. De acordo

com Wolfarth, o estudo teve o intuito de

identificar relações significativas de

aumento ou diminuição dos casos de

malária em uma série de dados de 7

anos (2003 a 2009). “A finalidade de

relacionar os casos de malária com os

níveis de água dos rios, por exemplo, é

amazônica caracterizado pela descida

repentina do nível do rio em época de

cheia, ou a subida repentina do nível da

água em época de vazante. O tempo

de duração total do repiquete pode

variar de 9 a 56 dias.

No inverno, o repiquete pode causar

o aumento dos casos de Malária, pois-

quando o nível d'água baixa forma lago-

as provisórias e forma o ambiente per-

feito para a proliferação de mosqui-

tos. “Os picos dos casos de malária

ocorrem geralmente entre julho a

setembro, e quando ocorre o repi-

quete (mais freqüente em março na

região do estudo), há um pico anor-

mal de casos que ocorre em março

ou abri l” , declara Wolfarth.

Os municípios que apresentaram

o maior risco de aquisição da malá-

ria foram Manacapuru e Coari, res-

pectivamente. Os estudos podem auxi-

liar as autoridades no combate a doen-

ça à direcionar as ações de controle

ajustadas às características peculiares

de transmissão.

A pesquisa foi orientada pelo Dr.

Naziano Pantoja Filizola Júnior, da

Universidade Federal do Amazonas

(Ufam), professor colaborador no Pro-

grama de Clima e Ambiente do

Inpa/UEA

‘‘ ‘‘Quando ocorre o repiquete, há um pico anormal de casos que ocorre em março ou

abril

Foto: Acervo Pesquisador

Estudo objetiva identificar relações

de aumento ou diminuição dos casos

de malária

Page 4: Divulga Ciência - Abril-Maio/2011

Página 04 - Abril/Março 2011

Tipos de solo influenciam diferenças genéticas em mandioca

No mês de abril, o III Workshop

Internacional História e Sociologia da

Química na América Latina: “autonomia

científica e saberes tradicionais na

Amazônia”, ofereceu um circuito de

mesas-redondas realizadas na Casa da

Ciência, localizada no Bosque da Ciência,

em busca de discutir o uso amplo da

química dos produtos naturais, a

fitoquímica, as cadeias produtivas e de

relacionar os saberes tradicionais (chás,

xaropes, entre outros) e científicos.

Segundo organizadores do evento,

pesquisadores do Inpa, Reinaldo Corrêa

Costa e Cecilia Veronica Nunez, está

sendo elaborado um documento com os

resultados alcançados pelo workshop,

que será encaminhado ao Conselho de

Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) e

a Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Eles afirmam que a elaboração deste

documento servirá “para que a legislação

acompanhe a realidade da sociedade e

das pesqu isas e incent ive seu

desenvolvimento, para não torná-las

restritivas, o que favorece o atraso das

ciências e a dependência externa do

Brasil”, explicam os pesquisadores.

O pesquisador ressaltou ainda que da

forma atual tornamos o país dependente

do desenvolvimento de outros países.

“Assim impossibilita conhecermos nossa

própria natureza, biodiversidade e suas

potencialidades”, comentou Costa.

O workshop possibilitou também, o

lançamento do livro “Raimundo Lopes:

dois estudos resgatados”, organizado por

Alfredo Wagner Berno de Almeida, do

Projeto Nova Cartografia Social da

Amazônia (PNCSA –PPGSCA/UFAM) e

Heloisa Maria Bertol Domingues, do

Museu de Astronomia e Ciências Afins

(MAST).

Os efeitos da Química

Workshop procurou expor conheci-mentos químicos, discutir com os conhecimentos tradicionais amazôni-cos e sua autonomia científica

|Aline CardosoDa equipe do Divulga Ciência

|Clarissa BacellarDa equipe do Divulga Ciência

Foi constatado que o tipo de solo

em que a mandioca (Manihot escu-

lenta CRANTZ) é cultivada influen-

cia a variação genética encontrada

entre as variedades da planta. A

comprovação desse fato é resultado

da pesquisa, realizada ao longo de

dois anos, pelo pesquisador Ales-

sandro Alves Pereira, mestrando do

Curso de Genética e Conservação e

Biologia Evolutiva (PPG-GCBEv) do

Instituto Nacional de Pesquisas da

Amazônia (Inpa/MCT).

O estudo denominado “Dinâmica

evolutiva de mandioca (Manihot

esculenta CRANTZ) em três tipos

de solos manejados por caboclos na

região do médio Rio Madeira, Ama-

zonas” foi desenvolvido sob orienta-

ção do pesquisador, Charles Cle-

ment, da Coordenação de Pesqui-

sas em Ciências Agronômicas

(CPCA), em comunidades rurais de

Manicoré, no interior do Amazonas

De acordo com o pesquisador Ales-

sandro Pereira, os diferentes tipos de

solos amazônicos, onde a mandioca é

cultivada, constituem um fator impor-

tante na diferenciação genética entre

as variedades da espécie. Esses

resultados foram alcançados a partir

da análise, em laboratório, da varia-

ção em porções do DNA (denomina-

das microssatélites) das plantas cole-

tadas em diferentes roçados (áreas

de cultivo) e diferentes tipos de solo

nessas comunidades rurais.

“A mandioca é um cultivo amazônico

com uma grande quantidade de estu-

dos genéticos, entretanto o aspecto

do manejo em diferentes solos ainda

não havia sido considerado”, disse

Pereira.

As variedades de mandioca cultiva-

das na várzea são geneticamente

diferenciadas das variedades que são

cultivadas em solos de terra firme,

sejam elas manejadas em Latossolos

(solos inférteis) ou solos antropogêni-

cos (terras pretas ou mulatas, com

alta fertilidade).

“Além da diferenciação entre tipos

de solo, foi encontrada uma grande

variabilidade genética nas variedades

cultivadas na região. Na prática, estes

resultados são importantes porque

quanto mais variação genética existir

em uma espécie, maior será a proba-

bilidade de que ela possa resistir às

mudanças ambientais’’.

‘‘Com isso nós esperamos que este

estudo sirva também para a valoriza-

ção das práticas tradicionais de culti-

vo dos agricultores da região, uma

vez que eles manejam uma grande

diversidade genética e são colabora-

dores para a conservação dos recur-

sos genéticos da mandioca”, conclui o

pesquisador.

Estudo foi realizado com base na variação do DNA a partir das folhas

|Aline CardosoDa equipe do Divulga Ciência

Foto: André Monteiro

Pesquisa - Divulga Ciência

Diferentes tipos de solo, constituem

fator importante na diferenciação

genética da espécie.

Page 5: Divulga Ciência - Abril-Maio/2011

Abril/Maio- Página 05Meio-Ambiente - Divulga Ciência

Estudos realizados por meio da cooperação bilateral entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e o Instituto Max Planck de Química da Alemanha, coordena-do no Inpa pela pesquisadora Maria Teresa Piedade, resultaram na implementação de uma Instru-ção Normativa (IN) pela Secre-taria de Estado do Meio Ambi-ente e Desenvolvimento Sus-tentável (SDS).

A IN nº 009 estabelecida pela SDS em 12 de novembro de 2010 define novas formas de manejo em florestas de várzea (alagáveis por água branca, rica em nutrientes). A explora-ção de madeiras na várzea, geralmente é realizada em manejos de pequena escala ou mane-jos comunitários, onde é adotado um único ciclo de corte de 25 anos e um diâmetro mínimo de corte de 50 cm para várias espécies madeireiras, independente de suas taxas de incre-mento em diâmetro e volume, estru-tura populacional e a regeneração das espécies utilizadas neste tipo de manejo.

Para o pesquisador do Instituto Max Planck, Jochen Schöngart os estudos explicitam a colaboração das pesquisas que podem auxiliar as políticas públicas em benefício da sociedade. “O estudo é um belo exem-plo da transformação de pesquisas básicas para pesquisas aplicadas

que foram visualizadas pelas políticas públicas para transformar os resulta-dos obtidos em legislação, desta mane-ira trazendo benefícios diretos e indire-tos para a sociedade brasileira”, disse. Para Piedade, a iniciativa que une políticas públicas, aliadas à pesquisa científica é de grande relevância. “Essa

importante iniciativa de moderni-dade em gestão pública deve ser louvada. Somente parcerias inte-ligentes, aglutinadas ao redor dos inte-resses da região, sua preservação e manutenção de seus ambientes únicos poderão assegurar a integridade e múltiplas funções de um de seus mais importantes patrimônios: suas áreas úmidas”, enfatizou.

Jochen explicou que juntamente com os pesquisadores Maria Teresa Piedade e Florian Wittmann partiram de pesquisas básicas para pesquisas aplicadas, modelando o crescimento da madeira de diferentes espécies arbóreas comerciais para definir espe-cificamente ciclos de corte e diâmetros

mínimos de corte, baseado em análi-ses dos anéis de crescimento (dendro-cronologia). “Mostramos por meio destas análises que tais critérios de manejo variam entre 3 e 32 anos para o ciclo de corte. Já os diâmetros mínimos de corte podem variar entre 47 e 125 cm, e que

existe a necessidade de diferenciar os manejos florestais considerando aspectos da estrutura populacional e regeneração da espécie”, explica.

O pesquisador ressaltou que o estudo na formulação do conceito GOL (Growth-Oriented Logging) publicado na revista Forest Ecology and Management, que prevê para os manejos florestais, critérios de mane-jo diferenciado entre espécies da várzea. Pesquisadores estão expan-dindo o conceito GOL para outras tipologias alagáveis capacitando jovens pesquisadores pelos Progra-

mas de Pós-Graduação do Inpa em Ecologia, Botânica, e Clima & Ambien-te no âmbito do Projeto Núcleo de Exce-lência (Pronex) coordenado pela pes-quisadora Maria Teresa Piedade.

O programa apoia grupos de alta competência que tenham liderança e papel nucleador no setor de ciência e tecnologia do Amazonas. O Pronex “Tipologias Alagáveis” conta com o apoio financeiro da Fundação de Ampa-ro à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-gico (CNPq).

| Eduardo GomesDa equipe do Divulga Ciência

Inovações no manejo florestal para área de várzea no EstadoPor meio de análises no crescimento de espécies arbóreas da várzea, estudo prevê mudanças no ciclo de corte

Foto: Jochen Schöngart / Acervo Pesquisador

‘‘‘‘Existe a necessidade de diferenciar os manejos florestais considerando aspectos da estrutura

populacional e regeneração da espécie

A Instrução Normatia nº 009 define novas formas de manejo em florestas de várzea

Page 6: Divulga Ciência - Abril-Maio/2011

Página 06 - Abril/Maio 2011 Pesquisa - Divulga Ciência

Mandíbula de formiga inspira criação de grampo sutura

Por meio da observação dos sistemas da natureza, conhecido como técnica biônica, a pesquisa desenvolveu um grampo para utilização nos pontos cirúrgicos

Difícil encontrar alguém que não

tenha uma cicatriz de pontos causada

por alguma cirurgia. Os pontos,

também chamados de sutura,

aproximam a pele facilitando a

cicatrização. Dentre os tipos de

sutura estão: sutura por fio

absorvível (como categute, vicryl

e dexon) e fio não absorvível

(como nylon, seda e algodão),

sutura por adesivo e sutura por

grampo metálico.

Utilizando como base os

sistemas vivos da natureza para

empregar em processos ,

técnicas ou princípios que

possam ajudar na criação de

projetos (técnica biônica), a

designer industr ia l Thays

Obando Brito da Universidade Federal

do Amazonas (Ufam) desenvolveu em

parceria com o Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) o

grampo de sutura baseado no formato

da mandíbula da formiga saúva

soldado do gêneroAtta, conhecida

como formiga cortadeira. O grampo de

sutura está entre os patenteados pelo

Inpa em 2010.

Os materiais utilizados a liga de aço

cromo e o silicone, já existem no

mercado e são de baixo custo, além do

mais, os grampos são também

coloridos, criados principalmente para

o público infanti l . “Eu me

preocupei com essa questão

psicológica para ter um diferencial

no mercado”, destaca Brito.

Ela conta que a ideia do projeto

surgiu inspirada na cena do filme

Apocalíptico, do diretor Mel Gibson,

que retrata a cultura e história das

civilizações pré-colombianas da

América Central. Em uma das cenas, a

mãe aplica a mandíbula da formiga

para su turar o fe r imento da

criança.“Observando a aplicação da

formiga na sutura que os índios ultili-

| Josiane SantosDa equipe do Divulga Ciência

zavam, comecei a imaginar e

consequentemente a criar. Foi quando

descobri nos livros de medicina sobre

sutura, que realmente eles utilizavam a

mandíbula da formiga para suturar as

feridas”, disse.

A manipulação do objeto acontece

por meio do porta agulha, instrumento

comum no centro cirúrgico, a fim

de introduzir o grampo na pele

aproximando as bordas da ferida.

“Também tive a preocupação com

a questão econômica, por isso

e s s e g r a m p o t e m o u t r o

diferencial, ou seja, o mesmo não

necessita de um instrumento

próprio, bem diferente do grampo

metálico já existente em que

necessita de grampeador próprio

para sua fixação na pele”, enfatiza

Brito. O grampo também tem um

dispositivo externo que serve como

tampa de proteção.

A pesquisa teve a orientação do

pesquisador da Coordenação de

Pesquisas em Entomologia (CPEN)

Jorge Luiz Pereira de Souza e da

professora da Ufam Magnól ia

Granjeiro Quirino.

Foto: Reprodução

‘‘ ‘‘Observando a aplicação da formiga na sutura

que os índios utilizavam,comecei a imaginar

e consequentemente a criar

Pesquisa inspirada na cena do

filme Apocalíptico, do diretor Mel

Gibson (Reprodução acima.

Page 7: Divulga Ciência - Abril-Maio/2011

‘‘ ‘‘

A pesquisa tenta prever eventos extremos como chuvas mais intensas ou períodos de secas mais

severas

Abril/Maio 2011 - Página 07Ciência e Tecnologia - Divulga Ciência

Pesquisa em mudanças climáticas poderá auxiliar na previsão fenômenos naturais extremos

A precipitação (chuva) é um dos fenômenos climáticos mais importantes, sobretudo na região amazônica e, a alteração nos

padrões da precipitação causará grande impacto nas mudanças climáticas e na sociedade

As questões relacionadas à ocorrên-

cia de eventos climáticos extremos

relacionados à precipitação, tanto a

curto quanto a longo prazo, tem sido

discutidas com bastante frequência

nos últimos anos, principalmente

devido ao modo como esses

eventos vêm ocorrendo, causando

danos de ordem econômica e

social.

A proposta de pesquisa denomi-

nada: “Downscaling dinâmico de

cenários cl imáticos para a

Amazônia utilizando o modelo

WRF” é da pesquisadora Jeanne

Sousa, aluna do Programa de Pós-

Graduação em Clima e Ambiente

(CLIAMB), do Instituto Nacional de

Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e

da Universidade do Estado do

Amazonas (UEA) e com incentivos da

Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado do Amazonas (Fapeam). Os

resultados servirão de base para

gerenciar recursos e avaliar impactos.

Para regionalizar e prever com mais

mais precisão a ocorrência desses

eventos na nossa região, a técnica

de downscaling (redução da escala

para análise de dados) é uma forma de

levar em consideração a própria incer-

teza presente nos cenários de clima

futuros, que na região Amazônica, são

regidos de acordo com fenômenos

meteorológicos em diversas esca-

las de tempo e espaço.

“A pesquisa se propõe a fazer uma

análise dos dados obtidos com base

em observação de anos anteriores e

partir disso, tentar prever com mais

precisão eventos extremos como chu-

vas mais intensas ou períodos de

secas mais severas”, explica a pesqui-

sadora Jeanne Sousa. A pesquisadora

tem como orientadores os pesquisado-

res Luiz Candido e Julio Tota, do Pro-

grama da Grande Escala da Biosfera-

Atmosfera na Amazônia(LBA), e

desenvolve sua pesquisa nas depen-

dências do Inpa.

Uma das mais importantes questões

relacionadas a fenômenos climáticos

extremos – chuvas ou períodos de

seca intensos – é a capacidade de

prever quando, como e, em que pro-

porções eles acontecerão.

As previsões climáticas para o

fim do século, de acordo com o

Painel Intergovernamental

sobre Mudanças Climáticas

(IPCC), indicam que se as atuais

emissões de gases de efeito

estufa (GEE) foram mantidas,

ocorrerá um aumento de tempe-

ratura global de 1,4 a 5,0°C (gra-

us Celsius).

Nessa perspectiva que a proposta

de pesquisa se estabelece visando

avaliar uma estratégia de modelagem

regional para a Amazônia, consideran-

do uma diversidade de escalas, os

cenários climáticos existentes atual-

mente. “Com o aumento da resolução

horizontal nos modelos climáticos,

espera-se obter simulações mais rea-

listas”, diz Sousa.

| Aline CardosoDa Equipe do Divulga Ciência

Foto: Ilustração

Estudo objetiva identificar relações

de aumento ou diminuição dos casos

de malária

Page 8: Divulga Ciência - Abril-Maio/2011

Página 08 - Abril/Maio 2011

A influência do Isopreno sobre o clima

Medido diretamente na folha, somente três trabalhos foram realizados: em Rondônia, por um grupo de pesquisa da Alemanha; outro em seis locais da Amazônia, por um grupo de pesquisa dos Estados Unidos; e este agora

traram que em temperaturas entre, apro-

ximadamente, 25°C e 45°C a emissão de

isopreno foi crescente, indicando que a

planta poderia emitir ainda mais do que

foi apresentado na temperatura máxima

em que foi possível expor a folha”, expli-

ca Eliane.

O aumento das emissões de isopreno

em função de mudanças de temperatu-

ra, poderá ocasionar padrões

diferenciados nas reações

químicas na atmosfera, pois o

isopreno reage com outro com-

posto chamado radical hidroxi-

la, o qual também reage com o

gás de efeito estufa metano.

No entanto, o radical hidroxila

reage de forma mais eficiente

com o isopreno, o que pode

aumentar o tempo de vida do

metano na atmosfera, intensificando o

efeito estufa.

Apesar dos resultados, Eliane lembra

que muitas pesquisas ainda devem ser

feitas, pois com os instrumentos por ela

utilizados não se pôde provocar

temperaturas maiores que 45°C na folha

e também outras espécies de plantas

devem ser consideradas.

da folhas e também de diferentes níve-

is de luz e temperatura.

Segundo Eliane, aqui na Amazônia

alguns trabalhos já foram feitos para se

saber a concentração de alguns gases

como o isopreno na atmosfera, mas

medido diretamente na folha somente

três trabalhos foram realiza-

dos: um em Rondônia, por um

grupo de pesquisa da Alemanha; outro

em seis locais da Amazônia, por um

grupo de pesquisa dos Estados Uni-

dos; e agora este realizado aqui.

Pesquisas têm apontado que o iso-

preno pode ser emitido em maior quan-

tidade em temperaturas mais eleva-

das. “No meu trabalho, eu condicionei

a planta a diferentes níveis de tempera-

tura tentando identificar e quantificar

sua emissão, os resultados demons-

Educação e Sociedade - Divulga Ciência

Pesquisa aponta que o isopreno pode ser

emitido em maior quantidade em tempera-

turas mais elevadas.

|Jessica VasconcelosDa Equipe do Divulga Ciência

Foto: Acervo Pesquisador

‘‘ ‘‘No meu trabalho, eu condicionei a planta a diferentes níveis de

temperatura tentando identificar e quantificar

sua emissão

O Isopreno é um composto químico emitido naturalmente por muitas plan-tas. Em sua composição, contém car-bono e hidrogênio, portanto este com-posto tem importância para estudos sobre o balanço de carbono e também sobre a química atmosférica, pois em decorrência de sua emissão muitas reações químicas acontecem o que tem influência direta e indireta sobre o clima.

A pesquisa realizada no Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazônia

(Inpa/MCT) pela aluna do Programa

de Pós-Graduação em Clima e Ambi-

ente (Cliamb) Eliane Gomes Alves,

orientada pelo pesquisador José

Francisco Carvalho Gonçalves do

Programa de Grande Escala da Bios-

fera-Atmosfera na Amazônia (LBA),

teve como objetivo saber como

alguns fatores ambientais como inci-

dência de radiação solar e temperatura

podem influenciar na emissão de iso-

preno pela planta, para isso foram sele-

cionados três tipos de folhas da espé-

cie Matamatá verdadeira (Eschweilera

coriacea), em estados de amadureci-

mento diferentes para verificar se exis-

tia a variação de emissão desse com-

posto em função de diferentes idades