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Salve o Corinthians / O campeão dos campeões / Eternamente Dentro dos nossos corações / Salve o Corinthians / De tradições e glórias mil / Tu és orgulho / Dos desportistas do Brasil / Teu passado é uma bandeira / Teu presente, uma lição / Figuras entre os primeiros / Do nosso esporte bretão / Corinthians grande / Sempre Altaneiro / És do Brasil / O clube mais brasileiro Do povo e para o povo Os ídolos das torcidas Entrevista com Rivellino Recorte e monte seu próprio Timão Sofredor, mas vitorioso Artigos de Daniel Piza e Antero Greco Os maiores gols da história. A torcida mais Fiel do mundo Declarações de amor ao clube MONTAGEM SOBRE FOTOS DE ARQUIVO/AE H1 QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO 7 8 9 10 11 12

Documentario - Corinthians

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Page 1: Documentario - Corinthians

Salve o Corinthians / O campeão dos campeões / EternamenteDentro dos nossos corações / Salve o Corinthians / De tradiçõese glórias mil / Tu és orgulho / Dos desportistas do Brasil / Teupassado é uma bandeira / Teu presente, uma lição / Figuras entreos primeiros / Do nosso esporte bretão / Corinthians grande /Sempre Altaneiro / És do Brasil / O clube mais brasileiro

Do povo e para o povo ● Os ídolos dastorcidas ● Entrevista com Rivellino ● Recorte e monte seu próprio

Timão ● Sofredor, mas vitorioso ● Artigos de Daniel Piza e Antero Greco ● Os maiores golsda história. ● A torcida mais Fiel do mundo ● Declarações de amor ao clube

MONTAGEM SOBRE FOTOS DE ARQUIVO/AE

%HermesFileInfo:H-1:20100901:H1 QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

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Uma década especial. Começacom a conquista do primeiro títu-lo brasileiro, em 90, com gol deTupãzinho (foto) contra o São

Paulo, passa pelo Grêmio naCopa do Brasil, em 95, e termi-na com o bicampeonato brasi-leiro de 98-99.

Editor: Eduardo Maluf. Edição: Wilson Baldini Jr. Coordenação: Gilson Vilhena. Textos: Anelso Paixão, Ubiratan Brasil, Wagner Vilaron e Wilson Baldini Jr. Direção de Arte: Fabio Sales. Diagramação: Eduardo Domingues, Eloy Mattoso eMarcos Azevedo. Ilustração: Baptistão. Infográfico: Marcos Müller. Produção: Lucas Andrade. Tratamento de imagem: Alexandre Godinho, Carla Monfilier, Edmundo Pereira, Fabiano de Vito, Fernando Pereira e Mauricio Braga

Osanos80 nãosãomarcadosape-nas por títulos. Além do bicam-peonato estadual em 82-83 , o Co-rinthiansmistura esporte epolíti-ca e apresenta a Democracia Co-rintiana. O movimento, lideradopor Sócrates, Casagrande, Zenon

e Vladimir, dá voz aos atletas,justamenteemumaépocamar-cada pela ditadura militar. Oclubeaindaganhao Paulista de88,quandoViola(foto)despon-ta ao marcar o gol da vitória nafinal contra o Guarani.

Em 2000, o Corinthians, comDida no gol (foto), se transfor-ma no primeiro campeão domundo de clubes reconhecidopela Fifa. Vence o brasileiro de2005 e mostra força para supe-

rar o escândalo no qual se tor-nou a polêmica parceria com aMSI e a renúncia do presiden-te Alberto Dualib, denunciadopor desvio de dinheiro. AndrésSanchez assume em 2007.

EXPEDIENTE

HISTÓRIA

Foi o ano da comprado terreno daFazendinha. Oestádio foi inauguradodois anos mais tarde

Sobocomandodofolclóricopresi-dente Vicente Matheus, o Corin-thians vive momentos de intensaalegria e profunda tristeza. Em1974, perde o Paulista para o Pal-meiras, derrota que culminou nasaída de Rivellino. Dois anos de-

pois, a torcida mostra porque échamadadeFielaodividiroMa-racanã com o Fluminense, nasemifinal do Brasileiro. O êxta-se ocorre em 1977, quando o ti-me(foto)venceoPaulistaeaca-ba com a fila de 22 anos. 1980

1990

2000

1970

“OCorinthians vai sero time do povo e opovo é quem vai fa-

zer o time.” A frase é do alfaiateMiguel Battaglia, que em 1.º desetembro de 1910 descreveucom rara felicidade aquela queseria a principal marca do clubeque acabara de nascer. Naquelaesquina do bairro do Bom Reti-ro, na capital paulista, um grupode amigos operários, formado

por Joaquim Ambrósio, Carlosda Silva, Rafael Perrone, Antô-nio Pereira e Anselmo Correia,junto com outros oito compa-nheiros, fundava o Sport ClubCorinthians Paulista. Battagliafoi eleito o primeiro presidente.

Os fundadores trabalhavamna estrada de ferro São Paulo Rai-lway. E foi no contato com os in-gleses, inventores do futebol,que conheceram e se apaixona-ram por aquele que se tornaria oesporte mais popular do mundoe marca registrada do Brasil noexterior. Nascia ali a vontade decriar um clube de futebol.

Da Inglaterra veio também ainspiração para o nome. Naque-le ano, o interesse dos brasilei-

ros pela modalidade motivou al-guns times da terra da rainha aatravessarem o Atlântico. Umdos que desembarcaram poraqui foi o Corinthians, de Lon-dres. Trata-se de uma equipeamadora, fundada em 1882 eque, desde 1939, quando se jun-tou ao Casuals, transformou-seno Corinthian-Casuals FootballClub, cujo uniforme é baseadonas cores marrom e rosa.

Clube fundado, nome escolhi-do, faltava definir a sede. Os ab-negados fundadores juntaram al-guns colaboradores e alugaramum terreno na Rua José Paulino,que foi aplainado e transforma-do em um rústico campo de fute-bol. O processo foi tão rápido

que, duas semanas depois, no dia14 de setembro, os primeiros atle-tas já se movimentavam por ali.

Em uma época na qual o fute-bol era ligado à aristocracia, a ori-gem humilde ajudou na populari-zação do time. O clube se tornoufamoso. De acordo com o site ofi-cial, “em 1913, o Corinthians plei-teou uma vaga junto à Liga Paulis-ta de Futebol e foi aceito, tornan-do-se, assim, o quarto dos chama-dos ‘três mosqueteiros’ (os outroseram Americano, Germânia e In-ternacional). Essa foi a origem domascote corintiano”.

O famoso hino, intitulado “OCampeão dos Campeões”, foicomposto no início dos anos 50pelo radialista Lauro D’Ávila.

1910a1960

Luiz Fabbi foi o autor na vitóriapor 2 a 0 sobre o Estela Polar,em 14 de setembro de 1910,no Campo da Rua dos Imigrantes(atual rua José Paulino, no BomRetiro). Jorge Campbell fez o 2º

Campeão paulistainvicto em 1914, comdez vitórias em dezjogos, o ataque fez 37gols, 12 de Neco. Adefesa sofreu 9 gols

1926

Desde sua fundação, o Corin-thians chamava a atenção pela fa-cilidade em cativar o público,identificado com aorigem humil-de do clube. A torcida crescia emritmo frenético, assim como ocartel de títulos da sensação alvi-negra.Nadécadade20, porexem-plo, o Corinthians venceu cincoPaulistas. Além disso, foram três

tricampeonatos (22/23/24,28/29/30 e 37/38/39, além de mar-car a maior goleada de sua histó-ria: 11 a 0 no Santos. Em 1928,dois anos depois de comprar umterreno aoladodo Rio Tietê, inau-gurava a Fazendinha. Em 1954conquistava um dos mais impor-tantes troféus de sua história: oPaulista do 4.º Centenário (foto).

FOTOS ARQUIVO/AE

CARLOS FENERICH/AE–31/7/1988

ORLANDO KISSNER /AE–16/12/1990 GREGG NEWTON/REUTERS–14/1/2000

CELSO JUNIOR/AE–29/5/2001

O primeiro gol

Nasceu do povo e para o povoEm 1910, quando a elitesocial dominava o futebol,um grupo de operáriosfunda o clube que seriafamoso pela popularidade

O primeiro título

Encontro. Os dois Corinthians fizeram amistoso em 2001

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H2 Especial QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Page 3: Documentario - Corinthians

● Os jogadores que mais vezes estiveram em campo coma camisa do clube nesses 100 anos de história alvinegra

O meu caso de amor com o Co-rinthians teve início bem antesde eu começar a jogar no clubeem 1970. Sou do interior, deBotucatu, e morava numa fa-zenda. Não ia aos estádios,mas o meu pai era corintianofanático e sempre comprava arevista Gazeta, que trazia nacapa fotos dos grandes jogado-res da época. Então, cresci ven-do imagens do Cabeção, do Lui-zinho, do Idário, do Baltazar...

Comecei a jogar na Ferroviá-ria de Botucatu, depois fui paraa Portuguesa, mas o meu augemesmo foi no Corinthians, umclube de dimensões gigantes-cas e com uma baita torcida.

Minha saída da Portuguesafoi tumultuada porque eu nãoquis renovar o contrato, mas a

chegada ao Corinthians foitriunfante. Meu pai tambémera o meu procurador e reali-zou o sonho dele e o meu.

Juntou a fome com a vonta-de de comer. Lembro que fuimuito bem recepcionado naequipe, que naquela épocatinha jogadores como Ado,Pedrinho, Ditão, Luís Carlose Rivellino. O início foi de al-tos e baixos, mas o grandeproblema era que a equipenão conseguia acabar com ojejum de títulos que vinhadesde 1954.

Em 1974 ainda tivemos aque-la decepção terrível na final doCampeonato Paulista contra oPalmeiras. A gente tinha con-vicção que dava para tirar o ti-me da fila, mas não consegui-

mos e o Riva acabou levando aculpa que na verdade era detodos nós. Até hoje a gente selamenta por isso.

Em 1976, veio a grande luz.Aquela invasão no Maracanãcontra o Fluminense e a che-gada à final do Brasileiro trou-xeram uma aproximaçãomaior da torcida com os joga-dores.

Até que, em 1977, enfim, fo-mos campeões. Apesar de terdefendido a seleção brasileira eter sido campeão mundial em1970, aquele título contra a Pon-te Preta é o marco maior da mi-nha vida profissional. Até hojevivo muito em função de 1977.

Os torcedores que cruzamcomigo pela rua ainda falamdaquele título e isso é muito

gratificante. É um negócio quemexe com o ego de todos. Alembrança e o agradecimentome emociona. É uma gratidãoeterna e eu não esqueço nunca.

Passei 13 anos no Corin-thians e posso dizer que foi umcasamento perfeito que tivecom o clube e a torcida. Muitasvezes eu sabia que tinha joga-do mal, mas os torcedores vi-nham e falavam: “Valeu, Zé,pelo menos você correu, hon-rou a nossa camisa.”

A Fiel é assim. O time podeperder, mas tem de perder lu-tando, suando e, se for possí-vel, derramando gotas de san-gue dentro de campo. É umnegócio maravilhoso. É um clu-be de loucos, como dizem hoje.

O torcedor faz o possível e o

impossível para glorificar o“manto sagrado corintiano” eexige que o jogador faça o mes-mo. Isso já era antes de eu che-gar ao Parque São Jorge, foi naminha época de jogador e con-tinua sendo. O torcedor nãomudou, é muito exigente.

O Corinthians foi pratica-mente tudo na minha vida. Foio meu sustentáculo. Depoisque fui para o Corinthians, rea-lizei sonhos meus e da minhafamília e acredito que tambémde muitos torcedores. Atéquando fui eleito vereador em1982, tenho certeza que foi porcausa do clube. O nome do Co-rinthians está sempre em pri-meiro lugar por onde eu passo.É uma dádiva de Deus fazerparte da história desse clube.

DEPOIMENTO

REPERCUSSÕES

É o ano da contrataçãodo atacante Teleco, quevem do Britânia (PR) e setorna 6 vezes artilheirodo Paulista

Para ganhara torcida,valemais a raça

‘O time podeperder, mastem de perderlutando’

RaíÍdolo do São Paulo

O maior exemplo daforça do Corinthians esua torcida foi em umjogo de 1988. O SãoPaulo vencia por 2 a 0até o fim. A torcida em-purrou o tempo todo,não parava de gritar. OCorinthians fez o pri-meiro e teve forças pa-ra buscar o empate nosminutos finais.

César MalucoÍdolo do Palmeiras

O Oswaldo Brandão (téc-nico) sempre dizia que,após tomar um gol doCorinthians, você nãodeve ter pressa pararecolocar a bola em jo-go, porque a torcida em-purra o time. Então, ésempre bom esfriar umpouco. Para o torcedor,vencer o Corinthianstem sabor especial.

PepeÍdolo do Santos

Na época do tabu, quan-to mais gols o time doSantos fazia, mais atorcida do Corinthiansgritava. Era gostosoparticipar desse jogo,porque a gente ganha-va quase sempre, maso clima da partida eraintenso porque os corin-tianos não paravam deincentivar o time.

ZicoÍdolo do Flamengo

Havia um sabor espe-cial em enfrentar o ti-me do Corinthians.Quando era pequeno,eu tinha o Corinthianscomo segundo time. E,no começo de carreira,me firmei num confron-to com o Corinthians,de Rivellino e cia. Fizdois gols e ganhei maisconfiança.

Roberto DinamiteÍdolo do Vasco

Sempre foi um desafioencarar o Corinthians,um dos grandes clubesdo Brasil. A motivaçãoé sempre enorme quan-do se enfrenta um timetão tradicional assim.Contra o Corinthians,tem de vencer o time ea força de sua camisa.O seu nome já fala portudo.

A maior goleadasofrida pelo Corinthiansacontece em 1933,quando o time é batidopor 8 a 0 pelo PalestraItália

Em 1936, Zuza marcaseis gols no 10 a 1 emcima do Sírio e se tornao atleta com maiornúmero de gols em umsó jogo

‘Em 1988,um exemplo

de força’

‘Torcidaempurra o

time pra cima’

‘Atorcida nãoparava deincentivar’

‘Era o meu2º time nainfância’

‘É precisovencer o time

e a camisa’

1934

FOTOS ARQUIVO/AE

Tropeço históricoArtilheiro

Foi assim que guerreiroscomo Zé Maria, Idário,Wladimir e o goleiroRonaldo conquistaram oexigente torcedor

ZÉ MARIA: Lateral-direito doCorinthians de 1970 a 1983

Para conquistar a exi-gentetorcida corintia-na, mais do que ser ta-

lentoso, técnico, craque, o joga-dor precisa ter raça, vontade devencer, amor pela camisa. É porisso que brilharam mais guerrei-ros como Zé Maria, Idário, Wladi-mir e Ronaldo, o goleiro, do quetalentos como Müller, Rivaldo eEdmundo, que passaram peloclube e muitos torcedores nemsequer se lembram.

Zé Maria, o Super Zé, foi o quemelhor simbolizou esta raça. Fo-ram 13 anos e 599 jogos vestindoa camisa 2 do Corinthians e, comseu sangue e suor, conquistou asarquibancadas. Na histórica fi-nal de 1977, contra a Ponte Preta,foi dele o cruzamento para o golde Basílio que acabou com o je-jum de 22 anos sem títulos. Já nafinal de 1979, também contra a

Ponte, no primeiro dos três jo-gos decisivos, Zé Maria cortou osupercílio, mas voltou a campocom a camisa toda molhada desangue, para delírio do torcedor.

Nos anos 50, o também lateral-direito Idário era considerado o“Deus da raça” pela forma comodisputava as jogadas. Os adversá-rios, é claro, preferiam dizer queera um “carniceiro”, mas o fatovirou um mito.

A forma de falar abertamente

de seu amor pelo clube tambémajudou alguns a garantirem seuespaço no coração do torcedor.O goleiro Ronaldo, por exemplo,revelado no próprio Parque SãoJorge, sempre propagava sua pai-xão pelo clube. Com seu estilofalante, cobrava muito de seuscompanheiros e se irritava comgols sofridos e nas derrotas. Dis-putou 602 jogos pelo clube, atrásapenas de Wladimir e Luizinho.

Wladimir é recordista absolu-

to de jogos pelo clube (805), etambém um dos símbolos da ra-ça tão cobrada pela Fiel. Semprealiou a ela um técnica apurada efoi também um dos idealizado-res da famosa Democracia Corin-tiana na década de 80.

PeléO maior carrasco

Nunca tive nada contrao Corinthians. Apenasprecisava calar logoaquela massa incrível.Se não calasse, a torci-da ganharia o jogo. Sem-pre tive muitas alegriasnos jogos contra o Corin-thians, pois sempre fizmuitos gols, mas sem-pre respeitei muito esteadversário.

Ademir da GuiaÍdolo do Palmeiras

Corinthians e Palmei-ras sempre foi um jogorepleto de rivalidade.Uma rivalidade impor-tante para os dois la-dos. Acho que os doisclubes ganharam comisso. Muita gente diziaque uma vitória nesseclássico valia mais quea conquista do título.Era uma disputa sadia.

DarioÍdolo do Atlético-MG

Não ter jogado no Corin-thians é a minha maiorfrustração. Sempre quejogava contra fazia 2, 3gols para chamar aatenção, mas não deucerto. Em 2005, jogueipelos veteranos do Co-rinthians e fiz um gol depênalti. Fiquei alegre ea torcida gritou o meunome.

SuperZé.Muita vontade

em599 jogos

Amor à camisa.Neco, Wladimir eRonaldo têm orespeito da Fiel

‘Fiz de tudopara jogar noCorinthians’

‘Precisa calaraquela massa

incrível’

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MAURILO CLARETO/AE–9/10/1996

‘Sempre foium jogo cheiode rivalidade’

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SEGUNDA PELE

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 Especial H3

Page 4: Documentario - Corinthians

● Eles estiveram com aseleção nos títulos mundiais1958 – Gylmar (goleiro)e Oreco (lateral-esquerdoe zagueiro)1970 – Ado (goleiro)e Rivellino (meia)1994 – Viola (atacante)2002 – Dida (goleiro),Vampeta (volante)e Ricardinho (meia)

OS CAMPEÕES

Malocaé oseu1º apelidono clube

A história corintiana é repletade craques. Se Rivellino era co-nhecido por “Reizinho do Par-que” outros grandes jogadoresdeixaram sua marca na Fazen-dinha. Sócrates, o “Doutor”, senotabilizou pelo famoso toquede calcanhar, que surpreendiae confundia a marcação adver-sária. Até mesmo os compa-

nheiros precisavam pensar rá-pido para acompanhar o racio-cínio do esguio meia.

Marcelinho Carioca ganhou fa-ma pelo talento e número de títu-los conquistados. Também ti-nha uma marca. Os belos gols, ospasses certeiros e as cobrançasde falta lhe valeram o apelido de“Pé de Anjo”, o mesmo dado a

Basílio após marcar o históricogol do título paulista de 1977,que acabou com a fila de 22 anossem conquistas.

Antes dele, o time do 4.º Cente-nário da Cidade de São Paulo ti-nha um ataque histórico. Ao la-do de Luizinho, o “Pequeno Pole-gar”, jogavam Baltazar. o “Cabe-cinha de Ouro” e Cláudio, maiorartilheiro da história alvinegraque, por participar (carimbar)da maioria das jogadas, era co-nhecido como “Gerente”. O cari-nho da torcida transformou ZéMaria no “Super Zé” e o meia Ne-to no “Xodó da Fiel”.

É o ano da inauguraçãodo Pacaembu. O primeirojogo do Corinthians évitorioso: 4 a 2 sobreo Atlético Mineiro

Apelidos que marcaramcraques e a história alvinegra

Em 8/5/1949,o Corinthians joga degrená contra aPortuguesa, homenagemaos atletas do Torinomortos em acidente aéreo

‘Era palmeirense, mas oCorinthians me conquistou’“Patada atômica” se rendeu ao carinho e à força da Fiel para se transformar no maior camisa 10 alvinegro

Entre abril e junho de 1952,o Corinthians faz a suaprimeira excursão pelaEuropa. São 16 jogos,com 12 vitórias, três empatese apenas uma derrota

Rivellino é nomede origem italia-na. Por isso, nãochega a ser umasurpresa que osintegrantes da fa-mília, tradicional

no bairro do Brooklin, na capitalpaulista, desde a década de 40, setransformassem em torcedores doPalestra Itália. E assim foi com o jo-vem Roberto até a adolescência (fo-to), quando, magoado pelo descasodos responsáveis pela peneira doseu time do coração, resolveu defen-der o grande rival. “É verdade, nascipalmeirense. Mas fui tão bem rece-bido no Parque São Jorge que metornei corintiano rapidamente”, dis-se o craque. “Posso dizer que o Co-rinthians me conquistou.”

Roberto Rivellino chegou aoParque São Jorge no início dosanos 60. Lá não precisou passarpor testes. Um dirigente da épo-ca o viu atuar em uma partidade futebol de salão (na época nãose falava futsal) pelo Banespa, fi-cou deslumbrado com a habilida-de do garoto e o indicou ao Corin-thians. No Alvinegro, Rivellino vi-

veu uma história de amor que, comotoda paixão, teve alguns momentosconturbados, como sua saída, em1975, sem ter vivido a emoção da con-quista de um título.

● Você está com 64 anos. Já chegouà conclusão do que o Corinthians re-presenta na sua vida?Claro. O Corinthians representa tudo.Foi no Corinthians que tive a possibili-dade de conquistar tantas coisas, dechegar à seleção, enfim, de me realizarprofissionalmente. É claro que com o

meu talento eu poderia me dar bem emoutros lugares, mas o Corinthians foimuito especial na minha trajetória.

● Como começou essa sua relação como clube?Eu sou de uma família italiana. Natu-ralmente são torcedores do Palmeiras.E falo isso com toda a sinceridade. Nas-ci palmeirense, assim fui até a adoles-cência. Quando jogava salão pelo Ba-nespa, fui convidado para fazer um tes-te no Palmeiras. Cheguei lá, mas nãome deram muita bola. Fiquei chateadoe disse que iria jogar no maior rival.Um conhecido da minha família conse-guiu uma oportunidade para mim noCorinthians. E lá no Parque São Jorgenem precisei fazer peneira, pois permi-tiram que eu ficasse um tempo paramostrar meu talento. Me trataram mui-to bem no Corinthians e me conquista-ram, me cativaram. Hoje falo sem a me-

nor dúvida: amo o Corinthians.

● Qual a análise que você faz do períodosem títulos?Cá entre nós, demos um azar danado.Nosso time era bom, mas jogamos namesmo época do Santos de Pelé, doPalmeiras da Academia, não era mole.Também nunca tivemos no banco umgovernador do Estado, como era o ca-so do São Paulo com o Laudo Natel.

● Você já superou bem aquele problemacom a torcida?Na realidade eu nunca tive proble-mas com a torcida. Sempre saía dostreinos a pé, andava pelas ruas semsegurança e nunca fui hostilizado.Acontece que cometemos alguns er-ros naquela final contra o Palmeiras.Um deles, por exemplo, foi ter leva-do o jogo final para o Morumbi, queestava com o gramado muito ruim,uma lama só, e isso prejudicou maisa nossa equipe. Nada contra o SylvioPirillo, mas se o nosso técnico fosseo Brandão, duvido que iríamos jogarno Morumbi. Ficamos sabendo nodia do jogo. Até disse, ‘como assim?’.Mas na época o Matheus (VicenteMatheus, presidente corintiano) es-

tava mais preocupado com o di-nheiro da renda. E jogar no Mo-rumbi dava mais dinheiro.

● Então de onde veio essa história devocê ser o responsável?Tudo o que eu mais queria era ven-cer um título com o Corinthians. Ha-via uma expectativa muito grandenossa e, claro, da torcida. Naquelaépoca não era como agora, que ocampeonato acaba e três dias depoisvocê já tem um jogo por outra com-petição. Então a imprensa ficava ex-plorando aquele resultado por umtempão. E um jornalista da época, oJ. Hawilla, que estava na Bandeiran-tes, fez umas três ou quatro reporta-gens que não foram boas para mim.Aí você pega a torcida carente, triste,e começa a passar esse tipo de infor-mação, acaba manipulando e indu-zindo a opinião pública. Recentemen-te, mais de 30 anos depois, o Hawillaveio falar comigo e pediu desculpas.

● Você se considera o melhor jogadorda história do Corinthians?(risos) Rapaz, dizer isso é complica-do para mim.

● Então mudamos a pergunta. Quemjogou mais do que você?(risos). Olha só, não sei, mas tive-mos grandes jogadores, como Cláu-dio, Baltazar, Gilmar...

● Qual foi melhor jogador com quemvocê já jogou no Corinthians?Eu fiz uma ótima dupla com o Tião.Jogamos juntos durante anos. Tam-bém joguei no início com Dino Sani.

● E o melhor técnico?Tive alguns, mas destaco o Brandão(Oswaldo Brandão).

● Técnicos e jogadores costumamdizer que jogar no Corinthians é dife-rente. Isso é papo só para ficar debem com o torcedor ou tem algumfundamento?Isso é a mais pura verdade. Não é sópara jogar para a torcida, não. Vejao exemplo do que aconteceu em1976. Tudo bem, vários clubes le-vam torcedores quando jogam fora.Mas uma coisa é você motivar 800,mil pessoas. Mas ali foram 70 mil.Você tem ideia do que é dividir umestádio como o Maracanã? Toda tor-cida cobra, mas no Corinthians apressão é muito maior. Senti issoquando fui para o Fluminense. A vi-da nas Laranjeiras era muito maistranquila. Até estranhei.

✽ Roberto Rivellino estreia no time principal em 1965 ejoga até 1974. São 473 partidas, 141 gols marcados e otítulo do Torneio Rio-São Paulo em 1966

RIVELLINO: O Reizinho do Parque

Camisa grená

ENTREVISTA

Passaporte corintiano1940

LULUDI/AE–7/8/1995ROLANDO DE FREITAS/AE–12/12/1983

ANDRE LESSA/AE–26/8/2010

AC

ER

VO

AP

BC

CD

Ídolos. Sócrates, o “Doutor”, e Marcelinho, o “Pé de Anjo”,marcaram a história alvinegra com talento, gols e títulos

Saída. Rivadeixou oCorinthiansapós derrotana final doPaulista de1974

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H4 Especial QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Page 5: Documentario - Corinthians

A Neo Química Genéricos, Patrocinadora Oficial do Corinthians,e os copatrocinadores Bozzano, Avanço e Assim, têm orgulho

de compartilhar este momento histórico com a Nação Corinthiana.

Parabéns, Timão, pelos seus 100 anos.

Para essa loucuranão existe remédio.

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 Especial H5

Page 6: Documentario - Corinthians

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H6 Especial QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Meia-direitaMeia-esquerda

Atacante

Fotos, vídeos, depoimentos,quiz e mais histórias no Blog

do Centenário

Concorda ou não com osescolhidos? Escale seu time

dos sonhos dos 100 anos

Escale o seu Corinthians d

Palhinha1977 - 1980 ● 148 jogos

Faça o download desta equipee monte seu time de botão

– é só imprimir, recortar e colar

Casagrande1982 a 1986 e 1994 ● 256 jogos

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www.estadao.com.br/e/centenario1

www.estadao.com.br/e/centenario

Gamarra1998-1999 ● 80 jogos

Neco1913 - 1930 ● 313 jogos

Del Debbio1922 - 1931 e 1937 - 1939 ● 229 jogos

Goleiro

Marcelinho Carioca1994 - 1997; 1998 - 2001 e 2006 - 2007 ● 433 jogos

Cláudio1945 a 1957 ● 506 jogos

Wladimir1972 a 1985 e 1987 ● 805 jogos

Ronaldo1988-1998 ● 602 jogos

Domingos da Guia1944-1948 ● 116 jogos

Carbone1951 - 1957 ● 233 jogos

Gylmar1951-1961 ● 398 jogos

Rivellino1965-1974 ● 473 jogos

Neto1989-1993 e 1997 ● 228 jogos

RonaldoDesde 2009 ● 56 jogos

Baltazar1945 a 1957 ● 409 jogos

Biro-Biro1978-1988 ● 589 jogos

Zenon1981-1986 ● 306 jogos

estadão.com.br

Teleco1934 - 1944 ● 266 jogos

Zagueiro

Dida1999-2000 ● 58 jogos

Luizinho48-60, 64-76 e 96 ● 604 jog

Lateral-esquerdo

Page 7: Documentario - Corinthians

O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 Especial H7

Lateral-direito

do centenário

Kléber1998 - 2003 ● 128 jogos

Homero1951-1958 ● 237 jogos

Ditão1966-1971 ● 281 jogos

Zé Maria1970 -1983 ● 599 jogos

Goiano1952-1959 ● 300 jogos

Volante

Grané1924-1932 ● 189 jogos

Idário1949 - 1959 ● 468 jogos

Brandão54-57; 64-66; 68; 77-78; 80-81 ● 442 jogos

gos

Daniel Gonzalez1982-1983 ● 71 jogos

Rincón1997-2000 e 2004 ● 144 jogos

Dino Sani1965 - 1968 ● 115 jogos

Roberto Belangero1947-1960 ● 453 jogos

Sócrates1978-1984 ● 297 jogos

Eleição de melhores é sempre marcadapor discussões. E não foi diferente entreos especialistas do Estado. Por isso,

eles concordaram que a decisãodeve ser do torcedor. Escolha o seu time

Page 8: Documentario - Corinthians

A denominação nasceucom os 22 anos semtítulo, de 1955 a 1977.Depois, torcedor festejoumuito. Até um Mundial

●✽DANIELPIZA

Sofredor, mas vitorioso

Ocorintiano não se inco-modaem assumira posi-ção de sofredor. Ela sur-

giu com os 22 anos sem título en-tre 1955 e 1977. Mesmo assim, oCorinthians sempre teve domí-nio no Estado de São Paulo, so-mando o maior número de títu-los paulistas. Atualmente estácom 26 e apesar da fila mantémboa vantagem sobre os adversá-rios: Palmeiras soma 22 taças,São Paulo, 21, e Santos, 18.

Dos 26 campeonatos esta-duais conquistados, o Corin-thians ostenta cinco campanhasinvictas. Foram três tricampeo-natos, um feito inédito entre osclubes do Estado.

O clube ganhou o apelido de

Campeão dos Centenários porlevantar a taça em 1922 (100anos da Independência), 1954(Quarto Centenário da Cidadede São Paulo) e o de 1988 (Cente-nário da Abolição dos Escravos).

No âmbito nacional, foi ga-nhar o respeito dos rivais apenasna década de 90, apesar das taçasconquistadas nos Torneios Rio-São Paulo nos anos 50 e 60.

Em 1990, com grandes atua-ções de Neto diante de Atlético-MG e Bahia, respectivamentenas quartas de final e semifinal,conquistava o Brasil pela primei-ra vez, se igualando aos rivais Pal-meiras e São Paulo. Em sete anosforam mais três campanhas vito-riosas (1998, 1999 e 2005), comdestaque para atuações de Mar-celinho Carioca nas duas primei-ras, em um dos times mais fortesda história do clube, e do argenti-no Carlitos Tevez na última.

O gosto por títulos nacionaisfoi demonstrado também nosbons desempenhos na Copa do

Brasil. Nas três vezes, o título foiobtido na casa do adversário.Em 1995, no Olímpico, diante doGrêmio. Em 2002, no Distrito Fe-deral, frente ao surpreendenteBrasiliense. No ano passado, avez do Internacional, no Beira-Rio, sentir a força corintiana.

Há dez anos, a maior de todasas conquistas. O título do 1.ºMundial de Clubes da Fifa, com-petição que reuniu oito times,com destaque para Real Madrid,Manchester United e o Vasco.

O Corinthians entrou como ti-me do país-sede. Os adversáriosnão perdoam e não “reconhe-cem” o título. “Para se conquis-tar, primeiro é preciso conquis-tar a América”, afirmam são-pau-linos, santistas e palmeirenses,se referindo à falta da Libertado-res em sua sala de troféus. O Co-rinthians entra no seu segundocentenário com o objetivo de ga-nhar o torneio sul-americano.Mas não tem pressa. Pode ter so-frimento. O corintiano gosta.

MUNDIAL:1(2000)CAMPEONATO BRASILEIRO:4(1990, 1998, 1999 e 2005)COPA DO BRASIL:3(1995, 2002 e 2009)SUPERCOPA DO BRASIL:1(1991)CAMPEONATO BRASILEIROSÉRIE B:1(2008)

TORNEIO RIO-SÃO PAULO:5(1950, 1953, 1954, 1966 E 2002)CAMPEONATO PAULISTA:26(1914, 1916, 1922, 1923, 1924,1928, 1929, 1930, 1937, 1938,1939, 1941, 1951, 1952, 1954,1977, 1979, 1982, 1983, 1988,1995, 1997, 1999, 2001, 2003,2005)TORNEIO DO POVO:1(1971)PEQUENA TAÇA DOMUNDO:1(1953)

ALCYR CAVALCANTI/AE–14/1/2000

ERNESTO RODRIGUES/AE–26/4/2009

AS CONQUISTAS

ANTONIO LÚCIO/AE–14/12/1983

de abril de 1969 é a data damorte do lateral Lidu e doponta-esquerda Eduardo,

em um acidente de carrona Marginal do Tietê

Vencedores.Tevez(acima),Rincón eRonaldotambémganharamtítulos

EDU GARCIA/AE–19/5/1991

Garrincha é contratadoem 1966, aos 32 anos, vindodo Botafogo. Com problemasno joelho, disputa apenas13 jogos e marcasó dois gols

Nem todo ídolo é craque. E nemtodo grande jogo precisa ter tro-féu em disputa. Foram muitas aspartidas marcantes nos 100 anosde Corinthians. Retirando aque-les que valeram título, o maislembrado pela Fiel é o jogo da

quebra do tabu sem vitória sobreo Santos em jogos do Campeona-to Paulista, em 6 de março de1968. Um Pacaembu enlouqueci-do festejou os gols de Paulo Bor-ges e Flávio, que garantiram a vi-tória por 2 a 0, após um jejum de22 jogos em 11 anos. “Com Pelé,com Edu quebramos o tabu”, co-memoraram os corintianos portoda a noite daquela Quarta-Fei-ra de Cinzas. Para muitos, o sofri-mento causado por Pelé e cia. sófoi devolvido em 2005, no mes-mo Pacaembu, quando Tevez e

Nilmar arrasaram: 7 a 1.Quando se pensa no arquirri-

val Palmeiras, o jogo de 1971 ésempre lembrado. Uma viradasensacional, após estar perden-

do por 2 a 0, com direito a umgolaço de Adãozinho, em umabomba de 40 metros, que atingiuo ângulo esquerdo de Leão: 4 a 3.

No Brasileiro de 1972, o Corin-thians sonhava em ir à decisão.Diante de 68.961 torcedores noPacaembu, tinha de vencer oCeará. O único gol, de Sicupira,saiu aos 45 da etapa final para de-lírio geral. Depois, perderia doBotafogo e ficaria fora.

Não é possível falar de gran-des jogos sem lembrar a Invasãode 1976, no Maracanã, quando70 mil corintianos viajaram 450km para a semifinal do Brasileirocontra o Fluminense. Vitória dra-mática nos pênaltis, com direitoa duas defesas de Tobias, apósempate (1 a 1) no tempo normal.

Bicampeão. Time dizia que podia até perder comdemocracia, mas ganhou o Paulista de 82 e 83

Vicente Matheus contrataa dupla em 1978. Mas aequipe só conquistaria otítulo paulista no anoseguinte, mais uma vezdiante da Ponte Preta.

Jogos memoráveis, paradelírio da nação alvinegra

ARQUIVO/AE–13/10/1992

M ano comentarista,Já lhe escrevi em outra

oportunidade, quando oCorinthians foi parar na Sé-

rie B, mico no qual você apostava e eunão. Agora lhe escrevo em data bemmais alegre, o centenário do clube. Ape-sar do que possa parecer, não sou des-ses que acham que passar pela Série Bfoi importante, porque mostrou o amordo torcedor e trouxe lições para o clube;todos os times grandes que passarampor ela, como o Fluminense no ano pas-sado, tiveram apoio jogo a jogo e volta-ram fortes à Série A. Também não achoque o torcedor corinthiano, individual-mente, seja mais apaixonado ou fiel doque o dos outros times. No mundo to-do, por sinal, há figuras como aquelasmostradas no documentário Fiel, quebeiram o fanatismo, a religião. Digomais: queria muito que o Corinthianstivesse uma Libertadores, que nesteano escapou de novo. Os quatro Brasilei-ros, as três Copas do Brasil e os 26 Paulis-tas são um belo currículo, só que falta aele um título internacional como a Li-bertadores. Mas...

Mas o Corinthians tem uma históriaúnica, peculiar, rica até por essas frustra-ções. Como tantas pessoas, e soube que

você está entre elas, me tornei corinthia-no (e corinthiano que se preza escrevecorinthiano com th) em 1977, quandoera criança e, devido à escassez de títu-los, cogitava de contrariar a família aotorcer para outro time, como o Santos,que afinal tinha tido Pelé. Aquela vitóriachorada, com gol chorado, com Vagui-nho e Wladimir tentando até Basílioconseguir, e a explosão de felicidadeque se seguiu, na minha casa e em tantaspartes da cidade, fez de mim um corin-thiano para sempre. Daí se reforçou amística do torcedor “que gosta de so-frer”, do “bando de loucos” que nãoabandona o time nem nos mais longosjejuns, mesmo que algumas vezes tenhafugido a essa descrição (a tentativa deinvasão do gramado do Pacaembu,quando o time de Tevez perdia a Liberta-dores em 2005, me deixou envergonha-do). Sou dos que preferem ganhar a per-der... mas acho bonito ser de uma torci-da que não muda sua adoração de acor-do com a qualidade do elenco.

Outra coisa muito legal na história doCorinthians pode ser percebida porseus grandes ídolos, pelo menos desdeque acompanho o time. Nossos ídolossão todos incompletos, meio problemá-ticos, polêmicos, humanamente instá-

veis. Sócrates, para mim o mais impor-tante de todos, era politizado, fumava ebebia em público, tinha um estilo cere-bral e ao mesmo tempo era um catalisa-dor da energia da torcida. Neto era bri-gão e gordinho, mas muito técnico; derepente, saltava, dava uma bicicleta efazia um gol antológico. Marcelinho, o“Pé de anjo”, tinha uma personalidademeio endiabrada; perdeu aquele pênaltique Marcos defendeu na Libertadores,mas foi o maior jogador da geração maisvitoriosa do clube. Casagrande, Edíl-

son, Viola, Tevez – nenhum era bom mo-ço, domável, cordeirinho. É por issotambém, além de seus gols decisivos noano passado, que Ronaldo – o maior cra-que a vestir a camisa 9 alvinegra – des-perta essa paixão que se viu no Pacaem-bu no domingo. Não importa que estejapesado e seja perseguido; isso o faz ain-da mais interessante.

Maloqueiro. Como você, imagino, soudaqueles que, quando respondem ser

corinthiano, ouvem “Nossa, mas vo-cê não parece corinthiano”, porque émais fácil para essa gente catalogar oclube mais popular da maior cidadedo país de “maloqueiro” ou sei lámais o quê. Mas, por mais que medesagradem esses cartolas folclóri-cos e pouco profissionais (profissio-nalismo, de resto, ausente em todosos clubes brasileiros, com diferençasapenas de graduação) e a falta de umestádio (e espero que o Itaquerãonão seja um Tranqueirão), esse é ou-tro aspecto divertido de ser corinthia-no: o de lembrar como a populaçãobrasileira é diversa.

Há corinthianos em todas as clas-ses, etnias e bairros; e esse é um fatorde aproximação, superficial que seja,pois me permite puxar papo com oentregador do supermercado oucom o Washington Olivetto.

De vitórias choradas e ídolos polê-micos o time ganhou uma identidadeque é só sua – a tal ponto que, repito,existem dois torcedores, os não-co-rinthianos (que se dividem em pal-meirenses, são-paulinos, etc.) e os co-rinthianos. Se o Corinthians não exis-tisse, os adversários precisariam in-ventá-lo.

1º Brasileiro.Neto vibra em 90

Mané noParque

De vitóriaschoradas eídolospolêmicos

Sócrates era politizado, bebia efumava em público, tinha umestilo cerebral. Era catalisadorda energia da torcida

ERNESTO RODRIGUES/AE–24/4/2009

Sócrates e Biro

Se o Corinthians nãoexistisse, os seus adversáriosprecisariam inventá-lo

ARTIGO

Campeão paulista de 77. Basíliocomemora fim do jejum de 22 anos

ARQUIVO/AE

28

REPRODUÇÃO/ARQUIVO 1951

ARQUIVO/AE–25/4/1971

Os confrontos nãovaliam título, masficaram marcados porsua importância e pelacarga de emoção

Ataque dos 103 gols. Quinteto atingiu amarca na conquista do Paulista de 1951

4 a 3. Volante Tião fez umgolaço em partida histórica

%HermesFileInfo:H-8:20100901:

H8 Especial QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Page 9: Documentario - Corinthians

SER FIELÉ ISSO:

UM SÉCULO,UMA ÚNICAPAIXÃO.

Parabéns ao Sport Club Corinthians Paulista e à suaimensa nação pelos 100 anos de uma história vencedora.

Atlético Mineiro • Atlético Paranaense • Bahia • Botafogo • Corinthians • Coritiba • Cruzeiro • Flamengo • Fluminense • Goiás

• Grêmio • Guarani • Internacional • Palmeiras • Portuguesa • Santos • São Paulo • Sport • Vasco da Gama • Vitória

www.clube13.com.br

%HermesFileInfo:H-9:20100901:

O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 Especial H9

Page 10: Documentario - Corinthians

Livros e filmes. Confira a listasobre o Corinthians no blog

Gols marca o ataqueda equipe campeãpaulista em 1982,em 40 jogos. São26 vitórias na campanha

De Mazzaropi a Marco Ricca, di-versos atores vestiram a camisado Corinthians diante das câme-ras de cinema. E o que os une é atradicional paixão. Mazzaropi,por exemplo, vive o barbeiro Ma-né em O Corintiano, filme de1966 dirigido por Milton Amaral.Torcedor fanático, do tipo quenão cobra do cliente que apresen-ta carteirinha do clube, ele viveem eterna briga com um vizinho,o palmeirense Leontino.

O tom, como não poderia dei-xar de ser, é de galhofa. Mané nãolarga um boné com o distintivodo time nem quando dorme.

Também torcedor de carteiri-nha,o oftalmologistaRomeu,vivi-do por Marco Ricca, comete umpecado mortal em O Casamentode Romeu e Julieta, dirigido porBruno Barreto em 2004. É que,embora corintiano fanático, elefinge ser palmeirense para ter aaceitação do pai de Julieta (LuanaPiovani), interpretado por LuísGustavo, o típico palmeirense.

Paixão semelhante a de Naldi-nho, personagem de Flávio Mi-gliaccio em Boleiros, Era Uma Vezo Futebol..., longa dirigido porUgo Giorgetti em 1998. Ex-joga-dor do Corinthians, ele se encon-tra em um bar com colegas e vivea melancolia de um craque quecaiu no esquecimento.

Figuras folclóricas fazemparte da rica história

Com o zagueiroparaguaio Gamarra, aequipe é campeã em1998, diante doCruzeiro, após trêspartidas decisivas

Wilson Mano jogou comolateral, volante e meia. Suaversatilidade o ajudou a disputar405 jogos. No primeiro jogo dafinal do Brasileiro de 1990, foi seuo gol da vitória sobre o São Paulo

OCorinthians faz parte davida de todos nós. Não dápara imaginar o futebolsem o Alvinegro hoje cen-tenário. Não adianta, ca-ro amigo, empinar o na-riz pelo que acaba de ler,

nem vale virar a página. Muito menosachar que fiquei doido e preciso de cami-sa-de-força. Como proclamaria o imor-redouro e sempre atual coronel Odori-co Paraguaçu, prefeito da imaginária Su-cupira, faço essa afirmação com a “almalavada e enxaguada” na isenção dequem não é corintiano. Pode confiar emminha neutralidade e sensatez.

Você que é são-paulino, santista, pal-meirense, só pra ficar em três torcidasde peso, responda com sinceridade: te-ria graça o esporte sem o Corinthians?Se disser sim, falo na sua cara que acabade despejar uma mentira deslavada. Vo-cê está a agir assim por despeito, prafazer desfeita. Sei que é da boca pra fora,porque no íntimo concorda comigo eficaria com uma sensação de vazio, se oTimão sumisse do mapa.

O Corinthians é imprescindível paraquem curte o joguinho de bola. Ou mes-mo pra quem nem sabe quantos jogado-res tem um time, mas conhece a impor-

tância dessa instituição nacional finca-da há décadas no Parque São Jorge. Nãointeressa como, mas o Corinthians sem-pre faz alguém feliz. Quando vence, sãoseus milhões de fiéis seguidores a feste-jar. Quando perde, são os milhões desecadores que comemoram. Sem riscode errar, repare como o barulho é o mes-mo, numa e noutra situação. Vai dizerque estou errado? Olha a cara-de-pau...

Como não sou dono da verdade, pro-curo ouvir quem é maluco por futebol e,portanto, mais autorizado para provarcertas teses. No Estadão, nesse terrenoo matusquela militante é o Nilson Pas-quinelli, diagramador que tem sangueverde e frequentador de carteirinha dacoluna, sempre com opiniões irrefutá-veis. Ele é a voz das arquibancadas. En-quanto o pessoal preparava este capri-chado caderno especial, perguntei praele o que achava da hipótese de um dia a“turma de lá” (em sua frente, não se po-de dizer o nome do adversário ilustre)desaparecer, virar fumaça. A respostaveio na bucha: “E cadê a graça?! Depois,eu ia tirar sarro de quem!?”

O Nilsão não estava de brincadeira. Oassunto é sério e só confirma o que es-crevi algum tempo atrás, a propósito darivalidade entre corintianos e palmei-

renses: uns estão intrinsecamente liga-dos aos outros. São dois irmãos que nãose entendem, vivem aos tapas, e nemassim se largam. São indissociáveis, es-tes precisam daqueles, nem que seja pe-lo prazer de curtir a desgraça alheia.

No fundo, porém, há respeito, admira-ção mútua, origens comuns. O berçodos dois é igualmente popular. São al-mas gêmeas, apesar de se comportaremcomo Caim e Abel, Esaú e Jacó. Corin-

thians x Palmeiras, pela tradição de dé-cadas, nos anos 1920 mereceu até contode António de Alcântara Machado, omais fino representante do modernis-mo paulistano. (Só para lembrar, na fic-ção o Corinthians ganha do Palestra Itá-lia por 2 a 1, gols de Neco e Biagio...)

Cito o dérbi (linda essa designação),mas o mesmo vale para Corinthians xSão Paulo, hoje em dia um clássico chi-que, ou para Corinthians x Santos. Im-possível ignorar os famosos jogos entreesses alvinegros na era Pelé. O Rei eraimplacável com o Corinthians, se agi-

gantava na mesma proporção da for-ça do rival e sua imensa torcida. E feza Fiel chorar muitas vezes.

Tenho com o Corinthians ligaçãode raiz. Assim como o venerado Alvi-negro, nasci no Bom Retiro. O que foideterminante para encarar a vida decoração aberto. Tão aberto quanto obairro – democrático, acolhedor, plu-ripartidário, multinacional. Na infân-cia corintiana (e, beeem mais tarde,na minha também), predominavamitalianos, judeus e operários. Depois,gregos e nordestinos encontraram es-paço nas ruas com calçamento de pa-ralelepípedo. Mais recentemente, co-reanos e bolivianos tomaram contado pedaço e o revitalizaram. Bom Re-tiro e Corinthians não saem de moda.

Histórias de corintianismo explíci-to e de anticorintianismo declaradome acompanham desde sempre. Cho-rei e ri com esse time, pelos motivosque expus no começo da crônica. Des-de garoto, temi e reverenciei aqueleuniforme majestoso, meias e calçõespretos, camisa branca, com o escudosolene no lado esquerdo. Não há co-mo não se contagiar com esse “ban-do de malucos”. Não sou corintia-no... mas fico na dúvida: não mesmo?

www.estadão.com.br/e/centenario

ARQUIVO/AE

Presidentes que seatrapalham com aspalavras, jogadores comestilos ousados... O clubejá teve de tudo

Um timeque mexecom todomundo

Negue quem for capaz: ofutebol não perderia graça,se não existisse oAlvinegro centenário?

Ahistória do Corin-thians é marcadapor figuras folclóri-

cas, que marcaram época. No-mes que fizeram parte da culturapopular pelo simples fato de se-rem diferentes e vestirem a cami-sa de um dos mais tradicionaisclubes do País. Não eram ge-

niais, eram apenas curiosos. Onome mais ligado ao clube nes-tes 100 anos, sem dúvida, foi o deVicente Matheus (1908 a 1997),o eterno presidente alvinegro.

Matheus comandou o clubepor oito mandatos, sendo eleitopela primeira vez em 1959. Con-seguiu ainda fazer sua mulher,Marlene, ser presidente em 1991.Durante sua passagem, eterni-zou frases célebres, algumas atri-buídas a ele mais pelo folcloreque se formou em torno de seunome. Teria dito quando da con-tratação do meia Biro-Biro, porexemplo, que o Corinthians ha-

via contratado o “Lero Lero”. Esobre o genial “doutor” Sócra-tes, comentou: “Ele é invendávele imprestável”, deixando claroque não aceitaria negociá-lo.

A quem garanta também queao agradecer “a Antarctica pelasBrahmas que enviou” teria dadogolpe certeiro de publicidade econseguido assinar contratocom ambas para colocarem suamarca nos bares do clube.

O fato é que seu estilo marcan-te e suas frases criaram a ima-gem perfeita para o dirigenteque tinha a paixão pelo clube aci-ma de qualquer coisa.

Mas o Corinthians foi célebreemcriaroutrosbons personagensao longo do tempo. O técnicoOswaldo Brandão (1916 a 1989) éum deles. É o recordista de jogosno comando do clube (442) e seconsagrou com os títulos do 4.ºCentenáriodeSãoPaulo,em1954,e o fim do tabu, em 1977. Era co-nhecido pelo estilo disciplinador,os ternos escuros e o inseparávelcigarro. Costumava se referir aosjogadores,tantodeseutimequan-do do adversário, pelo número.

Entre os atletas, o time aindateria figuras curiosas, como o re-belde Casagrande nos anos 80,

época da Democracia Corin-tiana, com seus cabelos enca-racolados, as chuteiras bran-cas e a camisa sempre para fo-ra do calção. Ou ainda o gagoAtaliba, que de carrasco virouídolo da torcida. Ou Vampetaque, entre outras coisas, eter-nizou o apelido “bambi” parao rival São Paulo, ou ainda Vio-la e suas inúmeras imitaçõespara comemorar gols, a maisfamosaprovocando o rival Pal-meiras, na final de 1993, cha-furdando como porco. O tiro,porém, saiu pela culatra e oPalmeiras ficou com o título.

1 .

O melhor doPaís

Quando vence, milhõesfestejam. Quando perde,milhões comemoram

4 .

5 .

3 .

O polivalente

ARTIGO

No cinema, apaixão peloclube também jáganhou espaço

estadão.com.br

Mazzaropi. ‘O Corintiano’

1. Nome diferente. Biro-Biro foi chamado de Lero Lero2. Irreverente. Viola3. O mais folclórico. Vicente Matheus marcou época na diretoria4. Rebelde. Casagrande5. Gozador. Vampeta

74

●✽ANTEROGRECO

2 .

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H10 Especial QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Page 11: Documentario - Corinthians

Basílio/1977Zé Maria cobra falta na ponta-di-reita, aos 36 minutos do segundotempo. Basílio resvala de cabeçae Vaguinho chuta forte de pé es-querdo no travessão de Carlos,goleiro da Ponte Preta. A bolavolta para o meio da área e Wladi-mir cabeceia firme, mas a bolabate na cabeça do zagueiro Os-car. No rebote, Basílio pega debate-pronto perto da marca dopênalti, de pé direito, e faz o golda vitória no terceiro jogo da deci-são do Campeonato Paulista. Ocamisa 8 corintiano corre até abandeirinha de escanteio parafestejar o momento histórico. Erao fim do jejum de títulos que dura-va 22 anos. Explosão de alegria edelírio dos 86.677 torcedorespresentes ao Estádio do Morum-bi, naquela noite de quinta-feira,13 de outubro de 1977.

● Estes são os maioresgoleadores do centenário

Paulo Borges/1968Paulo Borges recebe na meiaesquerda, de frente para o gol deCláudio, goleiro do Santos, aos13 minutos do segundo tempo.Sem marcação, o camisa 8 dispa-ra um forte chute, que vai no ân-gulo esquerdo. O Corinthians ven-ceu por 2 a 0 (o segundo gol foide Flávio) e acabou com o tabude 11 anos e 22 jogos sem vitóriasobre o time de Pelé, Edu e cia.

Marcelinho/1996Tupãzinho passa a bola para Mar-celinho Carioca. O camisa 7, nacorrida, toca de chaleira, dá umchapéu no zagueiro Ronaldo Mar-conato e bate, sem deixar a bolacair, de chapa na saída do goleiroEdinho, filho de Pelé, aos 21 dosegundo tempo. O jogo acabou 2a 2, mas Pelé, que estava na VilaBelmiro, sugeriu que uma placafosse entregue ao “Pé de Anjo”.

Wladimir/1983O ponta-esquerda Paulo Egídiocruza na área do Tiradentes-PI,aos 8 minutos do segundo tem-po. Wladimir, quase na marca dopênalti, acerta uma bicicleta mag-nífica, perfeita. Foi o sétimo golna goleada histórica por 10 a 1,no Estádio do Canindé, pelo Cam-peonato Brasileiro. Os 17.821torcedores presentes jamaisesqueceram o resultado e o gol.

Ruço/1976Vaguinho cobra escanteio na pon-ta esquerda, aos 30 minutos doprimeiro tempo. Geraldão sobede cabeça e toca em direção aogol. Ruço, de meia-bicicleta, des-via do goleiro Renato e empata ojogo diante do Fluminense nasemifinal do Brasileiro de 1976.O Corinthians garantiu vaga nadecisão diante do Inter com umavitória nos pênaltis por 4 a 1.

Ronaldo/2009Elias rouba a bola no meio decampo e lança Ronaldo. O Fenô-meno dribla Triguinho e toca porcobertura, na saída de FábioCosta para fazer o terceiro gol doCorinthians no primeiro jogo dadecisão do Paulista de 2009, naVila Belmiro. O Corinthiansvenceu por 3 a 1 e ficaria com otítulo no jogo seguinte, com umempate (1 a 1) no Pacaembu.

É a idade de RobertoCarlos quando chega em2009. É a última grandecontrataçãoantes do centenário

Em 2007, o time nãoresiste aos escândalosque assolam adiretoria e é rebaixado noBrasileiro. Voltano ano seguinte

O argentino Carlitos Tevez é aprincipal contratação do clubepara a temporada de 2005. Nofim do ano, o camisa 10corintiano termina como o melhorjogador da competição

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Golsinesquecíveis

NELSON ANTOINE/FOTO ARENA

36 Triste passagem

O de Basílio, em 77, fazhistória pelo significado,mas Marcelinho e Ronaldotambém constroem obrasde arte na Vila Belmiro

Existe uma unanimidadeem 100 anos de históriado Corinthians. Ne-

nhum torcedor tem dúvida: o golmarcado por Basílio, aos 36 mi-nutos do segundo tempo, no ter-ceiro jogo da decisão contra aPonte Preta, no CampeonatoPaulista de 1977, é o mais impor-tante nos 100 anos da históriacorintiana. O lance, que que-brou o jejum de 22 anos sem títu-los, poderia ter sido do ponta-di-reita Vaguinho, que acertou o tra-vessão do goleiro Carlos ou dolateral-esquerdo Wladimir, queteve sua cabeçada rebatida pelozagueiro Oscar. O destino quisque a bola sobrasse limpa para ocamisa 8. “Eu só me preocupeiem pegar de bate-pronto”, relem-bra o eterno “Pé de Anjo”.

Após 16 anos do título históri-co, a torcida corintiana elegeumais um “Pé de Anjo”. Foi Marce-linho Carioca, dono dechute poderosíssi-mo, vindo doF l a m e n g o ,em dezem-bro de 1993.Foram 206gols marca-

dos, o que coloca o meia em quin-to na lista dos artilheiros. O maisbonito foi em 1996, frente ao San-

tos,naVilaBelmi-ro. A obra

de ar-

te, com direito a chapéu fantásti-co nozagueiro RonaldoMarcona-to e chute preciso diante do golei-ro Edinho, filho de Pelé, lhe ren-deu uma placa, pedida pelo pró-prio Rei do Futebol.

Outros dois gols marcantes nahistória corintiana tiveram oSantos como adversário. O domeia Paulo Borges da interme-diária, que abriu o placar em1968, no jogo da quebra do tabu,no Pacaembu, é sempre aponta-do por sua importância numa vi-tória que valeu como um título.

Ano passado, na Vila Belmiro,Ronaldo comandou o Corin-thians no primeiro jogo da deci-são do Paulista, com dois gols navitória por 3 a 1. O segundo, decobertura, diante do goleiro Fá-bio Costa, fez os santistas relem-brarem momentos do Rei Pelé.

Ruço contra a Máquina. Na len-dária Invasão do Maracanã, em1976, os 70 mil corintianos que láestiveram dividindo o maior es-tádio do mundo com a torcidado Fluminense. E foram à loucu-ra quando o volante Ruço des-viou de meia bicicleta a cabeçade Geraldão e enganou o goleiroRenato para empatar o jogo. OCorinthians ganharia a vaga paraa final do Campeonato Brasilei-ro contra o Internacional nos pê-naltis, acabando com o favoritis-mo do Tricolor carioca, apelida-

do de “A Máquina” por causado grande número de craquespresentes no elenco, incluin-do o craque Rivellino.

Em1983,outrogolficou re-gistrado na memória dos co-rintianos. Por dois motivos.Primeiro: foi o sétimo na go-

leada histórica sobre o Tira-dentes-PI, por 10 a 1, no Canin-

dé. Segundo: por sua plástica.Com grande estilo, o lateral-es-querdoWladimirrealizouomovi-mento perfeito da bicicleta parafazer o seu gol mais bonito entreos 34 que marcou com a camisa

do Alvinegro do Parque São Jor-ge, em 805 jogos oficiais.

A estrela hermana

1910●

Anos 50●

Anos 60●

Anos 70●

Anos 70●

Anos 80●

2000●

2007●

2008●

2009

A evolução do emblema

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OS ARTILHEIROS

‘Pé de anjo’.Basílio fez ogol que pôsfim ao jejumde 22 anossem títulos

● O distintivo ganhou 7 versões.Nos anos 30, foram adicionadosa âncora e o par de remos

Alguns uniformes

PARA LEMBRAR

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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 Especial H11

Page 12: Documentario - Corinthians

FielQ

uando a torcida corintia-na entoou nas arquiban-cadas do Pacaembu amúsica que se tornaria

sua marca registrada – “Aquitem um bando de louco, loucopor ti Corinthians” –, em plenacaminhada do time rumo à 2.ª Di-visão do Campeonato Brasilei-ro, em novembro de 2007, o Bra-sil inteiro teve um pouco da di-mensão do que representa esta

que é considerada uma nação.Conhecida como Fiel por sua

dedicação ao clube, apelido quesurgiu nos 22 anos sem título, de1955 a 1977, período que, curiosa-mente, não parou de crescer, atorcida é hoje o maior símbolodo clube.

De acordo com recente pes-quisa do Ibope, o número de co-rintianos é de 25,8 milhões. A di-ferença que separa a torcida alvi-negra da flamenguista, a primei-ra do País, diminuiu considera-velmente nos últimos anos. Ho-je, são 33,2 milhões de flamen-guistas, o que representa 17,2%do total no Brasil. O Corinthianstem 13,4%. A diferença, que jáchegou a ser superior a 5%, hoje

é de menos de 4%.O Corinthians tem ainda a

maior torcida da região Sudeste,com 16,6 milhões, além de ser amaior de São Paulo (14,4 mi-lhões). É também a mais nume-rosa no Paraná (1,8 milhão), su-perando até a dos times locais.

O momento mais emblemáti-co desta paixão foi registradoem 1976, pela semifinal do Cam-peonato Brasileiro, contra o Flu-

minense. Calcula-se que 70 miltorcedores se deslocaram deSão Paulo para o Rio e empurra-ram o Corinthians, que vivia omais longo jejum de títulos desua história. Não há registros nofutebol brasileiro e mundial dealgo semelhante. A vitória corin-

tiana nos pênaltis foi um prê-mio para tamanha demonstra-ção de amor.

Uma frase de Nelson Rodri-

gues, em sua coluna no jornal OGlobo de 6 de dezembro de1976, reflete o que ocorreu noMaracanã. “Me senti como umestrangeiro na doce terra cario-ca.” Uma charge de Ziraldo, noJornal do Brasil, da mesma data,também deu o tom. O cartunista

mostra uma criancinha encaran-do o prato de comida e choran-do: “Manhê! Caiu um corintianona minha sopa!” Como diziam

na época, havia mais corintianodo que mosca no Rio naquele 5de dezembro de 1976.

Esta força da torcida tambémse tornou motivo de pressão emvários momentos ao longo dos100 anos do clube. Cobrançapor vitória, revolta contra técni-cos, dirigentes e jogadores repre-sentam o outro lado desta moe-da. Muitos se tornaram vítimadesta energia que emana das ar-quibancadas.

A paixão que resistiu a 22 anossem títulos e ao rebaixamento à2.ª Divisão do Brasileiro pode sercomprovada a cada jogo do time,seja no Pacaembu, casa oficialdo clube, ou onde quer que o ti-me se apresente.

DECLARAÇÕES DE AMOR

A NAÇÃO

Elisa Alves do Nascimento foitorcedora-símbolo durante anos.Assim como o clube, nasceu em1910, em Tietê, e morreu em 1987.Foi presença marcante nosestádios por onde o time jogou.

Mil é o público do 2ºjogo da final de 1977,recorde do Morumbi.O título, porém, vemapenas na 3ª partida.

Torcedor cumprepromessa e atravessagramado do Morumbide joelhos após aconquista do títulopaulista de 1977

Elisa, alma preta e branca Momento de fé146

Mar de gente. Pacaembu lotado para duelocom o Palmeiras: cena comum na história

ARQUIVO AE–13/9/1961

Homenagem. Criativos, torcedores exibem aevolução do distintivo no Pacaembu

ARQUIVO/AE–5/12/1976

A famosa invasão. Corintianos na chegadaao Rio em 1976, para enfrentar o Fluminense

25,8 milhõesé o número de torcedorescorintianos no Brasil, segundo pesquisa do Ibope feita este ano.É o equivalente à soma das populações de Portugal, Suécia e Suíça

JOSE PATRICIO/AE–28/3/2010

JOSE PATRICIO/AE–3/5/2009

Paixão já foi responsávelpor momentos como aInvasão do Maracanã em1976 e faz torcida ficarperto de ser a maior do País

“Quando cheguei ao Parque São Jorge eu disse, com absoluta frieza, que era anticorintiano. Hoje, com acarreira encerrada, digo com a mesma tranquilidade que sou corintiano até morrer.” SÓCRATES ●

“Saio do Corinthians para dirigir o meu País. Não trocaria esse time por nenhum outro do mundo.” PARREIRA ●

“Nunca comemorarei um gol contra o Corinthians, não importa em que clube estiver. Lá ganhei tudo o queuma pessoa poderia sonhar, e, mais que isso, a torcida me ganhou pra toda a vida.” OSWALDO DE OLIVEIRA ●

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H12 Especial QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO