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Sociedade:. Ecumênica:. do Triângulo: e da Rosa:. Dourada:. Fraternidade:. Espiritualista:. do Cruzeiro:. do Sul:. Templo Xangô Quatro Luas Umbanda I Do Perispírito e Suas Modelações - I Perispírito (do grego, peri, em torno, e do latim, spiritus, espírito) é o envoltório sutil e perene do Espírito, que possibilita, dentre outras funções, a interação entre os meios espiritual e físico 1 . A palavra, não o Princípio, foi empregada pela primeira vez por Allan Kardec, embora seja certo que o mesmo já fosse reconhecido sob a denominação de “Corpo Espiritual” pelas antigas Escolas de Mistérios, Sahú e Bai entre os Sacerdotes egípcios, Rouach entre os Cabalístas, Ferouer entre os gregos e Linga-Deha entre os Mestres Hindus 2 . Mais tarde, os Espíritos 1 De fato, entre os gregos, Peris era a designação de uma categoria de Seres Espirituais, associados aos reinos da Natureza que possuíam contornos vagos, vaporosos e fluídicos, os quais podiam se tornar visíveis sob os raios da Lua e que se alimentavam da energia presente no néctar das flores. 2 O autor do livro “Perispírito” menciona que esse Corpo espiritual era reconhecido como Kha entre os egípcios, Kâma-rupa entre os budistas e Eidolon entre os gregos. O Kha, na realidade constitui a Alma que se unia ao Ba, a consciência superior; O Kâma-rupa, bastante conhecido das escolas de Iniciação, não é necessariamente o Perispírito, mas sim, o Corpo Mental Inferior, cujos princípios sobrevivem à morte do Corpo denso e que se encontram fusos no Perispírito como um seu Princípio constituidor. Já o Eidolon, por sua vez, é reconhecido como o Duplo Etérico, o Corpo Vital e prototípico e não como o Perispirito. 1

Do Perispírito e Suas Modulações

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Page 1: Do Perispírito e Suas Modulações

Sociedade:. Ecumênica:. do Triângulo: e da Rosa:. Dourada:.

Fraternidade:. Espiritualista:. do Cruzeiro:. do Sul:.

Templo Xangô Quatro Luas

Umbanda I

Do Perispírito e Suas Modelações - I

Perispírito (do grego, peri, em torno, e do latim, spiritus, espírito) é o envoltório

sutil e perene do Espírito, que possibilita, dentre outras funções, a interação entre

os meios espiritual e físico1. A palavra, não o Princípio, foi empregada pela

primeira vez por Allan Kardec, embora seja certo que o mesmo já fosse

reconhecido sob a denominação de “Corpo Espiritual” pelas antigas Escolas de

Mistérios, Sahú e Bai entre os Sacerdotes egípcios, Rouach entre os Cabalístas,

Ferouer entre os gregos e Linga-Deha entre os Mestres Hindus2. Mais tarde, os

Espíritos Instrutores, endossando a designação, passaram a empregá-la

regularmente e assim permanece em meio as doutrinas espiritualistas3.

1 De fato, entre os gregos, Peris era a designação de uma categoria de Seres Espirituais, associados aos reinos da Natureza que possuíam contornos vagos, vaporosos e fluídicos, os quais podiam se tornar visíveis sob os raios da Lua e que se alimentavam da energia presente no néctar das flores.

2 O autor do livro “Perispírito” menciona que esse Corpo espiritual era reconhecido como Kha entre os egípcios, Kâma-rupa entre os budistas e Eidolon entre os gregos. O Kha, na realidade constitui a Alma que se unia ao Ba, a consciência superior; O Kâma-rupa, bastante conhecido das escolas de Iniciação, não é necessariamente o Perispírito, mas sim, o Corpo Mental Inferior, cujos princípios sobrevivem à morte do Corpo denso e que se encontram fusos no Perispírito como um seu Princípio constituidor. Já o Eidolon, por sua vez, é reconhecido como o Duplo Etérico, o Corpo Vital e prototípico e não como o Perispirito.

3 Os Mestres Espirituais afirmam que os termos Psicossoma (do grego, psico, alma, envoltório, e do sânscr., soma, corpo) e Perispírito, utilizados para designar esse Corpo Sutil, correspondem às suas denominações nos Planos Astrais.

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“Para os antigos hindus, Ahânkara (a Consciência), Manas (a Mente

espiritual) e os dez Indriyas (os sentidos espirituais, dos quais aqueles

físicos são apenas manifestações grosseiras), ao serem agrupados e

unidos por meio dos cinco Elementos ou Correntes Ressonantes

Universais, também denominados Tanmâtras, compunham em sua

totalidade o Perispírito. Sobrevivendo ao Corpo Físico após a morte, o

Perispírito torna-se, em realidade, o veículo físico por excelência do

Espírito nas Esferas Sutis e acompanhará o Espírito em todas as suas

transmigrações sucessivas, existência após existência, até que esse

tenha se livrado inteiramente da cadeia de reencarnações. Ao alcançar

os níveis mais elevados de evolução, o Perispírito lentamente se funde

ao Espírito, absolutamente livre de qualquer traço de inferioridade, já

que é ele que constitui a “individualidade espiritual” de toda criatura,

sendo por meio desse Corpo Sutil que o próprio Espírito entra em

contato com os Planos Exteriores ou mais densos”.

Alma e Perispírito constituem um todo indissolúvel, constituindo aquilo que

denominamos “Espírito”. Seria mais exato reservar a palavra Alma para designar o

princípio inteligente e pensante e o termo Espírito para o ser semimaterial, formado

desse Princípio e do corpo fluídico; mas, como não se pode conceber o Princípio

Inteligente isolado da matéria, nem o Perispírito sem ser animado pelo Princípio

Inteligente, as palavras Alma e Espírito são, no uso, indiferentemente empregadas uma

pela outra. filosoficamente, porém, é essencial fazer-se a diferença.

As palavras Alma e Espírito, posto que sinônimos e empregados indiferentemente,

não exprimem exatamente a mesma ideia. A Alma é, a bem dizer, o Princípio Inteligente,

imperceptível e indefinido como o pensamento. No estado dos nossos conhecimentos,

não podemos concebê-la isolada da matéria de maneira absoluta. Posto que formado de

matéria sutil, o Perispírito dela faz um ser limitado, definido e circunscrito à sua indivi-

dualidade espiritual, de onde se pode formular esta proposição: A união da Alma, do

Perispírito e do Corpo Material constitui o Homem; A Alma e o Perispírito separados

do corpo físico constituem o ser denominado Espiritual.

Nas manifestações não é, pois, a Alma que se apresenta só; está sempre revestida de

seu envoltório fluídico; esse envoltório é o necessário intermediário, através do qual ela

age sobre a matéria compacta. Nas aparições não é a Alma que se vê, mas o Perispírito,

embora esse deva ser compreendido segundo a fluidez abarcada pelo estado evolutivo

do Espírito. Do mesmo modo que quando se vê um homem, vê-se o seu corpo, mas não o

pensamento, a força, o princípio que o faz agir. Em outros termos: O Perispírito é o

centro da vida do organismo físico, assim como a Alma é o centro da vida do Perispírito.

Assim sendo, todas as reações decorrentes de qualquer movimentação de natureza

energética que consideramos magísticas, ou seja, manipuladas por meio de um processo

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em particular, são projetadas diretamente sobre o Corpo Etérico e o Perispírito,

alcançando mesmo a corporificação astral das formas segundo os intentos do operador,

seja em seu aspecto positivo ou naquele negativo. Em outros termos: para que toda ação

magística e energética logre seu intento, deve atingir e se fixar primeiramente sobre

esses dois Corpos Espirituais, desde seu estágio inicial, podendo desenvolver-se

gradualmente, sempre na dependência das energias que são alimentadas

periodicamente.

O homem, enquanto criatura é um ser complexo. Nele se combinam quatro

elementos para formar uma unidade viva, a saber: O Corpo denso, envoltório material

temporário, que abandonamos na morte, como vestuário usado; o Corpo Etérico,

envoltório do Perispírito; réplica perfeita daquele físico. O Perispírito, invólucro fluídico

permanente, invisível aos nossos sentidos naturais, que acompanha a Alma em sua

evolução infinita, e com ela se melhora e purifica; A alma, Princípio inteligente, centro

da força, foco da consciência e da personalidade.

“A alma, desprovida de seu envoltório material e revestida de seu invólucro

sutil, constitui o Espírito, ser fluídico, de forma humana, liberto das

necessidades terrestres, invisível e impalpável em seu estado normal. Como

uma interação entre o Corpo Mental e o Perispírito, a Alma armazena e

registra em si mesma todas as experiências vividas pelo ser ao longo de sua

cadeia de reencarnações, elevando-se em concordância com os estágios

evolutivos que transpõe, permitindo dessa forma o aperfeiçoamento do

próprio Espírito, o qual, juntamente com o Perispírito, constituirão os

veículos de expressão da nova existência que se descortina nas Esferas

Astrais”.

Segundo nos fala André Luiz no livro Evolução em Dois Mundos: “O

Perispírito apresenta-se como uma formação sutil, urdida em recursos

dinâmicos, extremamente porosa e plástica, em cuja tessitura as células, noutra

faixa vibratória, diante do sistema de permuta visceralmente renovado,

distribuem-se mais ou menos à feição das partículas colóides, com a respectiva

carga elétrica, comportando-se no espaço segundo a sua condição específica, e

apresentando estados morfológicos conforme o campo mental a que se ajusta”.

É lícito conceber-se que o Perispírito (ao menos para os Espíritos ligados à crosta

terrestre) possa ser o resultado da aglutinação da energia cósmica matriz, o “Fluído

Universal”, adequada à natureza de nosso planeta, sobre um campo originado e

vibrante da própria extensão energética da Alma, ou seja, o Fluído espiritual, o

Akasha, comportando-se, depois dessa agregação, como uma estrutura de

categoria eletromagnética (de ordem física) e formando o envoltório conhecido

como o "Corpo da Alma", necessário, insubstituível e perene, já de textura

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definida como material, embora tão sutil que os Espíritos usaram o termo

semimaterial para qualificá-la.

Tem-se então que o Perispírito, designado pelos Espíritos como constituído de

matéria sutil, assim se apresenta porque necessariamente vibra numa freqüência

mais elevada que a do Corpo Denso, apresentando, não obstante, células, tecidos

e órgãos (a servirem, no processo de reencarnação, como matrizes dos

correspondentes biológicos a serem desenvolvidos pela nova estrutura material e

em outra dimensão vibratória). Na verdade, cada tipo de célula do corpo físico é

a imagem da respectiva célula do Corpo Espiritual, donde a afirmação de que a

existência se origina primeiramente nas Esferas mais sutis, alcançando por

atração e evolução àquela Física.4

A constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos

encarnados ou desencarnados que povoam o Orbe ou as dimensões sutis e

inferiores. Sua natureza varia, não só de acordo com a evolução moral da Alma,

como também com as condições da região ou Esfera em que estagia. Assim, pode

ser mais ou menos etéreo, segundo determinadas Esferas e o grau de depuração

do Espírito.

Nos mundos e nos Espíritos inferiores, ele é de natureza mais grosseira e se

aproxima muito da matéria bruta. Ao revés, nos mundos superiores esse

envoltório se torna tão etéreo que é como se não existisse, tal é o estado dos

Espíritos puros. Quanto aos Espíritos que estagiam no Plano da Matéria, o Corpo

perispiritual apresenta-se formado por substâncias que transcendem a série de

elementos conhecidos até o instante pela ciência terrena.

Esse mostra-se como uma aparelhagem de matéria rarefeita que se alterna

com o padrão vibratório do inteiro campo. Por essa razão, nas Almas superiores,

essa substância que as envolve pode apresentar admiráveis características de

tenuidade e luminosidade, enquanto que nas mentes primitivas, o Perispírito se

caracteriza pela feição pastosa, verdadeira continuação do Corpo Físico, ainda

animalizado ou mesmo enfermiço.

Nesse processo, é preciso considerar antes de tudo, que o Perispírito não

constitui o reflexo do Corpo Físico, porque, na realidade, é esse que o reflete desde as

paragens astrais, tanto quanto o Corpo Espiritual, retrata em si o Corpo Mental que lhe

preside a formação.

Do ponto de vista da constituição e função em que se caracteriza na esfera imediata

ao trabalho do homem, após a morte, é o Perispírito o veículo físico por excelência, com

sua estrutura eletromagnética, algo modificado no que tange aos fenômenos genésicos e

4 A esse respeito, é interessante observar que os Espíritos alegam sentir o pulsar de seus

corações quando em estados emocionais muito elevados, da mesma forma que no decurso das

desobsessões, observamos os Espíritos desencarnados lamentar-se de dores em determinada

região, da dificuldade de respiração, da “queimação” nos pulmões e assim por diante.4

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nutritivos, de acordo, porém, com as aquisições da mente que o maneja e todas as

alterações que se seguirão ou que apresenta em sua constituição após o desencarne,

refletem apenas a conduta espiritual do ser.

Em suma, o Psicossoma é ainda o Corpo de duração variável, segundo o equilíbrio

emotivo e o avanço daqueles que o governam, além do carro fisiológico, apresentando

algumas transformações fundamentais depois da morte carnal, principalmente no

centro gástrico, pela diferenciação dos alimentos de que se provê e no centro genésico,

quando há sublimação do amor, na comunhão das almas que se reúnem no matrimônio

divino das próprias forças, gerando novas fórmulas de aperfeiçoamento e progresso

para o reino do Espírito.

Esse Corpo que evolve e se aprimora nas experiências de ação e reação, no plano

terrestre e nas regiões Espirituais que lhe são fronteiriços, é suscetível de sofrer

alterações múltiplas, com alicerces provenientes da nossa queda mental no remorso, ou

no que fora imposto ao longo dos anos pelos delírios da imaginação, a se

responsabilizarem por disfunções inúmeras da Alma, nascidas do estado de hipo e

hipertensão no movimento circulatório das forças que lhe mantêm o organismo sutil,

podendo também desgastar-se na esfera imediata à esfera física, para nela se refazer

através do renascimento e segundo o molde mental preexistente, ou ainda restringir-se

a fim de se reconstituir de novo, no vaso uterino, para a recapitulação dos ensinamentos

e experiências de que se mostre necessitado, de acordo com as falhas da consciência

perante a Lei.

Propriedades do Perispírito

No campo da investigação espiritual, existem certas qualidade inerentes ao

Perispírito, as quais podem ser consideradas como vitais para a compreensão de seu

próprio funcionamento e estrutura, sendo reconhecidas como propriedades desse Corpo

Espiritual:

Sua Porosidade, a qual caracteriza a estrutura de sua malha constituidora.

Sua Plasticidade ou capacidade de ser modelado e alterado em sua estrutura

segundo a energia dinâmica do pensamento e dos estados mentais inferiores ou

superiores.

Sua Densidade, que por sua vez determina a natureza vibratória a depender das

Esferas em que se encontra sediado o Espírito e sua natureza inferior ou superior.

Sua Ponderabilidade, que determina a constituição de sua matéria sutil nos

diferentes níveis em que se manifesta, permitindo se verificar a presença de peso no

Perispírito.

Sua Luminosidade ou propagação radiante, resultante de sua composição sutil e dos

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estados de elevação ou inferiorização de cada ser ou Plano.

Sua capacidade de Penetrabilidade ou de conseguir se locomover por entre Planos e

dimensões, independente dos limites impostos pela matéria física ou Astral.

Sua Visibilidade à visão física ou espiritual.

Sua Corporeidade ou particularidades de sua composição em relação aos estágios

evolutivos e dimensões em que se projeta.

Sua Tangibilidade ou capacidade de se fazer perceptível quando exposto aos

elementos espirituais nas diversas dimensões ou mediante os processos de natureza

mediativa.

Seus aspectos de Sensibilidade corporal e magnética,

Sua capacidade de Expansibilidade determinada por sua extrema plasticidade.

Sua Bicorporeidade, ou a faculdade possibilitada ao Perispírito de se projetar ou se

desdobrar.

Sua Unicidade ou a individualidade inerente a cada Perispírito.

Sua Perenidade, ou seja, sua indestrutibilidade e seu processo de absorção.

Sua Mutabilidade ou capacidade contínua de se modificar e se adaptar a novas

formas, processos e dimensões.

Sua Capacidade Refletora, ou seja, de registrar em si e de refletir continuamente os

estados de natureza mental em sua própria estrutura.

Sua Odoreidade ou capacidade de ser percebido por meio de odores particulares e

característicos.

Sua Temperatura.

Sua Coloração.

Porosidade do Perispírito

Característica fundamental do Perispírito é a sua “porosidade”. Em sentido

espiritual, porosidade é a característica inerente aos Corpos Espirituais de

armazenarem fluidos em seus espaços interiores, os quais denominamos poros ou

“espaços intermoleculares”, os quais compõem a sua malha.

“Sendo a matéria atral muito sutil, mesmo a despeito da materialidade de

alguns Corpos, como no caso daquele Etérico, existem espaços (poros)

entre as partículas que formam qualquer tipo de matéria, podendo esses

espaços serem maiores ou menores, tornando a matéria astral mais ou

menos densa. Em sua delicada tessitura, as micro aberturas do Perispírito

permitem não só a sua “redução volumétrica”, fator que se apresenta vital

ao processo de reencarnação, como também a tomada de formas e aspectos

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diversos, transitórios ou não, sempre em correspondência com o estado

mental do indivíduo, fenômenos esses que se afinizam com outra

característica do Perispírito, a sua plasticidade, intimamente associada à

sua porosidade. Se o Corpo Etérico se apresenta constituído como uma

malha extremamente fina e estreita, o Perispírito em sua constituição se

projeta como uma malha muitas vezes mais apertada e de trama muito

mais complexa do que o primeiro, porém, absolutamente influenciável em

relação às energias provenientes do campo mental. É fato que o Perispírito

pode ser rasgado e mutilado não somente por processos de natureza

magística, como também pode ser lacerado devido á inúmeros e diferentes

fatores que vão desde o consumo excessivo de álcool e entorpecentes, às

sugestões inferiores repetidas e filtradas pela Aura, as quais se deterioram

e se instalam entre as aberturas de sua malha. O Perispírito é

absurdamente afetado pelas imagens formuladas no campo mental, a tal

ponto, que pensamentos obsessivos e repetitivos modificam sua aparência a

todo instante, dando-lhe forma símile ao projetado, porém desaparecendo a

forma no mesmo momento em que o pensamento se dissipa. Em situações

mais graves, o Perispírito colapsa e se deforma, podendo ser suprimido

inclusive pelos experientes cientistas do Astral Inferior que os utilizam em

laborioso processo de embrionagem. Em casos mais extremos, o Perispírito

passa pelo processo de “ovoidização”, embora o termo ainda seja de difícil

compreensão, sobretudo quando se pensa que nesse estado, o Espírito se

desprende de seu Perispírito definitivamente o que não é bem assim.

A respeito da ovoidização, o Caboclo Sete Flechas elucida:

“O processo de ovoidização do Perispírito em nenhum momento nos

deve causar estranheza, embora deixe à compreensão a clara idéia da

transformação desse Corpo Sutil em uma espécie de “ovo”, o que não é a

realidade. Ocorre que nesse processo, o Perispírito sofre uma dismorfia

aguda, restringindo-se ou miniaturizando-se à dimensões ínfimas,

adquirindo o formato aproximado de uma concha ovalada. Em realidade, o

processo de restringimento do Perispírito condiz perfeitamente com sua

própria capacidade ideoplástica, sendo essa uma de suas características

principais, tanto que, comprovado na elaboração de uma nova encarnação,

quando naturalmente e sem maiores danos se submete ao estágio de

minimalização ou adaptação. Se no caso das reencarnações, o Perispírito,

para que possa o ser retornar ao Plano da Matéria, pode sofrer esse

restringimento até alcançar as proporções do óvulo materno, ligando-se

então às células recém-formadas e assim, comandar a formação dos órgãos

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embrionários, por que não poderia então o Corpo perispiritual, diante de

estágios e retrocessos extremamente infelizes, assumir forma análoga na

intenção de reiniciar-se um novo processo de aprimoramento? O Perispírito

é o agente modelador do Corpo Físico durante a embriogênese e o processo

de ovoidização é semelhante à miniaturização perispiritual reencarnatória,

só que seu desencadeamento se dá de determinada forma nas esferas

Astral, sem que o Espírito esteja para reencarnar. Ele se processa quando o

Espírito se fecha sobre si mesmo, refugiando-se nas camadas do

subconsciente e do inconsciente para fugir da realidade do mundo

Espiritual. Assim, o Espírito simplesmente deixa de viver a realidade e isso

vai, aos poucos, obviamente, fazendo com que o Perispírito se contraia

sobre si mesmo. Algo parecido ocorre com a musculatura, quando não

exercitada e ela vai, aos poucos, se atrofiando e mesmo nos casos de

depressão grave, desespero e falta de vontade de viver e reagir, quando o

Perispírito inicia lento processo, símile a uma decomposição de suas

formas, estando, contudo, o ser aferrado aos liames da matéria. É certo que

existem nas Esferas Astrais laboratórios que funcionam a guisa de

incubadoras, e para onde, sempre dentro das possibilidades possíveis, são

direcionados tais seres que alcançaram esse processo de retração, não

sendo verídica a afirmação de que são deixados a ermo nas paragens

umbralinas, existindo laborioso corpo de geneticistas astrais especializados

nesses processos, de modo que os Espíritos que alcançaram tal estágio não

sejam aniquilados ante o peso de suas próprias desventuras”.

A ovoidização é uma das mais pungentes enfermidades que pode acometer o

Espírito e, conseqüentemente, o Perispírito após a morte. Consiste na perda da

consciência ativa, na paralisação e deformação pungente do campo mental, quando o eu

consciente desmorona-se completamente em decorrência de atrozes e insuportáveis

sofrimentos, voltando-se sobre si mesmo, anulando-se e perdendo todo o contato com a

realidade.

A atividade consciente da alma entra em letargia, refugiando-se nas camadas do

subconsciente e o pensamento contínuo se fragmenta, perdendo seu fio de condução. A

estrutura perispiritual se desfigura completamente, desfazendo sua natural

conformação humana, adquirindo o formato aproximado de um ovo, cujas dimensões se

aproximam àquelas de um crânio.

A ovoidização é um processo que somente pode ser revertido em reencarnações

expiatórias, quando o Espírito pode, num novo ambiente, refazer o metabolismo do seu

consciente. Várias reencarnações, porém, se consomem em tentativas frustradas devido

às malformações congênitas ou teratológicas5 incompatíveis com a biologia humana.

5 Relativo ao desenvolvimento anormal e das malformações congênitas, ou das monstruosidades.8

Page 9: Do Perispírito e Suas Modulações

Muitos suicidas são candidatos naturais à ovoidização, mas isso foge á regra,

existindo também estágios intermediários de ovoidização, onde o estado final não chega

a ser alcançado, mas caracteriza-se por deformações muito graves que acometem o

Perispírito, sendo muito comum aos suicidas e outras categorias de Espíritos os

processos de zoomorfismo ou petrificação (Dirigente).

Seja como for, nos processos de ovoidização (que como dito podem se apresentar

em níveis e variações diferentes, não podendo ser estabelecida uma regra absoluta –

Dirigente), os Espíritos que se deixaram vitimar permanecem em baixíssima atividade

consciencial por anos ou mesmo décadas a fio, sendo necessária, quando possível, a

atuação dos Espíritos Socorristas antes que se deflagre a contração do eu, tornando o

processo tardio demais para ser revertido em nosso mundo.

Mediante a contração da atividade consciente, é permitido ao ser continuar negando

a sua existência, fugindo de si mesmo. Desta forma, podemos considerar a contração

ovoidal como um autocídio espiritual (também reconhecido como “suicídio astral”, que é

quando os seres sediados nas paragens umbralinas, em total desespero, deixam se

arrastar em processos degenerativos, perdendo toda capacidade de auto-recuperarão

consciente – Dirigente).

As causas do encistamento da Alma são as mesmas que motivam o auto-extermínio

na carne: o desespero diante de sofrimentos intoleráveis, somados à falta de preparo

para a vida no plano espiritual. Assim, a ovoidização está subordinada aos mesmos

princípios da miniaturização ou restringimento, fenômeno a que está submetido o

Espírito no  processo reencarnatório, quando então o Perispírito, antecedendo nova

descida à carne, sofre uma contração involutiva, retornando aos patamares da evolução

biológica para abraçar um novo óvulo fecundado e controlar o desenvolvimento

embrionário.

O Perispírito, com suas forças contraídas, expande-se confeccionando seu futuro

corpo na recapitulação embrionária quando, em apenas nove meses, refaz todas as

etapas por que já passou na evolução das espécies. Sem esta precedente contração

involutiva não se veria tal explosão evolutiva que lhe surge como uma reação imediata.

A ovoidização, portanto, é apenas uma contração ou miniaturização, pois ocorre

distante do momento reencarnatório. Não encontrando o reservatório uterino, meio

indutor de tal processo, o ser em franco processo de contração, estaciona-se na fase

ovóide, restringindo sua consciência às etapas mais elementares da vida biológica.

Os órgãos internos perispirituais se apresentam reduzidos em suas formas

embrionárias e após vários ensaios reencarnatórios frustros, o ovóide pode se recuperar

e refazer seu molde perispiritual na conformação humana, voltando a reencarnar e

assim continuando a sua evolução.

Estes processos gestacionais devem ser suportados até o ponto em que não

ameacem a vida das mães que os acomodam. Embora dolorosos, são ressarcimentos

expiatórios e devem ser tolerados ao máximo, a fim de que se cumpram com suas

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finalidades. As energias desequilibrantes dos ovóides são exoneradas para a carne

nesses choques biológicos, aliviando-lhes a danosa ação no Perispírito. Para o Espírito

nessas condições, essas gestações funcionam como verdadeiros expurgos reparadores

de seu Perispírito.      

Plasticidade do Perispírito

O Perispírito, extensão direta da Alma, é o eterno espelho da mente, moldando-se de

acordo com seu comando plasticizante, graças à porosidade que o caracteriza. De fato,

o Corpo Espiritual mostra-se revestido por extremo poder plástico, adaptando-se

automaticamente às ordens mentais que brotam continuamente da Alma.6A forma que o

Perispírito assume, pode, às vezes, e em certos limites, dizer muito com a capacidade

intelectual, com o desenvolvimento da vontade, com o treino mental, enfim,

independentemente do aperfeiçoamento moral.

“É sabido que o aperfeiçoamento intelectual, aliado àquele espiritual,

possui intensa capacidade de se manifestar e agir por meio de certos

mecanismos nos diferentes níveis em que se projetam a existência. Daí a

capacidade admirável dos Seres Espirituais de modificarem com extrema

facilidade sua corporatura Astral, apresentando-se segundo as formas

criadas pelo seu campo mental e pela necessidade da ação a ser

desenvolvida, chegando mesmo a influenciar de maneira pungente sobre a

elasticidade do perispírito altrui. Porém, obedecendo à lógica espiritual, a

capacidade de modificação da estrutura perispiritual sempre estará

limitada ao padrão evolutivo de cada criatura”.

O Espírito só pode adequar-se perispiritualmente aos moldes que estejam

vinculados com suas vivências pretéritas e atuais, ou seja, com a sua realidade

íntima. A propósito, impõe-se considerar que, independentemente das aquisições

intelectuais, pode o Espírito mergulhar em tão severo desequilíbrio afetivo que,

imerso em um monoideísmo avassalador, chega a entrar em processo de retração

do campo que sustenta a própria tessitura perispiritual, comprometendo, 6 Tal fato explica o fenômeno de rejuvenescimento que experimentam os Espíritos desencarnados,

conscientes de seu estado. Mesmo tendo desencarnado com idade física avançada, sentindo-se

mais jovens, apresentam-se como tal: Livre do condicionamento humano do corpo físico, o Espírito não

sofre o envelhecimento. Quando se manifestam envelhecidos, o fazem artificialmente, para comprovação de

sua identidade humana.

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dolorosamente, suas funções. E o caso dos "ovóides", descritos por André Luíz.

“É por essa razão que os Guias podem alterar naturalmente suas

corporaturas astrais, ora manifestando-se de segundo um determinado

padrão inerente á sua própria Alma, ora assumindo a roupagem

fluídica em concordância com a Linhagem que está a representar ou

mesmo no decurso de determinadas incursões no Plano Físico ou nas

paragens umbralinas. O fato dos moldes reencarnatórios

permanecerem como “arquivos” para o Espírito, permitem que Esses

assumam a aparência de qualquer uma de suas existências pretéritas,

sem existir necessariamente um vínculo com a última. Os Exus, por

exemplo, costumam adotar esse processo com certa freqüência,

adicionando elementos que fazem referência às suas Linhagens ou

Campos de Atuação. O mesmo pode se dar com os Espíritos inferiores

que adquirem aparência sombria, deformada ou mesmo animalesca,

resultado da interelação profunda entre o campo mental e os aspectos

inferiores encerrados na Alma.

Inúmeros infelizes, obstinados na ideia de fazerem justiça pelas próprias mãos ou confiados a vicioso apego, quando desafivelados do carro físico, envolvem sutilmente aqueles que se lhes fazem objeto de calculada atenção e, auto-hipnotizados por imagens de afetividade ou desforço, infinitamente repetidas por eles próprios, acabam em deplorável fixação monoideística, fora das noções de espaço e tempo, acusando, passo a passo, enormes transformações na morfologia do veículo espiritual, porquanto, de órgãos psicossomáticos retraídos, por falta de função, assemelham-se a ovóides, vinculados às próprias vítimas que, de modo geral, lhes aceitam, mecanicamente, a in-fluenciação, à face dos pensamentos de remorso ou arrependimento tardio, ódio voraz ou egoísmo exigente que alimentam no próprio cérebro, através de ondas mentais incessantes. 7

No tocante à criatura humana, o obsessor passa a viver no clima pessoal da vítima, em perfeita simbiose mórbida, absorvendo-lhe as forças psíquicas, situação essa que, em muitos casos, se prolonga para além da morte física do hospedeiro, conforme a natureza e a extensão dos compromissos morais entre credor e devedor.

“A realidade dessa afirmação e suas consequências podem ser verificadas através dos processos de enfeitiçamento por imantação de objetos (Trabalhos) ou mesmo por natureza verbal. Barganhadores do Astral Inferior vinculados aos processos de baixa Magia e que se alimentam dos fluídos desprendidos das composições enfeitiçatórias, chegam a modificar a

7 A constatação dessa afirmação pode ser verificada com grande ênfase, inclusive, por meio dos processos de visão espiritual ao interno dos cemitérios, sanatórios, hospitais, e mesmo no decurso das desobsessões.

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estrutura de seu corpo perispiritual, alcançando o vitimado, onde passam a desenvolver extensa afinidade com o mesmo, influindo diretamente por sobre seus campos sutis”.

Esse processo, a evidenciar caso extremo de “retrabilidade perispiritual”, expressão veemente das possibilidades plásticas do corpo da Alma, é de duração relativa. Ao impulso da Lei de Causa e Efeito que rege a evolução humana, chegado o momento, reinicia-se o ciclo reencarnatório e sob a proteção das vestes carnais, o Espírito consegue, pouco a pouco, expandir-se com o Perispírito readquirindo forma e regularidade de funções, ainda que através de dolorosas etapas de recondicionamento e cura.

É essa propriedade do Perispírito que explica diversos outros fenômenos que ocorrem tanto na dimensão espiritual como na física, dentre eles a “adaptação perispiritual” comumente usada pelos Espíritos Superiores, os quais alteram a forma de seu corpo espiritual, reduzindo sua própria luminosidade e assumindo aspectos que possam combinar com as regiões e as Almas que merecem seu serviço socorrista, afastando, assim, resistências e inquietações desnecessárias.

“Esse é o processo utilizado pelos Guias para poderem suportar a densidade do Plano material e da estrutura corporal de seus aparelhos quando de suas incursões no Plano Físico. É assim que conseguem superar as dificuldades dos processos de incorporação e permanecerem ligados e atuantes ao longo de todo o trabalho desenvolvido. Tal mecanismo “limita” de certa forma, a projeção das emoções e evita o “bombardeamento” do Espírito por energias contrárias quando em ambientes ou estruturas dissimiles de sua natureza espiritual elevada”.

Ao contrário dos Espíritos desarmonizados com o Bem, os Mestres Espirituais, já por sua vasta experiência e realização moral, ostentam um alto poder mental, o que lhes possibilita a dinamização de recursos incomparavelmente maiores nas operações de adaptação plástica.

Há uma certa semelhança entre a dinâmica que rege esses processos de adaptação perispirítica e a dos chamados processos “ideoplásticos”, com a criação das mais variadas formas, tangíveis ou não, sustentadas pela ação mental consciente ou inconsciente e de duração proporcional à persistência do pensamento que as sustentam. Como nos elucida Kardec em “A Gênese”:

“Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não manipulando-os como os homens manipulam os gases, mas empregando o pensamento e a vontade em seus processos. Para os Espíritos, o pensamento e a vontade são o que é a mão para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem àqueles fluidos tal ou qual direção, os aglomeram, combinam ou dispersam, organizam com eles conjuntos que apresentam uma aparência, uma forma, uma coloração determinadas; mudam-lhes as propriedades, como um químico muda a dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo certas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual. Algumas vezes, essas transformações

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resultam de uma intenção; doutras, são produto de um pensamento inconsciente. Basta que o Espírito pense uma coisa, para que esta se produza, como basta que modele uma ária, para que esta repercuta na atmosfera. É assim, por exemplo, que um Espírito se faz visível a um encarnado que possua a vista psíquica, sob as aparências que tinha quando vivo na época em que o segundo o conheceu, embora haja ele tido, depois dessa época, muitas encarnações. Dessa forma, podendo plasmar múltiplas aparências, o Espírito se apresenta debaixo daquela que mais reconhecível o possa tornar, se o quiser. Pode o Espírito assumir, também, ainda que momentaneamente, as formas de uma pessoa encarnada se tiver a necessária capacidade mental, chegando até a tornar-se tangível, ao ponto de causar completa ilusão. Essa modalidade de aparição não se confunde com o desdobramento, em que o Espírito aparece com sua própria imagem, apresentando, todavia, linhas de semelhança com o fenômeno da materialização anímica.

“A elucidação de Kardec explica muito claramente os processos de manipulação energética realizados pelos Guias no decurso de inúmeras movimentações, sobretudo aqueles em que se fazem dispor das energias e padrões ressonantes com os reinos Elementais, onde constatamos pela visão espiritual, ser possível aos mesmos plasmarem Elementos como água e fogo e dar-lhes formas as mais diversas e correspondentes aos intentos almejados. Esse é também, o processo utilizado na geração instantânea de formas-pensamento de natureza positiva, as quais são em seguida projetadas sobre o campo mental e perispiritual dos vitimados com o intento de anular padrões de natureza nociva”.

É assim que, embora como Espírito nenhuma enfermidade corpórea lhe reste, ele poderá se mostrar estropiado, coxo, ferido, com cicatrizes, se isso for necessário a lhe comprovar a identidade. O mesmo se observa com relação ao traje.

Amiúde, os Espíritos se apresentam com os atributos característicos de sua elevação, como: uma auréola ou resplandecente aspecto luminoso, enquanto que outros trajam as que recordam suas ocupações terrestres. Assim, um guerreiro aparecerá com a sua armadura, um sábio com livros, um assassino com um punhal, etc. A figura dos Espíritos superiores é bela, nobre e serena; os mais inferiores têm qualquer coisa de feroz e bestial e, por vezes, ainda mostram vestígios dos crimes que cometeram ou dos suplícios por que passaram, sendo-lhes essas aparências uma realidade.

Observe-se que especialmente na dimensão espiritual essa propriedade perispirítica enseja uma variedade de fenômenos tão numerosos quão complexos. Haja vista, por exemplo, que o processo ideoplástico pode até ser induzido por obsessores capazes de levar suas vítimas, por sugestão hipnótica, a assumir as mais grotescas formas ou posturas animais, como são os conhecidos casos de zoantropia, com destaque para os de licantropia, bem relatados pelos autores espíritas. Obviamente essas alterações são sempre provisórias, a dizer, cessada a onda mental que as sustenta, rompido o processo hipnótico, ressurgem as formas originais.

O fenômeno ideoplástico, a traduzir a ação do pensamento modelando a 13

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matéria sensível (sendo o perispírito considerado matéria quintessenciada), enseja, a propósito, ricas oportunidades de estudo, mercê das circunstâncias em que pode ocorrer e dos notáveis efeitos que pode produzir.

Alguns fenômenos, ainda que raros, chegam a surpreender por sua complexidade e, ao mesmo tempo, por sua delicadeza, como, por exemplo, o caso das “transfigurações”, em que o perispírito do mediador recebe tal influência modeladora do Espírito comunicante que chega a alterar, momentaneamente, seus traços fisionômicos, a coloração de seus olhos, a impressão de estatura mais elevada, em demonstração inequívoca da presença espiritual, ainda que, nas manifestações extramediúnicas, exista também, em tese, a raríssima possibilidade de que tal fenômeno surja como produto da atividade mental do médium, em momento de recordação involuntária de existências pretéritas, utilizando-se como apoio, a própria plasticidade de seu Perispírito.

Embora inúmeros fenômenos atestem o poder plástico do Espírito, graças a uma propriedade fundamental de seu constituinte, o Corpo Espiritual, é na reencarnação que ele aparece mais evidente e comum, mostrando aspecto altamente positivo da citada “retratilidade perispirítica”.

De feito, segundo informam os Mestres Espirituais, aproximando-se o momento da reencarnação, o Espírito reencarnante, comumente entra em gradativo processo de redução psicossômica8, o qual acontece concomi-tantemente com a diminuição da consciência de si, como nos revela Kardec em “Obras Póstumas”.

“No momento da concepção do corpo que se lhe destina, o Espírito é apanhado por uma corrente fluídica que, semelhante a uma rede, o toma e aproxima da sua nova morada. Desde o instante da concepção, a perturbação ganha o Espírito; suas idéias se tornam confusas; suas faculdades se somem; a perturbação cresce à medida que os liames se apertam; torna-se completa nas últimas fases da gestação, de sorte que o Espírito não aprecia o ato de nascimento do seu corpo, como não aprecia o da morte deste; nenhuma consciência tem, nem de um, nem de outro. Desde que a criança respira, a perturbação começa a dissipar-se, as idéias voltam pouco a pouco, mas em condições diversas das verificadas quando da morte do corpo. No ato da reencarnação, as faculdades do Espírito não ficam apenas entorpecidas por uma espécie de sono momentâneo, conforme se dá quando do regresso à vida espiritual; todas, sem exceção, passam ao estado de latência. A vida corpórea tem por fim desenvolvê-las mediante o exercício, mas nem todas se podem desenvolver simultaneamente, porque o exercício de uma poderia prejudicar o de outra, ao passo que, por meio do desenvolvimento sucessivo, umas se firmam nas outras. Convém, pois, que algumas fiquem em repouso, enquanto outras aumentam. Esta a razão por que, na sua nova existência, pode o Espírito

8 Psicossômica, ou seja, perispiritual, sendo “psicossoma” uma das próprias

denominações do Perispírito. Essa é a designação dada à estrutura celular que constitui o

suporte da informação genética espiritual14

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apresentar-se sob aspecto muito diferente, sobretudo se pouco adiantado for, do que tinha na existência precedente."

Para os Espíritos Superiores ou de natureza espiritual elevada, todavia, os trâmites reencarnatórios dispensariam esse apagamento total da consciência - pelo menos até as fases finais, razão pela qual muitos se recordam naturalmente de suas existências pretéritas ou possuem facilidade em resgatá-las quando reencarnados.

Desencadeado com a concepção o processo morfogênico e ligado o Espírito ao embrião, cujo desenvolvimento passa a influenciar, desenvolve-se fenômeno inverso: o perispírito passa a expandir-se, moldando e sustentando o novo orga-nismo em crescimento. Ultrapassado o ciclo do nascimento, todavia, continua sustentando a organização física, modelando também os elementos em renovação, até os últimos instantes de vida biológica. ___________________________________________________________________________________

Continua

Flávio Juliano:.

Dirigente

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