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8/17/2019 Documento-base para a reunião da Assembleia Geral do SindPFA em 12/5/2016
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Assembleia Geral Extraordinária de 12/5/2016
Documento-base
Apresentação
O presente documento tem como objetivo subsidiar as discussões dos Peritos Federais Agrários em sua
reunião a ser realizada em 12/5/2016, em atenção ao Edital de Convocação nº 2/2016 do SindPFA.
Objeto do Edital de Convocação nº 2/2016 do SindPFA
1) Informes sobre a questão salarial;
2)
Discutir sobre uma proposta de Carta dos Peritos Federais Agrários ao eventual novo governo e ações
de mobilização;
3) Discutir sobre o II Congresso Nacional dos Peritos Federais Agrários.
O SindPFA, como de praxe, atua respeitando o Estatuto que lhe rege, e preza por levar os assuntos que
envolvem a Carreira e ouvir a voz da categoria por meio de sua mais ampla base, a Assembleia Geral.
A seguir algumas considerações sobre cada ponto do edital de convocação da Assembleia Geral.
1) Informes sobre a questão salarial
A última reunião do SindPFA com o Ministério do Planejamento ocorreu em 1º de abril de
2016. Na ocasião, o Planejamento apresentou haver uma nova sistemática de acordos:
a)
21,3% acumulados em 4 anos (rejeitado em Assembleia Geral em setembro de 2015);
b) 10,8% (apresentado e aprovado em Assembleia Geral em dezembro/2015); e
c)
27,9% acumulado em 4 anos, sendo 5,5% em Ago/2016, 6,99% em Jan/2017, 6,65% em
Jan/2018 e 6,31% em Jan/2019 (proposta não debatida pela categoria até então).
Nisso, o SindPFA foi sondado na ocasião pelo então Secretário Sérgio Mendonça sobre a
possibilidade de aceitar a proposta de 27,9%. Tal proposta só tinha sido oferecida até então ao grupo de
subsídio e aos Médicos Peritos da Previdência Social, que já a aceitaram.
No debate, o SindPFA pautou a importância de outras buscas específicas, tais como a
redução de níveis para 13, a mudança da nomenclatura do cargo para Perito Federal Agrário e o aumento
gradativo da participação do VB a 60% da remuneração ao final do período de vigência do acordo, itens
aprovados em Assembleia em 2015.
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A resistência ficou no primeiro item, e sobre os demais havia dependência de conversas com
o Incra e do MDA. Desde então, muitas conversas foram feitas com ambos os órgãos para essa interlocução.
Destaque-se que, voltando da Reunião, o Diretor Presidente do SindPFA, Sávio Feitosa,esteve com a Presidente do Incra, Maria Lúcia Falcón, que manifestou seu apoio à questão em plena reunião
do Conselho Diretor do órgão. Em seguida, fez contato com o Secretário Executivo Adjunto do MDA, Rafael
Oliveira, responsável pelas articulações com as entidades representativas dos servidores, que também firmou
apoio à demanda.
O passo seguinte seria nova reunião com o Planejamento para oferta oficial da proposta,
prometida para a semana seguinte. Embora reiteradas tentativas, não houve tal reunião e também não houve
apresentação formal dessa proposta. Na última semana de abril, provocado pelo SindPFA, o Secretário
Executivo Adjunto do MDA entrou em contato com o Planejamento novamente, e obteve a promessa de que
o SindPFA será chamado na semana passada para a assinatura do acordo.
Dada a iminência do afastamento da Presidente da República e, consequentemente, a
inviabilidade temporal (nos tempos estatutários) de convocar a Assembleia Geral a deliberar sobre essa nova
proposta a tempo de assinar o acordo – caso ela fosse apresentada formalmente ao SindPFA –, a Diretoria
Colegiada resolveu contatar os Delegados Sindicais para promover uma espécie de consulta prévia às bases
sobre a aceitabilidade de uma proposta nesses termos para, havendo resultado positivo, ter a legitimidade
de assinar um acordo quando e se chamado. Em caso de resposta negativa, o SindPFA, se chamado,
pleitearia a assinatura do acordo já aprovado pela base, de 10,8%.
Para a Diretoria Colegiada, essa eventual proposta, com ou sem os demais itens buscados,
mostrava-se interessante porque, dada a nebulosidade política do que está por vir, poderemos não ter
reajuste ou mesmo a possibilidade de negociar num governo de transição até 2018.
O resultado da Consulta Prévia foi positivo para a proposição, com 27 SRs a favor, 1 contra, 1
empate e 2 sem resposta. Tabela em anexo.
Todavia, não houve convocação pelo Planejamento para tratar a questão. Nem para os PFAs,
nem para os demais setores ainda sem acordo: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Diplomatas,
Analistas de Infraestrutura (do DNIT) e Analista Técnico de Políticas Sociais (ATPS).
Vários contatos foram realizados com a Secretaria responsável, que alegou que “não poderia
chamar para oferecer uma proposta por falta de autorização do Ministro” e que, se o fizessem, teriam os
acordos “barrados na SOF” [Secretaria de Orçamento Federal]. Edina (substituta de Sérgio Mendonça) disse
que somente foi possível tratar com as polícias (PF e PRF), mas que, diante da desautorização do governo,
tiveram de retirar a proposta.
A leitura da questão passa justamente pelo aspecto orçamentário. Embora se pensasse que o
governo assinaria os acordos para deixar o “abacaxi” para o Temer, incorreria no mesmo erro de que é
acusado na tese do impeachment e que nega fazer, até porque dependem de alteração da Lei de Diretrizes
Orçamentárias de 2016, já em vigor (caminho semelhante ao percorrido por nós em 2014).
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Situação atual: infelizmente, chegamos ao novo governo sem acordo salarial assinado e sem
projeto de Lei em andamento para o reajuste. Também os profissionais da Receita Federal e os médicos
peritos do INSS, que até conseguiram fechar acordos, não tiveram encaminhamento de Projeto de Lei.
O cenário ainda é muito incerto para o que poderá ocorrer em relação aos reajustes para
todo o funcionalismo. Não há garantia alguma de cumprimento nem para os que já assinaram os acordos no
ano passado, especialmente da parcela de agosto de 2016, tendo em vista a realidade econômica, as notícias
recentes e os projetos de lei que sequer foram analisados até então. Aliás, é bastante plausível que, se não
deixasse o poder, o próprio governo Dilma teria de “mexer” em todos os acordos assinados.
O tratamento da questão será melhor clareado nos primeiros atos e declarações do novo
governo. O SindPFA sabe que é algo absolutamente prioritário e acompanhará com a devida atenção. Na
semana que vem, reúne-se com outras entidades na mesma situação na Assembleia Geral do Fonacate, para
discutir o tema e ações em nível de grupo de colegiado.
2) Discutir sobre uma proposta de Carta dos Peritos Federais Agrários ao
eventual novo governo e ações de mobilização
Para além da questão salarial, sabemos – a duras penas – que qualquer avanço de carreira
acompanha o avanço institucional. Nisso reside nossa desventura atualmente, pois estamos num órgão
extremamente frágil na estrutura governamental, que sempre está no rol de possíveis mudanças, reformas
ou extinções toda vez que isso é ventilado por algum governo.
Há anos, vivemos de boatos de que ora vai mudar isso, ora vai mudar aquilo, ora será
extinto, ora fica como está. Recentemente, promessas de mudanças no regimento interno e reestruturação
por iniciativa da Presidente do órgão tornaram-se um imenso burburinho que restou inútil: fora do governo,
estes “anseios” daquela direção novamente não resultaram em nada. Até hoje, exemplo, não foi finalizado o
GT de reestruturação das carreiras do Incra, um claro engodo institucional criado pela direção do órgão.
Assim, é necessário evidenciar um fato (até meio óbvio, mas que muitos ainda não
perceberam): não temos futuro num órgão que não tem futuro. Um Incra como está, que cuida de uma
política que não é interesse do governo (não somente este que está aí).
Acreditar em novos “boom’s” de obtenção de terras ou da reforma agrária clássica é quase
utopia e, ainda que se prometam ou ocorram, não passarão de paliativos que darão, no máximo, sobrevidas
pontuais ao órgão, mas não garantem seu futuro. A imagem que a autarquia construiu e tem perante a
sociedade é a pior possível e, decerto, é irreversível livrar-se dessa pecha.
O problema é que estamos umbilicalmente ligados a esse Incra e, portanto, precisamos
mudá-lo de lugar nesse tabuleiro para também mudarmos de lugar.
Esse paradigma permeou as discussões da Diretoria Colegiada, que se reuniu no início de
março para alinhar estratégias e iniciar um cronograma de ações, incluindo a realização do II CNPFA.
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Entretanto, para conseguir alterar a realidade, somente com a união de forças de vários
setores da sociedade, um jogo político pesado que exigirá de nós disposição, amadurecimento, coesão, a
formação de lideranças convictas para promover essas conversas e movimentos e a universalização desse
pensamento na categoria. Do contrário – é preciso deixar claro – não adianta 'grevar', espernear, sempreteremos de nos contentar com 5% aqui, 5% ali.
Nesse viés, a Diretoria Colegiada tem adotado uma prática de trazer PFAs a Brasília para
contatos com parlamentares e setores de interesse. Na última semana, estiveram em Brasília-DF os PFAs
Ederson Bruscke (SR-17/RO) e Luciano Rodrigues (SR-26/TO). Nesta, Haroldo Araújo (SR-23/SE) e Renato
Faccioly (SR-29/MSF). Na próxima, Teresinha Aguiar (SR-18/PB) e Djalmary Souza (SR-15/AM).
Tem realizado ainda visitas às regionais para provocar essas discussões. Recentemente,
visitou as SRs de Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Outras já estão programadas.
Entretanto, é preciso ir além, inclusive e principalmente com a participação dos demais.
Pela primeira vez em vários anos, com a radicalidade das mudanças conjunturais na política,
existe a possibilidade real de uma mudança significativa no Incra e na condução da política agrária.
Praticamente todos os cenários macros são ruins para os Peritos Federais Agrários; mas
talvez o pior deles seja continuar como está. A única forma de mitigar essas possibilidades ruins e
potencializar um futuro diferente do próprio órgão é “aparecer”, propor e se posicionar. “Quem não é visto,
não é lembrado”, já dizia a popular máxima.
É imperioso ressaltar, porém, que essa não é uma missão restrita à Diretoria Colegiada e aosDelegados Sindicais, mas a todos os integrantes da Carreira. É preciso, então, que renovemos nosso
compromisso pessoal com a causa e busquemos reunir os colegas para promover essa discussão,
conseguirmos fazer as interlocuções necessárias e chegar amadurecidos no II CNPFA, que, oxalá, nos ajudará
a realinhar estratégias, a formar lideranças e renovar o espírito de luta.
Para este momento emblemático, a Diretoria elaborou uma minuta de uma Carta dos Peritos
Federais Agrários ao novo eventual governo (que segue em anexo), de modo a se posicionar sobre o que
pensa para os rumos que deve tomar a política agrária. A intenção é que, mais do que expectadores,
precisamos fazer parte das necessárias mudanças que estão por vir.
Pede-se, pois, a sua leitura em Assembleia e a contribuição dos PFAs, na própria reunião ou,
no máximo, até a sexta-feira, 13/5/2015, observado o devido senso de oportunidade para a questão. Pede-
se que as contribuições sejam discutidas localmente e reflitam o pensamento do conjunto de PFAs de cada
regional, substanciadas em Ata. A Diretoria, com base nelas, formatará o texto final e dará o prosseguimento.
Ressalte-se que essa linha de pensamento resulta das contribuições do I CNPFA, das
campanhas realizadas, da experiência sindical e da leitura do contexto, mas que, necessariamente, deve ser
aprofundada e amplamente discutida até o II CNPFA. Não esquecer que essa Carta é um documento
preliminar, para abrir as discussões com o novo governo, e, portanto, não pode ser muito específica nem
prolixa demais. Deve ser, sobretudo, clara politicamente e objetiva.
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Nessa esteira, a Diretoria também conclama os PFAs a discutir e promover ações de
mobilização que podem somar-se a essa iniciativa e, principalmente, auxiliar nos necessários contatos para
“plantar” a mudança e tentar pautá-la de modo que nos contemple favoravelmente. Não há outros que
possam fazer esse trabalho por nós.
Propõe-se que essa reunião da Assembleia Geral também sirva para:
Mapear instituições (Sindicatos, Universidades, Associações de Eng. Agrônomos,
CREAs, etc.), líderes partidários locais, pensadores ligados à temática;
Realizar e estreitar esses contatos e relatoriar as experiências;
Agendar reuniões para discussão do texto inicial do Congresso e da proposta do
SindPFA para uma nova governança agrária;
Informarà Direção do Sindicato os PFAs dispostos a ir a Brasília para os contatos
parlamentares.
3) Discutir sobre o II Congresso Nacional dos Peritos Federais Agrários
A realização do II Congresso Nacional dos Peritos Federais Agrários (CNPFA) foi determinada
pela Diretoria Colegiada, em reunião realizada no início do mês de março, conforme lhe confere o Estatuto,
por meio de Resolução, para o período de 28/11 a 1/12/2016.
O I Congresso foi realizado em maio de 2011 e o Estatuto do SindPFA determina sua
realização preferencialmente de forma bianual, pois é o instrumento para definir "as diretrizes gerais epropostas de atuação do SindPFA até a realização do CNPFA seguinte".
Para sua realização, são feitos depósitos compulsórios mensais determinados desde a
primeira edição, aplicados em conta específica para este fim. Atualmente, o saldo para a realização do
Congresso já é muito mais do que o suficiente para realizar uma edição.
A Comissão Organizadora, composta pelos PFAs Ana Nascimento (SR-10/SC), André
Dosualdo (SR-08/SP), Emanuel Oliveira (SR-23/SE), Emerson Alencar (SR-29/MSF) e Ricardo Pereira (SR-
28/DFE), já se reuniu na última semana para as primeiras decisões do Congresso. Eles receberam inclusive a
visita do PFA Luiz Pimenta (SR-04/GO), que coordenou a primeira edição e ajudou a “clarear as idéias”.
O grupo trabalhou na última semana na elaboração de um primeiro texto (em anexo) para a
discussão da categoria nesta Assembleia e na minuta de um Estatuto do Congresso, que deverá ser aprovado
pela Diretoria Colegiada. Pede-se, portanto, a leitura desse texto e a realização de discussões e apresentação
de contribuições até o dia 25/5/2016.
Em sua nova reunião, a ser realizada de 30/5 a 3/6, a Comissão Organizadora as analisará,
com vistas à consolidação de um texto-base para o evento.
O Congresso também será precedido de um Concurso de Monografias sobre sua temática,
com premiação, a ser lançado tão logo consolidado o texto-base.
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Para a Diretoria Colegiada, não há dúvida que o momento é oportuno para a realização do
Congresso. E isso se dá inclusive pelos elementos apontados no item anterior desta reunião da Assembleia,
além da premente necessidade de realinhar os eixos estratégicos de atuação da entidade e de remobilizar a
categoria para os desafios atuais e vindouros.
Em vista das mudanças que estão ocorrendo na esfera política e que, certamente, se
refletirão na instituição, o Congresso da categoria já está sendo um pouco atrasado, mas não deve deixar de
ser realizado. A questão é discutir as mudanças ao tempo em que se possa participar delas, não depois de
consumadas, quando pouca ou nenhuma interferência a categoria pode realizar.
É um evento interno, mas que dá visibilidade à categoria, a empodera e a aproxima de entes
governamentais e da sociedade civil. Não há, na visão do colegiado, outra alternativa capaz de cumprir esse
papel político no momento, nem mesmo de promover as discussões de forma ampla e possibilitar o
alinhamento de estratégias em nível nacional, e não somente as visões localizadas da atuação dos PeritosFederais Agrários em cada regional.
Conclama-se, pois, toda a categoria, a participar desse processo.
Considerações finais
É esta, portanto, a proposta para reunião da Assembleia Geral na próxima quinta-feira, 12/5.
Aos Delegados Sindicais, lembra-se a necessidade de, após lavrada a Ata, escaneá-la e enviá-
la à equipe do SindPFAe encaminhar a via original por malote ou Correios.
O SindPFA anseia pelo envolvimento da categoria nas questões propostas.
Brasília, DF, 11 de maio de 2016.
Diretoria Colegiada do SindPFA
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SRs / UF* Posição da SR QTD a favor QTD contra
SEDE / DF A FAVOR
SR - 01 / PA A FAVOR
SR - 02 / CE A FAVOR
SR - 03 / PE A FAVOR
SR - 04 / GO A FAVOR
SR - 05 / BA A FAVOR
SR - 06 / MG SEM RESPOSTA
SR - 07 / RJ A FAVOR 8 0
SR - 08 / SP A FAVOR
SR - 09 / PR EMPATE 6 6
SR - 10 / SC A FAVOR
SR - 11 / RS A FAVOR 11 0
SR - 12 / MA A FAVOR 13 0
SR - 13 / MT A FAVOR
SR - 14 / AC A FAVOR 7 5
SR - 15 / AM A FAVOR 15 1
SR - 16 / MS A FAVOR
SR - 17 / RO A FAVOR
SR - 18 / PB A FAVOR
SR - 19 / RN A FAVOR
SR - 20 / ES A FAVOR
SR - 21 / AP A FAVOR
SR - 22 / AL A FAVOR
SR - 23 / SE A FAVOR 4 0
SR - 24 / PI A FAVOR
SR - 25 / RR A FAVOR
SR - 26 / TO A FAVOR
SR - 27 / MBA - PA A FAVOR 19 1
SR - 28 / ENT - DF SEM RESPOSTA
SR - 29 / MSF - PE A FAVORSR - 30 / SAN - PA CONTRA 2 6
A FAVOR 27 85 19
CONTRA 1
Consulta Prévia sobre a aceitabilidade de uma proposta de reajuste de 27,9%
em 4 anos - 2/5/2016
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Carta dos Peritos Federais Agrários ao governo Temer
A necessidade da criação do Instituto de Terras do Brasil
A Carreira de Perito Federal Agrário, composta por cerca de 800 Engenheiros Agrônomos,
lotados no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra, atua nas ações de
fiscalização da função social, avaliação de imóveis rurais, cadastro, regularização fundiária,
desenvolvimento de assentamentos rurais, entre outras políticas agrárias.
O órgão teve um grande legado na colonização da Amazônia, sendo o responsável inclusive
pela criação de muitos municípios e até mesmo de boa parte do Estado de Rondônia, por
exemplo. Porém, o que se viu nos últimos anos foi o definhamento do Incra e uma distorção de
sua missão, não obstante as diversas tentativas de contribuição e os alertas, nunca ouvidos pelo
governo anterior.
Todavia, o órgão chega a 2016 moribundo. Ao longo desse período, a autarquia teve sua
reputação manchada com o loteamento político, a preterição de critérios técnicos em suaatuação e com uma relação promíscua com os movimentos sociais, em detrimento de uma
política eficaz.
Com isso, tornou-se incapaz de cumprir a sua função institucional e de responder aos anseios
da sociedade, mormente com a nova realidade que se impõe. O governo, com essa forma de
atuação, menosprezou uma parte essencial da missão do Incra: a gestão das terras brasileiras.
Com o advento de um novo governo e uma nova realidade política, os Peritos Federais Agrários
acreditam que é o momento oportuno para a discussão e formatação de um novo ambiente
para que o Estado venha a cumprir essa finalidade institucional.Atualmente, os órgãos que lidam com o agrário trabalham em separado, sem cooperação, com
sistemas ineficazes e sem integração das informações cadastrais e geográficas. O país precisa de
um órgão que centralize esses dados, para fornecer à sociedade e ao governo elementos para
efetivamente conhecer o rural brasileiro e possibilitar a eficiente execução das políticas públicas.
Entendemos que entes estaduais e municipais deveriam assumir atividades como infraestrutura,
crédito e assistência técnica, pois teriam melhores condições de desenvolvê-las
tempestivamente, pelo conhecimento da realidade específica de cada região e a proximidade
com o produtor.
É necessário o resgate da missão institucional, a recuperação da capacidade de conhecer e
acompanhar a evolução da malha fundiária, possibilitando a eficiente fiscalização da função
social das propriedades rurais e fornecendo informações úteis para a realização de outras
políticas públicas nas áreas ambiental, trabalhista, tributária e agrícola.
Diante disso, os Peritos entendem que o atual modelo da política agrária chegou ao seu fim e
que, para realizar a necessária transformação e atualização de seus rumos, é necessário um
Instituto de Terras do Brasil.
Os Peritos Federais Agrários estão dispostos a esse debate e querem construir essa nova
realidade.
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Texto base II CNPFA
A segunda edição do Congresso Nacional dos Peritos Federais Agrários
– II CNPFA tem por objetivo discutir a gestão fundiária, ambiental e social do uso dos
solos do Brasil como política prioritária de Estado, destacando a participação e o papel
dos Peritos Federais Agrários (PFAs) para uma efetiva governança agrária.
O Acórdão nº 1942 de 2015 do Tribunal de Contas da União (TCU)
aponta que o país possui pouco conhecimento sobre a ocupação do seu território e o
uso dos solos, o que dificulta o estabelecimento de políticas específicas. Ainda segundo
o TCU, os numerosos atores institucionais que possuem interface direta e indireta com
a gestão territorial encontram-se dispersos e não atuam de forma integrada. Tal
condição, somada à também dispersa, farta e, por vezes, conflitante legislação afeta aesse tema, não só causa uma débil governança agrária, como intensifica os problemas
dela resultantes.
Essa realidade exige a adoção de medidas urgentes visando à
integração, não só dessas instituições, mas, também, do fragmentado arcabouço legal.
Nessa direção, a Carta de Brasília, resultante da Conferência da
Governança do Solo, promovida pelo próprio TCU, realizada no período de 25 a 27 de
março de 2015, aponta que “a ausência de revisão e de consolidação das normas que
disciplinam a organização do território, o acesso aos recursos fundiários, o direito de
propriedade de imóveis rurais e as ações de promoção do uso sustentável do solo e da
água gera lacunas, sobreposições e outras ineficiências. Além disso, dificulta o
estabelecimento de uma base para a boa governança da organização territorial e do
acesso aos recursos fundiários.”
Paralelamente, as demandas sociais e econômicas transformam cada vez
mais a agenda do campo, colocando em foco temas antes pouco debatidos e que
demandam outros produtos, serviços e valores que se somam à produção
agropecuária: fontes de energia alternativas, serviços ambientais, conservação do solo,
produção de água, preservação de vegetação nativa, biodiversidade, condições para a
reprodução social de sociedades e culturas tradicionais e quilombolas, controle das
mudanças climáticas, diminuição das diferenças regionais. Trata-se do novo conceito
de multifuncionalidade do espaço rural.
Atender às diferentes demandas sociais e aos grupos de interesse
envolvidos no espaço rural exige uma atuação competente do Estado na regulação do
uso da terra e da propriedade rural. Viabilizar desenvolvimento econômico com
sustentabilidade e as novas demandas e valores do consumo global, novas legislaçõesinternacionais de uso dos recursos naturais e metas de controle climático constituem a
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essência da nova agenda do desenvolvimento rural. Estabelecer a governança
necessária para cumprir papéis tão diferentes e potencialmente conflitantes no uso da
propriedade rural – num contexto em que os países defendem ora os princípios do livre
comércio e ora praticam o protecionismo ao sabor das conveniências econômicas e
políticas – constitui, a nosso ver, a nova questão agrária do século XXI.
A promoção do desenvolvimento sustentável necessita de uma efetiva
governança agrária que, para sua viabilização, exige o estabelecimento de instrumentos
de ordenamento territorial, de regularização fundiária e de monitoramento do mercado
de terras. Para tanto é necessário um aparato integrado, fortalecido, que articule as
diversas instituições responsáveis pela situação fundiária do país, visando à
sustentabilidade do uso do solo, da água e da biodiversidade, o acesso à terra e, ainda,
à segurança alimentar. Essa nova institucionalidade, que deve ser nacional e ter
presença em todos os estados da federação, necessita integrar os sistemas de
informação cadastrais e geoespaciais das diversas instituições públicas produtoras e
usuárias de informações sobre o meio rural brasileiro.
Os Peritos Federais Agrários têm uma visão bastante clara do problema
e defendem que a governança agrária é estratégica para o desenvolvimento do país.
Dada sua expertise, formação e atuação, estes profissionais têm uma contribuição
importante a dar no processo de criação dessa nova institucionalidade.
Assim, o II CNPFA pretende compartilhar com a sociedade a discussão
do tema nos seguintes eixos, que se constituem num conjunto de medidasestruturantes:
a) Políticas de Estado para a gestão territorial agrária;
b) Modelo institucional necessário de governança agrária como política
de Estado para promover o desenvolvimento rural sustentável.
c) Política de carreira, desenvolvimento e valorização profissional.
Com a realização do nosso II Congresso, esperamos ampliar a
compreensão da categoria a respeito dos temas propostos - pré-requisito para
aperfeiçoar e ampliar a troca de ideias com estudiosos dessas questões – aprimorar o
diálogo com a sociedade e consolidar a articulação com outras entidades e
representações de servidores das diversas instituições envolvidas. Assim, buscamos
qualificar a nossa intervenção política na luta pelo fortalecimento das políticas públicas
para a governança agrária e na construção de uma nova institucionalidade, em favor da
sociedade e da valorização profissional dos Peritos Federais Agrários.